21 casal homoafetivo

Upload: giulia-rodrigues

Post on 07-Jan-2016

215 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

21 Casal Homoafetivo

TRANSCRIPT

EXMO(A)

EXMO(A). SR(A). DR(A). JUIZ(A) FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL PREVIDENCIRIO DE CIDADE-UF.NOME DA PARTE, j cadastrada eletronicamente, vem com o devido respeito perante Vossa Excelncia, por meio de seu procurador, propor

AO PREVIDENCIRIA DE CONCESSO DE PENSO POR MORTE UNIO ESTVEL HOMOAFETIVAEm face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS) pelos seguintes fundamentos fticos e jurdicos que passa a expor:

1. FATOS: A parte Autora requereu junto Autarquia Previdenciria a concesso do benefcio de penso por morte em razo do falecimento de seu companheiro (nome do de cujus), pedido este que foi indeferido por alegada falta de qualidade de dependente, ou seja, pela inexistncia de comprovao de unio estvel, conforme se vislumbra nos documentos juntados no processo administrativo anexo.

Dados do processo administrativo

1. Nmero do benefcio (NB):

XXX.XXX.XXX-XX

2. Data do bito:

XX/XX/XXXX

3. Data do requerimento (DER):XX/XX/XXXX

4. Razo do indeferimento:

Falta de qualidade de dependente (unio estvel homoafetiva).

Pertinente referir que, em verdade, o indeferimento administrativo se deu em razo de que a relao nutrida entre o Requerente e o de cujus tratava-se de unio homoafetiva, que no foi reconhecida pela Autarquia Previdenciria.Fato que a deciso administrativa foi indevida, eis que o Requerente mantinha unio estvel com o de cujus, sendo esta relao pblica, notria e com o intuito de constituir famlia, nos exatos termos da lei e reconhecida sua condio de forma unssona pelos Tribunais Superiores.Neste nterim, o ora Postulante ingressa com a presente ao previdenciria, para que, judicialmente seja reparado o equvoco ocorrido administrativamente.

2. FUNDAMENTOS JURDICOS:A penso por morte tem previso no art. 74 da Lei Federal 8.213/91, regulando que ser devido benefcio ao conjunto dos dependentes do segurado falecido, aposentado ou no.

O art. 16 do mesmo diploma legal institui que 0 (a) companheiro (a) (omissis) beneficirio (a) do Regime Geral de Previdncia Social, na condio de dependente do (a) segurado (a), sendo desnecessria a comprovao de dependncia, tendo em vista a mesma ser presumida, conforme 4. da referida norma. O mesmo dispositivo ainda traz em seu pargrafo 3 o conceito de companheiro para fins legais. Seno, vejamos:

(...) a pessoa que, sem ser casada, mantm unio estvel com o segurado (...), de acordo com o 3 do art. 226 da CF.No presente feito a unio estvel pactuada entre o Autor e o falecido justamente o mote litigante da demanda, porquanto entendeu a Autarquia Previdenciria no restar configurada, por tratar-se de uma relao entre pessoas do mesmo sexo.De pronto pertinente destacar que, o STF, por ocasio do julgamento da ADI 4.277, reconheceu a unio estvel entre casais homoafetivos luz da Constituio Federal, o que, por si s, j confere cabimento ao intento do Requerente.Tendo em vista o exaurimento jurdico no que tange o reconhecimento da unio estvel homoafetiva, os Tribunais Superiores assim tem se posicionado quando das demandas previdencirias, Seno, vejamos:

Previdencirio. Penso por morte. Companheiro. Unio homoafetiva. In 25/2000 do INSS. Lei n 8.213/91. Unio estvel comprovada. Dependncia econmica presumida. Ausncia de requerimento administrativo. Termo inicial data da citao. Juros moratrios e correo monetria. 1. Inexistem dvidas acerca do suporte jurdico referente ao reconhecimento de unio estvel entre pessoas do mesmo sexo no mbito previdencirio, considerando que o prprio INSS, a partir do julgamento da ao civil pblica n 2000.71.00.009347-0, j vem reconhecendo tais relacionamentos para fins de concesso de benefcio previdencirio (instruo normativa n 25/2000). 2. Diante do 3 do art. 16 da Lei n 8.213/91, verifica-se que o que o legislador pretendeu foi, em verdade, definir o conceito de entidade familiar, a partir do modelo da unio estvel, com vista ao direito previdencirio, sem excluso da relao homoafetiva, reconhecida pelo INSS na j mencionada instruo normativa n 25/2000. 3. O benefcio de penso por morte devido aos dependentes daquele que falece na condio de segurado da previdncia social e encontra-se disciplinado no artigo 74 da Lei n 8.213/91. 4. O art. 16 da Lei n 8213/91 indica quem so os dependentes do segurado, incluindo, no seu inciso I, o cnjuge, a companheira, o companheiro e o filho no emancipado, de qualquer condio, menos de 21 anos ou invlido. 5. De acordo com a Lei n 8213/91, verifica-se que, para fazerem jus ao benefcio de penso por morte, os requerentes devem comprovar o preenchimento dos seguintes requisitos: 1. O falecimento do instituidor e sua qualidade de segurado na data do bito, e 2. Sua relao de dependncia com o segurado falecido. 6. Na espcie, o evento morte foi devidamente comprovado ante certido de bito. A qualidade de segurado do instituidor restou comprovada nos autos. 7. Ressalte-se que a dependncia econmica de cnjuges, companheiros e filhos com o segurado presumida, consoante se infere da regra prevista no art. 16, I e 4, da Lei n 8.213/1991. No caso, o autor demonstrou, de forma inequvoca, a convivncia com o falecido, restando assim comprovada a existncia da unio estvel. 8. Sendo assim, o autor faz jus ao benefcio de penso por morte pleiteado, visto que foi comprovada sua condio de companheiro. 9. No que tange ao termo inicial para a concesso do benefcio, de acordo com a jurisprudncia predominante do egrgio Superior Tribunal de justia, na ausncia de requerimento administrativo, o benefcio deve ser concedido a partir da data da citao. Precedente: (AgRg nos EREsp 1087621/SP, Rel. Min. Sebastio Reis Jnior, DJ 21/09/2012). 10. Os juros moratrios, contados a partir da citao, devem ser fixados em 1% ao ms at a data da entrada em vigor da Lei n 11.960/2009, quando dever ser aplicado o ndice da caderneta de poupana. Quanto correo monetria, deve prevalecer, desde a vigncia da Lei n 11.960/2009, o ndice de preos ao consumidor amplo (IPCA), ndice que melhor reflete a inflao acumulada do perodo. 11. Negado provimento apelao e dado parcial provimento remessa necessria, nos termos do voto. (TRF 2 Regio, Rec. 0805400-46.2007.4.02.5101, 2 T. Esp., Rel. Des. Federal Simone Schreiber, j. 24/06/2014). (Sem grifos no original).E ainda, as consideraes feitas pelo Desembargador Relator Souza Ribeiro nos autos do processo n 0008761-71.2003.4.03.6183/SP, tramitado no TRF3, acerca de caso idntico: (...) o fato de aunio estvelalegada na exordial ser homoafetiva no fundamento jurdico para a improcedncia do pedido inicial nem descaracteriza a relao de dependncia entre os companheiros, que tm reconhecido pelos Tribunais Superiores a igualdade de tratamento s relaes heteroafetivas, sendo mister, se comprovado pela parte autora o relacionamento estvel, ainda que entre pessoas do mesmo sexo, o reconhecimento da dependncia econmica presumida nos termos do art. 16, 4, da Lei n. 8.213/91.

Deste modo, no assiste razo ao INSS, porquanto, como se retira dos documentos acostados aos autos, o Requerente e o de cujus viviam juntos como se casados fossem, com intuito de constituir famlia, durante XXX anos at a data do bito, sendo tal relao manifesta e inegvel, conforme se verifica nas fotografias anexas, denotando momento ntimo entre familiares e amigos.

Ademais, tambm se aponta como prova os comprovantes de residncia existentes em nome de ambos com mesmo endereo, qual seja, XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, corroborando no sentido de que residiam juntos, como de fato um casal.

Neste sentido, giza-se que a jurisprudncia, em consonncia com os precedentes j firmados pela TNU e STJ, desnecessrio o incio de prova material para fins de comprovao de unio estvel, bastando para tanto a comprovao atravs de testemunhas:PREVIDENCIRIO PENSO POR MORTE UNIO ESTVEL - INCIO DE PROVA MATERIAL PARA COMPROVAO DA CONDIO DE COMPANHEIRA DO SEGURADO INEXIGIBILIDADE INEXISTNCIA DE PREVISO LEGAL PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL POSSIBILIDADE INCIDENTE

PARCIALMENTE CONHECIDO.

1) A lei no impe a realizao de incio de prova material para efeito de comprovao da convivncia more uxoria apta a demonstrar a existncia de unio estvel entre a autora e o segurado falecido, para efeito de concesso de benefcio de penso por morte.

2) possvel a comprovao da condio de companheira mediante a apresentao de prova exclusivamente testemunhal que seja capaz de evidenciar a unio estvel. Precedentes do STJ e da TNU.3) Julgado improcedente o pedido em razo da no realizao de incio de prova material e, consequentemente, ausente a anlise da prova testemunhal colhida,invivel o exame da questo relativa existncia de efetivo direito ao benefcio previdencirio pleiteado, nos termos da Questo de Ordem n 06 da TNU.

4) Pedido de Uniformizao parcialmente conhecido, com a conseqente anulao do acrdo impugnado e determinao de remessa dos autos ao Juizado de origem para anlise da prova testemunhal.Destarte, imperioso seja produzida audincia com oitiva de testemunhas a fim de corroborar com a comprovao da unio estvel existente entre o Requerente e o de cujus, de modo que este D. Juzo restar munido de certeza acerca da veracidade das informaes alegadas nesta exordial.

Por fim, pertinente referir que inexistem dvidas acerca do suporte jurdico referente ao reconhecimento de unio estvel entre pessoas do mesmo sexo no mbito previdencirio, considerando que o prprio INSS, a partir do julgamento da ao civil pblica n 2000.71.00.009347-0, j vem reconhecendo tais relacionamentos para fins de concesso de benefcio previdencirio (instruo normativa n 25/2000).

A pretenso do Autor encontra amparo legal no art. 74 da Lei n. 8.213/91. No que se refere data de incio do benefcio, dever reger-se pelo disposto no art. 74, II do mesmo diploma legal.3.TUTELA DE URGNCIA:ENTENDE A AUTORA QUE A ANLISE DA MEDIDA ANTECIPATRIA PODER SER MELHOR APRECIADA EM SENTENA.

A parte autora necessita da concesso do benefcio em tela para custear a sua vida, tendo em vista que a renda advinda do falecido integrava de forma insubstituvel o sustento familiar.

Assim, aps a realizao da audincia de depoimento pessoal e oitiva de testemunhas, ficar claro que a parte Autora preenche todos os requisitos necessrios para o deferimento da Antecipao de Tutela em sentena, tendo em vista que se far prova inequvoca quanto verossimilhana das alegaes vestibulares. O periculum in mora, de outra banda, se configura pelo fato de que se continuar privada do recebimento do benefcio, a parte Autora ter seu sustento drasticamente prejudicado.

De qualquer modo, o carter alimentar do benefcio traduz um quadro de urgncia que exige pronta resposta do Judicirio, tendo em vista que nos benefcios previdencirios resta intuitivo o risco de ineficcia do provimento jurisdicional final. Assim, imperioso o deferimento deste pedido antecipatrio em sentena.

4. PEDIDO:FACE AO EXPOSTO, Requer a Vossa Excelncia:

1) O deferimento do benefcio da Assistncia Judiciria Gratuita, pois a parte Autora no tem condies de arcar com as custas processuais sem o prejuzo de seu sustento;

2) O recebimento e o deferimento da presente pea inaugural;

3) A citao do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, para, querendo, apresentar contestao no prazo legal;

4) A produo de todos os meios de prova, principalmente documental e testemunhal;

5) O deferimento da Antecipao de Tutela, com a apreciao do pedido de implantao do benefcio em sentena;

6) O julgamento da demanda com total procedncia, condenando o INSS a:

a) Conceder o benefcio de penso por morte parte Autora, desde a data do requerimento, nos termos do art. 74, inciso II, da Lei 8.213/91.

b) Pagar as parcelas vencidas e vincendas, monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratrios, incidentes at a data do efetivo pagamento.Nesses termos;Pede deferimento.D causa o valor de R$ XX.XXX,XX.Cidade, Data.AdvogadoOAB/UF TRF 2 Regio, Rec. 0805400-46.2007.4.02.5101, 2 T. Esp., Rel. Des. Federal Simone Schreiber, j. 24/06/2014.

Valor da causa = 12 parcelas vincendas (R$ 6.120,00) + parcelas vencidas (R$ 2.531,20) = R$ 10.667,20.