218 - É preciso nascer de novo -...

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    Discipulado Pastor Emanuel Adriano (Mano)

    DISCIPULADO

    Em vrios textos a Bblia relata vises que Deus deu a seu povo. Essas vises tinham por objetivo trazer uma orientao ou direo, em outros momentos Deus se valia das vises para chamar a ateno a algo que Ele desejava comunicar ou para algo que gostaria que fosse feito. As vises eram um meio de Deus comunicar sua vontade ao povo e motiv-los a porem em prtica. Entendemos que, resgatando algo que h muito tempo Deus nos havia orientado a fazer (Mateus 28:19), temos recebido novamente a viso do discipulado, mais do que um programa queremos chamar o discipulado de viso, algo que Deus nos d para cumprirmos sua vontade. Para que isso acontea precisamos entender o discipulado. O que e o que no discipulado? Como acontece? O que pretende? Como vivenciar na prtica? Quais as aes e estruturas? O que se espera dos que se envolvem com discipulado (expectativas)? Quando e onde ele acontece? Esperamos poder abordar aqui todos esses questionamentos sem a pretenso de esgotarmos o assunto, mas com a proposta de oferecer algumas dicas prticas para os que pretendem se envolver com discipulado e desenvolv-lo em suas comunidades.

    O que discipulado?

    O discipulado tem sido tratado como um estilo de vida, um mtodo de pastoreio e uma estratgia para realizao da misso da igreja; todos esses conceitos esto corretos, mas no explicam muito sobre o discipulado. Queremos oferecer aqui um conceito um pouco mais prtico sobre o mesmo.

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    Discipulado uma estratgia deixada por Jesus para o desenvolvimento de lderes. Foi num processo de discipulado que Jesus recrutou, escolheu e formou os apstolos que se tornariam os lderes da igreja primitiva. Agora como ao o discipulado uma relao pessoal e comprometida onde um discpulo mais maduro ajuda outros discpulos de Jesus Cristo a aproximarem-se mais Dele e assim frutificarem1[1]. Quem deseja fazer discpulos tem que estar disposto a investir a sua vida na formao de outros, pois o discipulado s acontece atravs de relacionamentos pessoais e comprometidos, isso quer dizer que necessrio tempo junto para poder discipular. Discipulado no s transmisso de informao, no sentar num dia e horrio definidos para trabalhar em cima de um texto base; isso tambm acontece no discipulado, mas s isso no discipulado, isso o que chamamos de estudo (que pode ser bblico ou no). O discipulado vai alm, ele visa o crescimento cristo da pessoa, visa prtica do que tem sido ensinado, visa o desenvolvimento da pessoa em cumprir a vontade de Deus como verdadeiro discpulo de Jesus. No discipulado o crescimento avaliado pelos frutos (como a Bblia diz que a rvore devia ser conhecida Mateus 7:20). Espera-se que o discpulo manifeste frutos dignos de arrependimento (mudana de atitude, carter transformado, mudana de valores que se revelam no estilo de vida, forma de conduta e escolhas, atitude prtica de amor ao prximo, etc.) e tambm gere outros discpulos de Jesus (II Timteo 2:1-2 e Mateus 28:19), capacitando-os a fazerem o mesmo com outros. Isso s possvel se investimos tempo para percebermos reas em que o discpulo precisa de ajuda para crescer e para servirmos como um modelo e apoio que o ajude a mudana. Veremos que aprendemos assim, atravs de modelos referenciais. Discpulo um seguidor integral do mestre, por isso precisamos entender que os discpulos so de Jesus, no so nossos, Ele o mestre. Quando o discipulador se refere a algum como seu discpulo, na

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    verdade ele s est querendo identificar os que ele tem a responsabilidade de ajudar a crescer e a se aproximar de Jesus para se tornarem frutferos. O discipulador na verdade um facilitador, orientador, um guia que deve servir de modelo e apoio para levar o discpulo ao mestre que Jesus e, ao mesmo tempo em que ajuda o discpulo a crescer e a se aproximar de Jesus, ele tambm cresce, pois ele d e recebe. O discipulado pressupe resultados. O discipulado que no tem alvos claros, no tem um objetivo claro, no prev resultados, na verdade no discipulado, torna-se somente um relacionamento de companheirismo e amizade. Por prever crescimento e resultados o discipulado tambm pressupe a prestao de contas por parte do discpulo ao discipulador, e o retorno do discipulador ao discpulo sobre o crescimento do mesmo (reas que ele deve dedicar maior ateno, reas que tem crescido, cuidados que deve tomar para no perder o que j conquistou, no que aplicar seu tempo para que o progresso cristo seja manifesto). Precisamos entender que isso deve acontecer naturalmente e no de uma maneira forada, para isso o discipulador deve ganhar o corao do discpulo. O discipulador deve tomar o cuidado de no querer que essa prestao de contas acontea sob presso ou coao, at impedindo o discpulo de conversar ou compartilhar com outros. Isso um erro que lderes despreparados ou inseguros podem cometer. Outro erro que deve ser evitado no discipulado a interferncia do discipulador na vida pessoal dos que esto sendo discipulados. Isso s acontece quando o discipulador solicitado a tal procedimento ou quando as decises pessoais e particulares afetam o testemunho e crescimento cristo; se no acontece nenhuma das coisas citadas o discpulo tem a liberdade para compartilhar ou no suas questes pessoais e particulares. O discipulador no deve interferir para impor seu gosto e escolhas pessoais aqueles que discipula.

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    Se voc pretende se envolver com discipulado tome cuidado para que seu zelo e amor pelas pessoas com as quais desenvolver relacionamentos no se transformem em sentimentos de posse ou cimes.

    Aes Necessrias

    O processo completo de discipulado pressupe recrutamento (chamamento), seleo(escolha), formao e envio. Realizamos isso atravs de quatro aes bsicas: ganhar, consolidar, discipular e enviar.

    Ganhar: o primeiro passo em direo ao discipulado. Corresponde ao movimento que Jesus realizou convidando alguns a segui-lo ou motivando outros a segui-lo atravs de seu ensino, pregao e sinais (curas e libertao). O ganhar o movimento de arrebanhar pessoas com o fim de selecionar entre elas aquelas que se tornaro nossas discpulas. Pode-se ganhar de vrias formas, mas no discipulado espera-se que o testemunho do pretendente a lder impacte tanto a vida das pessoas que convivem com ele que elas se sintam estimuladas a conhecer e seguir a Jesus. No discipulado o elemento chave para se ganhar pessoas para Cristo o testemunho pessoal. Para que o testemunho possa impactar outros preciso estabelecer vias de contato com pessoas no convertidas visando o evangelismo, a isso chamamos contatos evangelsticos. Aproveitam-se as oportunidades cotidianas que temos de convivncia com pessoas no convertidas e transformamos em contatos evangelsticos, como Jesus fez. Devemos ter o cuidado de no nos tornarmos chatos querendo doutrinar ou pregar aos outros, lembre-se que o testemunho o que fala alto. Pregamos com a vida e, se preciso, usamos palavras. Aps estabelecermos esses contatos convidamos as pessoas a participarem de uma clula (grupo) evangelstica (estrutura sobre a qual falaremos mais a frente). Antes de convidar as pessoas para a clula (grupo), invista um tempo em orao por elas. Ore para haja uma ao prvia do Esprito Santo na vida dessas pessoas preparando-as para aceitarem a Palavra. Esse tempo de orao pelas pessoas decisivo

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    para a sua converso. algo bvio, mas muitos no fazem ou fazem sem grande convico sobre isso, por hbito. Lembre-se: antes de falar de Jesus as pessoas, fale das pessoas a Jesus. A maneira como voc trata s pessoas as predispor ou indispor para aceitarem o convite para a clula e prestarem ateno ao seu testemunho. Valorize as pessoas, trate-as com considerao e respeito, sirva-as desinteressadamente em pequenas coisas, tenha por objetivo fazer com que as pessoas se sintam especiais quando esto com voc. Essa atitude as motivar a aceitarem seu convite. No primeiro momento, quando o discipulado est sendo implantado na comunidade, inclumos aos poucos nos grupos os membros da igreja, mas lembre-se que o objetivo maior gerar discpulos e no transformar membros da igreja em membros de grupo. Consolidar: Trataremos aqui da consolidao como ao, mais a frente explicaremos a consolidao como uma estrutura para envolver os visitantes aos cultos que respondem positivamente aos apelos evangelsticos. corresponde ao cuidado que devemos ter com a pessoa que demonstra interesse por Cristo. Consolidar o acompanhamento que se d ao novo convertido at que ele esteja firmado em Cristo. Consolidar firmar o fruto para que ele cresa com qualidade. Antigamente pensava-se que a responsabilidade com a pessoa encerrava na pregao do Evangelho. Consolidar, chamvamos a isso de semear e entendamos que a responsabilidade era s lanar a semente a terra. A consolidao trouxe o entendimento que tambm nossa responsabilidade avaliar se a terra tem a condio certa para que a semente cresa e frutifique, se a semeadura foi bem feita, ou se a semente caiu de qualquer jeito sem possibilidade de vingar; ou seja, entendemos que nossa responsabilidade no s lanar a semente, mas tambm acompanhar o desenvolvimento da semente at que vingue.

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    Sabemos que lutamos para levar as pessoas das trevas a maravilhosa luz do Senhor, e que nesse processo, o prncipe das trevas usar todos os recursos de que dispe para no permitir que as pessoas sejam libertas de suas garras, por isso aps decidirem entregar a vida a Jesus, mais do que nunca as pessoas precisaro de apoio e cuidado para poderem resistir e ficar firmes frente s astutas ciladas do inimigo. A consolidao inicia na deciso da pessoa por Cristo e vai at que ela esteja firme. A consolidao bem feita que determina que o fruto vingue e cresa com qualidade. O desenvolvimento das crianas nos ensina que a negligncia no cuidado durante a primeira infncia pode gerar conseqncias e seqelas que acompanharo a criana durante toda a sua vida, portanto os despenseiros de Cristo que pretendem ser achados fiis tm que ser diligentes e zelosos na consolidao. Discipular: J vimos o discipulado como conceito, aqui o veremos como ao. Discipular compartilhar de vida, investir sua vida em outros para que eles cresam em Cristo, como diz Paulo a Timteo transmitir o que Deus tem nos dado a outros para que tambm eles possam transmitir a outros. Discipular formar lderes com o carter de Cristo. Discipular exige dedicao do tempo, talentos, dons e recursos que Deus tem nos dado para o desenvolvimento de pessoas, por isso no possvel de ser realizado com um grande nmero de pessoas. Discipulado comparvel a educao de filhos. O ideal ter tantos discpulos quantos voc possa formar com qualidade, a sugesto que seja em torno de dez a doze pessoas, no mais que isso e nem muito menos. A estrutura que auxilia nisso a clula(grupo) de discipulado, falaremos dela mais a frente no estudo, mas queremos lembrar que esse momento de transmisso terica uma parte do discipulado e no o discipulado todo. Esses discpulos passaro a fazer parte de sua vida pessoal. Sero as pessoas que voc convidar a que venham e vejam onde voc pousa como Jesus convidou aos dois discpulos de Joo Batista (Joo 1:37-39). A idia

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    que sejam futuros lderes, por isso precisamos cuidar para no escolher o grupo de discpulos errado. Existe uma idia que devemos trabalhar com quem quer, mas a verdade que nem sempre quem demonstra o desejo de ser discipulado est disposto a pagar o preo necessrio para crescer, por isso precisamos escolher entre os que foram chamados (os que foram ganhos) os que iremos discipular. Para isso faa uma seleo. Lembre-se que boa parte do sucesso ou do fracasso do processo de discipulado em sua comunidade depende da escolha certa das pessoas da clula matriz (grupo base de discipulado). Para que possa discernir quem deve fazer parte do grupo de discipulado desenvolva alguns testes para avaliar e escolher o grupo. Veremos mais detalhadamente a frente sobre a seleo, quais testes, quais caractersticas que devemos avaliar para escolher as pessoas e como faz-lo. No discipulado, como na vida, o ensino acontece atravs de padres referenciais, ento, para que aqueles que discipulamos possam crescer em Cristo temos que nos tornar padres que eles possam imitar. Devemos poder falar como Paulo: sede meus imitadores, como eu sou de Cristo. Eles iro aprender pelo exemplo e no pela conversa. Esse o maior desafio que aqueles que pretendem discipular tero de enfrentar o de se santificar para que os discpulos que tem sob sua responsabilidade tambm sejam santificados na verdade. Antes de ensinar e mandar os discpulos fazerem, necessrio que faamos para que eles vejam como se faz. O processo de ensino e formao no discipulado acontece de maneira vivencial de acordo com as seguintes etapas: 1) Eu fao, eles vem, eu explico o que fiz. 2) Ns fazemos juntos enquanto explico o que fazemos e tiro as dvidas.

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    3) Eles fazem, eu vejo, os afirmo, motivo e corrijo, se necessrio, enfatizando o que importante no que fizeram. 4) Eles fazem, eu os acompanho, ns avaliamos juntos o que foi feito e corrigimos o que for necessrio. 5) Eles so enviados a fazer sozinhos. Pode ser que uma etapa precise ser praticada vrias vezes at se passar a outra. Veremos a seguir o que acontece quando so enviados. Enviar: Temos que tomar o cuidado para no adiar demais o envio e perder o melhor momento de frutificao das pessoas. Como Paulo disse a Timteo procuramos pessoas fiis e idneas (II Timteo 2:2); ou seja, o que importa o carter. Quando Jesus selecionou os apstolos para estarem com Ele eles tinham mais ou menos um ano e dois meses de caminhada com Jesus, e quando Jesus comeou a os enviar para pregar foi pouco depois disso, eles ainda no entendiam muita coisa, no compreendiam direito nem as palavras de Jesus, mas j estavam pregando, curando, libertando e batizando; falhavam s vezes, mas estavam prosseguindo, estavam crescendo e aprendendo. Muitas vezes nos preocupamos com o quanto as pessoas sabem, ou se so eloqentes e carismticas para envi-las a liderar. Consideramos o conhecimento e a habilidade as caractersticas chaves para avaliar se a pessoa est preparada para liderar. Isso um erro, pois o que Deus valoriza o carter. Ele seleciona e envia pelo carter. Quando enviamos as pessoas elas no estaro perfeitas, precisaro continuar a crescer, mas, se o carter tem sido tratado e elas tm correspondido, esto prontas para serem enviadas. O momento que Jesus deixou a liderana da igreja aos apstolos e voltou ao Pai na avaliao da grande maioria no era o melhor momento para isso, Pedro tinha acabado de neg-lo trs vezes e antes havia agido violentamente atacando com a espada uma pessoa; os discpulos no

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    caminho de Emas tinham muitas incertezas e dvidas, tantas que ainda tratavam a Jesus somente como um profeta (Lucas 24:19); eles continuavam sendo nscios (tolos) e incrdulos (Lucas 24:25,38 e 41); estavam com medo e por isso se preocupavam em proteger-se, mas eram fiis, e por isso, nesse momento decisivo e tenso do plano de Deus, Jesus se retira e envia esse bando de medrosos e incrdulos para liderarem as demais, e Ele estava certo. O melhor momento para as pessoas serem enviadas a testemunhar quando a experincia com Cristo que as marcou est viva e fresca em suas mentes e coraes, quando esto apaixonadas por Jesus, pois a sua paixo toca as pessoas e as estimula a procurar conhecer, nem que seja por curiosidade. O que toca as pessoas a nossa paixo e no o nosso intelecto, por isso que Jesus no envia os sbios a apascentar suas ovelhas, mas aqueles que o amam, mesmo que seja com um amor imperfeito como Pedro. Logo que decidem por Cristo as pessoas j so estimuladas (enviadas) a testemunhar, o melhor momento para isso, pois a maioria dos relacionamentos dessas pessoas com no convertidos, aps um ano de igreja essa realidade se inverter reduzindo muito as oportunidades para testemunharem. E as pessoas fazem discpulos indo; ou seja, testemunham nos seus crculos de relacionamento normais: escola, local de servio, amigos, bairro, famlia, parentes. Elas no so enviadas para testemunharem s em eventos programados de evangelismo, mas so estimuladas a serem testemunhas e fazerem discpulos na vida, por onde vo, onde convivem, e no convvio sua convivncia basicamente com no convertidos, por isso o momento mais frutfero. Esse contato com no crentes deve ser estimulado na vida daqueles que querem fazer discpulos. Antigamente, muitas vezes, as pessoas eram estimuladas a deixarem o mundo ao invs de serem ensinadas a se livrarem do mal, orientao contrria a intercesso de Jesus (Joo 17), no discipulado so estimuladas a irem a seara (o mundo) e sal e luz, testemunhas vivas do que Deus pode fazer e faz na vida de quem quer.

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    Muitos podem pensar que no so evangelistas para isso, mas estamos incentivando as pessoas a ser o que Jesus disse que seriam quando recebessem o Esprito Santo: testemunhas. Evangelista um ministrio especfico para o qual nem todos so chamados, mas para ser testemunha todos so enviados tudo o que preciso para isso ter uma experincia real e verdadeira com Cristo e a disposio de contar sua histria a outros. Voc no ir pregar, ir contar a outros o que Deus tem feito em sua vida e deixar que o Esprito Santo a use para tocar essas vidas, isso testemunhar. De um ano a um ano e meio depois de terem decidido por Cristo as pessoas so enviadas a liderar uma clula (grupo pequeno), pode demorar um pouco mais, mas lembre-se, o que decisivo para isso o carter, no a habilidade ou o conhecimento. Veremos mais a frente quando tratarmos da seleo quais as caractersticas de carter que devemos avaliar para enviar as pessoas a liderarem as clulas (grupos pequenos). Antes de continuarmos gostaria de deixar aqui duas perguntas para que voc possa refletir sobre a sua vida crist, para que pense se tem corrido a carreira que Deus te props ou no. Quanto do seu tempo voc tem aplicado em ganhar, consolidar, discipular e enviar? Quanto do seu tempo voc tem dedicado a buscar a Deus para conhec-lo melhor e receber Dele orientao e capacitao para cumprir sua vontade? A resposta a essas perguntas te ajudar a avaliar se tem desperdiado a sua vida ou se tem dedicado sua vida a cumprir a vontade de Deus.