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Reflexões sobre nossa vocação missionária SERMÕES DE SETEMBRO 2017

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Reflexões sobre nossa vocação missionária

SERMÕES DE SETEMBRO

2017

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Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.É proibida a reprodução parcial ou total sem autorização da Igreja Adventista da Promessa.

Alan Pereira RochaJosé Lima de Farias FilhoHermes Pereira BritoMagno Batista da SilvaOsmar Pedro da SilvaOtoniel Alves de OliveiraGilberto Fernandes CoelhoJoão Leonardo Júnior

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

DiretorConselho Editorial

IMPRESSÃO

Gráfica e Editora A Voz do CenáculoRua Dr. Afonso Vergueiro, nº 12 – Vila MariaSão Paulo – SP – CEP 02116-000Fone: (11) 2955-5141 – Fax: (11) 2955-6120

Revisão de textos: Eudoxiana Canto Melo Capa e editoração: Farol Editora

SUMÁRIO

2 de setembro • SERMÃO 1

CHAMADOS PARA FAZER A DIFERENÇA ............................... 3

9 de setembro • SERMÃO 2 CHAMADOS PARA PREGAR A PALAVRA............................... 11

16 de setembro • SERMÃO 3 CHAMADOS PARA FAZER DISCÍPULOS ................................ 19

23 de setembro • SERMÃO 4 CHAMADOS PARA SERVIR OS POVOS ................................... 27

30 de setembro • SERMÃO 5 CHAMADOS PARA SERMOS SACERDOTES ........................... 35

Andrei SampaioEleilton FreitasJailton SouzaKassio Lopes

Autores

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Campanha de Oração 2017 | 3

2 DE SETEMBRO

SERMÃO 1

INTRODUÇÃO: A paz do Senhor Jesus a todos os irmãos e irmãs. Setembro é o mês de missões. Por isso, neste mês, tere-mos uma série sermões intitulada “Cristãos relevantes: Refle-xões sobre nossa vocação missionária”. Nela, vamos pensar em alguns motivos para os quais Cristo nos chamou. O sermão de hoje tem como título: “Chamados para fazer a diferença”. Por favor, abram as suas Bíblias em Mateus 5:13-16 e leiamos:

Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada so-bre um monte; nem se acende a candeia e se coloca de-baixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifi-quem a vosso Pai, que está nos céus.

Há quase três anos, um site publicou em sua página na in-ternet um artigo interessantíssimo com 14 exemplos tocantes de pessoas que fizeram toda a diferença com simples gestos de

CHAMADOS PARA FAZER A DIFERENÇA

Mateus 5:13-16

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4 | Igreja Adventista da Promessa

bondade.1 Entre os exemplos citados, estava a história singela de estudantes que consolaram um amigo, após ele ter perdi-do sua mãe, vítima de câncer; tinha também o relato de um homem que lia diariamente para um outro senhor que não sabia ler; tinha um rapaz que foi flagrado segurando um guar-da-chuva para uma cadeirante em uma tempestade; policiais que entregaram pessoalmente as pizzas do entregador, que, momentos antes, havia se envolvido num acidente de trânsito, e também uma senhora que varria periodicamente as ruas da sua comunidade pelo simples prazer de ajudar.

Ao ler esses relatos, todos singelos, precisamos perguntar a nós mesmos: Será que Jesus Cristo espera de nós, seus se-guidores, que façamos a diferença em nossa sociedade? Não é preciso deixar essa pergunta ressoando em nossos ouvidos por muito tempo. É claro que a resposta é um enfático “sim”. O texto de Mateus 5:13-16 trata exatamente sobre isso. Mas a questão é: Como fazer isso? Jesus nos responde.

1. FAZEMOS A DIFERENÇA INFLUENCIANDO A NOSSA SOCIEDADE

Sal, luz e uma cidade construída em cima de uma colina. Essas foram as imagens usadas por Jesus para falar aos seus discípulos sobre sua missão de fazer a diferença no mundo. Es-sas imagens eram muito familiares aos seus ouvintes. Todos ti-nham sal e lamparina em casa, e inúmeras cidades conhecidas daquela época eram construídas sobre montes. Com essas imagens tão conhecidas de seus ouvintes, Jesus exemplificou como sua igreja deveria fazer a diferença na sociedade.

1. Disponível em: <https://www.tudointeressante.com.br/2014/10/14-exemplos-to-cantes-de-pessoas-que-fizeram-toda-a-diferenca-com-simples-gestos-de-bondade.html>. Acessado em: 24/07/2017.

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Campanha de Oração 2017 | 5

Utilizemos duas dessas imagens: o sal e a luz. Tanto uma quanto o outro influenciam positivamente o lugar em que são postos. O sal dá sabor à comida e a luz ilumina um local escuro. Com isso, Jesus está nos ensinando que a igreja, de igual for-ma, deve influenciar o ambiente onde está inserida. Contudo, para que os cidadãos do reino possam influenciar a sociedade, precisam, em primeiro lugar, ser diferentes dos não-cristãos. Essa é uma condição inegável. “A mais evidente característica geral do sal é que ele é essencialmente diferente do meio em que é posto. Seu poder está precisamente nesta diferença”.2

Se o sal perder sua salinidade, torna-se inútil. Por isso, Jesus alertou: Se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens (v.13). Os cristãos devem ser diferentes dos não-cristãos, como a luz das trevas, Jesus nos ensina. Somente assim podem fazer a dife-rença. Mas é preciso esclarecer em que sentido precisam ser dife-rentes. Jesus se refere a seus valores morais, éticos, políticos; a seu estilo de vida e à maneira como se relacionam com o próximo. Isso é o que a Bíblia chama de santidade (Rm 12:2; Jo 17:16; 1 Pd 1:15).

Em segundo lugar, os cristãos precisam estar presentes em todas as camadas da sociedade, se desejam realmente fazer a diferença. O sal precisa estar espalhado na carne para sal-gar, assim como a luz precisa estar num ambiente escuro para iluminar, não é mesmo? Sal não faz diferença no saleiro, nem luz durante o dia! Por isso, a igreja que vive isolada da socie-dade não pode influenciá-la. Não podemos ser alienados. Não podemos viver escondidos do mundo. Precisamos de cristãos (educadores, médicos, construtores, engenheiros, advogados, políticos, pintores etc.) que influenciem positivamente os am-bientes em que estão inseridos.

2. Tasker (1980:50).

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6 | Igreja Adventista da Promessa

2. FAZEMOS A DIFERENÇA TRANSFORMANDO A NOSSA SOCIEDADE

Ao comparar a igreja com a luz, Jesus está ensinando a cada um de nós, também, que, assim como a claridade transforma a escuridão, os cristãos devem transformar os ambientes em que estão inseridos (hospitais, comércios, repartições públicas, escolas, faculdades, escritórios, fábricas, lojas, cidades, favelas, bairros, etc.). A luz não apenas influencia um lugar: ela o trans-forma. O lugar escuro não permanece o mesmo, quando uma luz é acesa.

Assim também um lugar não deve ser o mesmo, a partir do momento em que um cristão passa a estar presente ali. A igreja luta para transformar a realidade do ambiente social. E como é possível transformarmos o lugar em que estamos? Pregan-do o evangelho aos perdidos, discipulando homens, mulheres, crianças e idosos. Mas também nos esforçando para ajudar os mais pobres, para auxiliar os necessitados, para ajudar as crianças e adolescentes que estão pelas ruas sem perspectiva alguma; realizando atos singelos como aqueles que menciona-mos na introdução.

Assim como o sal era usado na época de Jesus para impedir o estado de putrefação da carne e preservá-la, assim também os cidadãos do reino precisam impedir o avanço da maldade, da corrupção, da depravação moral, da injustiça na sociedade de que fazem parte. Seja sincero: Você acredita que isso tem acon-tecido? Você tem feito isso no lugar em que trabalha ou estuda, em sua família, em seu bairro, em seus círculos de amizade? Você contribui para transformar o ambiente em que está inserido? É isso que Jesus está nos ensinando, aqui, em Mateus 5:13-16.

Como dito, nos dias de Jesus, quando ainda não havia re-frigeração, o sal era usado tanto como tempero quanto para

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Campanha de Oração 2017 | 7

fins de conservação e assepsia.3 O sal detém a decomposição e, por isso, serve como antisséptico, neutralizando os germes da carne, retardando o processo de deterioração.

Os cidadãos do reino são como o sal; são chamados a ser como um purificador moral em um mundo onde padrões mo-rais são baixos, instáveis ou mesmo inexistentes.4 Em outras palavras, Jesus está investindo sua igreja dessa missão magnífi-ca: transformar lugares pelo poder do evangelho.

Você precisa fazer a diferença, e isso acontece quando luta para transformar o ambiente em que está inserido: Levando alegria ao lugar triste; esperança ao desesperançado; gentileza ao ambiente de ódio; altruísmo ao local carregado de inveja e competição. O evangelho pregado e vivido é o meio de levar essa transformação para o mundo.

Louvamos a Deus pela vida de nossos missionários que estão em algumas partes do mundo, vivendo esse ensino de forma bastante prática, fazendo a diferença, levando transfor-mação. Mas esse chamado não é só para eles. Seja lá do outro lado do oceano ou aqui do outro lado da rua, todos nós somos chamados a sermos agentes de transformação.

3. FAZEMOS A DIFERENÇA TESTEMUNHANDO EM NOSSA SOCIEDADE

De acordo com Mateus 5:13-16, a igreja faz a diferença na sociedade não somente influenciando e transformando o local onde está, mas também testemunhando o reino de Deus. De acordo com Jesus, ela faz isso através de suas boas obras. Note que há, no versículo 16, uma estreita relação entre “resplande-

3. Stott (2013:129).

4. Tasker (1980: 50).

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cer nossa luz diante dos homens” e as “boas obras” dos cristãos. O que Jesus estava ensinando é que os atos justos dos cidadãos do reino são as luzes que tornam o reino visível a todos.5

É por isso que as nossas atitudes de obediência à Palavra de Deus e em favor do próximo são tão importantes no Novo Tes-tamento (At 26:20; Ef 2:10). São atos de obediência aos man-damentos de Deus, de sujeição a sua Lei, bem como ações que demonstrem o amor ao próximo, como atitudes de carinho, solidariedade, misericórdia e justiça que testemunham às pes-soas ao nosso redor que o reino de Deus chegou. Dar comida a quem tem fome e agasalho a quem tem frio; perdoar quem nos fez mal; ser justo e honesto nos negócios; visitar o doente, o preso, a criança no orfanato ou idoso no asilo; falar do amor de Jesus aos que nos rodeiam são ações que manifestam a todos a luz do reino de Deus (Mt 25 31-46; Lc 3:10-14; Tg 2:14-17).

Jesus disse, em Mateus capítulo 6, versículo 14, que sua igreja deve ser como uma cidade construída em cima de um monte, visível a todos, impossível de ser escondida. Essa com-paração é extraordinária. Um viajante podia ver de longe uma cidade construída numa montanha. As pessoas com as quais convivemos devem enxergar “de longe” que somos cristãos, que vivemos a proposta de Jesus, que imitamos seu exemplo e obedecemos sua mensagem. Em outras palavras: Nossa vida precisa ser vista pelos outros. Nossa igreja precisa ser enxerga-da. Quando olhar para nós, o mundo deverá ver Cristo. Quando as pessoas nos escutam, devem escutar as palavras de Cristo.

Isso é testemunhar sobre ele. O estilo de vida dos cristãos deveria ser facilmente identificável na sociedade (Fp 2:15). As boas obras dos cristãos sinalizam aos não-cristãos o reino de Deus entre nós. Aqueles cujas vidas exibem os ensinamentos

5. Richards (2008:25).

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de Cristo não podem se esconder.6 Infelizmente, muitas igre-jas têm falhado nesse quesito. Não possuem boas obras e, por isso, não têm manifestado o reino de Deus. Não podemos in-correr no mesmo erro. Olhando francamente para a sua vida: você tem testemunhado o reino de Deus em sua família, vizi-nhança e no ambiente de trabalho, através de suas atitudes e ações que demonstrem amor pelo próximo?

CONCLUSÃO: Aprendemos, neste texto bíblico, que Jesus tem expectativas grandiosas em relação a sua igreja. Ela tem como missão fazer a diferença, influenciando, transformando e testemunhando de Cristo em sua sociedade. Olhando para a sua vida, pergunte-se: Estou fazendo isso? Caso perceba que não tem vivido esse chamado de Jesus para fazer a diferença, pense em como pode obedecer a esse chamado. Você pode criar ou ajudar grupos de auxílio a dependentes químicos; pode visitar orfanatos, asilos e hospitais, levar a palavra aos presídios; pode promover campanhas de agasalho ou de ali-mento para ajudar instituições filantrópicas na cidade.

Quem sabe tocar algum instrumento, pode dar aulas para adolescentes do bairro ou reforço escolar para crianças, etc. Precisamos ser solidários, amorosos, educados, honestos, ín-tegros, amigáveis, pacientes e altruístas. Nosso exemplo em casa, no trabalho, na escola, na faculdade, no bairro é fun-damental. Mesmo com nossas falhas podemos melhorar. Po-demos e devemos fazer a diferença. Sendo assim, em oração peça discernimento de Deus naquilo que você pode melhorar e nas atitudes que você assumir, de agora em diante, para fa-zer a diferença neste mundo. Ele irá orientá-lo. Creia nisso. Busque isso.

6. Macdonald (2008:23).

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É nessa mesma visão de que somos chamados para fazer a diferença, que temos desenvolvido alguns projetos missio-nários pelo mundo, em que aliamos a proclamação do evan-gelho com a ação social. É o caso dos trabalhos realizados em Moçambique e também na Índia, através do Projeto Plantando Esperança. Neste caso, você também pode fazer a diferença, através de sua oferta missionária. Por ser cristão, você tem o dever de fazer sua parte: influenciando, transformando e teste-munhando, em seu bairro, sua cidade e seu país. Mas, através de sua oferta, isso pode ser feito também pelos missionários, em outros lugares do mundo.

BIBLIOGRAFIA

TASKER, R. V. G. Mateus: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1980.

MACDONALD, William. Comentário bíblico popular. Novo Tes-tamento. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.

RICHARDS, Lawrence. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro-RJ: CPAD, 2008.

STOTT, John. A Igreja autêntica. Tradução Lucy Hiromi Kono Yamakami. 1.ed. Viçosa, MG: Editora Ultimato; São Paulo: ABU Editora, 2013

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INTRODUÇÃO: Cristãos relevantes fazem a diferença com seu estilo de vida. Foi esse o assunto do sermão do sábado passado desta série de sermões do mês de setembro, cujo o tema geral é “Cristãos relevantes: Reflexões sobre nossa vocação missionária”. Neste segundo sermão, queremos re-fletir sobre o fato de que fomos “chamados para pregar a palavra. Por favor, abra a sua Bíblia em Romanos 10:8-15. Assim está escrito:

8 Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos. 9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação. 11 Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será confundido. 12 Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. 13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. 14 Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? 15 E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!

CHAMADOS PARA PREGAR A PALAVRA

Romanos 10:8-15

9 DE SETEMBRO

SERMÃO 2

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12 | Igreja Adventista da Promessa

Para começar nossa reflexão nesta manhã, chamo sua aten-ção para o verbo “pregar”, que se repete algumas vezes, nes-te texto. Quantas vezes ele aparece nessa passagem? Se você disse 3 vezes, acertou. Aparece no versículo 8, “pregamos”; no versículo 14, “pregue”, e no versículo 15, “pregarão”. Na lín-gua grega, trata-se da palavra kerussõ, da mesma raiz da pa-lavra kerigma.1 Ela é importante, porque se refere a um tipo de pregação ou proclamação específica, usado para designar, especialmente, a mensagem trazida ou proclamação feita “por meio de um arauto”.2

Você sabe o que é um arauto? Na antiguidade, quando um rei precisava passar uma mensagem ao povo, usava o arauto. Este era o mensageiro, o porta-voz do rei. Era quem falava em nome do monarca. Para tanto, precisava ser amigo íntimo do rei, pois tinha que conhecer o coração do seu senhor, para en-tender a sua mensagem; precisava também saber a linguagem do povo, para poder transmitir-lhe a mensagem real de for-ma entendível. Além disso, o arauto tinha de ter uma voz clara e ser digno de confiança, para que, quando falasse, fosse “a própria boca do rei” falando.3 Talvez, você ainda não tenha se dado conta disto, mas você é um arauto do Rei dos reis, do Senhor dos senhores!

Quando leio Romanos 10:8-15, vejo uma mensagem clara: Todo cristão é um arauto de Cristo e traz consigo a mensagem da salvação, isto é, o evangelho. Nossa missão é anunciar essa mensagem, e esse anúncio é uma questão de vida ou morte. Aqui, Paulo nos apresenta duas constatações importantes. Va-mos a primeira.

1. Vine (2009:892).

2. Hendriksen (2001:379).

3. Lachler (1990:48).

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Campanha de Oração 2017 | 13

1. A SALVAÇÃO ESTÁ DISPONÍVEL A TODOS, MAS NEM TODOS NÃO SABEM

Em Romanos 10:8, lemos: Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos. Paulo começa recitando textos do Antigo Tes-tamento para mostrar que Deus se fez acessível às pessoas (Dt 10:14). A Palavra de Deus está perto das pessoas. O apóstolo usa, aqui, a expressão “Palavra da fé”, para designar o evange-lho do Senhor Jesus (Rm 10:8). Essa mensagem não está longe dos seus ouvintes, mas perto. Afinal, Cristo veio do céu, mor-reu, ressuscitou e está acessível a todos (Rm 10:6-8).

As pessoas, por causa do pecado, tornaram-se inimigas do Rei, estão condenadas à morte e caíram nas garras de Satanás. Porém, por causa da cruz, essas pessoas podem ser perdoadas, podem reconciliar-se com o Rei e ser libertas do diabo. Paulo diz o que é necessário para obter o perdão de Deus e receber a salvação: Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mor-tos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação. (Rm 10:9-10).

O teólogo Marvin Pate4 afirma que o pecador precisa acreditar que Jesus é o Senhor e que sua ressurreição é uma prova de que a reconciliação na cruz foi verdadeira (Rm 4:24-25). O pecador ar-rependido deveria declarar publicamente que “Jesus é Senhor”. Isso era confirmado no batismo nas águas. Paulo trata de uma confissão interna, de crer no coração, que se segue de uma pro-fissão pública de fé, por meio do batismo (At 2:38; Rm 6:1-14; Cl 2:12; Tt 3:5; 1 Pd 3:20-22). Para ser salvo, o pecador precisa saber o que foi feito em seu favor, na cruz, acreditar em Jesus Cristo de todo coração e confessá-lo como Senhor e Salvador de sua vida.

4. Pate (2015:206).

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14 | Igreja Adventista da Promessa

A salvação em Cristo é uma certeza (Rm 10:11). Ela real-mente liberta o ser humano de uma vida sem sentido e escra-vizada pelo pecado. Não há mensagem mais libertadora que os cristãos devam anunciar do que esta: Jesus Cristo morreu para nos salvar, mas ele ressuscitou! O apóstolo também trata sobre a possibilidade de alcance do evangelho: Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de to-dos, rico para com todos os que o invocam (Rm 10: 12). Aliás, a palavra “todos” ou “todo” aparece quatro vezes, em Romanos 10:11-13, confirmando que a salvação em Cristo está disponí-vel a todos os seres humanos.

Isso mostra que o evangelho não se limita a gênero, classe social, cor da pele ou nacionalidade. A Bíblia diz que Deus de-seja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhe-cimento da verdade (1 Tm 2:4). O apóstolo Pedro afirma que o Senhor não quer ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento (2 Pd 3:9). O nosso Rei quer salvar pessoas de todas as nações, tribos, povos e línguas (cf. Ap 6:9). Para isso, enviou seu Filho Unigênito para todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16).

Assim, chegamos a uma terrível constatação feita pelo após-tolo Paulo: A salvação está disponível a todos, mas nem todos não sabem disso! Há um grande tesouro espiritual à disposição das pessoas, mas elas vivem na miséria. Existe um remédio ao alcance de todos, mas muitos continuam doentes e morrendo sem salvação, simplesmente porque desconhecem aquele que os salva. O que é mais terrível é que somos os arautos do Rei e nos cabe esse anúncio. Falta em nós paixão pelas almas per-didas. Precisamos voltar a ser consumidos pela santa obsessão de levar pecadores a Cristo. Isso nos leva à segunda constata-ção de Paulo neste texto.

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Campanha de Oração 2017 | 15

2. AS PESSOAS NÃO SABERÃO DA SALVAÇÃO, SE NÃO FOREM INFORMADAS

É isso mesmo. Alguém precisa avisá-las, e isso é tarefa da igreja de Cristo. Veja o que nos diz o texto. Após tratar sobre a necessidade humana e a disponibilidade do evangelho, Paulo faz uma série de perguntas retóricas a respeito de quem leva-ria a mensagem aos judeus e aos outros povos (gentios). Ele começa dizendo que a salvação é precedida pelo anúncio (13-14a). Para levar a uma reflexão importante, Paulo traz quatro perguntas. A primeira: Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? (Rm 10:14a). Ninguém deseja, por si só, a salva-ção; as pessoas precisam ouvir a pregação, porque estão mor-tas em seus delitos e pecados. Esse texto diz que a fé vem pelo ouvir (Rm 10:17).

A segunda pergunta é esta: E como crerão naquele de quem não ouviram? (Rm 10:14b). Já vimos, nesta mensagem, o con-teúdo da pregação do evangelho: Jesus Cristo, o Senhor res-suscitado. Porém, para que os ímpios creiam, precisam ouvir sobre Jesus e sua obra. É dever dos cristãos falar tanto de seu amor como de seu juízo. O anúncio requer o evangelho bíbli-co e completo; não promessas mirabolantes que nada têm a ver com as Escrituras, mas aquele evangelho apostólico, que chama ao arrependimento dos pecados, à transformação e ao perdão, feitos por Deus (At 17:30-31).

Vamos à terceira pergunta: E como ouvirão, se não há quem pregue? (Rm 10:14c). Aqui, fica clara a ideia de um arauto. An-tes de todos os meios de comunicação existirem, a principal forma de as pessoas serem informadas era pelas mensagens dos arautos, numa praça pública ou no mercado da cidade.5 Desse modo, Paulo nos indica que somos os “arautos de Deus”.

5. Stott (346,347).

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16 | Igreja Adventista da Promessa

Nós devemos proclamar seu evangelho. Esse anúncio requer de nós obediência ao nosso Senhor e Rei e fidelidade ao con-teúdo a ser transmitido.

A quarta e última pergunta é esta: E como pregarão, se não forem enviados? (Rm 10:15a). O anúncio requer envio. Veja que interessante: A palavra enviar, em latim, é missia, de onde vem a palavra missão. Nem todos, na igreja, são chamados para ser missionários transculturais e enviados para pregar a outros povos, mas todos os membros da igreja são responsáveis por garantir essa atividade missionária.6 Somos responsáveis pelo envio e sustento destes missionários, que fazem um trabalho especial no Reino de Deus. Devemos nos engajar nos projetos de missões. É nosso dever adotar missionários em oração e em contribuição financeira.

Essa pergunta feita por Paulo indica que quem envia é a igreja. Mas não apenas isso: aponta para a realidade de que todos os cristãos devem ser enviados. Isso é confirmado nas palavras do próprio Senhor Jesus (Jo 20:21), pois todo cristão é um missionário, um arauto, um embaixador de Cristo na Terra. Assim, se não fomos chamados para pregar o evangelho en-tre outros povos, automaticamente, isso quer dizer que fomos chamados para pregar para o nosso povo. Nosso campo é nos-sa cidade, nossa família, nossa rua, nossa faculdade, nosso tra-balho e assim por diante.

Em suma, o que Paulo diz é: De que adianta a salvação es-tar disponível a todas as pessoas, se elas não puderem ouvir? Lembremos da ordem de Cristo: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até

6. Sproul (325).

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à consumação do século (Mt 28:19-20). A igreja local deve ser como um quartel general, em que os soldados se reúnem para serem treinados, equipados e, depois, enviados para cumprir a missão.

CONCLUSÃO: Refletimos, hoje, sobre duas constatações descritas em Romanos 10:8-15. Em primeiro lugar, vimos que a salvação está disponível a todos, mas nem todos não sabem. Em segundo lugar, vimos que as pessoas não saberão da sal-vação, se não forem informadas. Você é um arauto do Rei dos reis. Estamos no mês de missões, estamos encerrando os 100 dias de oração, no final de setembro. Oramos e estamos refle-tindo sobre nosso chamado para pregar a Palavra. E a pergunta que precisamos fazer a nossa consciência é: O que faremos a respeito de tudo que aprendemos sobre o Espírito Santo e nos-sa missão no mundo?

Vamos fazer um exercício reflexivo. Primeiro: Você se lem-bra da pessoa que lhe pregou o evangelho? Em qual circuns-tância e lugar? Qual o assunto abordado? Certamente, você é grato a Deus por ter usado essa pessoa. Segundo: Pense em alguém que precisa ouvir sobre Jesus, seja da família, vizinhan-ça, faculdade, trabalho, lazer. Pensou? Vamos, neste momento, orar, pedindo que o Espírito Santo use nossa vida. Pensemos também em separar a nossa oferta para missões. Isso é par-te de nosso dever. E que, a partir daí, finalmente, cumpramos com afinco nosso chamado para pregar a Palavra.

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BIBLIOGRAFIA

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: 1 Ti-móteo, 2 Timóteo e Tito. Tradução: Valter Graciano Martins. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.

LACHLER, Karl. Prega a Palavra: passos para pregação expositi-va. Tradução: Robinson Malkomes. São Paulo: Vida Nova, 1990.

PATE, C. Marvin. Romanos: série Comentário Expositivo. Tra-dução: Suzana Klassen e Vanderlei Ortigosa. São Paulo: Vida Nova, 2015.

SPROUL, R. C. Estudos bíblicos expositivos em Romanos – Sproul. Tradução: Heloísa Cavallari e Marcio Santan. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.

STOTT, John W. A mensagem de Romanos. Tradução: Silêda e Marcos D. S. Steuernagel. São Paulo: ABU, 2000.

VINE, W. E. et al. Dicionário Vine: o significado exegético e ex-positivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento. Tradu-ção: Luís Aron de Macedo. 10 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.

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Campanha de Oração 2017 | 19

INTRODUÇÃO: Cumprimento a todos vocês, irmãos e irmãs, na paz do Senhor Jesus! Por gentileza, abram suas Bíblias no Evangelho narrado por Mateus, capítulo 28, versículos 18 a 20. Neste texto lemos assim:

18 Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. 19 Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos».

As últimas palavras de Jesus no evangelho de Mateus (28:18-20), texto conhecido como “A Grande Comissão”, trazem um chamado singular dele para os seus seguidores: o chamado para fazer discípulos - fazei discípulos de todas as nações. Os seguidores de Jesus não eram conhecidos como “evangélicos”, “crentes” ou mesmo “cristãos”. Ele chamou aqueles que os se-guiam de “discípulos”, palavra que aparece 269 vezes no Novo Testamento1 e significa “aprendiz” ou “aluno”. O discípulo de Cristo é aquele que decidiu seguir a Cristo; aquele que decidiu modelar a sua vida por meio do próprio Cristo.

1. Phillips (2007:19).

CHAMADOS PARA FAZER DISCÍPULOS

Mateus 28:18-20

16 DE SETEMBRO

SERMÃO 3

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Jesus não está interessado em que façamos “conversos” ou “adeptos do cristianismo”. Ele não quer que nos preocupemos tão somente com que alguém “o aceite”. Não! Fazer discípulos é muito mais difícil do que convencer alguém a colocar o nome no cartão de chamada de uma igreja! Se você pregou, e a pes-soa recebeu a Cristo, seu trabalho só está começando. Em Ma-teus 28:18-20 temos um ensino: somos chamados para fazer discípulos. Este “é um desafio para a igreja de Jesus Cristo de um modo geral, mas é também um desafio pessoal para cada crente!”.2 Ao menos três recomendações devem ser seguidas, à luz deste texto.

1. FAÇA DISCÍPULOS, SEGUNDO A AUTORIDADE DE JESUS!

A base do comissionamento para fazer discípulos é a auto-ridade do próprio Jesus. Por gentileza, observe em sua Bíblia, novamente, o versículo 18 do capítulo 28 de Mateus. O tex-to diz o seguinte: Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra (grifo nosso). Esta afirmação de Jesus é muito enfática. Ninguém, além dele, poderia pronunciá-la. Atente para o fato de que ele não disse: “eu tenho autoridade”; mas, “eu tenho toda autoridade!”

E qual o alcance desse poder de Jesus? O versículo respon-de: ... no céu e na terra. Ou seja, seu domínio compreende todo o universo. Como diz Mathew Henry, “Cristo é o único monarca universal”.3 Ele tem todo o poder no céu e na terra. Anjos e homens se curvam diante da sua soberania. Ele é Se-nhor de tudo e de todos: Deus enviou a palavra aos israelitas, anunciando o evangelho da paz por meio de Jesus Cristo; este é

2. Oliveira (2004:117).

3. Henry (2008:399).

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o Senhor de todos (At 10:36). Ele está assentado acima de todo o principado, autoridade, poder, domínio e de todo o nome que possa ser pronunciado, não só nessa era, mas também na vin-doura (Ef 1:21).

Depois de anunciar a sua grandeza, Jesus apresenta o cha-mado: façam discípulos. Observe que o texto que trata da Gran-de Comissão, propriamente dita, começa com um “Portanto” (Mt 28:19). O “portanto” liga o anúncio de uma realidade (a autoridade universal de Jesus) com um desafio solene (fazer discípulos). Noutras palavras: já que Jesus é Senhor sobre tudo, vamos contar isto para outras pessoas e fazer discípulos para ele! David Bosch4 afirmou que, se Jesus, de fato, é Senhor de tudo, essa realidade simplesmente tem de ser proclamada. Nin-guém que está ciente disso pode silenciar a respeito; deve aju-dar outras pessoas a também reconhecer o senhorio de Jesus!

É isso que é missão: a proclamação do senhorio de Jesus. En-tão, chega de demora: vamos dizer para aqueles que ainda não o reconhecem como tal, que esta é uma verdade! Façamos discí-pulos contando para todos que existe um Rei reinando, e que Ele precisa ser reconhecido com tal, o quanto antes! Você já disse isto para o seu chefe? Para seu amigo de trabalho? Para aquele professor da faculdade? Para seu namorado? Para seus pais? Para o dono da padaria que você vê diariamente? Esta ordem que es-tamos estudando foi dada pela autoridade máxima do universo. Se quisermos agradá-lo, precisamos cumpri-la! Façamos isso já!

2. FAÇA DISCÍPULOS, SEGUINDO A METODOLOGIA DE JESUS!

Jesus não somente ordenou que se fizessem discípulos, ele mostrou como. O texto de Mateus mostra três passos: Ide,

4. Bosch (2002:107).

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portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado (Mt 28:19 - grifo nosso). Os três verbos - “ide”, “batizando” e “ensinando” - se subordinam ao imperativo “fazei discípulos” e revelam como ele deve ser exercido. Meditemos em cada um destes verbos:

Em primeiro lugar, façamos discípulos indo. No texto original de Mateus não temos um imperativo (“Ide”), mas um particípio (“indo”). Este verbo expressa uma ação em desenvolvimento. A ideia do verbo é indo. Ele nos ensina que devemos ser agentes missionários em todos os lugares onde o Senhor nos levar: na escola, na faculdade, no trabalho, na vizinhança, em nosso país, fora dele etc. Nunca podemos esquecer que Jesus disse que “to-das as nações” (gentes) devem ser alcançadas. Então, indo, evan-gelize. Fale que Jesus é o Senhor do céu e da terra! É nesta fase que você apresentará o plano de salvação e o novo discípulo terá a oportunidade de se render a Cristo ou confirmar sua decisão.

Em segundo lugar, façamos discípulos batizando. Esta é a segunda fase do discipulado e consiste em preparar o novo crente para o batismo e levá-lo a consumar este ato. Neste pe-ríodo, devem-se ensinar as doutrinas básicas da fé que são es-senciais para a pessoa se batizar. O verbo “batizando” diz res-peito à integração do discípulo na igreja, visto que o batismo simboliza a identificação com o povo de Deus; é um ato exter-no, uma declaração pública de fé; representa a união do crente com Cristo em sua morte e em sua ressurreição para uma nova vida. Todo discípulo deve ser batizado.

Em terceiro lugar, façamos discípulos ensinando. Esta é a terceira fase do discipulado. Novos discípulos precisam ser en-sinados. O conteúdo desse ensino: ... todas as coisas que vos ordenei (Mt 28:20b). Não são as nossas opiniões ou tradições, mas as ordens de Jesus. Qual delas? Todas. É importante dizer que Jesus não estava falando de um curso de 6 meses, mas da

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disposição de caminhar com alguém por algum tempo (ele ca-minhou 3 anos com os seus discípulos) e ensinar-lhe a vontade de Deus. Por isso, Jesus disse: ... ensinando a obedecer... (20a).

Como você ensina alguém a obedecer? Obedecendo! Fazer discípulo é “ensinar a viver. Ensinar a viver como Jesus viveu e nos ensinou a viver”.5 Isto só acontecerá se tivermos relaciona-mento com a pessoa que está sendo discipulada. Precisamos de pessoas dispostas a ser como Jesus ao nosso lado, que andem como Jesus, e nos ensinem a viver como Jesus! Aceita o desafio?

3. FAÇA DISCÍPULOS, SEGURO NA GARANTIA DE JESUS!

Quais são as últimas palavras de Jesus no evangelho de Ma-teus? Acompanhe a leitura da parte final do versículo 20, do capítulo 28 de Mateus, em sua Bíblia: E eis que estou convos-co todos os dias até à consumação do século. Se você ainda não fez isso, faça: grife estas palavras em sua Bíblia. Pode até parecer estranho o que vamos afirmar agora: esta não é uma promessa de Jesus. E sabe por que não é uma promessa? É um fato! Uma realidade. Jesus não prometeu estar conosco, ele afirmou que está ao nosso lado. Esta é uma das garantias do cristão, mais grandiosas de toda a Bíblia Sagrada.

“G. Campbell Morgan contou, certa vez, uma experiência envol-vendo esta declaração. Quando era recém convertido, Morgan costumava visitar várias senhoras de idade, uma vez por semana, a fim de ler a Bíblia para elas. Ao chegar ao final do evangelho de Mateus, Morgan leu: ‘E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século’, e depois perguntou: ‘Não é uma promes-sa maravilhosa?’ Uma das senhoras respondeu sem hesitar: ‘Meu jovem, isso não é uma promessa, é um fato’”.6

5. Kivitz (2012:25).

6. Wiersbe (2006:141).

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Essa certeza deve ter entrado no ouvido dos discípulos como um fato grandioso. Ela é mais uma das razões que tor-na este comissionamento singular. Mesmo que o trabalho de evangelização fosse difícil, mesmo que as dificuldades e perse-guições no caminho tentassem fazer os discípulos desanimar: eles não estavam sozinhos! A presença constante e diária de Jesus os ajudaria. É um conforto para nós sabermos que não estamos sozinhos enquanto fazemos discípulos.

Qual a continuidade dessa garantia? Sempre! Ele disse: “Eu estarei convosco todos dos dias”. Aos sábados e nos dias da semana; nos dias de inverno e nos dias de verão. Não há dia, nem hora do dia, em que o Senhor Jesus não esteja presente com a sua igreja e com os seus ministros; se houvesse esse dia e essa hora, os seguidores teriam um problema muito sério.7 A palavra “convosco” ecoa poderosamente o nome Emanuel. “Deus conosco” (Mt 1:23) é quem Jesus realmente é.

Mateus termina com um “Amém”. Esta palavra tam-bém é importante. É o amém do evangelista. É o clamor de concordância frente à garantia de Cristo. É o desejo de que Jesus continue sempre ao nosso lado. Digamos isso também: Amém! Amém! Amém! Nós juntemos a Mateus para pedir que Jesus continue sempre conosco!

CONCLUSÃO: Você foi chamado por Deus para fazer discí-pulos! Não há como se esquivar desta missão. Quem lhe co-missionou? A autoridade máxima do universo: Jesus. Nós sa-bemos que ele é Senhor do céu e da terra. Precisamos contar esta notícia a outros. Uma vez que ele é Rei sobre tudo, seus seguidores devem caminhar de maneira intencional em dire-ção a todos os povos falando desta verdade, e desafiando as

7. Henry (2008:401).

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pessoas de todos os povos (judeus e gentios) a se tornarem discípulos dele. Esta é a ordem dele.

Jesus pediu para fazermos discípulos. Não são simpati-zantes. Não são admiradores. Discípulos! Por isso, enquanto pregar o evangelho, não se contente com uma decisão ape-nas verbal. Façamos mais! Jesus mostrou como. Vá, evangelize. Sejamos missionários onde estivermos. Trabalhe na integração deste novo discípulo. Ajude-o e desafie-o ao batismo. E, de-pois, acompanhe-o, o tempo que for preciso, ensinando-o a guardar tudo o que Jesus pediu. Discipulado se “faz através de relacionamentos de intimidade, afetividade, participação na vida de quem reparte a vida conosco”.8

Contudo, não podemos esquecer que a ordem de Jesus é fazer discípulos de todas as nações. Devemos fazer discípulos aqui, mas não devemos nos esquecer que nossa responsabili-dade inclui também pessoas de todas as nações, tribos, povos e línguas. Aqui entra a Junta de Missões que é ministério da igreja que cuida do envio e sustento dos missionários para fa-zer discípulos pelo mundo. Essa causa é de todos nós. Quero desafiá-lo a se comprometer com esta ideia. Faça a sua oferta missionária para que pessoas muito distantes de vocês se tor-nem discípulas de Jesus.

8. Kivitz (2012:368).

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26 | Igreja Adventista da Promessa

BIBLIOGRAFIA

BOSH, David J. Missão Transformadora: mudanças de paradig-ma na teologia da Missão. Tradução de Geraldo Korndörfer e Luís Marcos Sander. 3 ed., São Leopoldo, RS: EST, Sinodal, 2002.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento: De Mateus a João. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

KIVITZ, Ed René. Talmidin: o passo a passo de Jesus. São Paulo: Mundo Cristão, 2012.

OLIVEIRA, Jairo. Missões, a razão da existência da Igreja. 2 ed., São Paulo: Abba Press Editora, 2004.

PHILLIPS, Keith W. A formação de um discípulo. Tradução: Eliza-bete Gomes. São Paulo: Editora Vida, 2007.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo tes-tamento. Volume 1. Traduzido por Susana E. Klassen. Santo An-dré: Geográfica, 2006.

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Campanha de Oração 2017 | 27

INTRODUÇÃO: Que a paz do Senhor Jesus seja com todos vocês. Por gentileza, abram suas Bíblias na carta de Paulo aos Romanos, capítulo 15, vamos ler os versículos 7 ao 20, na NVI está escrito assim:

Portanto, aceitem-se uns aos outros, da mesma forma como Cris-to os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus. Pois eu lhes digo que Cristo se tornou servo dos que são da circuncisão, por amor à verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos patriarcas, a fim de que os gentios glorifiquem a Deus por sua mi-sericórdia, como está escrito: “Por isso, eu te louvarei entre os gen-tios; Cantarei louvores ao teu nome”. E também diz: “Cantem de alegria, ó gentios, com o povo dele”. E mais: “Louvem o Senhor, to-dos vocês, gentios; cantem louvores a ele todos os povos”. E Isaías também diz: “Brotará a raiz de Jessé, aquele que se levantará para reinar sobre os gentios; estes colocarão nele a sua esperança”. Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo. Meus irmãos, eu mesmo estou conven-cido de que vocês estão cheios de bondade e plenamente instruí-dos, sendo capazes de aconselhar-se uns aos outros. A respeito de alguns assuntos, eu lhes escrevi com toda a franque-za, como para fazê-los lembrar-se novamente deles, por causa da graça que Deus me deu, de ser um ministro de Cristo Jesus para os gentios, com o dever sacerdotal de proclamar o evangelho de Deus, para que os gentios se tornem uma oferta aceitável a Deus,

CHAMADOS PARA SERVIR OS POVOS

Romanos 15:7-20

23 DE SETEMBRO

SERMÃO 4

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santificados pelo Espírito Santo. Portanto, eu me glorio em Cristo Jesus, em meu serviço a Deus. Não me atrevo a falar de nada, exceto daquilo que Cristo realizou por meu intermédio em palavra e em ação, a fim de levar os gen-tios a obedecerem a Deus: pelo poder de sinais e maravilhas e por meio do poder do Espírito de Deus. Assim, desde Jerusalém e arre-dores, até o Ilírico, proclamei plenamente o evangelho de Cristo. Sempre fiz questão de pregar o evangelho onde Cristo ainda não era conhecido, de forma que não estivesse edificando sobre ali-cerce de outro.

Hoje daremos continuidade à série de sermões “Cristãos re-levantes: reflexões sobre nossa vocação missionária”. Com este sermão quero mostrar que uma das formas de sermos relevan-tes no Reino de Deus é compreender que somos chamados por Deus para servir as nações da Terra. O evangelho é poderoso demais para ficar preso, trancafiado dentro de quatro paredes; é impactante demais para ficar recluso à uma cidade, a um es-tado, a um país; é transformador demais para que se limite a uma etnia, uma só língua.

Por isso, fomos chamados para servir os povos – to-doseles – com a pregação do evangelho. Jesus ordena isso aos seus discípulos: ...ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura (Mc 16:15). Mas ele não apenas dá a ordem, mas também o exemplo: ...acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus (Rm 15:7). Ele não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos (Mt 20:28). Isso Jesus fez com maestria. A sua morte foi a maior demonstração de seu amor pela huma-nidade. Paulo seguiu esse exemplo de amor pelos povos, visto em Jesus.

A salvação de pessoas de todas as nações, tribos, povos e línguas faz parte do projeto de Deus e todo cristão deve se en-volver de alguma forma. Neste texto o apóstolo dos gentios

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Campanha de Oração 2017 | 29

apresenta três princípios fundamentais no ato de proclamar o evangelho aos povos. Vamos ao primeiro deles:

1. FOMOS CHAMADOS PARA SERVIR OS POVOS SEM ACEPÇÃO DE PESSOA.

É certo que aos israelitas foi destinada a revelação de Deus na Antiga Aliança. Israel foi escolhido para ser o povo exclusivo do Senhor (Dt 14:2). Com ele, e mais ninguém, Deus firmou suas promessas por meio da sua aliança. Por isso, o texto de Romanos 15:8 diz que Cristo se tornou servo dos judeus por amor à verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos patriarcas. A nação judaica, contudo, recusou a Jesus de modo que a todos os que creem nele, foi dado o poder de se-rem filhos de Deus (Jo 1:11,12).

A igreja, formada por pessoas de todos os povos, foi cons-tituída por Jesus na Nova Aliança, raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, para pro-clamar ao mundo as virtudes de Cristo (1Pd 2:9). O evange-lho, portanto, não beneficia apenas a judeus, mas também os gentios (não judeus). Todo ser humano tem em si a imagem e semelhança de Deus. Por isso, cada pessoa, no mundo inteiro, tem valor e é alvo do amor e da obra de Cristo. Mesmo rebelde e distante Deus, cada pessoa do planeta é amada por ele.

Em Romanos 15 vemos que não se pode pregar o evangelho com acepção de pessoas, por causa da misericórdia divina. No versículo 9, Paulo diz que os gentios glorificam a Deus por cau-sa da sua misericórdia. Deus não fez com outro povo nenhuma aliança que se comparasse ao seu pacto com Israel.1 Contudo, mesmo sem aliança, os povos de outras etnias foram escolhi-dos por causa da misericórdia de Deus. A graça do Senhor nos

1. Stott (2000:450).

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alcançou. Por ela somos salvos e não podemos nos gloriar de coisa alguma (Ef 2:8). Nada fizemos para merecermos ser aco-lhidos por Jesus. Ele quer salvar a todos. Por isso, o evangelho deve ser servido a todas as pessoas. Judeus e gentios precisam de Cristo; ricos e pobres, graduados e analfabetos também. O evangelho pode mudar a vida de qualquer pessoa, em qual-quer lugar do mundo.

Não podemos pregar o evangelho com acepção de pessoas, por causa da unidade cristã. Não existe exclusividade para um único povo no reino de Deus. A igreja é composta por judeus e gentios. Eles têm estilos de vida diferentes, culturas diferentes. Certamente, “podem existir muitas diferenças na igreja, mas há um só Cristo, e o laço de unidade entre os crentes na igreja é a sua comum lealdade a ele”.2 Se na igreja em que você congre-ga há cristãos provenientes de outra cultura, não os repudie; se o estilo deles é diferente, não os ignore. Em Cristo, somos um. No corpo de Cristo, há unidade na diversidade.

Como vimos até aqui, fomos chamados para servir sem acepção de pessoa: devemos amar todos os povos e respeitar as culturas. Este é o primeiro princípio fundamental no ato de pregar o evangelho. Vamos ao segundo:

2. FOMOS CHAMADOS PARA SERVIR AOS POVOS SEM INCOERÊNCIA DE PALAVRA.

O apóstolo Paulo manteve o cuidado de não ter seu minis-tério maculado pela incoerência. No versículo 18 do capítulo 15 de Romanos, ele diz: Porque não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas que Cristo fez por meu in-termédio, para conduzir os gentios à obediência, por palavra

2. Lopes (2010:461).

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e por obras. Paulo pregava e fazia. Ele pregava aos ouvidos e também aos olhos.3 Para conduzir os ouvintes à obediência, tinha uma vida coerente com o que ensinava.

O ministério de Paulo foi confirmado por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito Santo (v.19a). Mas ele não se gloriava por isso; tinha de ser coerente com o que pregava; o apóstolo viveu para glorificar a Cristo. Precisamos de cristãos que preguem o evangelho não somente com palavras, mas com a vida. Aprendemos muito mais através dos olhos do que dos ouvidos. As palavras explicam os gestos, mas estes repre-sentam as palavras.4 Como testemunhas de Jesus, devemos tornar a missão o nosso estilo de vida.

Outra coisa que mostra a coerência de Paulo é que ele acre-ditava que Deus amava todas as nações da terra e que a salva-ção também era para os gentios. Paulo se engajou nesta causa. Dedicou sua vida a esta obra. Foi o maior missionário depois de Cristo. Precisamos ser coerentes com o que cremos. Se de fato acreditamos que o evangelho é poder de Deus para a salvação dos que creem, então devemos nos engajar, de todo o coração, nesta causa. Esse engajamento deve ser devocional. Fazemos missões por meio da oração. Devemos adotar os missionários em oração. Mas também devemos rogar ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara (Mt 9:38).

Esse engajamento também deve ser presencial. Podemos orar por missões, mas também podemos ir ao encontro da mis-são, conforme disse Jesus: ...ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura (Mt 16:15). Por fim, esse engaja-mento deve ser financeiro. Também devemos contribuir finan-ceiramente com missões. A obra precisa de recursos para se expandir. Portanto que cada um contribua segundo tiver pro-

3. Lopes (2010:475).

4. Stott (2000:459).

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posto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria (2 Co 9:7). Fazer tudo isso é agir com coerência ao que pregamos.

Fomos chamados para servir sem acepção de pessoas e sem incoerência de palavra. Vejamos o terceiro princípio fun-damental no ato de pregar o evangelho:

3. FOMOS CHAMADOS PARA SERVIR AOS POVOS SEM RESTRIÇÃO DE ESPAÇO.

Servimos aos povos com a pregação do evangelho sem acep-ção de pessoas e sem incoerência de palavra. Não só isso, é nosso dever servir aos povos sem restrição de espaço. Noutras palavras, o evangelho deve ser expandido além das fronteiras da cidade ou do país. Em todos os lugares o evangelho deve se tornar conhecido para que possa ser aceito. Na segunda parte do versículo 19 do capítulo 15 de Romanos, Paulo comenta: de maneira que, desde Jerusalém e circunvizinhanças até o Ilírico, tenho divulgado o evangelho de Cristo.

O campo da missão é extenso. Grande é a seara. Paulo co-meça a pregar a partir de Jerusalém. Esta é a cidade de Davi. Nela estava situado o templo, o local de adoração para os judeus. O templo de Salomão, uma das maravilhas do mundo antigo, havia sido destruído, mas o templo construído por He-rodes estava de pé e glorificava ainda mais esta cidade. Em Je-rusalém morreu o Salvador. Ali, ele também ressuscitou. Foi em Jerusalém que Jesus ordenou que os discípulos e discípulas ficassem até que fossem revestidos do poder do Espírito Santo.

O território da missão, porém, não se limita a cidade Jeru-salém. O território geográfico no qual a igreja deve proclamar a Cristo é todo o globo terrestre. Por isso Cristo disse: em Je-rusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra (At 1:8). Paulo partiu de Jerusalém e chegou a Ilírico, que ficava

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no ocidente. Assim, o evangelho seguiu em marcha triunfal do Oriente ao Ocidente, e os lugares a leste de Roma já haviam sido atingidos.5 Paulo pregava em terras virgens por causa da urgência da tarefa.6 Precisamos levar isso em conta.

É nossa responsabilidade pregar o evangelho não somente no bairro ou na cidade em que estamos, mas no mundo in-teiro. O território da missão é aqui. Precisamos fazer missões locais, urbanas, regionais, estaduais e nacionais. Mas também devemos fazer missões transculturais, nos países distantes. A vontade de Cristo é que nos engajemos na missão de maneira simultânea: tanto aqui quanto lá; tanto no Brasil quanto fora dele; tanto do outro lado de nossa rua, quanto do outro lado do mundo; tanto em nossa cidade quanto em uma tribo no Norte da África. O evangelho não se restringe no espaço, mas se expande nele.

CONCLUSÃO: Pregue o evangelho sem acepção de pessoas. Todo ser humano tem seu valor para Deus e é alvo do amor dele. A salvação é para todos os que creem em Jesus; é para judeus e, também, para gentios; é para pessoas em situação de rua e para grandes empresários; é para os que estão presos e para os que usufruem do direito de ir e vir. Pregue o evangelho sem incoerência de palavra. Fale de Jesus, mas viva como ele; fale da salvação, mas ore por ela; vá ao campo missionário semear a Palavra e abra o seu bolso para ajudar a manter a missão.

Pregue o evangelho sem restrição de lugar. O reino de Deus não tem fronteiras geográficas nem políticas. Ele alcança a to-dos os povos, de todos os lugares, de todas as línguas e cul-turas. O evangelho sempre avança. É urgente e não pode re-gredir. Nos sete capítulos iniciais de Atos, vemos o avanço do

5. Lopes (2010:477).

6. Lopes (2010:478).

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evangelho em Jerusalém e Judéia. No capítulo 8, o evangelho chega a Samaria. E a partir do capítulo 9, avança para os con-fins da terra. Nós fomos chamados para servir os povos. Faça-mos nossa parte.

O que você tem feito por missões? Você sabe o nome de algum missionário? Tem orado por ele? Você conhece algum projeto missionário da Igreja Adventista da Promessa? Tem contribuído de alguma forma com este trabalho. Você já pen-sou em ser missionário em outro país? Quero aqui desafiá-los a oferecer suas vidas para missões. Se você não possui o chama-do transcultural, faça missões aqui. Mas não se esqueça de que somos chamados para servir aos povos. Envolva-se, de alguma forma, com esta obra: indo, orando e contribuindo.

BIBLIOGRAFIA

STOTT, John R. W. A mensagem de Romanos. Tradução: Silêda e Marcos D. S. Steuernagel. São Paulo: ABU, 2000.

LOPES, Hernandes Dias. Romanos: o evangelho segundo Paulo. São Paulo: Hagnos, 2010.

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INTRODUÇÃO: A paz de Cristo a todos. Pela graça de Deus, estamos terminando esta série de mensagens, intitulada: “Cristãos Relevantes: Reflexões sobre nossa vocação missioná-ria”. Hoje, veremos que uma maneira de sermos relevantes no Reino de Deus é compreendendo que fomos chamados para sermos sacerdotes. Por favor, abram sua Bíblias em 1 Pedro 2:9-10. Leiamos:

Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tí-nheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.

Você já ouviu falar de igreja que sofre crise de identidade? Sei que parece estranho, mas é uma realidade. Isto acontece quando a igreja não sabe ao certo quem é, nem qual o seu propósito de existir. Há igrejas1 que se parecem com um sho-pping ou uma praça de alimentação, com variedade de bens de consumo; outras com uma empresa organizada para o lucro;

1. Goheen (2014:34).

CHAMADOS PARA SERMOS SACERDOTES

1 Pedro 2:9-10

30 DE SETEMBRO

SERMÃO 5

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algumas com um teatro, onde as pessoas se sentam para apre-ciar um espetáculo e ainda outras, como um seminário motiva-cional no qual recebem autoajuda.

Mas afinal, o que é a igreja? Qual o seu propósito de exis-tir? Estas questões são respondidas por Pedro no texto que acabamos de ler. Neste trecho das Escrituras, Pedro define a identidade e o propósito da igreja. Ele diz que a igreja é o povo de Deus no mundo e que seu propósito é desempenhar uma função sacerdotal. Aliás, este foi um dos princípios bíblicos res-gatados na Reforma Protestante, isto é, o sacerdócio universal de todos os crentes. O que isso significa? Precisamos entender isso melhor.

No Antigo Testamento, os sacerdotes eram os únicos que tinham o livre acesso a Deus, e, por causa desse privilégio, também agiam como intercessores ou intermediários, levando Deus ao povo e o povo a Deus. No Novo Testamento, porém, todos os cristãos têm acesso ao trono da graça e também po-dem agir como intercessores. São como “pontes” entre Cristo e aqueles que ainda não tiveram a chance de conhecê-lo. A igreja, que é o povo de Deus, tem isso em sua identidade e pro-pósito: Somos todos sacerdotes! Vejamos em que isso implica.

1. SER SACERDOTE IMPLICA ATRAIR PESSOAS A JESUS POR MEIO DE NOSSA VIDA

Qual a identidade da igreja? Pedro respondeu dizendo: Ela é o povo de Deus no mundo. Ele diz aos seus leitores: Mas vós sois a raça eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo ad-quirido... (1 Pd 2:9). Claramente Pedro está fazendo referência ao texto do Antigo Testamento de Êxodo 19:6, no qual Deus estabelece uma aliança com o povo de Israel. Na ocasião Deus havia libertado com grande poder os judeus do Egito e estava

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estabelecendo um pacto com eles, dando-lhes sua lei e os ter-mos de sua aliança (Ex 20).

Deus disse a Israel exatamente as mesmas palavras que Pe-dro escreveu aos seus leitores cristãos: ...sereis a minha proprie-dade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é mi-nha. E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo (Ex 19:5-6). Dentre todas as nações da terra, Deus escolheu Israel como sua propriedade particular, como seu povo sacerdotal e santo. Con-tudo, de acordo com as Escrituras Israel recusou seu salvador. Sua rejeição completa se deu quando rejeitou Jesus, o Messias.

A igreja, ou seja, o conjunto daqueles que confessam a Cristo como Senhor, é agora o povo de Deus, o verdadeiro Is-rael (Rm 2:25-29; Gl 6:16). Pedro está dizendo, então, que o mesmo que Deus esperava de Israel no Antigo Testamento, ele também espera de sua igreja. Perceba que para ser um povo sacerdotal Israel precisava ser um povo santo. Pedro também diz isso a igreja. Ela é uma nação santa. “Santidade é a quali-dade especial de algo que foi separado de seu uso normal e consagrado para o serviço de Deus”.2

Israel precisava ser santo para mostrar às demais nações como era a vida daqueles que conheciam a Deus. Por isso ha-via instruções que este povo deveria seguir quanto à comida, indumentária, sexualidade, aos negócios, música, cultura, ao casamento, descanso, família etc. Deus pretendia atrair as na-ções do mundo para si por meio de Israel. A vida diferente de Israel iria despertar o interesse das demais nações para o seu amoroso Deus. Este propósito Deus ainda tem para sua igreja: atrair pessoas a Jesus, por sua vida!

Assim, a igreja precisa ser santa. Precisa ser diferente do mundo para poder despertar o interesse dos não cristãos para

2. Idem, p. 59.

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Jesus Cristo. A igreja deve atrair os olhos dos não crentes por meio de sua consagração, adoração, amor, comunhão, solida-riedade, justiça, benevolência, amizade, alegria e serviço. Este é o movimento centrípeto de missão, ou seja, a igreja passa a atrair os descrentes por meio de seu cativante exemplo. Ela passa a ser uma pregação ao mundo. Ela cai na graça do povo, como acontecia em Jerusalém (At 2:47).

É isto que Pedro tem mente ao dizer que a igreja é o povo de Deus, uma nação santa. Ele desejava que os não cristãos glorificassem a Deus ao enxergarem as boas obras dos crentes (1 Pd 2:12). Você entendeu como sua vida precisa despertar o interesse das pessoas por Jesus? Sua vida diferente das outras pessoas deve atrair os olhos daqueles que não são salvos para que desejem conhecer a salvação. Nos ambientes em que você está, quer seja no trabalho, na faculdade, no bairro ou em sua família, isto tem acontecido?

2. SER SACERDOTE IMPLICA LEVAR JESUS ÀS PESSOAS POR MEIO DA PREGAÇÃO

Israel não apenas tinha a missão de atrair pessoas ao seu Deus, mas também de anunciar as grandezas de Deus às de-mais nações (Sl 96:2-3; 105:1-2). Seu propósito era que Israel fosse uma luz para os gentios e levasse a salvação de Deus até os confins da terra (Is 49:6). Como nação sacerdotal seria uma mediadora entre Deus e os demais homens, revelando sua luz aos que estão na escuridão (Is 42:6). É com base neste contex-to do Antigo Testamento que Pedro se dirige à igreja, chaman-do-a de sacerdócio.

A ideia é que a igreja não existe para si mesma. O papel que o sacerdote desempenhava era em função das demais pessoas e não de si mesmo. Assim, Pedro evidencia que os cristãos possuem

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uma motivação formidável para serem sacerdotes neste mundo. O apóstolo diz, no versículo 10, que não éramos povo, mas que nos tornamos; que não tínhamos, mas que alcançamos misericór-dia (v.10). Fomos salvos pela graça de Deus e agora fomos chama-dos por Deus para anunciar essa mesma graça. Esta é a missão.

Pedro diz no versículo 9 que nos tornamos raça eleita, sa-cerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus: para anun-ciar as grandezas daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (v.9). A expressão “para” denota objetivo, finalidade, propósito, motivo. Em palavras mais claras: a igreja existe “para” anunciar as grandezas de Deus ao mundo. Esta é a sua finalidade, seu propósito, sua missão. Ela não existe para si mesma, mas para esta missão e propósito divino.

A razão de existirmos como igreja está muito bem estabele-cida aqui neste texto bíblico. “A resposta à nossa busca de sen-tido último está em “anunciar as excelências” de Deus, pois só ele é infinitamente digno de glória. Em última instância, o cen-tro da redenção não é o homem, mas Deus”3. Uma vez salvos pela sua graça, temos uma razão de existir: fazê-lo conhecido, reverenciado. Manifestar sua grandeza, graça e suas maravi-lhas. Esta era a missão de Israel, mas agora pertence à igreja.

Segundo Pedro, agora “a igreja assume aquela vocação [de Israel] de ser povo santo e sacerdócio real em meio às nações e em favor delas”.4 Se com sua vida santa, ou seja, diferente do mundo, ela deve atrair as pessoas a Deus, com sua procla-mação ela deve levar Jesus as pessoas que estão perdidas. Sua missão é tanto atrair as pessoas quanto ir até elas, anunciando--lhes as maravilhas do Deus que lhes chamou das trevas para a luz. Foi de lá que cada cristão foi tirado: das trevas da ignorân-cia e da alienação de Deus.

3. Grudem (2016:113).

4. Idem, p. 195.

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Com isso, Pedro quer que nos lembremos: há muitos que ainda permanecem em tais trevas. São os nossos amigos, vi-zinhos, colegas de trabalho, familiares, empregados, patrões, cônjuge ou filhos. São aqueles que não reconhecem a graça de Deus. Nossa missão é levar Jesus a eles através da nossa pregação. Precisamos anunciar-lhes as grandezas daqueles que nos chamou. Ser sacerdote implica trazer às pessoas a palavra de Deus. O sacerdote do Antigo Testamento tinha esta função (Dt 33:8-10; Ne 8). Agora, ela foi transferida para cada cristão. E você: Tem feito isso?

CONCLUSÃO: Depois do que Pedro nos ensinou, não há mais desculpas para a nossa crise de identidade. Sabemos que somos o povo de Deus no mundo, um sacerdócio real. Deve-mos atrair pessoas para Jesus por meio da nossa vida e tam-bém devemos levar pessoas a Jesus por meio da pregação. É bem possível que você já soubesse disso, então, isso significa dizer que o crucial não está na informação que Pedro nos trou-xe, mas na motivação para realizar nosso papel no mundo.

O apóstolo também tratou sobre a real motivação que deve nos levar a exercer o sacerdócio no mundo. Fomos tirados das trevas da ignorância e da alienação de Deus, mas ainda há mui-tos que permanecem lá. O que você vai fazer por estes? Pense nas pessoas com as quais convive diariamente. Muitas delas estão imersas nesta escuridão espiritual, longe de Deus. Pense nos povos não evangelizados que não conseguem enxergar a luz de Cristo. O que você vai fazer? Se nós, que somos a igreja de Cristo, o povo sacerdotal, não fizermos nada pelos povos não alcançados, quem o fará?

Você que tem acesso ao trono da graça, que conhece a Cris-to, é seu dever agir como intercessor para aqueles que ainda não o conhecem, nem tiveram acesso a ele. Você deve se co-

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locar como uma “ponte” entre Cristo e aqueles que ainda não tiveram a chance de ouvir o evangelho. Você tem uma função estratégica no Reino de Deus. Quero desafiá-lo a assumir o seu lugar na obra de resgate de vidas para Deus. Convido você a se envolver com a missão. Faça sua oferta para ajudar os projetos e missionários da Junta de Missões. Além disso, busque ser um missionário, exercendo sua função sacerdotal no mundo.

BIBLIOGRAFIA

GOHEEN, Michel W. A igreja missional na Bíblia: Luz para as nações. Tradução de Ingrid Neufeld de Lima. São Paulo: Vida Nova, 2014.

GRUDEM, Wayne A. Comentário bíblico de 1 Pedro. Tradução de James Reis e Marcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 2016.

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ANOTAÇÕES

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