21. paul ricoeur - hermeneutica e estruturalismo

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    da teoria q~Junda.as_regras de leitura .em.qu~ta.~ ... Essas interpretaes19Ual.meIite vaIidas 'pcrmancccm "jogos de linguagem", cujas regras podcmosaltciar arbitrariamcnte, enquanto" nao mostrarmos que

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    ESTRUTURA EHERMEN~UT.ICA

    o prcsente coI6quio tern por tema a herroeneutica e a tradi~ao. 'B sur-preendente q~e, aquilo que e posta em questao, em ambos os tituIos, e,eertamaneira de viver, de operar 0 tempo: tempo detransmissao. tempo de in-

    terpreta~ao.Ora, somos eta opiniao - que permanece opiniao enquanto nao

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    Nao me parccc oportuno partir de 0 Pmsamento Selvagem, mas chegar3 dc. 0 Pensamcr;[o Sd"agem reflre~cnta a ultima cl;,p3 de urn processogr3dativo de generali7.at;ao. No inicio, 0 cstruturalismo naG prctendc ~ef~nirloch a constitui"ao do pensamento, mesmo no cstado sc!''':lgcm, mas dchmltarum grupo bern dcterminado de problemas possuinuo, sc pod cmos dizcr assim,afinidade para 0 Ira1amento estruturalista. 0 Pensamenlo Selvagem repre-

    dcssc (cmpo esgotado; transforma-sc em hcran~a C em dcp6sito, ao mesmo ; "tempo que sc r:lcionaliu. Estc proccsso c patente quand? .se compara ~os 'iograndes simbolos bcbr~icos do pccado as COl1stru. Do simbolo ao milO e a mitc!og:a, i'~s:>r:'1CS de nm tempo oculto 11 urn

    lc~"p" cs[;o:ado. Parcce, entaD, que a tr;-,d i\;~o, na rncdida mesma em quedc-sec a rampa do simbo10 a mitologia dogmatica, situa-sc sobre 0 trajcto

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    todos Os signos de uma Hngua formc.-n urn sistema: una lIngua, 56 ha dife-ren~3s" (Cours de ling1.1istiqllc gcncrale, p. 166).

    Ess2. ldeia-for.;a r..urnanda 0 segundo ~cma concernirtdo precisa.ment~ arcla~ao da diacronia com asincronia. Cera cfeito, 0 sist~~a das dlf.ercnc;ass6 surge sabre um eixo das 'cocxistcncias inteira:ncnte dlstlO.t~ ?o elXO' oassucessoes. Nasce assim uma lingUfstica S'lCrOD1ca, como ClcnCla dos esta-dos em seus asp~ctos si~tematicos, distinta de uma ling~istica.di,a:ro~ica, oucicncias das evolus:5es, aplicada ao sistema. Como se ve, a blstona e SeClln-daria, e figura como altera~ao do sistema. Ademais, em lingUistica, essas

    altera~oes sao menos inte1igfveis que os estados de sistema: "Jamais, escreveSaussure 0 sistema e modificado diretamente; em si mesmo, e imutavc1; so-mente c~rtos elementos sao aHerados sem atenc;ao a solidariedade que osliga ao tOdo" (ibid., p. 121). A bist6ria e mais respon~Y.eLpe1as desordensque pelas mudan.;as significantes."'"'"Saussure afinna com razao: "os fatos daserie sincronica sao rela~6es, os fatos da serie diacronica, acontecimentos nosistema". Par conseguinte, a lingiHstica e antes de tudo sincronica, e a dia-cronia s6 e inteligfvel enquanto comparas:ao dos estados de sistema antedorese posteriores; a diacronia e comparativa; nisto ela depende da sincronia~Finalmente, os acontecimentos 50 sao apreendidos qu::ndo r~alizados Dwnsistema, isto e, ainda recebendo dele um aspccto de regulandadc; 0 fatodiacronico c a inova~ao oriunda cia palc.vra (de um so, de alguns, poueoimpoLta), mas "tornada fato de ling~agcm" (p. 140).

    o problema central de nossa reflexao consistira em saber atc onde 0modclo !in"iiistico das rclac;6cs enlre sii1cro~ diacron~:1 pode nos guiar naCOrl:'D:,cc::sio C~ hiqo:-:cid:1cC riOrr:~ ~os sfmbolos. D:;':':;:;o;;:; 1o~()~ 0 ;:'0:::0

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  • -Lmais..JJm jnC(:!D~cjcntc.-ka.nt..i.ano-4ucfreudiano. um inconscien~9.ri~1,combinatorio' c uma orJcm fin ita ou 0 finilismo da oHkm, mas de ~l

    fOrm.2-9.~nar;.Dig~ i;:;-c'o;';cicnte kantiuDO, mas. apenas par c~usa deSUa organizm;ao, porquc sc trata muito mnis de urn sIstema ,categonal scmreferenda a um sujcito pensame. . p~s_o~ue_.p~struturalismo,-enquant?filosofia. .dcscovolvC~~_JJm ~.tipo _dc-mtelectualismo fundamcnta1roente~.tlreflexivo antiidcali~ta, a~tifen2ill.11Q1Qgico; da mcsma form~, ~ste cspmtolm::o~D.IC'Ifoacscrartohom61ogo a. natureza; talvez ~Ic .a,te SCJa naturc~Voltaremos a isso com 0 Pensat"ento Selvagem. Todavla, Ja em 1956, refrindo-se a regra de economia na explicac;ao de Jakobson, Uvi-Strauss es-

    " crevia: "A afirmac;ao de que a explicaC;ao mais cconomica tambcm e a que\ _ de todas as consideradas - mais se aproxima da vcrdade, repousa, emI ultima analise, sobre a identidade postulada das leis do mundo e das do

    ~ pensamento" (Anthropologie structurale, p. 102).~ Este 'terceiro prindpio nao nos concerne menos que 0 segundo. porqueinstitui entre 0 observador e 0 sistema uma rela

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    t~,-c-o-m-p-r-e-e""n=sa"'o=;=t:~,o~~"mo, dI", quo 0 ~~tU"II,mon;ooonh'"mais limitcs; nao e todo a pcnsamcnto que recal sob seu domlDlo, masum nlvel de pcns3mcnto, 0 nive! do pcnsamento selvagem. Nao obstan:c,o leitor que passa da Amropologia Estrutural a a _Pensamcnro Selv~gem,fica surpreso com a mudan~a de front e de tom: nao se procede malS a03pOUCOS, do parcntesco a artc ou a rcligiao; e t~dO urn r;ivel ~e p:nsamento,cODsiderado globalmente, que se torna 0' obJeto _de mves~lga~o; e; e~seproprio oivel de pensamento e tido pela fa~~~ nao do~estI~da do ~co

    ensamento; nao ha sclvagcns opostos a C1Vlhzados, nao ba mentalJdadeprimitiva, nem pensameoto dos selvagens; nao hi mais exotismo absoluto;para alem da "ilusiio totemica", .M ~pe?~ um_ pe?san;e~t~~

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    implantados - fundo semitico (egipcio, babi16nico, aramaico, hebreu),fundo proto-hclcnico, fundo indo-curopcu - presta-sc tao faeilmente amesma -opera~ao; au antes, insisto neste ponto, scguramcnte .5e presta a cla,mas presta-se sem m!1is? Nos exemplos de 0 PCIlSamef1(O Selvag ~m, ainsignific5.ncia dos contcudos c a exuberancia dos arranjos pareccm-me cens~tituir urn cxcmplo extrema, muito mais que um~ forma canonica. Acontcceque uma parte da civilizas:ao, aquela justamente de que nao procede nossa

    ci~'iliza\;ao, presta-se melhor que qualquer outra a aplicas:ao do metoda~strutural transposto da lingtiistica. Mas isto nao prava que a inteligcncia dasestruturas seja igualmente esclareccdora alhures c, sobrctudo, que seja taoauto-suficiente assim. Falei, aeima, do pres:o a pagar: cste pres:o - ainsignifid.neia dos contcudos - nao e urn prcs:o alto com os totcmismos,como e grande a contrapartida, a saber, a alta significas:ao dos arranjos.o pensamento dos totemistas, me parece, e justamente aqucle que apresentamaior afinidade com 0 estruturalismo. 0 que me pergunto e se seu exemploC. ,. exemplar, au se nao eexcepcional4

    Ora, talvez haja outro polo do pe~samento mltieo em que a argani-zas:ao sintatica e mais fraea, a jun~ao com 0 rito menos acentuada, aliga~ao com as classifica96es sociais menos tenue e, em que, ao eontrario,a riqueza scmantica possibilita retomadas hist6ricas indefinidas em contextossociais mais variaveis. Para esse outro polo do pensamcnto mitico, de quedarei daqui a pouco alguns exemplos tornados do mundo hebraieo, talvez aintcligcncia cstruturaI scja menos importantc, em tedo caso mcnos cxclusiva,e exija rnais manifestamente ser articulada sobre uma intcligcncia henne-nbtica que sc apJiea a intcrprctar as proprios contcudos, a fim de prolon';2rSU:i vida e de incorporar sua cficacia a rd1t.:xao filosOfica.

    ;J.qui (Jue tomrtrcl por p~Jra de tOC;UG a q lies: ao do ;cm po que dcsc,,-c.Jdcounossa meditas:ao: 0 Pensamcnto Selvagcm tira todas as conse-qUcncias dos conceitos lingUfsticos de siccronia e de diacronia, e extrai dcIesuma concc~o de conjunto d:l.S relac;oes entre estrutura c acontecimento:

    :-A qucsllio ,; a de saber se ~ta rcla~io pcrmanecc jd~ntica em todo afront do pcnsamento mi[ico. " --_____.- 'L

    Uvi-Strauss 5C conter,!:! em rctom;,r uma paiavra de DO:ls: "D:riamC'sque os univenos mito16gicos sao destmados a SCfl:m desmantc1ados dcsdeque sao farm ados, para que noyos universos n~am de seus fra~mento~"(ibid., p. 31) (esta p;J)avra ja scrvira de epigrafe a urn dos artigos reeo-lhides na Anlhropolop,ie sfrucluralc, p. 227). :? esta rcla

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    c urn querigma, 0 an6ncio da gcsta de Jave, constitulda' por umfeixe de acontecimcnlos. Trata-sc de urna Heilgeschichte. A primcira seqUen-cia e fornceida em seguida: liberta~ao do Egilo, passagcm do Mar Vermeiho,

    reve1a~ao do Sinai. erranciano deserto, realiza~'10 da promcssa da Terra,etc. 0 segundo polo organizador se estabelece em torno do tcma do Ungidode Israel c da. missao davldica. _Enrirn, instaura-seum tercciro p610 desentido, depois da cati;strofe: a destrui~ao ai aparece como acontecimentofundamental, aberto a alteroativa nao reso1vida da promessa e da amea~a.o metoda de compreensao aplid.vel a este feixe acontecimental CODsiste emrestituir 0 trabalho intelectual, oriundo dessa f6 hist6rica e desdobradonwn contexta confessional, freqiientemente hfnico, sempre cultural. Gerhardvon Rad diz muho bem: "Enquanto a hist6ria critica tende a reencontraro minimo verificavel". "uma pintura querigmatica tende para um m.iximoteo16gico", Ora, foi justamente urn trabalho intelectuaI que presidiu a esta

    elabora~lio das tradi~oes e culminou no que agora chamamos de a Escritura.Gerhard von Rad mostra como, a partir de uma confissao m1n4na, consti-tuiu-se urn espa.;; ~ . . r~tam~~to~ N~o~ s~o nomenclaturas, classifica~es,mas acontecimeotos fun-t ~ :~~ ..~~ore:~:;~e n?s .::~ltamos a teologia do Hexateuco, 0 conteudo significante1st~-_--. -4Q

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    c;ldeia d~s rcintcrpretd~fic~ rnhinicas e cristol6gicas. aparccc imcdi:ltamcntcque CSS3S retamadas repre$ent8m 0 contrario do bricolagc. Nao podcmosmais falar de utiliza\(30 dos restos em estruturas cuj;), sintaxc impo~tavamais que a semantica, nus da utiliza\(ao de urn acrescimo, 0 qual ordena,como urn) d029aa primeira de sentido, as intcnc;:oes relificadoras de car~tcrpropria:ncntc teo16gico e filos6fico que se aplicam sabre, este fundo slmb6-'lico. Nessas seqiiencias ordcnadas a partir de um feue de acantecimentossignifieantcs, e 0 acresdmo inicial de sentido que motiva tradic;:ao e inter-pretar;ao. E por isso que devemos falar, neste caso. de regula9ao semanticapelo conteudo e naa somente de regula

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    No modelo querigmitlco, scm duvid~ a explica;:ao cstrutural e escla~recedora como tr~Dtarci mostrar para concluir. Mas cia represcnt:J. umacam ada 'cxprcssiv~ de segundo grau, subordinllda ao acre:cimo de, sentidodo fundo simb6lico: assim, 0 mito adfunico e segundo relat~vamcnte a c1abo-

    ra~iio das exprcss6cs simb6licas ~o pure e do impuro, .da ~rraneia. e doexilio, constitufdas ao alvei da experiencia cultural e penlten:lal; ~ n~u~za

    . desse fundo simbolico s6 aparece na diacroniaj 0 ponto de vista slDcro~ICOs6 atinge, pois, do mito, sua func;ao social atual, mais ciu ~~~os comparavelao operador totemieo, que ha pouco assegurava a convertJbllt~ade das .me,?-sagens pertinentes a cada nlveI da vida de cultura. e gar~ntta a ~~dla~aoentre natureza e cultura. Sem d{ivida. 0 estruturaltsmo aloda e valtdo (equase tudo resta a fazer para comprovar sua fecundidade em .nossas a~~asculturais; a esle respeito, e bastante promissor 0 exemplo do mlto de ~dl~na Anthropologie structurale, pp. 235-243). Mas enquanto .a expltca~aoestrutural parece mais ou menos sem vestigio qu.ando a sincronta ~r~dorr:lnasobre a diacronia, eia fomeee apenas uma especle de esqueleto, cUJO caraterabstrato e manifesto, quando se trata de urn conteudo sobredeterminado,que nao cessa de fazer pensar e que s6 se ~xplicita n_a cODtinua;a_o dasretomadas que !he conferem ao mesmo tempo mterprctafilosofia estruturalista. Quanto mais a antropologia cstrutural ;TIC parececonyinccnte, cnquanto se comprcendc a si ?1

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    Todavia. em Qutros momentos, 0 aulor nos convida a "reconhecec,10 sistema das cspecies naiurais e DO dos objclos manufaturados, dois con-iuntos mediadoresie que se serve 0 horoem para supeI'aI' a oposic;ao entre.natuI'czac cultura-~,~ensa-Ios=~mototalidadc~{p. 169). Sustcnta que as-:struturas sao anteriores as pra,ticas. mas concorda que a praxis e anteri~ras estruturas. PoTtanto. estas se reve1am superestrutui'

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    ao esquema explicativo, no qual a sincroriia constitui sistema e em -ue a_::-diacronia constitui problem. crvarel os lermes de historieidad~.....:-~historiciqadc _dg. __tradi!;~() _ ~_Jlj~_tor:~cidade.__.da__ !!J~crpr~Ja.~a() __-::-:_p!l-~~l12da~:.';.eornprecnsao t~!l.cIQ coI!s~icQ~ill,:j_rn-plfcit~_ou explici_~?-!D.~n_te,__~_~~ ~o, -

    ~minho -cta: compreerisao.--fiIosOfica de-si e-d~-ser.-Neste~entido,omitoae~tdipo depende clil compreens30 1Iermeneutiea quando e compreendido-erctomado - ji par urn S6focles - a titulo de -primeira solic~ao desentido, em vista de uma meditayao sobre 0 reconbecimento de si, -sobrea luta pela verdade e pelo "saber tra-gico".

    2. A articulacao dessas duas inteligencias coloca roais problemas quesua distin~ao. A questlio e demasiado nova para que possamos ir aJem depropositos explorat6rios. A expli~ao estrutural. perguntar.::mos iniciaJmente, pede ser separada de tada compreensao hermeneutica? Sem dU~eia 0 pode tanto mais quanto a fuo.,;:ao do mito esgot~-se no estabelecI-mento de rela~oes de homologia entre contrastes significativos, situados erft.vanos pIanos da natureza e da cultura. Mas entao, seri que a compreensaohermeneutica DaO se refugi.ou na propria constitu~ao do campo semaoticoonde se exercem as rel~es de homologia? Estamos lembrados da importante

    observ~o de Uvi-Strauss concernente a "represen~ao desdobrada resul-tando da fun~ao simb6lica fazcndo sua primeira apari~ao". A "naturezal;ontr::.ditOria" desse signa s6 podcria ser neutrafizada, diTIa ele, "par esta trocade valores comp1cmcntarcs, a que toda a vida social se reduz" (Anthropo-[O"ie structurale, p. 71). Vejo nessa obscrvz9ao a iodica9ao de urn caminhoo . ~ ser scguido, em vista de uma articula9aO que de forma alguma sena um.c::!ctismo entre hermeneutic::. c estruturCl!i::ffiO. Entcndo que 0 desdobra-mento de que se trata--aqui C 0- que-eugendra a fungao do signo cm geral,e nae 0 duplo sentido do sfmbolo, tal como 0 entendemos. Mas 0 que ~verdadeiro do signo__eIn_s.c.u_sentido. PriInario.----ainda 6 pmis- verdadeiro doduplo sentido dos sfmbolos. A inteHgeoeia desse d1lplo sentido, inteligenciaesscncialffiente berr:L1encutica, sempre e pressuposta peIa inteligencia das"trocas de va!o:cs complcmentares" lcvada a efeito pelo cstruturalismo.Lm e;.;.ame cuidadoso de 0 Pensamento Selvagem sugere quo podemosscmpre procurar, baseando-nos em homologias de estrutura, analogias semin-tic:i..'i que tornam comparaveis os difercntcs niveis de realidade euja conver-!ibilidade e assegurada pelo "cOdigo"_ 0 "c6digo" sUpOe uma correspondCocia,urn:> afinidadc de conteudos, vale dizer; uma cifray306 Assim, na interpre-t:1;;;;O dos ritos da ca~a as aguias, entre os Hidatsa (ibid., pp. 66-72). aconstituic;ao do par alLO--baixo, a partir do qual sao formadas todas asdistaocias c a distancia maxima cntr~ 0 ca9ador e sua ca~a, s6 forneeeuma tipologia mltica sob a eondi9ao de uma intelige.ncia implicita dasobrecarga de sentido do alto e do baix.o. Estou de acordo que, nos sistemasaqui cstudados, esta afinidade dos eonteudos e de certa forma residual;

    V. HERM:ENUTICA E ANTROPOLOGIA ESTRUTURAL

    P2.ra conduir, vou retomar a questao inicia!: em que as considera90esestruturais constituem atualmente a ctapa necessaria de toda inleligenciahennencutica? Mais gcralmcnte, como se articu!am hermeneutiea_ ~_~st~_turalismo?

    Tais sao as iilosofi~s estruluralislas entre as quais a clcncia cstruturald~:pcnnile que se escolha[Sera que DaO rcspeilarfamos igllalmcnlC 0 cnsinoda liogi.iistica. sc considerassemos a lingua c todas as media~Qcs ~ que s:~cde modelo como 0 inconscicnle instrumental mediante 0 qual urn sUJCJtofalante se :;-opOe_8.comprecndcr 0 scr, os ~ercs ~ cle mcsrrro? ;r

    1. Gostaria inicialmente de dissipar urn mal-entendido que a discussaoanterior pode alimentar. Ao sugcrir que os tipos miticos formam uma cadciacujo tipo "totemico" seria apenas uma extremidade e 0 lipo "qucrigmatico"a outra extremidadc, pare~o ler voItado a minha dedara9ao inicial, segundoa qual a antropologia estrutural P. uma disciP!~~cj~ntifica_e-A...helJl1encuticaurn:! disciplina filos6fiea; N~;;--e nad~ disso. Distinguir dois submodelos,oao significa dizer que urn dcpende apenas do estruturalismo e que 0 outroseria dirctamente me~ecedor de uma hcrmencutica nao cstrutural; significadizcr SOffi\:nte que 0 SUbr.lOdclo totcmico toleTa melhor uma explieac;ao

    es,~~al ~~rma.n.CCc scm-rddug,-_~p-orque. c.,_ ~ntre tc:>.~os as tlPOS-ITi7[icos, aquc1e que tern mais aficic!:lJc com 0 maJdo linguistico inicial,

    :lO-_p:!.Ssorql?c~_-~o tipo qucrjgm~tico, a CXr:i~9fio es(rutuf21 -~ q~~~1 ~li5s,IJ;.[ maioria dos cases, pcrmanece por ser c!aborada - remete mo.is manifcs-lamente a outra inteligcncia do sentido. Mas as duas maneiras de compre-cnder nao sao especies, opostas .no mcsmo iJ.lvel, no interior do genera corownda compreensao. E por isso que nao requerem nenhum ecletismo metodo-logico_ Portanto, antes de lcnlar algumas observal;oes explorat6rias conccr-nindo sua articulac;ao, prclendo ressalt.:u pela UltL-na vcz seu desoivc1amento.A c;-:.plica?o c:&truturaJ versa: 1) sobre urn sistema inconsciente; 2) que ecomtituido por djferenxas~~~~i~~rdi~~~(as-_sige1fi~~is};-~Lindcpendcntemcntc do o~ervadorI A intcrprctal;ao de urn seotido transmitidocomistc; 1) na rctornada cooseiente;i)QeuITl"funuo_ s~~llcO s~~edc~terminaJo; 3) por urn in~erpretc qu_c se situa n0f!.l.~~_c~ scmanti=oque aauilo que compn::cndt:__c,_assim, DO "circulo beflI!en~t,!~ic;:o".- .E por -isSo que as duas maoeiras de fner surgir 0 tcmpo nao seen~niranl ~~_ mesmo Dive!; foi ~penas por uma prcocupac;ao didaticaprovis6ria__qu~ falamos de prioridade da diacrecia sobre a sincronia. Paradizer a _vetdide, devemos reservar as expres:s5es de diacronia e de sincrenia

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    talidade simb6lica" (cap. VII), na origem cia "tcolof:ia simb61ica" (cap. VIII).Ora, 0 que faz manlerel1l,se juntos os aspectos multiplos c cxuberantcs dessaHlcntalidade? Ess:J.s pessoas do sccul0 XII "nao confundiaffi, diz 0 imtor, nemos pIanos nemos objetos, mas sc bcneficiavam, ncsscs diversosplanos, de,urn denominador COllum no jogo sutil das analogias, segundoamisteriosa-

    rela~ao do mundo flsieo e do mundo sagrado" (ibid., p. 160)[ Esse problemado "deoominador comum" e ine1utive1, se levarmos em conta que urn sfm- .bolo separado nao possui sentido; ou antes, urn simbolo separado possui de4mais senlido; a polissemia e sua lei: "0 fogo aqucce, iiumina, purifica, quei-rna, regenera, eonsome; signifiea tanto a concupisccncia qua;lto 0 EspiritoSanto" (p. 184).)- numa eeQD_omia. de_c_onjlJnto que_.os va\Qg~~_d.ifer~l;li_ai~se manifestam e que a polissemi~_~~ .reJ'rime. Foi nesta procura de uma"coerencia mistica daeconomia" (p. 184) que os simbolistas da IdadeMedi",se empenharam. Na natureza, tudo e simbolo. scm duvida, mas para urnbomem da Idadc Media, a natureza so fala quando ;::...:iaoa par uma .tipo-logia hist6riea, institUlda 00 eonfronto dco Liuis Testarnentos. 0 "espelho".(speculum) cia natureza so se tOrTia "livro" em contato com 0 Livro, isto e,'com urna exco;esc institufda numa comunidade regulada. Assim, 0 simbo10'so ::;:j,-;"aliza numa ~~?no~ia~".?Yn:.a.disp~~a!io,nUr:!!_':.. ord.o:. Foi com esta

    condi~ao que Hugo de Saint-Victor pode definilo assim: "symbolum estcollatio, id cot coap/olio, visibilium formarwn ad dcmons,rationem rei invi-sibilis proposi/amm". Que cssa "demonstra9ao" seja incompatlve1 com umalogica das proposiNcs, que supoe conceitos definidos (isto e, envoltos porU:l1 co;1torno iloclo01a! C U:1iVOC0), portanto. r:0.~Jcsque slgnificam algo .por-(i~!C ~:2ni::'-:::::1 !i.'l ~~ c~~::.~!. i:,lu !l:1o constj(uI_~l1~i r.()S~O ['~obl~ma. 0 queconstitui probkma c que c somcnte numa eco!"10mia de conjunto que essacollatio et coaplalio pode eomprcender-se como re!a95.0 e pretender ao nive!de demonstratio. Vou ao cncontro, qui, cia tese (je Edmond Ortigues emI: Diseours et fe Srmbofe: "Urn mesma tcrmo_p.9sk ser im:Htinario se 0 con-

  • ~ _"! tipologia da hisl6ria, exercida no contexto da comunidadc ec1csial, em liga-~iio Comum cuHo,tlEIi ritual, elc., qucsubstitui a simb6lica naturista poli~marfa e estanca suas loucas pl'olifera~6cs. f:. intcrpretando relatos, decifl'an~i i; uu uma Iicilgcscilichte, que a excgeta fomcee ao irnagciro urn princlpio dc

    , i escolha nas cxubc:rancias do imaginario. Deve-se dizcr, enlaO, que a _sirn:.~ i b61,ica .!!~~!:cside nC~_~-'!..1laguele __sj~~o!Q,_ll1e..nos .ait,';Ja _~f.!l seurcpcrt6rio11 ' abstrato; tal rC'pert6ri9-~@_scmm~_.dcrnasiado_ pobrc, porque__ ~ao __ sernprc

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