21272 modulos exposicao nucleo 04

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Avenida da República Praça Marquês de Pombal Igreja Centro Cultural C.T.T. P.S.P. Rua D. Pedro V Rua Cândido dos Reis R. Doutor Sousa Martins R. Estreita Largo Luthgarda G. Caires Lrg Antº Aleixo R. 1º de Maio R. António Capa Rua Combatentes da Grande Guerra Rua Gen. Humberto Delgado Rua 5 de Outubro Rua Teófilo Braga Rua Conselheiro Frederico Ramirez Rua Dr. Manuel de Arriaga Rua J. Algarve Rua José Barão Rua da Princesa Câmara Municipal III IV II Doca de Recreio Rio Guadiana I VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO E O URBANISMO ILUMINISTA EXPOSIÇÃO IV Localização dos Núcleos Expositivos

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Page 1: 21272 modulos exposicao nucleo 04

Avenida da República

Praça Marquês

de Pombal

Igreja

Centro Cultural

C.T.T.

P.S.P.

Rua D. Pedro V

Rua Cândido dos Reis

R. Doutor Sousa Martins

R. Estreita

LargoLuthgardaG. Caires

Lrg AntºAleixo

R. 1º de Maio R. António Capa

Rua C

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Rua da Princesa

Câmara Municipal

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II

Doca de Recreio

Rio Guadiana

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IV

Localização dos Núcleos Expositivos

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Núcleo IV

ENTRE O GUADIANA E O MAR: O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO

Núcleo IV

ENTRE O GUADIANA E O MAR: O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO

Page 3: 21272 modulos exposicao nucleo 04

Na segunda metade do século XIX, era para Vila Real de Santo António que convergiam as grandes quantidades de peixe capturado nos mares do Sotavento algarvio. Nesta época, a vila pôde assim afirmar-se como importante lota de venda de peixe, bem como importante centro produtor e exportador de preparados piscícolas.Três factores interligados contribuíram para tal. O primeiro decorreu da liberdade de pesca concedida pelas políticas liberais do século XIX, que vieram a dar um grande incremento e dinamização às pescarias no Algarve.O segundo teve a ver com a própria localização estratégica e óptimas condições de acesso do porto vilarealense, que admitia embarcações de grande calado e avultada capacidade de transporte, e permitia também um fácil escoamento das mercadorias para as regiões do interior, bem como para fora do Reino.A proximidade com Espanha também foi determinante para tal, pois o reino vizinho foi o maior consumidor dos recursos piscícolas portugueses no decurso do século XIX.

Na segunda metade do século XIX, era para Vila Real de Santo António que convergiam as grandes quantidades de peixe capturado nos mares do Sotavento algarvio. Nesta época, a vila pôde assim afirmar-se como importante lota de venda de peixe, bem como importante centro produtor e exportador de preparados piscícolas.Três factores interligados contribuíram para tal. O primeiro decorreu da liberdade de pesca concedida pelas políticas liberais do século XIX, que vieram a dar um grande incremento e dinamização às pescarias no Algarve.O segundo teve a ver com a própria localização estratégica e óptimas condições de acesso do porto vilarealense, que admitia embarcações de grande calado e avultada capacidade de transporte, e permitia também um fácil escoamento das mercadorias para as regiões do interior, bem como para fora do Reino.A proximidade com Espanha também foi determinante para tal, pois o reino vizinho foi o maior consumidor dos recursos piscícolas portugueses no decurso do século XIX.

1‘A IMPORTÂNCIA DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO NO SÉCULO XIXA IMPORTÂNCIA DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO NO SÉCULO XIX

Page 4: 21272 modulos exposicao nucleo 04

Vila Real de Santo António foi o local privilegiado para a instalação da primeira fábrica moderna portuguesa de conservas de atum em azeite, fundada no ano de 1865 por iniciativa do industrial andaluz Sebastián Ramirez.Pode-se então afirmar que o ano de 1865 marca o início da moderna actividade industrial conserveira em Vila Real de Santo António, no Algarve, e em Portugal.Em 1879 é fundada a segunda fábrica de conservas de Vila Real, a fábrica Santa Maria (que ficará simplesmente conhecida por fábrica Parodi), pelo italiano Ângelo Parodi. Esta foi a primeira a dedicar-se à conserva de atum em escabeche, vindo a tornar-se numa das mais importantes. A ela se seguiu, em 1880, a fábrica S. Francisco, do industrial espanhol Francisco Rodriguez Tenório, também ela dedicada à conserva de atum em escabeche. Após estas, outras fábricas se instalaram.Mais tarde também se começaram a produzir conservas de sardinha e, embora em menor importância, de biqueirão e de cavala.Grandes quantidades destas conservas eram exportadas para Itália, o principal mercado das de atum, bem como para outros países da Europa, nomeadamente Alemanha, Bélgica, Inglaterra e França (estes últimos preferiam, ao contrário de Itália, as conservas de sardinha), mas também para a América e para as colónias portuguesas. Vila Real de Santo António tornou-se, pelos finais do século XIX, o principal centro industrial algarvio produtor e exportador de conservas.A indústria conserveira permitiu o surgimento e desenvolvimento de diversas outras indústrias, vindo assim aumentar o surto económico de Vila Real de Santo António.Existiram as indústrias complementares à conserveira, como as destinadas à extracção do azeite de peixe, à construção naval, ao tratamento do sal e ainda as carpintarias onde eram também fabricadas as caixas para acondicionamento das latas de conserva destinadas à exportação.Havia ainda as indústrias subsidiárias, como as litografias (oficinas onde se procedia à impressão do desenho das folhas-de-flandres) e as latoarias (oficinas destinadas ao fabrico das latas de conserva).As litografias podiam ser anexas às fábricas, quando estas eram grandes e importantes. É o caso da fábrica Parodi, que possuía uma. Mas também podiam ser independentes, às quais recorriam os industriais que não tinham como suportar uma secção deste tipo na sua fábrica, fosse por falta de capital, ou simplesmente por tal não se justificar, caso a produção de conservas não fosse muito avultada.Quanto às latoarias, também denominadas oficinas de “vazio”, praticamente todas as fábricas tinham uma.

Vila Real de Santo António foi o local privilegiado para a instalação da primeira fábrica moderna portuguesa de conservas de atum em azeite, fundada no ano de 1865 por iniciativa do industrial andaluz Sebastián Ramirez.Pode-se então afirmar que o ano de 1865 marca o início da moderna actividade industrial conserveira em Vila Real de Santo António, no Algarve, e em Portugal.Em 1879 é fundada a segunda fábrica de conservas de Vila Real, a fábrica Santa Maria (que ficará simplesmente conhecida por fábrica Parodi), pelo italiano Ângelo Parodi. Esta foi a primeira a dedicar-se à conserva de atum em escabeche, vindo a tornar-se numa das mais importantes. A ela se seguiu, em 1880, a fábrica S. Francisco, do industrial espanhol Francisco Rodriguez Tenório, também ela dedicada à conserva de atum em escabeche. Após estas, outras fábricas se instalaram.Mais tarde também se começaram a produzir conservas de sardinha e, embora em menor importância, de biqueirão e de cavala.Grandes quantidades destas conservas eram exportadas para Itália, o principal mercado das de atum, bem como para outros países da Europa, nomeadamente Alemanha, Bélgica, Inglaterra e França (estes últimos preferiam, ao contrário de Itália, as conservas de sardinha), mas também para a América e para as colónias portuguesas. Vila Real de Santo António tornou-se, pelos finais do século XIX, o principal centro industrial algarvio produtor e exportador de conservas.A indústria conserveira permitiu o surgimento e desenvolvimento de diversas outras indústrias, vindo assim aumentar o surto económico de Vila Real de Santo António.Existiram as indústrias complementares à conserveira, como as destinadas à extracção do azeite de peixe, à construção naval, ao tratamento do sal e ainda as carpintarias onde eram também fabricadas as caixas para acondicionamento das latas de conserva destinadas à exportação.Havia ainda as indústrias subsidiárias, como as litografias (oficinas onde se procedia à impressão do desenho das folhas-de-flandres) e as latoarias (oficinas destinadas ao fabrico das latas de conserva).As litografias podiam ser anexas às fábricas, quando estas eram grandes e importantes. É o caso da fábrica Parodi, que possuía uma. Mas também podiam ser independentes, às quais recorriam os industriais que não tinham como suportar uma secção deste tipo na sua fábrica, fosse por falta de capital, ou simplesmente por tal não se justificar, caso a produção de conservas não fosse muito avultada.Quanto às latoarias, também denominadas oficinas de “vazio”, praticamente todas as fábricas tinham uma.

2‘ A INDÚSTRIA CONSERVEIRAA INDÚSTRIA CONSERVEIRA

Page 5: 21272 modulos exposicao nucleo 04

O período áureo da indústria conserveira por todo o país (e também em Vila Real de Santo António) iniciou-se com o desencadear da I Guerra Mundial. A exportação das conservas para os países europeus aumentou extraordinariamente, devido à necessidade de abastecer as tropas.Mas as dificuldades começaram a fazer-se sentir pouco antes da II Guerra Mundial, pois a Itália, que era o mais importante mercado de conservas de atum, diminuiu bastante a sua procura e importação.Embora durante a II Grande Guerra tivesse havido uma melhoria na produção e expansão das conservas de peixe, a actividade conserveira vilarealense começou a decair após o conflito, nomeadamente a partir da segunda metade do século XX, em consequência de uma menor procura dos mercados estrangeiros e de uma acentuada escassez de capturas de sardinha.

O período áureo da indústria conserveira por todo o país (e também em Vila Real de Santo António) iniciou-se com o desencadear da I Guerra Mundial. A exportação das conservas para os países europeus aumentou extraordinariamente, devido à necessidade de abastecer as tropas.Mas as dificuldades começaram a fazer-se sentir pouco antes da II Guerra Mundial, pois a Itália, que era o mais importante mercado de conservas de atum, diminuiu bastante a sua procura e importação.Embora durante a II Grande Guerra tivesse havido uma melhoria na produção e expansão das conservas de peixe, a actividade conserveira vilarealense começou a decair após o conflito, nomeadamente a partir da segunda metade do século XX, em consequência de uma menor procura dos mercados estrangeiros e de uma acentuada escassez de capturas de sardinha.

3‘ APOGEU E DECLÍNIO DA INDÚSTRIA CONSERVEIRAAPOGEU E DECLÍNIO DA INDÚSTRIA CONSERVEIRA

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O rio Guadiana foi, desde tempos remotos, uma importante via de circulação de bens e pessoas. No século XIX e na primeira metade do século XX essa circulação intensificou-se com o desenvolvimento do porto de Vila Real de Santo António que, pela sua localização privilegiada, permitia o fácil e rápido escoamento das mercadorias, quer por via marítima, quer por via fluvial.O grande fluxo de mercadorias no porto de Vila Real dá-se a partir de meados do século XIX, altura em que são reactivadas as velhas minas de S. Domingos, localizadas no concelho de Mértola, que utilizavam o Guadiana como via para escoar o minério extraído. Uma vez transportado até ao porto de Vila Real, o minério seguia daí com destino ao mercado internacional: França, Alemanha e, sobretudo, Inglaterra, o seu principal cliente.Para além do minério, desciam o Guadiana vindos do Baixo-Alentejo e interior algarvio outros produtos como o vinho, pouco produzido na região algarvia, o azeite, utilizado na iluminação e na indústria conserveira, e os cereais, sobretudo o trigo, exportado para outras regiões a partir do porto vilarealense. No sentido inverso, subiam o rio produtos de que as povoações ribeirinhas do Guadiana careciam, dos quais se destaca o peixe da costa, fresco ou salgado, e o sal, fundamental para a conservação de alimentos como a carne e o peixe e que provinha sobretudo das salinas de Castro Marim.O porto de Vila Real de Santo António, um dos principais da região algarvia durante a segunda metade do século XIX e primeira metade do XX, perdeu importância a partir de 1966, devido ao abandono da Mina de S. Domingos, que causou uma grande quebra no fluxo de exportações. Finaliza, por esta altura, o importante ciclo de actividade comercial registado por este porto nos decénios anteriores.

O rio Guadiana foi, desde tempos remotos, uma importante via de circulação de bens e pessoas. No século XIX e na primeira metade do século XX essa circulação intensificou-se com o desenvolvimento do porto de Vila Real de Santo António que, pela sua localização privilegiada, permitia o fácil e rápido escoamento das mercadorias, quer por via marítima, quer por via fluvial.O grande fluxo de mercadorias no porto de Vila Real dá-se a partir de meados do século XIX, altura em que são reactivadas as velhas minas de S. Domingos, localizadas no concelho de Mértola, que utilizavam o Guadiana como via para escoar o minério extraído. Uma vez transportado até ao porto de Vila Real, o minério seguia daí com destino ao mercado internacional: França, Alemanha e, sobretudo, Inglaterra, o seu principal cliente.Para além do minério, desciam o Guadiana vindos do Baixo-Alentejo e interior algarvio outros produtos como o vinho, pouco produzido na região algarvia, o azeite, utilizado na iluminação e na indústria conserveira, e os cereais, sobretudo o trigo, exportado para outras regiões a partir do porto vilarealense. No sentido inverso, subiam o rio produtos de que as povoações ribeirinhas do Guadiana careciam, dos quais se destaca o peixe da costa, fresco ou salgado, e o sal, fundamental para a conservação de alimentos como a carne e o peixe e que provinha sobretudo das salinas de Castro Marim.O porto de Vila Real de Santo António, um dos principais da região algarvia durante a segunda metade do século XIX e primeira metade do XX, perdeu importância a partir de 1966, devido ao abandono da Mina de S. Domingos, que causou uma grande quebra no fluxo de exportações. Finaliza, por esta altura, o importante ciclo de actividade comercial registado por este porto nos decénios anteriores.

4‘O PORTO DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO: UMA VIA DE LIGAÇÃO ENTRE O RIO E O MAR NO SÉCULO XIX E NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XXO PORTO DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO: UMA VIA DE LIGAÇÃO ENTRE O RIO E O MAR NO SÉCULO XIX E NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX

Page 7: 21272 modulos exposicao nucleo 04

O contrabando, a introdução clandestina de produtos desviados aos direitos fiscais, é uma actividade tão antiga como o estabelecimento das fronteiras entre os territórios. Desde que há fronteiras, há contrabando.A coberto da noite, e constantemente perseguidos por carabineiros espanhóis de um lado e guardas-fiscais portugueses do outro, os contrabandistas do Guadiana arriscavam a vida a cada travessia. Entre as mercadorias mais frequentemente contrabandeadas estavam os géneros alimentícios. Esporadicamente, principalmente em épocas politicamente mais conturbadas, os contrabandistas ajudavam também a dar o salto, isto é, a atravessar clandestinamente a fronteira. Foi assim durante a Guerra Civil espanhola, e foi assim durante a ditadura salazarista em Portugal.Mais do que meio de enriquecimento, o contrabando constituiu frequentemente um meio adicional de sustento para as populações fronteiriças, autêntica economia paralela que, durante séculos, permitiu mitigar a dureza da vida na raia.

O contrabando, a introdução clandestina de produtos desviados aos direitos fiscais, é uma actividade tão antiga como o estabelecimento das fronteiras entre os territórios. Desde que há fronteiras, há contrabando.A coberto da noite, e constantemente perseguidos por carabineiros espanhóis de um lado e guardas-fiscais portugueses do outro, os contrabandistas do Guadiana arriscavam a vida a cada travessia. Entre as mercadorias mais frequentemente contrabandeadas estavam os géneros alimentícios. Esporadicamente, principalmente em épocas politicamente mais conturbadas, os contrabandistas ajudavam também a dar o salto, isto é, a atravessar clandestinamente a fronteira. Foi assim durante a Guerra Civil espanhola, e foi assim durante a ditadura salazarista em Portugal.Mais do que meio de enriquecimento, o contrabando constituiu frequentemente um meio adicional de sustento para as populações fronteiriças, autêntica economia paralela que, durante séculos, permitiu mitigar a dureza da vida na raia.

5‘PELAS ROTAS E MEMÓRIAS DO CONTRABANDO NO BAIXO-GUADIANA PELAS ROTAS E MEMÓRIAS DO CONTRABANDO NO BAIXO-GUADIANA