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EXPEDIENTE

Publicação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)

Coordenação editorialMarlucio Luna

Textos César Oliveira

Clarisse FaçanhaCristiane Santiago

Flávio FreitasIda Brasil

Kalyandra VazLeonardo GóesMarlucio LunaMauren Silva

Rodrigo AsturianTelma Peixoto

Projeto gráficoGilson Afonseca

EditoraçãoRenan Nunes

FotosArquivo IncraRobson Cesco

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INCRA 20185

Apresentação ......................................................................................... 9

Incra assume novo papel de formulador de políticas públicas .... 15

Incra incorpora tecnologia de ponta à gestão do território ........... 31

Protagonismo do Incra recebe reconhecimento internacional ..... 49

Titulação de lotes transforma a vida de assentados ...................... 61

Investimento em infraestrutura nos assentamentos corrige distorção ............................................................................................... 69

Precatórios desoneram o orçamento para obtenção de terra ........ 77

Programa dá novo estímulo à recuperação ambiental .................. 91

Capacitação eleva nível da gestão e de satisfação dos servidores .. 99

Trabalho da Ouvidoria-Geral aproxima Incra da sociedade ...... 107

Implantação da CGE aprimora os processos de gestão no Incra .... 137

OAN adota o diálogo como estratégia para mediar conflitos ....... 143

Entrevista Leonardo Góes ................................................................ 157

SUMÁRIO

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APRESENTAÇÃO

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Esta publicação representa mais que um balanço das ações do Instituto Nacio-

nal de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no período de junho de 2016 até o momento. Além de apresentar dados, es-tatísticas e resultados, ela busca analisar o desempenho da au-tarquia e identificar os desafios futuros.

Ao longo de dois anos e meio, o Incra passou por impor-tantes transformações. Quan-do assumi a presidência da autarquia, em junho de 2016, o

quadro era extremamente difí-cil. Estava em vigor o Acórdão 775 do Tribunal de Contas da União (TCU), que paralisou boa parte das ações do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA); a situação financeira era grave; as perspectivas, pou-co animadoras.

O Incra precisou reinven-tar-se, implementando um processo de modernização que abrangeu todas as suas áreas de atuação. O primeiro passo foi equacionar as contas da au-tarquia. A gestão responsável

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e a busca pelo melhor aprovei-tamento dos recursos públicos permitiram que o instituto sa-ísse de uma situação crítica em termos financeiros.

O segundo grande desafio foi atender às recomendações do TCU. Os técnicos da autar-quia concentraram esforços na elaboração do Plano de Provi-dências, documento por meio do qual o Incra se comprome-teu a tomar todas as medidas necessárias para tornar a polí-tica agrária mais transparente, republicana e imune a interfe-rências externas.

Identifico que a elaboração do Plano de Providências mar-cou o início da transformação do Incra em órgão de formulação de políticas públicas – e não apenas de execução. Repensar o papel da autarquia, propor novos ca-minhos para a política fundiária no país, apostar em tecnologia e modernizar a gestão permitiram ao instituto um salto de qualida-de técnico-operacional.

O caminho trilhado des-de então se mostrou exitoso. Contribuímos de forma deci-siva para a reformulação da legislação referente à política agrária e à regularização fun-diária; apresentamos propostas que agilizam a concessão de

crédito; implementamos uma inédita política de titulação; investimos na infraestrutura dos projetos de assentamento; estabelecemos parcerias impor-tantes com governos estaduais, prefeituras, universidades e or-ganismos internacionais.

O trabalho desenvolvido desde junho de 2016 conquis-tou o reconhecimento do Go-verno Federal. Fomos aponta-dos como uma autarquia que contribuiu para a melhoria não só de indicadores sociais no campo, mas também por gerar efeitos positivos na economia de pequenas e médias cidades brasileiras.

O reconhecimento de nossa capacidade formuladora não fi-cou restrito ao âmbito nacional. Internacionalmente, o Incra se tornou referência em questões como regularização fundiária, cadastro de imóveis rurais, ações de desenvolvimento eco-nômico e social voltadas para o pequeno produtor e promoção de políticas de combate à fome em toda a região da América Latina e do Caribe.

Fazendo a retrospectiva de dois anos e meio à frente da autarquia, considero extrema-mente positivo o balanço. Ain-da que haja muito a ser feito, o

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Incra deu um grande salto de qualidade, criando as condi-ções necessárias para enfrentar os desafios dos próximos anos.

Por fim, um aspecto mere-ce destaque especial. Os resul-tados obtidos pela autarquia jamais teriam sido atingidos sem a dedicação e o compro-misso de gestores, servidores e colaboradores. Graças ao esforço de todos, o instituto pode hoje apresentar resulta-dos tão expressivos. O agra-decimento se faz mais do que necessário.

Queremos que esta pu-blicação seja o registro de um

momento tão especial na his-tória da autarquia. Com quase meio século de trabalho em fa-vor do desenvolvimento rural brasileiro, o Incra se orgulha de ter cumprido com louvor a sua missão. Posso afirmar que o instituto está pronto para promover as mudanças neces-sárias e contribuir ainda mais com todo o conjunto da socie-dade – não apenas com o pú-blico tradicionalmente atendi-do pelo instituto.

Leonardo Góes presidente do IncraNovembro de 2018.

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NOVA IMAGEM

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Desde que teve sua estrutura incorporada à Casa Civil, com a publicação do Decreto 8.865/16, o Incra mudou significativamen-te seu perfil institucional, pas-sando de executor a formulador de políticas públicas voltadas para a questão agrária e a gestão da malha fundiária brasileira.

Entre os principais pontos que propiciaram essa mudan-ça, destacam-se a reformulação da legislação agrária, as novas normas relativas à concessão de crédito, a inclusão das comuni-dades quilombolas como públi-co da reforma agrária e a porta-

ria conjunta entre a autarquia e a Receita Federal para imple-mentar o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR).

INCRA ASSUMENOVO PAPEL DEFORMULADOR DEPOLÍTICAS PÚBLICASTelma Peixoto

Góes explica que o Incra conseguiu mostrar a sua importância estratégica.

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O presidente do Incra, Leo-nardo Góes, lembra que 2016 foi um o ano de transição na Presi-dência da Repúbli-ca, quando houve a incorporação do Incra à estrutura central do Gover-no Federal. Isso permitiu um espa-ço maior para que se ressaltasse a im-portância estraté-gica da autarquia – que concen-tra dados da malha fundiária de todo o País – e o alcance das po-líticas públicas para o meio rural brasileiro, já que o instituto está presente em todas as unidades da federação por meio de suas

Alterações no marco legal das políticas de reforma agrária possibilitaram mudanças impor-tantes na atuação da autarquia. A promulgação da Lei 13.465/17 modernizou os instrumentos

superintendências regionais.“Apresentamos novas pro-

postas políticas e mudanças le-gislativas à Casa Civil, usando a nossa posição es-tratégica. Essas sugestões foram bem recepciona-das. Assim, con-seguimos acrésci-mo orçamentário ainda em 2016 e

em 2017. Além disso, exibimos resultados robustos em compa-ração com outros momentos e com órgãos que desenvolvem políticas semelhantes, firmando a nossa credibilidade junto ao novo Governo”, destaca Góes.

legais de cadastro e seleção de famílias, os critérios de perma-nência dos beneficiários nos as-sentamentos e os instrumentos legais de obtenção de terras. A nova lei assegurou a titulação de

Instituto ganhoudestaque como

órgão estratégicodo Executivo

NOVAS REGRAS TORNAMPROCESSO DE CADASTRO E SELEÇÃO DE FAMÍLIASMAIS TRANSPARENTE

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Outro esforço empreendido pelo instituto nos últimos dois anos foi a execução do Plano de Providências – conjunto de ações elaborado para atender às recomendações do Tribunal de Contas da União (TCU) ex-pedidas no Acórdão 775/2016, que identificou inconsistências na relação de beneficiários da reforma agrária e suspendeu, de forma cautelar, o ingresso de novos candidatos ao PNRA.

Por meio da Diretoria de Obtenção de Terras (DT), o

lotes em assentamentos e de pos-ses em áreas públicas em todo o País, além de permitir a regulari-zação de ocupantes de lotes em assentamentos que preencham os requisitos de seleção.

Na visão do procurador federal especializado junto ao Incra, Júnior Divino Fideles, a nova legislação confere lisura ao processo de cadastro e sele-

Incra promoveu a atualização do Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária (Sipra), responsável pelo ge-renciamento dos beneficiários, para dar tratamento adequado às inconsistências apontadas pelo acórdão.

A atuação conjunta das dire-torias do Incra em Brasília e das superintendências regionais as-segurou a regularização de be-neficiários, com a resolução das inconsistências elencadas pelo órgão de controle externo. Para o

ção de beneficiários e estabelece regras claras para a implemen-tação da reforma agrária. “Além de modernizar os normativos que regem a política agrária e a regularização fundiária, as mu-danças trazem a garantia jurídi-ca e a tranquilidade necessárias para que produtores e pequenos agricultores possam trabalhar a terra e gerar renda”, avalia.

PLANO DE PROVIDÊNCIASATENDE AO TCU EREGULARIZA SITUAÇÃO DEMILHARES DE ASSENTADOS

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presidente da autarquia, as mo-dificações da Lei 13.465/17 e as providências adotadas para cor-rigir as questões apontadas levaram o Tribunal a revo-gar, em setembro de 2017, a medida cautelar que sus-pendia as ações do instituto.

“O Incra mos-trou ao tribunal que vem implementando me-didas para combater irregulari-dades, além de demonstrar que nem todos os atingidos pelo blo-

queio haviam cometido algum tipo de fraude”, diz Góes.

Ainda segundo o presidente, a deliberação do TCU foi importan-te, pois assegurou a continuidade das ações da autarquia em todo o País. “A decisão foi resulta-do da defesa e das medidas apresenta-das pelo Incra para

assegurar transparência e controle em suas políticas. Isso mostra que a Corte confia no trabalho desen-volvido pelo instituto”, salienta.

As recomendaçõesdo TCU serviram

de base para anova legislação

O Programa de Crédito Ins-talação do Incra sofreu duas al-terações significativas ao longo dos dois últimos anos. As mu-danças reafirmam o papel do instituto como formulador de políticas públicas e também a importância dos projetos de as-sentamento como geradores de

DESBUROCRATIZAÇÃODÁ FORTE IMPULSO À CONCESSÃO DOCRÉDITO INSTALAÇÃO

desenvolvimento econômico e social em pequenas e médias cidades do país.

A primeira mudança veio com o Decreto 9.066/2017, que unificou modalidades de crédi-to e simplificou sua operacio-nalização, permitindo que mais famílias tivessem acesso aos re-

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O novo créditoinjetou recursosnos projetos deassentamento

cursos para o desenvolvimen-to de seus lotes. A segunda se refere ao Decreto 9.424/2018, que criou três novas modali-dades de financiamento para os beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA). As alterações foram formuladas pelo corpo técnico da autarquia e apresentadas ao Governo Federal, que de pron-to aceitou as sugestões.

mas a legislação que regulam-entava o acesso ao crédito era burocrática e impedia que o assentado recebesse o financia-mento”, lembra.

Segundo o diretor de Desenvolvimento de Projetos de Assentamento, Ewerton Giovanni dos Santos, a buro-cracia representava o maior entrave à concessão de crédi-to. “Logo identificamos que o Crédito Instalação tinha uma série de etapas e requisitos – o que, na prática, dificultava o repasse de recurso aos benefi-ciários da política. Tínhamos os recursos, tínhamos a demanda,

Com menos burocracia, a concessão do Crédito Instalação foi ampliada.

Para Santos, as mudanças foram fundamentais para re-tomar a concessão de crédito às famílias assentadas. “Com os novos decretos, simplificando e desburocratizando o acesso ao crédito, e a política de titulação provisória das famílias assenta-das, o Incra liberou ao longo dos últimos dois anos mais de R$ 150 milhões, em 34,6 mil operações de crédito contratadas”, ressalta.

Santos destaca que a meta é concluir o ano de 2018 com a aplicação de R$ 266 milhões em operações do Crédito In-stalação. Em 2014, quando o Decreto 8.256/2014 que tratava da aplicação de crédito entrou em vigor, foram liberados pou-co mais de R$ 16 milhões, em 6.830 operações.

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Outro marco que confirma o protagonismo alcançado pela autarquia nos últimos anos foi o convite para participar do lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2018-2019, que destinou R$ 31 bilhões para micro e pequenos produtores

rurais em crédito, assistência técnica, seguro e garantia de preços para comercialização da produção, apoio ao cooperativ-ismo e à agroindustrialização. O Plano Safra é um conjunto de ações para o fortalecimento da agricultura familiar.

Entre as novas modalida-des criadas pelos dois decretos, o Incra retomou a aplicação do Crédito Semiárido, no valor de R$ 5 mil por família. A medi-da representa um avanço nas políticas de enfrentamento da seca. Os recursos se destinam a assentados que vivem na região que se estende do nor-te de Minas Gerais e Espírito Santo e marca a paisagem do interior de todos os estados do Nordeste Brasileiro até o leste do Maranhão. A volta da mo-dalidade é fundamental para que as famílias tenham melho-

NOVAS MODALIDADESINJETAM RECURSOS EMINFRAESTRUTURA E NALAVOURA CACAUEIRA

res condições de enfrentar a estiagem.

Habitação e reforma habitacional

Outra novidade foi a retom-ada pela autarquia da atribuição de edificar e de reformar mora-dias em projetos de assentam-ento. As famílias poderão rece-ber R$ 34 mil para construir e R$ 17 mil para reformar suas casas – com as mesmas condições do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), mantido pelo Ministério das Cidades.

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Góes diz que o Incra reto-mou uma atribuição na qual tem vasta experiência. “Ter trazido essa linha de crédito de volta ao Incra foi uma conquista impor-tante. O pedido se baseou, entre outros aspectos, no fato de que o nosso público concorria com out-ros beneficiários atendidos pelo Ministério das Cidades. Isso difi-cultava o acesso à linha de crédi-to pelos agricultores assentados, gerando um déficit habitacional nos assentamentos de cerca de 170 mil moradias”, explica.

À frente da diretoria de Desenvolvimento de Projetos de Assentamento desde 2016, Santos lembra que, identifica-do o problema, uma proposta foi estruturada e encaminhada à Casa Civil, que acatou a ideia e restituiu a atribuição ao Incra.

Segundo dados da dire-toria, a média histórica anual do Incra é de 30 mil unidades

habitacionais construídas. A expectativa é de que o déficit habitacional seja zerado entre cinco e seis anos.

Incentivo à lavoura de cacau

Uma novidade trazida pelo Decreto 9.424/2018 foi a modal-idade que incentiva a lavoura de cacau em áreas de assentam-entos nos estados da Bahia e do Pará. De acordo com dados da Comissão Executiva de Plane-jamento da Lavoura Cacaueira (Ceplac), os projetos de assenta-mento são hoje os maiores pro-dutores da matéria-prima do chocolate no país. No entanto, os agricultores se ressentiam da fal-ta de uma linha de financiamen-to específica. Nessa modalidade, cada assentado terá direito a três parcelas de até R$ 6 mil.

“Talvez este seja o primeiro crédito com o viés de estru-turação de uma cadeia produtiva. Na Bahia, cerca de 14 mil famílias dependem diretamente da cultu-ra do cacau. Elas enfrentam uma série de problemas graves, que vão desde a dificuldade de com-bate a pragas até o pós-colheita. A cultura cacaueira em assentamen-tos necessita de um crédito espe-cífico para a sua reestruturação”, explica o presidente do Incra.

O assentado poderá receber R$ 34 mil para a construção de sua casa.

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Apenas na Bahia, cerca de 14 mil famílias vivem da cultura do cacau.

O coordenador-geral de Infraestrutura da Diretoria de Desenvolvimento de Projetos de Assentamento, Douglas Sou-za de Jesus, salienta que a nova modalidade funcionará como modelo e poderá ser estendida para outras culturas específicas.

“A expectativa é no futuro termos créditos de apoio para outras culturas, como açaí, man-dioca ou piscicultura. A criação de modalidades específicas leva em conta as necessidades de cada atividade produtiva e per-mite o melhor aproveitamento dos recursos investidos. Acredi-to que este aperfeiçoamento na aplicação do crédito trará ganhos consideráveis para o assentado e também para a economia dos mu-nicípios”, avalia o coordenador.

Florestal e recuperação ambiental

A linha de crédito dis-ponibiliza recursos para que

o assentado tenha condições de manter a mata nativa do lote ou recuperar áreas já de-gradadas. A aposta é de que a iniciativa gere impacto direto na diminuição do desmata-mento em áreas de assentam-entos do Incra.

“Em nossa gestão enten-demos que não há como dis-sociar o desenvolvimento da questão ambiental. É impos-sível falar de desenvolvimento de um assentamento, sem tra-balhar a preservação ambiental nos lotes”, afirma Santos.

O diretor avalia que fal-tava ao Incra uma política de crédito que apoiasse e ben-eficiasse os assentados que preservam o meio ambiente. Ele lembra que as maiores áreas preservadas de Mata At-lântica, de florestas e do bio-ma amazônico estão em proje-tos de assentamento.

“Era necessário oferecer uma política de desenvolvi-

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mento que favorecesse os assentados que mantinham preservadas as florestas. Por isso, criamos o Credito Florest-al. A modalidade incentiva a

conservação, o aproveitamen-to econômico e a ampliação da área de floresta existente nas parcelas e nos assentamentos”, justifica.

MODALIDADE VALOR FINALIDADE

Apoio Inicial Até R$ 5,2 mil por família assentada

Apoiar a instalação do assentado em sua parcela e a aquisição de itens de primeira necessidade, de bens duráveis de uso doméstico e de equipamentos produtivos.

Fomento

Até R$ 6,4 mil, valor que pode ser dividido em

duas operações de até R$ 3,2 mil por família assentada

Viabilizar a implementação de projetos produtivos de promo-ção da segurança alimentar e nu-tricional e de estímulo à geração de trabalho e renda

Fomento Mulher

Até R$ 5 mil, em operação única, por

família assentada

Viabilizar a implementação de projeto produtivo sob responsa-bilidade da mulher titular do lote

Semiárido Até R$ 5 mil por família assentada

Atender à necessidade de segu-rança hídrica das famílias em assentamentos localizados nas áreas circunscritas ao Semiári-do, reconhecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE). Os recursos bus-cam apoiar soluções de captação, armazenamento e distribuição de água para consumo humano, animal e produtivo

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Florestal Até R$ 6,4 mil por família assentada

Viabilizar, nos projetos de as-sentamento, a implementação e a manutenção sustentável de sistemas agroflorestais ou ma-nejo florestal de lotes e de área de reserva legal com vegetação nativa igual ou superior ao esta-belecido pela legislação ambien-tal.

Recuperação Ambiental

Até R$ 6,4 mil por família assentada

Viabilizar a implementação e a manutenção sustentável de sis-temas florestais ou agroflorestais ou o manejo florestal de lotes, de área de reserva legal e área de preservação permanente, degra-dados até 25 de maio de 2012.

Cacau

Até R$ 6 mil por família assentada, sendo permitida a sua renovação em até três operações

Viabilizar a implementação e a recuperação de cultivos de cacau em sistema agroflorestal

Habitacional Até R$ 34 mil por família assentada

Viabilizar a construção de habi-tação rural nos projetos de assen-tamento criados ou reconhecidos pelo Incra

Reforma Habitacional

Até R$ 17 mil por família assentada

Viabilizar a aquisição de materiais de construção para reforma e am-pliação de habitações rurais em projetos de assentamento criados ou reconhecidos pelo Incra

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Em 2017, a autarquia ini-ciou a execução de políticas para as famílias quilombolas no país. As equipes das di-

retorias de Ordenamento da Estrutura Fundiária (DF), De-senvolvimento de Projetos de Assentamento (DD) e de Ob-

INSTITUTO AMPLIA ASAÇÕES VOLTADAS PARAOS REMANESCENTES DE QUILOMBOS

Agricultores remanescentes de quilombos já têm acesso a políticas sociais do PNRA.

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tenção de Terras e Implantação de Projetos de Assentamento (DT) trabalharam juntas na ela-boração da Nota Técnica que regulamenta a Portaria Incra nº 175/2016 – que determina que os agricultores familiares remanescentes de quilombos cadastrados e selecionados pelo instituto tenham acesso às políticas de inclusão social e desenvolvimento produtivo do Programa Nacional de Refor-ma Agrária (PNRA).

Na visão do presidente Le-onardo Góes, como uma das formuladoras de políticas para o setor agrário, a autarquia en-tendeu que já era hora de esta-belecer ações específicas para essas comunidades.

“Percebemos que havia necessidade de dar ao pú-blico quilombola o mesmo tratamento dispensado aos assentados. Mesmo com ca-racterísticas étnicas e culturais distintas, ambos os grupos são muito parecidos sob o ponto de vista produtivo”, explica. Goés lembra ainda que os dois segmentos vivem basicamente da agricultura de subsistência ou da exploração econômica de seus territórios.

Com a inserção das comu-nidades quilombolas no rol do público beneficiário da reforma agrária, elas passam a ter apoio para iniciar ou incrementar a produção por meio das linhas do Crédito Instalação. Além disso, o Incra tem a possibilida-de de melhorar a infraestrutura nas comunidades, oferecendo acesso ao crédito habitacional, complementando políticas de outros ministérios que já atuam no atendimento dessas comu-nidades.

As comunidadesjá podem acessar

políticas previstaspelo PNRA

“O Incra como conhecedor do território, em função de ser o órgão responsável pela sua regularização fundiária, tem condições de propor ações as-sertivas do ponto de vista do crédito e do reconhecimento dessas comunidades”, avalia Goés.

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O ano de 2017 registrou avanço significativo na atuação do Incra em relação à política de gestão do Cadastro Rural. Em julho, o presidente da autarquia e o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, assinaram a Instru-ção Normativa Conjunta RFB/Incra nº 1.724, que simplificou as exigências aos titulares de imó-veis rurais no que se refere à disponibilização do sistema Ser-viços do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR).

A mudança permitiu a vinculação entre o Código do Imóvel no Incra e o Número do Imóvel na Receita Federal (Nirf), que passou a ser reali-zado dentro do sistema online “Serviços CNIR”. A nova so-lução, além de trazer simpli-ficação das obrigações acessó-rias, garante a integridade e

convergência de dados entre as bases da autarquia e da Re-ceita Federal.

Agora terá início a fase de incorporação das informações gráficas produzidas pelo Incra por meio do Sistema de Gestão

Fundiária (Si-gef) – que con-centra dados ge-orreferenciados de limites dos imóveis rurais – ao CNIR, ali-nhando cadas-tro, informação gráfica e contro-

le fiscal dos imóveis.“O Incra tem muito a con-

tribuir com a arrecadação tri-butária e o controle fiscal dos imóveis. Creio que não há outro órgão no Governo Federal que reúna elementos como experti-se técnica de geoprocessamen-to do território, implementação de políticas agrárias e capilari-dade”, destaca o presidente do instituto.

PARCERIA ENTRE O INCRAE A RECEITA FEDERALPROMOVE A UNIÃO DE BASES DE DADOS

Incra e Receitafazem acordo para

unir suas basesde informações

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O QUE É O CNIRO Cadastro Nacional

de Imóveis Rurais (CNIR) é uma base comum de infor-mações gerenciada conjun-tamente pelo Incra e pela Se-cretaria da Receita Federal (RFB). Ele integra o Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR), da autarquia, e o Cadastro de Imóveis Rurais (Cafir), mantido pela Recei-ta, para gestão das proprie-dades rurais no Brasil.

O CNIR foi criado para fornecer ao Estado dados qualificados indispensáveis à formulação das políticas públicas voltadas à questão

agrária; disponibilizar para a sociedade informações ofi-ciais sobre o meio rural bra-sileiro e conferir maior se-gurança jurídica às questões relacionadas à propriedade territorial rural, ao prever a modernização do intercâm-bio com os serviços notariais e registrais.

Para o produtor rural, representa a redução e a sim-plificação de obrigações junto aos órgãos públicos e ao setor bancário, com expressiva re-dução de custos na prestação de informações e na contrata-ção de financiamentos.

Para Góes, a autarquia al-cançou um papel fundamental e estratégico na estrutura do Governo Federal. “Esses ele-mentos nos dão condições para

fazer com que o Incra seja per-cebido como o grande órgão gerenciador fundiário do país. Esse é o nosso grande desafio”, defende.

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MODERNIZAÇÃO

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O desenvolvimento rural sustentável demanda a neces-sidade de monitoramento do território nacional e a constante atualização da base de dados geoespaciais. Este desafio levou o Instituto Nacional de Coloni-zação e Reforma Agrária (In-cra) a apostar na inovação e na modernização, com o uso das tecnologias mais avançadas dis-poníveis para exercer a efetiva governança de terras, buscando a otimização dos recursos públi-cos disponíveis.

Para a concretização das ações de modernização, foram

estabelecidas duas frentes es-tratégicas de trabalho na au-tarquia. A primeira, com a for-mação do Grupo de Estudos de Inteligência Territorial (Geit) do Incra – criado em 2016 e im-plantado em junho de 2017 –, tem o objetivo de conferir ao instituto o protagonismo no or-denamento fundiário nacional.

O emprego de técnicas de geoprocessamento e de senso-riamento remoto desenvolvidas no âmbito do Geit pretende tor-nar mais eficiente o estudo do território. Desta forma, o Incra considera apenas imóveis com

INCRA INCORPORATECNOLOGIA DEPONTA À GESTÃODO TERRITÓRIO Rodrigo Asturian

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menor tempo dedicado às ativi-dades de campo e de processa-mento em relação à topografia convencional. O resultado pode ser constatado com a economia e, sobretudo, a elevação dos ín-dices de eficiência e eficácia nas vistorias e trabalhos de campo.

O uso de tecnologia de ponta confere ao Incra rotagonismo no ordenamento fundiário.

A incorporação denovas tecnologiasreduziu custos e

elevou a eficiência

efetivo potencial. Isso garante a racionalização da aplicação de recursos financeiros ao evitar, por exemplo, o deslocamento de uma equipe. Além disso, as ações do Geit qualificam os pro-cessos de regularização fundiá-ria e de reconhecimento dos ter-ritórios quilombolas. Elas ainda são responsáveis por colocar a autarquia em posição de des-taque no cenário internacional, com acordos bilaterais firmados ou em fase de elaboração com países como Guatemala, Para-guai, Holanda e Equador.

A incorporação de novas tecnologias nas rotinas de traba-lho do Incra traz, além da preci-são, uma redução de custos esti-mada em mais de 60%, graças ao

A segunda estratégia ado-tada pela autarquia consiste na adoção de técnicas de geopro-

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cessamento e sensoriamento remoto com uso de imagens de satélite e de Veículos Aére-os Não Tripulados (Vant), com objetivo de realizar o georrefe-renciamento das parcelas nos projetos de assentamento do Incra e territórios quilombolas no país. O instituto é pioneiro no âmbito do Governo Federal na adoção de normas de execu-ção específicas geradas a partir da utilização de Vant.

zante do Incra enquanto respon-sável não apenas na missão de implementar a política agrária, mas também por realizar o or-denamento fundiário nacional.

Para o presidente do Incra, Leonardo Góes, o trabalho do Geit representa um avanço im-portante em termos de eficiên-cia. “O uso de ferramentas tec-nológicas permite à autarquia sofisticar a coleta e análise de dados sobre áreas de interesse, além de racionalizar a aplica-ção de recursos financeiros do nosso orçamento. Aproveitar todo o potencial de tecnologia disponível também é uma for-ma de tornar o Incra mais efi-ciente”, ressalta.

As imagens geradas pelo Vant permitem o georreferenciamento das parcelas nos assentamentos.

O trabalho do Geitpermite a ampliação das redes integradas

de dados do GovernoDesta forma, o Incra amplia

e consolida o controle sobre o domínio e o uso dos imóveis rurais no país, além de conferir maior transparência e facilitar o acesso da sociedade aos dados literais e cartográficos disponí-veis do território brasileiro.

Essa é a nova face moderni-

O trabalho desenvolvido pelo Geit permite a ampliação de redes integradas de dados com outros órgãos de governo, garantindo a agilidade na cole-ta e a qualidade das informa-ções do meio rural.

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Além de racionalizar o pro-cedimento do georreferencia-mento, a utilização de recursos tecnológicos – como geoproces-samento, sensoriamento remo-to e Vant – proporciona outras vantagens para a autarquia, tais como a celeridade no atendi-mento de demandas, a utiliza-ção de bases de dados e imagens gratuitas e o uso de programas com licenças livres. Essas técni-cas podem ser adotadas no de-senvolvimento de ações de ges-tão ambiental e monitoramento

“Com o Geit, composto por engenheiros cartógrafos e de agrimensura, e peritos federais agrários, realizamos estudos de imóveis rurais de interesse da autarquia e otimizamos os custos operacionais. É a face inovadora e modernizante do Incra para fazer frente aos no-vos desafios da efetiva gover-nança de terras nas próximas décadas”, diz Góes.

de assentamentos, fiscalização cadastral e regularização fundi-ária de imóveis rurais.

Próximos passos

De acordo com Cláudio Si-queira e Silva, assessor da Pre-sidência do Incra, os próximos passos concentrarão as ações do Geit nas vistorias remotas de áreas de interesse da autarquia, conferindo maior qualidade processual e segurança jurídica. “A ideia é fomentar e dissemi-nar o georreferenciamento para redução de custos operacionais. Queremos ampliar as parce-rias com instituições de ensino superior e institutos de pes-quisa, como a Universidade de Brasília e a Embrapa Solos, no desenvolvimento de sistemas próprios para geração de mapas temáticos, além de ter informa-ções mais precisas no processo de georreferenciamento. A ideia é reduzir o tempo gasto na fase do pré-projeto de parcelamento dos assentamentos. Com isso, o beneficiário do Programa Na-cional de Reforma Agrária po-derá ter seu lote certificado, a partir da utilização de imagens de satélite e de Vant, já cruzadas com as informações de relevo”, explica Siqueira.

O instituto pretendeampliar as parceriascom universidades ecentros de pesquisa

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Há outras parcerias em an-damento. Com o Ministério da Defesa, por meio do Centro Ges-tor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censi-pam), a autarquia estabeleceu as bases para troca de informações e capacitação. Já com o Ministé-rio da Fazenda, por meio da Re-ceita Federal, o objetivo é montar estratégias conjuntas de atuação.

O sensoriamento remoto – conjunto de atividades que per-mitem a obtenção de informa-ções dos objetos que compõem a superfície terrestre por meio da captação e do registro da ener-gia refletida ou emitida – é uma ferramenta imprescindível para qualificar a obtenção de terras.

A gestão da malha fundiá-ria tem importância estratégica, quando se trata de um país de dimensões continentais como o Brasil. Segundo dados do Incra, são 850 milhões de hectares, com área agricultável estimada em 350 milhões de hectares. A incor-poração de novas tecnologias já é uma realidade no Incra na bus-ca por excelência e otimização dos recursos públicos. Nunca é demais relembrar que a missão da autarquia é implementar a política agrária e realizar o or-denamento fundiário nacional, contribuindo para o desenvolvi-mento rural sustentável.

O Grupo de Estudos de Inteligência Terri-torial (Geit) do Incra é multidisciplinar, reu-nindo profissionais de diversas áreas. Isso per-mite maior segurança e eficiência nas operações. Ele se divide em quatro núcleos: ações estra-tégicas da autarquia; acesso a informações de entidades parceiras para qualificação das ações; vistoria remota; e o de assentamentos, que re-aliza os estudos de mo-nitoramento ambiental nos projetos de assen-tamento. O uso de tec-nologias de geoproces-samento, sensoriamento remoto e de Vant é um importante aliado do instituto para execução de suas ações. Ele atua na capacitação de servi-dores em métodos e pro-cedimentos de inteligên-cia e gestão territorial estratégica aplicados à área agrária.

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR

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A utilização de Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) já faz parte da realidade do Incra, sendo que a autarquia é pioneira dentro do Governo Federal na adoção des-ta solução. Ele é usado para a execução de diversas atividades, como sensoriamento remoto, produção de imagens aéreas, vis-toria de imóveis rurais, trabalho de campo para ações de apoio ao georreferenciamento, produ-ção de laudos, monitoramento ambiental, fiscalização cadastral, parcelamento de assentamentos, regularização de territórios qui-lombolas, entre outras.

A modernização no proces-so de georreferenciamento dos lotes dos assentamentos, por meio de uso do Vant, resulta na aceleração dos processos de cer-tificação e na regularização de imóveis rurais. Atualmente, a certificação de imóveis necessita da mobilização de equipes técni-cas para trabalho em campo, em um processo leva cerca de seis meses. Estima-se que a utilização da tecnologia reduza esse tempo

pela metade. “Além de garantir agilidade no processo, o Incra ganha com a economia de recur-sos humanos e financeiros”, diz o assessor da Presidência da au-tarquia Claudio Siqueira e Silva.

Em 2016, o Incra concluiu processo licitatório para aqui-sição de três aeronaves não tri-puláveis controladas de forma remota, com investimento de R$ 1,2 milhão. As primeiras aplicações do equipamento fo-ram realizadas para serviços de georreferenciamento. Com o uso experimental em 2017, foi possível identificar maior precisão do que a apontada nos testes anteriores.

VANT ACELERA PROCESSOSDE CERTIFICAÇÃO E DEREGULARIZAÇÃO DOSIMÓVEIS RURAIS NO PAÍS

A autarquia investiuR$ 1,2 milhão naaquisição de três veículos aéreos não tripulados

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Em levantamento feito no assentamento Jacará Grande, no município mineiro de Janaúba, as medições efetuadas pelo mo-saico de fotografias obtidas com o Vant indicaram que a margem de erro (incerteza) foi de, no má-ximo, 13,8 centímetros. O resul-tado foi considerado excelente, tendo em vista que a precisão exigida na Norma Técnica do Incra de georreferenciamento e certificação de imóveis rurais é de 50 centímetros – o padrão mais restritivo de exatidão car-tográfica de produtos digitais no Brasil é de 28 centímetros.

Processo

Na prática, uma equipe com-posta por dois pilotos, um espe-cialista em processamento de imagens e um técnico de apoio realiza o trabalho na área defi-nida. O tempo para a coleta dos dados varia conforme o tamanho do assentamento e as condições climáticas. Em média, o trabalho em campo dura dois dias.

Após o proces-samento das ima-gens, com base no pré-projeto de par-celamento, os lotes são definidos e vetorizados. Por fim, os dados são convertidos

em planilha e submetidos ao Sis-tema de Gestão Fundiária do In-cra (Sigef) para validação e certi-ficação. “A certificação é um dos pré-requisitos para que o Incra possa titular os lotes nos assen-tamentos”, explica Siqueira.

Capacitação

A aquisição e o uso do Vant seguem regulamentação de di-versos órgãos – Força Aérea Brasileira (FAB), Centro de Con-trole de Tráfego Aéreo (Cindac-ta), Secretaria de Aviação Civil e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) – com exigência de treinamento específico. O Incra estabeleceu uma parceria para ca-pacitação de técnicos com a Uni-versidade de Brasília (UnB) para treinamento teórico e prático de servidores da área de Cartografia da autarquia para utilização do Vant, além da capacitação no pro-cessamento das imagens geradas pelo equipamento.

O modelo Nauru pode mapear até 49 mil hectares em um único voo.

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A capacitação consiste basi-camente em treinamento teóri-co; voo em simulador; voo em terceira pessoa; voo em primei-ra pessoa; operação de Vant; e tratamento de imagens obtidas em ensaios de campo.

Ao fim, os servidores da au-tarquia são qualificados como pilotos preparados para operar a aeronave não tripulada em todo o seu ciclo de produção: preparação de missões e geração de planos de voo; execução de missões com Vant (pré-voo, voo e pós-voo); e tratamento de imagens obtidas.

Recepção e processamento de dados

A aquisição de equipamen-tos de alta precisão pelo Incra, em conjunto com os Veículos Aéreos Não Tripulados (Vant), agilizará a titulação de agricultores assen-tados no país. O georreferencia-mento das parcelas é requisito para viabilizar a concessão dos tí-tulos definitivos aos beneficiários da reforma agrária. Os 21 pares de receptores GNSS (Sistema Global de Navegação por Satélite) adqui-ridos pelo Incra permitem reali-zar o mapeamento detalhado das divisas dos lotes, com celeridade

e precisão milimétrica. O valor investido na aqui-sição foi de R$ 2 milhões.

O modelo Echar 20D cobre área de até cinco mil hectares em voo.

Em outra etapa do proces-so de capacitação, técnicos do Incra foram treinados na cida-de paulista de São Carlos. O curso abordou aspectos como pilotagem das aeronaves e pro-cessamento de imagens capta-das por elas. As aulas tiveram a participação de servidores da sede e das superintendên-cias regionais do Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Médio São Francisco, Minas Gerais, Pará Pernambuco e Santa Catarina.

Os 21 pares dereceptores GNSS

agilizam o trabalhode mapeamento das

divisas dos lotes

Com a tecnologia é possível realizar desde o pós-processa-mento de dados GNSS até sofis-ticadas soluções de recepção RTK (Real Time Kinematic). No sistema

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RTK, uma base fixa em solo rece-be sinais dos satélites e transmite correções em tempo real para o aparelho que percorre as divisas, produzindo coordenadas geográ-ficas precisas, sem necessidade de pós-processamento. Os dados também podem ser utilizados

para aperfeiçoar o posicionamen-to do Vant, em tempo real, com exatidão de centímetros. Após a organização dos dados, todas as informações são submetidas ao Sistema de Gestão Fundiária (Si-gef), gerenciado pelo Incra, para validação e certificação dos lotes.

ESQUADRILHA DA REFORMA AGRÁRIA

EQUIPAMENTOS COMPLEMENTARES AO TRABALHO REALIZADO PELO VANT

Os modelos de Vant adqui-ridos e operados pelo Incra são licenciados pela Agência Nacio-nal de Aviação Civil (Anac) e Agência Nacional de Telecomu-nicações (Anatel). O equipamento dá suporte à demarcação de lotes com GPS e topografia. Em áreas já consolidadas, a análise aérea facilita a identificação de elemen-tos existentes, como as divisas de lotes. A partir das imagens, é pos-sível fazer o mapeamento, que vai

gerar planta e memorial descritivo georreferenciados das parcelas.

1 unidade Nauru 500b – com autonomia de até dez horas, o Vant conta com câmera de 36 megapixels e pode mapear até 49 mil hectares em um único voo.

2 unidades Echar 20c – com autonomia de duas horas e meia, câmera full frame de resolução de 36 megapixels, podem percorrer até cinco mil hectares a cada plano de voo.

Mais investimentos em tec-nologia foram garantidos pelo Incra para aquisição de:

105 estações gráficas – computadores de alta perfor-mance para serviços de geopro-cessamento. Os equipamentos

são fundamentais para agilizar o processamento das fotos aére-as coletadas com o uso do Vant e realizar a certificação de lotes, em apoio à política de titulação e regularização fundiária.

21 pares de GNSS RTK –

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O gerenciamento e a promo-ção do ordenamento da estrutura fundiária brasileira, sob respon-sabilidade do Incra, inserem-se no contexto das Diretrizes Vo-luntárias sobre a Governança Responsável da Terra e dos Re-

cursos Pesqueiros e Florestais, sob a égide da Organização das Nações Unidas para a Alimenta-ção e a Agricultura (FAO). Apro-vadas em 2012, as Diretrizes adotadas pela FAO são “os prin-cípios e práticas que os governos

AUTARQUIA SE FIRMA COMOREFERÊNCIA INTERNACIONALNA ÁREA DE ORDENAMENTODA MALHA FUNDIÁRIA

aparelhos receptores de sinais de Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GPS e Glonass), per-mitem fazer o mapeamento de-talhado das divisas dos lotes nos assentamentos, com celeridade e precisão milimétrica. Os dispositi-vos garantem agilidade na demar-cação e nos casos de fiscalização de serviços contratados. Esta é a segunda maior aquisição de apare-lhos de GPS de precisão da história da autarquia.

215 notebooks – para utili-zação em serviços de campo e de escritório. Parte dos notebooks é de equipamentos de alto poder de

processamento, que auxiliarão os trabalhos do Grupo de Estudos de Inteligência Territorial (Geit) nas análises e vistorias remotas de áreas de interesse do Incra.

1.600 computadores desktop – para serviços administrativos da sede, das 30 superintendências regionais e das unidades avança-das do instituto. Esta é a terceira maior compra de computadores da história do Incra.

100 scanners – para auxiliar nos trabalhos de digitalização de documentos para a plataforma do Sistema Eletrônico de Infor-mações (SEI).

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e outros atores podem consultar quanto à administração do direi-to sobre terras, pesca e florestas, de modo a servir melhor os inte-resses para as populações e pro-mover a segurança alimentar e o desenvolvimento rural”.

Nesse cenário, o Incra re-presenta o Brasil é no Comitê Permanente sobre Cadastro na Ibero-América (CPCI) e é reco-nhecido como referência no ge-renciamento da estrutura fundiá-ria. Com experiência acumulada de quase meio século, a partici-pação em fóruns internacionais deu ao instituto maior projeção internacional. Desta forma, fo-ram desenvolvidas parcerias com a FAO e o Incra auxilia pa-íses da América Latina e Caribe na implementação das Diretrizes

O Incra auxilia diversos países

na implementaçãodas DGVT

Voluntárias da Governança da Terra, Pesca e Florestas.

Boa parte da credibilidade e excelência no ordenamento fundiário executado pelo Incra

ocorre em função do salto qua-litativo e quantitativo alcançado a partir da automação do pro-cesso de certificação de imóveis rurais, por meio do Sistema de Gestão Fundiária (Sigef). Hoje, mais de 275,5 milhões de hecta-res são certificados, tendo a ga-rantia que os limites dos imóveis não se sobrepõem a outros e que o georreferenciamento obedeceu

às especificações técnicas legais. A criação do Geit e o uso

de veículos aéreos não tripula-dos (Vant) em atividades como sensoriamento remoto, produ-ção de imagens aéreas, vistoria remota de propriedades rurais, apoio ao georreferenciamen-to, entre outras, também fazem parte de um esforço empreendi-do pela autarquia e reconhecido internacionalmente pela FAO e CPCI. Há o interesse de países

O uso do Vant incrementou as atividades de sensoriamento remoto.

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A transparência e a pres-tação de serviços aos cidadãos foram outros benefícios alcan-çados com o uso de tecnologias e investimentos na moderniza-ção de sistemas do Incra. Re-formulado em 2017, o Acervo Fundiário torna disponível a qualquer pessoa via internet o acesso a mapas e dados georre-ferenciados de assentamentos, territórios quilombolas, imó-veis rurais certificados e outros. As informações podem ser con-sultadas no endereço http://acervofundiario.incra.gov.br.

Com as alterações, é possí-vel acessar dados sobre a titula-ção de territórios quilombolas, a reforma agrária, o Sistema de Certificação de Imóveis Rurais (SNCI) e o Sistema de Gestão

Fundiária (Sigef); gerar mapas temáticos pela ferramenta de georreferenciamento I3GEO; baixar mapas em formato sha-pe (.shp), entre outros serviços.

Entre os destaques do novo portal, estão as funcionalidades que compõem o Sistema Nacio-nal de Cadastro Rural (SNCR), que permitem ao usuário emi-tir e verificar autenticidade do Certificado de Cadastro Rural

SISTEMA DÁ ACESSO AMAPAS E INFORMAÇÕES GEORREFERENCIADASDE ASSENTAMENTOS

Qualquer cidadão pode acessar os

dados disponíveis noAcervo Fundiário

como Paraguai, Holanda, Equa-dor e Guatemala em aproveitar a expertise da autarquia em ter-mos de regularização fundiá-

ria. O Canadá, por meio de sua Embaixada no Brasil, procurou o instituto para discutir o inter-câmbio de experiências na área.

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O Incra busca parcerias in-ternacionais para melhoria dos processos internos na gestão de terras. A metodologia sim-plificada Fit for Purpose – pro-posta pela Agência Kadaster, da Holanda – traz avanços no reconhecimento extrajudicial de usucapião, realizado nos cartórios de registro de imó-veis, conforme art. 216A da Lei 6.015/1973 (Lei de Registro Público).

No Brasil, houve a parce-

ria entre cartórios de registro de imóveis de Campo Novo dos Parecis e Tangará da Serra (MT) e analistas da Universi-dade de Campinas (Unicamp) em um projeto-piloto na co-munidade rural São Joaquim, município de Tangará da Ser-ra. Nessa ação, estão em pro-cesso de regularização posses de 60 agricultores familiares. Foram utilizados dispositivos móveis (tablets) e de navegação via satélite (GPS) para execu-

PROJETO-PILOTO UTILIZAMETODOLOGIA INOVADORAE AGILIZA AS AÇÕES DECONTROLE DO TERRITÓRIO

(CCIR). Também é possível acessar dados estatísticos da estrutura fundiária brasileira.

O portal permite ainda acessar e realizar downloads de dados vinculados à certifi-cação de imóveis rurais, a pro-jetos de assentamento e a terri-tórios quilombolas sob gestão do Incra, que totalizam mais de 385 milhões de hectares georreferenciados. Somado às

informações de entidades par-ceiras – como a Secretaria Es-pecial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) –, este número chega a 693 mi-lhões de hectares georreferen-ciados com dados disponíveis à sociedade.

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tar a medição georreferencia-da das posses e elaboração de planta e memorial descritivo com anotação de responsabili-dade técnica.

Nova metodologiavem sendo testadana regularização de

lotes no Mato Grosso

A comunidade participou do levantamento como forma de assegurar a definição dos limites entre as ocupações. A metodologia testada promoveu a regularização das posses de

maneira mais ágil e com o uso de tecnologia de georreferen-ciamento de menor custo, com a participação dos agricultores beneficiados para facilitar o processo de reconhecimento.

“Estamos abertos para co-nhecer e testar novas técnicas e metodologias, já que é importan-te avançar na regularização dos imóveis rurais e no controle ca-dastral e registral dessas áreas em todo o país”, afirma o presidente da autarquia, Leonardo Góes.

Entre as ações propostas, os representantes da Kadaster, da Embaixada da Holanda e do Incra iniciaram entendimento para elaboração de acordo de cooperação internacional na área cadastral, visando a inter-câmbio técnico.

DESTAQUE NA 15ª SEMANA NACIONAL DE TECNOLOGIA

O investimento do Incra em tecnologia ganhou des-taque na 15ª edição da Se-mana Nacional de Ciência e Tecnologia, evento reali-zado em Brasília (DF), entre 15 e 21 de outubro. Um es-tande da autarquia apresen-tou o uso de Veículos Aére-os Não Tripulados (Vant)

e outros recursos de senso-riamento remoto nas suas atividades institucionais, tais como vistoria prévia de imóveis rurais e aerolevan-tamento topográfico de as-sentamentos para titulação de lotes.

A participação no evento tem como objetivo mostrar a

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funcionalidade e a potencia-lidade que os recursos tecno-lógicos adotados oferecem para as ações para o geren-ciamento fundiário, além dos benefícios para a sociedade.

Também foram apre-sentados os resultados do Grupo de Estudos de Inteli-gência Territorial (Geit), que coordena as ações de senso-riamento remoto na vistoria de imóveis rurais. O trabalho busca, entre seus objetivos, identificar áreas com poten-cial para criação de projetos de assentamento e estimular sua aplicação em atividades como monitoramento am-biental e regularização de áreas públicas.

No estande montado na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, os visitantes puderam conferir painéis da

exposição “Cronologia da Questão Agrária”, com um panorama histórico da ocu-pação do território e da ques-tão agrária no país, assim como conhecer os modelos de Vant utilizados pelo Incra.

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia é pro-movida anualmente, sempre no mês de outubro, pelo Mi-nistério da Ciência, Tecno-logia, Inovações e Comuni-cações. O evento conta com a colaboração de secreta-rias estaduais e municipais, agências de fomento, insti-tuições de ensino e pesquisa, sociedades científicas, esco-las, órgãos governamentais, empresas de base tecnológi-ca e entidades da sociedade civil. O evento busca aproxi-mar a ciência e a tecnologia da população.

O estande do Incra apresentou os recursos tecnológicos usados pela autarquia.

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INTERNACIONALIZAÇÃO

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Criado para promover a re-forma agrária e o ordenamento fundiário no Brasil, o Incra não restringe sua influência aos li-mites geográficos do país. A autarquia edificou pontes de cooperação que o tornam um in-terlocutor reconhecido além das fronteiras nacionais. Ao mesmo tempo em que contribui para o desenvolvimento de outras po-pulações, qualifica o desempe-nho das próprias tarefas.

O presidente do instituto, Leonardo Góes, atribui o pres-tígio da entidade ao esforço histórico para cumprimento

de sua missão. “O Incra de-senvolveu expertise em temas como acesso à terra, cadastro rural, certificação e titulação das áreas e desenvolvimento de assentamentos. A coopera-ção internacional tanto ajuda a resolver problemas parecidos em outros países, quanto traz benefícios à autarquia no que diz respeito à implementação de suas políticas”, avalia.

Duas parcerias com a Or-ganização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricul-tura (FAO) se destacam neste cenário. Elas atuam para a pro-

PROTAGONISMO DO INCRA RECEBE RECONHECIMENTOINTERNACIONALMauren Silva

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moção das Diretrizes Volun-tárias de Governança Respon-sável da Terra, da Pesca e das Florestas (DGVT), que são um conjunto de princípios globais direcionados a fomentar boas práticas de gestão fundiária.

O eixo de um dos projetos será Apoiar o Fortalecimento da Governança Responsável da Posse da Terra na América Latina e Ca-ribe. Esta aliança é chancelada pelo Ministério das Relações Exteriores, por meio da Agên-cia Brasileira de Cooperação (ABC) – órgão do Governo responsável pela coordenação de programas e ações de cola-boração técnica e humanitária com vínculo internacional. O prazo de execução é de 36 me-ses, contados a partir de junho de 2018.

A Presidência do institu-to referenda a proposta com base no preceito da reciproci-dade, conforme parecer oficial. “Entendemos como claros os benefícios que o Incra – e espe-cialmente a política de reforma agrária – recebe por meio deste projeto de cooperação em ter-mos de projeção internacional em foros estratégicos, aprimo-ramento das nossas políticas públicas por meio da troca de conhecimento e reflexão crítica,

e de desenvolvimento de capa-cidades do seu corpo técnico a partir da troca de experiência com outros países”, destaca o documento.

A ideia é que a autarquia atue como “polo de implemen-tação das DGVTs no Brasil e na América Latina e Caribe”. O foco é a administração fundiá-ria, para que os países atendidos consigam desenvolver compe-tências e sistemas de governan-ça ancorados em instituições e em marcos legais robustos para assegurar a disseminação do uso e posse legítimos dos recur-sos. Também busca melhorar o acesso à terra, tornando-o mais equilibrado, além de estimular o reconhecimento dos direitos daqueles que nela habitam e tra-balham, com ênfase no amparo às mulheres e à juventude rural.

O Incra vem reafirmando seu papel de protagonismo no cenário internacional.

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A definição das prioridades decorre do alinhamento entre Incra e FAO registrado em duas cartas de intenções conjuntas. Os documentos foram assina-dos em 2017, durante reuniões ocorridas nos meses de abril, em Santiago (Chile), e outubro, em Roma (Itália).

Segundo o coordenador de projetos do Escritório Regional da FAO para América Latina e Caribe, Pedro Boareto, a re-presentatividade da autarquia deve atrair outros países para o tema. “Este projeto reflete o discurso de apoio cada vez mais forte do Brasil e do Incra às DVGTs – um documento po-tente que organiza a gestão de terras no mundo e na América Latina”, frisa.

Colaborar para aimplementação das

DVGT é uma das tarefas do Incra

Boareto explica que a par-ceria prevê diálogo político envolvendo diferentes atores governamentais e da sociedade civil. O levantamento das agen-

das locais por meio de diagnós-ticos amplamente validados servirá de base para definir os países envolvidos, assim como as ações operacionalizadas. Ainda conforme o representan-te da FAO, uma das atribuições do Comitê Diretivo do Projeto (CDP), que se reuniu pela pri-meira vez em outubro de 2018, é garantir a continuidade da presença dos cooperantes ao longo das demais etapas de monitoramento, avaliação e ajustes. “Será um processo to-talmente participativo”, afirma.

Alguns países já manifesta-ram interesse em aderir à ini-ciativa. “Tivemos procura por parte da Guatemala, Colômbia, Paraguai e Trinidade e Toba-go”, revela Boareto.

Ações concretas

Com base nos parâmetros de sinergia do projeto Incra/FAO, em agosto de 2018 inte-grantes do instituto estiveram na Guatemala para apresentar a conferência “Cadastro mul-tifinalitário: o caso do Incra”. No fim de 2017, uma delegação formada por funcionários de instituições guatemaltecas vi-sitara o Brasil para conhecer a ligação das políticas fundiárias

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locais às DGVTs. Outra medi-da prevista é o levantamento de uso do solo no município de Flores (Guatemala) com vistas à planificação territorial.

Por sua vez, as negociações com o Paraguai ocorrem no sentido de promover a capaci-tação de técnicos daquele país sobre os sistemas de gerencia-mento fundiário do Brasil.

O Incra articulaa capacitação deequipe técnica

do Paraguai

Da mesma forma, dentro dos esforços precedentes à for-malização do projeto, o Incra promoveu o curso “Adminis-tração Fundiária e Governança da Terra”, organizado com o obje-tivo de discutir o que são as Di-retrizes Voluntárias de Gover-nança Responsável da Terra, da Pesca e das Florestas e como aplicá-las. Após os módulos à distância, em agosto de 2017, um encontro presencial reuniu integrantes dos organismos de gestão de terras de 11 países, em Salvador.

Experiência anterior

Antes de celebrar sua pró-pria parceria com o organismo internacional, em 2017 o Incra aportou recursos no projeto de Fortalecimento de Espaços de Diá-logo entre FAO, Governos e Socie-dade Civil, proposto pela Secre-taria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimen-to Agrário (Sead). O objetivo é promover políticas públicas de apoio à agricultura familiar na América Latina, especialmen-te nos países que integram o Mercosul. A iniciativa foi uma resposta à necessidade regio-nal identificada pela Reunião Especializada sobre Agricultu-ra Familiar (Reaf) – vinculada ao bloco. O Incra assumiu res-ponsabilidade de cooperar nas questões referentes a cadastro de terras e à gestão fundiária.

A autarquia vem intensificando os acordos de parceria com a FAO.

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Técnicos estrangeiros buscam incorporar a experiência do Incra na gestão do território.

Parcerias bilaterais

Além da colaboração via fóruns representativos, o Incra trabalha em prol da integração com países e entidades específi-cas. Em maio de 2017, o instituto recebeu uma comitiva do Zim-bábue interessada em conhecer o modelo brasileiro de gerencia-mento do espaço rural e apoio à agricultura familiar. Conforme a delegação, essas informações serão utilizadas como referên-cia, já que o país africano imple-mentou um processo de refor-ma agrária nos últimos anos.

O Incra ainda está finali-zando protocolo de intenções associado ao Centro de Forma-ção de Camponeses da Diocese de Münster (LVHS), da Alema-nha. A intenção é proporcionar intercâmbio a jovens assenta-dos brasileiros, que ficarão três meses em propriedades rurais germânicas nos anos de 2019, 2020 2021. A vivência será vol-tada a trocas de experiências, formação prática (com foco em mecanização, marketing, au-tossuficiência e sustentabilida-de) e reflexão sobre aspectos éticos como solidariedade.

As Diretrizes Voluntárias de Governança Responsável da Terra, da Pesca e das Flo-restas (DGVTs) são um pacto

de livre adesão – disponível a governos e organizações – sobre gestão dos territórios, assim como de seus recursos

COMPROMISSO MUNDIAL

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(solo, água e florestas). Após quatro anos de intensas nego-ciações, elas foram estabeleci-das em maio de 2012 durante a 38ª reunião extraordinária do Comitê de Segurança Ali-mentar Mundial (CSA), que congrega entidades públicas e sociedade civil dos países sig-natários das Nações Unidas.

Esta proposição é arti-culada aos Objetivos de De-senvolvimento Sustentável do Milênio (ODS), definidas pela ONU dentro da Agenda 2030 com o objetivo de com-bater a fome e a pobreza.

Os pressupostos das Di-retrizes servem de referência para ações individuais ou

cooperadas. Visam a melho-rar a governança fundiária a partir de orientações e infor-mações sobre práticas inter-nacionalmente aceitas como legítimas; aprimorar os mar-cos políticos, jurídicos e or-ganizativos que regulam os direitos de posse; aumentar a transparência e melhorar os procedimentos de posse, além de fortalecer os agentes e instituições responsáveis pela governança fundiária.

Estes itens são utilizados na formulação das políticas de gestão fundiária do Incra, assim como de suas inicia-tivas de colaboração além--fronteiras.

Paralelo à proximidade com organismos de auxílio mútuo, em agosto de 2017 o Incra foi eleito para presidir o Comitê

Permanente Ibero-Americano de Cadastro (CPCI). Este fórum internacional agrupa institui-ções com função cadastral na

LIDERANÇA NA GESTÃOFUNDIÁRIA LEVA AAUTARQUIA A OCUPARPRESIDÊNCIA DO CPCI

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região da Ibero-América e sua titularidade está sob responsa-bilidade conjunta do presiden-te do instituto, Leonardo Góes, e do coordenador-geral de Re-gularização Fundiária, Stanis-lau Lopes, por um mandato de dois anos.

de 80 instituições de cadastro e registro de áreas tanto rurais quanto urbanas e aberto a enti-dades com abrangências nacio-nal, estadual ou municipal.

A atual presidência coorde-nou o XI Simpósio do CPCI, que reuniu instituições de 16 países, em Cancun (México), em setem-bro. Na condição de líder do colegiado, o Incra deu continui-dade aos trabalhos de intercâm-bio e difusão de boas práticas de gestão cadastral e registral de terras e presidiu a Assembleia do Comitê. O encontro resultou na formação de um grupo de trabalho, instituído com a tarefa de traçar diretrizes estratégicas para os próximos anos de ativi-dade do CPCI e buscar organis-mos financiadores para as ativi-dades colaborativas.

Pilares da gestão fundiária

Stanislau Lopes lembra que a posição de destaque do Brasil no CPCI e na questão da gover-nança fundiária na América La-tina é indissociável do trabalho executado pelo Incra em nível nacional. “Temos um território com 850 milhões de hectares, dos quais 77% (cerca de 654 mi-lhões de hectares) estão geor-referenciados. Esta experiência

O CPCI é umfórum que reúneinstituições comfunção cadastral

“O CPCI é um palco de intercâmbio, que possibilita conhecer o que está sendo im-plementado de mais recente em termos de legislação, tecno-logias e abordagens de gestão fundiária. É importante para o Brasil e estratégico para a autar-quia ocupar este espaço, a fim de mostrar seus avanços”, ex-plica o presidente da autarquia.

Góes destaca que o colegia-do funciona como rede de ex-celência voltada à troca de ex-periências, informações e apoio técnico entre seus integrantes. O grupo é composto por 22 pa-íses, representados por cerca

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acumulada desperta o interesse de diversos países”, aponta.

de Imóveis Rurais da Receita Federal (Cafir), o que trará a vantagem de reforçar o poder de análise e evitar repetição de tarefas. Ainda há tratativas para englobar o Cadastro Am-biental Rural (CAR) – a cargo do Serviço Florestal Brasileiro – e permitir conexão com os serviços registrais.

O coordenador-geral de Cartografia do Incra, Miguel Pedro da Silva Neto, cita outras duas linhas de atuação funda-mentais na gestão territorial brasileira. A primeira é a certi-ficação do georreferenciamento dos imóveis, que ocorre de ma-neira on-line, garantindo a não sobreposição de áreas. “Hoje temos 450 mil imóveis certifica-dos totalizando 230 milhões de hectares”, contabiliza.

Neto ainda destaca o pa-pel dos assentamentos para o conhecimento do território, na medida em que geram parcelas incorporadas à gestão do Incra ao longo de suas trajetórias – do parcelamento até a titulação. O mesmo ocorre com os períme-tros em processo de regulariza-ção fundiária.

O somatório destas fun-ções em um único instituto de abrangência nacional confere mais eficácia e exatidão ao mo-

A experiência doinstituto desperta

o interesse deoutros governos

Segundo ele, atualmente o instituto gerencia 6 milhões de imóveis por meio do Siste-ma Nacional de Cadastro Rural (SNCR) – com potencial para atingir 7 milhões. Este vigoroso banco de dados retrata a ocu-pação do solo no país e deve ganhar versão mobile. “A pla-taforma já não usa papel des-de 2015. Agora vai ser possível atualizar as informações e emi-tir CCIR (Certificado de Cadas-tro de Imóvel Rural) no campo pelo celular”, antecipa Lopes.

Alinhado com o paradig-ma da integração de dados cadastrais, o Incra aposta no desenvolvimento do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR) de caráter multifina-litário. As negociações mais avançadas envolvem a inte-gração do SNCR e do Cadastro

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Ferramentas debaixo custo servem

aos preceitos dee-governance

nitoramento do país, um exem-plo capaz de despertar interes-se de outras nações.

Soluções cidadãs

Integrado às demais fren-tes de trabalho, o Acervo Fun-diário do Incra, utilizando sof-tware livre e customizável, foi criado para ser um ambiente que reúne a base cartográfi-ca e informações geoespaciais sobre propriedades rurais de todo o país. O Acervo Fundi-ário contém dados produzidos pela autarquia sobre projetos de assentamento, imóveis ru-rais certificados, glebas públi-cas, territórios quilombolas e faixas de fronteira. Parcerias com outras instituições tam-bém permitem a visualização de áreas de proteção ambien-tal, sistema viário, hidrografia, limites políticos, terras indíge-nas e títulos minerários.

A assessora especial para Assuntos do CPCI, Isabelle Pi-celli justifica a opção do Incra por ferramentas automatizadas e de baixo custo: “Isso aumenta a transparência sobre a ocupa-ção e os critérios de gestão das terras pelo Estado. Também melhora os serviços prestados ao cidadão”. A estratégia ainda serve aos preceitos de e-gover-nance, os quais recomendam o acesso à informação de forma rápida, digitalizada e gratuita. “Está tudo disponível à popu-lação, de maneira fácil para quem tiver interesse”, explica.

Segundo a Isabelle, é preci-so associar os cadastros de ter-ras ao desenvolvimento social e econômico do Brasil, retomando temas ligados às DGVTs. “Um país que conhece sua malha fundiária tem informações qua-lificadas para subsidiar políticas públicas com base territorial. Ao mesmo tempo, oferece segu-rança jurídica, garantindo os di-reitos das pessoas sobre a terra. Isso é importante tanto para um grande investidor quanto para o pequeno produtor interessado em comprar poucos hectares”, diz a assessora.

O mesmo raciocínio é reto-mado pelo professor Manuel Alcazar Molina, da Universi-

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dade de Jaén (Espanha) – ins-tituição observadora no CPCI. Ele ressalta que a extensão e complexidade brasileiras em termos físicos, sociais e ambien-tais tornam o acompanhamento da malha fundiária ainda mais relevante para governar o país corretamente. O georreferencia-mento assume importância cen-tral, pois permite a localização precisa dos bens no território, ajudando a formalizar as pro-priedades e dirimir conflitos.

Incra serve de parâmetro para diversos países – especialmen-te da América Latina. A exper-tise da autarquia pode contri-buir de forma decisiva para a implantação de sistemas de cadastro capazes de melhorar a qualidade da governança de terra nessas nações.

Na concepção do profes-sor, que acompanha o tema da gestão territorial na América Latina desde 1994, a experiên-cia e a situação institucional do Incra credenciam-no a liderar o projeto cadastral do país. “Mes-mo que outras instituições pro-duzam dados, o instituto deve gerenciar as informações e fo-mentar a cobertura integral do território”, conclui.

Todos estes esforços de boa governança apresentam poten-cial para ampliar o protagonis-mo do Brasil no cenário inter-nacional.

Georreferenciamentoajuda a formalizaras propriedades edirimir conflitos

Para Molina, o conjunto de ferramentas utilizado pelo

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TITULAÇÃO

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A partir de 2017, o Incra in-tensificou a emissão de títulos para os beneficiários do Progra-ma Nacional de Reforma Agrária (PNRA). Definida como prioritá-ria pelo Governo Federal, a políti-ca de titulação tem como objetivo respeitar o direito assegurado do assentado de ser o dono da terra onde vive e produz, dando-lhe maior segurança jurídica e fazen-do com ele passe de simples ocu-pante de um lote à condição de pequeno produtor rural.

A política de titulação veio corrigir uma grave distorção. Havia casos de assentados que, mesmo após 20 anos ocupando lotes, sequer tinham o Contrato

de Concessão de Uso (CCU) – o primeiro documento que a fa-mília beneficiária recebe a ter-ra e que permite o acesso, por exemplo, às políticas de crédito e de assistência técnica.

TITULAÇÃO DE LOTESTRANSFORMA A VIDADE ASSENTADOSMarlucio Luna

O Título Definitivo transforma o beneficiário do PNRA em pequeno proprietário rural.

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“Tínhamos muitos assenta-mentos antigos, cujos ocupantes de lotes não haviam recebido o CCU. Identificamos ainda que a concessão do Título de Domí-nio é uma reivindicação antiga de muitos assentados. O fato de haver um grande número de famílias sem o CCU mostrava uma grave falha do Incra, algo que precisava ser corrigido ra-pidamente. Sem o documento, o beneficiário não acessa cré-dito ou assistência técnica. Há impedimento até mesmo para ingressar no Programa Nacio-nal de Educação para a Reforma Agrária (Pronera). O Incra con-centrou esforços e se trabalhou para a correção do problema”, lembra o presidente da autar-quia, Leonardo Góes.

No período compreendido entre janeiro de 2017 e agosto de 2018, o Incra emitiu um total de 148.940 Contratos de Concessão de Uso e 34.291 Títulos de Do-mínio (TD) – documento que transfere de forma definitiva a posse do lote para o assentado. Esses números representam um recorde histórico da autarquia.

A emissão do TD é uma antiga reivindicação dos ocupantes

delotes em assentamentos

CCU emitidos TD emitidos

2017 97.030* 26.523**

2018 (até 31/8) 51.910 7.668

Total 148.940 34.291

Títulos emitidos

* A emissão de Contratos de Concessão de Uso em 2017 foi 5,3 vezes maior do que a média anual histórica (de 2003 a 2016).** A emissão de Títulos de Domínio em 2017 foi dez vezes maior do que a média anual histórica (2003 a 2016).

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Articulação e planejamento

Implementar a política de titulação em nível nacional exi-giu da direção da autarquia a mobilização de gestores, servi-dores e colaboradores nas 30 su-perintendências regionais e no Incra-Sede. Por envolver a Di-retoria de Desenvolvimento de Projetos de Assentamento (DD) e a Diretoria de Ordenamento da Estrutura Fundiária (DF), foi preciso atingir um alto nível de articulação e planejamento.

A partir do segundo semes-tre de 2016, foram realizados encontros nacionais de gestores, oficinas de capacitação, seminá-rios, reuniões temáticas e visi-tas às superintendências regio-nais para planejar o trabalho de campo das equipes técnicas. O objetivo era mapear os projetos de assentamento que ainda não haviam recebido os Contratos de Concessão de Uso, além de identificar aqueles que já tinham cumprido os requisitos para emissão dos Título de Domínio.

As equipes do Incra passa-ram por capacitações voltadas especificamente para as tarefas relativas à emissão de títulos. Cerca de 300 técnicos receberam treinamento para a correta in-serção de dados no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef). Servi-

dores da Sede e de nove regio-nais foram enviados para São Carlos, no interior de São Paulo, para aprender a operar Veículos Aéreos Não Tripulados (Vant). Além disso, ocorreram ativida-des localizadas de formação nas superintendências nos estados.

Para o diretor de Desen-volvimento de Projetos de As-sentamento, Ewerton Giovanni dos Santos, a reformulação da legislação sobre política agrária criou as condições para que o processo de titulação fosse im-plementado de forma célere.

A utilização do Vantagilizou o trabalhode vistoria para a

expedição dos títulos

“Entre outras vantagens, a Medida Provisória 759/2016, posteriormente convertida na Lei 13.465/2017, permitiu ao In-cra agilizar a emissão dos títulos. Desde o início do processo, per-seguimos a meta de não haver um só assentado sem o seu CCU e de conceder o Título de Domí-nio a todo beneficiário que já ti-vesse direito ao documento. Sem as alterações no marco legal da política agrária, isso seria muito

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mais difícil”, destaca o diretor.O esforço para titulação de

lotes contou com o auxílio de tec-nologia de ponta. A supervisão ocupacional das parcelas dos pro-jetos de assentamentos ganhou novo impulso com a utilização de Veículos Aéreos Não Tripulados (Vant). Os equipamentos custa-ram R$ 1,2 milhão e permitiram que as equipes de campo reali-zassem em menor tempo um nú-mero maior de vistorias.

Parcerias

O Incra estabeleceu parce-rias com instituições para ace-lerar a emissão de títulos. Um dos exemplos exitosos na área foi o acordo firmado entre a Superintendência Regional de Tocantins e o Sebrae daquele es-tado. A iniciativa permitiu que os assentados fizessem o georre-ferenciamento de suas parcelas, um dos requisitos para a emis-são do documento de posse.

Também foram firmados acordos com os estados para a emissão de títulos para famílias ocupantes de lotes em projetos de assentamento. Entre as par-cerias, destacam-se as firmadas com os governos de Rondônia, Ceará, Piauí, Mato Grosso do Sul e Maranhão.

“Titular lotes em todo o país não é uma tarefa simples. Para potencializar a aplicação de re-cursos, recorremos a parcerias com os governos estaduais e com instituições que de alguma maneira podiam dar sua contri-buição. A cooperação entre as esferas da administração públi-ca rendeu bons resultados para todos, principalmente para os assentados”, avalia o presidente do Incra.

Góes acredita que a titula-ção tem potencial para contri-buir decisivamente para a re-dução dos conflitos no campo. Segundo ele, com o documento de posse, o assentado tem segu-rança jurídica sobre os limites de seu lote, evitando eventuais disputas.

Com o CCU, o assentado passa a ter acesso às políticas públicas mantidas pelo Incra.

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Em dois anos, o Incra emitiu mais de 180 mil títulos para assentados

Direito do assentado

Góes diz que a política de titulação representa o respei-to à autonomia do assentado. Após o Incra e o beneficiário do PNRA cumprirem todas as respectivas obrigações, não há motivo para manter a família sob a tutela da autarquia.

“O assentado não pode ser obrigado a viver eternamente na condição de simples ocupante do lote. Ele tem o direito de trans-formar-se em pequeno produtor rural, dono de sua terra. Negar-

-lhe isso representaria o fracasso da reforma agrária como política pública geradora de desenvolvi-mento econômico e social”, frisa.

O presidente do Incra acre-dita no potencial econômico da política de titulação. Ele lembra que, com o documento de pos-se, o assentado pode acessar linhas de crédito de até R$ 300 mil para investir na produção. Isso tem impacto considerável na economia de pequenos e médios municípios no interior do país, aquecendo o comércio e o setor de serviços.

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Contrato de Concessão de Uso (CCU) – transfere o imóvel rural ao assentado em caráter provisório e lhe asse-gura o acesso à terra, aos cré-ditos disponibilizados pelo Incra e a outros programas de apoio à agricultura fami-liar mantidos pelo Governo Federal.

Título de Domínio (TD) – transfere o imóvel rural ao assentado em caráter defini-

tivo. Antes de sua emissão, verifica-se o cumprimento das cláusulas do Contrato de Concessão de Uso. Também é avaliada a capacidade de o assentado cultivar a terra e de pagar pelo TD em 20 par-celas anuais.

Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) – conce-de, sem ônus, ao beneficiário o direito de uso da terra, de forma coletiva e inegociável.

TÍTULOS

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INFRAESTRUTURA

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Implementar de forma efe-tiva uma política agrária vai muito além de entregar lotes às famílias beneficiárias. Isso repre-senta apenas a primeira etapa de um longo caminho. O assentado precisa ter a sua disposição a in-fraestrutura necessária para que possa produzir alimentos, gerar renda e ter uma vida digna.

Nos últimos dois anos e meio, o Incra intensificou o investimen-to para dotar os assentamentos de soluções de abastecimento de água, construir e recuperar estra-das vicinais, entregar máquinas agrícolas e implantar mecanis-

mos de estímulo à comercializa-ção da produção. A aplicação de recursos nessa área passou de R$ 82 milhões em 2015 para R$ 237 milhões em 2017. Este ano, até setembro, já foram direcionados a obras de infraestrutura cerca de R$ 150 milhões.

INVESTIMENTO EMINFRAESTRUTURA NOSASSENTAMENTOSCORRIGE DISTORÇÃOMarlucio Luna

Sistemas simplificados de abastecimento levam água potável para consumo humano aos assentamentos.

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INCRA 2018 70

“O investimento em in-fraestrutura garante a fixação do assentado no lote, pois dá a ele as condições indispensáveis para que possa plantar, colher,

Corrigir distorção

Góes lembra que, até 2015, o Incra promoveu uma po-lítica de criação de projetos de assentamento, elevando o número de famílias benefici-árias do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA). No entanto, o crescimento do número de lotes não foi acompanhado pela elevação dos níveis de investimento em infraestrutura. Isso gerou uma distorção, que vem sen-do corrigida desde o segundo semestre de 2016.

vender seus produtos e viver de forma digna. Garantir ape-nas o acesso à terra não resolve o problema”, ressalta o presi-dente do Incra, Leonardo Góes.

“O crescimento do número de assentamentos representou um importante avanço para a política da agrária no país. O problema reside no fato de que muitos projetos foram criados sem a infraestrutura exigida.

Investimento em infraestrutura

*Valor referente ao período de janeiro a setembro

Ano Valor

2015 R$ 82 milhões

2016 R$ 96 milhões

2017 R$ 237 milhões

2018* Cerca de R$ 150 milhões

A autarquia destinourecursos para levar

água a assentamentosem todo o país

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Um assentado não pode esperar dez anos para ter o direito bási-co de contar com água potável em seu lote. Ele também não pode perder sua produção por falta de estradas vicinais. Em junho de 2016, definimos como uma de nossas prioridades a eli-minação dessa grave distorção”, explica o presidente do Incra.

Parcerias ampliam o alcance das ações

A estratégia para a solução dos problemas de infraestru-tura se baseou em parcerias com prefeituras, universida-des e outros órgãos públicos. No caso do abastecimento de água, foram firmados convê-nios com administrações mu-nicipais em todo o país, além da execução direta das obras pelas Superintendências Re-gionais da autarquia.

Em uma das ações previs-tas nas parcerias, o Incra ad-quire os materiais para a insta-lação de sistemas simplificados de abastecimento de água em áreas de assentamento, caben-do às prefeituras a realização das obras. Há também convê-nios para a perfuração de po-ços artesianos e para a adoção de tecnologias sustentáveis e de baixo custo.

Um exemplo de parceria para aproveitamento de tecno-logia sustentável em infraes-trutura pode ser verificado em dois projetos de assentamento no Semiárido Paraibano. O In-cra e a Universidade Federal da Paraíba (UFPb) instalaram des-salinizadores solares nos PAs Belo Monte, em Cubati, e Olho D’Água, em São Vicente do Se-ridó. Cada equipamento tem capacidade de produzir 450 li-tros de água potável por dia.

Convênios com prefeituras agilizaram os serviços de perfuração de poços.

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A iniciativa implementa-da nos assentamentos ganhou destaque nacional. O projeto de instalação de dessalinizado-res conquistou em 2017 o Prê-mio Fundação Banco do Bra-sil, na categoria “Água e Meio Ambiente”. Góes ressalta a im-portância da aposta em expe-riências inovadoras como a da Paraíba

“A solução apresenta baixo custo, é sustentável, aproveita o potencial de inovação da uni-versidade e beneficia famílias de agricultores que dependiam da água fornecida por carros--pipa. Se levarmos em conside-ração que os dessalinizadores foram instalados em uma re-gião castigada por longos perí-

odos de seca, o ganho é ainda maior. Este é apenas um exem-plo de como as parcerias em projetos inovadores potencia-lizam a aplicação de recursos públicos pelo Incra”, salienta.

Ação inédita

Para incrementar o desen-volvimento produtivo nas áre-as de assentamento, o Incra adquiriu este ano 170 tratores equipados com grades e ara-dos. A inédita entrega só foi possível porque a autarquia apresentou uma proposta à Casa Civil e conseguiu incluir na Lei de Diretrizes Orçamen-tárias (LDO) de 2018 ação espe-cífica para este tipo de compra.

O Incra adquiriu 170 conjuntos de tratores equipados com grades e arados para utilização em assentamentos.

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A inclusão da ação na LDO permitiu que o Incra realizas-se no Congresso Nacional um trabalho de captação de emen-das parlamentares, destinando recursos para a aquisição de tratores. O presidente da au-tarquia avalia que a iniciativa demonstrou a capacidade de articulação política do instituto e o reconhecimento por parte de deputados e senadores.

dos é estabelecer mecanismos que facilitem a comercialização de seus produtos. Diante disso, o Incra tem buscado implemen-tar ações que permitam que os alimentos oriundos da pe-quena agricultura conquistem mercado e cheguem à mesa dos brasileiros.

Entre as alternativas para facilitar o escoamento da pro-dução dos assentamentos, des-taca-se a construção de merca-dos. Com este objetivo o Incra firmou, por exemplo, um convê-nio com o município sergipano de Estância. A autarquia inves-tirá R$ 5 milhões para a constru-ção do Mercado da Agricultura Familiar Cidade Jardim em uma área cedida pela prefeitura. Se-gundo Góes, a unidade de co-mercialização tem potencial para tornar-se um polo regional de venda dos produtos de pe-quenos agricultores.

“O mercado beneficiará diretamente 1.376 pequenos agricultores de Estância e de municípios vizinhos – a maior parte oriunda de assentamen-tos. O impacto econômico per-mitirá ganhos para os produto-res, para a prefeitura e para a população, que terá alimentos com melhor qualidade e menor preço. Pensamos infraestrutura de forma global, desde neces-

O Incra entregou170 tratores para

apoiar a produçãoem seus projetos

“A Casa Civil acolheu pron-tamente a nossa proposta e rea-lizamos um trabalho de conven-cimento dos parlamentares que defendem o pequeno agricultor no Congresso Nacional. Em um cenário de recursos limitados, o Incra soube buscar apoios na Câmara Federal e no Senado para ampliar o investimento em infraestrutura”, explica.

Apoio à comercialização

Uma das grandes dificulda-des enfrentadas pelos assenta-

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sidades básicas como acesso à agua potável até questões como comercialização”, explica o presidente do Incra.

Para Góes, a união de es-forços entre a autarquia e pre-

feituras propicia a economia de recursos públicos, gera pro-jetos mais adequados à reali-dade local e potencializa os re-sultados econômicos e sociais alcaçados.

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OBTENÇÃO

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Alterações na legislação possibilitaram mudanças im-portantes na obtenção de imó-veis rurais para criação de projetos de assentamento. O Governo Federal aprimorou os instrumentos legais de desti-nação de terras para criação de assentamentos com a publica-ção da Medida Provisória (MP) 759, de 22 de dezembro de 2016, convertida na Lei 13.465, de 11 de julho de 2017. O Incra participou ativamente da for-mulação das propostas de mo-dernização da legislação, que foram incorporadas ao novo

marco regulatório do Progra-ma Nacional de Reforma Agrá-ria (PNRA).

A principal medida foi a permissão para pagar em pre-catórios as indenizações com-plementares em sentenças tran-sitadas em julgado nas ações de desapropriação, na qual deci-são judicial fixou o valor da in-denização da terra nua ou das benfeitorias indenizáveis em valor superior ao ofertado pelo Incra no início do processo a partir de avaliação de mercado.

Essa iniciativa corrigiu uma disfunção verificada no sistema

PRECATÓRIOSDESONERAM OORÇAMENTO PARAOBTENÇÃO DE TERRAFlávio Freitas

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de pagamentos de indenização complementar em processos de desapropriação, na qual o cumprimento de decisão ju-dicial que fixou indenização complementar relativa à terra nua era feito pelo lançamento de Títulos da Dívida Agrária (TDA) complementares, com imediato impacto orçamentá-rio e financeiro. Tal situação impunha uma série de dificul-dades e riscos de execução or-çamentária, além de provocar o descumprimento sistemático de decisões da Justiça – o que prejudicava os desapropriados e afetava negativamente a ima-gem da autarquia.

sentamento de famílias. Hoje os valores são lançados em pre-catórios lastreados pelo Tesou-ro Nacional.

O pagamento de indeni-zações complementares repre-sentava um dos grandes pro-blemas enfrentados pelo Incra, pois se tratava de uma despesa sobre a qual a autarquia não ti-nha controle – o que impactava diretamente o seu orçamento. A questão foi resolvida com a nova legislação. “Uma despesa obrigatória recebia tratamento discricionário”, frisa o presi-dente do Incra, Leonardo Góes.

No período de junho de 2016 a agosto de 2018, o Incra efetuou a emissão de Títulos da Dívida Agrária (TDA) no montante de R$ 63.306.593,96 para pagamento de indeniza-ções complementares. Além disso, a autarquia deixou de cumprir com o pagamento, por falta de orçamento, de mais de R$ 200 milhões, que aguardam quitação em uma longa fila. Com a alteração legal propos-ta pela autarquia à Casa Civil, a partir da edição da MP 759, as indenizações complementa-res revertidas para precatórios totalizaram R$ 123.884.258,51. O recurso que antes era usado para pagamento de indeniza-

Iniciativa corrigedisfunção no

pagamento deindenizações

A medida desonerou o orça-mento do Incra, já que esses va-lores impactavam diretamente os recursos para obtenção de terras, acarretando redefinição de metas e a impossibilidade de atender à demanda de as-

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ções complementares agora pode ser destinado à obtenção de novas áreas para a reforma agrária.

compra e venda, estabelecida pelo Decreto 433/1992, ou de arrematação judicial em leilões.

O novo marco legal esta-beleceu ainda condições para acelerar e desburocratizar as desapropriações, ao garantir o ressarcimento mais rápido e efetivo ao proprietário de imóvel rural desapropriado no caso de acordo administrativo, evitando assim a judicializa-ção de disputas e a inseguran-ça no campo.

A quitação dasdívidas agorasegue ordemcronológica

Novo marco legalcria condições

para acelerar asdesapropriações

O impacto positivo gerado pela nova legislação não se dá apenas no aspecto orçamentá-rio. O pagamento de senten-ças judiciais, que era um ato discricionário da Presidência do Incra, agora obedece a uma ordem cronológica. A mudan-ça confere maior transparência à gestão, pois o ato deixa de ser decisão pessoal do presidente da autarquia e passa a ter como base a data de expedição do precatório.

Outras iniciativas

O Incra também apresentou proposta – aprovada pela Casa Civil – de que a autarquia pu-desse efetuar o pagamento em espécie pela aquisição de imó-veis rurais nas modalidades de

Durante a vigência da MP 759/2016, o Incra obteve, por exemplo, a posse de dois imóveis rurais em Tocantins, mediante acordo extrajudicial firmado com os proprietários das fazendas Morrinhos e Jacu, localizadas entre os mu-nicípios de Pequizeiro e Couto Magalhães, com área total de 2.884 hectares. A vigência da Medida Provisória acelerou a obtenção das áreas, registra-

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das em nome da autarquia em 6 de abril de 2017.

Essa modalidade de acordo pode ser utilizada pela autar-quia para acelerar a desapro-priação de áreas, quando há a concordância dos proprietários em relação ao resultado do lau-do agronômico de fiscalização e

do laudo de vistoria e avaliação. Assim como no procedimen-to judicial de desapropriação, o valor da terra nua é pago em Títulos da Dívida Agrária (TDA) e as benfeitorias, em dinheiro. O valor total investido na aquisição das fazendas Morrinhos e Jacu somou mais de R$ 13 milhões.

A admissão de novas fa-mílias ao Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) também sofreu alterações e tem novas regras. Elas garantem maior transparência e publici-dade aos processos de inscri-ção, seleção e classificação de candidatos aos lotes em proje-tos de assentamento.

Com a publicação da Lei 13.465/2017 e do Decreto 9.311/2018, o ingresso nos as-sentamentos criados pelo Incra agora ocorre mediante edital por projeto e por município. Ele deve apresentar os requisi-

tos para inscrição, as vedações e as regras de seleção, além de explicitar os critérios de seleção adotados. A sociedade poderá acompanhar todas as etapas e a relação de candidatos em cada uma das fases do processo de admissão. Os primeiros editais foram publicados no portal do Incra, em 2018, para inscrição de candidatos a vagas em três assentamentos em Minas Ge-rais, Mato Grosso e São Paulo.

O novo marco legal estabe-lece também ordem de priori-dade na distribuição de lotes, dando preferência, por exem-

PROCESSO DE ADMISSÃONO PNRA PASSAA TER CRITÉRIOS RÍGIDOS,CLAROS E TRANSPARENTES

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plo, a agricultores que traba-lhavam no imóvel desapropria-do, agricultores remanejados de áreas em virtude de demar-cação de territórios indígenas e quilombolas ou de outras ações de interesse público, assim como famílias em situação de vulnerabilidade social.

de imóvel rural, exceto o de-sapropriado do imóvel e o agricultor cuja propriedade seja insuficiente para o susten-to próprio e o de sua família; ex-beneficiário dos programas de reforma agrária, de regula-rização fundiária e do Crédito Fundiário; proprietário, cotista ou acionista de sociedade em-presarial em atividade; menor de 18 anos não emancipado na forma da lei civil; ou receber renda familiar proveniente de atividade não agrária superior a três salários mínimos men-sais ou superior a meio salário mínimo per capita.

O impedimento para ocu-pantes de cargo, emprego ou função pública não se aplica mais ao candidato que preste serviços de interesse comuni-tário aos assentamentos ou à vizinhança do projeto, desde que o exercício seja compatí-vel com a exploração da par-cela pelo indivíduo ou pelo núcleo familiar beneficiado. A Lei 13.465 considera servi-ços de interesse comunitário as atividades prestadas nas áreas de saúde, educação, transporte, assistência social e agrária. O texto legal regu-lariza a situação de beneficiá-rios que, por exemplo, atuam

Com as mudanças, a distribuição delotes passa a ter

ordem de prioridade

A seleção ocorrerá com base em parâmetros mais objetivos, como o número de integrantes da família, tempo de residência no município do assentamento, famílias chefiadas por mulhe-res, jovens filhos de beneficiá-rios do PNRA que residam em parcela de pais assentados na condição de agregado, entre outros critérios.

Foram mantidas vedações expressas na Lei 8.629/1993 relativas ao ingresso de can-didatos no PNRA para ocu-pante de cargo, emprego ou função pública; proprietário

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como professores, agentes de saúde e assistentes sociais nas suas comunidades.

Para o presidente do Incra, Leonardo Góes, a nova legisla-ção confere lisura ao processo de cadastro e seleção de be-neficiários e estabelece regras claras para a política agrária. “A Lei 13.465 blinda o ingresso no PNRA contra manipulações ou interferências externas. Ela torna mais republicanos e transparentes os mecanismos de definição daqueles que rece-berão lotes em projetos de as-sentamento. A partir do novo marco legal, o Incra passou a ter maior controle sobre o pro-cesso. Com isso, garantimos que os recursos investidos na aquisição de terras beneficia-rão efetivamente aquele agri-cultor que apresenta o perfil e os requisitos necessários para

receber um lote do Governo Federal”, destaca.

De acordo com o diretor de Obtenção de Terras e Implan-tação de Projetos de Assen-tamentos, Clóvis Figueiredo Cardoso, as mudanças na legis-lação aperfeiçoaram o processo de admissão de candidatos ao PNRA, que será retomado com prioridade a partir da publi-cação de nova instrução nor-mativa disciplinando todas as etapas, desde o cadastro até a homologação dos futuros as-sentados.

Cardoso lembra que as mo-dificações introduzidas pela Lei 13.465/2017 e pelo Decreto 9.311/2018 atenderam também às recomendações do Tribunal de Contas da União (TCU), que por meio do Acórdão 775, de maio de 2016, suspendeu de forma cautelar o PNRA em vir-tude de indícios de irregulari-dades apontados em auditoria do órgão de controle externo. Com as alterações na legislação e as providências adotadas pela autarquia para sanear os indí-cios de irregularidades, o TCU cancelou a medida cautelar em setembro de 2017.

Diretor do Incradiz que a nova leipermite retomadado cadastramento

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Principais mudanças implementadas pela Lei 13.465/2017:

O ingresso nas áreas de reforma agrária ocorrerá mediante edital com distinção por assentamento e por município;

Haverá lista pública baseada nas regras de classificação para cada área adquirida para criação de projetos de assentamen-to, assim como lista de espera com exceden-tes para permitir que, caso alguém deixe o lote, o substituto preencha todos os re-quisitos definidos para aquela área;

A nova lei estabelece ordem de prioridade na distribuição de lotes;

A seleção passa a ser feita com base em parâmetros objetivos.

Em abril de 2016, o Tribu-nal de Contas da União (TCU) determinou a suspensão do Programa Nacional de Refor-ma Agrária (PNRA) em virtude de inconsistências na relação de beneficiários com a identifi-cação de 578 mil indícios de ir-regularidades em assentamen-tos no país. Com a publicação

do Acórdão 775, a concessão de políticas para os agriculto-res assentados, como crédito e assistência técnica, e o ingresso de novas famílias no programa foram suspensos temporaria-mente.

Para atender às recomen-dações do órgão de controle externo, o Incra elaborou o

CONJUNTO DE MEDIDASGARANTE A VOLTA DEAÇÕES IMPORTANTESDA POLÍTICA AGRÁRIA

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Plano de Providências para corrigir possíveis irregulari-dades e esclarecer inconsis-tências verificadas pelo TCU. O documento estabeleceu uma série de medidas e foi implementado pelas 30 supe-rintendências regionais para garantir a retomada das ações da autarquia.

De acordo com o presi-dente da autarquia, Leonardo Góes, reverter os efeitos do Acórdão 775 foi prioridade após sua posse, em 31 de maio de 2016. “Ao assumir, encon-trei o Incra paralisado, por conta da decisão do TCU. Dei prioridade à tarefa de encon-trar uma solução para o caso, pois os grandes prejudicados eram os assentados. Graças ao trabalho dos técnicos do Incra e da Procuradoria Federal Es-pecializada, conseguimos re-verter os efeitos daquela medi-da”, destaca.

A atuação da autarquia assegurou a regularização de beneficiários com o esclareci-mento de boa parte das incon-sistências elencadas pelo órgão de controle externo. A iniciati-va representou a retomada da política agrária e beneficiou mi-lhares de famílias com o acesso às políticas para a agricultura familiar, como crédito e assis-tência técnica.

A Lei 13.465/2017 instituiu também critérios para regulari-zação de ocupantes que estão em parcelas de assentamentos sem a autorização do Incra, com a criação de marco legal para acertar a situação dos agri-cultores familiares irregulares que estejam de acordo com as normas de seleção ingresso no PNRA.

Para o presidente do Incra, o conjunto de medidas adotado pela autarquia com as modifi-cações da legislação que rege a política agrária e as providên-cias para corrigir apontamentos efetuados pelo TCU no Acór-dão 775/2016 levaram o Tribu-nal em setembro de 2017, por meio do Acórdão 1.976/2017, a revogar a medida cautelar que suspendia as ações do instituto.

“O Incra mostrou ao tribu-nal que implementou medidas

O Acórdão 775exigiu que todaa autarquia semobilizasse

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para combater irregularidades, além de demonstrar que nem todos os atingidos pelo blo-queio haviam cometido algum tipo de fraude. Retomamos a

execução da política e demons-tramos ao TCU o compromis-so de aprimorar nossas ações, com controle e transparência”, salienta.

Após anos de espera, 62 famílias do Projeto de Assen-tamento Márcia Cordeiro, em Planaltina, a 50 quilômetros de Brasília (DF), comemoraram em março de 2018 a assinatura dos Contratos de Concessão de Uso (CCU), documentos que garantem o acesso às políticas públicas do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA).

Os lotes eram ocupados e explorados sem autorização do Incra. Por isso, os pequenos produtores não podiam aces-sar crédito, assistência técni-ca oficial e outras políticas de apoio à agricultura familiar. O assentamento foi o primeiro no país regularizado com base em nova legislação.

A medida se baseou no arti-go 26B da Lei 8.629/1993, intro-duzido pela Lei 13.465/2017. Ele autoriza a regularização de ocupantes em assentamentos criados no mínimo dois anos antes de 22 de dezembro de 2016, desde que a família aten-da aos critérios de elegibilidade para ser beneficiária do PNRA.

Esse foi o caso das 62 fa-mílias do PA Márcia Cordeiro. Olinda Maria de Jesus Men-des teve seu lote regularizado após uma longa espera. Entre acampamento na beira de es-trada e assentamento foram 15 anos. Mãe de cinco filhos, ela planta café, mandioca, feijão e milho na área que ocupa com o companheiro. “Sempre acre-

REGULARIZAÇÃO DEOCUPANTES PROMOVESEGURANÇA JURÍDICANO MEIO RURAL

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ditei que esse dia chegaria e ele chegou. Agora espero acessar os créditos e aumentar a pro-dução”, disse a agricultora ao receber o CCU do seu lote.

De acordo com o diretor de Obtenção de Terras e Implanta-ção de Projetos de Assentamen-tos, Clóvis Figueiredo Cardoso, um dos objetivos da nova le-gislação foi promover a regu-larização de agricultores que exploram os lotes e podem ser incluídos no PNRA com base nos critérios de seleção esta-belecidos. A ação é importante para resolver ocupações irre-gulares e evitar conflitos nos assentamentos, promovendo segurança jurídica no campo.

salta que a família deve atender às condicionantes da ocupação e exploração do lote pelo inte-ressado há, no mínimo, um ano – prazo contado a partir de 22 de dezembro de 2016 –, além de en-quadrar-se nos requisitos de ele-gibilidade para ser beneficiário da reforma agrária.

“O processo de regulariza-ção fundiária estabelecido pelo marco legal é justo com aquele pequeno agricultor que tem o perfil e se enquadra nos crité-rios para ingressar no PNRA. Ao mesmo tempo, a lei nos permite retomar lotes que estão em poder de quem não reúne as condições para tornar-se um assentado. Creio que o maior mérito das novas regras é valo-rizar a dedicação de quem vive e trabalha na terra”, explica o presidente do Incra.

Desde a experiência no PA Márcia Cordeiro, outras 3.190 famílias foram regularizadas em 2018, com base na previsão do art. 26B da Lei 8.629/1993. Com relação aos ocupantes que não preencham os requisitos do público da reforma agrária, o Incra aplicará as medidas ad-ministrativas e judiciais neces-sárias para a retomada das par-celas, visando ao assentamento de novas famílias.

Além do caráterjurídico, a medida

ajuda a resolveruma questão social

A medida tem também cará-ter social, já que regulariza famí-lias de agricultores que ocupam e exploram lotes em assenta-mentos. No entanto, o presiden-te do Incra, Leonardo Góes, res-

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O Projeto Descentraliza-do de Assentamento Susten-tável (PDAS) foi criado com o objetivo de promover o de-senvolvimento econômico e social no entorno dos cen-tros urbanos, por meio da agricultura familiar. A nova modalidade foi instituída pela Portaria 414, publicada em julho de 2017.

O PDAS se destina à ex-ploração pelos agricultores que residem nas periferias das cidades, por meio de atividades economicamente viáveis, socialmente justas, de caráter inclusivo e eco-logicamente sustentáveis. “Esta iniciativa atende a uma faixa da população em situação de vulnerabilidade social e garante a produção de alimentos no entorno dos centros urbanos. O PDAS tem grande potencial para

gerar renda e ocupação”, ex-plica o presidente do Incra, Leonardo Góes.

Nos assentamentos cria-dos nesta modalidade, os lo-tes a serem distribuídos não poderão ter área superior a dois módulos fiscais ou infe-rior à fração mínima de par-celamento. As áreas destina-das para a criação do PDAS poderão ser adquiridas por meio de compra e venda pelo Incra, por doação ou cessão pelos governos esta-dual ou prefeituras.

O primeiro projeto da nova modalidade será cria-do no Mato Grosso, no mu-nicípio de Barra do Garças, em uma área de 243 hecta-res, doada pela prefeitura e registrada em nome do Incra em outubro de 2018, para assentamento de 38 famílias.

NOVA MODALIDADE DE ASSENTAMENTO ATENDERÁ ENTORNO

DOS CENTROS URBANOS

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Apesar das restrições im-postas pelo Acórdão 775/2016 do Tribunal de Contas da União (TCU), o Incra pro-moveu a criação de 70 novos assentamentos, no período de junho de 2016 a setembro de 2018, com acréscimo de 136.104 hectares e capacidade para atender a 3.881 famílias.

Também foram reconhe-cidos como áreas de reforma agrária os projetos estaduais e os territórios quilombolas, que passam a ter acesso a po-líticas públicas aos agriculto-res familiares que atendem aos critérios de elegibilidade e admissão ao PNRA. O Incra promoveu o reconhecimento de quatro projetos estaduais e quinze territórios quilombolas, beneficiando 1.110 famílias.

O assentamento de novas famílias em assentamentos criados pelo Incra foi suspen-so em abril de 2016, inicial-mente pela decisão do Tribu-nal de Contas da União, que suspendeu de forma cautelar

o ingresso de novas famí-lias, em virtude de indícios de irregularidades detecta-dos pelo Tribunal na relação de beneficiários da reforma agrária, conforme Acórdão 775/2016, revogado em se-tembro de 2017.

Posteriormente, o Gover-no Federal promoveu uma série de medidas para aten-der às recomendações do TCU e restabelecer o PNRA. Este esforço resultou na re-visão da legislação das polí-ticas de reforma agrária e de regularização fundiária, com a edição da Lei 13.465/2017 e do Decreto 9.3011/2018.

Os primeiros editais de seleção de candidatos a va-gas em assentamentos foram lançados a partir de julho de 2018 nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo. Com a publicação de nova instrução normativa, o Incra quer acelerar a seleção e a homologação de novos be-neficiários.

RESTRIÇÕES LEGAIS IMPACTAM OBTENÇÃO DE TERRAS E

ASSENTAMENTOS DE FAMÍLIAS

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MEIO AMBIENTE

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INCRA 201891

A regularização ambiental em projetos de assentamento é um dos principais desafios do Incra em todo o país. Um instrumento para recuperar o passivo nesta área é o Pro-grama de Regularização Am-biental (PRA), que estabelece um conjunto de ações a serem desenvolvidas com o objetivo de adequar e promover a re-gularização ambiental de áreas rurais. A parceria com organi-zações governamentais e não governamentais, a moderniza-ção tecnológica e o treinamen-

to de pessoal são outras ini-ciativas implementadas pelo órgão.

Na inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR), os proprietários ou os possuido-res de imóveis rurais com pas-sivo ambiental podem solicitar a adesão ao PRA, mediante a assinatura de Termo de Com-promisso (TC) para fazer a re-gularização do imóvel rural. Por meio do acordo, o assenta-do se compromete a recuperar a área degradada e firma a ade-são do imóvel ao PRA.

PROGRAMA DÁNOVO ESTÍMULO À RECUPERAÇÃO AMBIENTALCésar Oliveira

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INCRA 2018 92

Ao aderir ao programa, os assentados, o Incra ou as insti-tuições parceiras deverão apre-sentar propostas de regulariza-ção do passivo ambiental dos assentamentos ou lotes para a aprovação dos órgãos ambien-tais estaduais. Assim, escolhem um modo (recuperação, recom-posição, regeneração ou com-pensação) de adequar a Área de Preservação Permanente (APP), a Reserva Legal (RL) e as Áreas de Uso Restrito em seus imóveis.

No caso de descumprimento do Termo de Compromisso, há a possibilidade da retomada do lote, com a aplicação das multas

e sanções previstas no próprio Termo. Nos assentamentos da re-forma agrária, o Incra assume um papel colaborativo e responsável, tanto no momento do cadastro quanto nas etapas posteriores.

Os donos de imóveis rurais com passivo ambiental podem solicitar adesão ao programa.

Após a regularizaçãoo assentado poderáacessar as políticasprevistas no PNRA

Após a regularização am-biental por meio do PRA, o

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INCRA 201893

assentado poderá acessar às diversas políticas públicas, a exemplo, dos créditos da Políti-ca Nacional de Reforma Agrá-ria (PNRA).

Parceria

A palavra de ordem para realizar o trabalho de recu-peração dos passivos am-bientais no âmbito do Incra é cooperação. Desde janeiro, já foram assinados Termos de Cooperação Técnica (ACT) com as secretarias estaduais de Meio Ambiente do Pará, Tocantins, Mato Grosso, Ro-raima e Acre. O objetivo é es-tabelecer compromissos com autoridades estaduais em todo o Brasil.

Conforme a coordenado-ra-geral de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Incra, Ivana Sobral, os acordos têm o objetivo desenvolver ações conjuntas destinadas à regu-larização ambiental por meio do Cadastro Ambiental Rural – CAR das áreas de assenta-mento.

“Os acordos preveem também a elaboração conjun-ta de normativos, comparti-lhamento de informações e tecnologias visando à inte-

gração das ações de regulari-zação ambiental em projetos de assentamento e territórios quilombolas, além da capaci-tação de servidores”, explica Ivana.

Uma das iniciativas do Incra, em parceria com a Uni-versidade Federal de Lavras (Ufla), é o treinamento das equipes da autarquia e das instituições e organizações parceiras para a implantação do PRA nos estados. “No fim de 2017, disponibilizamos um curso a distância de 78 horas sobre o Programa de Regulari-zação Ambiental para cerca de mil servidores e também para instituições parceiras”, diz a coordenadora. As orientações são levadas também para pre-feituras, secretarias estaduais e organizações não governa-mentais.

O Incra deve ampliar o nú-mero de parcerias. A medida se dará por meio de Edital de chamada pública para habili-tação de entidades que atuem no âmbito do PNRA. O objeti-vo do credenciamento é a ce-lebração de Acordos de Coo-peração Técnica sem repasse de recursos financeiros para ações de regularização e ges-tão ambiental.

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INCRA 2018 94

Tecnologia

O Brasil tem hoje 972 mil fa-mílias assentadas em 9.374 pro-jetos do Incra. No total são mais de 87 milhões de hectares des-tinados principalmente à agri-cultura familiar e ao agroextra-tivismo. Para construir o mapa atualizado com a situação am-biental das áreas, Incra e a Ufla trabalham no maior levanta-mento ambiental já realizado no Brasil em assentamentos.

O levantamento permiti-rá quantificar os passivos am-bientais; definir com precisão a estratégia de recuperação para cada bioma levando em conta as legislações estaduais e fede-rais; e saber quais as áreas ru-rais que sofreram menos danos ambientais.

de Gestão de Assentamentos. A ferramenta pretende integrar todos os sistemas do Incra para a criação de uma base de dados unificada. Com isso, busca-se o monitoramento mais eficiente das áreas de assentamento.

O sistema possibilitará aos técnicos realizar o acompanha-mento em tempo real do des-matamento em assentamentos, assim como a integração com o Cadastro Ambiental Rural por lote (CAR Lote) – que torna possível o combate aos danos ambientais com maior rapidez e eficiência. O investimento é de R$ 110 milhões e deve ser financiado pelo Banco Nacio-nal de Desenvolvimento Eco-nômico e Social (BNDES), com recursos do Fundo Amazônia.

Solução sustentável

Um acordo firmado entre o Incra, a mineradora Alcoa e a Associação das Comunida-des da Região de Juruti Velho (Arcojuve), no Pará, pôs fim a um impasse ambiental que se arrastava há mais de dez anos. O acordo assinado em janei-ro é inédito no país e garante a compensação financeira a 2 mil famílias de comunidades tradicionais em áreas de proje-

Levantamento vaideterminar o

passivo ambientalem assentamentos

O Incra e a Ufla também desenvolvem um projeto co-nhecido como SIGA - Sistema

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INCRA 201895

tos de assentamento por danos ambientais, culturais, sociais e econômicos de seus territórios.

Semiárido

Outra iniciativa importante é a parceria entre Incra, Ministé-rio do Meio Ambiente, governo de Sergipe e o Programa das Na-ções Unidas para o Desenvolvi-mento (PNUD), que vem imple-mentando o projeto Manejo do Uso Sustentável de Terras do Semiárido do Nordeste Brasilei-ro com recursos do Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF).

As ações do projeto se con-centram em três eixos integra-dos: ambiental, produtivo e so-cial. No primeiro, destacam-se ações como recuperação de nas-centes, instalação de barragens (chamadas barragens de base zero) e cordeamento de pedras para evitar a erosão no solo.

Acordo encerraum impasse que se arrastava há

mais de dez anos

Parceria com oPNUD aposta em ações de manejo

sustentável em SE

A Coordenação de Meio Ambiente do Incra, a Procu-radoria Federal Especializada (PFE/Incra) e o Ministério Pú-blico Estadual do Pará inter-mediaram as negociações entre as partes. O texto do Termo de Compromisso tem como base a valoração ambiental por meio do estudo de perdas e danos do Projeto de Assentamento Agroextrativista Juriti Velho.

Antes deste compromis-so, apenas parte dos danos era reparada em áreas de assenta-mento, geralmente em forma de recomposição florestal, duran-te o processo de licenciamento ambiental. Com o acordo, da-nos que não eram calculados economicamente foram men-surados e serão pagos a título de compensação econômica.

Na área produtiva, há o fo-mento ao pequeno agricultor, tendo em vista processos de manejo adequado do solo, como

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INCRA 2018 96

nas áreas Integração Lavoura--Pecuária-Floresta (ILPF) e Sis-temas Agroflorestais (SAF).

No eixo social, as ações privilegiam a instalação de ba-nheiros com fossas ecológicas para viabilizar o saneamento básico, a instalação e recupera-ção de cisternas, a construção de fogões ecológicos e treina-mentos para que a população se aproprie de tecnologias e boas práticas.

Amazônia

O Cadastro Ambiental Ru-ral dos Lotes (Car-lote) em áreas de assentamento na Amazônia é um projeto elaborado pelo Incra em parceria com PNUD e que foi apresentado ao Fundo Ama-zônia. A proposta busca fortale-cer o desenvolvimento sustentá-vel e combater o desmatamento na área da Amazônia Legal.

A iniciativa abrangerá 226 assentamentos prioritários na região. “O Car-lote e a super-visão ocupacional serão fun-damentais para o desenvolvi-mento dos assentamentos de reforma agrária, com a redu-ção do desmatamento ilegal”, frisa Ivana.

O Car-lote ajudará a combater a extração ilegal de madeira na Amazônia Legal.

O Car-lote buscareduzir o índice

de desmatamento na Amazônia Legal

Um dos instrumentos para incentivar a recomposição dos passivos ambientais e a ma-nutenção dos ativos é o Cré-dito Florestal no valor de R$ 6.400 por família. A modali-dade foi instituída pelo De-creto 9.424/2018. “O objetivo é garantir a implementação e a manutenção sustentável de sistemas agroflorestais ou o manejo florestal de lotes e de áreas de reserva legal com vegetação nativa igual ou su-perior ao estabelecido pela le-gislação ambiental”, explica a coordenadora.

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CAPACITAÇÃO

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INCRA 201899

As ações de capacitação no Incra estão implicitamente liga-das ao aperfeiçoamento de com-petências dos servidores. O ob-jetivo é promover aprendizagem organizacional e continuada, aliada ao crescimento pessoal-la-boral do trabalhador. Este é um movimento que visa a melhorar o desempenho de todos perante a missão institucional da autarquia.

No biênio 2016/2017, o ins-tituto realizou capacitação de 4.323 servidores, segundo os dados extraídos dos Relatórios de Gestão. Nestes anos, a maior parte das capacitações (75%) foi

promovida ou realizada por ins-tituições públicas ou escolas de governo, de acordo com o esta-belecido no Decreto 5.707/2006. Como exemplos destas expe-riências há a parceria com a Universidade Federal de Lavras (Ufla) para curso à distância sobre o Sistema do Cadastro Ambiental Rural (Sicar); com a Escola de Administração Fazen-dária (Esaf) para cursos duran-te a XIII Semana Orçamentária e com as universidades Federal do Pará (UFPA) e Tecnológi-ca Federal do Paraná (UTFPR) para mestrados profissionais.

CAPACITAÇÃO ELEVANÍVEL DA GESTÃOE DE SATISFAÇÃO DOS SERVIDORESCristiane Santiago

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INCRA 2018 100

Balanço da Divisão de Ca-pacitação e Avaliação Funcio-nal (DAH-3), da Coordenação--Geral de Gestão de Pessoas, realizado em maio deste ano, mostra que entre 2016 e 2018 o Incra apoiou 94 cursos de pós--graduação entre especializa-ções, mestrados e doutorados.

As capacitações são solici-tadas pelos servidores e o pedi-do é avaliado de acordo com as

normas vigentes para concessão da autorização. O Incra conside-ra pós-graduação apoiada pela instituição aquela que foi cus-teada pela autarquia ou quan-do os servidores obtêm afas-tamento (parcial ou integral) remunerado para se dedicar aos estudos. Desde 2016, o Incra in-vestiu, ou ainda está investindo, na formação de 34 especialistas, 39 mestres e 21 doutores.

No biênio 2016/2017, o Incra realizou a capacitação de 4.323 servidores.

2016 1.8132017 2.5102018 745 (até agosto)

Servidores capacitados

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INCRA 2018101

Números

Outro dado observado no levantamento diz respeito à aplicação dos recursos orça-mentários disponíveis ao longo dos anos. Apesar das restrições orçamentárias recentes, a autar-quia tem conseguido manter a média de capacitações em pós--graduação. Eva Sardinha, coor-denadora-geral de Gestão de Pessoas, frisa que “a qualifica-ção profissional é um relevante

investimento que impacta posi-tivamente a melhoria do desem-penho institucional e o alcance dos objetivos da autarquia”.

Neste balanço, foi possível observar que os agrônomos são os que, proporcionalmente mais se capacitam. Eles representam 17% do quadro total de servido-res do Incra.

As tabelas abaixo apresen-tam a distribuição das capacita-ções em pós-graduação confor-me carreira:

Cursos de pós-graduação

Carreira de Reforma e Desenvolvimento AgrárioLei nº 11.090/2005

Ano 2016 2017 2018 Total

Recursos (LOA) em R$ 2.264.531,00 306.278,00 350.000,00

Especialização 12 11 11 34

Mestrado 10 25 4 39

Doutorado 13 5 3 21

Total 35 41 18 94

Especialização 62%

Mestrado 66%

Doutorado 63%

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INCRA 2018 102

Especialização 38%

Mestrado 34%

Doutorado 37%

Outras vertentes

A atual equipe de Gestão do Incra tem realizado nego-ciações com as diretorias de atividades finalísticas para que apoiem financeiramente ativi-dades de capacitação. Recen-temente, o Incra estabeleceu parceria com a Universidade

de Brasília (UnB), por meio de Termo de Execução Descentra-lizada (TED), para treinamento teórico e prático de 17 servido-res da Cartografia para utili-zação de Veículos Aéreos Não Tripulados (Vant), bem como a capacitação no processamento das imagens geradas por esses equipamentos.

Em parceria com a UnB, 17 servidores receberam treinamento para o uso do Vant.

Carreira de Perito Federal AgrárioLei nº 10.550/2002

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INCRA 2018103

O Vant será utilizado em diversas atividades relaciona-das às atribuições da autar-quia, tais como sensoriamento remoto, produção de imagens aéreas, vistoria de imóveis ru-rais, trabalho de campo para ações de apoio ao georreferen-ciamento, produção de laudos, monitoramento ambiental, fiscalização cadastral, parcela-mento de assentamentos, re-gularização de territórios qui-lombolas.

Com o mesmo propósito, por meio da Agência Brasileira de Cooperação, Incra e Secre-taria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimen-to Agrário realizaram com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) o curso semipresencial “Administra-ção Fundiária e Governança da Terra”.

Mais de 20 representantes (tabela abaixo), de dez países da América Latina e do Cari-be, que atuam com cadastro de imóveis e gestão territorial, participaram da capacitação

na modalidade semipresencial, com as aulas em espanhol e transmitidas via internet, a par-tir da sede da FAO em Santia-go, no Chile, e etapa presencial em Salvador (BA).

O Incra, por meio da sua Diretoria de Ordenamento da Estrutura Fundiária (DF), é responsável pela tutoria do curso, cujas aulas são minis-tradas por instrutores oriun-dos da Universidade de Jaén (Espanha) e da Universidade de Campinas (Unicamp). O treinamento é realizado pelo Centro de Formação em Po-lítica Pública do Escritório Regional da FAO e foi desen-volvido como uma ferramen-ta para debater questões fun-damentais sobre as Diretrizes Voluntárias sobre a Gover-nança Responsável da Terra, dos Recursos Pesqueiros e Florestais (DGVT) no contex-to da segurança alimentar dos países latino-americanos e ca-ribenhos, tais como análise e formulação de propostas para melhorar a governança da posse da terra.

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INCRA 2018 104

Participantes curso FAO/Incra

País Número de representantes

Brasil 5

Colômbia 3

El Salvador 2

Equador 1

Guatemala 3

Panamá 1

Paraguai 3

Peru 1

República Dominicana 1

Uruguai 4

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TRANSPARÊNCIA

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INCRA 2018107

Ao criar a Ouvidoria-Ge-ral, em julho deste ano, e ade-rir aos sistemas Eletrônico de Serviço de Informação ao Ci-dadão (e-SIC) e de Ouvidorias do Poder Executivo Federal (e-Ouv), o Incra deu um salto quanto ao aprimoramento dos mecanismos de gestão da au-tarquia.

A partir deste marco, o aten-dimento de todas as demandas do cidadão, antes pulverizado em dois setores, concentrou-se nesta assessoria da presidência, localizada no 18º andar do In-cra/Sede e em um espaço para

atendimento presencial do ci-dadão, no térreo.

TRABALHO DAOUVIDORIA-GERALAPROXIMA INCRADA SOCIEDADE Cristiane Santiago

Sistemas e-SIC ee-Ouv ajudam a

aprimorar agestão do instituto

O e-SIC permite que qual-quer pessoa, física ou jurídica, encaminhe pedidos de acesso a informações, acompanhe o prazo e receba a resposta da

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INCRA 2018 108

solicitação realizada para ór-gãos e entidades do Executivo Federal.

O e-OUV foi desenvolvido para ser um canal de atendi-mento mais amplo, pois recebe e responde manifestações que podem ser sugestões, elogios, solicitações, reclamações e de-núncias sobre as políticas e os serviços públicos. A partir das informações trazidas pelos ci-dadãos, a ouvidoria pode iden-tificar melhorias, propor mu-danças, assim como apontar situações irregulares.

A tarefa da Ouvidoria-Geral é promover a mediação direta entre o cidadão e as unidades da autarquia. Assim, busca receber demandas do cidadão e a partir deste trabalho gerar ferramen-tas que possibilitem aprimorar o serviço público e a cultura orga-nizacional da autarquia – além de contribuir para a diminuição da burocracia e fortalecer o esta-do democrático de direito.

Tereza diz que o trabalho da Ouvidoria-Geral fortalece a imagem do Incra perante a sociedade.

Tereza Cristina Barbosa Arruda, responsável pelo Sis-tema de Ouvidoria-geral do Incra, esclarece que responder ao cidadão é responsabilidade institucional. Para ela, facilitar o acesso a informações, esclare-cer dúvidas e orientar o público no encaminhamento correto de suas demandas fortalece o ór-gão perante a sociedade.

Meta

O presidente do Incra, Leonardo Góes, acredita que

A atuação daOuvidoria-Geralpermite reduzir

a burocracia

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INCRA 2018109

“promover a cultura da trans-parência é fundamental para a organização que busca estabele-cer-se em uma sociedade dinâ-mica e ávida por contribuir para o melhor funcionamento dos ór-gãos governamentais”. Segun-do ele, este cuidado demonstra que a preocupação de todas as esferas de gestão da autarquia com a qualidade do serviço ofe-recido aos assentados e aos pro-prietários rurais.

A meta da Ouvidoria-Geral é chegar ao fim de 2018 com to-dos os processos e recursos do e-SIC devidamente concluídos. Para cumprir este propósito, a equipe do Sistema de Ouvidoria--Geral montou uma força-tarefa para incrementar o trabalho e reduzir o número de solicitações sem resposta e/ou com prazos próximos a expirar. Também identificou as Superintendên-cias Regionais da autarquia com dificuldade no atendimento das demandas via e-Sic ou e-Ouv. Estas regionais receberam visi-tas das técnicas da Ouvidoria--Geral para auxiliar as equipes locais, fornecendo esclarecimen-tos sobre a Lei 12.527/2011, co-nhecida como Lei de Acesso à Informação (LAI), e as respon-sabilizações cabíveis ao servidor pelo não cumprimento do dis-positivo legal.

A meta é encerrar 2018 com todos os processos do e-SIC

concluídos

À frente da Ouvidoria-Geral, Tereza Cristina observou que o maior obstáculo enfrentado di-zia respeito ao desconhecimento por parte dos servidores sobre a LAI. Isso colocava o atendimen-to dos pedidos de informação em segundo plano, priorizando as demandas apresentadas pelo Ministério Público (MP), pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Poder Judiciário.

“Ao dialogar com os gesto-res e servidores, esclarecemos que as demandas do e-OUV e e-SIC têm a mesmo nível de prioridade daquelas advindas de órgãos de Controle, Minis-tério Público e Judiciário, pois o não atendimento também pode gerar responsabilização civil e administrativa. O cidadão não pode ser colocado em segundo plano. Desta forma, queremos ressaltar que todo e qualquer pedido de informação precisa ser tratado com o mesmo nível de importância”, ressalta o pre-sidente do Incra.

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INCRA 2018 110

Em outubro de 2018, o In-cra comemorou um ano da implantação do Sistema Ele-trônico de Informações (SEI). A ferramenta propiciou à au-tarquia um salto de qualidade, incorporando tecnologia à área administrativa. Com o SEI, vie-ram muitas transformações – desde a tramitação de proces-sos até mudança de hábitos e padrões do funcionamento da instituição. Apesar das dificul-dades inerentes à implantação de uma ferramenta inovadora, hoje a maioria dos servidores e colaboradores já se familiari-zou com o SEI, suas funcionali-dades e benefícios.

Segundo a coordenadora do SEI-Incra, Ida Brasil, o sis-tema teve um impacto impor-tantíssimo para o instituto. “A autarquia, antes tradicional, entrou na era da governança digital e, com isso, toda a es-trutura de funcionamento mu-dou. O SEI quebrou paradig-

mas institucionalizados que precisavam ser modernizados. Entramos em um caminho sem volta”, salienta.

Atualmente todas as fun-cionalidades da plataforma estão ativas e disponíveis para usuários internos e externos. O processo de implementação só será concluído em 2021. Etapas relacionadas ao Arquivo e a implantação do Protocolo Ele-trônico ainda estão em fase de planejamento, além da inserção de novas ferramentas.

Entenda o SEI

Implementado em boa par-te da administração pública federal, o SEI funciona como plataforma que engloba um conjunto de módulos e fun-cionalidades que promovem a eficiência administrativa. Tra-ta-se também de um sistema de gestão de processos e docu-mentos eletrônicos, com inter-

IMPLANTAÇÃO DO SEI QUEBRA PARADIGMASE MODERNIZA A ÁREAADMINISTRATIVA

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INCRA 2018111

face amigável e práticas ino-vadoras de trabalho. Ele tem como principais características a libertação do paradigma do papel como suporte físico para

documentos institucionais e o compartilhamento do conhe-cimento com atualização e co-municação de novos eventos em tempo real.

O conceito de trans-parência, considerando acesso à informação, na administração pública não deve ser visto como uma novidade. No século XIX já era possível identificar registros neste sentido, im-pulsionados pela eferves-cência político-social da época. Naquele período, consolidou-se o conceito de que os arquivos públicos eram base para pesquisa histórica e que o Estado ti-nha obrigação de mantê-los acessíveis.

A Declaração Univer-sal dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em

1948, no parágrafo 5º, asse-gura que “todo ser humano tem direito à liberdade na pesquisa da verdade (...) tem direito também à informa-ção verídica sobre os aconte-cimentos públicos”.

No Brasil, a relação do cidadão com as informações públicas se torna mais estru-turada a partir da criação da Lei 12.527, denominada de Acesso à Informação (LAI), em novembro de 2011, e sua implementação a partir de maio de 2012.

No Incra, a consolida-ção deste cenário se dá pela criação da Ouvidoria-Ge-ral e pela adesão ao e-SIC e e-Ouv.

DIREITO ASSEGURADO

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INCRA 2018 112

1988 – Nova Constituição Federal - aparece pela primeira vez no Brasil o tema Direito a Informação em uma constitui-ção. O Artigo 216º, Capítulo III, dispõe que “cabe à Adminis-tração Pública, na forma da lei, a gestão da documentação go-vernamental e as providências para franquear a sua consulta a quantos dela necessitarem”

Antes da Constituição, cada instituição estabelecia seu próprio regulamento so-bre o acesso à informação.

1991 - Foi sancionada a Lei 8.159, chamada Lei dos Arquivos. Em seu artigo 4º - Capítulo I, aborda a questão do direito dos cidadãos à in-formação: “Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de interesse co-letivo ou geral, contidas em documentos de arquivos, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabi-lidade, ressalvadas aquelas cujos sigilo seja imprescindí-vel à segurança da sociedade

e do Estado, bem como à in-violabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas. ”

Nesta mesma lei, no artigo 26º estabelece no Capítulo V: “Fica criado o Conselho Na-cional de Arquivos (Conarq), órgão vinculado ao Arquivo Nacional, que definirá a políti-ca nacional de arquivos, como órgão central de um Sistema Nacional de Arquivos (Sinar)”.

2011 – Aprovação da cha-mada Lei de Acesso à Infor-mação (LAI) brasileira, a Lei 12.527, sancionada em 18 de novembro de 2011, alterando a Lei 8.112, de 11 de dezem-bro de 1991, e revogando a Lei 11.111, de 5 de maio de 2005. A LAI tem o propósito de regula-mentar o direito constitucional de acesso dos cidadãos às infor-mações públicas e seus disposi-tivos são aplicáveis aos três Po-deres: Executivo, Legislativo e Judiciário (União, Estados, Dis-trito Federal e Municípios). Ela foi regulamentada pelo Decreto 7.724, de 16 de maio de 2012.

MARCOS DO ACESSO À INFORMAÇÃO EM ÓRGÃOS PÚBLICOS

Fonte: “A busca da transparência na gestão pública: Lei de Acesso brasileira”, artigo de Tatiana Costa Rosa e Rosanara Pacheco Urbanetto - Publicado em 05/2014, no site www.jus.com.br

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Em 2 de outubro, o Incra completou um ano da implan-tação do Sistema Eletrônico de Informações (SEI). Nesse perí-odo, já foi possível mensurar a economia de recursos públicos com a diminuição de uso de material de papelaria, infor-mática e, especialmente, servi-ços postais e de malote.

Após a implantação do SEI, com a consequente diminuição da circulação de papéis e ma-teriais entre as unidades – pois os processos se tornaram digi-tais –, a utilização dos servi-ços postais e de malote foram reduzidos drasticamente. Em valores nacionais, por exem-plo, o contrato de malotes com os Correios era centralizado no Incra Sede e o gasto men-sal médio caiu de R$ 42.570,64 para R$ 21.305,27. A redução de 53,25% gerou economia de R$ 212.653,70 para o instituto em dez meses.

Com serviços postais, os

gastos anteriormente eram de R$ 45.912,91. Depois da im-plantação do sistema, os gas-tos baixaram para R$ 35.913,86 por mês – redução de 21,77%. A economia chegou a cerca de R$ 100 mil em dez meses. Ape-nas em serviços postais e de malote, o Incra obteve econo-mia de R$ 312.644,20 no perío-do de outubro de 2017 a julho de 2018.

Material de escritório

Em relação a materiais de escritório, somente na Sede, segundo dados do Sistema de Controle de Estoque do Almoxa-rifado, o consumo caiu de R$ 87.403,05, em 2016, para R$ 32.070,84, em 2018 – mais de R$ 55 mil de economia. Em supri-mentos de informática (toner e afins) a economia superou R$ 186 mil no período. Os dados das superintendências ainda não foram consolidados, mas

EM UM ANO,A AUTARQUIA ECONOMIZA MAISDE R$ 300 MILClarisse Façanha

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análises preliminares apontam redução semelhante.

Segunda a chefe do Serviço de Protocolo Central do Incra, Marta Rocha, os recursos eco-

nomizados cobriram parte dos custos de implantação do SEI e foram destinados à estrutura-ção da nova sala de protocolo da Sede.

SERVIÇOS DE MALOTES (valores nacionais)

SERVIÇOS POSTAIS (valores nacionais)

MATERIAL DE EXPEDIENTE (somente Sede)

ESPECIFICAÇÃO CUSTO MENSAL

ECONOMIA MENSAL

ECONOMIA10 meses

ANTES DO SEI R$ 42.570,64R$ 21.265,37 R$ 212.653,70

DEPOIS DO SEI R$ 21.305,27

ESPECIFICAÇÃO CUSTO MENSAL

ECONOMIA MENSAL

ECONOMIA10 meses

ANTES DO SEI R$ 45.912,91R$ 9.999,05 R$ 99.990,50

DEPOIS DO SEI R$ 35.913,86

Total de economicidade no período de outubro/2017 a julho/2018 – referente Serviços Postais e Malote R$ 312.644,20

TIPO DE MATERIAL ANO VALOR (R$)

Materiais de escritório e expediente diversos (papel A-4 para impressão, clipes, grampos,

capa para processo, colchetes, almofadas para carimbo, canetas, lápis, etc.)

2016 87.403,05

2017 81.673,10

2018 32.070,84

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TIPO DE MATERIAL ANO VALOR (R$)

Suprimentos de informática diversos (Cartuchos de toner, Kit fusor e de transferência para

impressoras, CD/DVD, pen drive, mouse, etc.)

2016 240.974,47

2017 188.428,08

2018 54.786,22

Obs. Dados extraídos do Sistema de Almoxarifado em 04/09/2018.

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INOVAÇÃO DIGITAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: PLANEJAMENTO, GOVERNANÇA E CULTURA DE RISCO

NA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA ELETRÔNICO DE INFORMAÇÕES – SEI, NO INSTITUTO NACIONAL DE

COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA.

Dra. Ida Claudia Pessoa Brasil ([email protected] )Msc Leonardo Góes Silva ([email protected] )

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra – Brasília (DF)

Resumo: A gestão da inovação digital na administração pública federal é tema preponderante nas transformações de modelos, rotinas e serviços prestados pelo governo, sobretudo no período de 2008 a 2018. Destacam-se como elementos essenciais no desafio de implantar novos modelos digitais na gestão pública o planejamento, governança e a cultura de riscos. O objetivo central desse estudo foi mapear caminhos gerenciais adotados, com sucesso, na implementação do Sistema Eletrônico de Informações- SEI no âmbito do Incra, autarquia federal criada nos anos de 1970, responsável por ações de desenvolvimento sustentável e reforma agrária em todo território nacional. A mudança “SEI” refere-se à quebra de paradigmas entre o tradicional uso de papel e o novo sistema digital xfato impacta na histórica rotina burocrática do trabalho em meio físico por mais de 6000 agentes públicos na sede em Brasília e nas 30 Superintendências Regionais. O sucesso observado no “SEI” refere-se à consolidação simultânea da mudança –“virar a chave” em 2017, com vistas à modernização gerencial e à governança de procedimentos administrativos rumo à eficiência, economicidade, sustentabilidade e desburocratização da administração pública federal.

Palavras-Chave: Administração Pública, Governança Digital, Sistema Eletrônico de Informações (SEI)

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1. Introdução

O sucesso da inovação digital na administração pública pode ser analisado por meio dos elementos gerenciais de planejamento, governança e cultura de riscos. O principal desafio é compreender o alinhamento harmônico e estruturado desses fatores, aplicando-os em ações práticas institucionais. Este estudo apresenta fundamentos da implementação do Sistema Eletrônico de Informações no Incra (SEI-Incra) e exemplos de resultados obtidos no período de 2016 a 2018.

De acordo com o Ministério do Planejamento (2018), o SEI é uma ferramenta oferece suporte à produção, edição, assinatura e trâmite de processos e documentos. Reduz o tempo de elaboração de atividades e permite o uso simultâneo de um mesmo processo por várias unidades, ainda que distantes fisicamente. Representa uma solução flexível que pode ser adaptada à realidade de órgãos da Administração Pública Federal, independente dos processos e fluxos de trabalho.

A inovação digital é o foco dessa ferramenta. A visão es-tratégica no planejamento da implantação do SEI é fundamental, pois a inovação precisa incorporar a missão e a visão de futuro da organização.

De acordo com Vasconcelos Filho (2018) há uma grande di-ficuldade em se compreender o que é planejamento estratégico. Há elementos complicadores na gestão empresarial considerando que poucos dirigentes realmente exercem a função de “dirigir” e outros tantos não estão atentos a consolidar uma filosofia de empresa que seja saudável, firme e divulgada Para esse autor, que cita Marvin Bower, há um vínculo entre o planejamento estratégico e o ajus-

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tamento da organização com seu ambiente em busca de resolver problemas básicos que são, também, relevantes:

Marvin Bower, consultor de empresas há mais de 30 anos, em 1966, em seu livro The will to manage, dedicou um capítulo para o planejamento estratégico. Bower tem observado que os dirigentes comprometidos com um planejamento estraté-gico sistemático são altamente bem sucedidos porque pensam profunda, criativa e continuamente em termos da pergunta: “O que estamos tentando fazer e como podemos fazer isto de maneira mais rentável considerando a concorrência?” Segun-do este mesmo autor, o planejamento estratégico é, principal-mente, relacionado com o ajustamento da organização com o seu ambiente, resolvendo problemas básicos, contornando as limitações, capitalizando sobre vantagens herdadas ou desenvolvidas e aproveitando as principais oportunidades. (VASCONCELOS FILHO, 2018)

O conceito de inovação no setor público deve ser caracte-rizado diante do papel específico do Estado. Ganha uma resignifi-cação e ampliação diante da missão do Estado em propor ações de inovações para a sociedade e, ao mesmo tempo, buscar transfor-mações para a própria gestão pública. No trabalho desenvolvido por Oliveira (2014) sobre inovação no setor público, percebe-se a requalificação do conceito tradicional de inovação para o ambiente governamental:

No caso específico deste trabalho, a lente sobre o papel do Estado recai sobre a segunda opção, ou seja, sobre o Estado inovador e senhor da ação inovadora. Assim, deve-se analisar o conceito de inovação para o setor público. Para Halvorsen (2005), esse conceito deve ser visto por uma lente mais am-pla que abrange a seguinte tipologia: • inovação de serviço; • inovação de processo; • inovação administrativa e organiza-cional; • inovação do sistema; • inovação de concepção (nova missão, visão, objetivos, estratégias); e • mudança radical de racionalidade. (OLIVEIRA, 2014)

Inovação da administração como parte de uma cultura de

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risco é outro alinhamento enriquecedor da gestão diante de mu-danças de modelos e fluxos organizacionais que afetam serviços, processos e sistemas. Elementos essenciais de inovação executa-dos a partir da concepção do Projeto SEI Incra consistem na soma de esforços organizacionais previstos para o período de 2016 a 2021. Para tanto, desde 2016, o Incra realiza uma sequência de ati-vidades relacionadas aos objetivos dos Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015 e Decreto nº 8.638 de 15, de janeiro de 2016 (BRA-SIL, 2018).

A inovação esteve sob o comando da autoridade máxima do órgão - Presidência do Incra, com suporte e assessoramen-to de Grupos de Trabalho SEI (GT SEI), na Sede e nas 30 Supe-rintendências Regionais descentralizadas. As ações organizadas pela Coordenação do GT SEI da Sede com planejamento, gover-nança e cultura de risco foram elementos chave para o sucesso de transformar rotinas administrativas tradicionais de “proces-sos em papel” para modalidade de “processos eletrônicos” em toda Autarquia.

2. Elementos de planejamento: mudanças em processos e em pessoas

A implantação do SEI no Incra foi fruto de uma decisão da alta administração motivada pelo que estabelece o decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015 (BRASIL, 2018) sobre o uso do meio eletrônico para a realização do processo administrativo no âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. A adesão ao SEI ocorreu em janeiro de 2016 e tornou-se uma ação prioritária e estratégica do Incra, consi-derando os seguintes aspectos:

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a) Uma obrigação a ser cumprida por força do Decreto 8.539/2015;

b) Uma oportunidade de inovação digital da ges-tão no órgão criado na década de 1970, com fortes tradições burocráticas associadas a processos em meio físico (papel).

O Incra é uma autarquia federal cuja missão prioritária é executar a reforma agrária e realizar o ordenamento fundiário nacional. O órgão foi criado pelo Decreto nº 1.110, de 9 de julho de 1970. Atualmente está presente em todo o território nacional por meio de 30 superintendências regionais (INCRA, 2018), que são órgãos descentralizados responsáveis pela coordenação e exe-cução das ações de planejamento, programação, orçamento, in-formática e modernização administrativa com vistas à executar reforma agrária:

A reforma agrária é o conjunto de medidas para promover a melhor distribuição da terra mediante modificações no regi-me de posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social, desenvolvimento rural sustentável e aumento de pro-dução (Estatuto da Terra - Lei nº 4504/64) (INCRA, 2018)

Inicialmente, as definições de planejamento para o SEI-In-cra foram relacionadas a estratégias de convencimento da alta ad-ministração, ao alinhamento do SEI à elementos de cultura tradi-cionais que indicaram riscos. A superação de riscos é fundamental para um modelo ajustado de implantação à cultura organizacional quando se pretende realizar:

− Rotina e trabalho governamentais “sem papel” em processos eletrônicos

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− Valorização de pessoas envolvidas no projeto en-quanto “agentes públicos”

− Utilização eficiente da infraestrutura e tecnologia

− Comunicação de novos valores à cultura e normas le-gais da implantação

− Um plano eficiente para iniciar a solução “SEI”.

O Plano de Implementação do SEI no Incra representou uma síntese de esforços coletivos em busca de maior eficiência, eco-nomicidade, agilidade, sustentabilidade da gestão administrativa em meio eletrônico para viabilizar as ações de inovação.

Esse plano foi elaborado de forma participativa, por meio da reflexão de integrantes dos Grupos de Trabalho do SEI – Sede e das 30 Superintendências Regionais. Seu esboço contempla as diretrizes estabelecidas pela metodologia de Implantação do SEI disponível no Portal do Software Público SEI: https://softwarepublico.gov.br/social/sei/manuais/metodologia-de-implantacao/sumario (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, 2018).

Na implantação do Sistema, há necessidade de melhorias dos fluxos de trabalho. Tradicionalmente no Incra, esses fluxos são inexistentes ou pouco divulgados, indicando uma lacuna e um risco. Assim, cada setor do Instituto, tornou-se parte vulnerável e ao mesmo tempo responsável por identificar pontos passíveis de ajustes da transição entre o físico e o eletrônico, permitindo o desenho ou o redesenho mais adequado.

No planejamento, governança e gestão de riscos no SEI-Incra, o escopo do projeto de inovação foi fundamental para se identificar o tamanho e a abrangência do impacto. O SEI-Incra

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foi iniciado, simultaneamente, em 02/10/2017, em mais de 850 unidades administrativas da estrutura organizacional do Regimento Interno, conforme ilustra a figura abaixo:

Figura 1 – Escopo da implantação do SEI-Incra – represen-tação das unidades administrativas regimentais do Incra em 2017

Fonte: Incra

O planejamento exigiu a mobilização de todos os 31 Gru-pos de Trabalho (GT SEI) para orquestrar as ações em todo territó-rio nacional. Vale destacar que não houve, em nenhum momento, abundância de recursos financeiros ou tecnológicos, nem cursos de capacitação presencial para concretização da inovação do SEI no Incra. O diferencial foi um rigoroso planejamento para mobilização

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de competências e de ações de servidores e de terceirizados em to-dos os níveis hierárquicos para o uso de recursos organizacionais existentes, alinhados ao objetivo comum de se iniciar a gestão SEI “Incra sem papel” dentro do prazo legal estabelecido.

3. Governança digital e o SEI: útil, prático e para todos

O sucesso do modelo de implementação do SEI- Incra está alicerçado e na mobilização de elementos gerenciais, humanos e administrativos disponíveis e articulados por meio da mobilização em busca da modernização. O clima inicial era de descrença, apatia num “Brasil em que nada dá certo”. Os GT SEI se fortaleceram em acreditar na oportunidade de melhorias técnicas, de qualidade e de autoestima diante da missão da Autarquia e, juntos, cerca de qua-trocentos servidores conduziram a missão de “vamos virar a chave do SEI no dia 2/10/2017”. E assim foi!

O SEI integra a possibilidade de ampliação da prática da governança. É uma plataforma que engloba um conjunto de mó-dulos e funcionalidades que promovem a eficiência administrativa. De acordo com o Ministério do Planejamento (2018):

Trata-se também de um sistema de gestão de processos e do-cumentos eletrônicos, com interface amigável práticas ino-vadoras de trabalho, tendo como principais características a libertação do paradigma do papel como suporte físico para documentos institucionais e o compartilhamento do conheci-mento com atualização e comunicação de novos eventos em tempo real – (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, 2018).

Em sentido amplo, Kissler e Heidmann (2006), em seu artigo Governança pública: novo modelo regulatório para as relações entre Estado, mercado e sociedade? entendem o conceito de governança dentro de um contexto temático do Estado em busca de soluções inovadoras:

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[...] uma nova geração de reformas administrativas e de Estado, que têm como objeto a ação conjunta, levada a efeito de forma eficaz, transparente e compartilhada, pelo Estado, pelas empresas e pela sociedade civil, visando uma solução inovadora dos problemas sociais e criando possibilidades e chances de um desenvolvimento futuro sustentável para todos os participantes. (Löffer, 2001:212). (KISSLER E HEIDMANN, 2006).

O modelo de implantação do Incra estão fundamentados na busca da consolidação dos princípios da Política de Governança Digital, Decreto nº 8.638 de 15, de janeiro de 2016, que estabelece em seu artigo 3º:

I - foco nas necessidades da sociedade;

II - abertura e transparência;

III - compartilhamento da capacidade de serviço;

IV - simplicidade;

V - priorização de serviços públicos disponibilizados em meio digital;

VI - segurança e privacidade;

VII - participação e controle social;

VIII - governo como plataforma; e

IX - inovação. (BRASIL, 2018)

A forma de implantação paralela (ou híbrida) contemplou fase de transição e de convivência entre processos “em papel” (não digital) e processos SEI (digital), bem como estabeleceu a etapa para a digitalização do legado permanente da instituição. As principais etapas do modelo de implantação paralela no período de 2017 a 2021 no Incra são:

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− Número de usuários internos: 6.263 (usuários utilizando o SEI)

− Número de usuários cadastrados 6.694 (usuários cadastrados no SIP- sistema de permissões)

− Relação entre usuários cadastrados e utilizando o SEI = 93,54% de interação.

− Número de processos digitais gerados no SEI: 125.692

− Número de processos digitais em tramitação no SEI:139.357

− Número de documentos digitais gerados no SEI:490.310

− Número de documentos digitais recebidos no SEI:336.385

Figura 2: Etapas do Plano de Implementação do SEI-Incra

2017 2018 2019 202002/10/2017 Até 31/12/2018 01/01/2019 31/12/2020

SEI “vira a chave”. Só iniciam

processos nato-digitais.

Finalizar digitalização processos em tramitação.

Todos os processos em tramitação no

Incra serão digitais - SEI

Documentação permanente do Incra

sendo inserida no SEI.

2021 – encerramento Plano SEI

Abaixo, seguem exemplos de resultados após sete meses de implantação do sistema (de 02/10/2017 a 02/06/2018)

Figura 3: Quadro-resumo de resultados do SEI_Incra:

Fonte: Coordenação do GT SEI – Incra.

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Percebe-se que em sete meses, a maioria dos agentes pú-blicos do Incra (93,54%) operam com processos eletrônicos, con-figurando uma condição de sucesso no Plano de Implementação do SEI-Incra. Nesse mesmo período, houve a geração de 125.692 processos e 490.310 documentos nato-digitais, representando maior agilidade no fluxo burocrático do órgão, com economicidade e sus-tentabilidade. Esses processos e documentos nato-digitais geram economia de papel, de tempo e de demais recursos tradicionais em impressão e transporte de documentos.

4. Cultura de riscos: o que se ganha e o que não se perde

Inovar significa enfrentar medos, culturas, valores. Correr riscos é sentir angústias, temer incertezas, fracassos; ter vergonha de não dar certo. O risco organizacional exige o gerenciamento e a avaliação de possíveis perdas, de barreiras, de limites e do surgi-mento de oportunidades.

Para superar o cenário de riscos e instabilidades, a solução proposta deve ser simples, clara, direta e acessível. Estar ao alcance de todos, com valores internalizados por meio de rotinas, treina-mentos, comunicação. Quanto mais ampla a noção de universali-dade, praticidade e simplicidade da inovação, melhor se torna a superação de riscos por meio da eliminação de angústias e temores diante das ameaças de mudanças.

O fundamental na gestão dos riscos é a compreensão profunda dos valores e da cultura institucionais e da gestão de pessoas, bem como dos recursos tecnológicos e financeiros dispo-níveis. São os agentes públicos que dão vida à organização, im-pactam nas relações interpessoais. Decidem. Agem. São proativos

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na aceitação de inovações ou reativos a mudanças. Assim, a análi-se de riscos deve levar em consideração esses aspectos do projeto a ser executado, alinhando:

− O planejamento estratégico;

− O modelo de governança;

− A cultura de riscos.

O que se teve como solução na implementação do SEI_In-cra foi a elaboração dos itens acima citados, no qual o alinhamento fundamental ocorreu pela identificação “do que se vai ganhar” e a compreensão “do que não se perde” com o novo modelo eletrônico. Todos individualmente se tornaram co-responsáveis por aprender e enfrentar a mudança. Em nenhum momento houve a previsão ou promessa de “salvadores da pátria”. O risco foi assumido e com-partilhado entre gestores, servidores, terceirizados, estagiários.

Assumir a cultura do risco, pois essa noção é inerente à execu-ção de qualquer projeto das organizações, como aponta Amaro (2018):

Ignorar o risco e sua gestão pode provocar reacções em cadeia cujas consequências vão afectar a empresa (os trabalhadores, a imagem pública, a reputação, e a confiança) de forma signi-ficativa e ameaçar a sua sobrevivência. (AMARO, 2018)

Não há que se pensar na totalidade de adesão a inovações, mas é factível se pautar pela curva de normalidade (Figura 3), em que os extremos estão relacionados a grupos “proativos” de um lado e a grupos “reativos” de outro, ambos em menor proporção. A maior parte da curva, é formada por agentes púbicos com graus variáveis de aceitação, mas que são sensibilizados diante dos argu-mentos de positividade da inovação proposta.

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Figura 3: Curva de normalidade - tendência dos grupos diante da inovação do SEI

O que se “ganha” na gestão da inovação precisa ser reco-nhecido por todos como um novo valor coletivo da organização. Culturalmente a inovação precisa ser sólida, mensurável, filoso-ficamente saudável. Neste processo de mudança cultural, a ação dos Grupos de Trabalho SEI (GTs SEI) contou com a participação nacional de cerca de 400 servidores públicos, que foram essenciais para mobilizar talentos e alavancar resultados, mesmo diante de poucos recursos orçamentários disponíveis, baixa tecnologia de in-fraestrutura de rede. Os cursos de capacitação foram basicamente, aqueles ofertados gratuitamente pela ENAP – Escola Nacional de Administração Pública na modalidade EAD. Na estratégia de su-peração de riscos as atividades dos GTs SEI foram oportunizadas e disponibilizadas para todos indistintamente: gestores, servidores,

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terceirizados e estagiários, aplicando-se no Plano SEI o conceito de “agente públicos”.

O ganho econômico operacional também representa fator positivo para adesão de pessoas à inovação. Há percepção de que recursos poupados podem ser aplicados em outras áreas de moder-nização, gerando eficiência por meio da redução de custos com:

− Aquisição de papel, material de escritório e toners;

− Impressões – Outsourcing;

− Serviços de postagens, de mensageiros, de transportes.

Como exemplo de economia da consolidação da solução SEI_Incra (“virar a chave em 02/10/2017”), em apenas seis meses após a fase de processos eletrônicos houve uma redução de gastos no serviço de malotes (Correios) na ordem de até 25%, com proje-ção de redução de gastos em até 65% com Correios em um ano de funcionamento do SEI.

As despesas anuais do Incra com serviço de Correios antes do SEI eram cerca de R$ 999.606,36. No período de outubro/2017 a março/2018 – seis meses - se verificou uma economicidade de R$ 96.859,62 referentes a “Serviços Postais e Malote”. O Serviço de Malote será encerrado em 2018, com economia anual prevista de R$ 510.847,68. Um valor considerável a ser alocado em melhorias da qualidade de outros serviços institucionais, permitindo ampliação da prestação de serviços ao público beneficiário da reforma agrária e à sociedade em geral.

A economia do “serviço de transporte” de documentos é uma comprovação dos elementos de utilidade, praticidade, econo-micidade e eficiência do SEI, considerando que na forma “eletrônica”

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os processos administrativos podem ser tramitados sem custos. Por exemplo: a Superintendência Regional do Rio Grande do Sul com sede em Porto Alegre encaminha processo para a Unidade Avançada de “Alto Purus”, no Acre, em segundos, sem custos adicionais do transporte físico de documentos pelo serviço tradicional de malote.

O que parece detalhe operacional ou “coisa menor” da or-ganização não pode ser desprezado pela alta direção das organi-zações que planeja a gestão de mudanças. O trabalho integrado no período de 2016 a 2018 em todas as ramificações da Incra dá o tom da gestão inovadora do SEI-Incra em que:

− Todas as pessoas são importantes e podem ajudar com seus talentos;

− Rotinas podem ser melhoradas pela governança digital;

− Experiências positivas já disponíveis da Administra-ção Pública devem ser internalizadas com eficiência e economia.

Há, portanto, que se pensar na criação de filosofias orga-nizacionais saudáveis, firmes e de comunicação clara. Quando há uma estratificação de valores muito exagerada entre funções “no-bres” e outras “desprezíveis”, o aspecto saudável da inovação digi-tal organizacional permanece em risco constante.

Vasconcelos Filho (2018) esclarece que há muitos erros na condução diária de empresas entre elas a ausência de uma filosofia própria:

Falta de uma filosofia da empresa, saudável, firme e divul-gada. Descobriu-se que, na maioria das empresas pesquisa-das, “a mão direita não sabe o que (nem por que) a mão es-querda está fazendo”. A filosofia da empresa traduz, segundo

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Marvin Bower,” o conjunto de leis, normas e orientações que gradualmente são estabelecidas na empresa como padrões es-perados de comportamento’’.

Ainda de acordo com Vasconcelos Filho (2018), outros ele-mentos de risco na gestão e planejamento estratégico das empre-sas, apontados em estudos da American Management Association (AMA), desde a década de 1974, podem ser citados como: falta da compreensão da função de ‘dirigir’; falta de uma perspectiva adequada em cada área da empresa em relação aos impactos na atuação total da companhia; falta de convergência de objetivos considerando que muitos objetivos da organização são dissocia-dos e, às vezes, opostos.

5. Considerações finais

O objetivo central desse estudo foi identificar caminhos gerenciais de sucesso na implementação do Sistema Eletrônico de Informações- SEI, no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra, autarquia federal criada nos anos de 1970.

A ação de mudança digital refere-se à quebra de paradigmas entre o modelo “tradicional” do uso intensivo de papel para o novo sistema eletrônico na geração, tramitação, arquivamento de processos administrativos, que impactou a histórica rotina burocrática do trabalho dos mais de seis mil agentes públicos que atuam no Incra em todo território nacional.

O sucesso verificado refere-se à consolidação das mudanças a partir do alinhamento positivo das ações de planejamento, governança e cultura do risco frente ao objetivo de “virar a chave do SEI”, no ano de 2017. A mudança ocorreu simultaneamente em

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todas as mais de 850 unidades administrativas do Incra com vistas à modernização gerencial e de procedimentos administrativos rumo à desburocratização, eficiência, economicidade, sustentabilidade.

O planejamento da gestão de mudanças incluiu uma refle-xão continuada sobre a metodologia adotada, permitindo a clareza das diretrizes; definição de apoio institucional e convencimento da alta direção; alinhamento de missão, valores da Instituição; modelo de implantação; cultura organizacional e o uso de papel; gestão e ferramentas de mudanças; etapas a serem seguidas; delimitação do escopo; controle; modelo de governança; treinamentos EAD e pa-lestras de sensibilização; infraestrutura e tecnologia; comunicação; aspectos legais; plano de implantação; migração e parametrização de dados; gestão de risco.

A sensibilização da alta direção, sobretudo da Presidência do Incra, foi fator essencial para disciplinar a gestão da mudança no conjunto de dirigentes, servidores, terceirizados, estagiários e teve no “Plano SEI” e na publicação da Portaria Incra 565/2017 a consolidação de ferramentas estratégicas unificadas que permitiram a viabilidade da mudança do paradigma tradicional do papel para o modelo digital dos processos eletrônicos.

A metodologia de governança das ações de planejamento foi executada pelos 31 Grupos de Trabalho GT-SEI do Incra e incluíram os fundamentos do “conhecimento e aprendizagem colaborativa”; “da inovação em gestão pública” e da “governança digital”, cujos objetivos, diretrizes e princípios encontram-se pautados nos Decretos 8.539/2015 e 8.638/2016, com destaque para a finalidade de gerar benefícios para a sociedade mediante o uso da informação e dos recursos de tecnologia da informação e comunicação na prestação de serviços públicos.

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CORREGEDORIA

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Entre as iniciativas para conferir maior transparência às ações do Incra, uma delas ganha especial destaque: a implantação da Corregedoria-Ge-ral da autarquia (CGE). Criada pelo Decreto 8.955, de janeiro de 2017, a estrutura de cor-reição tem por ob-jetivo aprimorar os processos de gestão do instituto, de forma a prevenir a ocorrên-cia de atos irregulares por parte de servidores, além de apurar

possíveis responsabilidades.A CGE atua em parceria com

os gestores. Ela tem um caráter pedagógico e de orientação para que a adoção de práticas adminis-trativas siga nor-mas processuais e procedimentos regulares. Desta forma, a Corre-gedoria-Geral do

Incra promove e estimula ações que aprimorem os mecanismos de controle de gestão.

Um dos principais objetivos

IMPLANTAÇÃO DACGE APRIMORAOS PROCESSOS DEGESTÃO NO INCRAMarlucio Luna

A Corregedoria orienta os gestoressobre as corretas

normas processuais

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da atuação da CGE é substituir a visão ultrapassada de corregedo-ria voltada para “ação punitiva” pela de estrutura de suporte aos gestores. Em um modelo moder-no de atuação, ela adota iniciati-vas de natureza preventiva e es-timula a criação de uma cultura correcional no Incra-Sede e nas superintendências regionais.

“Creio que, em termos de modernização de gestão, a implantação da Corregedo-ria-Geral do Incra marca um novo momento na história do instituto. Nossa autarquia tem quase meio século de trabalho e não poderia prescindir de uma estrutura adequada de correi-ção. No entanto, a CGE não foi criada a partir de uma lógica de caça às bruxas. Um moder-no sistema de controle interno pune quando necessário, mas trabalha, antes de tudo, com os conceitos de prevenção, capaci-tação e informação. É uma mu-dança de paradigma e estamos trabalhando para a implanta-ção dessa nova cultura institu-cional”, explica o presidente do instituto, Leonardo Góes.

Funcionamento

A CGE atua em três níveis: coordenação, supervisão e exe-

cução. No primeiro, ela organiza e presta as informações referen-tes aos processos em andamento. O segundo cuida da supervisão das ações de natureza correcio-nal. O último nível diz respeito à instauração e à condução de apurações disciplinares, além de atuar nas inspeções correcionais.

A competência de ação em termos correcionais é exclusi-va da CGE, quando os indícios de irregularidades ocorrem no âmbito da Sede, e das superin-tendências regionais, naqueles casos em que a questão ocorre no plano local.

O papel da CGE ganha ain-da mais importância em função do relatório da Secretaria de Controle Interno da Presidên-cia da República (Ciset-PR) que aponta a ausência de gestão correcional na maioria das au-tarquias federais. Entre as cau-sas levantadas no documento, estão a falta de pessoal capaci-tado para levar adiante os pro-cedimentos e a inexistência de um fluxo definido para trata-mento da questão.

Capacitação

Para que as atividades cor-recionais sejam implementadas de maneira adequada, a CGE

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definiu um cronograma de capacitação de servidores na Sede e nas superintendências regionais. Assim, os gestores terão à disposição pessoal devi-damente habilitado para atuar em uma área tão sensível e ca-paz de implantar a cultura de prevenção a irregularidades.

A primeira iniciativa da CGE no campo da capacita-ção foi o Projeto Prevenir, que busca aproximar os servido-res da matéria correcional. A partir de uma parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), em uma primeira eta-pa 180 servidores serão atendi-dos pelo Projeto Prevenir – 90 deles ainda em 2018. Além da capacitação relativa à matéria disciplinar, os alunos aprende-rão a utilizar o Sistema de Ges-tão de Processos Disciplinares (CGU-PAD), de uso obrigató-rio na esfera do Poder Executi-vo Federal.

Em 2019, além da conti-nuidade do Projeto Prevenir, a Sede e as superintendência regionais sediarão a “Roda de Conversa” – encontro no qual serão debatidos temas da atua-lidade e de interesse dos servi-dores, tais como assédio moral e sexual, inassiduidade, falta de urbanidade com os colegas, uso adequado de viaturas oficiais, negligência profissional, des-cumprimento de ordens legais, prevenção de ilícitos, instrução de denúncias e representações, entre outras questões.

Muitas vezes, o servidor comete algum ato irregular por falta de informação. Iniciativas como a “Roda de Conversa” e o Projeto Prevenir buscam su-prir essa lacuna. A CGE acre-dita que a força de trabalho do Incra também necessita de ca-pacitação na área correcional. Com isso, espera-se a redução do número de procedimentos disciplinares abertos, melho-rando a qualidade do serviço prestado pela autarquia.

Ganhos para o Incra

Em quase dois anos de fun-cionamento, a CGE apresen-ta resultados expressivos. O primeiro deles diz respeito à

O planejamento daCGE prevê que180 servidores

serão capacitados

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maior segurança na tomada de decisão no âmbito administra-tivo por parte de gestores e ser-vidores – a partir de medidas gerenciais de risco das situa-ções –, reforçando os mecanis-mos de controle e prevenindo a ocorrência de desvios.

Outro ganho importante para autarquia diz respeito à maior celeridade nas apura-ções de ilícitos. Com isso, su-perou-se a fase em que proces-sos disciplinares permaneciam sem conclusão, mesmo após longos períodos. Além de ini-bir a ocorrência de irregulari-dades, a resposta rápida por parte da CGE auxilia o Incra no cumprimento de seu papel de autarquia comprometida com a transparência, a correta apli-cação de recursos públicos e o respeito ao cidadão.

Desafios

A Corregedoria enfrentará grandes desafios nos próximos anos. O primeiro será superar definitivamente a cultura de “corregedoria policial” e conso-lidar a perspectiva de trabalho preventivo no Incra. Em uma autarquia com a capilaridade do instituto, implantar a nova visão de correição nas 30 supe-

rintendências regionais repre-senta um esforço de grandes proporções.

O desafio é criarna autarquia umanova cultura na

área de correição

Outro ponto que merece atenção especial se refere à cria-ção de normativos internos que agilizem e facilitem as ações da CGE. Tal medida auxiliará gesto-res e servidores no tratamento de denúncias e representações, além de estabelecer regras ainda mais detalhadas para os processos ad-ministrativos disciplinares.

“Em menos de dois anos, criamos uma estrutura que, an-tes de tudo, busca valorizar o trabalho do servidor cumpridor de seus deveres, que é a maioria no Incra. Com foco na preven-ção e na informação, queremos dotar a autarquia de modernos mecanismos de controle e de governança. Esta é uma exigên-cia da sociedade e um compro-misso assumido pelo instituto”, frisa o presidente do Incra.

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OUVIDORIA

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Um trabalho árduo e deli-cado, que exige capacidade de mediar conflitos e de encontrar soluções para pre-venir e reduzir a violência na zona rural, mas que nem sempre é re-conhecido. Essa é a missão da Ou-vidoria Agrária Nacional (OAN) – integrante da estrutura regimental do Incra, como órgão de assistência direta e imediata à Presidência da au-tarquia, desde janeiro de 2017.

“Costumo dizer que 80% do trabalho da Ouvidoria Agrá-ria Nacional jamais aparece,

já que atuamos principalmente na prevenção da violência. Se te-mos sucesso, não há ataques, mor-tos ou feridos. Ninguém vai ler uma manchete de jornal dizen-

do ‘OAN impede conflito’. Ou seja, estabelecemos ações de antecipação aos problemas, algo que passa despercebido

OAN ADOTA ODIÁLOGO COMO ESTRATÉGIA PARAMEDIAR CONFLITOS Kalyandra Vaz

Em janeiro de 2017,a OAN passou a

fazer parte daestrutura do Incra

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pela sociedade”, diz o ouvidor agrário nacional Jorge Tadeu Jatobá, que é o titular da OAN desde que o órgão passou a in-tegrar o Incra.

Servidor de carreira da autar-quia, o ouvidor acredita no poder

do diálogo para articular ações envolvendo governos estaduais, Poder Judiciário, Ministério Pú-blico, prefeituras, proprietários de terras e movimentos sociais para a redução do número de ca-sos de violência no meio rural.

Jatobá acredita que o diálogo é o melhor caminho para reduzir os conflitos.

“Apostando na capacidade de dialogar, conseguimos evi-tar muitas mortes no campo. Reconhecemos que ainda há um longo caminho para que a violência no meio rural deixe

de existir, mas perseguimos in-cansavelmente essa meta, com a indispensável colaboração das ouvidorias das superin-tendências regionais do Incra, que desempenham um papel

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de suma importância”, afirma Jorge Tadeu Jatobá.

Desde que passou a in-tegrar a estrutura do Incra, a OAN realiza um trabalho dire-cionado à redução dos conflitos no campo, mesmo naquelas si-tuações em que não haja ligação direta com a atuação do Incra.

Capilaridade do Incra

Para Jorge Tadeu Jatobá, a incorporação da OAN à estru-tura do Incra possibilitou signi-ficativa melhora na integração de suas ações e maior celeri-dade na mediação de conflitos agrários. Segundo ele, a capila-ridade da autarquia – que con-ta com 30 superintendências re-gionais, 49 unidades avançadas e escritórios – agiliza o atendi-mento das demandas apresen-tadas à Ouvidoria.

volvimento Agrário (MDA), a OAN e a Comissão Nacio-nal de Combate à Violência no Campo (CNCVC) foram extintas no segundo semestre de 2016. Em janeiro de 2017, a Ouvidoria foi recriada e vincu-lada ao Incra por meio do De-creto 8.955/2017, que aprovou a nova estrutura regimental da autarquia, e regulamentada pela Portaria 49/2017.

De acordo com o artigo 7º do Anexo I do Decreto 8.955/2017, compete à OAN a promoção de gestões junto a representantes do Poder Judiciário, do Minis-tério Público, governos esta-duais e municipais, movimen-tos sociais rurais, produtores rurais e sociedade civil com o objetivo de prevenir, mediar e resolver as tensões e os confli-tos agrários a fim de garantir a paz no campo; a realização de diagnósticos acerca das tensões e dos conflitos sociais no cam-po, de forma a propor soluções pacíficas; e a adoção de medi-das necessárias para garantir a preservação dos direitos huma-nos, de propriedade e sociais das pessoas envolvidas em nestes conflitos. As informa-ções coletadas pela Ouvidoria subsidiam o presidente do In-cra e outras autoridades para a

A capilaridade da autarquia facilita

o trabalho daOuvidoria Agrária

Anteriormente vinculada ao antigo Ministério do Desen-

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tomada de decisões.“Ao tomarmos conhecimen-

to de uma situação de conflito, contamos com o apoio dessa es-trutura capilarizada, o que pos-sibilita que as medidas adotadas sejam rapidamente implementa-das. Estamos falando de conflitos que ocorrem, muitas vezes, em regiões distantes, de difícil aces-so. Nossa atuação na prevenção de conflitos exige uma perma-nente corrida contra o tempo e requer, além da capacidade de dialogar, agilidade e eficiência”, diz o ouvidor agrário.

O respeito conquistado pelo Incra ao longo de quase 50 anos de trabalho também favorece a atuação da OAN. “Quando sen-tamos à mesa para negociar, as partes envolvidas sabem que não haverá falsas promessas ou soluções fáceis. Autoridades estaduais e municipais, Ministé-rio Público, produtores rurais e movimentos sociais confiam no Incra. Esses atores têm certeza de que buscaremos sempre uma solução justa e que contemple os direitos de todos os envolvi-dos”, afirma o corregedor.

O ouvidor agrário nacional explica que a violência no cam-po no Brasil tem como principal causa uma histórica disputa por terras que teve início ainda no século XVI, com a chegada dos colonizadores portugueses. “A disputa pela terra existe de forma permanente desde a coloniza-ção”, afirma Jorge Tadeu Jatobá.

VIOLÊNCIA NO CAMPOTEM LONGO HISTÓRICO ENÃO SE RESUME APENASA DISPUTAS POR TERRA

O ouvidor destaca a importância da análise dos casos para que não ocorra distorção dos índices.

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No entanto, a disputa por terras e a concentração fundiá-ria não são as únicas causas da violência no campo. O controle pelo acesso a recursos naturais também gera diversos confron-tos, que assumem variadas for-mas. “Algumas organizações incluem em seus levantamen-tos casos, por exemplo, de bri-gas de vizinhos ou de mortes decorrentes de assaltos. Nesse sentido, precisamos analisar com cuidado as estatísticas e evitar distorções”, esclarece Jatobá.

O controle do acessoa recursos naturaistambém provoca

conflitos no campo

Entre os fatores que contri-buem para a violência no cam-po brasileiro, o ouvidor destaca três: o elevado quantitativo de terras públicas com ocupações não regularizadas; a demanda por acesso à terra superior à capacidade de intervenção do poder público; a disputa por áreas ricas em recursos natu-rais que abrigam comunidades

tradicionais, projetos de assen-tamento e unidades de conser-vação legalmente instituídas pelo poder público; a ausência de segurança jurídica que pode ser revertida com o processo de titulação; e a redução dos ní-veis de informalidade da posse da terra.

“Muitos conflitos surgem da sobreposição de áreas ri-cas em minérios e em madei-ra e territórios de comunida-des tradicionais, unidades de conservação, assentamentos e áreas indígenas. Há atualmen-te uma expansão do crime no campo ligada ao extrativismo e ao desmatamento ilegal em áreas onde existem recursos naturais abundantes, como nos estados da Amazônia Le-gal”, explica Jatobá.

O ouvidor agrário nacional substituto, José Líbio de Mora-es Matos, destaca que os traba-lhadores rurais, especialmente os posseiros, são a categoria mais vulnerável à violência agrária. “A maior parte das dis-putas se refere a ações de resis-tência e de enfrentamento pela posse, uso e propriedade da terra e pelo acesso a seringais, babaçuais ou castanhais, envol-vendo posseiros, assentados, remanescentes de quilombos,

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pequenos arrendatários, pe-quenos proprietários, ocupan-tes, agricultores, seringueiros, quebradeiras de coco babaçu, castanheiros e outras popula-ções que tiram seu sustento da terra”, disse.

Questões sociais

Segundo Jatobá, o combate à violência no campo deman-da também a união de esforços entre setores público e privado para o enfrentamento de ques-tões que vão além da disputa por terra e por recursos natu-rais e que envolvem variáveis econômicas, sociais, educati-vas, trabalhistas e jurídicas.

“Há a necessidade de uma ação integrada do poder públi-co, ou seja, de um pacto federa-tivo para que possamos enfren-tar questões socioeconômicas que estão no cerne dos conflitos agrários. Precisamos de uma atuação em âmbito territorial e da ampliação do compromisso do setor privado com a con-trapartida social e econômica. Desta forma, haverá a promo-ção de melhor convivência in-terna no mosaico fundiário”, afirma Jatobá.

Para o ouvidor, a intensi-

ficação do processo de regula-rização fundiária e a titulação de lotes nos projetos de assen-tamento sob gestão do Incra – questões tratadas de forma prioritária pela autarquia – são medidas necessárias para, mais do que assegurar o acesso dos trabalhadores rurais às políticas de incentivo à pequena agricul-tura, promover a segurança jurí-dica e a paz no campo.

As disputas por terratendem a diminuir

com o avanço datitulação dos lotes

“Boa parte dos conflitos se dá por conta de dúvidas acerca de quem é o dono da terra ou das dimensões corretas das pro-priedades. Quando o Incra rea-liza a regularização fundiária de uma área ou titula lotes de um assentamento, há redução considerável no nível de tensão em regiões onde a disputa por terras ainda é a principal causa de violência no campo”, ressal-ta Jorge Tadeu Jatobá.

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O trabalho articulado com instituições públicas ligadas à questão agrária, com órgãos de segurança estaduais e com o Poder Judiciário tem sido a estratégia utilizada pela OAN para prevenir e solucionar de forma ágil e pacífica os conflitos agrários. Quase todos os esta-dos brasileiros contam com re-presentações da Ouvidoria nas superintendências regionais do Incra, que podem ser acionadas por qualquer cidadão.

Os ouvidores agrários re-gionais são a linha de frente do enfrentamento à violência na zona rural. Mas, em casos mais graves, a equipe da direção da OAN, sediada em Brasília, des-loca-se para mediar in loco os conflitos.

“Nos conflitos mais com-plexos, buscamos sempre es-tar presentes nas áreas de dis-puta, dialogando com órgãos públicos, movimentos sociais, proprietários e posseiros para tentar estabelecer um pacto,

PARCERIA COM ÓRGÃOSPÚBLICOS CONTRIBUI PARAA DIMINUIÇÃO DO NÍVELDE TENSÃO NO CAMPO

A OAN atua de forma articulada com autoridades federais e estaduais.

uma trégua até o desfecho da questão fundiária”, diz Jorge Tadeu Jatobá.

O ouvidor agrário nacional destaca a importância da atu-ação dos órgãos de segurança pública no combate ao crime

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organizado no campo e na prevenção das mortes de lide-ranças de movimentos sociais rurais. “Quando os inquéritos criminais não são concluídos, resta uma sensação de impu-nidade muito grande, algo que contribui para a manutenção e o aumento dos conflitos agrá-rios”, afirma o ouvidor.

Varas agrárias

A criação de organismos que reúnam representantes da so-ciedade civil e do poder público – como a recém-instituída Comis-são Estadual de Prevenção e Me-diação de Conflitos Agrários do Pará – e a implantação de unida-des especializadas em questões agrárias nas polícias Civil e Mili-tar, nas Promotorias, nas Defen-sorias Públicas e nos Tribunais de Justiça possuem um papel funda-mental na prevenção, mediação e solução de conflitos na área rural, segundo o ouvidor.

“Há iniciativas exitosas em alguns estados, que contri-buem para a redução dos níveis de violência no campo. Na área de atuação do Poder Judiciário, as varas agrárias são um exem-plo que deveria ser replicado em todo o país”, destaca.

A OAN age de forma arti-culada com essas instituições nos estados onde já foram im-plantadas – principalmente na Amazônia Legal (Amazonas, Pará, Acre, Roraima, Rondô-nia, Amapá e Tocantins e ainda parte do Maranhão e de Mato Grosso). “O trabalho integrado dos órgãos federais, estaduais e municipais é essencial ao pro-cesso de regularização fundi-ária e, consequentemente, im-pacta positivamente a eficiência e a celeridade na resolução dos conflitos agrários, contribuindo para a pacificação social e para a redução da mortandade no campo”, frisa Jatobá.

O ouvidor esclarece que as ações de identificação, delimi-tação, regularização dominial, destinação e verificação das condições contratuais das ter-ras devolutas da União e dos Estados compete ao Incra, aos governos estaduais e ao Progra-ma Terra Legal – ligado à Se-cretaria Especial de Agricultura

A articulação com as Varas Agrárias tem apresentado

ótimos resultados

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Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) da Casa Civil da Presidência da República.

“A atuação destes órgãos combate, além da violência ru-ral, o desmatamento. Ela incen-

tiva a preservação ambiental, já que identifica o dono da pro-priedade. Em caso de irregula-ridade ou crime ambiental, ele é responsabilizado”, explica o ouvidor agrário nacional.

O trabalho da OAN exi-ge dedicação, capacidade de negociação e disposição para percorrer milhares de quilô-metros de avião, de carro e – principalmente nos estados da região Norte – de barco. Mui-tas das áreas onde ocorrem conflitos agrários se localizam a centenas de quilômetros das cidades mais próximas. Mes-mo quando o acesso pode ser feito por via terrestre, nem sempre é possível contar com rodovias asfaltadas. Esses de-safios não impedem que a OAN, quando acionada, esteja presente onde há a iminência de episódios violentos ou onde estes já aconteceram.

TRABALHO DA OANMOBILIZA EQUIPE DE40 TÉCNICOS NA SEDEE SUPERINTENDÊNCIAS

A OAN possui uma rede de trabalho formada por mais de 40 colaboradores que atuam na Sede do Incra, em Brasília, e em quase todas as 30 superin-tendências regionais da autar-quia. No escritório central da Ouvidoria, Jatobá conta com uma equipe de dez pessoas, entre servidores, terceirizados e estagiários.

Apenas em 2017, aOAN participou de

125 reuniões demediação de conflito

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Os dados relativos a des-locamentos, reuniões e ou-tras ações desenvolvidas pela OAN dão uma dimensão do trabalho implementado pela equipe que integra a Ouvido-ria. Desde 2017, ano em que a OAN passou a integrar a es-trutura Incra, os membros da equipe da Ouvidoria em Bra-sília realizaram aproximada-

mente 150 viagens e partici-param de 125 reuniões com o objetivo de mediar ou de pre-venir conflitos agrários.

Além de participar presen-cialmente de negociações em áreas de tensão social e violên-cia no campo fora da capital federal, a equipe de Brasília fez mais de 70 atendimentos pesso-ais no escritório do Incra Sede.

Incorporada à estrutura do Incra há menos de dois anos, a OAN já mediou negociações para a solução de conflitos agrários emblemáticos em vá-rios estados brasileiros, contri-buindo de forma decisiva para a pacificação do meio rural bra-sileiro. Segundo a Ouvidoria, os estados que concentram o maior número de disputas são Pará, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins – que pertencem à

AMAZÔNIA LEGALCONCENTRA O MAIORNÚMERO DE CASOS DECONFLITOS AGRÁRIOS

Amazônia Legal – e a Bahia.“Nem todas as áreas de con-

flitos socioambientais e fundiá-rios estão sob a tutela do Incra, mas a autarquia, como gestora de terras no Brasil, e a Ouvi-doria Agrária têm a missão de contribuir com a tranquilidade e a segurança jurídica no meio rural, independentemente de as áreas em questão estarem ou não sob a responsabilidade da autarquia”, explica Jatobá.

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Ano Total de homicídios

2017 31

2018 *Até outubro 9

Homicídios em investigação, de acordo com documentos regis-trados pela Ouvidoria Agrária Nacional do Incra

Homicídios registrados pela antiga Ouvidoria Agrária Nacio-nal, ligada ao extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário

Ano Total de homicídios

2001 14

2002 20

2003 42

2004 16

2005 14

2006 162007 92008 92009 112010 112011 122012 112013 62014 92015 162016 6

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ENTREVISTA

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PARA O PRESIDENTE DO INCRA, A AUTARQUIA PASSARÁ POR MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS NOS PRÓXIMOS ANOS. NOVAS DEMANDAS SURGIRÃO E AS AÇÕES ATUALMENTE DESENVOLVIDAS SE TORNARÃO AINDA MAIS AMPLAS. O INSTITUTO DESEMPENHARÁ O PAPEL DE PRINCIPAL FORMULADOR DA POLÍTICA AGRÁRIA E FUNDIÁRIA.

ENTREVISTA LEONARDO GÓES

“O Incra subiu do patamar de executor para o de

formulador de políticas públicas e está pronto para assumir a gestão territorial brasileira”

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Com quase cinco décadas de trabalho voltado para a política agrária e o gerenciamento da ma-lha fundiária brasileira, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) se prepara para en-frentar os desafios que surgirão nos próximos anos. Em um contexto de rápidos avanços tecnológicos, sofis-ticação dos arranjos produtivos na pequena agricultura e demandas cada vez mais complexas, a autar-quia necessita adequar sua atuação.

O presidente do Incra, Leo-nardo Góes, avalia que a autarquia passará por mudanças significa-tivas nos próximos anos. Novas demandas surgirão e as ações atu-almente desenvolvidas se tornarão ainda mais amplas. Com isso, o instituto desempenhará o papel de principal formulador de políticas públicas direcionadas às questões agrárias e fundiárias do Brasil.

Nesta entrevista, Góes fala so-bre os principais desafios do Incra, abordando questões que ganharão relevância nos próximos anos. Os te-mas vão da unificação da base de da-dos fundiários até a regularização de terras em faixas de fronteira, passan-do pela capacitação do corpo técnico da autarquia e pela a importância de investimentos na infraestrutura dos projetos de assentamento.

As análises estão fundamentadas na experiência acumulada em cargos como chefe de divisão, superintende regional, diretor e presidente do ins-tituto. Conhecedor das dificuldades enfrentadas pelo Incra – e do poten-cial do corpo técnico –, Góes acredita que a autarquia pode dar substancial contribuição para o desenvolvimento econômico, a redução dos conflitos no campo e a melhoria da qualidade de vida de todas as famílias que traba-lham na agricultura.

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Presidente, por determina-ção do Tribunal de Contas da União (TCU), em 2016 diversas ações da autarquia foram pa-ralisadas. O que mudou des-de então e de que forma essas mudanças poderão impactar o futuro da autarquia?

LEONARDO GÓES – Não apenas para atender às determinações de órgãos de controle externo, a exemplo do Tribunal de Contas da União, mas também por uma necessidade de melhoria na gestão da autarquia, buscou-se a sofisticação dos mecanismos de controle interno, além da modernização de grande parte do normativo que regulava a política agrária do Brasil.

As ações implementadas internamente estão inseridas em esforço muito maior, que é o de tornar o trabalho da au-tarquia mais transparente. Es-truturas como a Corregedoria--Geral e a Ouvidoria do Incra buscam facilitar o acompanha-mento e o controle do nosso trabalho pelo Governo Federal e pela própria sociedade. Ou-tro elemento importante nessa linha foi a implantação do Sis-tema Eletrônico de Informa-ções (SEI), que registra todos os

processos administrativos do Incra e permite que eles sejam acompanhados em tempo real pelo cidadão e pelos órgãos de controle.

Merece destaque também a criação do Grupo de Estudos de Inteligência Territorial (Geit), que tem como objetivo execu-tar de ações de gerenciamento territorial, utilizando técnicas de geoprocessamento e de sen-soriamento remoto. Com o uso adequado da tecnologia dispo-nível, será possível realizar de forma remota ações como ges-tão ambiental e monitoramento de assentamentos, fiscalização cadastral e regularização fun-diária de imóveis rurais.

No âmbito dos normati-vos, destaco a publicação da Lei 13.465/2017, que aperfei-çoou os instrumentos adota-dos de destinação de terras para criação de assentamen-tos, os processos de cadastro e seleção de candidatos, além dos critérios de permanência no Programa Nacional de Re-forma Agrária (PNRA). Já o Decreto 9.066/2017 unificou modalidades e simplificou a operacionalização do crédito, permitindo que mais famílias tivessem acesso a recursos para o desenvolvimento dos assen-

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tamentos. Podemos citar ainda a elaboração de um novo Plano de Supervisão Ocupacional dos lotes da reforma agrária, com utilização intensiva de sistemas de informação, o que permitirá uma maior agilidade no com-bate a eventuais irregularida-des nas áreas concedidas pelo Instituto.

Enfim, são avanços incor-porados de forma permanente ao trabalho cotidiano do Incra e que buscam aprimorar as ferramentas de gestão e con-trole social, permitindo a me-lhoria contínua das políticas públicas implementadas pelo instituto.

Com base na sua experiên-cia como gestor, quais são os desafios do Incra para os pró-ximos anos?

LG – Uma autarquia com quase cinco décadas enfrenta diversos desafios. No entan-to, posso elencar os principais pontos que vão preparar o Incra para que continue cum-prindo e aprimorando o seu papel institucional. Creio que o mais importante desafio dos próximos anos é a unificação, no âmbito da União, da base de dados fundiários do meio

rural. Este processo, integrado com o cadastro de imóveis ru-rais, permitirá que o Governo Federal e, principalmente, a sociedade tenham pleno co-nhecimento territorial. Essas informações servirão para ga-rantir o uso racional do territó-rio e estabelecer as bases para a definição de políticas para o meio rural.

Creio que o mais importante desafio é a unificação da base de

dados fundiários

Como pode ocorrer a unifi-cação da base de dados?

LG – Teremos como pilar o Sigef [Sistema de Gestão Fun-diária], que cumprirá a função de ser o sistema estruturante da unificação. Desta forma, o Incra poderá aprimorar o seu papel de órgão responsável pela boa governança do ter-ritório nacional. Outra vanta-gem decorrente da iniciativa é a melhoria dos mecanismos de controle da arrecadação fis-

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cal. Em um cenário econômico como o que vivemos hoje, am-pliar a arrecadação sem ele-var impostos é algo mais que desejável. Mas temos outros grandes desafios de suma im-portância para o Incra, como a melhoria dos assentamentos já implantados e o avanço na questão da regularização fun-diária.

Quais são as ações possí-veis para a melhoria das con-dições de vida nos assenta-mentos já implantados?

LG – Uma delas se refere às condições da infraestrutura nos projetos de assentamento sob a responsabilidade do Incra. A autarquia precisa intensificar os investimentos nessa área, para elevar a produtividade nos lotes e melhorar a qualida-de de vida dos assentados.

Tal esforço se divide em três vertentes. A primeira é a ques-tão da moradia. Hoje, há um déficit habitacional que atinge 10% das famílias beneficiárias. Temos condições de eliminar

O Incra voltou a ter como uma de

suas atribuições a construção de casas

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essa defasagem em quatro ou cinco anos. O Incra voltou a ter como uma de suas atribuições a construção de casas. Nossa expertise permite o atendimento da demanda represada em um menor espaço de tempo e de forma desburocratizada.

A segunda vertente é uni-versalização do acesso à água para consumo humano e ani-mal nos assentamentos do In-cra. O caminho é apostar em parcerias com municípios, esta-dos e outras áreas do Governo Federal que trabalham com a questão. A autarquia já tem di-versas parcerias estabelecidas, porém creio que podemos in-tensificar a formalização desses acordos, envolvendo mais ór-gãos nas três esferas da admi-nistração pública.

Não menos importante, a terceira vertente aponta para a criação de condições adequadas de comercialização dos produ-tos do pequeno agricultor. Mais uma vez, as parcerias são fun-damentais. É imprescindível a articulação entre municípios, estados e Governo Federal para a implementação de projetos de apoio técnico e fomento à agroindustrialização. A agroin-dústria agrega valor aos produ-tos e permite a conquista de no-

vas parcelas do mercado. Junto a isto, vejo como indispensável a união de esforços no senti-do da instalação de mercados municipais e regionais para a comercialização de produtos da pequena agricultura. Temos alguns exemplos deste tipo de parceria. O mais recente foi o convênio firmado entre o Incra e a Prefeitura de Estância, em Sergipe, com vistas à constru-ção de um mercado municipal para que pequenos agricultores possam vender sua produção. Iniciativas como esta têm o po-der de movimentar a economia da região, incentivar o processo de geração de renda e sofisticar os arranjos produtivos locais.

É indispensável a instalação de mercados

municipais para o pequeno produtor

A regularização fundiá-ria também se coloca no rol dos desafios para os próximos anos. Na sua avaliação, qual será o papel da autarquia den-tro desse contexto?

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LG – O Incra reúne todas as condições necessárias para a promover ações efetivas com vistas à retomada da re-gularização fundiária no país. Alguns ainda não atentaram para um fato importantíssi-mo: a regularização confere ao pequeno e médio agricul-tor condições de elevar a sua competitividade, com o aces-so a linhas de crédito mais robustas e com melhores ta-xas. Quem vive a realidade da agricultura sabe que, rece-bendo o apoio necessário, essa atividade tem potencial para contribuir decisivamente para o crescimento econômico do país, elevando o nível de em-prego nas pequenas e médias cidades, além de fixar a mão de obra no campo. Este é um amplo processo, no qual as-pectos sociais e econômicos se mesclam. Cabe ao Incra o pa-pel de protagonista da regula-rização fundiária no Brasil.

Mas ainda há questões complexas que interferem na regularização fundiária nas faixas de fronteira.

LG – A regularização fun-diária nessas áreas precisa le-var em conta aspectos como a soberania nacional e a garantia de integridade do território bra-sileiro. No entanto, creio que sua implementação, observa-das essas peculiaridades, tem potencial para estimular o de-senvolvimento econômico das regiões próximas às fronteiras. O Incra precisa contribuir para a solução de um problema que afeta grandes extensões de ter-ra. Assumindo o nosso papel de formulador, podemos apre-sentar propostas e encaminhar soluções para beneficiar essas regiões, que hoje vivem uma espécie de zona cinzenta em ter-mos de regularização fundiária.

Outra área sensível na questão fundiária diz respei-to ao acesso à terra por parte das comunidades tradicionais. Diante das dificuldades ine-rentes ao processo, qual deve-rá ser o papel do Incra?

LG – Garantir o reconhe-cimento dos territórios ocupa-

Cabe ao Incra o papelde protagonistada regularização

fundiária no Brasil

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dos por comunidades tradicionais é apenas uma parte da ques-tão. Na verdade, ela é muito mais ampla. Não basta garantir a terra. O Estado precisa dar um passo à frente, fomentando a estru-turação de arranjos produtivos, facilitan-do o acesso a crédito e criando políticas vol-tadas especificamente para esse público. A meta é inserir essas co-munidades na econo-mia moderna. Temos que pensar formas de estimular a geração de renda, incentivando o desenvolvimento eco-nômico sustentável. Mas isso só será viável se aproveitarmos o potencial das comunidades tra-dicionais, respeitando sua cul-tura e suas tradições. Mais uma vez, a expertise do Incra pode apontar os melhores caminhos.

O Incra enfrenta hoje um déficit de servidores para en-frentar esses desafios propos-tos. Apesar de qualificada, a força de trabalho está abaixo das necessidades da autarquia. Como superar o problema?

LG – A primeira medida será investir intensamente na qualificação do corpo técnico, adequando a nossa mão de obra aos avanços tecnológicos que vêm sendo incorporados ao dia a dia da autarquia. Geoproces-samento, inteligência territorial e uso de Vants [veículos aéreos não tripulados] são ferramentas já adotadas pelo Incra e que experimentam um incessante avanço tecnológico. Manter os servidores atualizados nessas áreas dará ao instituto condi-

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ções de responder de forma mais rápida e eficaz às deman-das que surgirão. O Incra já busca, dentro de suas possibili-dades, investir em capacitação, mas precisamos intensificar os esforços e direcionar um volu-me mais expressivo de recur-sos para este tipo de ação. Esta é uma questão estratégica e que não poderá ser colocada em se-gundo plano.

Como o fortalecimento do Incra poderá desempenhar um papel importante na redução de conflitos agrários?

LG – O Incra deverá focar na consolidação de sua posição de principal órgão federal vol-tado para o desenvolvimento rural sustentável. Para tanto, precisamos ter maior eficiência nas ações direcionadas ao pro-vimento do acesso à terra, além de reforçar ainda mais o papel da autarquia como mediador de conflitos no campo.

Dentro da perspectiva de redução dos conflitos no cam-po, vejo que há a necessidade de aprimorar o já exitoso pro-cesso de titulação dos lotes da reforma agrária – seja de forma coletiva ou individual. A segu-rança jurídica derivada da titu-

lação beneficia não só o públi-co assentado, mas o setor rural como um todo.

A emissão de títulos beneficia não só o

assentado, mas o setor rural como um todo

É possível que o Incra ve-nha a consolidar-se como for-mulador de políticas públicas para o meio rural?

LG – Avalio que a autar-quia já se consolidou nesse pa-pel. Toda a discussão acerca da nova legislação sobre a política agrária e fundiária contou com a nossa participação. Apresen-tamos propostas e sugestões que, na medida do possível, foram incorporadas ao arca-bouço legal. Também levamos estudos à Casa Civil que cul-minaram com as mudanças na política de concessão de crédito às famílias assentadas, a cria-ção de novas modalidades de financiamento, a elevação de valores e a recriação de linhas que haviam sido descontinua-

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das. Creio que o Incra subiu do patamar de executor para o de formulador de políticas públi-cas e está pronto para assumir a gestão territorial brasileira. Este é um caminho sem volta e o Incra vem se preparando in-cessantemente para subsidiar o Governo Federal na tomada de decisões que possam melhorar

a vida da população que vive no meio rural brasileiro. No que se refere à política fundiária, o instituto tem totais condições de contribuir decisivamente para que ela pode volte a ser um im-pulsionador do empreendedo-rismo no campo e um grande instrumento de crescimento econômico e social.

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Michel TemerPresidente da República

Eliseu PadilhaMinistro-chefe da Casa Civil da Presidência da República

Leonardo Góes SilvaPresidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)

Ewerton Giovanni dos SantosDiretor de Desenvolvimento de Projetos de Assentamento.

Clóvis Figueiredo CardosoDiretor de Obtenção de Terras e Implantação de Projetos de

Assentamento

Cletho Muniz de BritoDiretor de Ordenamento da Estrutura Fundiária

Wagner Lateri JúniorDiretor de Gestão Estratégica

Juliano PasqualDiretor de Gestão Administrativa

Jorge Tadeu Jatobá CorreiaOuvidor Agrário Nacional

Jorge MourãoCorregedor-geral