2016 03 imb a ilusão dos direitos

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    15/03/2016 Instituto Ludwig von Mises Brasil

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    Instituto Ludwig von Mises Brasil http://www.mises.org.br

    A ilusão dos "direitos" - não é a população, mas sim os funcionáriosdo estado que se beneficiam

     por Diego H. F. Melo, quinta-feira, 3 de março de 2016

    Direitos positivos são aquelesdireitos que concedem a alguém o

     privilégio de receber algo bancado por terceiros. Direitos positivossem pre implicam o fornecimento deum bem ou serviço para alguém viaterceiros.

    Exemplos clássicos de direitos positivos são o direito a ter serviçosde saúde gratuitos, o direito arece ber educação gratuitamente, o

    direito a ter uma aposentadoriadigna, o direito a ter uma moradiaetc.

     Na prática, eles implicam que uma pessoa "tem o direito" de usufruir  bens e serviços que serão financiados pelo dinheiro confiscado de terceiros. Quando uma pessoa temum direito positivo, outra pessoas inevitavelmente tem um dever  positivo: o de prover, por meio derepasses da sua propriedade (seu dinheiro), os direitos positivos alheios.

    O oposto de direitos positivos são os direitos negativos: o indivíduo tem o direito de que não tirem suavida, não restrinjam sua liberdade, e não confisquem sua propriedade honestamente adquirida.

    Indo direito ao ponto: direitos positivos, ao contrário dos direitos negativos, são apenas palavrasescritas em papel, não possuem nenhum referencial objetivo e, na prática, são citados apenas paraenganar e ludibriar uma população que acredita que eles existem.

     No entanto, muitas pessoas realmente acreditam que os direitos positivos existem. Se você é umadestas, convido-lhe, após a leitura deste artigo, a fazer três perguntas a si próprio: o que é um direito

     positivo? Quem os cria? Quem, realmente, se beneficia com eles?

    A natureza dos direitos positivos

    Coerção. Sim, a natureza dos direitos positivos é inerentemente coercitiva.

    Dado que o estado é o criador e fornecedor dos direitos positivos, e dado que o estado nada cria --

    https://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rightshttps://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rightshttps://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rightshttps://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rightshttps://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rightshttps://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rightshttps://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rightshttps://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rightshttps://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rightshttps://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rightshttps://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rightshttps://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rightshttps://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rightshttps://en.wikipedia.org/wiki/Negative_and_positive_rights

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    apenas confisca e redistribui --, então tais direitos só podem ocorrer caso haja expropriação eredistribuição da propriedade alheia.

    Quando o estado diz que, por exemplo, todos têm o direito de receber serviços gratuitos de educação,de saúde e de lazer, e até mesmo o de receber uma aposentadoria financiada por um fundo público, elenão está criando nada. Palavras escritas por legisladores e demais funcionários do estado não criamnada no mundo. Acreditar que palavras escritas por burocratas em tom de decreto têm o poder decausar alterações no mundo físico seria acreditar que um burocrata poderia criar uma lei efetivamente

    decretando a cura do câncer.

    Logo, se as palavras escritas por burocratas não alteram o mundo físico, qual é realmente o efeitodelas? Elas aumentam o poder de abuso do estado e de seus funcionários sobre a sociedade.

    Funcionários do estado detêm o poder legal de espoliar a riqueza alheia, e também o de utilizar a forçacaso algum cidadão ofereça resistência. A burocracia do estado, por meio de leis criadas pelo próprioestado, é livre para intimidar a fatia da população que lhe sustenta e que arca com todo financiamentodos direitos positivos.

    Consequentemente, o estado, por meio da criação dos direitos positivos, ludibria os incautos -- que passam a vê-lo como uma instituição benevolente -- e subtrai cada vez mais riqueza da população. E,nesse processo, os próprios funcionários se beneficiam, pois grande parte da riqueza espoliada lhes étransferida na forma de salários.

    Ao criar uma série de direitos positivos, o estado, na prática, desfere um golpe duplo na população:reduz a renda disponível das pessoas (por causa dos impostos necessários para bancar esses direitos)e, com isso, impede que ela própria pague por esses serviços no mercado privado e concorrencial -- oqual ofertaria esses mesmos serviços de forma mais barata e com muito mais qualidade.

    O modus operandi 

    Mas os reais beneficiados pelos direitos positivos são os próprios funcionários do estado. Quantomais direitos o estado cria, mais funcionários públicos são necessários para impingi-los. E quantomais funcionários públicos são contratados, mais direitos estes exigem.

    Todos conhecemos funcionários públicos que não se cansam de demandar mais benefícios, auxíliosdiversificados, reajustes constantes e muito acima da inflação de preços, aposentadorias diferenciadas,e até mesmo planos de saúde abrangentes e completos que se estendem a seus familiares (em caso demorte).

    Um simples direito positivo criado por um burocrata -- por exemplo, o direito a serviços judiciais

    gratuitos -- cria um novo exército de funcionários que, por sua vez, demandam ainda mais direitos. Odireito à justiça significa, por exemplo, que a população é obrigada a pagar não só pelos serviços, mastambém pelos direitos adquiridos pelos funcionários públicos que executam tal atividade.

    Se um funcionário público do judiciário demanda um direito a uma aposentadoria para seu familiar nocaso de sua morte, então, quando esse funcionário falecer, a população, que tem o tal "direito à

     justiça", não terá a opção de escolher se quer pagar ou não esses benefícios demandados pelofuncionário do estado -- ela será obrigada a arcar com todos os custos da aposentadoria adquirida pelofamiliar do funcionário falecido.

    A sociedade não tem escolha frente aos direitos positivos; ela simplesmente é obrigada a aceitar o queos funcionários do estado escreverem no papel. Se um funcionário do estado escreve algo como"todos têm direito a saúde", isso quer dizer, na prática, que a população é obrigada a financiar nãoapenas todos os serviços de saúde, como também todos direitos dos funcionários do estado que atuamna saúde, sem escolha.

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    E se alguém, porventura, decidir que não quer pagar os impostos da forma como o próprio estadodeterminou -- talvez por acreditar que os serviços prestados não estão condizentes com o valor pago,ou simplesmente porque não concorda em ser espoliado --, então o estado designará algumfuncionário seu (o qual também possui "direitos") para ministrar punições e infligir danos de todas asformas possíveis sobre essa pessoa. Os ativos físicos dessa pessoa serão confiscados, sua conta

     bancária será bloqueada, sua prisão será decretada. E, se ele oferecer resistência, poderá ser baleado emorto.

    À população cabe apenas aceitar e bancar todos os direitos positivos criados pelos funcionários do próprio estado. A cadeia coercitiva não tem fim -- afinal, as demandas por novos direitos não paramde crescer nas sociedades contemporâneas (nem as dívidas dos governos).

    Conclusão

    Quando alguém diz que "todos têm direito a educação", essa pessoa está, na prática, dizendo que asociedade deve pagar ao estado para que o estado pague alguém para lhe fornecer serviços deeducação.

    A exigência acima leva à contratação de mais funcionários públicos, os quais irão demandar direitos para si próprios. Esses funcionários do estado dirão que têm direito a uma aposentadoria integral, oque significa que a sociedade será obrigada a pagar a aposentadoria integral desse funcionário.

    Logo, a demanda por educação pública leva à criação de um exército de funcionários públicosaltamente bem pagos que terão uma penca de direitos. A população terá de pagar por esses novosfuncionários públicos e pelos seus novos direitos, ficando agora com ainda menos dinheiro.

    A população quis um serviço, mas estará arcando, na prática, com salários altos e direitos nababescos para esses funcionários públicos -- e com serviços fornecidos em ambiente monopolista em vez deconcorrencial.

    Como bem disse Fernando Ulrich, expandindo este raciocínio para o setor do transporte público:

    Quando você quer "transporte grátis", o que você realmente está querendo(sem saber) é dar o seu dinheiro para um burocrata do estado, que então irárepassá-lo para uma empresa escolhida por políticos, a qual irá prover oserviço de acordo com critérios especificados por burocratas e políticos, enão por você, consumidor.

    Você realmente acha que isso vai dar certo?

     Não faz sentido dizer que aquilo que é caro para ser comprado diretamenteficará mais barato se você repassar seu dinheiro para burocratas e políticos,os quais irão intermediar o serviço para você.

    Aliás, na prática, o arranjo é ainda pior, pois você paga ao estado na forma deimpostos, os quais, no fim, formam uma espécie de saco sem fundo do qual ogoverno se utiliza para sacar todo o dinheiro coletado e "alocá-lo" de acordocom as demandas populares. Isso significa que você não paga exatamente

     pelo que quer e, por consequência, o governo não gasta exatamente naquiloque você está demandando.

    Perceba que, no exemplo acima, a demanda por um direito gerou privilégios também no setor privado,algo que certamente não era o intuito de quem exigiu tais direitos.

    Os criadores dos direitos positivos deveriam, ao menos, ter a hombridade de falar a verdade para as

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     pessoas que eles pretendem espoliar.

    Em vez de escreverem leis dizendo que todos têm direito a saúde, deveriam escrever que todos têm aobrigação de pagar ao estado para que o estado pague seus funcionários para que estes forneçamserviços de saúde. No lugar de escreverem que determinada carreira de funcionários do estado possuidireito a uma aposentadoria integral e a benefícios variados, deveriam escrever que a população seráobrigada a bancar as benesses dos funcionários públicos exatamente da forma como os criadores dasleis determinarem.

    Em suma, ao dizerem que a população tem direito a algo, deveriam escrever que a população irá, naverdade, pagar duplamente por este algo: pelos altos salários dos burocratas responsáveis pelofornecimento destes serviços e pelos "direitos adquiridos" destes burocratas, os quais se estendem atémesmo às suas famílias.

     Não existem direitos positivos. O que existe é a obrigação da sociedade de pagar para o estado por aquilo que o próprio estado cria, determina e exige.