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Colecção MARE NOSTRUM Edições Colibri

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Colecção MARE NOSTRUM

Edições C olibri

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"O Discurso é um senhor soberano que, com um corpo diminuto e quase imper­ceptível, leva a cabo acções divinas. Na verdade, ele tanto pode deter o medo como afastar a dor, provocar a alegria e intensificar a compaixão". Este extracto do Elogio de Helena ilustra bem a ideologia sofistica de Górgias, um grego originário da Sicília que, por toda a Grécia do século V a.C., advogou uma retórica liberta da moral. Não pretendia ser mestre de virtu­de. “O que é preciso é torná-los hábeis a falar11, defendia, na certeza de que residia aí a chave do sucesso. Conscientes do poder da Palavra, o Logos, em tempos de democracia, não foram poucos os aristo­cratas que lhe confiaram os filhos, pagan­do-lhe bem, para que ele os amestrasse nessa arte tão útil. Tornou-se assim um dos homens mais ricos. Teve a combatê- -lo, bem como aos demais sofistas, a dia- léctica do genial Platão, que lhe dedicou um dos seus diálogos. Os ventos do fun- dame/italismo platônico serão, certamente, os responsáveis pelo estado fragmentário em que os escritos destes homens che­garam até nós. Apesar disso, estes TES­TEMUNHOS E FRAGMENTOS bastarão para traçar o perfil do siciliano Górgias, professor da palavra, mestre da improvi­sação, advogado duma retórica cujo dis­curso terrível, arremessado contra os adversários, qual cabeça de Górgona, os deixaria “mudos como um penedo".

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Colecção M ARE NOSTRUM(CLÁSSICOS GREGOS E LATINOS)

Direcção de: Prof. Doutor Victor Jabouille

Série Clássicos:1. Hipólito, Eurípides, tradução do Grego, introdução e

notas de Frederico Lourenço

Série Estudos:1. Quo Verget Furor? Aspectos estóicos na

Phaedra de Séneca de Maria Cristina Pimentel

Edições Colibrí Telefone/Fax 796 40 38 Apartado 50488 1709 Lisboa Codex

Alex Oliveira
Typewritten text
DIGITALIZADO DA CÓPIA POR ALEX OLIVEIRA PARA LEITURA DO CURSO DE FILOSOFIA DA UFPB
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GÓRGIAS

(sofista grego, séc. V a.C.)

TESTEMUNHOS

E

FRAGMENTOSTradução, comentário e notas de:

Manuel José de Sousa Barbosa Inês Luisa de Ornellas e Castro

AEdições Colibri

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Título: GÓRGIAS. TESTEMUNHOS E FRAGMENTOSAutor: GórgiasTradução: Manuel Barbosa

Inês de Ornellas e CastroEditor Fernando Mão de FerroCapa: Ricardo MoitaComposição eEncadernação: C olib ri- Artes Gráficas Depósito Legal ns 68171/93 ISBN: 972-8048-47-9

Acabou de se imprimir em Outubro de 1993

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ÍNDICE DAS MATÉRIAS

Notas prévias ' 7

Prefácio 9

I - TRADUÇÃO

A - Testemunhos 11

B - Fragmentos 27

- Tratado do Nào-ser ou da Natureza 29

- Elogio de Helena 40

- Defesa de Palamedes 47

II-ANEXOS 67

1. Referências no texto de DIELS-KRANZ 69

2. Glossário dos nomes próprios 75

3. Bibliografia geral 83

III - BIBLIOGRAFIA UTILIZADA 99

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NOTAS PRÉVIAS:

1. O conteúdo deste volume é o resultado de um trabalho iniciado no Seminário "A problemática dos gêneros literários entre os antigos Gregos e Romanos", do Mestrado em Literaturas Clássicas, da Faculdade de Letras de Lisboa, no ano lectivo de 1986-1987.

2. O texto grego que acompanha a tradução é o da edição crítica de DIELS-KRANZ', com excepção de duas passagens do Elogio de Helena, devidamente assinaladas. Elas representam uma opção por nós assumida em ordem a uma tradução mais convincente.

3. Procurámos, no texto traduzido, comunicar não apenas as ideias mas também o estilo de Górgias, o que poderá ter resultado, por vezes, num estilo afectado. Tal facto deverá ser compreendido enquanto fruto duma preocupação didáctica: a de transmitir, duma forma mais eficaz, a concepção do discurso protagonizada por Górgias.

4. O texto grego da edição DIELS-KRANZ foi aliviado de um grande número de referências remissivas. Destas, umas surgem colocadas entre parênteses rectos, quer no seio do texto traduzido, quer nas notas de rodapé; outras foram simplesmente excluídas, por pensarmos terem pouco interesse para o leitor. Tivemos, porém, o cuidado de as recolher a todas, inventariando-as alfabeticamente por autores e textos. As referências a edições e revistas foram, além disso, desenvolvidas. Tudo isto se poderá verificar no capítulo "REFERÊNCIAS NO TEXTO DE DIELS-KRANZ".

1 Die Fragmente der Vorsokratiker Griechisch und Deutsch, von Hermann DIELS, Auflage herausgegeben von Walther KRANZ, Berlin, Weidmannsche Verlags- buchhandlung, 1956, II vol., pp. 271-307.

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8 Górgias, Testemunhos e Fragmentos

5. 0 "GLOSSÁRIO DE NOMES PRÓPRIOS" apresenta uma notícia breve mas adequada, pensamos, sobre os numerosos antropónimos, e mesmo mitónimos, referidos nos TESTEMUNHOS E FRAGMENTOS, pretendendo funcionar como um auxiliar de leitura.

6. A "BIBLIOGRAFIA GERAL" ilustra o interesse que Górgias tem despertado entre os estudiosos da cultura clássica, designadamente no que diz respeito à retórica, e poderá, simultaneamente, contribuir para novos avanços da pesquisa.

7. Apraz-nos registar um agradecimento público ao Prof.-Doutor Rosado Fernandes, pela forma como nos soube sempre motivar para a prossecução desta tarefa. Igual agradecimento é devido ao Prof.- -Doutor Manuel Alexandre Júnior, pela revisão feita à tradução.

8. Embora estejamos conscientes dos eventuais defeitos que subsistirão num trabalho com estas características, é com gosto queo expomos à consideração e às críticas do público.

Manuel José de Sousa Barbosa Inês de Castro e Ornellas

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PREFÁCIO

É esta edição o resultado do trabalho realizado, há já alguns anos, num curso de Mestrado da Faculdade de Letras de Lisboa. Estudou-se Górgias e, com ele, alguns aspectos da vida e obrk dos sofistas atenienses, por se julgar que, na escola portuguesa, eram sobejamente desconhecidos esses homens de primeira qualidade e dos poucos que na Grécia não consideravam o ser humano como o produto de uma escala degressiva das idades do mundo, mas que, pelo contrário, julgavam ser possível alguma forma de progresso. Era a sua imagem sobretudo veiculada pela obra platônica que, por meio das intervenções da maiêutica socrática, os conseguia apresentar como exímios na dialética, mas eivados de contradições, capazes na pedagogia, mas sem ética que a justificasse, uma vez que cobravam pelas lições que aos seus discípulos ministravam. Admitindo sem grande dificuldade que a crítica platônica toca, com frequência, em pontos sensíveis da actuação sofistica, nunca podemos aceitar que o fundamentalismo, revelado pelo grande filósofo, bastasse só por si para nos impor a ideia negativa que das suas páginas se colhe. A repugnância com que Platão acolhia a palavra escrita, desde que fosse utilizada para comunicar ensinamentos a discípulos, que para mais pagavam as lições; a recusa da actividade lucrativa e a insinua­ção de que esta era desprezível, bem como a actividade de todo e qualquer mechanopoiós, engenheiro, se quisermos assim traduzir, levou a escolher um dos seus alvos mais célebres como tema do tal curso. Para mais estava esse alvo, na tradição siciliana da teorização literária, ligado certamente à prática forense, acabando Górgias, o visado na crítica platônica, por deixar nome imortal dentro da litera­tura e pensamento gregos. As figuras gorgiânicas e a racionalização

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10Górgias, Testemunhos e Fragmentos

do ornato, a taxinomia da chamada técnica retórica, o enriquecimento que a consc.encialização do ornato acabou por ter na técnica da comumcaçao, ou, se quisermos, da persuasão, foram outras tantas

[ T o S : T kam à eSC° 'ha ^ GÓrSÍaS’ S@mpre na esPerança de que o trabalho em comum reaüzado na aula, viesse a consubstan-ciar-se numa edição para português deste autor tão conhecido denome, mas tao pouco de seus escritos. Para mais também acrescia o

ivo de dar a conhecer a sua intervenção paradoxal e, até dirialigeiramente cmica, pela forma antitética do seu pensamento nos

fragmentos ^ 9SCreVeU 6 de que che9aram a nós alguns

Há que agradecer a Manuel Barbosa o ter conseguido verter para português escorreito, com a ajuda de Inês de Castro e Ornellas o grego de Górgias, bem como comentar o texto por forma a apro- xima-lo do leitor português. Espero que este venha a aproveitar desta edição, em resultado de muito trabalho, muita discussão, bem como de aturada leitura.

R. M. Rosado Fernandes

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- TRADUÇÃO

TESTEMUNHOS

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12 A.

1. PHILOSTR. V. S. 19, Iss. Xitce iía Fopyíav èv Aeovrívoiç fjveyKev, èç Ô àvc«|>ép£iv tí7Ó|1£6cí xfjv 'omv ao!j>wyrâv téxvrjv ákmep èç itaxépa- ei yàp xòv AiaxóÀov èv&up.T|0eÍT|p£V, óç m fk k à xíji xpayaiôíai Çuvepátera èa0f|xí te a-üxrjv

KotraaKEDáoaç Kai ÒKpípavxi í>n|/TiA®t Kai fjpóov eíôecnv àyyéÀoiç te Kai

èçayyéÀoiç iccxi oíç èíu cncrjvfsç te Kai twtò cncTjvfsç XPH Jtpàxxeiv, xomo áv eíri Kai ó r. xoíç ôjHKÉ%voiç. (2) ôp^fsç xs yàp xotç ao<jnoTaíç fjpí;e Kai

rcapaôoçoÀoyí aç Kai Kvevjxatoç Kai xoí> to \m y a k a ji£yá5uaç épjrnveÚEiv,

ánoaráoEÓv xe Kai repoojloÀôv, ím))’ êv ó Àóyoç fjôífflv éawoíi yíyvexai Kai

aopapáxEpoç, Jt£pi£j3ódÀ£XO ôè Kai JKroixucà òvó(i.axa twtèp KÓ0|Aa\) Kai

o£{i,vórt]xoç. (3) óç |ièv oSv Kai penara àjteaxeôíaÇev, Eípryiaí p.oi m xà áp%àç xoí> Xáyav, ôiate^Beiç ôè ’A6f)vr|cn.v fjSr| yripáaKov ei |ièv imò x<ôv mXkôv

èGaunàaôri, áureo fkrôna, ó ôè, oíjxai, Kai xawç èXÃoyijiíDxáxauç ávr)pxf)aaxo, Kpixíav (ièv Kai ’AÁKi(Jiá&nv véco òvxe, 0oukdSíôt|v ôè Kai IlepnAéa f|5r| ynpácncovxe. Kai ’Ayá0fl>v ôè ó xf|ç xpayoiôíaç tkíutttiç, ôv fj KGjjioiôí a aotjíóv xe Kai KaÀÀiejtfj otôe, nóX laxoX ) xâv íáufküv yopyiáÇei. (4) è(ucpéma)V ôè Kai xaiç

xôv 'eàãtjvídv raxvriyópeOT xòv nèv Xóyov xòv ITu0ikòv ánò xao B©ncrô fücnoev,

è(|)’ 06 Kai xpootríjç áv8XÉ9n. èv xrâi xoí) lluOíou iepói, ó ôè XjAa)|í.jukòç Xóyoç wcèp xm> (isyíoxou améh èitoA,ixE'ú&n- axacnáÇoixray yàp xnv 'EÀXáôa ôpôv óp,ovoíaç ^■óp.ptwÀoç awoiç èyévexo xpéicov èm xoòç fkxpPápauç Kai Tteí0a>v

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1. FILÓSTRATO, Vida dos Sofistas I, 9, 1ss. A Sicília deu ao mundo, em Leontinos, Górgias, a quem se deve atribuir, julgamos nós, a arte dos sofistas, como se fosse o seu pai. Na verdade, se em relação a Ésquilo pensamos' que ele acrescentou muita coisa à tragédia, dotando-a de vestuário, do alto coturnovde personagens heróicas, de mensageiros de fora e de dentro, do que se deve representar dentro ou fora de cena, algo de idêntico representará Górgias para os seus colegas de profissão. 2. Ele liderou o movi­mento dos sofistas pela sua maneira assombrosa de falar, pela sua inspiração e pela interpretação grandiosa de grandiosos assuntos, pelas suas interrupções bruscas e pelas ausências de transição, que tornam o discurso mais agradável e mais incisivo, e ornamentou-o, além disso, com nomes poéticos, para lhe conferir beleza e gravi­dade. 3. Já foi dito, no início do meu discurso [A 1a], como ele improvisava igualmente com grande facilidade; e se muitos o admi­raram quando, já em idade avançada, discursava em Atenas, pela minha parte isso nada me admira, já que ele teve a seu cargo os homens mais ilustres: Crícias e Alcibíades, quando jovens, e Tucí- dides e Péricles, já idosos. Também Agatão, o poeta trágico, que a comédia vê como um sábio e de linguagem elegante, gorgianiza muitas vezes nos seus jambos. 4. Notabilizando-se nas Panegíriasz dos Gregos, ele pronunciou o Discurso Pítico [B 9] em cima do pedestal onde se erigiu uma estátua de ouro no santuário de Apoio Pítico. Por outro lado, o seu Discurso Olímpico [B 7. 8a] foi uma tomada de posição sobre um assunto da maior importância política. Na verdade, vendo a Grécia dividida entre si, ele tornou-se para ela um conselheiro da concórdia, virando-a contra os Bárbaros e con­vencendo-a a considerar como troféu da luta armada, não as suas

1 Calçado usado pelos actores trágicos, para se engrandecerem nos papéis das personagens que encarnavam.

2 Festas que congregavam Gregos vindos de todo o lado. Olímpia era o local privile­giado destas festividades. Aí, em torno do recinto sagrado de Zeus, muitos escritores aproveitavam para ler as suas últimas obras.

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X<ópoív. (5) ó ôè EmTci<j)ioç, òv ôifjÀ0ev AÔrjvrpjiv, EiprjTrai jièv èsn to íç èic 'dov

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2. SUID. ro p y ía ç X a p p a v ú S o u Àeovtívoç, pnrop , na0rrrnç

E[X7CeÔokÀ£ouç, StÔácncaÀoç liáX o u ÂKpayavTÍvou K ai nepucA iauç Kai

looK páTauç K ai ’A lK iôá)xavroç xoò EÀaÍTau, ôç a fra rô K ai t t |v o^oÀf|v

ôiEÔÉÇaTO- àôeA4>òç ôè fjv tcw iaTpoíi HpoôÍKau.

nopífrópioç Ôè atròv ètcí rf|ç rc òA,Dp.7tiáôoç TÍÔncnv àXkà xpn voeív TtpEopúrepov arnòv EÍvai.

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Testemunhos 13

próprias cidades, mas sim o território dos Bárbaros. 5. A Oração Fúnebre [B 6], por ele pronunciada em Atenas, foi dedicada aos que cairam no campo de batalha, em cuja honra os Atenienses, mediante uma subscrição pública, organizaram solenes exéquias, e está redigida com uma sabedoria extraordinária. Na verdade, virando os Atenienses contra os Medos e os Persas e desenvolvendo a mesma linha de pensamento do Discurso Olímpico, ele não disse palavra sobre a concórdia entre os Gregos, pois se encontrava perante Atenienses ciosos duma supremacia que não se podia conquistar sem eles tomarem medidas, mas cingiu-se aos elogios sobre os troféus que celebravam a vitória sobre os Persas, fazendo-lhes ver que "as vitórias... cantos, fúnebres" [B 5b], 6. Dizem que Górgias chegou aos cento e oito anos, sem ter o corpo afectado pela velhice, mas gozando até ao fim duma saúde equilibrada, no perfeito domínio das suas faculdades.

1a. - FILÓSTRATO, Vida dos Sofistas I, 1 Górgias de Leontinos foi, na Tessália, o fundador da antiga [sofistica]... Górgias [parece] ter sido o primeiro a falar de improviso. Na verdade, tendo-se apresen­tado no teatro de Atenas, atreveu-se a dizer "proponde-me assunto”, e foi o primeiro a desempenhar em voz alta esta árdua tarefa, mostrando assim possuir um saber universal, ao permitir-se falar de tudo com oportunidade.

2. SUDA Górgias, filho de Carmântidas de Leontinos, orador, discípulo de Empédocles, mestre de Polo de Agrigento, de Péricles, de Isócrates e de Alcidamante de Eleia, que lhe herdou também a escola. Era irmão do médico Herodico [A 2a],

Porfírio situa-o na octogésima Olimpíada [460-457 a.C.], mas é de pensar que seria mais velho.

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oírajç jipSxoç xâi pnxopiKÓh eíSei -xfjç raxiSeíaç ôúvajxív te <|>pa<raKTi|V ra i té%vt,v èSfflKE, xporniç tc Kai ji£xa<|>opaiç Kai áÀÀrjyopíaiç icoà im a X k a ja iç m i

Kataxprpecn Kai mepPáoEOT Kai âvaôutíuóoecn Kai èjtavaWn|f£(n Kai ám>axpo<í>atç Kai JtapuiéaEcav èj£pri<TaxQ. empurre ôè xôv (xa&rjrov EKacsxov ixvâç p. èpíffl.òè évr\ p8, Kai crovEypáv|/axo msKká.

2a. PLATO Gorg. 448B ei èxÚYxave Topyíaç èjnaxnnojv ôv xqç xéxvrjç

■fpnep ó àÔeÂ/fiòç aírcoíi 'HpóSucoç, xí àv amòv ôvofiáÇojiev ôiKawoç;3. DIOG. VIII 58. 59 Empedokles K ai iaxpòç rjv K ai pTycojp àp icxoç.

F o p y íav youv xòv Aeovtívov aírcoíi y e v é o ta t iiaôrjtrfv, á v ô p a ■ÒTOpé^ovia èv

pt|xòpiicrii K ai Téxvnv ájtoÀ£Àoucóxa... to m ó v cfrricnv ó Xáxupoç Àéysiv, ê ç a w ò ç

n a p e Í T l X8)l 'EfI7T€ÔOK£l y o T ftE ijo v T i.

4. DIOD. XII 53, lff. èiti.Ôè xoOTfflv K axà xrçv XtKeXíav A eovrivoi,

Xa^ta5é(i)V |j,èv õvxeç õotoikoi, croyYEveíç ôè 'A&nvaíov èxu%ov xwtò E upaK oaíov

Tto^EjiaúnEVOf toeÇouevoi ôè tou )roXé(i(Di K ai ô ià Tr)v iimEpoxfiv xâv

XupaKocríov kivÔ w eúovxeç á M jv a i K axà Kpáxoç èçéTC|i\|/av Jipéafteiç eiç xàç

’A&nvaç àçio ívxE ç xòv ô fp o v Pan& naai xrçv xaxíaxriv K ai xpv tíóXiv é av zô v èK

xôv KivSwrav pw acrtkxi. (2) fjv 6è x©v ájteaxaA,|xév(ov àpxutpEapEiyrriç r . ó

pT|xo>p, ôeivóxTyn Xáyov tcoXíi npoéx®v xôv Ka0’ éawxóv. o m o ç K ai xé%vaç

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■vwcEpépaÀev, óctte n iatlòv Axxjipáveiv raxpà xôv jia&nxôv n v â ç éKaxóv. (3) o w o ç

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Testemunhos 14

Foi ele o primeiro a dar ao aspecto retórico da cultura força e razão persuasivas, mediante a utilização de tropos, metáforas, ale­gorias, hipálages, catacreses, hipérbatos, anadiploses, epanalepses, apóstrofes e párisos3. Por cada aluno cobrava cem minas. Viveu cento e nove anos e deixou muita coisa escrita.

2a. PLATÃO, Górgias 448B Se, por acaso, Górgias se dedicasse à arte que exerce seu irmão Herodico, que nome se lhe deveria atribuir?'*

3. DIÓGENES LAÉRCIO, VIII, 58, 59 [Empédocles] era não só , médico mas também um excelente orador. Górgias, pelo menos, foi/ seu aluno, um homem superdotado em retórica, de que nos deixou/ um manual técnico... Sátiro conta que Górgias lhe disse ter estado presente enquanto Empédocles fazia sortilégios.

4. DIODORO DA SICÍLIA, XII, 53, 1ss. Nesta altura=, os habitan­tes de Leontinos estabelecidos na Sicília, mas originários de Cálcis e da mesma raça que os Atenienses, viram-se envolvidos na guerra desencadeada pelos Siracusanos. Pressionados pela guerra e cor­rendo o risco, dada a superioridade dos Siracusanos, de serem tomados pela força, enviaram embaixadores a Atenas pedindo ao povo que viesse em seu socorro o mais rapidamente possível e lhes livrasse a cidade dos perigos que a ameaçavam. 2. Górgias, o retor, chefiava a embaixada, sobressaindo em relação aos demais pelo poder do seu discurso. Foi ele também o primeiro que inventou a arte retórica, e ultrapassou de tal modo todos os outros pela sua perfeição sofistica, que recebia dos seus alunos um salário de cem minas. 3. Descendo a Atenas e tendo-se apresentado à Assembleia, ele

3 Para a definição de tropos e figuras de estilo, cf. H. LAUSBERG, Elementos de Retórica Literária, trad. de R. M. ROSADO FERNANDES, 2a ed., Lisboa, Fund. Calouste Gulbenkian, 1972.

4 Tradução de Manuel de Oliveira PULOUÉRIO (Cf. PLATÃO, Górgias. O Banquete. Fedro. Verbo, Lisboa. S. Paulo, 1963).

5 [Arcontado de Eucles, em 427 a. C.].

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’A6r)vaíoiç sepi tt|ç m ^ a x ía ç Kai m i ÇevíÇovxi 1% ÀéÇeaç è ç é ^ ç e xouç 'AOnvaíouç õvxaç eixjmsíç Kai ^oÀóyouç. (4) jcpâxoç Yàp èxprfcaxo xoiç Ãéçsfflç o^rjjianoijoiç jcepvrroxÉ potç m i rqi XoxExvíai Sia^pownv, àvneÉTOiç Kai iooicéAxjiç ícai Jtapíaoiç Kai ó oiQTeÃeÚTQiç Kai timv étápoiç xoiowoiç, ã tótb nèv ôm TÒ Çévov rnç KaTacTiCEwnç àjtoSoxfíç TIÇIOÚTO, vüv ôè roptepyíav e%eiv ôokeí kkí (JiaívExai KaTayéJuxara Ttteovájaç Kai wmaKÓpmç, -ndé^va. téXoç ôè Tteíaaq tíxòç AÉhyvawuç cru^a%f|a;at tqíç Aeovtívoiç omsç pèv ea-UfiaoGeiç èv Tatç ’A9f|vaiç èici xé/vni priropiKÍii rr\v eiç Aeovrívauç èmvoSov èranrjoaxo. DIONYS. d. Lys. 3 ôri^oí ôè tcwto I . te ó Aeovtívoç èv jtoJUuriç jcávw ())opnKf|v xe Kai mepayKov rcouôv ttjv KaTacrKeufjv Kai ’ov rcóppo) SieupáuPcov TIVÔV’ [PLATO Phaedr. 238D] êvia (j^ónevoç, Kai xôv ÈKeívm) owowiaoTXDV oí Jtepi Aiku|j.viov Kai nôÀov. f|\|/aTo Sè Kai xrâv ’A6r|vr|ci pT|rópo)v fi JtotTiTiKfi Te K ai TpojciKTi (|)páoriç, é ç piv Tí|iaióç (j^ai [fr. 95 f h g

I 216] ropytou ápçavtoç í |vík’ ’AÔr|vaÇe jcpeopeíxov KaxEJtWiÇaTo xaòç àKoúovxaç ttji Ôrpnyopíai, ®ç Sè xcdr|0èç e%ei, tò Kai JtaXaiórepov aieí ti 0at>naÇopivr|.

5. XENOPH. An. II 6, 16 ss. npóÇevoç ôè óBoióxioç eufròç pèv peipáictov ôv è7KÔúp£i yevéoGai àviip xà jieyaka rcpaxxeiv ÍKavòç Kai Sià xaúrnv èmGuníav êSoKe Fopyíai àpyópiov xrax Aeovxívoi.

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Testemunhos 15

mesmo falou aos Atenienses sobre a aliança e impressionou, pela novidade do estilo, os Atenienses que eram muito dotados e afeiçoados às letras6. Ele foi, com efeito, o primeiro a usar de figuras de estilo cheias ide graciosidade que se distinguiam pela habilidade artística, como as antíteses, os isocolos, os párisos, os homeoteleu- tos e outras do mesmo gênero?, que na altura mereceram aprovação pela novidade da construção sintáctica, mas que hoje parecem representar um esforço supérfluo, surgindo como coisas ridículas de que se abusa repetidamente até à saciedade. 5. Após ter convencido os Atenienses a socorrerem os habitantes de Leontinos e ter sido admirado em Atenas pela sua arte retórica, regressou a Leontinos. [Segundo Timeup, Górgias de Leontinos mostra isso em inúmeras ocasiões, tornando o seu estilo oratório muito pesado e empolado, e utilizando algumas expressões "que não estão longe de certos diti- rambos"^ e dos seus discípulos do círculo de Licínio e Pólo. A lin­guagem poética e figurada impressionou os oradores atenienses quando, como diz Timeu10, Górgias, ao conduzir as negociações à frente da sua embaixada, em Atenas, se destacou, deixando estupe­factos os ouvintes com o discurso que fez ao povo, como também é verdade que, de certo modo, antigamente tal linguagem era sempre admirada” .

5. XENOFONTE, Anábase II 6, 16 ss. Próxeno-o-Beócio desejou desde jovem tornar-se um homem capaz de realizar grandes feitos e, movido por esse desejo, ofereceu dinheiro a Górgias, o Leontino.

6 Traduzimos deste modo o gr. <|>i.X<W.oyoç Filólogo será o homem apaixonado pela cultura, o que ama os discursos e se entrega devotadamente à cultura (cf. JAEGGER, Werner, Paideia, Lisboa, Aster, 1979, p. XXIII).

7 Cf. n. 3.8 [Cfr. DIONÍSIO DE HALICARNASSO, Sobre Lisias, 3]9 [PLATÃO, Fedro, 238 D], Uma alusão do próprio Górgias a este tipo de discurso

poético surge no Elogio de Helena, §§9-10.10 [fr. 95 FHG I 216], /11 [Cfr. Proleg. Syll. Rhet. Gr. XIV 27, 11 ss. Rabe],

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5a. ARISTOPH. Aves 1694

écra §’ èv # a v a io i jcpòç xrp.

K&£\jrúêprai íravoüpyov èy-

yAíDTToyaoTÓpíDV yévoç,

OÍ 0EpíÇoWtV TE Kai CREEÍ-

pouai Kai TpuyScn xaiç jMyv- ta ia i cjUKctÇo\xjí te-

PápPapoi 8’ eiaiv yévoç

Topyíai te Kai O ilm to i,

Kám xôv èyyÀíiixtoyaaxó -

pa>v ÈKeívov xóv <&tA.íra)V

raxvraxoi) Tf|ç 'Amicnç f)

jMivza %topiç TÉjiverai.

~ VespA2Q

Tipáictaiç Kai KÉvrp’ èxaucnv. c% ópâiç a ôécrnna;- olç y’ àm&Àecav <&ítomov èv ôíktii tòv ropylau.

6. [PLUT.] Vit. X or. p. 832F yéyove ôè KaTà z à XlepcFiKà K ai F o p y íav

tò v a«t>i0Tfiv, ôXíywi veó tepoç aiirayu.

7. PAUS. VI 17, 7ss. Kai tòv A eovuvov T opy íav tóeiv é o t iv à v a M v a i

ôè tt)v eiKÓva èç ’05u)n.mav <|)TfOTV EíjioA-Jtoç áreóyovoç Tpúoç AtiiKpáTouç

oDVoiKiíoavToç àSeX4rf|i xf|i ropyíou- (8) outoç ó T . iraxpòç p iv f|v

Xap(j.avúôau, Myexai Ôè àvaoóoaoG ai (ieAíttiv Àóymv rcpêToç fpeA,rinivnv te

èç áicav Kai èç MiOnv òÂáyou ôeív ípcaucav àv6pájto iç . eòôoKinfjoai ôè Fopyíav

Àáyfflv èveKa ev te JtavnyúpEi t% t>A.upn,Knt (Jkxcti Kai àí(n,KÓ|XEV0V KaTà

jtpEapEÍav c^ioíi TEuríai jtap’ 'AÔnvaíooç... (9) ò l lá ye èkeívou te èç j&éov

TiH.f|ç à(()ÍKETo ó r . jtapà ’A&r]vaíoiç, Kai láacuv èv ©eóoaÀíai T O paw naaç ,

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Testemunhos 16

5a. ARISTÓFANES, Aves 1694 Há em Fanes, junto da clépsidra, um povo industrioso, o dos englotogastros'2, que com as línguas ceifam semeiam e vindimam e também colhem os figosia.São também uma raça de bárbaros os Górgias e os Filipes, e é devido a esses Filipes englotogastros que em toda a Ática se corta a língua.

ARISTÓFANES, Vespas 420

Por Héracles, eles têm ferrão. Não os vês, senhor?- Os que num pieito deitaram a perder Filipe, aluno de Górgias.

6. PLUTARCO, Vidas dos dez oradores 832 F [Antifonte de Ramnunte] nasceu precisamente na época das Guerras Pérsicas [480 a.C.] e de Górgias, o sofista, sendo um pouco mais novo do que este.

7. PAUSÂNIAS, VI 17, 7 ss. E também se pode ver [a estátua de] Górgias de Leontinos. Diz Eumolpo, o terceiro descendente de Deícrates, que casou com a irmã de Górgias, tê-la consagrado em Olímpia. 8. Este Górgias tinha por pai Carmântidas. Consta que foi o primeiro a ressuscitar o tão negligenciado exercício da retórica que estava praticamente esquecida pela humanidade. Dizem que Górgias ganhou fama devido aos discursos proferidos na Panegíria de Olímpia e também aquando da embaixada a Atenas juntamente com Tísias... 9. Mas Górgias conseguiu grangear entre os Atenienses uma consideração superior à daquele, e Jasão, que naquela época era o tirano da Tessáliá [+ 380 / 370], colocou Górgias à frente de Polícra-

12 Do gr. syyX(dttoyíícttop£ç, que significa "os que se alimentam de palavras", ou seja, os delatores.

13 A forma verbal grega ouKáÇovai (colhem figos) constitui igualmente uma referência aos delatores, chamados "sicofantas" (caluniadores).

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noÀ U K páw uç o'ò x à Ea%axa èveyKotpévot) ôiSaoKaÃeítru xtrõ A8f|vncn., xoúxqd

xaü àvôpòç èjtútpoaSEV aüxòv ó láacüv é íco irpaxo . B tô v a i ôè exri névxE <J>o«jív

èíti xoíç é rax o v . X 18, 7 èrcíxpiXHjç §è eíkcòv à v á & rp a Ib p y ío u xoí> èk Aeqvxívgjv

aDXQÇ F. EOXIV. CIC. de orat. III 32, 129 cui [Gorg.] tantus honos habitus est

a Graecia, soli ut ex omnibus Delphis non inaurata statua, sed aurea

statueretur. PLIN. N. H. XXXIII 83 hominutn primus et auream statuam et

solidam .LXX. circiter olympiade G. Leontinus Delphis in templo posuit sibi.

tantus erat docendae artis oratoriae quaestus.

8. EPIGR. 875a p. 534 Kaibel.

X ap p av x íõ o u F o p y íaç Aeovxívoç.

a. xr|v (i£V áSeÀ<t)T|v Ài|ÍKpáxTiç xr)v ro p y ía u êo^ev,

èK xaxm iç Ô ^ íra h yíyvExai 'l7C7COKpáxriç.

IratoK páxauç 5’Eti(a.oA,7coç, õç EÍKÓva xr)vô’ àvé&r)Kev

ô iao ô v , jcaiÔEÍaç K ai «jnÃíaç EVEKa.

b. ro p y ía u à a ic f |a a i i|rt}jcr|v àpexf|ç èç à y ô v a ç

ouÔeíç jkd Gvtycôv KaÂÀíov’ eiipe x é /v r |v

a o K ai ’Ajióàà<dvoç ym A xnç eíkwv áváK Eixai

ou jcàoúxou raxpáôeiyn’, eúoepe íaç ôè xpóiaov.

8a. PLATO Apol. 19E x om ó yé |aoi ôqkeí K a tó v E ivat, e í xiç o lóç x’ eít)

jcaiÔE-ÚEiv àvepÓJtouç ôorcEp F. xe ó Aeovxívoç K ai IlpóôiKoç ó K eíoç K ai Iro tía ç

ô 'Hàeíoç.

9. AEL. V. H. XII 32 Irocíav 8è K ai ro p y ía v èv Ttopcjmpaíç èa&rjai

jip o íév a i ôiappEi ítóyoç.

' 10. APOLLODOR. fFGrHist. 244F 33] è w é a JtpÒÇ XOÍÇ ÉKaxÒV EXT)

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Testemunhos 17

tes, cuja posição não era das últimas na escola de Atenas. Dizem que viveu até aos cento e cinco anos. X 18, 7 Há [em Delfos] uma estátua de ouro que foi uma oferta votiva do próprio Górgias de Leontinos^. CÍCERO, Do orador III 32, 129 Este [Górgias] foi objecto de tanta consideração na Grécia que, em Delfos inteira, apenas a ele erigiram uma estátua, e esta não era dourada, mas de ouro. PLÍNIO, História A/a/ura/ XXXIII 83 Górgias de Leontinos foi o primeiro homem a ter erigida em sua honra uma estátua de ouro maciço no templo de Delfos na 70® [?] Olimpíada, tal era o lucro proveniente do ensino da arte oratória^.

8. EPIGRAMAS GREGOS 875a §534 Kaibel16Górgias de Leontinos, filho de Carmântidas.

a. Deícrates casou com a irmã de Górgias e desta lhe nasceu Hipócrates. De Hipócrates, Eumolpo, que também lhe consagrou uma estátua, por dois motivos: por educação e por afecto.

b. Jamais algum mortal encontrou arte mais bela para exercitar o espírito nas lutas da virtude do que Górgias; e a sua estátua está nos vales de Apoio, não como exemplo de riqueza, mas como expressão de piedade.

8a. PLATÃO, Apologia de Sócrates 19E [Sócrates]: - Com efeito, parece-me belo que seja possível alguém ensinar os homens tal como Górgias de Leontinos, Pródico de Céos e Hípias de Élis.

9. ELIANO, Varia Historia XII 32 Circula por aí que Hípias e Gór­gias usavam vestes de púrpura.

10. APOLODORO [FGrHist. 244F 33] [Górgias] viveu nove anos para além dos cem. PORFÍRIO, Sententiae II 272, 26.

14 [C l ATENEU XI 505D; DÍON 37, 28],15 Cf, testemunho de Filóstrato em A.1.16 [do início do séc. IV, encontrado em Olímpia em 1876],

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p iá v a i.OI.YMPIOD. IN p l a t . Gorg. ÔEwepovSèèpoti(xev,õ x ièrcíx<õ v aintav

Xpóvtov fjaav, ó nèv ZoKpáxnç èni rfjç õÇ òta^máSoç xôi y exei, ó Sè

EfXJieõoKÀ,íjç o IMkxyópsioç, ó Siôá(JKaA.oç Fopyíoi), é<|)0ÍTr]O£v jro:p’ aòxôv

à(j£À€i koíí ypá<|>Ei ó F. Ilepi (Jmorefflç crúyypajjjia oúk àKoiiyoy xrii jc5

òta)(máôi. óxtxe icrj exegiv f| óMyffli jc^eíocrv eivai Jipixov xòv 2ci>Kpáxr|. ãXAmç,

xé (jrqcnv èv xôi ©EaiTrjxon ô n tórav [183El õn ’véoç èv KOjAtôfii èvé-nr/ov

llapiaevíÔTii ôvxi jcávu Jtpeopw ni Kai Etipov Pa6waxov àvSpa’. oo toç Sè ó

üapuEVÍ&nç SiSáoKaXoç èyévexo 'EjijreôoKXéouç xtnj SiSaaKC&au Fopyíau. Kai

ó T. Sè JtpeopúxEpoç tjv* ôç yàp ioxóprixai xé0vriKev rôv pB èxêv, mate rcepi xoüç

ainauç xpóvovç rpav.

11. ATHEN. XII 548C D F. ó Aeovxivoç, Ttepi ou ((htciv ó amòç

Kléap%oç èv xêi rj xôv Bíov [fr. 15. FHG II 308], ôxi Sià xò ooxjjpóvoç Çfiv

o%eSòv n exn xôi (|>poveiv awepíoaEV. K ai èrceí xiç amòv fípexo xívi Siaíxr|i

Xpo)|xevoç oüxcoç ènneÀêç K ai |xexà akj&naEtoç xoaowov %póvov ÇítSeiev, 'otjSèv

Jióicoxe, ekev, f]ôovfiç evekev rcpáçaç;’. Ar|jj,f)xpioç Sè ó BuÇàvxioç èv~S nepi

Ttoirpáxtóv T ., ([rnaív, ó Aeovxivoç èpü)xr|0eíç, xí a txô i yéyovEV aix iov xoí>

piâoai ítÀEÚo xôv p èxôv, ’xò |rr|8èv jttójcoxE éxepau |?1 evekev itEJCoiTiKÉvai’.

12. CIC. Cato 5, 12 cuius [Isokrates] magister Leontinus Górgias centum

et septem complevit annos neque umquam in suo studio atquc opere cessavit

qui cum ex eo quaereretur, cur tam diu vellet esse in vita, 'nihil habeo’, inquit,

’quod accusem senectutem’.

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Testemunhos 18

OLIMPIODORO, Comentário ao Górgias de Platão §112'? Em segundo lugar, diremos que eram da mesma época; [na verdade], Sócrates nasceu no terceiro ano da 77® Olimpíada (470/69), e Empédocles, o pitagórico, o mestre de Górgias, mantinha relações amigáveis com; ele. É também dado como certo que Górgias escreveu um tratado Sobre a Natureza, a que não falta elegância, na 84a Olimpíada [444-1], Deste modo, ele era mais velho do que Sócrates vinte e oito anos, ou pouco mais. Platão, no Teeteto [183E], diz isso de outro modo: "Sendo eu jovem, encontrei-me justamente com Parménides, então muito mais velho, e deparei com um homem dotado de grande profundidadfe". Este Parménides foi mestre de Empédocles, o mestre de Górgias. E Górgias era mais velho; com efeito, segundo o que é narrado, ele faleceu contando cento e nove anos; logo, foram contemporâneos.

11. ATENEU XII 548 C/D Górgias de Leontinos, como refere o próprio Clearco no livro VIII das Vidas [fr. 15 FHG II 308], graças a uma vida moderada chegou perto dos oitenta anos [?] na posse de quase todas as suas faculdades mentais. E quando alguém lhe per­guntava qual era o regime usado para viver tão equilibradamente, senhor das suas faculdades após todo aquele tempo, respondia: "nada jamais fiz tendo em vista a outra coisa". Demétrio de Bizâncio, no livro IV Da Poesia, relata que, tendo alguém perguntado a Górgias de Leontinos qual a causa de ter vivido para além dos cem anos, ele respondeu "nada jamais ter feito com vista [a outra coisa?]"'*1.

12. CÍCERO Catão 5.2 Górgias de Leontinos, o mestre deste [Isócrates], completou cento e sete anos e nunca abandonou os estudos e a actividade. Quando lhe foi perguntado porque queria viver tanto tempo, disse: "não tenho motivo para acusar a minha ve­lhice".

17 [Neue Jahrb. Suppl. 14 (1848) ed. A. Jahn].18 Passo obscuro. Os filólogos conjecturam sobre a lição mais adequada e, em alter­

nativa a frcápov (outra coisa), propõem évrépou (ventre), iftpou (baixo-ventre) ou ÉrctCpov (amante). Cf. DIELS-KRANZ, op. cit., p. 275.

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13. PLIN. N. H.. VII 156 indubitatum est Gorgiam Siculum centum et

octo vixisse. [LUC] Macrob. 23 pTjxópfflv Sè r., õv xiveç oo<tnoTr(V KaXQÍKTiV,

ÉKatòv ôk tÓ ' Tpcíjrriç 6è ànoa^ópevoç èteX sw riaev ' õv <j>acn,v ÈpamiGévTa xijv

a ix ía v to ô iiaicpo-ò yfipaiç r a i ty ieivoO èv r ó o a i ç toâç aia& rjoem v eü tsív Ôià

t ò |ir|8éicoTe cjT)n,jE£piEvex0fjvai za iç a k lm v eiw xím ç,.

14. QUINT. III 1, 8f. artium autem scriptores antiquissimi Corax et Tisias

Siculi, quos insecutus est Vir eiusdem insulae G. Leontinus, Empedoclis, ut

traditur, discipulus. is beneficio longissimae aetatis (nam centum et novein vbcit

annos) cum multis simul floruit, ideoque et illorum, de quibus supra dixi, fuit

aemulus et ultra Socraten usque duravit

15. AEL. V. H. II 35 F. ó A eqvtívoç èjcí xápjj.oíTt ê v toíi píov Kai

yeynpaKcòç e-B ]xáka m ó tiv o ç áaBevEÍctç KaTO.?ai4>0£Íç, x a r ô k íya v èç ík v o v

'ÒJcoÀ.ioOaívwv ekeito . èícei Ôé t iç a m ò v jcapqytfte t o v èítiTri&úov èjaaK oiw úpevoç

K ai fipeTo õ t i jtpáxxoi, ó F . áitEKpívaTO- ’fjôr| |i£ ó m v o ç àp x ex a i

ra x p a K a x a m e a ta i TáÔEÀ4xih’.

15a. ATHEN. XI 505 D tó /E x a t Sè ó ç K ai ó r . atixòç à v a y v o ò ç tòv

ó(xóvD|xov a m ô i ômÃoyov jcpòç toüç cruvfi6Eiç &|nv ’óç kuMç olSe IEictTOV

ianpíÇEiv’.

16. QUINTIL. Inst. III 1, 13 his successere multi, sed clarissimus

Gorgiae auditorum Isocrates. Quamquam de praeceptore eius inter auctores

non conuenit, nos tamen Aristoteli credimus.

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Testemunhos 19

13. PLÍNIO, História Natural VII 156 É indubitável que Górgias da Sicília viveu cento e oito anos. [LUCIANO] Macróbios 23 De entre os retores, Górgias, que alguns apelidam de sofista, contou cento e oito anos; tendo-se abstido de comer, faleceu. Conta-se que, quando lhe perguntaram a causa de uma idade tão avançada e do bom estado de todas as suas faculdades, ele retorquiu que isso se devia a nunca ter aderido aos prazeres dos outros^.

14. QUINTILIANO III, 1, 8 ss. Os mais antigos escritores destas artes oratórias foram Córax e Tísias da Sicília, a quem sucedeu um homem da mesma ilha, Górgias de Leontinos, discípulo de Empédo­cles, segundo a tradição. Beneficiado pela sua longevidade [com efeito, viveu cento e nove anos], ele celebrizou-se juntamente com muitos outros e, por esse motivo, foi rival dos que acima mencionei e . até sobreviveu a Sócrates.

15. Eliano, Varia Historia II 35 Górgias de Leontinos, encon­trando-se já no termo da sua vida e bastante idoso, atacado por uma doença funesta, ficou imobilizado, entrando pouco a pouco, doce­mente, no sono. Quando um dos familiares se abeirou para o obser­var e lhe perguntou como se achava, Górgias respondeu: "o sono já começou a arranjar-me lugar junto à sua irmã"20.

15a. ATENEU XI 505 D Do mesmo modo também se diz que, após ter lido o diálogo seu homônimo, Górgias disse aos seus ami­gos: "que bem que Platão sabe satirizar!".

16. QUINTILIANO, Instituição Oratória III 1, 13 A estes muitos se sucederam, mas o mais ilustre dos ouvintes de Górgias foi Isócrates. Ainda que os autores não concordem sobre quem foi o seu mestre, nós, todavia, damos crédito a Aristóteles2'.

19 [Cf. CENSORINO 15, 3).20 Ou seja, a Morte (edwatoç), irmã do Sono (íjivoç).21 [fr. 139 R.], [Cf. A 12],

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17. [PLUT.] vit. x or. p. 838 D fjv ôè k k í amou xpájieÇa líkvfÁ ov,

EXGvaa. jOTiijxáç xe K ai xoòç ôiôacncátaruç a ira n j, èv oíç K ai ropyíav eiç

a<(>aipav áaxpotayyiicnv PÀémovxa aw áv xe xòv laoKpáTrçv írapeaxôxa.

18. ISOCR. 15, 155f. ó Sè J tM o x a KTrjoá|j.evoç, esv fp e íç (ivrpove-üojjiev,

F . ó Aeovxivoç, otixoç ôiaxpí\|«xç xcepi © exxaW av, cx’ evSaiixovéoxaxoi xâv

'E?jirjv©v fjaav , i& eioxov Sè xpóvov K ai p ioúç K ai Ttspi xòv xprpaxiajiQ V xouxov

yevójievoç, (156) tcóXiv S’ ü í)8en íav K axajtayk íç o iic rp aç 0 ÒSè Ttepi x à K otvà

8araxvr|6eiç oòô’ eio(jx)pàv eioeveyKeiv àvayK aaG eíç, éxi Ôè ícpòç xaúxoiç aüxe

y w a iK a y f p a ç o ik e raxíôaç ícoirioánevoç, ò X k’ àxeA,f|ç yevónevoç K ai xaw rçç

xiiç X tiixaupyíaç xnç èvSeÀ^xeaxáTrjç K ai TcoÃWE/Veoxáxriç, xootm tov rcpotaxpôv

jcpòç xò j&eíg) K xrioao0ai xôv aXXm\, %iãíouç jióvauç o ia x íp a ç KaxéÀiiiev.

19. PLATO Meno 70A B ô Mévfflv, icpò xafi |xèv ©exxaXoi eítôÓKi|iot fja av

èv xoiç eàãtic tiv K ai èGanixáÇovxo è<|>’ imcucni xe K ai jtXaóxai, vüv ôé, ô ç èjioi

ôoKei, K ai èrti ocxj)íai, K ai ov% fp a o ra o i xoí> a o v èxa ípov 'A puraratoD rroXíxai

À a p io a to i . xoúxou ôè í>nív a ix ioç ècm r . à<|>iKÓnevoç y à p eiç xfiv TtóXiv è p aax àç

èrà c o p ia i eíÀ,T|(!>8V 'A X evadôv xe xaòç ítpóxoDÇ, wv ó oòç èpaaT nç èaxiv

ApíoTi7C7Coç, K ai xôv àX Ãav 0erxaX ôv- K ai Ôf| K ai xauxo xò ê0oç fy iâç eíÔikev

(5«|)óptoç xe K ai (ieya^.oitpe7KB ç cmoKpíveoSai, è á v xíç xi épr|xai, ôcmep eíkòç xoòç

e iôáxaç ãxe K ai a ü rò ç íc ap é /o v a w ò v èpoxâv xôv ’eM.T)vo)v xô i (kroÀonévoi ò

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Testemunhos 20

17. PLUTARCO, Vidas dos dez oradores §838 D [Túmulo de Isócrates, segundo Heliodoro-o-Periégeta] Havia também junto dele uma lápide fúnebre22 representando poetas e os mestres dele, entre os quais Górgias, que olhava para uma esfera astrológica, na pre­sença do próprio Isócrates.

18. ISÓCRATES 15, 155 ss. De quantos nos lembramos, foi Górgias-o-Leontino o que grangeou maiores riquezas. Residiu na Tessália, quando os seus habitantes eram os mais ricos dos Gregos, e viveu aí a maior parte do tempo, dedicando-se a esta actividade lucrativa. (156) Não fixou residência em nenhuma cidade, não fez despesas públicas, nem tão-pouco foi obrigado a pagar con­tribuições; além disso, não se casou nem teve filhos, pelo contrário, ficou isento desta obrigação tão contínua e dispendiosa. No entanto, tendo tido, mais do que os outros, a possibilidade de juntar dinheiro, apenas deixou mil estáteres.

19. PLATÃO, Ménon 70 A/B Ó Ménon, até aqui os Tessálios eram apreciados e admirados entre os Gregos pela arte da equitação e pela sua riqueza. Agora, porém, parece-me que o são devido à sabedoria, sobretudo os de Larissa, concidadãos do teu companheiro Aristipo. O responsável disto é o vosso Górgias. De facto, chegado à vossa cidade, captou, como amante da sabedoria, os mais ilustres dos Alévadas, entre os quais se encontra o teu amante Aristipo e outros Tessálios. Naturalmente, este costume habituou-vos a responder sem medo e com perícia se alguém vos perguntar algo, como é apanágio dos que sabem. Ele mesmo, Górgias, punha-se ao dispor dos Gregos que desejassem perguntar-lhe qualquer coisa, e a

22 Seg. DIELS-KRANZ (op. cit, p. 276), deverá entender-se por -cpráiEta ums lápide fúnebre onde eram representados em relevo os poetas e os seus mestres.

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t i áv t iç PoúÀíirai, Kai otiSevi m m owc àítOKpivópevoç. ARISTOT. Pol. T 2. 1275b 26 F. jièv o-Bv ó Aeovnvoç Tà |xèv íctíüç árcopôv Tà Ô’ eipcoveuouevoç é0Ti Katójtep õà,|í.üuç eivai toííç m ò tôv ó^poitoiâv TtEjtoiiipévouç, aura Kai Aapiaaíoiíç tquç m ò tôv §rp.cn)pyêv Ttejtovnn,évm>ç- eivou yáp Tivaç Aapiaojcoiaóç.

20. - Gorg. 447C BcyúÃ ouai yàp jtuGéotai jtap’ a w o ü , tíç fj Sírvap aç ttíç

TÉxvr,ç toô àvSpóç, m i t í èotiv õ ènayyéXkexaí te K a i SiSáoicsv xiiv 6è õl\r\v ÊJtiôeiÇtv eiç abtiiq, 'ôojiep ou Àéyeiç, %oiTjoáa6íi). - Ovôèv oiov x ò ainòv èpfflxâv, ô 2ÓKpaT£ç- K a i yàp amón év tom’ fjv xfjç èmôeíçeíDç èk£â£U£ yaõv vuvõf| èpoxâv õ ti Ttç poúXoito tô v evôov õvtov , K a i Jtpòç àraxvra é(t«l

ájtoKpiveío6ai. 449C K a i yàp aí) K a i toüto év èo tiv ôv <j)T|jxi, |iT|ôéva áv èv Ppaxorépoiç èp.oí) T à atirà eirceív. - toútou jxtiv ôei, è T o p y ía - K a i poi ÈTÚSeiçiv a m á totjtod jcoír|oav, TÍjç ppa%'üA,oyíaç, ( ia K p o X o y ía ç 5è eiç avfftç.

21. - Meno 95C l opyíou (láXiaTa, a> XÓKpateç, Taina àyap ai, õ ti ouk

áv itore am ot) toítco àKoúoaiç újuoxvaujiévau |namL ôiSáaKaXoç eivai

àperfjç], á X k à K a i tô v a Á lx a v iía x a y e X a l, õxav àKtrúorii miaxvm^iévojv à X X à

Àéyeiv ofetai M v Jtoieiv ôeivoúç.

22 - Gorg. 456B TtoAlátaç yàp f|ôr| éyaye HFtà toô àôeÀ ^ú Kai nerà

tô v ôXkmv iaTpôv £taeÀ0ôv jtapá Tiva tô v Kanvóvrav aò^i èôéÀovta f|

<t>áp|iaKov jcieiv f) xe|ieív K aôoai Jtapao%eív tôx iaxpch, ou ôw anévau tou

iaxpau jtetoai, èyô éiceiaa oük aU ,iii Té%vni f| xqi prp:opncfji.

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Testemunhos 21

ninguém deixava sem resposta. ARISTÓTELES, Política III 2.1275b26 [Determinação do direito de cidadania] De facto, Górgias de Leon- tinos, talvez por não conseguir dar uma resposta ou então ironizando, disse que, do mesmo modo que os malhos são feitos por fabricantes de malhos, também os Larisseus são feitos por artífices. Na verdade, existem alguns larisseirosza.

20. - Górgias 447c^ A minha intenção é perguntar-lhe qual é a virtude própria da sua arte, e que arte é essa que professa e ensina. O resto da demonstração poderá ficar, como tu dizes, para outro dia.- O melhor será fazer-lhe a pergunta a ele próprio, Sócrates, porque esse era precisamente um aspecto da sua actuação de há pouco: convidava os presentes a interrogarem-no sobre o que quisessem, que a ninguém deixaria sem resposta. 449c [fala de Górgias] Esta é, afinal, uma das coisas de que me orgulho, a de que ninguém é capaz de dizer o mesmo que eu em menos palavras. - É exactamente aquilo de que eu preciso, Górgias. Faz-me agora uma demonstração de brevidade, deixando para outra altura a abundância.

21. PLATÃO, Ménon 95c É nisto que eu admiro sobretudo Gór­gias, ó Sócrates: tu nunca o terás ouvido prometer tal coisa [ou seja: ser mestre de virtude]; pelo contrário, ele ri-se dos outros sempre que os ouve prometer tais coisas. Em seu entender, o que é preciso é torná-los hábeis a fa la^.

22. - Górgias 456b2« Várias vezes acompanhei o meu irmão e outros médicos a casa de doentes que não queriam tomar um remé­dio ou submeter-se ao tratamento do ferro ou do fogo. Ora, quando o médico se mostrava incapaz de persuadir o doente, fazia-o eu, sem mais recursos do que a retórica.

23 Do gr. ÀapiaojKuóç, ou seja, labricantes de vasos de Larissa.24 Tradução de Manuel de Oliveira PULQUÉRIO. Cf. n. 4.25 Górgias, ao contrário de Platão, defende uma retórica não comprometida com as

questões morais.26 Cf. n. 4.

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23. ARISTOT. Rhet. F 3. 1406b 14 tò ôè FopyíoD eiç tt|V %eJuôóva, èrasi kcct” ocutoü KSTOfievT] cxtfsTjKE tò KepÍTEffijici, âpioxa TÔv Tpayucájv elite yàp

'aioxpóv Y © <^ykx}]ii\ka:. õpviei jxèv yàp, ei èícoÍT]oev, oròc aioxpóv, Jtapôévíúi ôè aioxpóv. e-o ow èÃoi8ópt]oev eiraàv ô fjv, àXk’ m>% ô êoTtv.

24. PHILOSTR. V. s. p. 4, 4 Kays. ò Sfj I'. èmoicércTüív tòv HpóSucov, éç

êmÃá te m i 3to?lÀáiaç eipn^va àyopevovra, èrax ípcev èawòv xéi ícaipôv oi) m v ((sôóvau ye fpapTEV fjv yàp tu; Xaipe(|)ôv 'Aerjvrjcnv... mkoç ó KaipeifsSv xr|v ojiíruSriv tou Topyíou ôia(iaoó(ievoç- ’ôià tí, è^r|, © Fopyía, oi ta)a|xoi ttiv pèv

yacrcépa <|nxjêoi, tò ôè 7rüp ot» ((ruaêcn;’ ’ó ôè oitôèv Tapa/Geiç m ò tou

èporrpaToç ’to\)tí pév, ê<|>Ti, ooi ícaTaXeirao cticojkív, èyó ôè èiceívo raxJuxi olôa, õ n f) yf| toòç váp&r|Kaç èrci toÍ)ç toiootodç <)rí>ei\

25. PLATO Phaedr. p. 267 A. CIC. Brut. 12, 47 communes loci; quod

idem fecisse Gorgiam, cum singularum rerum laudes vituperationesque

conscripsísset, quod iudicaret hoc òratoris esse maxime proprium rem augere

posse laudando vituperandoque rursus adfligere.

26. - Phileb. 58 A t\kovx>v... ro p y ía u K O /JAiaq, ó ç f) to u rceíteiv rcoM)

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Testemunhos 22

23. ARISTÓTELES, Retórica III, 3 1406b 14 0 que Górgias disse a uma andorinha quando esta, voando sobre a sua cabeça, deixou cair um pedaço de excremento, é do melhor estilo trágico que há. Disse ele: "O Filomela, isto é uma vergonha". Com efeito, para uma ave não seria vergonhoso, se fosse ela a fazê-lo; vergonhoso seria para uma donzela. O reparo resultou de ele ter aludido ao que ela fora, e não ao que era27.

24. FILÓSTRATO, Vida dos Sofistas I proémio, p. 4,4 Kays. Gór­gias, para troçar de Pródico por este, nos seus discursos, falar de coisas sem interesse e já repetidas, lançou-se a falar de improviso. Entretanto, não escapou, por certo, à inveja. Havia, na verdade, em Atenas um certo Querefonte. Este Querefonte, para escarnecer do esforço de Górgias, pergunta-lhe: "Por que razão, ó Górgias, as favas sopram sobre o estômago e não sobre o fogo?". Nada perturbado pela questão, ele responde; "Isso é algo que deixo para investigares, mas há outra coisa que eu há muito sei: para pessoas como tu a terra produz férulas"28.

25. PLATÃO, Fedro p.267 A. CICERO, Brutus, XII, 47 Os lugares comuns; Górgias fez isso mesmo ao escrever o elogio e a conde­nação de cada assunto proposto, pois ele julgava ser da competência específica do orador a capacidade de enaltecer uma causa, lou­vando-a e, seguidamente, de a destruir, atribuindo-lhe defeitos.

26. PLATÃO, Fiiebo, 58a Ouvi muitas vezes Górgias dizer que a arte de persuadir se distingue muito das restantes. Na verdade, ela

27 Segundo a lenda, Filomela, filha de Pandíon, fora dada em casamento a Tereu, rei da Trácia. Este viria, entretanto, a apaixonarse pela sua cunhada Procne, tendo-a raptado e encerrado numa torre, cortando-lhe a língua para que não pudesse falar. Mas Procne, bordando palavras sobre o vestuário, conseguiu avisar Filomela. Para vingar a afronta feita à irmã, Filomela matou o próprio filho que Tereu lhe dera e serviu-lho no decurso duma refeição. Perseguida por Tereu, os deuses transfor- maram-na em andorinha.

28 Górgias terá jogado aqui com a polissemia do gr. váp-n)| que tanto significava "vara de férula" que os fiéis de Baco empunhavam, como "pau para castigar" ou "caixa para guardar os medicamentos".

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ôia(|>époi jzaaôv xexvôv Tíávxa yàp 'õíf)’ aímii ôoôÁa õt’ èKÓvwv, iüúc aò 6tà píaç JKHOIXO. CIC. de inv. 5, 2 G. Leontinus, antiquissimus fere rhetor,

omnibus de rebus oratorem optime posse dicere existimavit

27. - Gorg. 450 B xêv jièv &ÁM>v xe%vü)v jtepi xsipoypyíaç xe k k í

xoiaúraç jtpá^eiç óç 'énoq eüceív raxoá ècrav f| èmoTfpri, thç ôè prfxopircfjç aòôév

èaxiv xqiootqv xeipoòpyíflia, aKkà rcâoa f) itpâÇtç Kai fj KÚpoxnç ôià Axnyav

èotí. ôià xam’ èyô xrjv ptftopiicfjv i£.%vr\v àÇiô elvat itepi Xóyouç, ôpôôç Myesv

óç èyó <[rq|J,t. OLYMPIOD. z. d. St. p. 131 Jahn oi ítepi xàç ÃéÇeiç Seivoi

taxjiflávovxai xôv ôúo Àé^aov xoü xe %eiptn)pyfpaxoç Kai xfjç Kupóoeoç óç jxti

Xeyonévfflv Kaxà àM)0eiav yàp truôe tóyovxai. <|>a|j£V o&v, õxi, èjteiÔrj I’. ó

Mymv, óç à íí èKeívcra 7cpo(j>épet xàç Aiçeiç èy%<Dpíauç oíwaç- Aeovxívoç yàp fiv.

28. PLATO Gorg. 453 A et xi èyó ot>vír||ii, Àiyeiç õxi neiôoítç ôriniaupyóç

èaxiv f] pryropiK Í| K a i f) Jipayp-axeía aítrfiç ájtaaa K a i xò Kec()áÃaiov eiç x o ü x q

xeÀeiJxâi. 455A f) pnxopticri àpa, óç eoiKev, JteiGouç Sí]|J.icn)pyóç èoxi m o x e v u K Í jç ,

à X V o ò ôiÔaoKaA,iKfiç, rcepi xò ô ÍK a ió v xe K a i à ô iK o v .

29. ARISTOT. Rhet. T 1. 1404a 24 èjtei Ô’ oi JK>vr|xai Àéyovxeç eirri&n Sià xf)v Xéfyv èôoKauv Jtopíoao0ai xrçvôe tt|V ôóçav, ôià xaôxo JtovnxiKii jtpóxn èyévExo lé ç iç o lov f| r o p y ío u K ai vôv éxi o i icoÀXoi xôv àjcaiôeúxov xouç xoiaúxaoç olovxai ôiaAáyeaGat KàAÃiaxa. SYRIAN. iti Hermog. 111, 20 Rabe

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Testemunhos 23

poderá submeter tudo aos seus desejos, não pela força, mas median­te uma livre adesão. CÍCERO, De inuentione, 5, 2 Górgias de Leontinos, um dos oradores mais antigos, entendia ser capaz de falar perfeitamente sqbre qualquer assunto.

27 - Górgias, 450b?9 [fala Górgias] É que todas as outras artes se ocupam praticamente apenas de operações manuais e coisas do mesmo gênero, ao passo que a retórica não tem nada a ver com esses aspectos, pelo contrário, toda a sua acção e eficácia se rea­lizam através da palavra. É por isso que afirmo que a retórica é a arte dos discursos e fico convencido de que digo bem. OLIMPIODORO, op. cit. §131^0 Os especialistas em questões estilísticas apresentam estas duas palavras, "cheirúrgêma" e "kyrôsis"^ como não devendo ser ditas. E, na verdade, elas não se dizem. O que afirmamos, pois, é que, quando Górgias fala, apresenta termos regionais que lhe são característicos. Na verdade, ele era de Leontinos.

28. PLATÁO, Górgias 453a32 Se te compreendi bem, afirmas que [a retórica] é obreira de persuasão e que tal é o objectivo e a essên­cia de toda a sua actividade. 455a Podemos portanto dizer que a retórica é obreira de persuasão que gera a crença, não o saber, sobre o justo e o injusto.

29. ARISTÓTELES, Retórica III 1. 1404a 24 Como parecia que os poetas, dizendo coisas banais, conseguiam, devido ao estilo, atingir a glória, o estilo primitivo era poético como o de Górgias. E mesmo agora a maioria das pessoas sem instrução ainda pensa que esses é que dizem as coisas mais belas. SIRIANO, Comentário a Hermógenes

29 Cf. n. 4.30 Cf. n. 21.31 Significam, respectivamente, "trabalho manual" e "execução".32 Cf. n. 4.

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ropyíaç |ièv xr|v JtonrnKiiv ép^veíav |i€Tr)veyKev eiç Xòyaoq tíqXvukoúç, oinc áÇiôv õjiotov xòv prjTopa toíç iSiétaiç et vai. Awíaç ôè xoòvavríov ènoírpeXXÃ.

30. CIC. Orat. 12, 39 haec tractasse Thrasymachum Calchedonium

primum [85 A 2.3] et Leontinum ferunt Gorgiam, Theodorum índe Byzantium

multosque alios quos Ãtr/oSotlSáJtouç appellat in Phaedro Sócrates.

31. - 49, 165 in huius concinnitatis consectatione Gorgiam fuisse

principem accepimus.

32. - - 52, 175 (Numeras) princeps inveniendi fuit Thrasymachus, cuius

omnia nimis etiam extant scripta numerose. nam... paria paribus adiuncta et

similiter definita itemque contrariis relata contraria, quae sua sponte, etiamsi

id non agas, cadunt plerumque numerose, G. primus invenit, sed eis usus est

intemperantius... 176 G. autem avidior est generis eius et eis festivitatibus (sic

enim ipse censet) insolentius abutitur, quas Isócrates, cum tamen audisset in

Thessalia adulescens senem iam Gorgiam moderatius iam temperavit DIONYS.

Isae. 19 évôunoúnevoç ôè, õ t i xnv jxèv jronTTticfiv KaTOKiKeuriv Kai t o nftém pov

St] to o to K ai 7to(X7nKÒv eif>r|(j,évov aòÔeiç 'laoK páxauç <x|I£Ív<dv èyéveTo,

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Testemunhos 24

111, 20 Rabeas Górgias transpôs a expressão poética para os discur­sos políticos, não considerando que o retor fosse igual aos cidadãos privados. Já Lísias procedeu ao contrário, etc.

30. CÍCERO, Do Orador, 12, 39 Estas [antítese e páriso] foram primeiro usadas por Trasímaco de Calcedónia e Górgias de Leonti­nos, depois por Teodoro de Bizâncio e muitos outros, que Sócrates, no Fedro, denomina "logodédalos"^.

31. CÍCERO, Do Orador, 49., 165 Sabemos que, na busca da harmoniass, Górgias foi o primeiro.

32. CÍCERO Do Orador, 52, 175 (Ritmo) Trasímaco foi o primeira a descobri-lo e em todos os seus escritos sobressai um uso exces­sivo do ritmo. Na verdade... Górgias foi o primeiro a descobrir o páriso, a rima e também a antítese^, as quais, pela sua natureza, ainda que se não faça de propósito, acabam geralmente em esque­mas rítmicos, mas o seu uso foi aplicado com falta de moderação... 176 Górgias é mais insaciável neste estilo e abusa em demasia destas virtuosidades [como ele mesmo as denomina]; Isócrates, apesar de na sua juventude ter escutado, na Tessália, Górgias, já em idade avançada, utilizou-as com mais moderação. DIONÍSIO DE HALICARNASSO, Iseu 19 Pensando que ninguém foi melhor do que Isócrates na organização poética do discurso nem no modo elevado e pomposo de falar, omiti espontaneamente aqueles que eu pensava

33 [DIONYS. HALIC. de imit. 8 §31, 13 Usener],34 Transliteração do gr. Xo^oòaíòákoç,, artífices de palavras. A palavra compõe-se de

dois elementos, í-oyoç (palavra, discurso) e AaíôocXoç Dédalo, o mítico artífice de Creta que, com o seu filho ícaro, conseguiu voar com asas de cera por si fabricadas).

35 Do lat. concirmitas, isto é, a boa disposição das palavras na frase.36 Optámos por não traduzir a descrição das figuras, mas o seu nome, pois assim a

tradução e conseqüente compreensão do texto torna-se mais clara. Assim, "paria paribus adiuncta" - páriso (do gr. parísôsis): correspondência sintáctica da com­posição de várias partes de um todo sintáctico (cf. H. LAUSBERG, op. cit., §336); "similiter definita” - Rima (homeoteleuto): a igualdade fônica dos fins (cf. Ibid., §360); “contrariis relata contraria" - Antítese {Ibid., §§386-392).

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raxpéÃiTtov ékòv oüç fjiôeiv fjTTOV év xaiç iSèaiç xaúxatç mxopGowxaç, Fopyíav (xèv xòv Aeovtívov éKrcÍTCXovra wô raxpíou Kai JK>ÀÀa%cw rcaiSapuóÔri yiyvójxevov ópôv.

33. ATHEN. V 220 D ó Sè noÃtxiKÒç a x m r n SiáPuyyoç à n á v m v

KaTO.Spoj.ifjv ícepiéxei xêv 'A&nvnoxv ôrp.ayrayêv, ò 8’ Ap%éXacç Fopyíou xou pnxopoç.

34. CLEM. Strom. VI 26 [II 443, 4 S tl MeA,T!0 ayópOU yàp EKÀE\|/EV 1 . ó

Aeovxivoç Kai EúÔTpoç ó NáÇicç oi iaxopucoi m i èm xoúxoiç ó IIpqkowiíctiqç

Búdv.

35. PHILOSTR. Ep. 73 J opyíou 6è GaD^aaxai fp a v ápioxoí xe m i

rtÀeioxoi icpâxov |ièv o i m x à ©ExxaÃíav "EÃyayveç, raxp’ otç xò pnxopeí)Eiv

yopyiáÇeiv èmovu^iáv èa%ev, Etxa xò çóiíjkxv eA,àtivikóv, èv o!ç ’0/\,U[m aai

SiEÀéx&n Kaxà xôv papfkxprav arco xf|ç xou veò pa^piSoç. XéyExai Sè m i

'Aamxoia f) MiÃricna xf)v xoá) IlEpndiéooç yÂóxxav Kaxà xòv I opyiav &rfèai,

Kpixíaç Sè m i ©oukoSíStiç oíik àyvooi)vxat xò neyaXávonov m i xr|v ò4>pnòv

Ttap’ a írto í KEKxr||xévoit HExajtoiovvxEÇ Sè ainò èç xò oíkeíov ó [ièv irn’

EtyÀoxxíaç, ó ôè imò pcíj riç- m i Aiaxívrçç Sè ò ànò xoü Xcncpáxotx;, áwtèp oü

7rpc')T)v èojco()5a£,Eç, wç oíik àifxxvâç xo\>ç SiaXóyouç koXóÇovtoç, oúk ©kvei

yopyiáÇeiv èv xôi jcepi xf>ç 0apyr[A,íaç Àóycor ^ c t í yàp nem éôe. ’6apynÃ,ía

Mi^riaía èÃ.0oã)aa eiç ©exxaWav çuvf|v 'Avrió/coi QexxaÀôi |3acnÀ£t>ovTi jtávrav

0£tkxãóv.’ a i Sè àjtooxáoeiç a í xe JtpoojioXai xôv Aòyov ropyíou èmxcopíaÇov

TtoXkaxov nèv jiàÀiaxa Sè èv xôi xôv èTCOJtoióv kí>kX<di.

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Testemunhos 25

serem inferiores na construção dessas figuras, pois via Górgias de Leontinos afastando-se do uso tradicional e tornando-se frequente­mente pueril.

33. ATENEU V 220 D O diálogo O Político [de Antístenes] inclui um ataque a todos os demagogos de Atenas; já O Arquelau ê dirigido contra o retor Górgias.

34. CLEMENTE DE ALEXANDRIA, Strommateis VI 26^ Górgias de Leontinos plagiou Meleságoro; o mesmo fizeram historiadores como Eudemo de Naxos e Bíon .do Proconeso3».

35. FILÓSTRATO, cartas, 73=® Os admiradores de Górgias eram distintos e numerosos. Em primeiro lugar, os Gregos oriundos da Tessália, para quem o acto de fazer um discurso recebia a designa­ção de gorgianizar; depois, toda a nação grega, perante quem, em Olímpia, ele discursou contra os Bárbaros na base do templo. Diz-se que Aspásia de Mileto apurou a linguagem de Péricles segundo o modelo de Górgias; de Crícias e Tucídides não se ignora que adquiriram dele uma certa grandiosidade e elevação, que cada um assimilou à sua maneira: um na fluência discursiva, o outro no vigor da palavra. E Ésquino, o discípulo de Sócrates, por quem tu recen­temente te interessaste (a carta dirige-se a uma certa Júlia), embora reprimindo notoriamente os diálogos, não receou gorgianizar no seu discurso sobre Targélia. Na verdade, ele exprime-se mais ou menos deste modo:*) "Targélia de Mileto, tendo chegado à Tessália, tornou- -se amante de Antíoco da Tessália, que reinava sobre todos os Tessálios". As suas interrupções bruscas, as ausências de transição dos discursos de Górgias são freqüentes em muitos lados, sobretudo no círculo dos poetas épicos.

37 [II 443 4 St.],38 [FHG II 21], [FHG II 20] e [FHG II 19], respectivamente para cada um dos três his­

toriadores.39 [II, 257, 2, ed Teubner].40 [fr. 22 Dittmar; cfr. Münscher Philol. Suppl. X 536],

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FRAGMENTOS

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TRATADO DO NÃO-SER OU DA NATUREZA

Apesar do seu carácter vincadamente irônico, esta paráfrase das reflexões de Górgias feitas por Sexto ilustra bem até onde se poderia esten­der o domínio de interesse dos Sofistas. Neste caso, estamos em presença de um tratado ontológico-gnoseológico em torno das categorias filosóficas da unidade e da multiplicidade. Poderíamos afirmar que Górgias ultrapassa as teorias dos seus antecessores, incluindo a do seu mestre Empédocles, equiparando o não-ser (tò i^n óv) à natureza (^o lç ). Parece-nos porém que o seu verdadeiro propósito se situará mais no âmbito retórico. Ele terá aceitado pegar habilmente numa questão, cuja abordagem polêmica aquecia os debates filosóficos, para, como retor, adiantar uma conclusão paradoxal a partir duma ratiocinatio subtil, rápida e aparentemente repleta de lógica. Górgias estrutura a sua argumentação, do princípio ao fim, num punhado de tópicos donde faz brotar, com a-propósito, a rede dos seus pensamentos. São eles os da evidência (uu^avÉc) - §§74,78), o do absurdo, repetidas vezes invocado (cramov) - §§67,70,73,80,82; te ^ a ív o v - §79), o do princípio de contradição (évcivríov §§67,80), o da necessidade (è| àváyKriç - §71; Kax'àváyiír|v - §77), o da facilidade da prova (eiSetixXóyuttov - §75) e o da impossibilidade (oh ôvvaxca §76, oi>ôè eveitu - §86). Porém, independen­temente de qual tenha sido a verdadeira intenção de Górgias, o certo é que este discurso se integra perfeitamente dentro da mundividência sofistica, defensora dum cepticismo ontológico e do conseqüente relativismo de valores. Esta posição filosófica, que desprovia tragicamente a existência humana de fundamentos sólidos, acabava por dar toda a força a um tipo de retórica defensora do discurso hábil cujos suportes verdadeiros e exclusivos eram o sentido da oportunidade (Koupóç) e a força da opinião (ôóíjcx).

Górgias reparte a sua argumentação por três fases, artisticamente encadeadas na propositio (§65) e logo depois desenvolvidas: 1) nada existe (§§66-76); 2) ainda que exista não se poderá conhecer (§§77-82) e 3) se se puder conhecer, não será possível dar-lhe expressão (§§83-87).

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1. ISOCR. 10,3 nêç YàpávxiçmeppáXoitoropyíavTOVTOXnfiaavta Aiyeiv, óç otiSèv xôv õvrov éaxiv, f| Zf)v<i>va xòv xaòxà Swaxà Kai JtáÀiv àSúvaxa Tceipó ievov àjccxjmveiv. 15, 268 tgò>ç JtóyoDç xcèç xôv raxtaxiôv aocjíioxôv, ôv ó pèv àjretpov xò JcA,í]toç iíjflpev e iva i xôv õvnov... nap^svíSiiç Sè

Kai MéÀaoooç èv, F. Sè ravxeÂôç oíiSév.

2. OLYM. IN PLAT. Gorg. p. . 112 Jahn àpiÀEt Kai ypá(J>ei Ó F. Ilepi

(Jmoeíüç CFÚyYpajijia oòk âKop.\|/ov xf|i ítS òA.v^máSi.

SEXT. adv. math. VII 65ss. F. Sè ó Aeovxívcç èK xou awcríj jièv xáyuaxoç wrripxe xoíç àvr|ipnKÓ<n xò Kpixfipiov, au Kaxà xf)v ónoiav Sè

èmpoXfiv xotç itepi xòv npoxayópav. èv yàp xôi èm.ypa(t>o|i£vo)i Ilepi xafi jxfi

óvxoç f| Ilepi (Jmaetaç xpía Kaxà xò éÇíjç Ke<j)áA,aia KaxaoKeuáÇei, èv |xèv Kai

Ttpôxov õxi aòSèv èoxiv, ôeútepov õxi ei Kai èoxiv, áKaxáA,rpcxov àv0póra»i,

xpíxov õxi ei Kai KaxaA.rprxòv, ctXkà xoí ye ávéçoioxov Kai àvepufivewov xôi

jiétaxç. (66) õxi |ièv o6v aòSèv êcmv, èmloyíÇexai xòv xpòrtov xornov ei yàp

èoxi xi, f|xoi xò ôv êcmv f| xò n.fi õv, fl Kai xò ôv éaxi Kai xò jxfi õv. orne Sè xò ôv êoxi, óç Jtapaoxf)oet, aure xò p,f\õv, óç napantiOfioexai, oõxe xò ôv Kai xò jj.f| õv,

óç Kai xom o SiôáÇev oi)K ápa éoxi xi.

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1. ISÓCRATES 10,3 Como é que realmente alguém poderia ultrapassar Górgias, que ousou afirmar que nenhum ser existe, ou então Zenão, que tentou provar que as mesmas coisas são possíveis e, em sentido inverso, impossíveis. 15, 268 ... as ideias dos antigos Sofistas, um dos quais afirmava que existe a multidão infindável dos seres..., enquanto Parménides e Melisso sustentavam que existia um só ser, e Górgias que absolutamente nenhum'.

2. OLIMPIODORO, Comentário ao Górgias de Platão, §112?- Jahn [vide A 10 275, 3] Não há dúvida que Górgias escreveu o tratado Sobre a Natureza, uma obra nada deselegante, na 84â Olimpíada [444-1],

SOBRE O NÁO-SER

3. SEXTO Contra os Matemáticos \/II 65 e ss. Górgias de Leon­tinos contava-se entre os que prescreveram o critério da ordem, mas não partiu do mesmo pressuposto que os seguidores de Protágoras. Com efeito, no seu tratado SOBRE O NÃO-SER ou SOBRE A NATUREZA defende sucessivamente três pontos capitais: em primeiro lugar, que nada existe; em segundo, que ainda que exista é incompreensível ao homem e, em terceiro, que mesmo sendo com­preensível é, todavia, impossível de se comunicar e explicar a outrem.

§66 - Que nada existe, ele explica deste modo: se, na verdade, algo existe, ou existe o ser ou o não-ser. Ora, nem o ser existe, tal como será demonstrado, nem o não-ser, o que também se explicará, nem tão-pouco o ser e o não-ser, como será igualmente analisado; logo, nada existe.

1 Referência a doutrinas pré-socráticas sobre o ser. Parménides e Melisso afirmaram que o ser é uno e Górgias demonstra que o ser não existe. Note-se que o magno problema do Uno e do Múltiplo foi exaustivamente debatido no Parménides e no Sofista de Platão.

2 Cf. n. 17, p.18.

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(67) K a i ôfj TÒ j j iv jrq ô v o ò k è c m v . e í y à p t ò n f | ô v è o n v , è o r a t t e á u a K a i c ú k

éo T a i- fp, (xèv y à p o ò k ô v v o e í t u i , o ò k é o T a i, fji 5 è è o n {if( õ v , raxÀiv écra n .

rcavte?u5<; S è àTOJiov t ò e í v a í t i & |ia K a i jxfj e iv a i - o'6k â p a ê c m t ò \>j\ õ v . K a i

& lh a q , e í t ò |j.fi ô v ê c m , t ò ô v o ò k é a r a v è v a v r ia y à p è o n T a ò r a àJiÂ,íjÀoiç, K a i

e i t § i ju,f| õ v n a tp p ép rp ce t ò e iv a i , t í i õ v n aup-P fiaeT ai t ò (xfj e iv a i , oò%i Ôè ye

t ò ô v o ò k è a t iv - tq ív u v o tiSè t ò j if | ô v ê a r a i . (68) íc a i jif |v ow ôe t ò õ v è o n v . e i

y à p t ò ô v è o n v , f i to i à íS tó v è c m v f | yevrjròv á íS io v à \ t a K a i y e v r tr ó v o u r e Sè

à íâ ió v è c T iv oirce yevrjTÒv o-üte à ^ c jm sp a , é ç SeíÇojiEV o ò k á p a ê a n t ò õ v e i

y à p àíSiòv è o n t ò õ v (à p K ié o v y à p èvreíiB ev), o ò k ê%ei n v à àp^riv . (69) t ò

y à p y iv ó n e v o v ráxv ê%ei n v ’ àp xrfv , t ò ô è à íô io v à y é v n r o v K a 0 e o r à ç o ò k e í^ e v

àp%f|v. jLif| e%ov 5è à p ^ v à j te ip o v èonv. e i 5è àrceip óv è o n v , o ò ô a n o ò è o n v . eí y à p tcoí) è o n v , exep ov a ò r o ò è o n v èK eivo t ò è v © i è o n v , K a i o ik o ç o u tó T ’

à jte ip o v é o t a i t ò ôv è^jtepiexójievóv n v r |MÇov y à p è c m t o ò è^íieptexojjèvao t ò è(iJteptÉxov, t o u ô è à j te íp o u oòSév è o n p eíÇ ov , ô o t e o ò k è o -a jtou t ò à jte ip o v .

(70) K a i nf]v oòÔ’ èv aòrah jtepié% eTai. T a ò r ò v y à p ê o T a i t ò èv ®i K a i t ò èv

aòrôi, K a i 6 òo yevrjaeT ai t ò õ v , tó tcoç t e K a i o ô ^ ia ( t ò piv y à p èv ô i t ò j io ç

ècrrív, t ò Ô’ év aòrôi oôfia). t o u t o ô é y e àxojcov . t o ív u v o ò ô è è v a v m i è a x t x ò

õ v . ô o t ’ ei à iô ió v è c m t ò õ v , áiteipóv è c m v , ei ô è á ic e tp ò v è c m v , o ò ô a n o u è c m v ,

ei ô è nriôanoij è c m v , o ò k ê o t iv . t o ív u v e í à íô ió v è c m xò ôv, aòôè xnv á p y j)v õv è o n v . (71) K a i (xriv o ò ô è yevrrcòv e i v a i ô ò v a x a i t ò õv. ei y à p yéyovev, ffroí èi;

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Fragmentos 31

§67 E evidente que o não-ser não existe; se, com efeito, o não-ser existe, existirá e não existirá a um tempo; pois, se o apreendermos enquanto não-ser, não existirá, porém como não-ser voltará a existir. E completamente i absurdo que algo exista e não exista ao mesmo tempo; logo, o não-ser não existe e, por outro lado, se o não-ser existe, o ser não existirá; com efeito, estas coisas são contrárias umas às outras, e se ao não-ser coube em sorte a existência, ao ser caberá em sorte a não existência. Mas, sem dúvida, o ser não existe; logo, nem o não-ser existirá. §68 E também o ser não existe. Se realmente o ser existe, por certo é eterno ou gerado, ou então simultaneamente eterno e gerado; mas não é eterno nem gerado, nem tão-pouco ambas as coisas, como demonstraremos; logo, o ser não existe. Na verdade, se o ser é eterno - com efeito, deve-se começar por aqui - não tem qualquer começo. §69 Pois tudo aquilo que é gerado tem um princípio, mas o eterno, apresentado como não gerado, não teve princípio. Não tendo princípio, é infinito. Se é infinito, não existe em lugar nenhum. Mas se existe em algum lugar, esse lugar onde ele existe é diferente de si mesmo, e deste modo já não será infinito o ser contido nalgum lugar; na verdade, o que contém é maior do que aquilo que é contido, mas nada é maior do que aquilo que é infinito, de modo que o infinito não existe em lugar nenhum. §70 E também não está contido em si mesmo. Na verdade, o que contém e o que é contido serão a mesma coisa, e o ser dará origem a dois: espaço e matéria - espaço o que contém; matéria o que é contido. Mas isto é absurdo. Deste modo, o ser não está em si mesmo. Assim, se o ser é eterno, é infinito, e se é infinito não está em nenhum espaço, mas se realmente não está em nenhum espaço, não existe. Portanto, se o ser é eterno não tem um começo. §71 E também o ser não pode ser gerado. Se efectivamente foi gerado, é porque foi gerado a partir do ser ou do não-ser. Mas não foi gerado a

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õv to ç ti èic j-iii õv toç yéyovev. à X k’ o f e èk to ü õv toç yéyovev- ei yàp õv ècmv,

aí) yèyovev àXk’ éonv f|5r|- oüre èK toÍ) p.f) õvtoç- t ò yàp |ifj ôv oüSè yewr|oaí

t i ô w u t k i Sià t ò èÇ àváyKrjç òjjjeíÀeiv mápÇefflç ii-eté^eiv t ò yewiinKÒv nvoç.

o'òk àpa oi)6è yevrçróv èon t ò ôv. (72) ra tà xà trôrò Sè oi)5è t ò owapxJfcÓTepov,

áiÔtov ájio; K ai yevrçTÓv xafrux yàp àvaipetucá èonv â \\i\hs>v, K ai ei áíStóv

èoTi t ò õv, oò yéyovev, K ai ei yéyovev, od k éonv àíôiov. to ívuv ei jnrce àiôióv

èon tò ôv [iffie yevrtròv tif|te t ò crova^órepov, o ò k àv eir| tò õv. (73) K ai

ãkhaç,, ei éonv, ftroí év èotiv fj rnK K á' oôre Ôè év èonv owe jtoAM, óç

raxpaoraÔ rjoeT ar owc àpa éon t ò õv. ei yàp ev èonv, fp;oi thxjóv èottv f)

oove%éç èonv f| (íéyeüóç èonv f) a ô | i á ècmv. õ t i ôè àv fji Tomosv, oí»x ev èouv,

ò X k à tkxjòv |ièv KaGeoTÒç ôiaipe&noerai., ouvexèç ôè ôv TutiOrjoeTat. óm-oúbç ôè

[xéyeGoç V00\)|1£V0V ouk éoTai àôiaipeTOV. oôjia ôè xuyxàvov TpiítXow êorav

Kai yàp ixfpcoç Kai Ttócoç Kai |3á6oç é£ei. àTonov ôè ye tò nrçôèv toútmv eivai

tóyeiv tò õv- oük àpa èonv êv tò õv. (74) Kai |J.f|v otiôè noXXá èouv. ei yàp fxfi

èonv êv, aòôè rnX ká èonv- aúv0eoiç yàp tóv ra0’ év èon Tà m X ká , ôitmep tou èvòç àvaipounévou ouvavaipeíxai Kai Tà im Xkà àX kà yàp õn (ièv oike tò ôv eonv ome tò p,fi ôv eonv, èK towcüv aujwjKXvéç. (75) õn ôè oòôè à|i<t>ÓT£pa

èonv, tò Te ôv Kai tò jj.fi õv, eúeralóyioTov. elrcep yàp tò jj.fi ôv éon Kai tò ôv éon, Tamòv éorai tôi õvn tò ht| ôv õaov èm tô i eívav Kai ôià tovto otôéTepov am ôv eonv. õ n yàp tò jj.fi ôv oúk éonv, ónòXoyov ôéôeicxai ôè

Tarnò Tovmai KáOeoTÓç t ò õv- Kai amò toívuv oúk êarai. (76) ai) nf)v àXX’ elitep Tainòv èon tô i ij.fi õvn t ò õv, oò ÔúvaTai àn4>ÓTepa eivar ei yàp

àn(j)óTepa, oi> Taüróv, Kai ei Tamòv, ouk àn<|>ÓTepa. otç éiceTai t ò |ir[ôèv eivai,

ei yàp jxfrce t ò ôv éon nfpe t ò jxf) ôv |xfpe àn^ôrepa, Jtapà ôè ram a aí>5èv

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Fragmentos 32

partir do ser; pois se é ser, não foi gerado por já existir; nem o foi a partir do não-ser, pois o não-ser nada pode gerar, pois aquele que gera algo deverá, forçosamente, partilhar da sua existência. Logo, o ser não foi gerado, §72 E do mesmo modo, não pode ser as duas coisas simultaneamente: eterno e gerado. Com efeito, estas coisas anulam-se uma à outra, e se o ser é eterno não foi gerado e se foi gerado não é eterno. Deste modo, se o ser não é eterno nem gerado, nem as duas coisas a um tempo, o ser não pode existir. §73 E por outro lado, se existe, ou é uno ou múltiplo; todavia, não é uno nem é múltiplo, como passaremos a provar: logo, o ser não existe. Se, com efeito, é uno, ou é quantidade ou é continuidade ou é grandeza ou é corpo. Mas se for alguma destas coisas não é uno, pois apresentado como quantidade será dividido e como continuidade será repartido. Igualmente concebido como grandeza não será indivisível. E se é corpo terá obrigatoriamente três qualidades: comprimento, largura e profundidade. Mas é absurdo dizer que o ser não é nenhuma destas coisas: logo, o ser não é uno. §74 E também não é múltiplo. Se não é realmente uno não é múltiplo. De facto, a multiplicidade é uma combinação de unidades, e uma vez destruída a unidade, suprime-se a multiplicidade. Ora, com base nisto, é evidente que nem o ser existe nem o não-ser existe. §75 É fácil provar que nenhum dos dois, ser e não-ser, existe. Se acaso o não-ser existe e o ser existe, o não- -ser será idêntico ao ser relativamente à existência; por isso, nenhum deles existe. Que o não-ser não existe, já estamos de acordo; por outro lado, ficou claro que o próprio ser tem natureza idêntica ao não- -ser: e portanto, também o ser não existirá. §76 Mas se o ser é idên­tico ao não-ser, não podem existir ,ambos, pois se ambos existissem não seriam idênticos, e se porvènturâ são idênticos não existem ambos. Com tudo isto, conclui-se que nada existe. Pois se, na ver­dade, não existe o ser nem o não-ser e nem ambos coexistem, para além disto nada é pensável, nada existe.

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v o e ira i, oúôèv êcmv.

(7 7 ) o n ô è m v f ) i t i , to ô to á y v a m ó v xe K ai áV em vÓ T fT Ó v è o n v à v ü p é r a o i ,

í t a p a K e in é v c a ç m o S e i K r é o v . s i y à p i à <t>p0v o i ) | i £ v a , (frrjaáv ò r o p y í a ç , o í)K è o n v

ô v r a , t ò ô v od> ( |> p o v e ir a t . K a i ícaxà Ã ó y o v â>o?tep y à p e i to íç ( j íp o v o ú n e v o iç

OT,u.|íé(JrjK ev e i v a i Ãsdkoíç, k & v <yt)p,p£pf}K£i to íç A ídkoÍç < |)p o v e ío 0 a i, oircmç e i

to íç ( js p o v o é n f iv o iç (ru p ,p ép riK ev }if| e i v a i o & n , K a T ’ à v á y i c n v o u f i p T p e r a i to íç

o o t i j i f | ( |) p o v e ío 0 a i . (7 8 ) ô ió i t e p t iy iè ç K a i aôiÇov à K o 3 u n ) 0 ia v è o n t ò ’e i t á

(^ p o v o ú i- ie v a o ò k é o n v õ v r a , t ò ô v o i ) ( f t p o v e í a t a i ’. T à ô é y e < j)p o v o ú n £ v a

(7 tp o à r|jru É o v y á p ) oük è o n v ô v r a , ó ç 7 t a p a o n í o o ( i e v oò k à p a tò ò v < t> poveíra i.

K a i f if iv õ n t ò ^ p o v o ú j i E v a o ò k è o n v ô v r a , o u jk Jk x v éç - (7 9 ) e i y à p i à

< |>povot)(X£vá è o n v ô v r a , r c á v i a T à c ^ p o v o -ó n e v a è o n v , K a i o r a i à v n ç a m à

< j>povf|o tii. õ i t e p è o r i v à j te ( i< |> a iv a v e i ô è è o n , (|xxí)À ov. o ò õ è y à p â v (j)pov fii n ç

à v ô p e w to v Í T t r á u e v o v f | á p j i a r a è v íc e Á á y e t x p é x o v r a , e-òBécdç â v G p o m o ç í r c r a r a i

f | a p u a r a è v T teÀ á y e i Tpè%ei. ô o r e o i ) T à ()> p o v o í> |iev á è o n v õ v r a . (8 0 ) rc p ò ç

TOÓTOiç e i T à < t> povo-ú |ievá è o n v õ v r a , T à |iT) õ v r a a u ( |> p o v r |& r |o e ra i. to íç y à p

è v a v r í o i ç T à è v a v r i a o u n p é p T ]K e v , è v a v r i o v ô è è o n t ô i õ v n t ò n.i) òv. K ai S i à

w d t o J tàv T to ç , e i xôi ò v n o u n p è p r |K e xò < t> poveioÔ ai, w jxf) õ v n o D j i p f i o e r a i tò

|J.t) ( t> p o v e ío 0 a t. à T o i to v ô ’è o r i t o ü t o - K a i y à p X ícú À X a K a i X i ^ a i p a K a i noXXà xâv p i j õ v x o v < j> poveira i. o ü k á p a t ò ô v < t> p o v eíra i. (8 1 ) ô o i t e p Te T à ò p ó ( i e v a

Ô ià t o ô t o ó p a T à À è y e r a i ô n ò p â r a i , K a i T à à K o v m à ô i à t o ü t o à K o u o r à õ n

á K o ò e r a i , K a i ov xà j i è v ó p a T à è tc (J á íU .o |i£ v õ n o i)K à K o ú e r a i , T à ô è àK O D O T à

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Fragmentos 33

§773 Ainda que algo pudesse existir, não seria reconhecível nem concebível pelos homens, eis o que, de seguida, se deverá demons­trar. Se, como diz Górgias, tudo 0 que pensamos não existe como ser, 0 ser não é pensado. Isto tem a sua lógica, pois tal como acon­teceu às coisas pensadas serem brancas, também poderia ter acon­tecido às coisas brancas serem pensadas; do mesmo modo, se às coisas pensadas aconteceu não existirem, necessariamente acon­tecerá aos seres não serem pensados. §78 Daí a seguinte conse­qüência como algo de sensato, também a salvaguardar: "Se aquilo que pensamos não existe como ser, 0 ser não é pensado". Mas cer­tamente aquilo que pensamos - voltemos, pois, atrás - não existe como ser, o que será provado: logo, 0 ser não é pensado. E é evi­dente que as coisas pensadas não existem como seres. §79 Se, de facto, as coisas pensadas existem como seres, tudo o que se pensa existe, independentemente da forma como for pensado, 0 que é I inverosímil. Nem é por alguém imaginar um homem a voar ou carros de cavalos a correr rapidamente sobre 0 mar, que logo um homem voa ou carros de cavalos correm rapidamente sobre 0 mar. Assim, as ' coisas pensadas não existem como seres. §80 Além disso, se aquilo que pensamos existe como ser, as coisas que não existem não podem ser pensadas. Por conseguinte, a coisas contrárias advém 0 contrário e 0 ser é o contrário do não-ser. E assim, pelo menos, se ao I ser aconteceu ser pensado, ao não-ser acontecerá não ser pensado. Mas isto é absurdo. Também Cila, Quimera e muitas outras coisas i não existentes são pensadas. Portanto, 0 ser não é pensado. §81 Tal como aquilo que se vê se diz visível por ser visto, 0 que se ouve torna-se audível por ser ouvido, e não rejeitamos as coisas visíveis : por não as ouvirmos, nem repudiamos as audíveis por não serem

3 Início da segunda tase da argumentação: "ainda que algo exista, não poderá ser conhecido".

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jtapa7i£p.5xoji£V oxi oòx opâxat (ekkotov yàp wdò xfjç iôíaç aio&rpeoç àXk’ aò% íirfáÃ^rtç ô<j>£Ü£i K p ív e o ô a t) , oux© K a i xà (jípovo-óiieva K a i ei (if) (íÀéjcoixo xfii

5\|/ei jirjS è àKowxxo r q i àKoíii êoxat, õ u rcpòç xoú oteeíou Àap$ávexai xpiTTipíot). ( 82) ei ow (j>povei xiç è v JteJUxyet àpjiaxa xpé%eiv, K a i ei jxfj pXéra xama, è<j>eíãi Taoxeúeiv oxi àpjiaxa èotiv èv rceÀáyei xpéxovxa. àxoTxov Sè xomo- otiK àpa xò Òv (jipoveixai Kai KaxaÃajipàvexai.

(83) Kai ei KaxaJuxppávoixo Sé, àvé^oioxov éxéprn. ei yàp xà ôvxa ôpaxà èaxi Kai àKouoxà Kai kqivôç aio&nxà, ámp èktòç 'íwrÓKeixai, xowxov xe xà nèv ópaxà ôpáoei Kaxa^rpcxá èaxi xà Ôè àKouoxà àKofji Kai cròic èvaÃÃài;, itrâç oôv Súvaxat xama èxépcoi jirivúeotoi; (84) St yàp jJ.r|vi)OjA£V, èoxi Ãóyoç, Àóycç ôè otjk eoxi xà moK8Í(ieva Kai ôvxa- oük àpa xà ôvxa pr|vúo(xev xoíç JtéÀaç àXkà

Xóyov, ôç exepóç èaxi xâv ÍOTOKet|xév(üv. KaÔàrcep oíiv xò ópaxòv oòk âv yévoixo àKotxjxòv Kai àvàitaÀiv, oikoç èítei mÓKsixai xò ôv èKxóç, oüjk àv yévoixo Xóyoç ò fpéxepoç- (85) (if| ôv ôè Jtòyoç oòk àv ôtiAxD0eíri éxépoi. õ ye |xryv Aóyoç, (f»r|oív, àicò xãv eçú)0ev jtpoomjtxóvxmv fpiv rcpaynàxmv ouvíoxaxai, xoméaxi xrôv aio&rfrâv èK yàp xrjç xou xvkov èyKtipf|oeoç èyyívexat fija.tv ó Kaxà xamr|ç xf|ç jioióxnxoç èK(|)epó(ievoç Àóyoç, Kai èK xf\ç xoü %pépaxoç mojcxóaeojç ò Kaxà xou xp®(J.axoç. ei Sè xomo, cm% ó Aóyoç xou èKxòç jtapaoxaxiKÓç èoxiv, àXkà xò éKxòç xoô Àóyoi) utitoukòv yivexai. (86) Kai (ifiv ouSè éveaxi Aiyeiv ôu ôv xpônov xà ópaxà Kai àKouoxà mÓKeixai, omoç Kai ó Aóyoç, ôoxe ÔwaoBai

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Fragmentos 34

vistas - pois cada uma dessas coisas deverá ser percebida pelo sen­tido que lhe é próprio e não por outro - do mesmo modo, aquilo que pensamos, ainda que não seja percebido pela vista nem escutado pelo ouvido, existirá porque é apreendido pelo seu próprio critério. §82 Assim, se alguém pensa que carros de cavalos correm rapida­mente sobre o mar, embora os não veja, deverá acreditar que exis­tem carros de cavalos correndo rapidamente sobre o mar. Porém, isto é absurdo. Logo, o ser não é pensado nem tão-pouco apreendido. §83* e ainda que se pudesse apreender, não seria transmissível a outrem. Se é verdade que há seres visíveis e audíveis e, na genera­lidade, perceptíveis aos sentidos - seres esses situados no exterior - e destes, os visíveis são apreendidos pela vista, enquanto os audíveis o são pelo ouvido, e não de outro modo, como podem então eles ser comunicados a outrem? §84 Na verdade, é com a palavra que identificamos algo, mas a palavra não é nem aquilo que está à vista nem o ser: logo, aos que nos rodeiam, não comunicamos o ser mas sim a palavra, que é diferente das coisas visíveis5. Tal como o que é visível não se pode tornar audível e vice-versa, também o ser, porque subsiste exteriormente, nunca se pode transformar na nossa palavra. §85 E, não sendo palavra, não se poderá comunicar a outrem. A palavra, diz ele, forma-se a partir do reflexo exterior dos objectos em nós, ou seja, dos objectos sensíveis. Na verdade, a partir do encontro do sabor, origina-se em nós a palavra produzida de acordo com a qualidade daquele, e também a partir da impressão da cor nasce a palavra conforme a essa cor. E se é assim, a palavra não é expressão do objecto exterior, mas é o objecto exterior que se torna revelador da palavra. §86 E também não é possível dizer que, tal como os objectos visíveis e audíveis têm existência própria, do

4 Início da terceira e última fase da argumentação: “ainda que fosse possível conhecê-lo, não seria possível dar-lhe expressão".

5 Górgias refere-se à qualidade da palavra como signo lingüístico não arbitrário, já que é o objecto exterior que se torna revelador da palavra, e não o contrário. Pode- se, pois, dizer que ele alude aqui à existência duma teoria naturalista da linguagem que veremos mais tarde ser defendida sobretudo pelos epicuristas, como o teste­munha Lucrécio no seu de rerum natura (V, 1028-1160). O ponto de vista oposto a este apresentava a linguagem como o resultado duma convenção.

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é£, moiceifiévcru a » Kai õvtqç t à 'üícokeíjjlevcx Kai õvra |ir)vÚ£a8«i. e i yàp koíí

'ÓTtÓKEixai, (|>r|CTiv, ó Àóyoç, àXXà Ôiaijiépci tô v Ãxíiíeôv moiceijiévfflv, Kai

rcteiami Si£vf)vo%e t à ópaTà aójxaTa tô v Xóy&v 5i’éTépow yàp òpyávau àt|íctqv

ècm tò ópaTÒv Kai òvàXkov ô Jujyoç. oí>k àpa èvôeÍKWcai Tà woXXà tôv

moKEi(iév®v ó Aòyoç, ôonep otiôè èKeiva ttjv òXXrÇvmv SigStiàoí <jnxm\ (87)

Toioímav owv íiapà tô i Fopyíai fiJtoprpévfflv o íxeto i coov è r a ik ò íç tò Tfjç

àfaiGeíaç KpiTT|piov tou yàp nfire õvtqç 'ifjTS yvü>píÇeatoi ôuvanévou \j±(ve

ãXkm jiapaaTaOí}vai jie<|>ukqtgç aòôèv àv etr] KpiTfjptov.

4. PLATO Meno 76A ss. Tò ôè x p ô jia t í Aiyeiç, a> ZÓKpaTEÇ; - TfPpianíç

y ’ eí, a) M évíov àv ô p i icpeapúrrii JtpàyjxaTa jipooráTiEtç àrcoKpíveo0ai, a u rò ç

ôè o\)K È0éÀ£iç àva(j,vrio0eiç eüreiv, ô t i íio te Xéyei F. àpexíiv eivai... C BoúÀei

ouv o o i KaTà 1 'opyíav àicoKpívo|j,ai, fji à v cru |iáÀ iaT a àKOÀou&noaiç; -

poúX onai- ráòç y à p oí>; - Oíncauv Xéyere à jto p p o àç Tivaç tô v õvtcdv KaTà

’Ejj,7ie8oKA£a [I 307, 4]; - X<f>óôpa ye. — K a i itópouç eiç auç K ai ô i’<ov a i

à ícoppoa i 7topeúovrai; - n á v u ye. - K a i tô v àrcoppoôv Tàç jièv àp n ó rre iv

èvíoiç TÔV Itópfflv, Tàç ôè ÈÀáTTODÇ fl neí^auç e iv a i; - "Ecra r a m - O òkoúv K ai

õ \|av KaXeiç Tt; - 'Eyoye. - E k Tom ov ôfj "aúveç õ to i Á iyo’, êcjrri n ívôapoç-

è o n v y à p x p ó a àjcoppof) xp iF Ó rav ò y e t crúnnerpoç K ai aiaftrjxóç. - “A ptaxá p.oi

SoKeíç, ã 2ÓKpaTeç, x a w r |v xr|v àjtÒKpimv eipriKévai. - l a o ç y à p o o i KaTà

<juvr]0eiav e lp n ra v K ai àp .a o íjxai è w o e íç , õ n e%oiç â v èç a w | ç e t e i v K ai

(jxDvrív, ô é o n K ai òajifiv K ai àX X a jcoAÂà tô v Toiommv. - I lá v u |xèv auv.

- Tpayticfi y à p èo n v , è Mévwv, fj àjtÓKpiaiç.

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Fragmentos 35

mesmo modo a palavra, de forma que a partir do mesmo objecto real e existente se poderiam comunicar os objectos reais e existentes. Na verdade, disse ele, ainda que a palavra tenha existência própria, ela é, todavia, diferente dos demais objectos com existência própria, e os corpos visíveis diferenciam-se consideravelmente das palavras; na verdade, o objecto visível é apreendido por um órgão, enquanto a palavra o é por outro. Logo, a palavra não indica a maioria dos objectos reais, tal como nenhum deles revela a natureza dos outros. §87 Ora, tendo sido estas as aporias encontradas em Górgias, desaparece, com base nelas, todo o critério de verdade; de facto, nem existindo o ser, nem sendo possível conhecê-lo, nem sendo ele passível de ser dado a conhecer a outrem, não poderá existir nenhum critério.

4. PLATÃO, Ménon 76A ss. [Ménon e Sócrates] - Ó Sócrates, o que dizes sobre a cor? - És impetuoso, ó Ménon, ao obrigares um homem idoso a responder a tais questões, quando nem tu, fazendo por recordar, queres explicar aquilo que Górgias uma vez disse ser a virtude... C - Queres então que te responda segundo Górgias, para melhor poderes acompanhar? - Sem dúvida! Porque não havia de querer? - Não dizíeis vós [Ménon e Górgias], tal como Empédocles [I 307, 4], que certas emanações se desprendem dos seres? - Exacto.- E que existem poros para onde e através dos quais as emanações são conduzidas? - Absolutamente. - E que umas emanações se adaptam a certos poros, enquanto outras são mais estreitas ou mais largas? - E isso. - E não há uma coisa a que chamas vista? - Cer­tamente. - Assim sendo, "escuta bem o que te digo" como dizia Píndaroe; a coloração é uma emanação de coisas proporcional e perceptível à vista. - Parece-me, ó Sócrates, que formulaste magis­tralmente a tua resposta. - Talvez por ter respondido da forma a que estás habituado; e ao mesmo tempo penso que tu imaginas, a partir desta resposta, que poderás explicar a voz, o odor, e muitas outras coisas parecidas. - Perfeitamente. - Pois a resposta é trágica?, ó Ménon.

6 [fr. 105/6 Schr.3],7 O epíteto "trágico" não se referirá ao estilo da definição, mas ao seu conteúdo e à

sua insuficiência. A definição é "trágica" porque esconde a verdade, da mesma forma que a máscara oculta o actor, em vez de o mostrar em plena luz. Cf. M. UNTERSTEINER, I Sofisti, testimonianze e frammenti, fase. II, Firenze, "La Nuova Italia" Editrice, 1961, p. 76.

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5. THEOPHR. de igne 73 p. 20 Gercke ÕU 8’ CWtÒ |1 £V T0Ú f]ÀÍ£n) (|lÔÇ

àm ouoi xf|i àvaicÃáaei ájtò xôv Àewav [xi tò ànopov] (cn>njiiyvüca Sè xò wiiaca-uiia), arco Sè -roí) jrupòç ovx ãmovtjiv, aixiov [ô’] fj te ÀejtxojAepeia Kai

õ n cvv£%£ç yíyvexai jiâÀXov àvaKÀótievov, xò Sè. á&ovaxei ôià tqv àvojioi-ímyca. mote tò jièv tô i áOpoianôi Kai xíji ÀeJEXÓTnu StaSuófievov eiç xò

êiacanfia Súvaxai Kaíetv, tò 8’cúSéxepov è^ov oi> Súvaxai. èfjájcxexai 8è àrcò xe

xf[ç ééXov Kai datò xcrô xaJlKQÍ) Kai w ô àpyúpou xpóm>v n v à èpyaaOévxmv, aí>x, éoicep F. (jyrçai Kai aAkoi Sé nveç oiovxai, Stà xò àrnévai xò m>p Sià xôv ítópov.

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Fragmentos 36

5. TEOFRASTO, Do fógo 73 20 Gerckes Eis porque, mediante a reflexão a partir das superfícies polidas, tipo espelho®, eles inflamam a luz do sol (eles misturam-na com matéria combustível), mas já não inflamam a luz do fogo: a explicação reside na subtileza das partícu­las e no facto de o contínuo se tornar sobretudo reflexo, o que, no outro caso, se torna impossível, devido à sua diferente natureza. Assim, a primeira, incidindo com a sua densidade e acuidade na matéria combustível, consegue queimá-la; a outra, porém, não pos­suindo nenhuma destas qualidades, não o consegue. Assim, acende- -se uma chama a partir do vidro, do bronze e da prata se estes tiverem sido trabalhados de uma certa maneira e não, como diz Górgias e alguns outros pensam, a partir do encaminhamento do fogo pelos porosa.

ORAÇÃO FÚNEBRE"

Esta Oração fúnebre, segundo um costume ático que remonta à batalha de Platéias, situa-se no âmbito dos discursos epidícticos em homenagem aos que morreram na guerra. O autor tardio que o transcreve apresenta-o essencialmente como o tipo de discurso de aparato característico de Górgias, em que está patente um estilo de retórica floreado e onde abundam as tradi­cionais "figuras gorgiânicas", diversas vezes reputadas de mau gosto por Aristóteles na Retórica. Para a maioria dos estudiosos não se trata de um simples exercício modelar do e ju ô eu cu k ó ç yèvoç, mas sim de um discurso realmente proferido aquando da paz de Nícias (421 a.C.), ou então durante a segunda parte da guerra de Corinto (392 a.C.). Cf. UNTERSTEINER, op. c/f., p. 78.

8 [progr. Gryph. 1896],9 A nossa tradução representa um compromisso entre a lição t i to òfciopov

e Katójt-cpmv de que aquela poderá ser uma glosa. Cf. DIELS-KRANZ, op. cit., p. 284 e UNTERSTEINER, op. cit., p. 76, n. 5.

10 O excerto de Platão e este de Teofrasto referem-se à teoria dos poros de Górgias, que, por sua vez, denotará a influência de Empédocles.

11 Cf. A 1 e B 27.

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EXUTAfflOE

5a. [fr. Sauppe Orat. Att. II 131] ATHANASIUS Alexandr. Rhet. Gr.

XIV, 180, 9 Rabe

tt|v ôè xpíxriv pt|TopiKf|v Jtspi yeAmóôtii.xivà xôv neipaicíav tòv Kpóxov áveyeípoaxjav m i KoXaiceíav 'óícápxcwav àvaiôff, t|v m i p£XE%£ipÍTOVto èv P-èv %apaicTfipi m i èveujirpamv fpapnpêvotç oi jcepi 0pa<róp.axov m i Fopyíav, JtoÃÃêi jièv xôi rapíam xprpápevoi m i xtiv ewcaipíav fjyvofpcóxeç wóroí) xoú oxrpotxoç, èv ôè ôiavoíai m i xpórai AáÇeoç àXXoi xe iroAXoi m i 5tj m i F. ainòç KÒDsjmaxoç év, ôç m xà xrçv àwayyekíav amrjv èv m i ’Ejaxct(j)íffli atirou qúk ioxútov yuraxç eiíteív Çóvxaç elpnice xá<j)ODç- ôtavoíca ôè úreeKmjrxei xoú ôéovxoç óç m i laoKpáxriç (lapxupei owasç (jsácnaov ’xíç yàp àv kxL’ [LONGIN.] n. íixj/oDç 3, 2 xatrni m i xà xou Aeovtívo\) Fopyiou yetóxai ypá(|)ovxoç Eépçnç ó xôv lieparâv Zeuç m i l íiTceç êm|/-u%ot xók(>oi.

5b [fr. 4. Sauppe Orat. Alt.]. PHILOSTR. V. S. I 9, 5 x à (ièv m x à xôv

p a p p á p o v xpórcaia fyivauç àm xixei x à ôè m x à xôv 'Eààtivgív GprjvoDç.

6. [5] PLANUD. ad Hermog. V 548 Walz AlOVÚOtOÇ Ó Jtpeopúxepoç èv

xô i ô ew ép o i I le p i %apaKxrip<DV icepi F opyiou À iyav xáôe (Jyricáv 'ô im v iK o iç jièv

o5v o è Ttepiéxuxov aòxou Xóyoiç, ôrm,riyoptKoiç ôè òM yotç m í x im m i x é /v a iç ,

xoíç Ôè Tr^eíomv èrttôeiKxiKoiç. tp,ç ôè iôéaç auxoô xôv xoiovxoç ô %apaKxfip

(èyKffiniáÇei ôe xouç èv icoAi^oiç àp iax e ú aav x aç A&nvaúüv)-

xi y à p àrcíjv xoíç à v ô p á m xoúxoiç ô v ôei àvôpàon Ttpoaeívai; xi ôè m i

íipoOTjv ô v oi) ôeí ítpooeivai; eüteív ôuvaífn iv â (kn)Xo(iai, [kn)ÀX)í|iT|v ô’ â ôeí,

X a0òv nèv xr|v Ôeiav vé|xe<nv, ()ruyòv ôè xòv àvO póm vov <|>9óvqv. aôxoi y à p

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Fragmentos 37

5a [fr. 14 SAUPPE Orat. Att.] II 131], ATHANASIUS Alexandr, fíhet. Gr. XIV, 180, 9 Rabe O terceiro tipo de retórica que, por entre alguma chacota, provocou a pateada dos adolescentes e deu origem a uma despudorada adulação, num estilo próprio e com entimemas falseados, praticaram-no os alunos de Górgias e Trasímaco, uti­lizando frequentemente o páriso e ignorando o uso adequado desta figura; no conteúdo e na forma de expressão (praticaram-no) muitos outros, e naturalmente também o próprio Górgias, que é o mais digerível de todos. Este, segundo o próprio relato contido no seu Elogio fúnebre, não se motivando- para dizer "falcões", disse "túmulos vivos". No domínio do pensamento, ele queda-se abaixo do que seria desejável, como atesta também Isócrates ao dizer assim: "Como é que realmente alguém poderia..." etc. [B 1], [LONGINO] Do Sublime 3,2. Por isso, também Górgias, o Leontino, se cobre de ridículo ao registar "Xerxes, o Zeus dos Persas" e "os abutres túmulos vivos".

5b. [fr. 4 SAUPPE Orat. Att. II 129] FILÓSTRATO, Vida dos Sofistas I 9,51s As vitórias contra os bárbaros reclamam hinos, as que são contra os Gregos cantos fúnebres.

6. [5] PLANUDES A Hermógenes V 548 Walz Dionísio-o-Velho, no segundo livro dos Caracteres, falando sobre Górgias diz o seguinte: "de facto, não encontrei discursos judiciais dele, mas apenas discursos políticos e alguns tratados com discursos-modelo, na sua maior parte discursos demonstrativos. Eis um exemplo da forma dos seus discursos (ele elogia os Atenienses que se notabilizaram nas guerras): “Que qualidade faltava a estes homens de entre as qualidades que os homens devem possuir? E que possuiam eles do que não se deve possuir? Pudesse eu dizer o que quero, pudesse eu querer o que deve ser dito, furtando-me à vingança divina, ou fugindo da inveja humana. Estes adquiriram não

12 Cf. A 1.

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ÈKéícrqvTO év6eov jièv rf |v àperr)v, àvS péravov ôè xò ev r^óv , noX kà jjièv Sf| xò

jtpâov èm etK èçxou aüB áSouç ÔiKaícm ftpoKpívovxeç, TtoÀXà Sè vójioi) áK p ijk íaç

Àòyrav ôpüórrjxc-, xom ov vopíÇovxEç ee iò taxov ícai KQivóxaxov vóp.ov, xò ôèov

èv irâi Séovxi m i Aèyeiv K ai m y â v m i ieqieiv K ai è âv , K ai ô iw rà aa tc rp av x eç

piáXioxa Sv Ôeí, yvéjrrjv K ai pá^iriv, xf|v fièv PouÀeúovxeç xf|v S’ àjtaxeJurôvxeç,

Ôepájtovxsç jièv xSv àôÍKffiç S w tux® w hüv , KoJwxoxai ôè xôv àôÍKmç

ewwxoúvrov, atQáSeiç jtpòç xò oDjKjtépov, etópyrixQi jcpòç xò jtpéjtov, xrôi

4>povífJLG>i xfjç yvó|irjÇ jtaúovxeç xò â<j>pov rqç, pófitiç, •úppujxai eiç xoòç úppioxáç,

kóojjaoi e iç X0 uç koojxíodç, ó«t>op0i eiç xoiàç c«|)ópov)ç, ôeivoi èv xoíç Seivotç.

I ia p ró p ia Sè xoúxov xpórcaia èo rrjaavxo xâv jtoÀeníov, Àiòç pèv áy áÀ jiax a ,

èam râv Sè àva& nuaxa, oú k árceipoi o w e ènxjmxoi) áp eo ç o w e vo|aíjm>v èpéxwv

oúxe èvoitílíau epiSoç o m e <|>i?u>KáXaü eípí|vrjç, aevp,oi jxèv Jtpòç xovç Beouç x®i

SiKaúoi, õ a io i Sè jtpòç xoúç xoKéaç xf|i G epaitetai, SÍK aioi Sè jtpòç xoíiç àoxtniç

xô i iíooi, ew e p e iç ôè Jtpòç xauç ((ií^odç xf|i íríaxei. xoiyapoíiv a m é v

àjtoôavóvxov ó JtóGoç oí) ovvaitéQ avev, àXX’ à ô áv ax o ç o ò k èv áBaváxoxç

a ó n a a i Çfji oí) Çóvxov’.

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Fragmentos 38

apenas a virtude divina, mas também a humana mortalidade, jul­gando muito iíèms, preferível a suave moderação à justiça arrogante, a correcção do raciocínio ao rigor das leis, considerando ser esta a lei mais divina e universal: falar e calar, fazer e deixar fazer o que se deve no momento devido. E exercitaram sobretudo duas coisas que se devem exercitar: a razão e a força; com uma decidindo, com a outra realizando; ocupando-se, por um lado, dos injustamente infe­lizes, castigando, por outro, os injustamente felizes; desprendidos do que surge como vantagem, apaixonados pelo que é digno; capazes de eliminar com a sensatez da razão a insensatez da força; prepo­tentes com os prepotentes, coerentes com os coerentes, ousados com os ousados, terríveis com os terríveis. Como testemunho disto, eles ergueram os troféusia dos seus inimigos como oferendas a Zeus, 1 como ofertas votivas de si mesmos; não eram inexperientes nem do ! inato ímpeto guerreiro, nem dos amores legítimos, nem da contenda armada, nem do amor das belas coisas, próprio da paz; respeitosos para com os deuses na justiça, conscienciosos nas atenções para com os pais, justos na equidade para com os concidadãos, irrepreensíveis na fidelidade aos amigos. Por conseguinte, quando morreram, a saudade não morreu com eles, mas vive, imortal, nos corpos não imortais dos que já não vivem1'.

13 Monumentos de vitória erigido com armas tomadas ao inimigo, no local em que este foi derrotado.

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OATMmKOX

7. [2] ARISTOT. Rhet. T 14. 1414b 29 Ãèyexai ôè tà xêv ÈTClôeiKXtKêv

Jipacij.ua èç èicaivou fj yóyoo oíov T. |ièv èv xêi ’0/U)|xjtiKfflt tóyôi ’"íYcò rco/Ulõv àÇioi eaDpàÇeaOai, o ãvôpeç ''EÀÀTjveç’. èroaveí yàp wuç xàç Jtavnyúpeiç a-uváyovxac;.

8 CLEM. Str. I 51 [II 33, 18 St.] Kai tò áyóviofia fipJüv Kaxà xòv

Àeovxivov Fopyíav ôixxôv [ôè] àpexôv ôeixai, xóX[irjç K ai cwxjáaç- toA, t|ç |ièv

tò k ív ô w o v -ònoneívai, aajúaç Ôè xò JtMyna (?) yvôvai. ó yàp xoi Àóyoç; KaBáTtep xò Kf]puy)ia xò ’OÀ.uji7cíacn, KaXei [ièv xòv ftoDÃójievov, oxE<()avoí Sè xòv

ôuvá|ievov.

8a [0] PLUT. coni praec. 43 p. 144 B C I opytot) xcrô pf(XCKJOÇ

àvayvóvxoç èv ’OÀ/Dpmai Àóyov icepi ò^iovoíaç xoiç 'EÃAriaiv ò MeÃávÔtoç- aSxoç fpiv, ODjxPotiXeúet. rcepi ójiovoíaç, Ôç a-óxòv K ai xfiv yuvaÍK a K ai xf|v Gepáítaivav iôíai xpeiç òvraç ó(iovoe'tv oi) jiéjiEtKev f)v yàp éç èoití xiç èpoç

xoí) ropyíao Kai ÇnÀoxujúa xíiç yuvaiKÒç rcpòç xò tíepaitaiviôiov.

nreiKOE9 [6], PHILOSTR. I 9, 4.

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Fragmentos 39

O OLÍMPICO^

Um outro exemplo de discurso de aparato é o Olímpico, pronunciado em Olímpia, muito provavelmente em 408 a.C.. Apesar de muito breves, estes fragmentos testemunham uma das temáticas que mais escola viria a fazer no âmbito dos panegíricos: a'0(iovoia (Concórdia) entre os Gregos. Górgias propõe a paz entre todos os Gregos para que, unidos, melhor possam combater o inimigo comum, os Bárbaros.

7 [2] ARISTÓTELES, Retórica III 14. 1414b 29 Os proémios dos discursos epidícticos são proferidos ou a partir de um louvor ou de um vitupério, tal como fez Górgias no seu Discurso Olímpico: "Ó Gregos, vós sois dignos de ser admirados por muitos povos". Na verdade, louvou os que organizaram as Panegírias.

8. [0], CLEMENTE, Strommateis I 51 [II 33, 18 St.] E a nossa luta, segundo Górgias de Leontinos, necessita de duas virtudes: de audá­cia e de sabedoria; audácia para suportar o perigo, sabedoria para conhecer a estratégia sensata. Pois a palavra, tal como a procla­mação dos arautos nos Jogos Olímpicos, chama quem quer vir, mas só coroa quem tiver capacidade.

8a [0] PLUTARCO, Preceitos conjugais 43p. 144B C Estando oretor Górgias em Olímpia a discursar aos Gregos sobre a concórdia,disse Melântio: este dá-nos conselhos sobre a concórdia, quando nãoconseguiu persuadir-se nem a si próprio, nem à mulher nem à criadaa viverem em concórdia, sendo apenas três. Na verdade, ao queparece, Górgias tinha uma certa afeição pela criada e a mulher sentia ciúmesis.

PÍTICOie9 [6], FILÓSTRATO I 9,4.

14 Cf. A 1.

15 Este testemunho entra em contradição com o de Isócrates (cf. A. 18), onde se refe­re que Górgias nunca terá constituído família.

16 Deste discurso, mencionado por Filóstrato (cf. A 1), apenas se conhece o título.

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EFKÍ2MION Eli HAEIOY2

10 [7], ARTISTOT. Rhet. 1 14. 1416a 1 t o i g o t o v y à p TÒ F o ^ í a u

TíyKéntov eiç TOieíodç- o tS èv y à p ftpoeÇayioBvíoaç ouSè Jtpo av a iav fio aç eò&üç a p a r a i ícóA-iç e ò S a íp jv ’.

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Fragmentos 40

ELOGIO AOS HABITANTES DE ÉLIS17

10 [7] ARISTÓTELES, Retórica III 14, 1416a 1 [É] deste tipo o Elogio aos habitantes de Elis, da autoria de Górgias; na verdade, sem qualquer prelúdio ou introdução, ele começa abruptamente com "Élis, cidade ditosa1'.

ELOGIO DE HELENA

Este singelo Elogio de Helena é um precioso testemunho, elaborado pelo próprio Górgias, da sua concepção do discurso. Este sofista ficaria célebre, como refere Cícero no Orator (§§164-167), pelo uso acentuado de determinadas figuras, chamadas gorgiânicas, como 0 isocólon, a antítese e o homeoteleuto. Estas impregnavam o discurso de ritmo e musicalidade, de tal forma que não era apenas a armação lógica das ideias, mas também, e simultaneamente, 0 ritmo e a musicalidade, que determinavam a força per- suasiva do discurso. Assim, aquilo a que chamamos persuasão incluía igual­mente algo habitualmente designado por sedução. Não terá sido, pois, por mero acaso que Górgias resolveu "divertir-se" escolhendo a sedutora Helena para objecto deste encómio. Ele propõe-se ilibá-la contra 0 parecer da tradição, que a apontava como culpada da guerra de Tróia por ter abando­nado o marido, seduzida pelas palavras de Páris, também ele seduzido por ela, um discurso vivo de beleza harmônica irresistível. Como seria habitual em todos os seus discursos, também este reflecte uma sólida estruturação que permite distinguir uma parte preambular (§§1-5) onde se anuncia a propositio (§2), se faz a apresentação da elogiada (§§3-4) e se justifica a inutilidade da narratio (§5). A argumentação propriamente dita inicia-se no §6 com a enumeração dos motivos (cátíaç) do procedimento de Helena, seguidamente desenvolvidos: a força dos deuses Destino, T % i, e Necessi­dade, ÂvcÍYKri, (§§6-7), a força sedutora do Discurso, Aoyoç (§§8-14), e o fascínio de Eros (§§15-19). Estes motivos serão, no final da argumentação (§20 , recapitulados na ordem inversa. No §21 Górgias enuncia os objectivos alcançados com este seu discurso, entre os quais o do divertimento (ncayvíov). Desta forma, o Elogio de Helena poderá considerar-se pioneiro de outros do mesmo gênero que, alicerçados em assuntos ligeiros, eram pretexto para cada um exercitar a sua habilidade. Segundo Guthrie'8, tanto 0 Elogio de Helena como a Defesa de Palamedes seriam exemplos de exercí­cios retóricos sobre temas da mitologia, visando mostrar como, com 'sufi­ciente habilidade e cinismo, se podiam defender causas que, à partida, poucas hipóteses teriam de sucesso. A afirmação final de Górgias no Elogio de Helena parece confirmar isto mesmo. De notar que Isócrates, seu dis­cípulo, também escreveu um Elogio de Helena.

17 Górgias terá pronunciado este discurso numa festa em Olímpia. Tratar-se-ia dum discurso deliberativo (cf. M. UNTERSTEINER, / Sofisti, I, Milano, Lampuqnani Nidri Editore, 1967, p. 157).

18 W. K. C. GUTHRIE, Les Sophistes, trad. J.-P. COTTEREAU, Paris, Payot, 1976.

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41 FOPnOY EAENHE EFKfíMION

1 1 .(1 ) Kóct}x©ç KÒhcX jièv eúavSpía, cptoucíti Sè KáUoç, ^ 1 % % & GQ&jía,

jtpáypmi Sè ápeTií, tóyffli Sè áWjteicr rà Sè èvavría toórav áKoonía. àvôpa Sè Kai yuvaúca Kai Àóyov Kai èpyov Kai rnXiv Kai Jtpâyjm xprj tò jxèv áÇtov

ènaívou èrcaíwi Tijiáv, tô i Sè ávaÇían nijiov èreraSevai- forç yàp à^iapría Kai àjiaOía \ik\i§m M í te Tà òtaivsTà Kai èjcaiveiv Tà p>p,tirá. (2) toô S’ atirou

àvSpòç Áiçai te tò Séov òp8Sç Kai èÀéyÇai xotiç p£pxj>ojxévouç 'EÀévrjv, yuvaiKa rcepi fjç ó|ió<l!£DV0Ç Kai óiió-fW/oç Yéyovev fj te t Í v noirtrêv àKowávtfflv rá raç f| Te toü òvójiaToç (jrfjurj, Ô Tt»v ctpjiopêv p,vrpT] yéyovev. èyè Ôè ftoúÀ,»|iai Xoyia|ióv Tiva tô i Àóy<Bi ôotiç tt|v (ièv Katáòç àKoúouaav rauwai xfjç aitíaç, toòç Sè )i£jK(to(iévovç \|/eu5ojiévín)ç èmMÇaç Kai ôeíçaç TàJúieèç f| itafiaai xf ç à|xa6íaç.

(3) õn nèv otiv ()n)oei Kai yévei xà npôm m v npówv âvõpãv Kai

yuvaucôv f| yuvfi nepi fjç õôe ó Àóyoç, otiK aôn^ov otiSè òMyoiç. Sf]Ax)v yàp éç

Hrycpòç (jèv Arjôaç, raxTpòç Sè tou pèv yevopévau Beoti, Àeyojiévou ôè Ôvt|toí>,

Twôápe© Kai Áióç, êv ó (xèv ôià tò eivai eôoçev, ó ôè ôià tò (jxxvai fjXéy%&n> Kai f|v ô nèv àvôpôv KpàTioroç ò Sè róvxov Ttipawoç.

(4) ÈK toioútov Sè yevonivri eo^e tò íoó0eov xáXXoç, ô Àafkrixra Kai ou

ÀaOoôoa èo%e- jtXeíoraç Sè JtÃeíaToiç èm9uníaç époroç èveipyàoaTo, êvi ôè

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Fragmentos 41

11. 1 .0 ordenamento^ duma cidade está na coragem dos seus cidadãos, o dum corpo na sua beleza, o duma alma na sua sabedo­ria, o duma acção na sua excelência e o dum discurso na sua ver­dade20. O contrário será o caos. Em relação, pois, a um homem e a uma mulher, a um discurso e a uma acção, a uma cidade e a um negócio de estado, convém elogiar o que for elogiável e censurar o que for indigno. É que existe igualmente erro e ignorância em cen­surar o louvável e em louvar o censurável. 2. Compete também ao mesmo homem dizer o que é justo que se diga e refutar os detrac- tores de Helena, uma mulher a respeito de quem são uníssonos e unânimes quer o crédito que lhe concedem os poetas que escuta­mos, quer a fama do seu nome, que transporta consigo a lembrança de acontecimentos funestos. O que eu pretendo, ao dar uma lógica ao discurso, é libertar da culpa quem sofre de tão má reputação, desmascarar os que pela calúnia enganam e, mostrando a verdade, fazer cessar a ignorância. 3. Não deixa de ser evidente, e para não pouca gente, que a mulher de que se ocupa este discurso é, pela sua natureza e pela sua genealogia, o que de melhor existe entre os homens e as mulheres. Na verdade, todos sabem ter sido Leda sua mãe e seu pai um deus, ainda que se referisse um mortal: Tíndaro, este, e Zeus, aquele; um, porque o era, foi considerado como tal; o outro, porque afirmava sê-lo, foi tratado com desprezo; um foi o mais poderoso dos homens; o outro, o senhor do universo. 4. Senhora de tal origem, ela foi possuidora duma beleza divina. E o que recebeu não o escondeu, mas usou-o. Em muitos despertou inúmeras

19 Atribuímos ^o gr. Koa^oço mesmo significado que possuirá na lliada (XI, 187), ou seja, o de "toda uma preparação ordenada". Estamos perante uma palavra que concentra em si grande riqueza semântica, remetendo para uma determinada concepção do mundo, da vida e da sociedade. Cf. Maria Helena da ROCHA PEREIRA, Estudos de História da Cultura Clássica, I vol.: Cultura Grega, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1980, pp. 216-218, designadamente a n. 26.

20 O início deste discurso parece constituir uma profissão de fé no relativismo dos valores, atendendo às várias definições apresentadas para kóohoç (cf. GUTHRIE, op. cit., p. 260). De notar que, seg. Platão (Ménon, §§71 e ss.) Górgias recusava-se a definir a virtude.

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a é |i c a i ic o U à o é p m a m )v% ay£v àvS pôv èiti ixeyá^oiç jiéya <j>povowrav, fiv

o i (ièv r ik o ín m liEyéôi], o i Sè ewyEveíaç w aX m ãq etiSoÇíav, o í 5è à3ucf|ç iS íaç

e-òe^íav, o i Sè oo(j>íaç ènucrfirou Súvc.puv éo% ov K ai ípcov áJtavxEç m ’ êpaxóç

xe (j)iA,0VÍK0\) (j)i^ou[iíaç te à v a ic fp m (5) tk m ç |ièv oSv K ai ôi’ oxi K ai ôíkdç

àjtéíã/rp-e xòv è p m a xíjv 'E tévrjv l a j ü v , oi> AéÇfiv xò y à p xoíç e tôóaiv a ío a o i

Àéyeiv r ó r a v (xèv éxst, xép\|nv Sè o ò <(>Ép£i. xòv xpóvov Sè xrâi Àóyoi to v xo te vôv

twcEppàç èrci xqv áp x n v xou n è U o v ro ç tó y o u Ttpopíiooiiaj., K ai ftpoerçaojiai xàç

a ix ía ç , õi’ à ç e íkòç fjv YEvéaGai xòv xfjç 'E tév n ç eíç ttjv T po íav oxókov.

(6) f | y à p Tt>xnç p o o M p a a i K a i G eôv P ouÀ E Ú naat K a i 'A v á y ia iç

^ í o n a o i v ércpaçEV à EicpaçEV, fj p ia i á p r a x a 8 £ tc a , f | k ó y o iç T tE io M o a , f |

é p c m à X o ü o a . e i | i è v o u v ô i à x ò itp ô x o v , à ç io ç a ix ià a G a i ó a ixu ó |xevoç- Geoij

y à p 7cpoÔ U |iiav à v 9 p o m ív n i T c p o ^ e ía i à ô ú v a x o v k g & ú eiv . íréc(n)KE y à p o i) x ò

KpEÍOCTOV ÍMtÒ XOU fjOGOVOÇ KfflX.ÚEOSai, CÜÚM x ò T OOOV D7K> XOÚ KpEtOOOVOÇ

à p xE O 0ai K a i à y e o 6 a i , K a i x ò |iè v K p E iooov fjyEKr0at, x ò 5 è f^ aaov ã t e a ô a i . Geòç

8 ’ à v ô p ó jc a u K p E ioaov K a i p ia i K a i ao<j>íat K a i x o íç õ X X o iq . e í a S v xfii Tí>xtii K a i

x ô i 6 e ô t TÒv a i x í a v à v a 0 e x É o v , f | xf)v m è v n v xr|ç ÔW KÀEÍaç à T io to x é o v .

(7) eí ô è p ia i f ip n à o e n K a i àvón xoç èp iácrôn K a i àSÍKcaç úPpía& n, õ í f to v

õ x t ô [ iè v à p r c à o a ç é ç ú p p ío a ç Ttòíicriaev, f] S è à p ra x a 0 E ta a è ç i)P p io 0 E to a

èSixrró%TioEv. à ^ io ç oí>v ó n è v è T n x e ip n a a ç p à p p a p o ç p à p p a p o v è jn x e íp n u a K a i

Jióyrai K a i vó|i<ui K a i épyrai X ó y o t [ ièv a ix ía ç , vó(ixoi S è à x i f i ia ç , é p y o t S e Ç T píaç

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Fragmentos 42

paixões. Só com o seu corpo, atraiu a si os corpos de muitos homens que aspiravam intensamente a altos feitos. Destes, uns possuiam grandes somas de dinheiro, outros os pergaminhos duma ancestral genealogia, outros p vigor característico da valentia, outros, ainda, a força da sabedoria adquirida. E todos chegavam movidos pelo amor sequioso de vitória ou pela sede invencível de glória. 5. Porquê e de que forma alguém saciou o seu desejo raptando Helena, disso não falarei. O dar-se informações a quem já está informado traz credibili­dade mas não proporciona prazer. Por isso, omitindo agora do dis­curso esse tempo passado, iniciarei de imediato o discurso e apre­sentarei os motivos pelos quais o embarque de Helena para Tróia surgia como natural. 6. Foi certamente pelos desígnios do Destino, pelas resoluções dos deuses e pelos decretos da Necessidade, que ela fez o que fez, quer tenha sido levada à força, convencida pelos discursos, ou arrebatada pelo Amor. Ora se foi pelo primeiro motivo, é o responsável quem deve ser chamado à responsabilidade. Na verdade, não é possível à previdência humana impedir um desejo divino. É da natureza das coisas não ser o mais forte detido pelo mais fraco, mas sim o mais fraco ser comandado e conduzido pelo mais forte. O mais forte comanda e o mais fraco vai atrás. A divin­dade é mais poderosa que o homem, tanto na força como na sabedoria e em tudo o mais. Se se trata, pois, de virar a acusação contra o Destino e a divindade, liberte-se então Helena da infâmia. 7. Se, porém, ela foi arrebatada pela força, tendo sido não apenas ile­galmente forçada mas também injustamente ultrajada, é evidente que procedeu injustamente quem a raptou e ultrajou, enquanto ela teve a infelicidade de ser raptada e ultrajada. Logo, é o bárbaro que lançou mãos a esta bárbara empresa que merece ser responsabilizado pelo discurso, pela lei e pela acção. Pelo discurso, deverá ser declarado culpado; pela lei, deverá ser votado ao ostracismo^; pela acção,

21 Processo de banir da sociedade um proeminente cidadão que se tornara impopular, em vigor na Atenas do séc. V a.C. Todos os anos a Assembleia decidia que houvesse um "ostracismo", sem se mencionarem nomes. Se assim acontecia, cada cidadão podia escrever num caco (gr. ffo-tpaKov) o nome de qualquer cidadão que achasse bem que fosse honrosamente afastado da cidade por dez anos. Se se reunissem seis mil votos, ou mais, contra qualquer homem, era-lhe forçoso partir, sem outra sanção. Era este um meio de afastar o chefe duma facção perigosa.

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TOjceiv i] ôè piaoM oa Kai xftç raxxpíSoç axepTieeícia Kai xêv (f>ÍWv ò p * a v io 6 £ io a rabç o ü k ôv e í k ó t o ç èÀeriteí-n jiôP iA qv f | KaicoÀoyrieeÍTi; ó |ièv yàp

èSpaoE Ôsivá, f| 8è éreaêe- ôímiov oôv xrçv pèv oiKxipat, xòv ôè jucrfpai.(8) ei Ôè Xáyoç b neíoaç Kai xrjv àjtaxí|0aç, otiSè icpòç tomo

%ak£nòv àíCoA.aytíaaaeai Kai xrçv aixíav àTco.Vóaaaüai êôe. Ã,óyoç SDváorqc; jxéyoíç èoúv, ôç oiitKçxná-wi oéjjmi Kai à^aveoxáim Getóxaxa epya àjtoÃExer Stfvãroíyàp Kai (Jtójtov r a w a i Kai Mot^v à<t)eÀ£Ív Kai %apàv evepyàaao0ai Kai £À£ov èroxD^fpjai. Taw a ôè éç oikoç è^ei ôeí^cr (9) Sei ôè Kai ôóçrji ÔEtÇai xoiç àKaómxrv xrçv jioít^jiv àrcaoav Kai vo(j.íÇ© Kai ôvo|iáÇm Xóyov ê%ovra Hètpov tjç xoi>ç ÒKOTOvraç eiof^Ge Kai <|>pÍKn nepí^oPoç Kai eleoç iroA/úôaKpuç Kai 7CÓ0OÇ <j)iÃ,OTcev«riç, èic’ àX X m pim xe jcpayjxáxfflv Kai oojiáTOJV ewruxíaiç Kai

ôucmpayíaiç iSiov t i mBrilia Ôià xêv Xóyov énaflev f| y^yn. #pe Sf| rcpòç aXKov

àK’ àXkoü p£Taaxffl tóyov. ( 10) ai yàp év0eoi Sià Xóyrnv èm ib a i èraxyrayoi

fjôovfiç, àmywyoi A/íwcnç yívovtar ouyyivonévn yàp xf|i ôóÇt|i xfjç y-ü%ftç f| ôíjvaniç xr\ç èraoiôfiç éteX^e Kai êmoe Kai nexèoxriaev awriv yanxeiai. yonxeíaç

ôè Kai |iayeíaç ôioaai xè%vai eijpryvaai, a i eim xrafjç ájiaprniiaxa Kai ÔóÇriç áicaxfinaxa. (11) òaot ôè. õaauç itepi ôctov Kai E7t£iaav Kai TtEÍfonxn ôè itre-u&íj Xá/ovT^áaavreç. eí |a.èv yàp raxvxeç ropi nàviov efyov.xôv xe 7iapoixo(ièvfflv

|ivtiiit)v xrôv xe jKxpóvxmv èwoiav tov xe ^leXXóvwv jcpóvoiav, oò>k àv ó(j.oíoç ójioioç fjv ó Âóyoç, otç xà vov ye ome nvno&nvai xò 7tapoi%ójj£vov auxe

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Fragmentos 43

deverá sofrer um castigo. Quanto à que foi violentada, exilada da pátria e privada dos amigos, porque não há-de ser mais razoável apiedarmo-nos dela em vez de a difamarmos? Na verdade, ele fez coisas revoltantes, enquanto ela as suportou; é justo, então, que dela tenhamos compaixão e dele horror. 8. Mas se foi o Discurso que a convenceu e lhe enganou a mente, também não será difícil defendê- -la disso e libertá-la da acusação, como passo a fazer. O Discurso é um senhor soberano que, com um corpo diminuto e quase impercep­tível leva a cabo acções divinas. Na verdade, ele tanto pode deter o medo como afastar a dor, provocar a alegria e intensificar a com­paixão. Que isto é mesmo assim, vou-o demonstrar. 9. É necessário, porém, que eu o demonstre também à opinião dos ouvintes. Eu concebo e designo igualmente toda a poesia como um discurso com ritmo. Um temor reverenciai, uma comovida compaixão e uma saudade nostálgica insinua-se nos que a ouvem. Por intermédio das palavras, o espírito deixa-se afectar por um sentimento especial, relacionado com sucessos e insucessos de pessoas e acontecimen­tos que nos são alheios. Mas, adiante! Passemos deste a um outro argumento. 10. Na verdade, os discursos harmoniosos, inspirados pelos deuses, provocam uma sensação de bem-estar, dissipando a tristeza. A força da palavra mágica, convivendo com a opinião do espírito, fascina-o, convence-o e transforma-o por encantamento. Descobriram-se dois processos de encantamento e magia, que são os erros do espírito e os enganos da opinião. 11. Quantos con­venceram e convencem outros tantos a propósito de outras tantas coisas, forjando um falso discurso. Na verdade, se todos, a respeito de tudo, conservassem tanto a memória do passado como a noção do presente e a previsão do futuro, o discurso não seria igualmente idêntico para aqueles, que neste momento não conseguem facil-

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0K£\|/aa0ai tò raxpòv oírce navretíoaaOai Tò jaéÀXov emopoç é^ev ©orce icepi tôv

jcXeíoTfflv oi jcM otoi tt(v ôóçav oújípctóUív rqi yujcni rapéxovrai. fj Sè SóÇa G(|)aÀepà Kai àpépaioç o&ja o<|>a?lepaíç Kai à(tefkxíoiç eòroxíaiç TEepipàAÃei toòç am fji xp»|iévo\iç (12) [tíç dbv aM a KG>W>ei vopÁaai m i Tqv 'EÀévnv imò

Ãóyotjç èÂ0eív òjioíaç àv ovx èKOÍkrav éaicep ei piaTnpfflv piai fptáobYi;] [tò yàp Tfjç Jteitoüç eçtv |ièv oiíôajxâç èotKev àváyKt]i, Tf|v Sè Sovapav Trçv aüxrjv èvEij. Xoyoç yàp t^ux^v à rcetoaç, fjv ijceiaev, rivaymoe ra i ja8éa0ai toíç

Àeyofiévoiç m i owaivéoai toíç m)wn)jJ.évoiç. ô |xèv ow íceíaaç óç àvaymaaç àStKei, f) ôè iteioGeiaa óç àvayma0eíaa tô i Àoyon |_iáTr)v àKoóei mKÔç. (13)

ô ti ô’ fi iceieó rcpomauoa tô i Àòyoi m i -rnv yt>xíiv èrujtóoaTo õraaç èfkróÀeTo, XPH (JaÔeív icpÔTOv |ièv toòç tôv p£TecopoX,óy<DV Xáyovç, omveç Sóçav àvn SòÇtiç ttjv jxèv à^etópevoi Trjv ô’ èvepyaaá|xevoi Tà amara m i àdríka (jrcáveoGai toíç Tfjç òóçnç òp,jiamv ènoúioav. Seòrepov Sè toúç avaymíouç Sià Xóyav àyôvaç, èv olç èíç Ã-óyoç jcoXvv ò%kov érep\|íe m i ejceioe té%vhi ypaifeíç, oòk ò&n0eíai A xÔeíç- Tpúov Sè <t>iÂoacxjxí>v Aàycov á(XÍXA.aç, èv atç SeÍKWcai m i yvó|iTiç Tà%oç óç efyieràpoÀov ranoôv tt v títç Só^nç rckmv. (14) tòv amòv Sè Xóyov è%ei f) Te raô Xóyou Swa^iç Jtpòç Tr)v xfiç y-uxíiç Tàçiv f| Te tôv

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Fragmentos 44

mente recordar o passado, reflectir o presente e prever o futuros?. De sorte que, para a generalidade dos assuntos, a generalidade das pessoas assume a opinião como conselheira^. Mas a opinião, sendo incerta e inconstante, lança os que dela se servem em incertas e inconstantes situações. 12.24 Que motivo nos impede, pois, de pensar que também Helena se terá deixado seduzir do mesmo modo pelos discursos, não de sua livre vontade, mas como se fosse arrastada por uma força poderosíssima? De facto, no que respeita à situação de persuasão, esta não é de modo algum apenas parecida com a necessidade, mas possui a mesma força25. É que o discurso persua- sor da mente, persuade-a, força-a tanto a, acreditar no que foi dito como a consentir no que é feito. Portanto, é quem persuade que é culpado de prática de violência, ao passo que a que foi persuadida, porque constrangida pelo discurso, é, sem razão, objecto de má reputação. 13. Que a Persuasão, saída do discurso, também mani­pula a mente a seu bel-prazer, há que compreendê-lo antes de mais por aqueles discursos dos astrônomos que, destruindo uma opinião com outra opinião por eles criada, fazem com que as coisas incríveis e nada evidentes surjam como verosímeis aos olhos da opinião. Depois temos os inevitáveis debates, em que um só discurso, quando redigido com arte, encanta e convence toda uma multidão, mesmo sem respeitar a verdade; em terceiro lugar, as discussões filosóficas, em que a rapidez do pensamento se mostra capaz de tornar facilmente alterável a credibilidade da opinião. 14. Relação idêntica possuem a força do Discurso em ordem à disposição do espírito e a

2^ Evidencia-se aqui a filosofia relativista de Górgias e dos sofistas. O conhecimento é, de um modo geral, impossível e o único guia é a opinião (ôcítja), que é falível. Um dos elementos essenciais na arte de persuadir é o sentido da ocasião (Kcupdç) do momento oportuno. O orador deverá adaptar as suas palavras ao auditório e à situação. Cf. GUTHRIE, op. cit., p. 278. Este tema já fora abordado no tratado do Nãoser.

23 O sofista será aquele que domina, com a sua arte, todo o campo da experiência onde reina a opinião, susceptível de ser sempre transformada.

24 A tradução dos dois primeiros períodos deste parágrafo assenta sobre urri texto diferente do proposto por DIELS-KRANZ. A deterioração do manuscrito, nesta passagem, deu azo a múltiplas conjecturas de reconstituição do texto grego (cf. DIELS-KRANZ, op. cit., pp. 291-292). Dessas, seleccionámos duas que nos pareceram garantir maior fidelidade à dinâmica transportada pelo discurso.

25 A Persuasão (neifiró) era, para os Gregos, uma deusa poderosa.

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(jiap^ÚKWV TffiÇlÇ JtpQÇ XT$V TÔV 0ffi|láxfflV <|>OTtV. ÔCOTep y à p TÔV (j)ap|iáKfflV

áÁÃouç ã X k a xujioòç èk xou oôpaxoç èÇáyei, K ai xà pièv vóaou tà Sè [Mau jtaúei, owxu K ai tôv Jióymv o í iièv èA,únnoav, oi Sè étep\|/av, oi Sè èí^piioav, oí Sè eiç e áp ao ç K axéorncrav x cèç àKoúovxaç, oí Sè m 6oí uvt Kascíji xrçv n|n>XTjv

è (jíap^áK ew av K ai èÇeyoiíxeuaav.(15) Kai &n [ièv, ei Ãóym èneíadn, owk f{8ÍKrpev àÀÀ’ ffróxrpev, elprytai-

Tqv Sé 'ceTápnrv aixíav xêi xexápxm Xòym õiéÇeiju. ei yàp épfflç V ó ram a

jcávxa Jtpáçaç, oi) xakem c, SiacjieúÇexai xrçv tt,ç Xeyojiévnç yeyovévat ánapxiaç

aixíav. à yàp òpôjiev, è%ei (jrómv obx fjv íp eíç 6é/\oji£v, á kV f|v ém oxov éxuxe-

Sià Sè xfjç òyemç í) \|/uxt) Kàv xoíç xpóicoiç xujioüxai. (16) atixúca yàp oxav

jtolép,ia cópaxa Kai rcoÃi|iiov èrci 7toÀe|iíoiç ÓJCÃ.ior|i KÓoy.ov %aX%ói> Kai

oiSfipou, xoú [lèv àã^r|Ttipi.ov xoíi Sè Jtpop^fpaxa, ei Ôeáoexat f) õ\|nç, èxapáx&n

Kai èxápaçe xqv yuxriv, ®ote iK&kmaç, kivSúvou xou néMovxoç ôç õvxoç

«jíe-úyovxnv éKT&ayévxeç. íaxupà yàp fi ouvn0eia xou vá^ou Sià xòv <j>ó[k)v

è^DiKÍaÔn tov àjcò xnç ô\|/eoç, tjuç eKtkmoa ènoírpev à^eXrioai Kai xou ratarô

xou Sià xòv vó|xov Kpivo|xévou Kai xou àya0oú xoü Sià xqv viicnv yivo^évou.

(17) fjSri Sé xiveç iSóvxeç <(>oPepà Kai xou rcapòvxoç èv xrâi Jtapóvxi xpóvoi

<j>povntiaxoç èçeaxriaav oftroç àitéo|3eoe Kai èçf|Xaoev ó (f>ópoç xò vánua. itaK koi Sè |iaxaioiç tcóvoiç Kai Setvaiç vóooiç Kai ôixnáxoiç (iavíaiç

jcepiéícecov oikffiç eiKÓvaç xôv ópa^évcov itpaynáxmv f) òyiç èvéypayev èv xôi <j>povri(xaxi. Kai xà (ièv ôei|xaxoúvxa n íkX à |ièv jtapaXeíjcexai, õfioia S’ èoxi xà raxpaXeiJiójieva oíájcep xà Xeyójxeva. (18) àX kà htjv oi ypa4(eíç õxav èk icoUôv

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Fragmentos 45

prescrição dos medicamentos para a saúde do corpo. Na verdade, assim como certos medicamentos expulsam do corpo certos humores, suprimindo uns a doença e outros a vida, do mesmo modo, de entre os discursos, uns há que inquietam, outros que encantam, outros que atemorizam, outros que incutem coragem no auditório, outros ainda que, mediante uma funesta persuasão, envenenam e enfeitiçam o espirite. 1 5 . E que fique dito: se ela se deixou convencer pelo discurso, não agiu contra a lei; pelo contrário, teve pouca sorte. Passo entretanto a expor a quarta causa com um quarto argumento. Se foi realmente o amor que causou tudo isto, não será difícil eximi-la da responsabilidade pela falta, que dizem ter cometido. De facto, as coisas que nós vemos possuem uma natureza, não a que nós queremos, mas a que foi atribuída a cada um. Pois bem! Através da visão, a mente é afectada igualmente no seu comportamento habitual. 16. Na verdade, sempre que a vista contempla formações bélicas e 0 seu bélico uniforme, juntamente com 0 seu bélico armamento de bronze e de ferro, tanto de defesa como de ataque, logo ela se perturba perturbando a mente, a ponto de muitas vezes, aterrorizadas, as pessoas fugirem do perigo potencial como se ele fosse real. Com efeito, a forma habitual de viver, garantida pela lei, é destruída pelo pânico provocado pela visão que, entrando no espírito, provoca 0 desprezo quer daquilo que é considerado nobre pela lei, quer daquilo que de vantajoso é trazido pela vitória. 17. Há quem, tendo visto coisas terríveis, perca também nesse preciso instante a presença de espírito face à situação que se lhe apresenta. É assim que 0 medo bloqueia e destroi a lucidez. Muitos caem em sofrimentos vãos, em doenças terríveis e em loucuras incuráveis: de tal modo a vista grava no espírito as imagens dos acontecimentos presenciados. E muita coisa pavorosa fica omitida, mas 0 que é omitido é idêntico ao que é referido. 18. Por outro lado, os pintores quando, a partir de muitas cores e corpos,

26 No Górgias de Platão surge igualmente este paralelismo entre os efeitos do discurso no espírito e dos medicamentos no corpo.

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Xpfflij.áT©v K ai o<ap.áxa>v iv o ô j ia K ai o x f j ia teXeífflç àjiepyáarovxai, xépJimxTi

tt]v õ y i v t] Sè xêv àvôptávx® v sto írp iç K ai f | xôv àyaÀjiáxiiíV è p y a o ía Géav

fjSeiav ícapéoxexo to íç ô jjjia a iv . oírao t à p iv / .m e ív x à Sè nofteív JtécjroKe xfiv

óh|íiv. m X X à Sè koAIoíç m XXôv êprna K ai nóBov èvepyáÇexai rcpayp.áx©v K ai

offijiáxfflv. (19) e i ofiv xrâi xoí> 'AJieÇávSpoo c ó jia x i xò Trjç BAivriç õjip,a fp6èv

jtpoôu jiíav K ai ã ^ X k a v épmxcç xrji y-oxni raxpéSffiice, xí ecrajiaaxóv; ôç e i jxèv

8eòç ô v éxei Ô£fflv 6e íav Súvajiiv , r â ç à v ó f|aoü)v eir| xofixov àraccraoSai K ai

à |i t)v a o 6 a i Suvaxóç; e i 8’ èaxiv àvG pém vov v ó crrp a K ai yux fjç á y v ó rp a , ov)%

é ç á[iápTTi|xa nen irtéov àXX’ é ç àTÓ%Tpa v o ji to té o v f^Ge y àp , ó ç fjA,0e, xúxnç

à y p e ò n a a iv , at) yvótiTiç pou teú ij-aa iv , K ai èporoç à v á y ra iç , oò xéxvrçç

TtapacrKenaíç.

(20) thdç aõv xpii ÔÍKaiov f|yrjoaa0ai xòv xrlç 'EÃivriç h®^ov, f|xiç elx’ èpaaGeioa eíxe ÀóycDi íceioGeíaa píat, àpma0eiaa eíxe m ò Ôeíaç àváyicriç ávayKaoOetoa E7tpaçev à èrcpaçe, raxvxoç Suxfjjetyei xqv aixiav;

(21) àífieí/lov xéh X òym ÔWK^eiav yuvaiKÓç, èvènetva xôi vó|KDi ôv èGénriv èv àpxni xoô Àóyou- èjietpá&nv KaxaÀÍxiai |iíó|i,ou àSiKÍav Kai ôóçr|ç àjiaBiav, èfkn)W|&nv ypá\|/ai xòv Ãóyov T&évnç |_ièv èyKÓjiiov, è|iòv Sè míyviov.

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Fragmentos 46

acabam por modelar, com perfeição, um corpo e uma figura, deleitam aí a vista: a produção de estátuas de homens e a criação de imagens de deuses proporcionam aos olhos uma contemplação agradável. Nestas condições é natural que a vista se aflija em relação a umas e se apaixone em relação a outras. Por outro lado, múltiplos objectos provocam em muita gente paixão e desejo em relação a muitas obras e corpos. 19. Portanto, se o olhar de Helena sentiu afeição pelo corpo de Alexandre e transmitiu à mente o combate de Eros, que há nisso de estranho? Se ele é um deus, dotado da força divina dos deuses, como poderia o mais fraco rejeitá-lo e afastá-lo de si? Se se trata duma doença humana e dum erro de ignorância da mente, não há que condenar isso como uma falta, mas julgá-lo como um infortúnio: na verdade, aconteceu da forma que aconteceu, devido aos enredos da fortuna e não aos conselhos da inteligência, devido aos constrangimentos do desejo e não aos preparativos da arte. 20. Que necessidade haverá, pois, de considerar justa a condenação de Helena que, se fez o que fez por se ter apaixonado, por ter sido persuadida pelo discurso, arrastada pela violência ou forçada pela deusa da Necessidade, fica completamente ilibada da acusação?27 21. Com este discurso afastei a ignomínia que pesava sobre uma mulher e permaneci fiel ao objectivo que fixei no início do discurso; tentei destruir a injustiça duma censura e a ignorância duma opinião; quis fazer deste discurso um elogio para Helena e um divertimento para mim.

27 Górgias recapitula, pela ordem inversa, os motivos atrás enunciados, a partir dos quais desenvolveu a sua argumentação. No parágrafo seguinte, e sempre fazendo apelo à memória do auditório, ele recorda os objectivos do discurso referidos no início (§2).

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Do mesmo: DEFESA DE PALAMEDES

De novo, Górgias parte do mito para, habilmente, arquitectar um discurso que se ajuste aos seus objectivos didácticos. Segundo a lenda, a vingança de Ulisses sobre Palamedes ficou a dever-se ao zelo deste pela participação na guerra de Tróia. Para se eximir dessa obrigação, Ulisses fingira-se possuído de loucura, mas um dia em que, atrelando à mesma charrua um burro e um boi, se preparava para semear sal, Palamedes colocou-ihe à frente o pequeno Telé- maco, obrigando o pai a parar para não trucidar o filho. Desmas­carado deste modo, Ulisses nunca mais lhe perdoou e, mais tarde, em plena guerra de Tróia, teceu um hábil estratagema para o acusar de traição à pátria em troca de riquezas oferecidas pelos Troianos. A morte de Palamedes tornou-se o paradigma da morte injusta por excelência, fruto de intrigas de invejosos contra quem tem mais valor. Por outro lado, o perfil lendário deste malogrado herói, apresentado como um hábil orador, cioso da sua liberdade de espírito e confiante no progresso inovador, favorecia que se projectasse nele o ideal do sofista.

O presente discurso constitui a auto-defesa de Palamedes contra a infâmia urdida por Ulisses, e configura simultaneamente e com grande verosimilhança o ambiente do tribunal composto de ilustres juizes ("a fina-flor dos Gregos"), os companheiros de armas seus amigos e, sobretudo, o temível Ulisses, seguro da eficácia dos seus estratagemas e da irresistibilidade da sua argumentação.

Enquanto discurso-modelo do que deve ser uma defesa em tri­bunal, convém atentar na sua estrutura. Nos §§1-4 temos o exordium onde, de forma antitética, o acusado captará a benevolência dos presentes ao declarar encontrar-se do lado da natureza ultrajada, da justiça ofendida e da fragilidade da defesa face à injustiça da lei, à irracionalidade da força e à perfídia duma acusação infundada. Seguem-se, nos §§5-6, a propositio ("...ele não diz a verdade") e a

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partitio, esta contida na figura lógica e dilemática dum quiasmo que conjuga antiteticamente os verbos ''querer" e "poder". A demonstratio, que também poderíamos aqui designar de prova lógica, decorre em duas fases. Na primeira ( §§6-12), Palamedes argumenta contra a viabilidade material do crime ("Nem que o quisesse eu teria possibilidades"), enquanto na segunda ( §§13-21) o faz contra a viabilidade psicológica ("...nem, tendo possibilidades, eu quereria empreender tais acções"). Trata-se, num caso, de destruir as hipóteses, logicamente encadeadas, das diversas fases de con­sumação dum crime do gênero; no outro, de enumerar e invalidar, sucessivamente, os motivos que aliciariam para tal crime (o poder, o dinheiro, as honras sociais, a estabilidade de vida, etc.) que só o prejudicaria. Os §§22-32 constituirão a prova ética, na medida em que são postos à consideração do auditório dois caracteres bem diferentes: um, o do acusador Ulisses (§§22-27), que não conhece bem a matéria da acusação (§§22-23) que inventa (§24), que se contradiz e mente (§§25-26) e é criminoso (§27), concitará no auditório e nos juizes a malquerença; o outro, o do inocente Palamedes (§§27-32) que, face à gravidade da situação, se vê constrangido a falar elogiosamente de si próprio, da sua vida irrepreensível, entregue ao estudo e tão benéfica para a humanidade, não deixará de provocar simpatia nesses mesmos sectores do tri­bunal. Finalmente (§§33-37), a prova patética, o apelo final e dramático dirigido aos juizes, a aposta e a confiança no seu sentido de responsabilidade face ao que está em jogo, constituem o que, correntemente, se designa de peroratio.

Para além duma forte estruturação que, à base de ideias antitéticas, percorre todo o discurso e lhe transmite coesão (o que se compreende, no cenário judicial duma defesa face a uma acusação), convirá também aludir a uma série de tójtoi (lugares comuns) cuja utilização freqüente marca, mesmo linguísticamente, o discurso, traduzindo um tipo concreto de argumentação. Tais tojcoi, bastantes recorrentes, são os da evidência (c|)avEpà, 4>avEpòv- §§8,24; ôt|Xovóti - §§11,12), da necessidade (Kôei- §§8,11,12; ávayKaíov- §23; xpil - §25), da possibilidade ou impossibilidade (cutopórcEpov - § 11; áôijvaxov, jtávtcoç áÔTjvaxov - §§12,13,23,25), da utilidade (cLictiEXo-únriv - §10), da verosimilhança (elkóç e da inverosimilhança (cuuotov - §11), do útil ou inútil (ácnV<j>opoç - §25) e do vergonhoso (aíaxpóç - §25). De realçar também a vivacidade do discurso, ilustrada em certas fases da argumentação lógica pela sucessão

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rápida de frases curtas, onde cada hipótese aventada é de imediato invalidada por uma interrogação que demonstra o carácter absurdo daquela. Igualmente no domínio estilístico este discurso reflecte a marca do seu .autor. Uma análise, ainda que não exaustiva, não deixaria de realçar a intencionalidade de Górgias em dotar o texto de ritmo e harmonia, numa administração primorosa de figuras como o isocólon, a antítese, o homeoteleuto, o páriso, entre outras. Quem domine o grego clássico facilmente o poderá notar pela leitura, ao acaso, de apenas um breve trecho do discurso. Foi preocupação nossa reflectir, na tradução, esta feição estilística de Górgias. Nem sempre o conseguimos, evidentemente. Mas, tal como no Elogio de Helena, há passagens traduzidas que, denotando à primeira vista um certo barroquismo de expressão, apenas pretendem sugerir a forma como Górgias "gorgianizava".

Para terminar, uma chamada de atenção para a riqueza do con­teúdo do texto, documentando o modo de viver e de pensar do mundo grego. Associada a um rigor formal e a um estilo brilhante, ela vem assegurar um notável equilíbrio a um discurso que, cumulativa­mente, pretende veicular princípios de arte retórica.

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50 TOY AYTOY YÜEP IIAAAMHAOYE AXIQÀOnA

11a. (1) B (,ièv K a x rfy o p ía K a i fj á j r o À o y ía K p ía iç o í) J te p i e a v à x m )

y íy v e 0 0 a i - e à v a x o v p ,èv y à p fj <j>í>0iç < j)avepâi Tfii tirr^Hoi th x v to v K axe\|/ii(j>íoaxo

x ê v 0vtyeôv , f jiite p f p é p a i eyévETO- jcep i 8 è x í]ç à x t j i í a ç K a i xfjç xip,f)ç ó k ív ô u v ó ç

è o n , J t ó i e p á pie x p f j ô iK aú o ç à r o e a v e i v fj jiex’ ò v e iô ô v |Aeyíoxe>v K a i xriç

a i 0 % knrriç a i x í a ç p ia ú a ç ã m Q a v e iv . (2) ô ia w ô v ô è to o t íd v õvxm v x a ô p è v õÀ m )

'ü |íe íç K p ax e íx e , X0Ü ô ’è y ó , xriç p è v Ô ík h ç è y é , xfjç ô è p í a ç m i â ç . à í t o K te ív a i p x v

y à p jJ£ Õvvf](j£0-ee p m ^ o ^ e v o i p a iô te ç - K p a x e íx e y à p K a i xoúxrav, ê v o t ô è v è y è

xiyyxáv© K p a x ô v . (3) e i pièv o u v ó K a x fiy o p o ç 'O ô w jo e v ç f | a a ç ê ç è m c x á n e v o ç

ic p o S iô ó v x a (ie xfjv 'É M à ô a x o íç j J a p p á p o iç fj SoçáÇ cov y ’ à n f | o o t d x a m a é x e iv

è j io ie íx o xrjv K a x n y o p ía v ô i’ e ü v o ia v xfjç TEXÀàÔoç, á p i a x o ç à v f |v à v n p - tküç

y à p oí>%, õ ç y e a ó iÇ e i jc a x p íS a , x o K è a ç , xr|V r á x o a v 'E X X á ô a , éx i ô è rcpòç x o ú x o tç

x ò v à ô t K o w x a xi|iXDpoú(xevoç; e i ô è < $ ó \m fi K aK o x e% v ía i f] r c a w o p y í a i

crové&rpcE x a m n v x í |v a i x í a v , â c jc e p ô v è K e ív a K p àx icrcoç à v f |v à v i íp , o o t o ô i à

x a m a K à ia o x o ç à v f ip . (4) rcepi xoúxíov Ôè Xéymv ró B e v à p Ç o p a i ; x í ô è n p ô x o v

situo; j to í ô è xriç à J to J lo y ía ç x p á r a a p a t ; a i x í a y à p à v e jn ô e iK x o ç ê K T C ^ iv èn<t>avf|

è ( iro ii£ Í, ô t à ô è xf]V ÉKTt^riçtv à í to p e ív à v à y ic n x ô i À óyon, à v [xf| x i raxp’ a ò x r jç

xriç à.À ,r|6£Íaç K a i x f |ç jc a p a ó a r iç à v à y K q ç n à t o , ô iô a a K á ta o v èm iav& uvoxépfflv

fj j to p tu ra x é p o v xu% év. (5) õ x i ( ièv a u v cru oa<t>ôç e iô à ç ó K ax fry o p o ç K ax rry o p e í

(xoti, oa<()ó)ç o iô a - c rú v o iÔ a y à p è ( ia m © i o a c p ô ç o ú ô è v x o io m o v jceicoiriKÓç- tròôè

o iô ’ ô jhoç à v e iô e ír i x iç ô v x ò (xf] y e v ó ( ie v o v . e i ô è o ió n e v o ç oikcfl x a m a é% etv

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Fragmentos 50

1. Tanto a defesa como a acusação não estabelecem um decreto sobre a morte. Com efeito, a Natureza, no dia em que surgiu, con­denou à morte, com um voto claro, todos os mortais. Corre-se tam­bém o risco do desprezo e da estima social,, caso eu tenha de morrer segundo a justiça, ou de forma violenta, coberto dos maiores ultrages e da culpa mais infamante. 2. Quanto a estas duas questões, vós tendes todo o poder sobre uma, enquanto eu o tenho sobre a outra; do meu lado, tenho a justiça; vós tendes a força: se quiserdes, facil­mente me podereis mandar matar; vós sois poderosos naquilo em que me não foi dado possuir poder algum. 3. Pois bem! Se o acu­sador Ulisses me acusasse visando a salvação da Grécia, ou porque sabia perfeitamente que eu entregara a Grécia aos bárbaros, ou porque presumia que, de qualquer forma, as coisas assim se pas­savam, nesse caso, ele seria o melhor dos homens. E como não, se ele salvava a pátria, os filhos, a Grécia inteira, punindo, além disso, o culpado? Mas se foi por inveja, por desonestidade e perfídia que ele urdiu a presente acusação, do mesmo modo que, por aquelas razões, seria considerado um excelente homem, por estas mesmas será considerado um péssimo homem. 4. Ao falar destes assuntos, por onde hei-de começar? Que dizer em primeiro lugar? Em que ponto da minha defesa me deverei eu deter? É que uma acusação não demonstrada provoca um espanto evidente e, por causa desse espanto, o discurso fica forçosamente bloqueado se eu nada desco­brir a partir da própria verdade e da presente situação de constrangi­mento, perante mestres mais perigosos do que inventivos. 5. Que o meu acusador me acusa sem a certeza absoluta, disso tenho eu a absoluta certeza. Na verdade, sei com toda a certeza nada ter feito do me acusam, nem percebo como poderia alguém ver o que não aconteceu. Se ele intentou a acusação supondo que as coisas se

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èjioieÍTO xt|v KaxrfyQpíav, oòk áA.rjÕn ÀéyEiv Sià Siooêv fyiív Èra8eíqo3 xpóraav oure yàp jtouJlTjSEiç èS w án iF âv o&xe Swápcvoç èikn)5Lf|6iiv épyoiç ém%Etpeív

XQIOÚTQIÇ.

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jtpáTXEiv. é8ei y à p x iv a Ttpêxov àp%rjv yevéadca Trjç npoS oaíaç , fj Sè àp%rj Ttóyoç

â v EÍrj- icpò y à p xêv |xeAAóvx(í>v épyov àváyscrj Jusyouç yívEoBai jtpóxEpov. Jlóyoi

Sè roS<5 â v yévoivxo fxf| oD V ouaíaç xivòç yEVopivtiç; <n)vouaía Sè t í v a xpórcav

yévoix’ â v nfp:’ ÈKEÍvow jtpòç èjiè íté n ^ a v ro ç \)X{iz tou r a p ’ èjiot» jtpòç èra ivov

èá,0óvtoç; ouôè y à p à y y e ^ ía Ôià y p a ^ a tE Ím v à(j>ÍKxai á v e o xaô (fsépQVxoç. (7)

à X k à Sf) T oíko xô i Jióycn Suvaxòv yEvéaSai. K ai Sf] xoívov o w e iu i K ai crúveaxi

KàKEÍvoç èj-iot KàKEÍvai èyó - x ív a xpónov; x ív i xíç ôv; "EXkr\v fkxpPápa>i. raaç

òkotxdv K ai Xéyov; JtóÔEpa (xóvoç (ióvmi; à X k’ àyvof]ao |iev xauç àXkr\/MV

Xóyouç. ô X k à |ieO’ épjxrivétaç; xpíxoç á p a (lápxuç y ívexai xSv K pw aeoO at

Seouevov. (8) à X k à ôf] K ai xcmxo yev éo to , Kaírcep aí) yevó(j,evov. eSei Sè HExà

xoúxodç jtkrxiv ô o w a i K ai 5 é çaa6 a i. xíç o ô v à v fjv f) rcíaxiç; 7tó0Epov ópKoç; xíç

o w è|j.oi xô i jtpoSórr|i juoxeúew êiíeAAev; à X k’ ôfiripoi; xíveç; o lov èyà xòv

à S E ^ ò v e8<ok’ à v (oí) y à p ei%ov aÁXov), ó Sè (JàpPapoç x âv -uiéov xivá-

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èítoiovnEÔa, èkeivoç |xèv SiSoóç, èyò Sè AxxnPàvmv. icó0Epov o w ôÀíyoiç; àX k'

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Fragmentos 51

passariam assim, de dois modos vos demonstrarei que ele não fala verdade. Com efeito, nem que o quisesse eu teria possibilidade, nem, tendo possibilidade, eu quereria empreender tais acções^. 6. Irei abordar, em primeiro lugar, esta hipótese, a de que eu não tenho possibilidades de o fazer.

De facto, era preciso que, antes de mais, a traição tivesse um início qualquer, início esse que poderia ser uma conversa. É que antes de acções a empreender, é necessário que haja conversações prévias. Mas como seriam possíveis conversações sem quaisquer encontros? E de que forma teria sido possível um encontro sem ele se ter dirigido até mim ou eu ter ido até junto dele? Tão-pouco uma mensagem em tabuinhas teria chegado sem um portador. 7. Mas suponhamos isto: que foi possível uma conversa. Nesse caso, pois, ter-nos-emos, concerteza, encontrado, eu com ele e ele comigo. De que modo? Quem encontra quem? Um Grego encontra-se com um bárbaro. Mas como? Escutando ou falando? A sós? Mas cada um de nós ignora a língua do outro. Com um intérprete, então? Nesse caso, um terceiro teria testemunhado coisas que convinha manterem-se ocultas. 8. Mas seja: também isto aconteceu (embora não tenha acontecido). Seria necessário, então, que eles dessem e recebessem garantias mútuas. Qual teria sido, pois, a garantia? Um juramento? Mas quem iria acreditar num traidor como eu? Reféns? Quais? Eu teria entregue, por exemplo, o meu irmão, pois não tenho outro, e o bárbaro um dos filhos. A ser assim, na verdade, tratar-se-ia duma caução da maior confiança, tanto dele em relação a mim, como de mim em relação a ele. Mas tais coisas teriam sido notórias para todos vós. 9. Dirá alguém que baseámos a caução em objectos de valor, ele dando e eu recebendo. Poucos objectos, então? Mas não é nor­mal receber poucos objectos em troca de grandes serviços. Muitos? Como se teria então efectuado o transporte? De que modo uma só pessoa os levaria? Ou tê-los-ão levado muitas pessoas? Mas se

28 Enunciação da partitio, mediante a figura dum quiasmo. Segue-se, §§6-13, a refutação lógica da possibilidade material do crime.

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KOfuÇóvrav noXTuoi àv r p a v (xápTupeç; xnç éítip'juÂf|ç, évòç Sè kqjiíÇovtgç oòk

àv twXÍ) t i t ò $£pó|XEVoy fjv. (10) roÓTEpa Sè èKÓ(iioav rp é p a ç f) vuk tóç; àXXà

noXXai K ai jra c v á i «jmAaKai, Si’ ô v q ü k e o t i XaBeiv. âXX’ fp é p a ç ; âXXá ye xò cjiSç jkA eiíeí to íç Toxowoiç. elev. èy à S’ èÇeXOáv èSe^á^ir}v, f) èkeívgç ó ^épov

eíoflA,eev; àp.(}»TEpa y à p ãnopcc. Aapôv Sè Srj jhdç àv £Kpun}ra K ai xoòç évSov K ai to u ç éÇta; jtoi) 8’ áv eOrpca; nmç S’ à v èíjmXaÇa; xp®l^evoç 8’ à v <J>av£pòç

è^Evó^iriv, jxfi xpéjisvoç 8è xí àv è(|»£Â,oij|iTjv áií amrâv; (11) Kai Sfj to ív u v

yzvéaQ® K ai Tà firj yevóhevu. awnÀítojJEV, eIkojiev, tjkqíxhxiiev, %pípaTa n a p ’

awôv EÀapov, éXadov X apáv, EKpoya. êSei Sípcm) Kpávceiv &v è v m a T a m a

èyévETO. Tom o xoívuv e t i tô v Eiprjjiévffiv àrcopÔTEpov. JcpàTROv jièv y à p a m ò ç

ijipaTTOv f| (XE0’ ÉTépov àXX’ ov% évòç fi rcpâ^iç. àXXà ^eO’ ETÉpov; tívov ;

8 t|à o v ó ti tô v odvóv tov . nÓTEpov èÃEtiÔépov f] SoúAxdv; èÀ£U0époiç nèv yàp vjiiv ctúveiju. t í ç ovv vjiâv çúvoiSe; ÃEyèm SoúÀoiç Sè J iâ ç o v k ámomv; ékóvteç te

yàp èrc’ èÀeutepíai XEijiaÇójiEVoí t e 8 i’ àvàyicnv KaTnyopoíxnv. (12) f) 8è JtpàÇiç

Ttôç àv èyévETO; SqXovóu to u ç teoà£|j.íouç eloayayE Ív eSei KpEÍTrovaç ú^iôv

ôitEp àSúvaTov. nôç àv oSv Eioriyayov; icórEpa Sià iroXév; áXX' o v k èjiòv

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Fragmentos 52

fossem muitos a levá-los, muitas seriam as testemunhas da conjura, ao passo que sendo um só não seria muito o que se transportava. 10. E o transporte, efectuou-se de dia ou de noite? Mas, sendo as sen­tinelas numerosas e próximas entre si, não seria possível passar por elas sem ser notado. Terá sido então de dia? Mas a claridade difi­culta tais coisas. Seja. Terei eu saído para receber os tais objectos ou ter-mos-á ele trazido, vindo ao meu encontro? Ambas as coisas são, na verdade, impraticáveis. E após os ter recebido, como é que os terei ocultado, tanto dos que se encontravam no interior como dos que estavam fora? Onde os terei colocado? Como os terei guardado? Se me servisse deles, far-me-ia notado; mas não me servindo, que utilidade retiraria deles? 11. Porventura terá acontecido o que de facto não aconteceu: ter-nos-emos encontrado, teremos conversado, teremos chegado a um acordo, terei recebido dele objectos preciosos, ter-me-ei dissimulado após os ter recebido, e escondi-os. Teria sido necessário, sem dúvida, realizar aquelas coisas por causa das quais aconteceram estas. Pois bem! Isto é ainda mais imprati­cável do que o que foi referido. Na verdade, ao agir, fá-lo-ia só ou na companhia dos outros? Mas a acção a realizar não era própria duma pessoa apenas. Terá sido então na companhia de outros? Quais? É evidente que com alguns dos que me acompanham. Homens livres ou escravos? Eu ando habitualmente convosco, que sois livres. Algum de vós sabe, então, de alguma coisa? Que fale. Por outro lado, no que respeita aos escravos, de que forma não seria inverosímil? Na verdade, eles acusam-nos deliberadamente para obterem a liberdade, ou mediante o constrangimento, se torturados.12. E de que forma a acção terá sido levada a cabo? É óbvio que seria necessário fazer entrar inimigos mais poderosos do que vós, o que é impossível. Como é que eu os teria introduzido? Pelas portas? Mas não estava em meu poder abri-las ou fechá-las; pelo contrário,

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tam aç oike kJltjieiv ccte àvoíyeiv, aXl’ fjyepóveç rápioi xoúxov. àXk' mèp tei%éíi)V Sià KÀ,ínaKoç; oukodv è<j)C9pá&t|v ãv; àraxvxa yàp j&rjpq <|wÂ,aKâ v. aXXà

õteAáv xrnj xeí%0i)ç; àmroiv àpa (jwvepà yévoxxo àv. wcaíOpioç yàp ó |3íoç (OTpaxÓTteSov yàp) ior” èv ôitíUoiç, èv olç Jtàvxeç rávxa ópêat Kai rávxeç úítò TcávHflv ópêvtai. nàvmq àpa Kai Jtávxrji raxvxa JipàxxEiv àôévaxov fjv |xoi.

(13) otcÓ|«3kj6e Koivf| Kai xóôe. xívoç êveKa jrpcwfjKe PmAii&rivai xaíka

jtpàxxeiv, ei p a lia ra itávtov è&óvapriv; otòôeiç yàp pouAxxai jtpoiKa xaiíç

peyíoxooç kivôúvüuç icivôweúeiv ot)6è xf(v |ieyíoxnv KaKÓxrixa eivai KàiaaxQç.

a kV eveku xoí»; (Kai a $ 0iç itpòç xóS’ ènáveip,t.) rcóxepov xou xupaweiv; tyiôv

f| xôv pappápov; aKV ú|iôv àôúvaxov xoaaúxov Kai xotoúxmv, olç mápxet

áraxvra [iéyioxa, Jtpoyówv àpExaí xprpàxmv 7tÀ,f|6oç, àpioxeíai, àtacri

<j)povnnáxe)V, (Jacnleía tcóàeídv. (14) òXkà xôv fkxpjJápcov; ó ôè raxpaôóarav xíç;

èyè Ôè Ttoíai ôuvàpei raxpaÀfi\|io(xai "EW vp Papfkxpauç, eiç ôv woXXaóç, Jieíaaç

t| piaoápevoç; oíixe yàp èiceívoi 7teia0f|vai fkn)A,oivt àv, om ’ èyô fkáaaatíai

dwaípriv. àXk’ iocüç èKÓvxeç èKÓvxi TtapaSóooTxav, piaGov xriç JtpoÔooíaç

àvxiôiôóvxeç; àk'Aá ye xaík a JtoM,f|ç n©píaç Kai m axew ai Kai ôéçaaôar xíç

yàp à v êÀoixo ôouXeíav àvxi paaiÂeíaç, àvxi xoí) Kpaxíoxau xò Kàiaoxov; (15)

eiítoi xtç à v ôxi tüxwzoo Kai xpnnàxtov èpao6eiç ÈTtexEÍpTtaa xaóxoiç. àXkà

Xpipaxa (ièv |iéxpia KéKxrpai, jtoAÃâv ôè aòGev ôéo|iai- tcoJiàôv yàp ôéovxai

Xpr^axov oi imXkà ôaitavâvxeç, akX' ovx oi Kpeíxxoveç xôv xfjç ((rtjaeíüç

fjôovôv, àXk’ oí ôoutewm eç xaíç fjôovaíç Kai ^Tjxaüvxeç à rò j&oúxou Kai,

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Fragmentos 53

os chefes é que são senhores delas. Por sobre as muralhas, então, servindo-me duma escada de corda? Mas, nesse caso, não teria sido logo descoberto, já que elas estão reforçadas de sentinelas a toda a volta? Abrindo então uma brecha através da muralha? Mas nesse caso todos se teriam apercebido, pois a vida militar decorre ao ar livre, em acampamentos, onde todos observam todos e por todos são observados. Seria assim inteiramente impossível para mim fazer o que quer que fosse, onde quer que fosse. 13. Examinai em comum também isto. Por que razão me conviria querer efectuar tais coisas se, de todos, era eu quem tinha mais poderes? Na verdade, ninguém deseja correr os maiores riscos, gratuitamente, nem ser considerado o maior celerado na maior baixeza. Mas por que razão (Eu insisto de novo nisto)? Para exercer o poder de forma absoluta? Sobre vós ou sobre os bárbaros? Sobre vós seria impossível, pois sois tantos e tão valorosos, e possuis tudo o que de melhor existe: as virtudes dos vossos antepassados, a quantidade das riquezas, os altos feitos, a nobreza de sentimentos, o governo das cidades. 14. Sobre os bár­baros, então? Quem iria permitir isso? Com que poder eu, um grego, sozinho, conduziria bárbaros em grande número? Pela persuasão ou pela força? Certamente, nem eles consentiriam ser persuadidos nem eu conseguiria obrigá-los. Mas talvez eles se dispusessem a entre- gar-se de bom grado se recebessem uma recompensa em dinheiro pela sua traição? Mas seria mesmo uma grande loucura tanto acredi­tar em tais coisas como admiti-las. Na verdade, quem é que trocaria a realeza pela escravidão? Ou o melhor pelo pior? 15. Dirá alguém que me lancei a tais actos sequioso de dinheiro e de riquezas. Mas eu já juntei riquezas suficientes, de nada mais preciso. Na verdade, as riquezas fazem falta aos que muito gastam, não aos que resistem aos apetites da sua natureza, mas aos que deles são escravos e que procuram, mediante o dinheiro e o esplendor da sua generosidade,

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fi£YoiA,0!cp£JC£Íaç t à ç npàç K xâoB ai. xotraov ô e è j io i T tpóoE anv ov& ev. è ç Ô’

áXrien M âp ro p a je ig tò v írap éÇ q jia i t ò v r a x p o tx ó p sv o v p tov- t ô i ô è |iá p r u p i

jiáprupeç xpdç rpe- «róveore y à p ju n , ô iò o w i o t e w m a . (16) K a i jxfjv o u ô ’ â v

xipLfyç s v e r a T o io m o iç ipyoiç ávfip éfn% eip ífoeie Kai jxéarnç (fipóvijioç. à n ’ àp£TÍ]ç

yàp a k V o ijk ò jcò Karóxirrcoç a i x ij ia í- TCpoSótnt ô è tp.ç 'EUàôoç á v ô p i m ç àv yévoixo Tip.ri; Jtpòç ôè t c é r o i ç oèôè xip-fjç èTOy%avov èvôeTjç è v è tipé^v yàp èid toíç èvn^ G ráT O iç vnò tôv è v n f io tà tr a v , ■íx|>’ úpôv Èm a a js ía i . (17) Kai (ifjv oi)5’ à 0<t*aÂeíaç a u v e r á x íç â v t a t i r a íc p á ç a i. j t â a i y à p è y e JtpoSórnç rtoAijiicç, t ê i vójjffii, t f j i Ôíicni, t o í ç G eoiç, t ô i 7 d fj0 e i t ô v à v e p ó r a o v t ò v ( íèv y à p v ó j ío v

ra x p a p a ív e i, t f |v Ôè ÔÍKtjv KaTaÀ/óei, t ò ô è j& fjeoç ôta<|>eeípet, t ò ô è M o v

á n jiá Ç e i- ê i ô è t o io ú t o ç ò p ío ç itep i k iv ô ú v q v t ô v j iE y ío m v , o v k é%ei

àrojxxÀ aav. (18) ò X k à 6f) (j)üxn)ç ô<(»e5leiv P a u tó ^ e v o ç f) jtoX enáouç fU à r a e iv ;

Kai y à p Tom o)v è v e r á n ç â v á ô iK fio e i£ v . è |x o i ô è J tàv T a ò v a v r ío v èyíveT o- to u ç

jxèv <j>íÀouç KaKÔç è jco ío u v , t o ò ç ô è éxQ poòç à<()éÀouv. à y a 0 ô v n è v a u v K tfja iv

o tô e ix ía v sí% ev f | Ttpàçiç- KaKÔç ô è jk x0e ív aòÔ è e íç è m e u fiô v íc a v o u p y e i. (19)

t ò ôè Àotrcov è o n v , e í n v a <j)ópov f) rcóvov f | k ív ô u v o v <|>eúy<í>v ETtpaÇa. t a w c a Ô’

(riiBeiç â v e iJ ie ív e%oi t í j io i icpoofpcEiv. ô i o o ô v y à p t a í n o v ev eK a jc à v te ç j tà v t a

jcpáTTOWiv, f) K épôoç n |x e tió v x e ç f) Ç n ^ ía v <|>EÍ>yovT£ç- õ o a ô è t o w o v ê ç o

íK xvoD pyeíta i. KaKÔç è n a v r o v é jco ía o v r a m a jc p à tto v , o ò k õ ô t iX o v jtp o ô tô o ò ç

y à p tn v ' E U à ô a jcp o ò ô íô o u v è ^ a m ò v , TOKéaç, ^ íX au ç, a Ç ío j ia jtpayóvíflv, i e p à

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Fragmentos 54

comprar os altos cargos. Nada disso se encontra em mim. Posso apresentar a minha vida passada como um testemunho fiel de que estou a dizer a verdade. Deste meu testemunho vós sois testemu­nhas: viveis habitualmente comigo, por isso o sabeis. 16. Nem mesmo, por causa de honras, um homem moderadamente sensato se lançaria em tais coisas. Com efeito, é da virtude e não do vício que derivam as honras; como poderia ser estimado um homem que traira a Grécia? Além disso, nem se dava o caso de eu me encontrar carente de estima social. Na verdade, eu era respeitado entre os mais respeitáveis pelas minhas notáveis qualidades, e entre vós por causa da minha sabedoria.

E, certamente, nem por causa duma situação de estabilidade alguém iria fazer tais coisas. Na verdade, o traidor é odioso a todos: à lei, à justiça, aos deuses, à grande maioria dos homens. Ele viola a lei, anula a justiça, corrompe as multidões, ultraja os deuses. Por outro lado, uma tal vida, rodeada dos maiores riscos, não lhe traria estabilidade, 18. Seria então por eu pretender auxiliar os amigos ou prejudicar os inimigos? É que mesmo com estas intenções se poderia ter cometido uma injustiça: tudo me teria acontecido ao contrário, acabando por prejudicar os amigos e auxiliar os inimigos. Ora este procedimento, por um lado, nada lograria de bom; por outro, ninguém pratica o mal por desejar sofrer maus tratos. 19. Resta ver se eu terei agido para fugir a algum receio, sofrimento ou perigo, mas ninguém poderá dizer se eu tenho alguma coisa a ver com isso. Na verdade, toda a gente age, geralmente, em função deste duplo objectivo: ou visando algum lucro, ou fugindo a algum sofrimento. Fora disto, todo o mal que é feito é obra de loucos. Não é difícil ver que, agindo deste modo, eu me prejudicaria; com efeito, traindo a Grécia, traíâ-me a mim próprio, traía os meus filhos, os amigos, o bom nome dos antepassados, a religião dos meus pais, os seus túmulos, a pátria, o

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raxxpôia, tóajjouç, TcaipíSa TÍjv nsyíaxnv xfjç tU áS cç . â Sè jcâai rcepi raxvróç

è c m , xama âv xoíç àSucneeícnv èvejceípiaa. (20) <ncé\|raoee Sè Kai xóSe. jcôç o ò k

áv ápíoTGç fjv ó pioç |ioi JtpáÇavxi xaáka; jtoí yàp xpaitéoeai |ie %pfiv; rcóxepov eíç xrjv 'EXkóM; Síicriv Sóaovxa xoíç TjSiicrinévoiç; xíç S’ áv àjtEÍ%exá pou xêv

KaKÕç tcêtkívGóxídv; òXkà jiéveiv èv xoíç PapPápoiç; ícapa|i£À,fiaavxa raxvrov

tôv n ey ío x m v , è o x e p n p é v o v xnç KaUíornç x!.jif|ç, èv aiaxíaxni SwnOeíai Siáyovxa, xouç év xôi jrapoi%ojiévffli pk> i íióvodç èn’ áperrji jtenovrçpévouç

áTtoppivj/avxa; Kai xauxa Si’ e^auxov, órc£p afo^ioiov àvSpí, Sixjxu^eív 81’ aúxóv. (21) a í) jifiv o ò S è ítapà xoíç pappápoiç Tnoiôç âv St£Keí(ir|v jküç y à p ,

oixiveç àmaxóxaxov è p y o v owrpíoxavxó | i o i rajtovnKÓxt, xoí)ç <j)üo\)ç xoíç è% 0poíç raxpaÔES(DKÒxi; p ío ç S è oí> Pudxòç júoxeísç èoxEpr|(j,évcoi. x p r p a x a nèv

y à p á j to P a A é v f| x u p a w i S o ç èiareaòv "n x í |v TtaxpíSa (jw yàv ávaAàpoi xiç âv ó Sè jtíoxiv á j to P a X ò v oí)K âv èxi Kxnaaixo. ôxi |ièv auv oux’ âv é p o u tó n r iv

Suvá^ievoç oôx’ âv pouÂó^evoç èôwánnv ícpoôoúvai xíiv 'EMáSa, Sià xiv 7cpoeipr||xév<DV SéSeucxai.

(22) poúA,o|iat Sè nexà xauxa Jtpòç xòv Kaxffyopov Siatax&f|vai. xha ranè raoxeúoaç xoiowoç ôv xoioúxou Kaxnyopeíç; ãçiov yàp KaxanaMv, oíoç ôv oía Xéyeiç óç àváÇtoç àvaçíwi. Ttóxepa yâp |iou Kaxnyopeíç eiSòç àKpipôç í| SoçáÇfflv; ei (ièv yàp eiSóç, oíoGa iSàv f| nexé^ov f\ xou jiexé%ovxoç 7ru0ó|ievoç. ei jtèv ouv iSov, (fpácrov xoúxoiç xòv xpÓTtov, xòv x ó jio v , xòv xpóvov, Jtóxe, jc o ü ,

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Fragmentos 55

mais importante da Grécia, Aquilo que para todos está acima de tudo teria sido por mim confiado a mãos injustas. 20. Considerai ainda o seguinte: como não se me tornaria a vida impossível de viver após ter praticado tais acções? Para onde seria forçado a fugir? Para a Gré­cia? Para ser punido pelos meus crimes? Mas quem, de entre os que tinham sido prejudicados, me acolheria? Permaneceria então entre os bárbaros? Prescindindo de tudo o que de melhor existe, despojado da mais excelente reputação, mergulhado numa aviltante infâmia, tendo repudiado os penosos trabalhos penosamente empreendidos no decurso da minha vida por causa da virtude? E tudo isto por culpa minha, que é o que de mais humilhante existe para um homem, ser infeliz por culpa própria. 21. Nem mesmo entre os bárbaros eu teria crédito. Como confiariam em mim aqueles que sabiam que eu praticara a mais desleal das acções, ao entregar os amigos aos inimigos? A vida tomar-se-ia impossível para quem já não era digno de confiança. Na verdade, qualquer pessoa que tivesse perdido os seus bens, que tivesse sido afastada do poder ou fugido da pátria, poderia recuperar tudo isso; mas quem tivesse perdido a confiança dos outros, não mais a ganharia. Pelo que acaba de ser exposto fica, pois, demonstrado que, quanto a trair a Grécia, nem que o quisesse eu teria possibilidades, nem tendo possibilidades eu o quereria.

2229. Depois disto, porém, quero dialogar com o meu acusador. Sendo quem és, acusas-mé deste modo baseado, afinal, em quê? Vale a pena, na verdade, examinar com cuidado o modo como falas, sendo quem és, como se um indigno falasse a outro indigno. Acusas- -me com perfeito conhecimento de causa ou baseado em conjecturas? Se é com perfeito conhecimento de causa, estarás informado por teres presenciado, por teres participado ou porque quem participou te informou. Se foi por teres presenciado, indica a estes o modo, o lugar, o tempo, quando, onde e como o presen-

29 Terminada a prova lógica, segue-se a prova ética, onde é apresentado, primeira­mente (§§22-27), o carácter perverso de Ulisses.

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n ô ç e íô eç- e i Ôè fieré%fi)v, èvo% óç e iç x a íç a w a í ç a i n a i ç - e i ô é xo'U p£Té%ovToç

àK oúcraç, õ c m ç è o x ív , a t ir ò ç èXO ém , ty a v q m , ^ a p r o p r p á m m o r ó r e p o v y à p

oíkffiç è o r a i t ò K aT T jyóprpa p a p ru p rieév . èreei v ô v y e oòôéT ep oç f p ô v m p é ^ E T a i

i iá p r o p a . (23) (jiqoeiç tc © ç ío o v e i v a i t ò o é y e t ô v yevojiévm v. ó ç <rò (jyqiç, iifj

jr a p é x e a ô a i p à p r o p a ç , x ô v ô è jjlt| y e v o p iv o v è |iè . t ò ô è o ü k ío o v è o r í- T à p i v

y à p à y év rçrá raaç à Ô ú v a T a j ia p r o p q e ítv a i, Jtepi ô è x ô v 'y ev o p .év w o ò p ò v o v o ò k

à ô w a x o v , àXXà K a i p á iô io v , o tiô è j ió v o v p á iô io v , áXlà K a i à v a y r a í o v àKkà

a o i ^ è v üv)k f |v o to v Te jj-f) p ó v o v | iá p r o p a ç àXkà K a i ij/ei)ôo(JiápTV)paç e ú p e ív ,

è j jo i ô è oú ôéT epov e ítp e ív w ír a o v ôuvaTÓ v. (24) õ n |iè v a o v o u k o la Q a ã

K aT nyopeíç, < |>avepóv tò ôr| X o iítò v o ò k e iÔ ò ra o e ô o ç á ^ e tv . e k a , ê im v w v

àvGpÓTKSv T o^ n np óraT e, ôóçrji r a a T e ú o a ç , àTcioToxáixoi j c p á y u a n , tt|v à W |tíe ia v

ot)k e iô ó ç , T o fy ia íç á v ô p a Jtepi 0 a v á 0 o t> ôiÓKeiv; ó i t í toiootov ê p y o v

e ip y a a n é v o i a i> v o ia e a ; àKkà n n v tò y e ô o q á a a i koivòv à r c a o i Jtepi raxvrov , Kai

o ò ô è v è v Tom on m> tôv ãXkav oajsÓTepoç. a X l’ o ik e toíç ô oÇ áÇ ou m ô e í

jucrceú ew àÀ X à toíç e iô ó m v , o ik e ttjv ô ó ç a v xf|ç áÀ ,ri6eíaç T n o ro rép a v vopáÇ ew ,

à X X à T à v a v r ía ttív à X r)0 e ia v Tfjç ô ó ç n ç . (25) K axr|yópiT oaç ô é p o u ô i à tôv

£Ípr|(iÉvav ló y w v ô ú o Tà è v a v n Ó T a T a , ao<j)íav Kai n a v ía v , órcep o v x o to v Te tòv

a i k ò v áv0pttncov ê ^ e iv . Õ7tou (ièv y à p fie (f^ iç e i v a i T exvrjevrá Te K a i Ô eivòv K a i

Tcópi]j.ov, oo<|>íav |xou K a rtiy o p e íç , ò jtou ô è X éyeiç ó ç n p o ò ô tô o u v Trjv 'EÀ A àôa,

H a v í a v n a v í a y à p è o n v ê p y o iç èm % eipeív àôuvàToiç, àat>n<t>ópoiç, a io ^ p o íç ,

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Fragmentos 56

ciaste. Mas se foi por teres participado, então estás sujeito às mes­mas acusações. Se, porém, o soubeste por um participante, seja ele quem for, que venha, que se mostre e apresente o seu testemunho. Será assim mai? digna de credibilidade a acusação que foi teste­munhada. Mas até agora nenhum de nós apresentou qualquer teste­munha. 23. Dirás talvez que representa o mesmo o facto de nem tu apresentares testemunhas de coisas acontecidas, segundo dizes, nem eu de coisas não acontecidas. Mas não representa o mesmo. Com efeito, o que não aconteceu de modo algum pôde ser teste­munhado, enquanto em relação ao que terá acontecido não só não é impossível, mas até fácil, não só fácil como. até forçoso. Porém, tu não foste capaz de encontrar sequer testemunhas, verdadeiras ou falsas, ao passo que eu não tenho qualquer possibilidade de encon­trar testemunhas. 24. Que tu não conheces bem aquilo de que me acusas, torna-se assim evidente. Resta então dizer que, não sabendo, inventas. Então tu, ó mais audacioso dos homens, basean­do-te na opinião, que é a coisa menos digna de fé, e desconhecendo a verdade, ousas condenar um homem à morte? Como sabes que ele praticou tal acção? Com certeza que é dado a todos formar uma opinião a respeito de tudo, e nisso tu em nada és mais sábio do que os outros. Nem é nos que julgam que sabem que convém depositar confiança, mas nos que sabem; nem há que dar mais crédito à opinião do que à verdade, antes pelo contrário, há que dar mais crédito à verdade do que à opinião.

25. Pelos argumentos aduzidos, acusaste-me de duas coisas bem opostas, de sabedoria e de loucura, que não podem ser pos­suídas pelo mesmo homem. Na verdade, quando reconheces que eu sou engenhoso, habilidoso e inventivo, acusas-me de sabedoria; por outro lado, quando afirmas que eu traí a Grécia, acusas-me de lou­cura. Loucura é, de facto, lançar-se a empreendimentos impossíveis, inúteis, vergonhosos, com os quais ficarão os amigos prejudicados,

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à<f>’ âv xoòç |xèv <j>Oouç ptán|/ei, xoòç 8’ è^epo-uç à ^ rja E i, xòv 6è aw oí) píov

èrcoveíSiaxov Kai acjwt^epòv KaxaorrpEi. Kaíxoi Jtfiç xpr| àvSpi xoioíraDi

jnoxeúeiv, óaxiç tòv aircòv Jtòyov Àéycov ítpòç xoòç amoik; àvSpaç jcepi xrâv

airrâv xà èvavxióxaxa U ye i; (26) PouXoínnv 8’ àv Jtapà oou jcueéaeat,

Jtóxepov w ò ç ocMjwòç àvSpaç vo^íÇeiç àvarrxouç fj <j>povínoi)ç. ei fxèv yàp

àvoíytooç, Koavòç ó Aòyoç, àXk’ oròc àlrjtífiç- ei Sè (t>povíp.m>ç, oí> 8rpwo

ícpoofjKei xouç ye <j>povowxaç èÇaiiapráveiv xàç jjLeyfcpxaç àjiapxíaç Kai

(xâXÀov aípeía&ai Katcà jtpò itapòvrav àyaxêv. ei |ièv ouv eifit ao<j>óç, cm%

fjjiapxov ei 8’ %iapxov, oi) ao<j)óç etyu. oíhcoôv 8t’ àn<j)óxepa à v evrjç \|/edôt|ç.

27) à v x iK a x T iy o p fjca i Sé a o o icoÀ À à K a i ix ey à X a K a i ja x X a ià K a i v é a

j tp à a a o v x o ç & u v á |i£ v o ç oí> (3oí)^o |xar B o í ^ o ^ a i y à p oi) x o íç o o i ç K aK oiç àXkà x o íç è f io íç à y a O o iç à r a x ^ t y e iv xn v a i x í a v x a ím iv . Jtpòç n è v o u v a è x a w a .

(28) jtp òç 8 ’ i&nâç & à v ô p e ç K p ix a i ite p i è|j.oí> P a u s a i e i ít e iv è j n ^ v o v

ixèv àJirieèç ô é , jj.fi Kaxnyopnnévm | i è v oòk à v eiKÓxa, Kaxnyopaunévffli 5è

jtpoonr|Kovxa. v u v y à p è v f y i iv eò& óvaç K a i X ó y o v xmÈ%m x o ô jca p o ix o jx év o u p íou .

Séo|J .a i o u v í ) |iâ v , â v í ^ â ç m o ^ v r |a © x ô v x i è j io i jte itp a y n év w v K aÀ âv, jir iô év a

(j)6ovn oa i x o íç X e y o jié v o iç , àXk’ à v a y K a ío v fr y fto a a e a i K axrryopnjiévov S e iv à

K a i yeu & n Kai x i x ô v à X rieâ v à y a G ê v e ij te iv è v e iô ó o iv •ò n tv õ n ep fjSioxóv jio t.

(29) J ipôxov ( j iv ouv K a i ôemepov K a i n é y ta x o v , S ià Jtavròç à n ’ à p ^ q ç e iç xéàoç à v a |j.à p x r íx o ç ó Jtapoi% ónevoç p ío ç è o x í n o i , K aG apòç ir á a n ç aixíaç- o i)8 e iç y à p

â v o í)6 e (x ía v a i x í a v KaKÓrnxoç àA,ri0íi Jtpòç -ò^ àç Jtepi ènxnj e i ít e iv ê%oi. K a i y à p

o ò ô ’ awòç ó K a x f|y o p o ç oòSeníav àjtóSeiçtv eípnKev <bv eíprpcev aüxmç ^oiSopíav oòk é jc o u a a v êtey% ov ó X ó y o ç aírcôi Súvaxai.

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Fragmentos 57

os inimigos beneficiados e a vida do próprio condenada à desonra e à insegurança. E contudo, de que forma há-de ser forçoso acreditar num homem que, no mesmo discurso sobre a mesma pessoa, afirma a respeito dela duas coisas tão opostas? 26. Eu gostaria que me informasses se consideras os sábios como homens irreflectidos ou sensatos. Se os consideras irreflectidos, a opinião é inédita, mas não verdadeira; se os julgas sensatos, certamente que não é consentâ- neo com as pessoas de bom senso cometer os maiores erros e, perante o bem, optar pelo mal. Ora se eu sou sábio, não errei; mas se errei, então não sou sábio. Logo, em ambos os casos, serias mentiroso. 27. Não quero acusar-te de muitos e graves crimes, quer antigos quer recentes, por ti cometidos, embora o pudesse fazer; o que eu quero, de facto, é destruir a acusação que me é dirigida, não com o teu mau procedimento, mas com a minha boa conduta. Em relação a ti, pois, era isto.

28. Em relação a vós, juizes, quero falar-vos de mim30, do que ó odioso embora verdadeiro, do que não seria admissível a quem não fosse acusado, mas que convém a quem é acusado. Vou dar-vos, então, conta do que foi a minha vida passada e da sua razão de ser. Peço-vos, pois, que ao recordar-vos algo dos meus ilustres feitos, ninguém inveje o que for dito, antes considere inevitável que quem se vê acusado de coisas terríveis e falsas fale também um pouco das coisas verdadeiras e belas perante vós, que as conheceis, o que me é muito agradável. 29. A primeira coisa e também a segunda e a mais importante é que a minha vida passada, do princípio ao fim, é, na sua totalidade, irrepreensível e isenta de toda a acusação. Ninguém, na verdade, poderá referir a meu respeito qualquer acusação verdadeira de maldade para convosco. Com efeito, nem mesmo o acusador apresentou qualquer prova do que disse. Assim, o seu discurso eqüivale a um ultrage sem qualquer fundamento.

30 Continuação da prova ética, agora centrada no bom carácter de Palamedes (ss 28-32).

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(30) (t«íoo!i)it 6’ âv, K a i (jrfjcaç o ò k àv íiíeuOTájirjv m>§’ âv k'k^ufiúr\v, cm jióvov à v a fiá p r r y c o ç òXkà K a i n é y a ç e te p y é x n ç t>|i©v K a i têv 'EÍÜaivcov K a i xòv áróvrav àvôpárauv, oò póvov ®v víiv èvtav à k "k à K a i xâv evU,óvra>v, e iv a i ,

tiç yàp âv èTcoínae x ò v àvOpéíteiov piov ícópijiov è£ àTOpou K a i K eK o a u rp év o v

è ç áK Ó o^ au , x á ç e iç t e ícoÀ en iK àç eúpèv p èY to x o v e iç j& e o v e K t íp a x a , v ò ^ o u ç

te y p a jc w ò ç (jwÀaKaç t e xot) Siraíou, Ypâpjiaxá t e nvrptiç ôpyavov, j iéx p a t e

K a i otaôjià owaÃÃaYffiv eiw rópouç biaXkayáq, àptOiióv te %pTinátiov tybXaKU,

jro p o o ú ç te K p a t ío ta u ç K a i xa% Ú5touç àyY É A ouç, íc e a a o ú ç t e oxoXfjç akm av Suxxpipf|V; t ív o ç ovv e v e r a ta í> 8 ’ í)|a.ctç •óíié(j.vr|oa; (31) ô t|M iv j j ív õn x o íç

x o io õ x o iç x ò v voôv Jtpoaé%©, crnixeiov 8 è r a n o ò n e v o ç õti tôv ato^pàv K a i tôv k o k ô v êpywv àné% o|xai- t ò yàp èK eív o iç x ò v voúv npoaéxovta t o t ç t o to ú t o iç

jtpoaé% eiv àSúvatov. àçw õ Sé, e i jiTjôèv a w ò ç tinâç àôiKO), |ir |ô è a m ò ç -íx})’ ún<âv àôncri&nvax.

(32) K a i y à p cmSè t ô v ãXXtov èrornSeunátíov a ò v e r a à ç i ó ç e ijtt KaKÔç

íiá cT /e iv , oi)Ó’ t k ò vecD tépov o ü ô ’ m ò JtpeoPuxéptov. x o íç |xèv y à p JtpeaPuxèpoiç

â À m ó ç etyii, x o íç Sè v e o x é p o iç oòk àvo*j>eÂ,Tiç, x o íç e -ò tu x o íx n v o ò (|>0ovepóç, t ô v

SooTUxoúvtov oÍK típ |M »v ofrre ravíaç ÚTcepopôv, o ô x e jtXoõtov àpexrjç à X k’

ápexfiv itXoóxoo rcpounôv oòte èv poutaxiç â%prçaxoç oôxe èv p á/aiç àpYÓç, j i o iê v x ò taaoò(i£VOV, rcei0ó |i£voç t o i ç âpxouatv. à X k à y à p oòk è|i,òv è^iamòv è n a i v e i v ó Sè ra xp òv K a ip ò ç fjváyKaoe, Kai t a r n a K a ttiY o p rp év o v , Tcávroç

àrajÀoyiíoaaÔai.(33) Tvomòv Sè iteo’’ ^uêv icpòç •ònâç èaxi noi Àóyoç, ôv eiraòv Tcaúoojxai

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Fragmentos 58

30. Poderia afirmar, e afirmando-o não mentiria nem seria refutado, que não só sou irrepreensível mas também um grande benfeitor vosso, dos Gregos e de toda a humanidade, não apenas dos con­temporâneos como também dos vindouros. Quem é que tornou a vida cheia de recursos, de penosa que era, e ordenada a partir da desordem, ao inventar as tácticas militares, coisa importantíssima para os sucessos militares, as leis escritas que velam pela justiça, os caracteres escritos como um auxiliar da memória, as medidas e os pesos conciliando relações comerciais fáceis, o número como sen­tinela das riquezas, os sinais luminosos como mensageiros poderosíssimos e muito rápidos, o jogo dos dados, como forma de passar sem tédio o tempo de lazer? Por que razão vos recordei então tudo isto? 31. Por um lado, para deixar bem claro em que coisas eu ocupo o meu espírito; por outro, para fornecer uma prova de que me mantenho afastado das acções más e vergonhosas. Na verdade, não seria possível que quem se dedica àquelas coisas se dedicasse igualmente a estas. Julgo assim que, se eu próprio em nada vos prejudico, em nada também deverei ser por vós prejudicado. 32. Nem sequer mereço, por causa dos meus hábitos diferentes de vida, ser molestado, nem pelos mais novos nem pelos mais velhos. Para os mais velhos não sou incomodativo e para os mais novos não sou inútil; não invejo quem possui a felicidade e compadeço-me dos infe­lizes. Também não olho com desprezo a indigência, nem aprecio mais a riqueza do que a virtude; pelo contrário, aprecio mais a virtude do que a riqueza. Não sou inútil nas assembleias nem inactivo nos combates, cumprindo o que foi determinado e obedecendo aos chefes. Mas não é do meu feitio elogiar-me a mim próprio; as cir­cunstâncias presentes é que forçaram a defender-se de toda a maneira quem também assim era acusado.

33. Resta-me dirigir-vos uma palavra a vosso respeito, dita a qual porei termo à minha defesaai. Sem dúvida que a lamentação,

31 Início da peroratio (§§33-37), em estilo elevado, a que se associa um tom patético.

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xrçç àTtoXcyiaç. oÍkxgç |ièv o w Kai Àtxai Kai (JííAxdv jtapaÍTricn.ç èv ò%kün jièv

oüoriç xfjç Kpíaaoç xp i\o \\ia : j ta p à S’ 'óniv toíç rcpéxoiç o w n r â v 'EJãfivíov Kai SoKoôcnv, o-ò <()íÂfflv pariteíaiç oúSè Àixaíç o tS è oíktoiç Sei tíeíQeiv ò fiâç , àKXà

tô i aa.íj>eoTáxwi SiKaíoi, S tS á ^ a v ia xàÀ,r)ÔÉç, oòk àTca-rrioavrá |is Sei Siaíjmyetv

ttjv a W a v xawrnv. (34) ò |iâ ç Sè XPH H*) toíç Jióyoiç pàÂÂov fj toíç epyoiç

jcpoaéxeiv tòv vouv, ^T|Sè tòç a ix ía ç tôv èA.éyx^v jtpoKpíveiv, jxrjSè tòv ÒXíjov

Xpóvov tou KOÀÍÁAm a o ^ é x e p m fiye ía6ai Kpixnv, jjLTjSè xriv SiaPoA.fjv xnç n eípaç

Ttujxoxépav vopíÇeiv. ãíw xvra y à p toíç ày ax o iç à v S p á a i neyàA,iiç eòX aPeíaç

án -ap ráveiv , Tà Sè àv^K ecrra tôv àK ecxôv éxi jiâAÂov x a rn a y à p icpovorpaoi

jièv SuvaTá, nexavof|cra<n Sè àv ía T a . T ôv Sè Totoúrmv ècm v, õ r a v âvSpeç

à v ô p a ícepi W aváxau Kpívocrr ôitep èaxi vuv í ta p ’ •óp.tv. (35) e i |xèv oSv rçv S ià

tôv XóyfflV ttiv àA,f|6eiav tôv èpyov K aü ap áv xe yevéaO ai toíç àK oúoixri Kai

(jxxvepàv, eíwiopoç à v eir| Kpimç f|ÔTi à itò tô v eiprpévQ V èjteiSfi Ôè oòx o in o ç

B%ei, t ò |xèv oô(xa w ò n ò v (Jn&àÇaxe, tò v Sè TikEÍm xpóvov èm ueívaxe, nexà Sè

xfjç àÀT|0£Íaç xr|v K pím v JtoifjaatE. úpâv p.èv y à p (iéyaç ô kívSuvoç, àSÍKOiç

$ a v e ía i ôóçav xr|v |ièv KaTapaXeív, t t |v Sè Kxruxaofiai. to íç Sè àyaO oíç

à v S p à a iv aipeTÓTepoç Gàvaxoç Sóçnç a ia x p à ç ’ t ò |aèv y à p to ú p iau téXoç, f| Sè

t ô i pío)t vóooç. (36) è à v Sè àSÍKOç àjioKTEÍvnré (ie, nóÁXoic, yevf|aeT ai (jxxvepòv

èyó xe y à p oò k ày v ó ç , ú jiô v xe icàcnv "E/.A,t|ctiv yvôpifioç f] KaKÓxnç Kai

(jxxvepà. K ai xqv a ix ía v ((>avepàv à rcao iv úi-ieiç éçexe xfiç àS tK Íaç, oòx ò

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Fragmentos 59

as preces, as súplicas dos amigos são coisas úteis quando o pro­cesso decorre perante a multidão. Mas para vós, que sois a fina-flor dos Gregos e que de tal reputação gozais, não é mediante as ajudas dos amigos, nem pelos pedidos, nem pelas lamentações que é pre­ciso convencer-vos, mas mediante o que for inequivocamente justo; pela minha parte, é preciso que eu afaste a acusação mostrando-vos a verdade e não enganando-vos. 34. É-vos necessário não prestar mais atenção às alegações do que aos factos, nem preferir as acusações às refutações, nem pensar que o tempo breve é um juiz mais sábio do que o tempo longo, nem considerar mais digna de credibilidade a calúnia do que os dados da experiência. De facto, os homens bons têm, em relação a tudo, uma grande precaução em não errar, mais ainda nas coisas irreparáveis do que nâs reparáveis. Se estas se podem evitar para os que as previram, aquelas tornam-se irremediáveis mesmo para os que se arrependeram. É disso que se trata quando homens condenam homens à morte. É precisamente esta a situação que agora se vos depara.

35. Pois bem! Se, mediante os discursos fosse possível tornar pura e límpida, aos olhos dos ouvintes, a verdade dos factos, seria fácil a sentença logo após o que foi dito. Mas, como assim não é^, velai pela minha vida, gastai mais tempo, mas decidi com a verdade. Correis, de facto, um grande risco: trata-se de afastar ou ficar com a fama de homens injustos. Para as pessoas de bem, é preferível a morte a uma fama aviltante. Enquanto a primeira é o fim natural da vida, a outra é a sua doença. 36. Se me condenásseis injustamente à morte, isso tornar-se-ia evidente para muita gente. Na verdade, não sendo eu um desconhecido, antes pelo contrário, sendo bem conhecido de todos os Gregos, a vossa maldade seria igualmente conhecida. Todos vos acusariam de serdes vós a cometer uma injustiça flagrante, e não o acusador. Na verdade, é em vós que

32 Pela boca de Palamedes, Górgias retoma aqui o tema da impossibilidade comu­nicativa do discurso, plenamente desenvolvido no Tratado do Nào-ser ou da Natureza (§§83-87).

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Kaxrjyopoç- èv ty iív y à p to xéXoç êvi Tfjç ò ík tíç . à |ia p x ía 6’ o õ k â v yévoixo

laeíÇov xamr]ç. oí) y à p fióvov eiç èjxè K ai xoróaç xoòç è|ioi)ç ãnapxrjaetjGe

ôucáoavxeç à8ÍK«aç, àÃ-Â.’ fy itv a tx o íç Seivòv àüeov ó ô ik o v ávofiov êpyov

ow eíciarqoeoG e Jt8JKHT||KÓTeç, áiieKxovóxEÇ áv S p a o n ó ^ ax o v , %prpn(4,ov 'ò|iív,

eí>epyéxr]v xrjç 'EJiJuxÔoç, "EXÀriveç TEM,Tyva, <j>avepàv o ò ô en íav àS iiriav oí>8è

moxf]v a ix ía v àJtoôeíÇavxeç.

(37) eipTixai xà rcap’ èjj.o€>, Kai rcaiiojiai. xò yàp iwKíjivnoai xà ôià jiaKpâv eipnnéva auvxónoç npòç |ièv (jKxxA,ouç ôucaaxàç é%ei Ãóyov xaòç ôè ítpóxauç xrâv jcpcmav "EÁ.A,r|vaç EA,/.fivíi)v oòk àçiov o\)ô’ àçiêoai (iijce jrpoaé%eiv xòv voí»v jif|xe nenvnoGai xà À£%0évra.

TEXNH

12. ARISTOT. Rhet. F 18. 1419b 3 Ôeív é<))Tj F xf)V jièv 07Kn)ÔT|V

ôia(j)0eípeiv xrôv èvavxúov yéXmx, xòv ôè yétaaxa ououôíii, òpôôç Xéym.

13. DIONYS. de comp. verb. 12 p. 84 Katpau ôè aõxe píptop aòôeiç oftxe

(|>iÃóoo<j)oç eiç xòôe xpóvov xé/vriv épioev oüô’ õaitep rcpôxoç èjte%eipr|cre itepi

aínoí) ypà(|)eiv F. ó Aeovxivoç otô’ ò ti Àòyoo âçiov êypai(/ev.

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Fragmentos 60

reside o poder de julgar. E não haveria erro mais grave do que este. Com efeito, não só cometeríeis um erro em relação a mim e aos meus pais decidindo contra a justiça, mas ficaríeis ainda com a cons­ciência de terdes praticado contra vós mesmos um acto indigno, ímpio, ilegal e injusto, ao condenardes à morte um homem, vosso companheiro de armas, que vos foi útil, um benfeitor da Grécia, um grego, ó Gregos, sem terdes demonstrado a existência inequívoca de qualquer injustiça ou a credibilidade da acusação.

37. Da minha parte tenho dito e fico-me por aqui. É de regra, perante juizes de qualidade inferior, evocar brevemente o que foi longamente referido. Mas em relação a Gregos que são os primeiros de entre os primeiros da Grécia, não vale a pena nem sequer pre­tender que eles não prestam atenção nem estão recordados do que foi dito.

ARTE RETÓRICA^

A única obra teórica de Górgias, da qual sobreviveram alguns fragmen­tos, seria um manual de instrução retórica onde, além de prescrever conse­lhos para a práctica da oratória, apresentaria discursos modelares para exer­cícios dos seus discípulos, entre os quais o famoso Elogio de Helena e a Defesa de Palamedes.

Como sofista, Górgias tinha, evidentemente, particular interesse no estudo da retórica. Defendia o poder persuasivo da palavra em todos os domínios da actividade humana. Uma das suas teorias mais interessantes é a da oportunidade (cf. A 13), o sentido da ocasião - Kcapóç. Com efeito, o orador deve saber o momento oportuno para se dirigir ao auditório e qual o tipo de persuasão adequado a cada momento.

12. ARISTÓTELES Retórica III 18. 1419b 3 É necessário, disse Górgias, desfazer a seriedade dos adversários mediante o gracejo, e o gracejo mediante a seriedade, eis um preceito correcto.

13. DIONÍSIO DE HALICARNASSO Da composição das palavras 12p. 84 Até hoje nenhum retor ou filósofo estudou a fundo a arte da oportunidade, nem mesmo Górgias de Leontinos, o primeiro que se dedicou a escrever sobre este assunto, escreveu algo digno de menção.

33 [Cf. SATYR. A 3, DIODOR. a 4, 2, SCHOL. ISOCR. 13," 19, SOPAT. Comm. Herm. Fthet. gr. V 6s. Walz]

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14. ARIST. Soph. el. 33. 183b 36 KOI ytóp xòv JKpí xoyç £pl0XlK0Úç

AóyoDç fiiotapVQWtiDV ó jio ía xtç fjv fj raxíôeuoiç xn,i ro p y ío ü JtpaypaxE Íài'

ÀóyoBç y à p o í jièv ptjTapiKotç, o í ôè èpamtxiKoííç èô íôoaav ècu av eáv e iv , e íç

oôç icXeiaréiaç èpmjtxeiv óiijerpav èxáxepo i xoòç à X k q k m tóyot)ç. Ôióra-p

xaxeta jxèv áx£%voç 6’ fjv fj ÔtÔaoKaMa to íç jiavGávoiKn n a p ’ roinâv. oí) y à p

t é x y m à X k à x à ò.nò xriç xé%vqç ôiôóvxeç jta iS tó e iv m eX ájiP avov , roojtep à v eí

xiç èmcrrrpTjv <j)á<TK©v ítapaÔ óae iv èrci xò |_iii5èv kqveív xoòç jcóôaç, Eixa

g k w g to u ik tiv fièv |if] SiSácncot |j,r|ô’ õGev ô u v fp ex a i jcopíÇsaBai t à xourôxa,

ôoír) ôè w d l l à yévr( rcavroSaraôv ÍOToôrpáxfflV. Cf. PLATO Phaedr. 261 B a k X à

liáÃioxa (ièv jhbç Jtepi xàç ôkaç Aiyexaí xe K ai ypá<)>exat xéxvrçi, léyexai ôè Kai

raspi ôrpnyopiaç- eju rcleov Ô£ odk aicrpcoa. _ ’AXk’ f| xàç Néoxopoç Kai Oôrooéoç xéxvaç nóvov jtEpi Ixyyov àicf]Koaç, â ç èv Uton axotaxÇoviEç aweypa\|/áxT)v, xôv ôè llaÀajifiôoDç ávíTKOoç yèyovaç; - Kai vai jià Aí’ éyoyye

xêv Néoxopoç, ei |af| 1'opyíav Néoxopá xiva KaxaaKEuáÇeiç, f| uva 0paoú|j,axóv xe Kai ©eóôíüpov 'Oôuooéa.

15. ARISTOT. Rhet. F 3. 1405b 34 x à ôè Y|rDjcpà èv xéxxapai y íyvexai

K axà tíiv kéÇiv êv xe xoíç ôij& oíç òvó(j.amv... K ai ó ç r . óvónaÇEV

7raBxonot)aoKÓXaKaç K ai èm opK naavTaç K ai E-òopKTjoavxaç.

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Fragmentos 61

14. ARISTÓTELES Refutações sofísticas 33 183b 36 Realmente, o tipo de ensino dos que se faziam remunerar pelos discursos erísti- cos era semelhante à ocupação de Górgias; na verdade, uns davam a decorar discursos retóricos, outros discursos interrogativos, pois uns e outros pensavam que era nestes dois gêneros que os discur­sos de todos geralmente vinham incidir. Por isso, o ensino ministrado aos que com eles aprendiam era rápido mas não técnico. De facto, presumiam estar a ensinar não transmitindo a arte mas produtos da arte; como se alguém, ao declarar ir transmitir um conhecimento sobre como não sofrer dos pés, não ensinasse em seguida o ofício de sapateiro ou onde se poderia procurar tais conhecimentos, mas oferecesse um grande número de sandálias de todo o gênero. PLATÃO, Fedro 261b (Fedro - Sócrates) - ...mas que é sobretudo nos processos judiciais que se fala e escreve com arte; que sucede o mesmo na assembleia popular. Sobre o mais não ouvi dizer nada. - Mas então não ouviste falar das artes de retórica de Nestor e de Ulisses, que ambos compuseram nos momentos de lazer em ílion? E da de Palamedes nunca ouviste falar? - Por Zeus, nem mesmo a de Nestor conheço, a não ser que tu consideres Górgias uma espécie de Nestor ou tomes Trasímaco e um Teodoro por Ulisses.

FRAGMENTOS DE DISCURSOS NÁO IDENTIFICADOS

15 ARISTÓTELES, Retórica III 3. 1405b 34 A frieza de estilo deriva de quatro factores, um dos quais é o uso de nomes compos­tos... também como Górgias, que usava termos como epiorkêsantas (artistas da pedinchice), ou ptôchomusokólakas (infiéis ao juramento) ou euorkêsantas (fiéis ao juramento)...

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16. - - 1406b 4 K ai êxt xéxapxov tò \|ru%pòv èv xaíç nexa<|>opatç yíyvexai...

oxov F. %kmçià (xpèjiovxa) K ai á v a ip a xà rcpáyfiaxa- crò ôè x a m a aia%pfflç pèv

eoneipaç , kcíkôç ôè èôép taaç ' rcovrçnicêç y à p ãy a v .

17. - - F 1418a 32 év ôè xotç èraôeiKTiKoíç ôet xòv Àóyov è m o o ô io ü v

è ra ív o iç , o íov teoK páxnç ncnei- à e i y á p x iv a e ioáye i. K ai ôéÀ eyev r., o u o%

íwtoÀeíjtei a w ò v ó Àóyoç, xaúxó èox iv ei y à p 'A.%úlè.a U jm v I I t$ £ a èiia ivet,

e íx a A ia tó v , e íx a xòv Geóv, ó|ioícoç ôè Kai àv ô p íav , fj x à K ai x à rane í fj xoióvôe

èoxiv.

18. - Polit. A 13. 1260a 27 jtoXü y à p á jie iv o v À éyouo iv o í

èçapiQ^oüvTEç xàç àp ex áç , âojcep r., xôv oüxoç ópiÇo(xévo)v.

19. PLATO Meno 71 E Ttpôxov (xèv e i p o ú ta t àvôpóç àpexrjv, páiô iov ,

oxi a w r | èoxiv àvôpòç àpexf|, ÍKavòv e iv a i x à xnç itóÀeoç icpàxxeiv Kai

Jtpáxxovxa xotjç jtèv (jnlouç eu jtoteív, xouç ô’ è%0pouç KaKÔç, K ai a w ò v

e-òÀapeÍG0at )iT|ôèv x o io w o v raxôeív. e i ôè fkxóXet yuvaiKÒç àpexriv, oi> x à k e n ò v

ôieXôeív, oxi ôet auxi]v xfiv oiicíav eí) oiKeiv, oátÇ üuoàv xe x à évôov K ai

KaxfiKoov o ix jav xou àvôpóç. K ai âÀ,A,ri èoxiv jta tôòç àpexf) K ai OriXeíaç K ai

âppevoç K ai Jtpea|3uxépau àvôpóç, e i nèv (JoúÀei è teueèpou , ei ôè poúÀet ôoúàou.

K ai ãX X ai m uT toX X ai à p e x a í eiotv, éoxe o ò k àrcopía eijteív àperrjç itépi ò xi

éoxtv Ka0’ èKàoxriv y à p xwv jtpáÇeov Kai xôv f|A.naôv itpòç êKaoxov épyov

ÉKáoxmi rpa iv f| àpexfi èoxiv, ó o a ú ra ç ôè o í^ a i, & XÓKpaxeç, K ai f | Kaicía.

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Fragmentos 62

16 ARISTÓTELES, Retórica III 3. 1406b 4 A quarta causa de frieza de estilo reside no uso de metáforas, como quando Górgias diz "assuntos pálidos (tremendo de medo) e anêmicos" ou "tu semeaste vergonhosamente e colheste miseravelmente11. Na verdade, é demasiado poético.

17 ARISTÓTELES, Retórica III 17. 1418a 32 É necessário variar os discursos epidícticos com um episódio elogioso, como faz Isócrates, que insere sempre algum. E é isto precisamente o que Górgias dizia, que a palavra não o abandona: pois se fala de Aquiles, faz o elogio de Peleu, depois o de Éaco, depois o do deus e do mesmo modo o da coragem, que fazem isto e aquilo ou de que natureza são.

18 ARISTÓTELES, Política I 13. 1260a 27 Falam muito melhor os que enumeram as virtudes, como Górgias, do que aqueles que as definem desse modo.

19. PLATÃO Ménon 71 e [Ménon fala da virtude, referindo-se a Górgias] - Em primeiro lugar, se queres a virtude dum homem, é fácil dizer que é esta a virtude própria dum homem: ter capacidade para conduzir os assuntos da cidade e, ao fazê-lo, beneficiar os amigos e prejudicar os inimigos e igualmente tomar precauções para não sofrer nada disto. Se queres a virtude duma mulher, não é difícil responder: deve governar bem a casa, salvaguardando o patrimônio e sendo submissa ao homem. E existe também uma outra virtude, própria da criança, seja ela do sexo feminino ou masculino, e ainda outra própria do idoso e, se quiseres, uma própria dum homem livre e outra própria dum escravo. E há muitas outras virtudes, de tal forma que não existe dificuldade em dizer o que é a virtude. Pois, consoante cada profis­são e idade, existe uma virtude para cada uma das nossas acções, e o mesmo penso eu do vício, ó Sócrates.

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20. PLUT. Cim. C. 10 r. jièv ó Aeovxivoç (jyrçoi tòv Kí^uova t o % prpaTa

KTâoflai nèv é ç xp®lTO> XpípGai õè é ç xi^iôuo.21. -d e adul. et am. 23 p. 64C ó Jlèv y à p (j)&oç 00% ÔOJCEp àíre<jmV£TQ

T. a x n ã i |ièv áÇ ié a e i %à ô ú c a ia tòv <j>íÀov ÍOToupyetv, èKetvoi 5’ a w ò ç

•Ó7rnpETr|aex icdkXà K ai tô v jxtj ôtK aíov.

22. - de mui. virt. p. 242E fjfj.lv ôè K0(il)/ÓTep0Ç (ièv ó F. (j>CÚV£TCa, K£À£Úcov (ifj tò etôoç òX Xú ttjv ôóçav eivai noXXoiq yvópip,ov Tfjç yovaiKÓç.

23. - de glor. Ath. 5 p . 348 C f|v&r|ae ô’ f) T payo tô ía K ai ôiepar|&n,

6ai)|j.aoTÒv àKpóajxa Kai Gea^ia tô v t ó t ” àv0(XÓTaov yevonévn Kai í ta p a o x o u a a

to íç (xí)0oiç K ai to íç jtá e e a iv àraxxnv, é ç T. <|yr|orív, t|v ô t àrcax íjoaç ôiKaiÓTEpoç

to u |xfj àraxT noavroç K ai ó àjcaxr|0eiç ooíjJÓTepoç to u fxfj àraxniGéVToç. ó jièv y àp

à ro n rn aaç ôtK aiórepoç õ n Touff Ú7coaxó|i.evoç jiejioít|kev, ó 6’ àraxuiBeiç

(jo<|)ÓTepoç- eúáAxiycov y à p ú<f>’ f|ôovnç Xóyov tò jj.fi àvaíoônrov.

24. PLUT. Quaest. conv. VII 10, 2 p. 715 E F. eIttev êv TÔV

ôpanàT ov a tiro u ixeotòv 'A peoç e iv a i, xoúç ’E ja à èrci 0r]|3aç\

25. PROCL. Vit. Hom. p. 26, 14 WiL 'EMâvucoç ôè Kai Aajiáarnç Kai

®epEKÚôriç eiç ’Op<|>éa tò yévoç àváyouoiv am ou ... r. ôè ó Aeovrlvoç eíç

jiow aíov aírròv àváyei.

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Fragmentos 63

20 PLUTARCO, Vida de Címon C 10 Górgias de Leontinos diz que Címon alcançava as riquezas para as usar e que as usava para se sentir honrado.

21 PLUTARCO, O adulador e o amigo 23p. 64c O amigo, ao con­trário do que defendia Górgias, não pedirá que um amigo lhe preste serviços justos, pois ele mesmo o ajudará em muitas coisas, mesmo nas injustas.

22 PLUTARCO, Das virtudes das mulheres p. 242e Górgias afigura-se-nos mais hábil quando prescreve que não é a beleza, mas a reputação da mulher, que pode ser familiar a muita gente.

23 PLUTARCO, A glória dos Atenienses 5p. 348c A tragédia flo­resceu e tornou-se célebre por ser um recital e um espectáculo admirados pela humanidade e por ter fornecido aos mitos e às paixões poder de ilusão. Tal como diz Górgias, aquele que iludiu é mais justo do que o que não iludiu, e aquele que é iludido é mais sábio do que o que não é iludido. Com efeito, quem iludiu é mais justo porque fez o que prometeu; quem é iludido é mais sábio, pois quem se deixa impressionar facilmente pelo prazer das palavras não é insensível.

24 PLUTARCO, Questões conviviais VII 10, 2p. 715E Górgias disse que uma das tragédias de Ésquilo - Os sete contra Tebas - está cheia de Ares. Cf. ARISTÓFANES, As rãs 1021.

25 PROCLO, Vida de Homero p.26, 14 Wil. Helânico, Damastes e Ferecides3-' fazem recuar a estirpe de Homero até Orfeu... Górgias de Leontinos, até ao próprio Museu.

34 [FGrHist 4 F 5 1109,, 10], [ibid. 5 F 11] e [ibid. 3 F 167] respectivamente.

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26. - in Hes. Opp. 758 oò yàp ájtX<5ç àXr|6èç ô eksr/s F.- éAeye 5è tò jièv eivai à4»avèç (j.fi to%òv tqú ôokeív, tò Sè Soicetv àaôevèç |iT| tu òv toí> eivai.

27. SCHOL. HOM. T a A 450 [p. 154, 29 MaaB] KKl F. 'àVEJiíoyoVTO

Sè k n a iq à m ik a i Kai Et)%aíç oin® yai. 1

28. GRAECO-SYR. SPRÜCHE übers. v. Ryssel Górgias [?, syr.

Gorgonias] hat gesagt: Die hervorragende Schõnheit von etwas Verborgenem

zeigt sich dann, wenn die weisen Maler es nicht mit ihren erprobten Farben

malen Kónnen. Denn ihre viele Arbeit und ihr groBes Abmühen legt ein

wunderbares Zeugnis dafür ab, wie herrlich es in seiner Verborgenheit is t Und

wenn die einzelnen Stufen ihrer Arbeit ein Ende erreicht haben, so geben sie

ihm wiederum den Kranz des Sieges, indem sie schweigen. Das aber, was keine

Hand erfaBt und was kein Auge sieht, wie kann die Zunge es aussagen oder das

Ohr des Zuhõrers es vernehmen?

29. GNOMOL. VA TIC. 743 n. 166 F. ó p f\m p éXeye touç <|nÀoao<i>íaç

jièv áneX auvraç , icepi Sè Tà èyKÚKtaa iiaO rpaT a y ivo^évauç ó jio íouç e iv a i toíç H vnarnaiv , o í TCrçve^ÓTcriv SéÀovreç Taíç S e p a n a ív a iç a w fjç è |iíy v w ro .

30. - n. 167 [a. O. 37] F . toòç p t[ropaç é(Jrr| ó |io íau ç e iv a i toíç 0aTpá%oiç‘

to tjç jièv yàp èv 'UÔaxi KeAxxSeív, to ò ç Sè jtpòç i&e\|rú8pttv.

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Fragmentos 64

26 PROCLO Comentário a 'Os trabalhos e os dias' de Hesíodo 758 De facto, não é absolutamente verdadeiro o que dizia Górgias. Ele dizia que ''a existência invisível não coincide com a aparência, e que a aparência sem valor não coincide com a existência".

27 Escólio a Homero (ilíada) IV 450 [p. 154,29 Maass] E Górgias “às súplicas misturavam-se ameaças e às preces lamentações".

TESTEMUNHOS DUVIDOSOS

28 Fragmento greco sírio traduzido em alemão por Ryssel3 Górgias[?, em sírio Gorgonias] disse: A extraordinária beleza duma coisa oculta manifesta-se quando pintores experientes não a podem representar com as suas experimentadas cores. Então o seu impor­tante esforço e a sua grande fadiga patenteiam um testemunho maravilhoso do esplendor que permanece oculto. E quando, momènto após momento, a sua obra consegue chegar ao fim, então oferecem-lhe de novo a coroa da vitória, enquanto se calam. Mas aquilo que nenhuma mão toca, nem nenhum olho vê, como o pode a língua expressar ou a orelha do ouvinte perceber?

29 GNOMOLOGIA VATICANA 743 n. 166* Górgias, o retor, dizia que aqueles que descuram a filosofia para se dedicarem às ciências especiais são semelhantes aos pretendentes que desejavam Pené- lope mas faziam amor com as suas servas.

30 GNOMOLOGIA VATICANA 743 n. 167 [a. O. 37] Górgias dizia que os retores são semelhantes às rãs: estas coaxam na água; aqueles diante da clépsidra.

35 [Rhein. Mus. 51,1896, 540 n. 34],36 [ed. Stembach Wien Stud. X 36).

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31 . SOPAT. Rhet. gr. VIII 23 w. F . jròSpov e iv a i À iyov xòv fjXtov...

C.

1. PLATO Symp. 194 E - 197 E K ai -yáp jis l opyíou ó Ãóyoç àvejj.í|ivr]icnc£v, õgte àxexvôç xò xaô ’0(ifipot> èix£7cóv&rj- è<j>ofkn)}inv, jarj (ioi xeXewôv ó ’Ayá(kúv ropyíou KE<t>aW|v Seiwü Xéyeiv èv xáh tóyoi èrci xòv èjiòv Xòyov Tté|i\(íaç amóv \ie 5ií0ov xíji àtjxavíoa 7coif|aeiev. naw avíou Sè 7caixja(iévoti (SiSacnamcn. yáp (ie toa Àéyetv oímoai oí oo<j>oí) kxà.

2. XENOPH. Symp. 2, 26 f|V Sè fi(xiv oí jtaíòeç niKpaíç KÍãiçi niKpà èmv|/aKáÇexnv, iva Kai èyà èv Fopyieíoim prpamv eÍJt® kxL

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Fragmentos 65

31 SOPATER Retores gregos VIII 23 Walz Górgias, ao dizer queo sol é uma massa de ferro incandescente...

C - IMITAÇÃO

1. PLATÃO, Banquete 194e - 197e Discurso de Agatão sobre Eros, paródia de Agatão ao estilo gorgiano. Cf. 198c [Sócrates] - As suas palavras, com efeito, trouxeram-me à lembrança Górgias, e a tal ponto que tive absolutamente a mesma impressão de Homero: todo o meu receio era que Agatão acabasse por evocar, no seu dis­curso, a cabeça do terrível Górgias e, arremessando-a contra o meu, me deixasse mudo como um penedos?. 185c - Chegando Pausânias à pausa (como vêem, os mestres também me^8 ensinaram a dizer destas isologias39...), etc.

2. XENOFONTE, Banquete 2, 26 Os rapazinhos servem-nos, em pequenas taças, pequenas doses, para também eu falar conforme a expressão gorgiânica.

37 Tradução de Maria Teresa Schiappa de Azevedo. Cf. n. 4, p.14.38 A fala é de Apoiodoro.39 Ou seja, aiiterações. Seria característico do estilo de Pausânias (sécs. V/IV a.C.) o

uso de figuras de retórica ensinadas pelos sofistas, como paronomásias, alitera- ções, correspondências rítmicas de frases e períodos.

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II - ANEXOS

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1 - REFERÊNCIAS NO TEXTO DE DIELS-KRANZ

a. Edições

DITTMAR, H., ed.AESCHINES SOCRATICUS Philosophus, Berlin 1912

GERCKE, A., ed.THEOPHRASTUS, Deigne, (Progr. Gryph. 1896).

KAIBEL, g„ ed.Epigrammata Graeca ex lapidibus conlecta, Berlin 1878.

KAYSER, C. L„ ed.PHILOSTRATUS Epistulae, Leipzig (Teubner.) 1870, 1871.

KAYSER, C. L„ ed.PHILOSTRATUS, Vitae Sophistarum, Leipzig (T.), 1870,1871.

JACOBY, Felix, ed.Die Fragmente der Griechischen Historiker, Berlin, 1923

JAHN, A. ed.OLIMPIODORUS, in Platonis Gorgiam commentaria, in Neue Jahrbücher für Philologie, Suppl. XIV (1848).

MAASS, E., ed.Scholia in Homeri lliadem, ed. W. DINDORF, 4 vols., Oxford 1874; vols. V e VI, ed. E. MAASS, Oxford 1887-8.

MÜLLER, C., ed.Fragmenta Historicorum Gaecorum, Paris, 1870-1885.

RABE, H„ ed.Prolegomenon Sylloge, Leipzig (Teubner), 1931.

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70 Górgias, Testemunhos e Fragmentos

RABE, H„ ed.SYRIANUS in Hermogenem commentaria, Leipzig (Teubner) 1892-3.

ROSE, V., ed.Fragmenta, Leipzig (Teubner), 1886.

SAUPPE, H. e BAITER, J. G „ ed.Oratores Attici, Zurich 1839-50.

SCHROEDER, O., ed.Pindari Fragmenta, Leipzig 1900.

STAHLIN, O., ed.CLEMENS ALEXANDRINUS, Strommateis, Leipzig, 1905-9.

STERNBACH, L , ed.De Gnomologio Vaticano in Wiener Studien, vols. IX, X, XI.

USENER, H„ ed.DIONYSIUS HALICARNASSUS, Opuscula, L. Radermacher, Leipzig (T.) 1899-1904.

WALZ, Ch„ ed.PLANUDES, AdHermogenem (Rhetores GraeciV 548, Stuttgart, 1832-6).

WALZ, Ch„ ed.SOPATER, Comm. Herm. (Rhetores Graeci, Stuttgart, 1832-6, V 6f).

WILAMOWITZ, U. von, ed.Vitae Homeri et Hesiodi in usum scholarum, Bonn, Marcus et Weber, 1916.

b. Revistas

Rh. Mus. = Rheinisches Museum, Neue Folge,Frankfurt, 1842-1920

Wien. Stud. = Wiener Studien, 1879-

Neue Jahrb. = Neue Jahrbücher für Phiiologie, 1826-97

Philoi. Suppl. = Phiioiogus, Supplement, 1846-

c. Autores e textos

APOLODORO, mitógrafo, séc. I d.C. (?) [FGrHist. 244 F 33]

B.28

B.29

A.10,27

A.35

A.10

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Referências no texto de Diels-Kranz 71

ARISTÓFANES, Poeta cômico, sécs. V/1V a.C.[Aristoph. Aves 1694] A.5a[ " Ran. 1021] B.24[ " Vesp. 420] A.5a

ARISTÓTELES, Filósofo, séc. IV a.C.[ARISTOT. Pol. r 2, 1275b 26] A.19[ " Polit. A 13, 1260a 27] B.18[ " Rhet. r 1,1404a 24] A.29[ " Rhet. r 3, 1405b 34] B.15[ " Rhet. r 3, 1406b 4] _ B.16[ " Rhet. r3 , 1406b 14] A.23[ " Rhet. r 14, 1414b 29] B.7[ " Rhet. r 14, 1416a 1] B.10[ " Rhet. r 17, 1418a 32] B.17[ " Rhet. r 18, 1419b 3] B.12[ " Soph.el. 33. 183b 36] B.14[ " fr. 139 R.] A.16

ATANÁSIO DE ALEXANDRIA[ATHANASIUS Alexandr. Rhet. Gr. XIV, 180, 9 Rabe] B.5a

ATENEU, gramático, sécs. Il/lll d.C.[ATHEN. V 220D] A.33[ " , XI505D] A.7[ " , XI 505D] A. 15a[ " , XII 548C D] A.11

CENSORINO[CENSOR. 15,3] A.13

CÍCERO[CIC. Brut. 12, 47] A.25[CIC. Cato 5, 12] A. 12[CIC. de inv. 5,2] A.26[CIC. de orat. III 32] A.7[CIC. Orat. 12, 39] A.30[ " Orat. 49, 165] A.31[ " Orat. 52, 175, 176] A.32

CLEMENTE DE ALEXANDRIA, Teólogo, sécs. Il/lll d.C.[CLEM. Strom. VI 26] A.34[CLEM. Str. I 51] B.8

DÍON CRISÓSTOMO, sofista, sécs. I/II d.C.[DIO 37,28] A.7

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72 Górgias, Testemunhos e Fragmentos

DIODORO, Retor [DIOD. XII 53,1 ff] A.4

DIÓGENES LAÉRCIO, séc. III d.C. (?) [DIOG. VIII 58, 59][ " V 25]

A.3B.3

DIONÍSIO DE HALICARNASSO, séc. I a.C. [DIONYS. de comp. verb. 12 p. 84][ " d. Lys. 3][DIONYS. Halic. de imit. 8 p. 31, 13 Us] [DIONYS. Isae. 19]

B.13A.4A.29A.32

ELIANO, sécs. Il/lll d.C. [AEL. V. H. XII 32] A.94

A.15V.H. II 35]

EPIGRAMAS[EPIGR. 875a p. 534 Kaibel] A .8

ESCÓLiOS A HOMERO[SCHOL HOM. T zu A 450, [p. 154, 29 Maass]] B.27

ESCÓLIOS A ISÓCRATES[SCHOL ISOCR. 13, 19] B.12

ÉSQUINO SOCRÁTICO, filósofo, séc. IV a.C.[fr.22 DITTMAR; cf. Munscher Philol. Suppl. X 536] A.35

FILÓSTRATO, sofista, sécs. Il/lll d.C.[PHILOSTR. Ep. 73] A.35[ " V. S. I, 9, 1ff] A.1[ " ,V. S. I, 1] A.1 a[ " V. S. I prooem. p. 4,4 Kays.] A.24[ " V. S. 19,5] B.5b[ " 19,4] B.9

FRAGMENTE DER GRIECHiSCHEN HISTORIKER (FGrH, ed. F. Jacoby)[FGrHist. 244 F 33] A.10[FGrHist, 4 F 5 I 109,10] B.25

FRAGMENTA HISTORICORUM GRAECORUM {FHG, ed. C. MULLER)[fr. 95 FHG I 216] A.4[fr. 15 FHG II 308] A.11[FHG II 21] A.34

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Referências no texto de Diels-Kranz 73

[FHG II 20] A.34[FHG I119] A.34

GNOMOLOGIUM VATICANUM[GNOMOL. VATIÇ. 743 n. 166 (ed. Sternbach Wien Stud. X 36] B.29[ " " n. 167 (a. 0 . 370] B.30

ISÓCRATES, orador, sécs. V/IV a.C.[ISOCR. 10,3] B.1[ISOCR. 15, 155f.] A. 18

LUCIANO, sofista, séc. II d.C.[LUC. Macrob. 23] ' A. 13

OLIMPIODORO, filósofo, séc. VI d.C.[OLYMPiOD. IN PLAT. Gorg. p. 112] A.1.0[ " z. d. St. p. 131] A.27

ORADORES ÁTICOS[fr. 14 SAUPPE Orat. Att. II 131] B.5a[fr. 4 SAUPPE Orat. Att. II 129] B.5b

PAUSÂNIAS, historiador, séc. IV d.C.[PAUS. VI 17, 7ff] A.7

PÍNDARO, poeta, séc. a.C[fr. 105/6 Schr.] B.4

PLANUDES, Máximo, escritor bizantino (1260-1310)[PLANUDES, ad Hermog. V 548 Walz] B.6

PLATÁO, filósofo, sécs. V/lV a.C.[PLATO, Apol. 19E] A .8[ " , Gorg. 447C] A.20[ " , Gorg. 448B] A.2a[ " , Gorg. 449C] A.20[ " , Gorg. 450B] A.27[ " , Gorg. 453A, 455A] A.28[ " , Gorg. 456B] A.22[ " , Meno 70A B] A,19[ “ , Meno 71E] B.19[ " , Meno 76A ff.] B.4[ " , Meno 95C] A.21-[ " , Phaedr. 238D] A.4[ " , Phaedr. 261B] B.14[ " , Phaedr. p. 267A] A.25[ " , Phileb. 58A] A.26[ " , Symp. 194E-197E] C.1

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74 Górgias, Testemunhos e Fragmentos

PLÍNIO, séc. I d.C.[PLIN. N. H. XXXIII 83] A.7[PLIN. N. H. VII 156] A.13

PLUTARCO, biógrafo e filósofo, sécs. I/II d.C.[PLUT. Cim, c. 10] B.20[ " , de adul. et am. 23 p. 64C] B.21[ " , de glor. Ath. 5 p. 348C] B.23[ " , de mui, virt. p. 242E] B.22[ " , Ouaest. com. VIM 0, 2 p. 715E] B.24[ " , Vit.Xor. p. 832F] A .6[ " , Vit.Xor. p. 838D] A. 17[ " , Coni. praec. 43 p. 144B C] B.8a

PROCLO, filósofo, séc. V d.C.[PROCL. V/Y. Hom. p. 26, 14 Wil.] B.25[ “ ,in Hes. Opp. 758] B.26

QUINTILIANO, Retor latino, séc. I d.C.[QUINT. II11, 8f] A.14[ " Inst. 1111,13] A.16

RETORES GREGOS[Proleg. Syll. Rhet. Gr. XIV 27, 11 ff. Rabe] A.4

SEXTO EMPÍRICO, filósofo, séc. II d.C.[SEX. adv. math. VII 65ff] B.3

SIRIANO, filósofo e retor, séc. V d.C.[SYRIAN. In Hermog. I 11, 20 Rabe] A.29

SOPATER, retor, séc. V d.C.[SOPATER comm. Herm. Rhet. Gr. V 6f. Walz] B.12[SOPAT. Rhet. gr. VIII 23 W.] B.31

SUDA, léxico[SUID.] A.2

■TEOFRASTO, filósofo, sécs. IV/III a.C.[THEOPH. de igne 73 p. 20 Gercke (Progr. Gryph. 1896)] B.5

XENOFONTE, historiador, sécs. V/IV a.C.[XENOPH. An. II 6, 16ff] A.5[ " , Symp. 2, 26] C.2

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2 - GLOSSÁRIO DOS NOMES PRÓPRIOS

(NOTA PRÉVIA: Os nomes assinalados com asterisco (*) remetem para a respectiva glosa.)

AGATÃO (séc. V a. C.). O mais célebre poeta trágico, depois de Ésquilo*, Sófocles e Eurípides. Aristófanes* fala da sua beleza e dos seus modos efeminados. Górgias terá inspirado o seu estilo. [A.1; C.1],

ALCIBÍADES (450-404 a. C.). General e homem de estado. Discípulo e amigo íntimo de Sócrates*. Teve vida agitada. Foi líder da democracia ate­niense e estratega da expedição contra a Sicília. Acusado de impiedade, votado ao ostracismo, morreu assassinado na Frigia. [A.1].

ALCIDAMANTE DE ELE IA (séc. IV a. C.). Retor e sofista, seguidor de Gór­gias. Realçou a importância da improvisação sustentada por um vasto saber. [A.2].

ALÉVADAS. Família aristocrática da Tessáiia, descendente de Alevas, que dominou os arredores de Larissa no séc. V a. C. [A.19].

ANTIFONTE DE RAMNUNTE (480-411 a. C.). Orador ático que nunca dis­cursou em público, mas que ficou célebre pelas suas tetralogias, discursos exemplares quanto ao modo de atacar e defender em tribunal. [A.6],

ANTÍOCO DA TESSÁLIA (séc V a. C.). Tagós (chefe militar e, simultanea­mente, civil) da Tessáiia. [A.35],

ANTÍSTENES (445-360 a. C.). Devotado seguidor de Sócrates*. Consideradoo fundador da seita cínica. Baseava a felicidade na virtude, e esta no conhecimento. A virtude podia, pois, ser ensinada, [a.33],

APOLODORO (séc. IV a. C.). Discípulo de Sócrates*. Faz de narrador no Banquete de Platão*. [C.1],

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76 Górgias, Testemunhos e Fragmentos

APOLODORO (séc. II a. C.). Aluno de Aristarco, o grande filólogo da bi­blioteca de Alexandria. Deixou esta cidade e veio para Atenas. Era detentor duma grande e variada erudição. [A.10],

AQUILES, mit. Herói da guerra de Tróia. [B.17],

ARES, mit. Deus da guerra, equivalente ao latino Marte. [B.24],

ARISTIPO (séc. V a. C.). Um dos Alévadas* da Tessália, referido no Ménon (70a b) de Platão*. [A.19].

ARISTÓFANES (séc. V. a. C.) O grande poeta cômico, representante da velha comédia ática. Satirizou magistralmente os grandes homens do seu tempo (políticos, sofistas, poetas trágicos, etc.). [A.5a,24],

ARISTÓTELES (384-322 a. C.). Filósofo grego, natural de Cálcis. Preceptor de Alexandre Magno. Autor de numerosos tratados de lógica, de política, de história natural e de física. É o pai do tomismo e da escolástica. [A.7,16,19,23,29; B .1 0 ,12,14,15,16,17,18].

ARQUELAU. Rei da Macedónia (413-399 a. C.), filho de Perdica. [A.33].

ASPÁSIA DE MILETO. Amante de Péricles desde 445 a. C.. Bastante dotada intelectualmente, conversou com Sócrates e ensinou retórica. [A.35],

ATANÁSIO DE ALEXANDRIA (295-373). Bispo e eminente teólogo. [A.5a],

ATENEU (séc. III). Escritor egípcio, natural de Náucratis. Deixou apenas uma obra, os Deipnosofistas, onde, num banquete de vários dias, os sábios dis- sertam, entre outras coisas, sobre filosofia, literatura e leis. [A.7,11,15a,33],

BÍON DO PROCONESO. Escritor grego, de dados biográficos escassos.

[A.34],

CARMÂNTIDAS. Pai de Górgias. [A.2,7,8],

CENSORINO (séc. III d. C.). Gramático latino, de quem resta apenas uma obra, De die natali (ed. F. Hultsch, 1867). [A. 13].

CÍCERO (séc. I a. C.). Político e orador latino. Autor de importantes tratados sobre retórica e filosofia, sobretudo. [A.7,25,26,30,31,32],

CILA, mit Ser monstruoso de cujo corpo cresciam cabeças de serpentes e de cães que destruíam tudo quanto se aproximasse das rochas marinhas a que

vivia agarrado. [B.3].

CÍMON (510-450 a. C.). Estratega ateniense, fittto de Milciades. Fundou e organizou o império marítimo de Atenas. [B.20],

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Glossário dos nomes próprios 77

CLEARCO (340-250 a. C.). Historiador cipriota. Escreveu Vidas (modos de vida, não biografias), histórias paradoxais e um elogio de Platão, entre outras coisas. [A.11].

CLEMENTE DE ALEXANDRIA (150-211 ou 216). Teólogo, natural de Atenas. Mestre de Orígenes. Foi um dos grandes apologistas do séc. III. [A.34, B.8].

CÓRAX (séc. V a. C.). Siciliano de Siracusa. Terá sido o primeiro professor de retórica. Tísias* foi seu aluno. [A.14].

CRÍCIAS (460-403 a. C.). Companheiro de Sócrates* e dos sofistas. De família aristocrática. Filósofo, poeta trágico e elegíaco. Foi um dos trinta tiranos (404 a. C.). [A.1,35].

DAMASTES (séc. V a. C.). Aluno de Helânico*, escreveu várias obras, entre as quais uma, intitulada Poetas e So/7Sfas.[B.25],

DEÍCRATES. Cunhado de Górgias. [A.7,8].

DEMÉTRIO DE BIZÂNCIO. Escritor obscuro. [A.14].

DIODORO SÍCULO (séc. I a. C.). Historiador siciliano, autor duma Biblioteca histórica: uma história universal dos tempos mais recuados até 60 a. C. [A.4],

DIÓGENES LAÉRCIO (séc. III). Escritor grego nascido em Laerta, na Cilícia, autor duma biografia dos filósofos. [A.3],

DÍON (30-117). Ftetor grego, apelidado de "Crisóstomo’’ (boca de ouro). Popularizou os ensinamentos morais dos filósofos estóicos. [A.7].

DIONÍSIO DE HALICARNASSO. Historiador grego contemporâneo de Augusto (morreu no ano 8 a. C.). Antiquitates Ftomanae (ed. C. JACOBY (T.) Leipzig 1885-1905) será a sua obra mais preciosa. [A.4,32; B.13].

DIONÍSIO-O-VELHO (430-317 a. C.). O célebre tirano de Siracusa que construiu as famosas latomias. Protegeu as letras e escreveu mesmo tragé­dias (ed. A. NAUCK, TGF, p.793. [B.6],

ÉACO, m/f. Filho de Zeus e da ninfa Egina e antepassado dos Eácidas. Pai de Peleu, de cuja união com Tétis nasceria Aquiles. [B.17].

ELIANO (170-235). Pontífice em Preneste e professor de retórica em Roma. De entre as suas obras destacam-se uma sobre o mundo animal (De natura animalium) e outra sobre o mundo humano (Varia Historia). [A.9,15].

EMPÉDOCLES (séc. V a. C.). Filósofo de Agrigento, médico, vidente e mago. Chefe do partido democrático. Concebeu uma cosmogonia baseada nos quatro elementos, cujas relações seriam comandadas pelo Amor e pelo Òdio. [A.2,3,10; B. 14].

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78 Górgias, Testemunhos e Fragmentos

ÉSQUILO (525-456 a. C.). Poeta trágico nascido em Elêusis. Considerado o pai da tragédia. Chegaram até nós, entre outras, As Suplicantes, Prometeu Agrilhoado e Oresteia, uma trilogia). [A.1,35; B.24],

ÉSQUINO-O-SOCRÁTICO (séc. IV a. C.). Devotado seguidor de Sócrates, que assistiu à condenação deste. Não fundou escola de filosofia. Escreveu discursos e ensinou oratória. Os seus diálogos socráticos são muito aprecia­dos. [A.35],

ÊUCLES (séc. V a. C.). Eucles Molono, arconte de Atenas em 427 a. C. [A.4],

EUDEMO DE NAXOS. Historiador, de dados biográficos obscuros. [A.34],

EUMOLPO. 29 sobrinho de Górgias. [A.7,8].

FERECIDES (séc. VI a. C.). Natural de Atenas. Autor de copiosas Histórias míticas e genealógicas, elogiadas por Dionísio de Halicarnasso (Ant. Rom.i .13) .[B.25],

FILIPE. Personagem de As vespas de Aristófanes. [A.5a],

FILÓSTRATO (sécs. Il/lll). Flávio Filóstrato (170-244), filósofo. Estudou em Atenas. Das suas obras, destacam-se a Vida de Apolónio de Tiana e Vidas de Sofistas, esta última muito apreciada no seu tempo. [A.1,1a,24,35; B.5b,9],

HELÂNICO (séc. V a. C.). Natural de Lesbos. Prolífico escritor, cujas obras se podem dividir por três domínios: mitografia, história regional e etnografia e, finalmente, história local e cronologia. [B.25],

HELENA DE TROIA, mit. Esposa de Menelau, célebre pela sua beleza. Foi raptada por Páris, tornando-se a causa próxima da guerra de Troia. [B.11],

HELIODORO-O-PERIÉGETA (séc. II (?) a. C.). Natural de Atenas. Escreveu quinze livros (Anatêmata) sobre obras artísticas da Acrópole de Atenas. [A.17],

HERMÓGENES (séc. II). Mestre de retórica, natural de Tarso. [A.29],

HERODICO (séc. V). Irmão de Górgias. [A.2,2a],

HESÍODO (séc. VIII a. C.). Poeta grego nascido em Ascra, na Beócia, autor de assinaláveis poemas didácticos como Teogonia e Os trabalhos e os dias. [B.26,27].

HÍPIAS DE ÉLIS (séc. V a. C.). Sofista, contemporâneo de Protágoras*, admiravelmente retratado nos dois diálogos de Platão (Hipias Maior e Hipias Menor). Ensinou por toda a Grécia, grangeando famàe dinheiro. [A.8a,9],

HIPÓCRATES. Sobrinho de Górgias. [A.8],

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Glossário dos nomes próprios 79

HOMERO. Poeta épico grego, autor da llíada e da Odisséia. Sobre a sua existência (séc. IX a. C.?) e obra há grande controvérsia. [B.25; C.1].

ISÓCRATES (436-338 a. C.). Logógrafo (escritor de discursos que não pro­nunciava). Foi aluno de Górgias na Tessália. Defendeu a união de todos os Gregos contra a Pérsia. [A.2,16,17,19,32; B. 1,5a, 17].

JASÃO (séc. IV). Tirano da Tessália, cuja hegemonia pretendeu estender a toda a Grécia. [A.7].

LEDA, mit. Esposa de Tíndaro* amada por Zeus que, para a possuir, tomou a forma dum cisne. [B.11],

LICÍMNIO (séc. IV a. C.). Poeta ditirâmbico e mestre de retórica. Pólo* foi seu aluno, segundo o Fedro (267c) de Platão*. [A.4],

LÍSIAS (459-380 a. C.). Orador ateniense, célebre pelo seu estilo claro e conciso. Foi adversário dos Trinta e perseguiu judicialmente um deles, Eratóstenes. [A.4,29].

LONGINO (213-273). Filósofo e retor grego a quem se atribui, erroneamente, o célebre Tratado do Sublime. [B.5a],

LUCIANO (séc. II). Escritor grego, nascido em Samosata (Síria), autor de numerosos opúsculos onde surgem satirizadas as tradições e os precon­ceitos. [A.13].

MELÂNTIO (séc. V a. C.). Provavelmente, um poeta trágico de menor importância, autor dum poema elegíaco em honra de Címon* (Plut. Cimon 4). [B.8a],

MELESÁGORO. Historiador que viveu antes da guerra do Peloponeso. As suas referências biográficas (FHG II 21) apresentam-se muito vagas. [A.34],

MELISSO (séc. V a. C.). Filósofo da escola eleata, que colocava o absoluto no Ser uno e imutável. [B.1].

MÉNON. Personagem que dá o título a um dos diálogos de Platão. [A.18; B.4],

MUSEU, mit. Cantor mítico, estreitamente relacionado com Orfeu*.[B.25],

NESTOR, mit. Herói da guerra de Tróia. Figura de ancião respeitado pela prudência do seu conselho. O seu discurso era apresentado como o modelo do estilo suave. [B.14],

OLIMPIODORO (séc. VI). Filósofo e comentador de Platão. [A.10,27; B.2],

ORFEU, mit. Cantor mítico que intervém na epopeia homérica, filho de Peleagro ou de Apoio e da ninfa Calíope. Com o seu canto, conseguiu arrebatar Eurídice dos Infernos. Inspirador de seitas místicas. [B.25].

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80 Górgias, Testemunhos e Fragmentos

PALAMEDES, mit. O herói inteligente da guerra de Tróia, a quem se atribui a invenção do alfabeto grego e o jogo dos dados (ou das damas) para "matar" o tempo na guerra. Teve contra si o ódio mortal de Ulisses. [B.11a,14].

PARMÉNIDES (séc. V a. C.). Filósofo grego nascido em Eleia. No seu poema A Natureza o universo é apresentado como eterno, uno, contínuo e imóvel. [A.10; B.1],

PAUSÂNIAS (séc. II), Geógrafo e historiador grego, autor duma Descrição da Grécia. [A.7].

PAUSÂNIAS (séc. V a. C.). Personagem do Banquete de Platão. Seria amante do poeta Agatão* e um dos mais convictos defensores da pederastia. [C.1].

PELEU, mit. Rei lendário de lolco, filho de Éaco*, marido de Tétis e pai de Aquiles*. [B.17],

PENÉLOPE, mit. A esposa de Ulisses*, célebre pela fidelidade ao marido. [B.29],

PÉRICLES (495-429 a. C.). Grande homem de estado, dotado de assi- naláveis dotes retóricos que lhe valeram sucessivas reeleições. Protector das artes e das letras, a ele se deve a construção do Parténon. [A.1,2,35],

PÍNDARO (sécs. V\/V a. C.). Poeta lírico, célebre pelas suas Odes triunfais aos vencedores. Fez-se hóspede dos tiranos da Sicília. [B.4],

PLANUDES (1260-1310). Escritor bizantino nascido em Nicomédia. Compilou a Antologia Grega (colectânea de epigramas, muitos dos quais não figuravam na Antologia Palatina) e as Fábulas de Esopo. [B.6],

PLATÃO (428-348). Filósofo grego, discípulo de Sócrates, autor de numerosos diálogos. Destes, o Górgias tem por objectivo atacar a concepção de retórica defendida pelo sofista do mesmo nome. [A.2a,4,8a,19,21,25,26; B.2,4,14,19; C.1],

PLÍNIO-O-VELHO (23-79 d. C.). Naturalista romano, autor duma História Natural em 37 livros. Foi vitimado pela erupção do Vesúvio, quando pretendia contemplar de perto o fenômeno. [A.7,13],

PLUTARCO (sécs. I/II). Escritor grego, nascido em Queroneia. Viajou muito e pertenceu ao colégio sacerdotal de Delfos. Escreveu obras morais (Moralia) e uma série de biografias {Vitaeparallelae). [A.6,17; B.8a,20,21,22,23,24],

POLÍCRATES (séc. IV a. C.). Ateniense, mestrè de retórica, autor dum encómio a Busíris criticado por Isócrates*. [A.7].

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Glossário dos nomes próprios 81

PÓLO (séc. V a. C.). Sofista, natural de Agrigento, na Sicília. Discípulo de Górgias. Terá escrito um manual de arte retórica (Technê), segundo o Górgias (462c) de Platão. [A.2],

PORFÍRIO (234-3.05). Natural de Tiro. Filósofo da escola de Alexandria e discípulo de Plotino, cujas Enéadas editou. [A.2a,10],

PROCLO (412-485). Filósofo neoplatónico, autor dum Comentário ao Timeu de Platão. [B.25,26],

PRÓDICO DE CEOS (séc. V a. C.). Sofista, contemporâneo de Sócrates. Distinguiu-se pelos seus ensinamentos sobre o uso preciso das palavras. [A.8a,24],

PROTÁGORAS (séc. V a. C.). Sofista grego, natural de Abdera. Defendia que todos os conhecimentos provêm da sensação. [B.3].

PRÓXENO-O-BEÓCIO (séc. V a. C.). Aluno de Górgias. [A.24].

QUEREFONTE (séc V a. C.). Contemporâneo de Górgias. Amigo e discípulo de Sócrates. Foi a Delfos interrogar o oráculo sobre se haveria alguém mais sábio do que Sócrates, tendo recebido a resposta de que não (Cf. UNTER- STEINER, SOFISTI, II, p. 28). Uma das personagens do Górgias de Platão tem este nome. [A.].

QUIMERA, mit. Monstro, com cabeça e patas dianteiras de leão, cauda de serpente e corpo de bode, que vomitava chamas ardentes e inextinguíveis. [B.3]

QUINTILIANO (Séc. I). Retor latino, natural de Espanha. Escreveu a Institutio Oratória (A Instituição Oratória). [A. 14,16],

SÁTIRO (séc. III a. C.). Biógrafo peripatético, natural de Cálatis Pôntica. Escreveu Vidas de homens famosos. [A.3],

SEXTO EMPÍRICO (séc. III). Filósofo, astrônomo e médico grego, nascido provavelmente em Mitilene. Viveu sobretudo em Atenas e Alexandria. [B.3].

SIRIANO (séc. V). Natural de Alexandria (ou de Gaza). Filósofo e mestre de retórica. [A.29],

SÓCRATES (séc. V a. C.). Filósofo grego. Não escreveu nenhum iivro. O seu método consistia em fazer descobrir a verdade aos seus interlocutores, pondo-lhes questões. Acusado e condenado por impiedade, morreu bebendo a cicuta venenosa. [A.8a, 10,14,20,21,30,35; B.4,19],

SOPATER (séc. V). Mestre de retórica, natural de Apameia (ou de Alexan­dria). [B.31 ].

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82 Górgias, Testemunhos e Fragmentos

SUDA (séc. X). Não se trata dum autor, mas dum léxico que funciona mais como uma enciclopédia histórica e literária do que como um dicionário. [A.2].

TARGÉLIA (séc. V a. C.). Natural de Mileto. Dotada de invulgar beleza e fascínio, foi amante de Antíoco da Tessália*. Após a morte deste reinou trinta anos sobre os Tessálios. [A.35],

TEODORO DE BIZÂNCIO (séc. V a.C. ?). Um dos principais teorizadores da retórica, na opinião de Aristóteles* (Rhet. 111,13). [B.14,30],

TEOFRASTO (370-288/5 a. C.). Filósofo grego, natural da ilha de Lesbos. Sucedeu a Aristóteles na direcção do Liceu. [B.5].

TIMEU (356-260 A. c.). Historiador grego, natural de Taormina, na Sicília. [A.4].

TÍNDARO, mit. Marido de Leda e pai, real ou putativo, de Helena, de Clitemnestra e dos Dióscuros. [B.11].

TÍSIAS (séc. V a. C.). Natural de Siracusa e o primeiro professor de retórica. Foi aluno de Córax*. [A.7,14].

TRASÍMACO (séc. V a. C.). Sofista, natural da Calcedónia. Surge na República defendendo a justiça como o interesse do mais forte. [A.30,32; B.5a,14],

TUCÍDIDES (séc. V a. C.). Historiador grego, autor da História da guerra do Peloponeso. [A. 1,35],

ULISSES, mit. Herói grego, rei lendário de ítaca e marido de Penélope*, famoso pelos seus terríveis estratagemas. Mestre de diplomacia, assume várias vezes o papel de embaixador nos Poemas Homéricos. [B.11a,14].

XENOFONTE (sécs. V/IV a. C.). Natural de Atenas. Historiador, filósofo e general. Aluno de Sócrates. Dirigiu e narrou a Retirada dos dez mil (Anábase). [A.5; C.2].

XERXES (519-465 a. C.). Rei persa, fiiho de Dario I. Lutou contra os Gregos, sendo vencido em Salamina. [B.5a],

ZENÁO (séc. V a. C.). Filósofo grego. Negava a realidade do movimento. [B.1].

ZEUS, mit. O deus supremo dos Gregos, filho de Crono e de Rea, cuja morada era o Olimpo.[B.5,11],

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LAUSBERG, Heinrich, Elementos de Retórica Literária, trad. R. M. Rosado Fernandes, 2- ed., Lisboa, Fund. Calouste Gulbenkian, 1972.

PEREIRA, Maria Helena da Rocha, Estudos de História da Cultura Clássica, vol.l: Cultura grega, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1980.

UNTERSTEINER, Mario, I Sofisti, I, Milano, Lampugnani Nigri Editore, 1967.

3. Dicionários:

A Greek-English Lexicon, compiled by George LIDDELL D. D. and Robert SCOTT. A new Edition Revised and Augmented throughout by Sir Henry Stuart JONES D. Litt. Oxford, Clarendon Press.

The Oxford Classical Dictionary, edited by N. G. L. HAMMOND and H. H. SCULLARD, second edition, Oxford, Clarendon Press, 1970.