2015-tribunal multa ex-gestores de paracuru-ce por irregularidades em licitações de 2006 a 2008

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g Fls . ESTADO DO CEARÁ TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOTA PROCESSO N°.: 2006.PRU.TCE.06450/11 NATUREZA: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL UNIDADE GESTORA: PREFEITURA MUNICIPAL MUNICÍPIO: PARACURU OBJETO: IRREGULARIDADES EM PROCESSOS LICITATÓRIOS RESPONSÁVEIS: JOSÉ RIBAMAR BARROSO BATISTA - EX-PREFEITO MUNICIPAL ÉRICA DE FIGUEIREDO DER HOVANNESIAN - PREFEITA MUNICIPAL REGINA LUCIA SIMPLÍCIO DUARTE - SECRETÁRIA DE FINANÇAS ANTÔNIA XAVIER MOREIRA - SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO WELNA MARIA BARROSO SARAIVA - SECRETÁRIA DE SAÚDE JOSÉ MARIA RIBEIRO DE ALBUQUERQUE - SECRETÁRIO DE INFRAESTRUTURA ANA PAULA DE SOUSA AZEVEDO - SECRETÁRIA DE INFRAESTRUTURA ROBERTO PATRÍCIO DE OLIVEIRA - SECRETÁRIO DE JUVENTUDE E DESPORTO RAUL LOIOLA DE ALENCAR FILHO - ASSESSOR JURÍDICO PEDRO EUDES PINTO - ASSESSOR JURÍDICO GERARDO ROBSON MENESES RABELO - CONTADOR RODRIGO BRAGA SOUZA - MEMBRO DA COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO JOSÉ ADAIL DE SOUSA - MEMBRO DA CPL BRIGIDA DE CASTRO ROCHA - MEMBRO DA CPL WANDO DE OLIVEIRA PIRES - MEMBRO DA CPL RAIMUNDO RODRIGO VIEIRA LIMA VIANA - MEMBRO DA CPL NATÁLIA MOTA TEIXEIRA - MEMBRO DA CPL JOSÉ WILKER DE FREITAS GOMES - MEMBRO DA CPL ADVOGADOS: JOSÉ VANDERLEI MARQUES VERAS, OAB /CE N°. 22.795 LUIZ JORGE MACEDO, OAB/CE N°. 12.225 EXERCÍCIOS FINANCEIROS: 2006, 2007 e 2008 RELATOR: CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA ACÓRDÃO N°. 0 , .A1 /2015 EMENTA: Tomada de Contas Especial, oriunda de Provocação da Diretoria de Fiscalização desta Corte de Contas, acerca de irregularidades em processos licitatórios realizados pela Prefeitura Municipal de Paracuru. Exercícios financeiros de 2006, 2007 e 2008. REVELIA do Sr. Raul Loiola de Alencar Filho, da Sra. Welna Maria Barroso Saraiva, da Sra. Natália Mota Teixeira e do Sr. Wando de Oliveira Pires. Defesas dos demais Responsáveis insuficientes para elidir todas as irregularidades apontadas pelo Órgão Técnico da DIRFI. 2006.PRU.TCE.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15) Av. General Afonso Albuquerque Lima, 130 — Cambeba www.tcm.ce.gov.br 60.822- 325 Fortaleza -a pág. 1/63

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g Fls . ESTADO DO CEARÁ

TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOTA

PROCESSO N°.: 2006.PRU.TCE.06450/11 NATUREZA: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL UNIDADE GESTORA: PREFEITURA MUNICIPAL MUNICÍPIO: PARACURU OBJETO: IRREGULARIDADES EM PROCESSOS LICITATÓRIOS RESPONSÁVEIS:

JOSÉ RIBAMAR BARROSO BATISTA - EX-PREFEITO MUNICIPAL ÉRICA DE FIGUEIREDO DER HOVANNESIAN - PREFEITA MUNICIPAL REGINA LUCIA SIMPLÍCIO DUARTE - SECRETÁRIA DE FINANÇAS ANTÔNIA XAVIER MOREIRA - SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO WELNA MARIA BARROSO SARAIVA - SECRETÁRIA DE SAÚDE JOSÉ MARIA RIBEIRO DE ALBUQUERQUE - SECRETÁRIO DE INFRAESTRUTURA ANA PAULA DE SOUSA AZEVEDO - SECRETÁRIA DE INFRAESTRUTURA ROBERTO PATRÍCIO DE OLIVEIRA - SECRETÁRIO DE JUVENTUDE E DESPORTO RAUL LOIOLA DE ALENCAR FILHO - ASSESSOR JURÍDICO PEDRO EUDES PINTO - ASSESSOR JURÍDICO GERARDO ROBSON MENESES RABELO - CONTADOR RODRIGO BRAGA SOUZA - MEMBRO DA COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO JOSÉ ADAIL DE SOUSA - MEMBRO DA CPL BRIGIDA DE CASTRO ROCHA - MEMBRO DA CPL WANDO DE OLIVEIRA PIRES - MEMBRO DA CPL RAIMUNDO RODRIGO VIEIRA LIMA VIANA - MEMBRO DA CPL NATÁLIA MOTA TEIXEIRA - MEMBRO DA CPL JOSÉ WILKER DE FREITAS GOMES - MEMBRO DA CPL

ADVOGADOS: JOSÉ VANDERLEI MARQUES VERAS, OAB /CE N°. 22.795 LUIZ JORGE MACEDO, OAB/CE N°. 12.225

EXERCÍCIOS FINANCEIROS: 2006, 2007 e 2008 RELATOR: CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA

ACÓRDÃO N°. 0,.A1 /2015

EMENTA: Tomada de Contas Especial, oriunda de Provocação da Diretoria de Fiscalização desta Corte de Contas, acerca de irregularidades em processos licitatórios realizados pela Prefeitura Municipal de Paracuru. Exercícios financeiros de 2006, 2007 e 2008. REVELIA do Sr. Raul Loiola de Alencar Filho, da Sra. Welna Maria Barroso Saraiva, da Sra. Natália Mota Teixeira e do Sr. Wando de Oliveira Pires. Defesas dos demais Responsáveis insuficientes para elidir todas as irregularidades apontadas pelo Órgão Técnico da DIRFI.

2006.PRU.TCE.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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ESTADO DO CEARÁ TRIBUNAL. DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS

GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA

Parecer da Procuradoria pela PROCEDÊNCIA PARCIAL da presente TCE, com aplicação de multa e, em tese, nota de improbidade administrativa. Decisão da 2a Câmara pela PROCEDÊNCIA PARCIAL da presente TCE, considerando que os atos ensejam sua IRREGULARIDADE. na forma do art.13, inciso III, alínea "b", da Lei n°.12.160/93. Ausência de responsabilidade da Sra. Érica de Figueiredo Der Hovannesian (prefeita municipal), dos assessores jurídicos, Sr. Raul Loiola de Alencar Filho e Sr. Pedro Eudes Pinto, e do Contador, Sr. Gerardo Robson Meneses Rabelo. Aplicação de muita na cifra de R$ 82.999,80 aos demais Responsáveis, da forma explicitada nas Razões do Voto, com fundamento no art. 56, inciso II, da Lei 12.160/93, e no art.154, inciso II, do Regimento Interno deste Tribunal de Contas. Reconhecimento, em tese, da prática de ato de improbidade administrativa, haja vista a infração tipificada no art.10, inciso VIII, da Lei n'.8.429192, relativa ao item 2.2 (conluio — fraude à licitação) das Razões do Voto. Reconhecimento, em tese, da prática do crime previsto no artigo 90 da Lei n°. 8.666/93, relativo ao item 2.2 (conluio — fraude à licitação) das Razões do Voto. Comunicação ao Ministério Público do Estado do Ceará e ao Departamento de Polícia Federal — Superintendência Regional do Ceará. Concessão de prazo recursal. Determinações.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos relativos à

TOMADA DE CONTAS ESPECIAL de n°. 6450/11, oriunda de Provocação da

Diretoria de Fiscalização desta Corte de Contas, acerca de irregularidades em processos licitatórios realizados pela Prefeitura Municipal de Paracuru. durante

os exercícios financeiros de 2006, 2007 e 2008, ACORDAM os Conselheiros da

2a Câmara do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará, conforme

os registros na Ata da Sessão que julgou este Processo, pela PROCEDÊNCIA

PARCIAL da presente Tomada de Contas Especial, considerando que os atos

ensejam sua IRREGULARIDADE, na forma do art.13, inciso III, alínea "b", da Lei

n°.12.160/93, com aplicação de multa no valor total de R$ 82.999,80 (oitenta e dois mil, novecentos e noventa e nove reais e oitenta centavos), com

fundamento no art.56, inciso II. da Lei 12.160/93, e no art.154, inciso II, do

Regimento Interno deste Tribunal de Contas, assim distribuída: R$ 11.705,10

2006.PRI [CEAI-150/11 VOT( RF — AGO/15)

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GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA

(onze mil, setecentos e cinco reais e dez centavos) ao Sr. José Ribamar Barroso Batista, então Prefeito Municipal de Paracuru, em função das irregularidades tratadas nos itens 2.1 e 2.2 das Razões do Voto; R$ 7.448,70 (sete mil, quatrocentos e quarenta e oito reais e setenta centavos) ao Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque, Secretário Municipal de Infraestrutura de Paracuru, em função das irregularidades tratadas nos itens 2.2 e 2.4 das Razões do Voto; e R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) para cada um dos agentes públicos do Município de Paracuru mencionados a seguir, Sra. Regina Lúcia Simplício Duarte - Secretária Municipal de Finanças; Sra. Antônia Xavier Moreira - Secretária Municipal de Educação; Sra. Welna Maria Barroso Saraiva - Secretária Municipal de Saúde; Sra. Ana Paula de Sousa Azevedo - Secretária Municipal de Infraestrutura; Sr. Roberto Patrício de Oliveira - Secretário Municipal de Juventude e Desporto; Sr. Rodrigo Braga Souza - Membro da Comissão Permanente de Licitação; Sr. José Adail de Sousa - Membro da Comissão Permanente de Licitação; Sra. Brígida de Castro Rocha - Membro da Comissão Permanente de Licitação; Sr. Wando de Oliveira Pires - Membro da Comissão Permanente de Licitação: Sr. Raimundo Rodrigo Vieira Lima Viana - Membro da Comissão Permanente de Licitação; Sra. Natália Mota Teixeira - Membro da Comissão Permanente de Licitação; Sr. José Wilker de Freitas Gomes - Membro da Comissão Permanente de Licitação, em função da irregularidade tratada no item 2.2 das Razões do Voto, além de reconhecimento de que os agentes públicos supracitados praticaram, em tese, ato de improbidade administrativa. tipificado no art.10. inciso VIII, da Lei 8.429/92, e crime previsto no artigo 90 da Lei n°. 8.666/93, em razão da irregularidade tratada no item 2.2 das Razões do Voto (conluio - fraude à licitação), de acordo com o relatório e voto abaixo transcritos. Comunicação ao Ministério Público do Estado do Ceará e ao Departamento de Polícia Federal - Superintendência Regional do Ceará. Concessão de prazo recursal. Determinações.

SALA DAS SESSÕES DA 2a CÂMARA DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza, de \-, V1 C (1,/ -\() ),( de 2015

Conselheiro Presidente e Relator

r

Fui presente: j --Procurador (a) de Contas

2006. P R C.TC E:06450/11

VOTO (CCRF - AG 0/15)

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GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA

PROCESSO N°.: 2006.PRU.TCE.06450/11 NATUREZA: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL UNIDADE GESTORA: PREFEITURA MUNICIPAL MUNICÍPIO: PARACURU OBJETO: IRREGULARIDADES EM PROCESSOS LICITATÓRIOS RESPONSÁVEIS:

JOSÉ RIBAMAR BARROSO BATISTA - EX-PREFEITO MUNICIPAL ÉRICA DE FIGUEIREDO DER HOVA_NNESIAN - PREFEITA MUNICIPAL REGINA LUCIA SIMPLÍCIO DUARTE - SECRETÁRIA DE FINANÇAS ANTÔNiA XAVIER MOREIRA - SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO WELNA MARIA BARROSO SARAIVA - SECRETÁRIA DE SAÚDE JOSÉ MARIA RIBEIRO DE ALBUQUERQUE - SECRETÁRIO DE INFRAESTRUTURA ANA PAULA DE SOUSA AZEVEDO - SECRETÁRIA DE INFRAESTRUTURA ROBERTO PATRÍCIO DE OLIVEIRA - SECRETÁRIO DE JUVENTUDE E DESPORTO RAUL LOIOLA DE ALENCAR FILHO - ASSESSOR JURÍDICO PEDRO EUDES PINTO - ASSESSOR JURÍDICO GERARDO ROBSON MENESES RABELO - CONTADOR RODRIGO BRAGA SOUZA - MEMBRO DA COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO JOSÉ ADAIL DE SOUSA - MEMBRO DA CPL BRÍGIDA DE CASTRO ROCHA - MEMBRO DA CPL WANDO DE OLIVEIRA PIRES - MEMBRO DA CPL RAIMUNDO RODRIGO VIEIRA LIMA VIANA - MEMBRO DA CPL NATÁLIA MOTA TEIXEIRA - MEMBRO DA CPL JOSÉ WILKER DE FREITAS GOMES - MEMBRO DA CPL

ADVOGADOS: JOSÉ VANDERLEI MARQUES VERAS, OAB ICE N°. 22.795 LUIZ JORGE MACEDO, OAB/CE N°. 12.225

EXERCÍCIOS FINANCEIROS: 2006. 2007 e 2008 RELATOR: CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA

RELATÓRIO

Versam os presentes autos sobre a TOMADA DE CONTAS ESPECIAL N°. 6450/11, oriunda de Provocação n°. 31057/10 (Relatório Inicial n°. 1 371 7/201 0 de fls. 02/80 e docs. de fls. 81/2045) da Diretoria de Fiscalização desta Corte de Contas, acerca de irregularidades em processos licitatórios realizados pela Prefeitura Municipal de Paracuru, durante os exercícios financeiros de 2006, 2007 e 2008.

Depois de autuado. o feito foi distribuído em sessão ordinária do Pleno desta Corte de Contas, realizada no dia 27/01/2011, tendo sido designado a mim a relatoria do referido processo, conforme fls. 2047 dos autos.

2006.PR ".TCE.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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Em seguida, esta Relatoria determinou o encaminhamento do feito à Procuradoria de Contas, para que esta examinasse a admissibilidade, ou não, do presente processo (fls. 2046).

A douta Procuradoria, por meio do Parecer de n°. 625/2011, da lavra da ilustre Procuradora de Contas, Dra. Leilyanne Brandão Feitosa, opinou pela admissão da Provocação e sua transformação em Processo-fim Principal de Tomada de Contas Especial, ex vi da fls. 2048 dos autos.

Por meio de Despacho de fls. 2049, este Relator concordou com o Ministério Público de Contas e determinou a remessa dos autos à Secretaria desta Corte para transformação da Provocação Inicial em TCE e, em seguida, notificar os Responsáveis arrolados no item 9.0 da Informação Inicial n°. 1371/2010 (fls. 78).

O Secretário de Infraestrutura do Município de Paracuru, Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque, através de seu advogado devidamente constituído nos autos (Procuração às fls. 2166), Dr. José Vanderlei Marques Veras, OAB /CE n°. 22.795, juntou tempestivamente sua Justificativa de n°. 10818/11 de fls. 2077/2081, e documentos de fls. 2082/2084 dos autos.

O Sr. Pedro Eudes Pinto, Assessor Jurídico do Município de Paracuru, acostou tempestivamente sua Justificativa de n°. 11798/11 de fls. 2092/2101 dos autos.

Por meio de advogado, Dr. Luiz Jorge Macedo, OAB/CE n°. 12.225, a Sra. Érica de Figueiredo Der Hovannesian, Prefeita Municipal, o Sr. José Ribamar Barroso Batista, ex-Prefeito Municipal, a Sra. Antônia Xavier Moreira, Secretária de Educação, a Sra. Ana Paula de Sousa Azevedo, Secretária de lnfraestrutura, o Sr. José Adail de Sousa, Membro da CPL, o Sr. Gerardo Robson Meneses Rabelo, Contador da Prefeitura, o Sr. Roberto Patrício de Oliveira, Secretário de Juventude e Desporto, a Sra. Brígida de Castro Rocha, Membro da CPL, o Sr. José Wilker de Freitas Gomes, Membro da CPL, a Sra. Regina Lucia Simplício Duarte, Secretária de Finanças, o Sr. Raimundo Rodrigo Vieira Lima Viana, Membro da CPL e o Sr. Rodrigo Braga Souza, Membro da CPL apresentaram, conjuntamente, sua Justificativa n°. 11557/11 às fls. 2102/2116 dos autos.

Já os agentes públicos do Município de Paracuru, Sra. Welna Maria Barroso Saraiva, Secretária de Saúde, Sr. Raul Loiola de Alencar Filho, Assessor Jurídico, Sr. Wando de Oliveira Pires, Membro da CPL e a Sra.

2006.PRU.TCE.06450/1 I VOTO (CCRF — AGO/15)

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Natália Mota Teixeira, Membro da CPL, mesmo tendo sido devidamente notificados (Ofícios de fls. 2057, 2060, 2066 e 2069, ARMP's de fls. 2089 e 2090 e Editais de Convocação de fls. 2127/2128 e 2143/2144), deixaram transcorrer in albis o prazo para apresentação de seus esclarecimentos, conforme Certidões de Decorrência de Prazo de fls. 2135 e 2145 dos autos.

Encaminhados os autos à DIRFI, a 6a Inspetoria de Controle Externo acostou aos autos a Informação Complementar de n°. 3858/2012 às fls. 2200/2253, manifestando-se acerca dos argumentos trazidos à baila pelos Responsáveis.

Ato contínuo, o Ministério Público Especial junto a esta Corte de Contas, instado a se manifestar sobre a matéria, apresentou o Parecer de n°. 4219/2012 às fls. 2257/2260, da lavra da ilustre Procuradora de Contas, Dra. Leilyanne Brandão Feitosa, opinando pela procedência parcial desta TCE, com aplicação de multa severa e, em tese, nota de improbidade administrativa.

Em atendimento ao despacho desta Relatoria de fls. 2261, a Inspetoria de Controle Externo elaborou e juntou aos autos a Informação Complementar Aditiva n°. 154/2013 de fls. 2262/2264.

O Ministério Público de Contas ratificou seu entendimento pretérito, conforme Parecer Aditivo n°. 438/2013 de fls. 2268 dos autos.

A Inspetoria de Controle Externo elaborou e juntou aos autos a Informação Complementar Aditiva n°. 5805/2014 de fls. 2314/2319, para atender ao despacho deste Relator de fls. 2269 dos autos.

Por fim, o Ministério Público Especial junto a esta Corte de Contas, instado a se manifestar sobre a matéria, apresentou o Parecer Aditivo de n°. 4847/2014 às fls. 2323, da lavra da ilustre Procuradora de Contas, Dra. Leilyanne Brandão Feitosa, ratificando, na íntegra, seus pareceres pretéritos, no sentido que a presente TCE seja julgada parcialmente procedente, com aplicação de multa severa e, em tese, nota de improbidade administrativa.

Eis o que de essencial necessitava ser relatado. Passemos às razões do voto.

RAZÕES DO VOTO

1. DA PRELIMINAR

2006.PRLICE.06450/11 VOTO (CCRF — AGO/15)

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1.1. DA EXTINÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DESTE TCM/CE. NÃO OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO.

De logo, cabe afastar a ocorrência da extinção da pretensão punitiva desta Corte de Contas para julgar a presente Tomada de Contas Especial, com fundamento nos motivos exposto abaixo.

A Emenda à Constituição do Estado do Ceará n°.76, de 21 de dezembro de 2012, acrescentou o §5° ao art.76 e o §7° ao art.78, os quais dispõem que os Tribunais de Contas desta Unidade da Federação (TCE e TCM), no exercício de suas competências, devem observar o instituto da prescrição.

No âmbito deste Tribunal de Contas, a Lei Estadual n°.15.516/2014, que alterou a Lei Orgânica do TCM/CE, previu, dentre outras matérias, o reconhecimento do instituto da prescrição no âmbito desta Corte de Contas, nos termos do seu art.3°.

Com fundamento naquele instrumento legal, notadamente no acrescentado art.35-D da Lei n°.12.160/93, esta Corte de Contas, em sessão do Pleno de 24 de abril de 2014, aprovou a Resolução n°.09/2014, disciplinando a sistemática do reconhecimento da prescrição no âmbito do TCM/CE.

No caso de Tomada de Contas Especial, a competência de julgamento do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará prescreve em 05 (cinco) anos, a contar da data da ocorrência do fato, conforme art.35-C e seu parágrafo único da Lei Orgânica deste Tribunal, in verbis:

Art. 35-C. Prescreve em 5 (cinco) anos o exercício das competências de julgamento e apreciação do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará previstas nesta Lei, como as previstas nos arts. 1°, 13, 19 e 55 ao 59.

Parágrafo único. O prazo previsto no caput:

I - inicia sua contagem a partir da data seguinte à do encerramento do prazo para encaminhamento da prestação de contas ao Tribunal, nos casos de contas de gestão e de governo;

II - nos demais casos, inicia-se a partir da data de ocorrência do fato;

III - interrompe-se pela autuação do processo no Tribunal, assim como pelo julgamento.

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Portanto, a pretensão de julgamento deste Tribunal, que visa apurar supostas infrações, prescreve em cinco anos, contados a partir da ocorrência do fato, conforme art.35-C e seu parágrafo único da Lei Orgânica deste Tribunal.

No caso dos autos, as irregularidades apuradas pela Comissão de Fiscalização desta Corte de Contas se referem aos exercícios financeiros de 2006, 2007 e 2008, momento em que se iniciou o prazo prescricional quinquenal para a instauração de Tomada de Contas e apuração dos atos lesivos.

Considerando o primeiro exercício financeiro em análise (2006), extrai-se que a competência deste Tribunal para autuação do processo para apuração dos fatos tratados na presente TCE se encerrava em 31/12/2011.

Não obstante, conforme o disposto no inciso III do parágrafo único do art.35-C da Lei Orgânica deste TCM/CE, o aludido prazo prescricional é interrompido quando da autuação do processo no Tribunal de Contas.

In casu. a provocação que deu origem a presente Tomada de Contas Especial foi instaurada em 17/12/2010, dentro, portanto, do prazo quinquenal previsto em lei.

Por conseguinte, a aludida autuação operou a interrupção do prazo quinquenal, iniciando-se, a partir de 17 de dezembro de 2010, novo prazo prescricional de 05 (cinco) anos.

Desta forma, a competência deste Tribunal para julgamento da presente TCE se encerra somente em 17/12/2015.

Ante o exposto, este Relator entende que não ocorreu a extinção da pretensão de julgamento dos fatos apurados na TCE em análise.

1.2. - DA COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. JULGAMENTO DOS ATOS DE GESTÃO PRATICADOS PELOS CHEFES DO PODER EXECUTIVO. ORDENADORES DE DESPESAS.

Inicialmente, cumpre mencionar a competência do Tribunal de Contas dos Municípios para aplicar multa e imputar débito a prefeitos,

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GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA

Fls.

quando agirem como ordenadores de despesas e não como agentes políticos.

Sobre a questão acima ventilada, a Constituição Federal, no inciso II do art. 71 c/c o art. 75, estabelece competência aos Tribunais de Contas para julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiro, bens e valores públicos da administração direta, indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público municipal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; bem como, conforme o inciso VIII, aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário.

Destaque-se que o prefeito municipal encontra-se fora do alcance do citado julgamento apenas em relação às suas contas de governo anuais, como expresso no inciso I do art. 71 da Magna Carta, pois quando desce da condição de Chefe do Executivo e passa a exercer atos de gestão, ordenando despesas, executando atribuições próprias de ordenador de despesas, fica o mesmo sujeito ao julgamento técnico do TCM, principalmente no tocante à aplicação das penalidades previstas na Constituição Federal e Estadual, na Lei Orgânica e Regimento Interno.

Sobre esta questão, aliás, já existem várias decisões do Superior Tribunal de Justiça, confirmando decisões dos Tribunais de Justiça Estaduais, reconhecendo a competência dos Tribunais de Contas para aplicar multa e imputar débito a prefeitos municipais que, investidos na qualidade de ordenadores de despesas, praticaram atos meramente de gestão, como administradores comuns, conforme segue abaixo:

STJ - ROMS 4309/PR; RECURSO ORDINARIO EM MANDADO DE SEGURANÇA (1994/0011076-6)

DJ DATA:07/08/1995 PG:23025

Min. HÉLIO MOSIMANN

"MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO. RESOLUÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL. IRREGULARIDADES DETECTADAS EM PREFEITURA. INOCORRÊNCIA DE ILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER. DIREITO LÍQUIDO E CERTO NÃO ATINGIDO. SEGURANÇA DENEGADA. RECURSO DESPROVIDO.

2006.PRU.TC E.06450/1 1 VOTO (CCRF - AGO/15)

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GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA

Não constitui ilegalidade ou abuso de poder o ato do Tribunal de Contas do Estado que, no uso de suas atribuições, julgou irregulares despesas efetuadas por Prefeitura Municipal, determinando restituição aos cofres municipais das importâncias assim recebidas. Desde que observadas as formalidades legais, não há direito a ser protegido, via mandado de segurança, muito menos direito líquido e certo."

Dentro deste enfoque, o Superior Tribunal de Justiça entendeu correta decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará no MS n°.1999.08230-0 que denegou a segurança ao Prefeito Municipal, razão pela qual aquele Tribunai Superior negou provimento ao recurso, conforme transcrição da ementa abaixo:

STJ - ROMS 12402/CE: RECURSO ORDINARIO EM MANDADO DE SEGURANÇA (1998/0092377-0)

DJ DATA: 04/11/2002

Rel. Min. ELIANA CALMON

"ADMINISTRATIVO. TRIBUNAL DE CONTAS: FUNÇÕES (ARTS 49, IX, C/C 71 DA CF/88).

1. O Tribunal de Contas tem como atribuição, apreciar e emitir pareceres sobre as contas públicas (inciso I, art. 71 da CF/88), ou julgar as contas (inciso II do mesmo artigo).

2. As contas dos agentes políticos (Prefeito. Governador e Presidente da República) são julgados pelo Executivo, mas as contas dos ordenadores de despesas são julgados pela Corte de Contas.

3. Prefeito Municipal que, como ordenador de despesas, comete ato de improbidade, sendo julgado pelo Tribunal de Contas.

4. Recurso ordinário improvido."

Em adição a tudo aqui exposto, a alteração implementada pela Lei Complementar n°. 135/2007, pelo disposto ao final da alínea "g", do inciso I, do artigo 1°, da LC n°. 64/90, a mesma incluiu, dentre os agentes públicos submetidos aos efeitos eleitorais das decisões condenatórias proferidas pelas Cortes de Contas (inelegibilidade), o chefe do executivo que age na qualidade de ordenador de despesa.

2006.PRU.TCE.06450/11 VOTO (CCRF - ACO/15)

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g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; (grifos nossos)

Destaque-se que esta modificação legislativa não foi inserida na legislação como um mero acessório dispensável, aplicando-se, neste caso, a máxima de que a lei não contém palavras inúteis. Assim, nos termos enxertados na Lei Complementar n°. 64/90, pela LC n°. 135/2007, foi expressamente considerada a situação em que os Tribunais de Contas exercitam a sua competência para julgamento das contas dos chefes do Poder Executivo que agem na condição de ordenadores de despesa.

Ademais, no julgamento do RO 401-37/CE, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, em 26/08/14 adotado por maioria, o TSE, em razão do efeito vinculante das decisões do Supremo Tribunal Federal e da ressalva final da alínea g do artigo 1°, 1, da Lei Complementar n° 64/90, reconheceu a aplicação do disposto no inciso II do artigo 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição.

ELEIÇÕES 2014. REGISTRO DE CANDIDATURA. RECURSO ORDINÁRIO. INELEGIBILIDADE. ALÍNEA G. REJEIÇÃO DE CONTAS. TRIBUNAL DE CONTAS. PREFEITO. ORDENADOR DE DESPESAS. CARACTERIZAÇÃO.

1. As alterações das hipóteses de inelegibilidades introduzidas pela Lei Complementar n° 135, de 2010, foram consideradas constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 4.578 e das ADCs 29 e 30, em decisões definitivas de mérito que produzem eficácia contra todos e efeito vinculante, nos termos do art. 102, § 20, da Constituição da República.

2. Nos feitos de registro de candidatura para o pleito de 2014, a inelegibilidade prevista na alínea g do inciso I do art. 1° da LC n° 64, de 1990, pode ser examinada a partir de decisão irrecorrível dos tribunais de contas que rejeitam as contas do prefeito que age como ordenador de despesas.

2006.PRU.TC E.06450/1 1 VOTO (CCRF - AGO/15)

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3. Entendimento, adotado por maioria, em razão do efeito vinculante das decisões do Supremo Tribunal Federal e da ressalva final da alínea g do art. 1°, I, da LC n° 64/90, que reconhece a aplicação do "disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição".

4. Vencida neste ponto, a corrente minoritária, que entendia que a competência para julgamento das contas do prefeito é sempre da Câmara de Vereadores.

5. As falhas apontadas pelo Tribunal de Contas, no caso, não são suficientes para caracterização da inelegibilidade, pois não podem ser enquadradas como ato doloso de improbidade. No caso, não houve sequer condenação à devolução de recursos ao erário ou menção a efetivo prejuízo financeiro da Administração. Recurso provido, neste ponto, por unanimidade.

Recurso ordinário provido para deferir o registro da candidatura.

(TSE, Plenário, RO 401-37 / CE, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, 26/08/14, publicado em Sessão)

Pelo exposto, não há como negar a competência deste Tribunal de Contas para julgar os atos isolados do Prefeito Municipal, quando este agir na condição de ordenador de despesas.

1.3. — DA RESPONSABILIDADE DOS MEMBROS DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO.

Nunca é demais lembrar que os membros da Comissão de Licitação respondem solidariamente pelos atos praticados, salvo se posição individual divergente estiver devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão, conforme o disposto no art. 51, §3°, da Lei 8.666/93.

Desse modo, os membros de Comissões de Licitação serão alcançados pela jurisdição do TCM/CE, com a aplicação de multa ou imputação de débito, sempre que os seus atos ensejarem dano gravoso ao Erário ou grave infração à norma jurídica, figurando com relevância causal para a prática de ato irregular.

1.4. — TRAMITAÇÃO REGULAR DO PROCESSO. PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA ASSEGURADOS AOS RESPONSÁVEIS PELOS ATOS DE GESTÃO EM EXAME.

2006.PRELTCE.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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Fls. ESTADO DO CEARÁ TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS

GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA

Destaco que a tramitação do processo em exame obedeceu às normas ditadas pelo Regimento Interno do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará e às garantias e princípios estampados na Magna Carta brasileira.

No presente caso, foi assegurado aos Responsáveis pelos atos de gestão em apreço o direito à ampla defesa e ao contraditório, em estrita observância aos mandamentos constitucionais de regência.

Conforme já mencionado nesta decisão, o Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque, através de seu advogado devidamente constituído nos autos (Procuração às fls. 2166), Dr. José Vanderlei Marques Veras, OAB /CE n°. 22.795, e o Sr. Pedro Eudes Pinto apresentaram, regular e tempestivamente, suas Justificativas de n°s. 10818/11 (fls. 2077/2081) e 11798/11 (fls. 2092/2101), respectivamente.

1.4.1 — DA JUSTIFICATIVA N°. 11557/11 APRESENTADA POR MEIO DE ADVOGADO, DR. LUIZ JORGE MACEDO.

Através do Dr. Luiz Jorge Macedo, OAB/CE n°. 12.225, a Sra. Érica de Figueiredo Der Hovannesian, Prefeita Municipal, o Sr. José Ribamar Barroso Batista, ex-Prefeito Municipal, a Sra. Antônia Xavier Moreira, Secretária de Educação, a Sra. Ana Paula de Sousa Azevedo. Secretária de Infraestrutura, o Sr. José Adail de Sousa. Membro da CPL. o Sr. Gerardo Robson Meneses Rabelo, Contador da Prefeitura, o Sr. Roberto Patrício de Oliveira, Secretário de Juventude e Desporto, a Sra. Brígida de Castro Rocha, Membro da CPL, o Sr. José Wilker de Freitas Gomes. Membro da CPL, a Sra. Regina Lucia Simplício Duarte, Secretária de Finanças, o Sr. Raimundo Rodrigo Vieira Lima Viana, Membro da CPL e o Sr. Rodrigo Braga Souza. Membro da CPL apresentaram, conjuntamente, sua Justificativa n°. 11557/11 às fls. 2102/2116 dos autos.

Considerando que o instrumento procuratório não foi juntado à aludida defesa, este Relator determinou a notificação dos Responsáveis supramencionados para apresentar o documento reclamado, conforme despacho de fls. 2146 dos autos.

Entretanto, a Sra. Érica de Figueiredo Der Hovannesian, o Sr. José Adail de Sousa, o Sr. Gerardo Robson Meneses Rabelo e a Sra. Regina Lucia Simplício Duarte deixaram de apresentar os respectivos instrumentos procuratórios, motivo pelo qual a Justificativa n°. 11557/11 (fls. 2102/2116) não aproveita aos mesmos.

2006.P R I . .11:E.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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ter,N. Fls.

• ESTADO DO CEARÁ

TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA

Já com relação ao Sr. Roberto Patrício de Oliveira, ao Sr. José Wilker de Freitas Gomes e ao Sr. Raimundo Rodrigo Vieira Lima Viana, a Secretaria desta Corte de Contas certificou que a defesa (Justificativa n°. 11557/11) por eles apresentada foi protocolada fora do prazo legal.

Todavia, com fundamento no art.509, caput, e parágrafo único do Código de Processo Civil, este Relator, em consonância com MPC, entende que a justificativa em questão aproveita àqueles Responsáveis, consoante o exposto abaixo:

Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses.

Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns.

Frise-se que estes últimos gestores (Sr. Roberto Patrício de Oliveira, Sr. José Wilker de Freitas Gomes e Sr. Raimundo Rodrigo Vieira Lima Viana) juntaram aos autos a procuração reclamada, diferentemente daqueles para os quais a Justificativa n°. 11557/11 não foi aproveitada.

1.4.2 - DA REVELIA.

Já os agentes públicos do Município de Paracuru, Sra. Welna Maria Barroso Saraiva, Sr. Raul Loiola de Alencar Filho, Sr. Wando de Oliveira Pires e a Sra. Natália Mota Teixeira, mesmo tendo sido devidamente notificados (Ofícios de fls. 2057, 2060, 2066 e 2069, ARMP's de fls. 2089 e 2090 e Editais de Convocação de fls. 2127/2128 e 2143/2144), deixaram transcorrer in albis o prazo para apresentação de seus esclarecimentos, conforme Certidões de Decorrência de Prazo de fls. 2135 e 2145 dos autos.

Restou caracterizado, pois, a revelia dos Responsáveis supracitados, reputando-se verdadeiros os fatos apontados na Informação Inicial n°. 13717/2010 às fls. 02/80 da 8a Inspetoria de Controle Externo da Diretoria de Fiscalização, por aplicação subsidiária do artigo 319 do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor.

2006.PRU.TCE.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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Sobre a revelia, assim consta dos ensinamentos do ilustre Prof. Jorge Ulisses Jacoby em sua obra "Tribunais de Contas do Brasil -Jurisdição e Competência" - Editora Fórum-2006, in verbis:

"A melhor doutrina desenvolveu a premissa de que o comparecimento da parte no processo constitui um ônus em seu próprio beneficio, e a ausência envolve a perda da faculdade processual. que se transpõe pela preclusão."

A observância dos prazos processuais é de fundamental importância, servindo como "o fiel da balança" de modo a impedir que a parte utilize os princípios do contraditório e da ampla defesa para procrastinar o feito, eis que tal conduta desnatura a própria índole e finalidade do processo.

1.5. — DOS ATOS PRATICADOS PELA SRA. ÉRICA DE FIGUEIREDO DER HOVANNESIAN, PREFEITA MUNICIPAL DE PARACURU. HOMOLOGAÇÃO DA TOMADA DE PREÇOS N°. 2008.12.22.1 EM EXERCÍCIO FINANCEIRO (2009) DIVERSO DOS EXAMINADOS NESTA TCE (2006, 2007 E 2008).

A Inspetoria de Controle Externo atribuiu responsabilidade à Sra. Érica de Figueiredo Der Hovannesian, Prefeita Municipal de Paracuru, pelas irregularidades constatadas no processo licitatório Tomada de Preços n°. 2008.12.22.1.

No que concerne ao aludido certame público, informou a DIRFI que o único ato praticado no exercício financeiro de 2008 foi a emissão do edital em 22/12/2008, conforme o item 5.0 (subitem IX) da Informação Inicial n°. 13717/2010.

O Órgão Técnico da DIRFI asseverou que 'as fases subseqüentes do processo foram executadas no exercício de 2009, quando assumiu o cargo de Prefeita Municipal a Sra. Érica de Figueiredo Der Hovannesian" (fls. 48 dos autos).

Examinando a Informação Inicial n°. 13717/2010, extrai-se o que segue a respeito da Tomada de Preços n°. 2008.12.22.1:

• Objeto: contratação de serviços de engenharia para limpeza pública. compreendendo carga manual e transporte de lixo, capina e poda e entulhos provenientes da sede e dos distritos;

• Autuação: 15/12/2008;

21106.PRU.TCE.06150/11 varo (CCRF - AGO/15)

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• Data de emissão: 22/12/2008; • Data da abertura: 13/01/2009 às 8:30hrs; • Termo de Homologação e Adjudicação: 02/03/2009; • Contrato: assinado em 02/03/2009; • Ordem de Serviço: assinada em 02/03/2009.

Portanto, as eventuais irregularidades relativas à Tomada de Preços n°. 2008.12.22.1, de responsabilidade da Sra. Érica de Figueiredo Der Hovannesian, autoridade que homologou o certame no exercício financeiro de 2009, não são objeto desta Tomada de Contas Especial, -já que este processo aprecia os fatos irregulares praticados nos exercícios financeiros de 2006, 2G07 e 2008.

Ante o exposto, este Relator afasta a responsabilidade da Sra. Érica de Figueiredo Der Hovannesian, no que concerne aos atos de gestão apreciados nesta TCE.

1.6. - DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DOS ASSESSORES JURÍDICOS. CARÁTER MERAMENTE OPINATIVO DO PARACER.

A Inspetoria de Controle Externo atribuiu responsabilidade aos Assessores Jurídicos da Prefeitura Municipal de Paracuru, Sr. Pedro Eudes Pinto e Sr. Raul Loiola de Alencar Filho, pelas irregularidades apreciadas nesta Tomada de Contas Especial, notadamente pelos pareceres emitidos nos processos licitatórios analisados pela Comissão de Inspeção desta Tribuna de Contas.

Esta Relatoria, discordando do posicionamento técnico, ressalta ser imperativo afastar a responsabilidade dos Assessores Jurídicos mencionados, Sr. Pedro Eudes Pinto e Sr. Raul Loiola de Alencar Filho, tendo em vista que seus pareceres, no caso dos presentes autos (frise-se), tiveram caráter meramente opinativo, não existindo liame entre os seus fundamentos e o dano causado ao Erário Municipal.

Portanto, considerando que não ficou configurado erro grave inescusável ou culpa, em sentido amplo, dos Assessores Jurídicos, quando da emissão de seus pareceres, entendo que não cabe responsabilizá-los pelos danos constatados na Tomada de Contas Especial em apreço.

2006.PRU.TCE.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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1.7. - DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DO CONTADOR.

De acordo com a Informação inicial n°. 1 371 7/201 0 (fls. 02/80), a Inspetoria de Controle Externo atribuiu responsabilidade ao Contador da Prefeitura Municipal de Paracuru, Sr. Gerardo Robson Meneses Rabelo, pelas irregularidades apreciadas nesta Tomada de Contas Especial.

Considerando que a Tomada de Contas Especial em exame tem por objeto as irregularidades constatadas em processos licitatórios, resta-nos afastar a responsabilidade do Sr. Gerardo Robson Meneses Rabelo, agente público que não possui competência legal para homologar os certames públicos, nem ordenar qualquer despesa correspondente.

1.8. - DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. LEGALIDADE DA TOMADA DE CONTAS ESPECIAL.

Os Responsáveis suscitaram, em preliminar, a ilegalidade da presente Tomada de Contas Especial, sob o fundamento de que não houve, por parte da Unidade Técnica da DIREI, a individualização das irregularidades, o que teria impedido o exercício do contraditório e da ampla defesa, nos termos dos argumentos trazidos às fls. 2103/2104 dos autos.

Socorrem-se os Responsáveis nos artigos 14 e 15, inciso I, da Lei Orgânica desta Corte de Contas (Lei n°. 12.160/93), os quais transcrevo abaixo:

Art. 14. O Relator presidirá a instrução do processo determinando mediante despacho singular. por iniciativa própria ou atendendo provocação do Órgão de instrução ou do Ministério Público junto ao Tribunal, o sobrestamento do julgamento, a citação ou a audiência dos responsáveis, ou outras providências consideradas necessárias ao saneamento dos autos, fixando prazo na forma estabelecida no Regimento Interno, para o atendimento das diligências, após o que submeterá o feito ao Pleno ou à Câmara respectiva para decisão de mérito.

Art. 15. Verificada irregularidade nas contas, o Relator ou o Tribunal:

I - definirá a responsabilidade individual ou solidário, pelo ato inquinado;

2006.PRILTCE.06450/1 I VOTO (CCRF - AGO/15)

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GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOTA

Conforme o inciso I do artigo 15, o Tribunal definirá a responsabilidade pelos atos irregulares constatados, podendo ser individual ou solidária.

In casu, a responsabilidade dos agentes públicos envolvidos consiste para todas as irregularidades analisadas nos presentes autos, não necessitando de individualização de responsabilidade pela Inspetoria Técnica.

Ante o exposto. entende este Relator que não há qualquer ilegalidade que macule a instrução processual da presente Tomada de Contas Especial. razão pela qual passa ao exame de mérito das irregularidades tratadas nos autos.

2. DO MÉRITO

Inicialmente, cabe ressaltar que a Tomada de Contas Especial foi instaurada em decorrência do resultado de inspeção in loco realizada na Prefeitura Municipal de Paracuru no período de 12 a 14 de abril de 2010.

Vale ressaltar que a inspeção foi acompanhada pelo Dr. Luiz Alcântara Costa Andrade, Promotor de Justiça integrante da Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública - PROCAP do Ministério Público Estadual, e pela Dra. Leilyanne Brandão Feitosa, Procuradora do Ministério Público de Contas junto ao TCM/CE.

Aludido relatório apresenta os seguintes fatos:

2.1. - Das Comissões Permanentes de Licitação - CPL. Item 4.0 da Informação Inicial n°. 13717/2010 de fls. 02/80 e item 1.0 da Informação Complementar n°. 3858/2012 de fls. 2200/2253 dos autos (multa de R$ 1.064,10 ao Sr. José Ribamar Barroso Batista)

Trata esse item dos aspectos relacionados aos membros das Comissões Permanentes de Licitação - CPL do Município de Paracuru.

Conforme destacado às fls. 05/07 dos autos (com base nos dados registrados no Sistema de Informações Municipais - SIM e nos depoimentos prestados aos representantes do Ministério Público do Estado do Ceara e do Ministério Público de Contas junto ao TCMICE), a Inspetoria de Controle Externo constatou o que segue:

2006.PRL ICE.06450/1 1 VOTO (CCRF — .-tGO/15)

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• Portaria n°. 192/2006, de 03/04/2006, não foi registrada no Sistema de Informações Municipais - SIM;

• A Comissão Permanente de Licitação para o exercício financeiro de 2007 foi composta somente por servidores comissionados, nos termos da Portaria n°. 023/2007, o que infringe a regra disposta no caput do artigo 51 da Lei de Licitações;

• A Portaria n°. 008/2008, relativa à CPL para o exercício financeiro de 2008, nomeia somente servidores comissionados, o que infringe a regra disposta no caput do artigo 51 da Lei de Licitações;

• Não foi apresentada à Comissão de Fiscalização desta TCM/CE a Portaria n°. 009/2008.

A par disso, a Inspetoria de Controle Externo informou que, "embora não tenha ocorrido a recondução de todos os membros das Comissões de Licitação nos três exercícios sob exame, percebeu-se nesse período a constância de seus integrantes, posto que a realização das Licitações ficou a cargo de apenas 5 (cinco) pessoas: RODRIGO BRAGA SOUZA, JOSÉ ADAIL DE SOUSA, BRIGIDA DE CASTRO ROCHA, RAIMUNDO RODRIGO VIEIRA L. VIANA e NATÁLIA MOTA TEIXEIRA”.

Os membros das Comissões Permanentes de Licitação prestaram depoimentos ao Dr. Luiz Alcântara Costa Andrade e à Dra. Leilyanne Brandão Feitosa, detalhados pela DIRFI às fls. 08/18 destes autos, os quais levaram a Comissão de Fiscalização do TCM/CE concluir que os membros da CPL "são pessoas despreparadas para a função, sem o conhecimento técnico necessário sobre o assunto, e que ignoram aspectos basilares da Lei das Licitações".

Sobre o assunto, o Sr. José Ribamar Barroso Batista, Prefeito Municipal de Paracuru que nomeou as Comissões de Licitação, fundamentou sua justificativa no o §1° do artigo 51 da Lei de Licitações, dispositivo que transcrevo abaixo:

§12 No caso de convite, a Comissão de licitação, excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em face da exigüidade de pessoal disponível, poderá ser substituída por servidor formalmente designado pela autoridade competente.

2006.PRI.TCE.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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rtN Após analisar as razões de defesa do Sr. José Ribamar

Barroso Batista, o Órgão técnico da DIRFI ratificou as irregularidades, conforme o item 1.0 da Informação Complementar n°. 3858/2012 (fls. 2200/2201), a saber:

Esta Inspetoria aponta que a Portaria n°. 192/2006, continua ausente na data do presente relatório no Sistema SIM. A falta da Portaria n°. 009/2008 nos processos infringe o art. 38, III da Lei n°. 8.666/93 e a não apresentação in loco do documento confere presunção de caráter insanável ao fato.

No que tange ao número de membros do CPL, este Corpo Técnico considera improcedente a argumentação haja vista o porte do Município de Paracuru, que possui um número significativo de servidores efetivos que poderiam atender ao mandamento legal e que CPL realizou outras modalidades licitatórias, fora o Convite que é o citado no §1° do art. 51 supra.

Em consonância com a Inspetoria de Controle Externo, este Relator entende que o aludido dispositivo não autoriza, em absoluto, a nomeação de somente servidores comissionados para comporem a Comissão de Licitação, conforme o exposto abaixo.

A exceção em comento diz respeito somente à modalidade convite e, no caso dos autos, a Comissão Permanente de Licitação foi composta para realizar as licitações do Município em todas as modalidades licitatórias.

Como se pode observar do Relatório de Fiscalização de fls. 02/80, a Comissão de Licitação, contendo somente servidores comissionados, presidiu diversas Tomadas de Preços, razão pela qual deve ser afastada a aplicação da hipótese prevista no §1° artigo 51 da Lei n°. 8.666/93.

A par disso, o dispositivo transcrito prevê a substituição da CPL por um único servidor formalmente designado pela autoridade competente, o que não foi o caso dos autos, em que não há a nomeação de um único servidor, mas sim de diversos membros para comporem as respectivas Comissões de Licitação.

Ante o exposto, as irregularidades apontadas pela DIRFI não foram descaracterizadas, motivo pelo qual aplico multa ao Sr. José Ribamar Barroso Batista, ex-Prefeito Municipal de Paracuru, autoridade que nomeou as Comissões de Licitação, no valor total de R$ 1.064,10 (um mil e sessenta e quatro reais e dez centavos), com fundamento no art.56, inciso II, da Lei 12.160/93, e no art.154, inciso II, do Regimento Interno deste Tribunal de Contas.

2006.PRU.TCE.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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III ) ‘ \,---'

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GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA

Fls.

2.2. - Da análise das despesas. Fraude às licitações. Conluio entre os licitantes. Item 5.0 da Informação Inicial n°. 13717/2010 de fls. 02/80, item 2.0 da Informação Complementar n°. 3858/2012 de fls. 2200/2253 e item 2.0 da Informação Complementar Aditiva n°. 5805/2014 de fls. 2314/2319 dos autos (multa de R$ 79.807.50, reconhecimento, em tese, da prática de ato de improbidade administrativa e de crime previsto no art. 90 da Lei de Licitações)

No que concerne às despesas realizadas pelo Município de Paracuru nos exercícios financeiros de 2006, 2007 e 2008, a Comissão de Fiscalização deste Tribunal de Contas realizou o exame, com base em uma seleção amostrai, de licitações e contratos relacionados a obras e serviços de engenharia, inclusive serviços de limpeza pública.

Conforme consignado pela Inspetoria de Controle Externo, os aspectos analisados pertinentes às licitações compreenderam a formalização e composição do procedimento público, licitude. competitividade, regularidade, capacidade técnica e composição das empresas licitantes, em confronto com as normas que regem a matéria.

A Comissão de Inspeção desta Corte de Contas se dirigiu aos locais onde se realizavam as licitações para verificar os documentos correspondentes, bem como inquirir os Membros das Comissões de Licitações e outros integrantes do quadro de pessoal do município.

É importante ressaltar que a seleção das licitações examinadas envolveu as empresas investigadas pela OPERAÇÃO PROVINCIA deflagrada pelo Ministério Público do Estado do Ceará em conjunto com a Polícia Federal e Receita Federal, quais sejam:

• DARUMA CONSTRUÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA;

• PRÁTIKA INCORPORAÇÕES LTDA;

• FALCON CONSTRUTORA E SERVIÇOS LTDA; e

• ÊXITO CONSTRUÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA.

Registre-se que a Prefeitura Municipal de Paracuru não efetuou despesas em favor da empresa MASTER ASSESSORIA E

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ENGENHARIA LTDA, que também integra o rol das empresas investigadas pela OPERAÇÃO PROVÍNCIA.

Nesse contexto, a Inspetoria de Controle Externo informou o que segue, concernente às licitações (item 5.0 da Informação Inicial n°. 1 371 7/201 0 de fls. 02/80):

I. TOMADA DE PREÇOS N°. 2006.06.07.1 - TIPO: MENOR PREÇO

Objeto: Contratação de serviços de engenharia para construção de uma escola modelo, no Bairro Conj. Nova Esperança.

Data de emissão: 07/06/06. Data de abertura: 28/06/06 - 15h. Autuação: 07/06/06. Certidão de divulgação da Tomada de Preços: 07/06/06. Termo de Homlogação/Adjudicação: 29/06/06 (assinado

pela Secretária de Educação, Sra. Antônia Xavier Moreira). Licitante vencedor: ÊXITO CONSTRUÇÕES E

EMPREENDIMENTOS. Valor: R$ 185.784,78 (cento e oitenta e cinco mil,

setecentos e oitenta e quatro reais e setenta e oito centavos). Contrato Assinado em 29/06/06 pela Secretária de

Educação. Ordem de Serviço de 29106/06 assinada pela Secretária

de Educação. CPL (Comissão Permanente de Licitação): Rodrigo Braga

Sousa (Presidente), Brígida de Castro Rocha (Secretário), Wando de Oliveira Pires (Membro) e José Adail de Souza (Suplente).

A Inspetoria de Controle Externo apontou as seguintes irregularidades, relativas ao aludido processo Iicitatório:

a) Conforme os dados do SIM, a data de abertura do certame ocorreu em 29/06/2006 às 15h, divergindo do que consta na Licitação: 28/06/06 - 15h;

b) Foram omitidas as indicações do vencedor do certame no SIM;

c) Na declaração de disponibilidade financeira é citado que os recursos para pagamento são oriundos do FNDE, igualmente ao que é

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descrito no edital. Todavia, no empenho consta 'recursos exclusivos do Fundef — 40%' e na minuta do contrato, anexa ao edital, consta 'recursos oriundos do erário municipal';

d) o Parecer da Assessoria Jurídica (fl. 07 — 07/06/06) opina pela publicação do certame, indicando que foi verificada "...a documentação acostada aos autos (...) minutas do edital e anexos...". Todavia, pela cronologia das peças do processo administrativo pode-se perceber claramente que nenhum desses documentos foi encaminhado ao Sr. Pedro Eudes Pinto — Assessor Jurídico. A folha 12 consta documento de idêntico teor, de 07/06/06, para o qual se registra a mesma irregularidade. Desta forma, questiona-se como o emitente desse Parecer tomou conhecimento do conteúdo das peças a ponto de atestar a sua regularidade, visto as diversas falhas constantes nessa licitação;

e) A publicação no Diário Oficial do Estado (fl. 8 — B), datada de 08/06/06 está anexada fora da ordem cronológica dos fatos, antes de documentos datados de 07/06/06. Outro aspecto a relatar diz respeito à indicação '8-B', que sugere anexação posterior da peça em comento;

f) Não consta nos autos a publicação em jornal de grande circulação, contrariando a Lei das Licitações, art. 21;

g) O Edital indica a existência de três anexos: I —Modelo de carta proposta, II — Planilha de quantitativos e modelo de planilha de preços, e III — Minuta do contrato, mas o que consta de fato nesses autos, é: I — Modelo de carta proposta e 1 — Minuta do contrato (número 1 novamente). Outros documentos anexos ao edital e que contém especificações de preços, quantitativos, cronograma físico-financeiro, memória de cálculo e memorial descritivo datam de OUTUBRO DE 2005 (fls. 28/44). A omissão e irregularidades ferem os artigos 38 e 40 da Lei das Licitações;

h) O item 6.8 do edital determina que 'os documentos serão examinados e rubricados por 2 (dois) representantes entre os presentes', o que descumpre a Lei das Licitações e Contratos, art. 43 § 20;

i) O item 10.1 do edital determina que os serviços devam ser executados e concluídos dentro do prazo de 150 (cento e cinquenta) dias e, em caso de prorrogação, deve existir um relatório circunstanciado. Porém, a minuta do contrato estabelece na cláusula 53 que o prazo contratual é de 4 (quatro) meses, ou seja, cerca de 120 (cento e vinte) dias. Neste caso, o contrato expira-se antes mesmo da execução dos serviços, maculando o

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'‘O

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cp3-fingr,4

Fls.

artigo 54, § 1°, da Lei das Licitações, em desrespeito ao Princípio da Vinculação Editalícia;

j) O documento que comprova a remessa do Processo à Assessoria Jurídica para emissão de Parecer, e o correspondente Parecer (fls. 197/198), datam de 28/06/06, mas os documentos anteriores a estes apresentam a data de 29/06/06, reiterando falha quanto à cronologia das peças sob exame. Deve-se recordar que este fato foi verificado, também, na manifestação da Assessoria Jurídica sobre a minuta do edital;

k) O contrato assinado (fls. 203/206) não guarda conformidade com a minuta anexa à peça editalícia. E ainda, a cláusula 7a prescreve que o prazo contratual é de 4(quatro) meses e que os serviços deverão ser executados e concluídos dentro de 90 (noventa) dias. Todavia, o edital determinara 150 dias (item 10.1). Reitera-se, neste ensejo, o descumprimento ao Princípio da Vinculação Editalícia;

I) Com relação aos documentos de habilitação dos licitantes, constatou-se o que segue:

LICITANTE OBSERVAÇÕES

Êxito Construções e Empreendimentos

(vencedor)

Todos os documentos foram autenticados no Cartório do 2° Ofício da cidade de Icó-Ce, em 23/06/06.

A testemunha do 7° Aditivo é a Sra. Andreza de Abreu Sampaio, sócia da DARUMA.

A testemunha do 5° aditivo da Construtora Leandro dos Santos, Sra. Célia Maria Ribeiro de Lima (fl. 150) tem o mesmo sobrenome da

testemunha do 5° aditivo da ÊXITO, Sr. Luiz Ribeiro de Lima (fl. 88).

Hidromax Ltda.

Todos os documentos foram autenticados no Cartório do 2° Ofício da cidade de Icó-Ce, em 26/06/06.

A testemunha do 5° aditivo ao contrato social, e consolidação do contrato social, Thiago Fernandes Mendes, é a mesma testemunha

do 9° aditivo da empresa PROSERVES (fl. 123)

Construtora Leandro dos

Santos Ltda.

Todos os documentos foram autenticados no Cartório Barreira na cidade de Barreira-Ce em 26/06/06.

A testemunha do 5° aditivo, Sra. Célia Maria Ribeiro de Lima (fl. 150) tem o mesmo sobrenome da testemunha do 5° aditivo da ÊXITO, Sr.

Luiz Ribeiro de Lima (fl. 88).

Proserves Serviços, Comércio

e Representações Ltda.

Todos os documentos foram autenticados no Cartório Barreira na cidade de Barreira-Ce em 26/06/06.

O Engenheiro da empresa é o Sr. Francisco Morais e Silva Filho, também engenheiro da empresa DARUMA.

As testemunhas do 7° aditivo, Srs. João Bosco Félix (que também é Contador desta empresa) e Francisco Ricardo Félix, têm idêntico

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sobrenome do Contador da ÊXITO, Sr. José Nilson Félix.

Com relação aos pagamentos, a Inspetoria de Controle Externo observou que, a despeito do contrato ter sido assinado em 29/06/06, no dia seguinte, ou seja, em 30/06/06, foram pagos R$ 8.000,00 (oito mil reais) a empresa vencedora.

Segundo o cronograma físico-financeiro a 1' fase da obra se findaria após 30 (trinta) dias de seu início. E ainda, conforme o edital e contrato o pagamento somente poderia ocorrer mediante a apresentação, conferência e atesto de execução de serviços. Portanto, esse pagamento foi irregular e beneficiou a contratada.

A quitação do restante do valor contratado ocorreu em 2006 (R$ 95.000,00) e 2007 (R$ 82.784,78).

Após analisar as razões de defesa dos Responsáveis, a Inspetoria de Controle Externo considerou esclarecidos somente os fatos mencionados nas alíneas "h" e "i", ratificando as demais irregularidades apontadas, conforme o item 1 da Informação Complementar n°. 3858/2012 de fls. 2200/2253 dos autos.

II. CONVITE N.° 2006.11.28.1 — TIPO: MENOR PREÇO

Objeto: Contratação de serviços de engenharia para a construção de um posto de saúde no Conjunto_Nova Esperança.

Data de emissão: 28/11/06. Data de abertura: 08/12/06 - 10h Autuação: 20/11/06. Certidão de divulgação do Convite: 28/11/06. Protocolo de entrega das cartas-convite aos convidados:

28/11/06. Termo de Homologação/Adjudicação: 13/12/06 (assinado

pela Secretária de Saúde, Sra. Welna Maria Barroso Saraiva). Licitante vencedor: DARUMA CONSTRUÇÕES E

EMPREENDIMENTOS LTDA. Valor: R$ 133.542,38 (cento e trinta e três mil, quinhentos e

quarenta e dois reais e trinta e oito centavos). Contrato Assinado em 13/12/06 pela Secretária de Saúde. Ordem de Serviço de 13/12/06 assinada pela Secretária de

Saúde.

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CPL (Comissão Permanente de Licitação): Rodrigo Braga Sousa (Presidente), José Adail de Souza (Secretário), Brígida de Castro Rocha (Membro) e Wando de Oliveira Pires (Suplente).

A Inspetoria de Controle Externo apontou as seguintes irregularidades, relativas ao aludido processo licitatório:

a) Conforme os dados do SIM a data de abertura do certame foi 13/12/2006 às 10h divergindo do que consta na Licitação: 08/12/06 — 10h.

b) o Parecer da Assessoria Jurídica (fl. 07 — 07/06/06) opina pela publicação do certame, indicando que foi verificada a documentação acostada aos autos , no entanto, pela cronologia das peças do processo administrativo pode-se perceber claramente que nenhum desses documentos foi encaminhado ao Sr. Pedro Eudes Pinto — Assessor Jurídico. Reforçam-se neste quesito os questionamentos formulados na análise do item 1 deste tópico, acerca do Parecer Jurídico.

c) - o item 8.4 do edital determina que caberá á Prefeitura Municipal o direito de promover acréscimos ou supressões nas obras ou serviços, 'até o limite correspondente a 50% do valor inicial do contrato ‘, o que contrapõe-se à Lei n.° 8666/93 artigo 65,

d) - a partir da folha 25 do processo administrativo verifica-se a existência de folhas que vão do número 25-A até 25-N, indicando possivelmente a anexação posterior de documentos.

e) - O Edital indica a existência de dois anexos: I —Projetos Básico e Executivo, Cronograma Fisico-Financeiro e Plantas e II —Minuta do contrato, mas o que se constata de fato nesses autos é que a minuta do contrato e planilha orçamentária, plantas e cronograma não indicam os correspondentes números citados como anexos ao edital. Este aspecto fere os artigos 38 e 40 da Lei das Licitações.

f) - As propostas das empresas CONST. LEANDRO DOS SANTOS e ÊXITO apresentam o mesmo erro de grafia "CONJUNRO NOVA ESPERANÇA", às folhas 47/50 e 51/54, mostrando fortes evidências de que procedem da mesma origem, isto é,_salvo melhor juízo, foram elaboradas a partir da mesma base, modelo, ou até pela mesma pessoa. (destaquei)

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OBSERVAÇÕES LICITANTE

Todos os documentos foram autenticados no Cartório Juá em 06/12/06.

Todos os documentos foram autenticados no Cartório Juá em 05/12/06.

No CRC a empresa se localiza à R. Clóvis Matos, 80, Praia do Futuro, enquanto na Certidão de Regularidade do FGTS consta Av.

Heráclito Graça, 144, sala 34. A testemunha do 7° Aditivo é a Sra. Andreza de Abreu Sampaio,

sócia da DARUMA. A testemunha do 5° aditivo da Construtora Leandro dos Santos, Sra.

Célia Maria Ribeiro de Lima (fl. 150) tem o mesmo sobrenome da

Daruma Construções e Empreendimentos Ltda

(vencedor)

Êxito Construções e Empreendimentos

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g) - As três propostas apresentadas para o certame (fls. 47/58) têm a mesma formatação de texto, citando-se como exemplo a especificação dos serviços que se encontra no formato de texto centralizado. Este aspecto consolida os indícios de que os documentos tiveram a mesma origem.

h) - Nas propostas de preços não constam prazo de validade das propostas e de execução da obra/serviços, opondo-se à exigência do item 4.2.1 do edital. Logo, as propostas deveriam ter sido desclassificadas conforme prevê o artigo 43 inciso IV da Lei n.° 8666/93.

i) - A ata (fls. 61/62) informa que a Portaria de nomeação da CPL é a de número 192/2006 de 03/04/06, mas a Portaria que se encontra anexa é n.° 001/2006 de 02/01/06 (fl. 10).

j) O relatório de julgamento (fl. 64) datado de 13/12/06 encontra-se anexado antes do termo de julgamento, emitido em 12/12/06 (fl. 65).

k) Vários documentos e atos relacionados ao certame ocorreram no dia 13/12/06, mostrando esforço da Administração Municipal em finalizar o certame. Eis os fatos: relatório de julgamento, comunicação ao ordenador de despesas para homologação do certame, comunicação á Assessoria Jurídica para Parecer, Parecer da Assessoria Jurídica, Homologação e Adjudicação, Certidão de afixação da homologação, termo de convocação, contrato, ordem de serviço e certidão de publicação do extrato do contrato.

I) Com relação aos documentos de habilitação dos licitantes, constatou-se o que segue:

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111 ESTADO DO CEARÁ

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testemunha do 5° aditivo da ÊXITO, Sr. Luiz Ribeiro de Lima (fl. 88) Todos os documentos foram autenticados no Cartório Juá em

01/12/06.

Construtora Leandro dos

No CRC a empresa se localiza na Av. Bezerra de Menezes 2216, sala 01, enquanto na Certidão de Regularidade do FGTS consta R.

Santos Ltda. Floriano Peixoto 187, sala 601. A testemunha do 5° aditivo, Sra. Célia Maria Ribeiro de Lima (fl. 150),

tem o mesmo sobrenome da testemunha do 5° aditivo da ÊXITO, Sr. Luiz Ribeiro de Lima (fl. 88).

Com relação aos pagamentos, a Inspetoria de Controle Externo observou que, a despeito do contrato ter sido assinado em 13/12/2006, na data de 22/12/06 foram pagos R$ 56.000,00 (cinquenta e seis mil reais) correspondentes a 41,93% do valor total do contrato.

Este pagamento deu-se a apenas 9 (nove) dias da assinatura do termo, sem sequer ter sido alcançada a 1 a fase da obra que, segundo o cronograma físico-financeiro (fl. 29), se findaria em 30 (trinta) dias após seu início.

Diante do exposto, esse pagamento foi irregular e beneficiou a contratada, pois, segundo o edital e contrato o pagamento somente poderia ocorrer mediante a apresentação, conferência e atesto de execução de serviços.

Os demais pagamentos do valor contratado foram efetuados em 2007 (R$ 77.542,38).

Após analisar as razões de defesa dos Responsáveis, a Inspetoria de Controle Externo ratificou todas as irregularidades supramencionadas, conforme o item 2 da Informação Complementar n°. 3858/2012 de fls. 2200/2253 dos autos.

III. TOMADA DE PREÇOS N.° 2006.12.14.1 — TIPO MENOR PREÇO

Objeto: Contratação de serviços de engenharia para construção de kit sanitário tipo 8.

Data de emissão: 14/12/06. Data de abertura: 10/01/07 - 10h. Autuação: 01/12/06. Certidão de divulgação da Tomada de Preços: 14/12/06.

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Termo de Homologação/Adjudicação: 19/01/07, assinado pelo Prefeito Municipal, Sr. José Ribamar Barroso Batista.

Licitante Vencedor: DARUMA CONSTRUÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA

Valor: 211.252,02 (duzentos e onze mil, duzentos e cinquenta e dois reais e dois centavos).

Contrato Assinado em 19/01/07 pelo Prefeito Municipal. Ausência de Ordem de Serviço CPL nomeada para o exercício de 2006: Rodrigo Braga

Sousa (Presidente), José Adail de Souza (Secretário), Brígida de Castro Rocha (Membro) e Wando de Oliveira Pires (Suplente).

CPL nomeada para o exercício de 2007: José Adail de Souza (Presidente), Raimundo Rodrigo Vieira Lima Viana (Membro), Natália Mota Teixeira (Membro) e Brígida de Castro Rocha (Suplente).

A Inspetoria de Controle Externo apontou as seguintes irregularidades, relativas ao aludido processo licitatório:

a) Conforme os dados do SIM a data de abertura do certame foi 19/01/2007 às 10h, divergindo do que consta na Licitação: 10/01/07 — 10h;

b) A modalidade de licitação informada no SIM é Convite, mas de fato trata-se de Tomada de Preços:

c) o Parecer da Assessoria Jurídica (fl. 08 — 14/12/06) opina pela publicação do certame, indicando que foi verificada a documentação acostada aos autos. No entanto, pela seqüência das peças do processo administrativo pode-se perceber claramente que nenhum desses documentos foi encaminhado ao Sr. Pedro Eudes Pinto — Assessor Jurídico;

d) Tendo em vista que o procedimento iniciou-se em 2006 e findou-se apenas em 2007, atuaram nesse certame duas Comissões de Licitação: a CPL nomeada para o exercício de 2006 e a CPL designada para 2007 (vide fls. 14 e 15). Contudo, desde a data de 06/12/2006, o Sr. José Adail de Souza — Presidente da CPL de 2007. nomeado apenas em 04/01/2007, assinou documentos na condição de Presidente. Ressalte-se que o edital foi assinado pelo legitimo Presidente da CPL de 2006, Rodrigo Braga Sousa. Nessa data o Sr. José Adail era apenas o Secretário da Comissão de Licitação. Diante do exposto, salvo melhor juízo, os documentos assinados por José Adail de Souza na condição de Presidente da CPL, em 2006, não têm amparo legal. E

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ainda, à luz do Princípio da Publicidade os atos administrativos somente adquirem validade após regular publicação no Diário Oficial do Município ou veículo de publicidade correspondente. Nesse caso, sequer a Portaria existia;

e) A Portaria de nomeação da CPL para 2007 tem data de 04/01/2007 e está apensada à fl. 15, antes do edital datado de 14/12/2006. Este fato, somado aos demais identificados especialmente neste procedimento administrativo mostram o desprezo com a Lei das Licitações e com os Princípios que regem a Administração Pública, como os da Legalidade, Moralidade e Publicidade;

f) O Edital indica a existência de quatro anexos: I —Modelo de carta proposta, II — Planilha de quantitativos e modelo de planilha de preços, III - Minuta do contrato e IV — Memória de cálculo, mas o que consta de fato nesses autos é: Anexo I — Modelo de carta proposta, III — Minuta do contrato, cronograma físico-financeiro, planilha orçamentária e plantas sem indicação dos correspondentes números citados como anexos ao edital. Este fato descumpre os artigos 38 e 40 da Lei das Licitações;

g) O documento especificações técnicas (fls. 35/37) tem data de 14 de dezembro de 2007, ao passo que a data de abertura do certame fora 10/01/07;

h) As publicações no diário oficial e jornal de grande circulação (fls. 12/13) evidenciam que o horário para aquisição de edital e anexos é de 8 às12h e de 14 às 17h. Porém, o edital faz referência ao horário de 8 às 12h (item 22.3 do edital), tornando-se um impedimento à participação dos interessados que tomaram conhecimento do certame por meio da publicação na imprensa. Este fato também torna clara a falta de acompanhamento e zelo com o Princípio da Publicidade, já que o horário divulgado não correspondeu ao expediente da Prefeitura Municipal;

i) A minuta do contrato, nas cláusulas 5.6 e 5.9 fazem menção à PREFEITURA MUNICIPAL DE TRAIRI, tornando claro o uso de documentos aplicados em outro Município, que apenas foram copiados para a PREFEITURA DE PARACURU. Logo, reafirma-se a falta de zelo com o processo licitatório e os serviços da Administração Pública;

j) Nota-se que vários documentos estão fora da ordem cronológica encerrando, desta forma, dúvidas quanto à legitimidade e à lisura do certame: solicitação para licitar (06/12/06 — fl. 3), solicitação de serviços

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(01/12/06 — fl. 4), disponibilidade de recursos financeiros (01/12/06 — fl. 5) e declaração de disponibilidade orçamentária (06/12/06 — fl. 6);

k) O termo contratual assinado (fl. 171/175) difere da minuta (fls. 27/31) que consta anexa ao edital. Eis as discrepâncias detectadas que feriram o art. 54 §1° da Lei n.° 8666/93;

MINUTA CONTRATO

Duração do contrato — 150 dias (em conformidade com o edital)

12 (doze) meses

Prazo de execução dos serviços — 150 dias (em conformidade com o edital, item 10.1)

6 (seis) meses (cláusula 7.1)

Prorrogação — uma única vez, com motivo justificado e aceito pela Administração

Municipal

Somente consta: 'podendo ser prorrogado nos termos da Lei com relatório circunstanciado'.

O contrato inicial (fls.171/175) foi assinado em 19/01/07 pela representante da empresa DARUMA CONSTRUÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA e o Sr. Jose Ribamar Barroso Batista (Prefeito), pelo valor de R$ 211.252,02, com prazo de vigência de 12(doze) meses. Segundo o termo pactuado, que, conforme exposto acima difere do edital e minuta, os serviços deveriam ser executados e concluídos no prazo de 6 (seis) meses a contar da data de expedição da ordem de serviço (cláusula 7a).

Ocorre, entretanto, que esse termo foi aditivado na forma adiante explicitada, prosseguindo a execução dos serviços desde 2007 até o ano de 2010:

DADOS

Na data de 14/01/08 o Sr. Prefeito sugere o aditamento mencionando 'não se tratar de novo ajuste financeiro', e destacando que os serviços objeto do contrato inicial são imprescindíveis e necessários à Administração. Em 15/01/08 o Assessor Jurídico, Dr. Pedro Eudes Pinto, citando uma minudente análise do aditivo opina no sentido de que se proceda à autorização do procedimento. Na data de 16/01/08 o Sr. Prefeito autoriza o aditamento até o dia 18 de janeiro de 2009, e em 17/01/08, por meio da Portaria n.° 001/2008-CPL determina a prorrogação do prazo de execução do contrato por igual período ( 'mantendo-se as demais cláusulas e condições originais'). Na mesma data é assinado o Aditivo. (peças acostadas após a fl. 177).

Até 11/04/2007 haviam sido pagos R$ 159.388,01 (cento e cinqüenta e nove mil, trezentos e oitenta e oito reais e um centavo) correspondentes a 75,45% dos serviços. No ano de 2008 não houve qualquer pagamento à empresa relacionado a esses serviços.

2006.PR1 .TCE.06450/1 I VOTO (CCRF - AGO/15)

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Na data de 12/01/09 a Sra. Prefeita, Érica de Figueiredo Der Hovannessian sugere o aditamento mencionando 'não se tratar de novo ajuste financeiro', e relatando que os serviços objeto do contrato inicial são imprescindíveis e necessários à Administração. Em 13/01/09 o Assessor Juridico, Dr. Raul Loiola de Alencar Filho, emite Parecer indicando uma minudente análise do aditivo e opina no sentido de que se proceda à autorização do procedimento. Na data de 16/01/09 a Sra. Prefeita autoriza o aditamento até 18 de janeiro de 2010, e em 17/01/09, por meio da Portaria n.° 001/2009-CPL determina a prorrogação do prazo de execução do contrato por igual período 'mantendo-se as demais cláusulas e condições originais'. Na mesma data é assinado o Aditivo. (peças acostadas após a fl. 177).

Até 31/07/2009 foi paga a totalidade da contratação

Importa ressaltar que apesar deste relatório abranger os exercícios de 2006 a 2008 não se pode deixar de comentar que o aditivo firmado no ano de 2009, na data de 17/01/2009, foi assinado num sábado, levando a questionar essa data, visto que não há expediente em repartições públicas na área que trata dos assuntos sob exame, isto é, na área administrativa.

Outro ponto a indicar é que conforme os dados do SIM -Relatório de diárias (folha 1 em anexo) nos dias 12 e 13 de janeiro a Sra. Prefeita encontrava-se na cidade de Fortaleza para 'tratar de assuntos de interesse da municipalidade junto a órgãos públicos federais e estaduais'. Logo, não poderia assinar os documentos sob exame.

1) Com relação aos documentos de habilitação dos licitantes, constatou-se o que segue:

LICITANTE OBSERVAÇÕES

Documentos autenticados no Cartório Juá, na data de 09/01/07. Darum a Construções O reconhecimento das firmas da sócia da DARUMA, Andreza de

e Abreu Sampaio, e de Fco. Morais e Silva Filho, engenheiro Empreendimentos contratado, no contrato de prestação de serviços deu-se no Cartório Ltda (vencedor) da cidade de Barreira-Ce, embora o termo tenha sido firmado em

Fortaleza-Ce (fls. 120/121). Documentos autenticados em Cartório da cidade de Pacajus-Ce, no

distrito de Itaipaba, em 06/12/06. Projecon Projetos e As certidões do CREA-Ce (fls. 70 e 72) dos engenheiros ad a Construções Ltda empresa têm validade até 31/12/2006. No entanto, à fl. 67 consta

Portaria n.° 0075/2006-PRES do Crea-Ce prorrogando a validade até 12/01/2007.

2006.PRU.TCE.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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O pagamento pela contratação desses serviços ocorreu em 2007 (R$ 159.388,01) e 2009 (R$ 51.864,01).

Após analisar as razões de defesa dos Responsáveis, a Inspetoria de Controle Externo considerou esclarecido somente o fato mencionado na alínea "h", ratificando as demais irregularidades apontadas, conforme o item 3 da Informação Complementar n°. 3858/2012 de fls. 2200/2253 dos autos.

IV. TOMADA DE PREÇOS N°. 2007.01.18.1 - TIPO MENOR PREÇO

Objeto: Contratação de serviços de engenharia para construção do sistema de abastecimento de água no distrito de Jardim e na localidade do Jardim do Meio, no Município de Paracuru.

Data de emissão: 18/01/07. Data de abertura: 09/02/07 - 10h. Autuação: 12/01/07. Certidão de divulgação da Tomada de Preços: 18/01/07. Termo de Homologação/Adjudicação: 22/02/07 (assinado

pelo Prefeito Municipal, Sr. José Ribamar Barroso Batista). Licitante Vencedor: DARUMA CONSTRUÇÕES E

EMPREENDIMENTOS LTDA. Valor: 262.609,27 (duzentos e sessenta e dois mil,

seiscentos e nove reais e vinte e sete centavos). Contrato Assinado em 22/02/07 pelo Prefeito Municipal. Ordem de Serviço de 22/02/07 assinada pelo Prefeito

Municipal. CPL (Comissão Permanente de Licitação): José Adail de

Souza (Presidente), Raimundo Rodrigo Vieira Lima Viana (Membro), Natália Mota Teixeira (Membro) e Brígida de Castro Rocha (Suplente).

A Inspetoria de Controle Externo apontou as seguintes irregularidades, relativas ao aludido processo licitatório:

a) Conforme os dados do SIM o certame realizou-se no dia 22/02/2007 às 10h, divergindo do que consta na Licitação: 09/02/2007 —10h;

b) Com relação ao Parecer da Assessoria Jurídica (fls. 8 e 9 — 18/01/2007), assinado pelo Dr. Pedro Eudes Pinto, apresentam-se os mesmos aspectos apontados ao longo deste relatório, posto que não há, nos

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autos, comprovação de que os documentos tenham sido enviados para análise por parte da .Assessoria Jurídica;

c) Várias peças deste Processo apresentam-se anexadas em sequência, mas fora da ordem cronológica. Este aspecto permite inferir que referidos documentos foram acostados em fase posterior do certame;

DOCUMENTO FLS. DATA

Autuação 02 12/01/07

Solicitação da Secretária de Infraestrutura (Ana Paula de Souza Azevedo) para a Presidência da CPL licitar

03 17101/07

Solicitação de serviços da Secretária (Ana Paula de Souza Azevedo) à Presidência da CPL

04 12/01/07

Disponibilidade de Recursos Financeiros — LRF 05 12/01/07

Declaração de Disponibilidade Orçamentária 06 17/01/07

Memorando do Presidente da CPL (José Adail de Souza) ao ordenador de despesas

07 15/01/07

Parecer da Assessoria Jurídica 08/09 18/01/07

Aviso de Licitação 10 18/01/07

Certidão de Afixação para publicação 11 18/01/07

Publicação no Diário Oficial do Estado e jornal de grande circulação

12/13 19/01/07

Edital 15/26 18/01/07

d) A cláusula terceira da minuta do contrato (fls. 68/72) cita o Município de TRAIRI, embora a licitação esteja sendo realizada pela Administração Municipal de PARACURU;

e) Com relação aos documentos de habilitação dos licitantes, constatou-se o que segue;

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Fls.

LICITANTE OBSERVAÇÕES

Daruma Construções e

Empreendimentos Ltda (vencedor)

Documentos autenticados no Cartório Juá na cidade de Irauçuba-Ce, em 06/02/2007.

ECB Engenharia Comércio

Bezerra Ltda

Documentos autenticados no Cartório da cidade de Acopiara-Ce, em 08/02/07.

JPL Construções Ltda Documentos autenticados no Cartório Martins em Fortaleza-Ce, em 23/11/06.

RPC Engenharia Ltda Documentos autenticados no Cartório da cidade de

Acopiara-Ce, em 06/02/07.

A semelhança entre as empresas ECB Engenharia Comércio Bezerra Ltda e RPC Engenharia vai além do fato de as autenticações em seus documentos terem se dado no mesmo Cartório, na cidade de Acopiara-Ce, pois as propostas de preços, respectivamente acostadas às fls. 272/297 e 312/331, evidenciam similaridades como: o mesmo tipo de letra, o mesmo texto no documento de capa de apresentação da proposta, a formatação da data no canto inferior direito, o valor da proposta em negrito, o espaçamento entre parágrafos e até a utilização de traço (-) e ponto e vírgula (;) nas expressões:

"- TP .°; 2007.01.18.1" "- TIPO: Menor preço global;" "- Data da Licitação: 09/02/2007" "- OBJETO: ( )" "- O valor da proposta é de (....)"

"- Validade da proposta: 60 (sessenta) dias:"

Os fatos em exposição são bastantes para concluir que não houve sigilo entre as propostas desses licitantes, o que, somado aos demais fatos que permearam o certame, leva a questionar a legalidade e regularidade da Licitação.

Faz-se mister informar que o contrato pactuado com a empresa DARUMA em 22/02/07 fora aditivado em 01/10/08, acrescendo-se ao valor inicial o percentual de 15,38%, correspondente a R$ 40.382,40 (quarenta mil, trezentos e oitenta e dois reais e quarenta centavos), totalizando pelos serviços a quantia de R$ 302.991,67 (trezentos e dois mil, novecentos e noventa e um reais e sessenta e sete centavos).

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Com relação ao aditivo assinado em 01/10/2008, vale questionar o fato de até a data de sua assinatura, 20 (vinte) meses depois do termo inicial, os serviços não terem sido concluídos, embora o contrato estabelecesse um prazo de execução e conclusão de 6 (seis) meses a contar da data de expedição da ordem de serviços (ti. 350 — 22/02/2007). Pelo que se constatou, salvo melhor juízo, nesse caso a Administração Municipal permaneceu omissa.

Por fim, informa-se que os pagamentos referentes a essa contratação foram efetuados nos exercícios de 2007 (R$ 255.000,00), 2008 (R-$7.609,27) e 2009 (R$ 40.382,40).

Após analisar as razões de defesa dos Responsáveis, a Inspetoria de Controle Externo ratificou todas as irregularidades supramencionadas, conforme o item 4 da Informação Complementar n°. 3858/2012 de fls. 2200/2253 dos autos.

V. CONVITE N.° 2007.03.12.1 - TIPO: MENOR PREÇO Objeto: Contratação de Serviços de engenharia para

construção de vestiários na quadra de esporte em Flexeiras (Gengibre). Data de emissão: 12/03/07. Data de abertura: 20/03/07 — 10h. Autuação: 01/03/07 Certidão de divulgação do Convite: 12/03/07. Protocolo de entrega das cartas-convite aos convidados:

12/03/07. Termo de Homologação/Adjudicação: 28/03/07, assinado

pelo Prefeito Municipal, Sr. José Ribamar Barroso Batista. Licitante Vencedor: DARUMA CONSTRUÇÕES E

EMPREENDIMENTOS LTDA. Valor: R$ 29.134,64 (vinte e nove mil, cento e trinta e

quatro reais e sessenta e quatro centavos). Contrato Assinado em 28/03/07 pelo Prefeito Municipal. Ordem de Serviço de 28/03/07 assinada pelo Prefeito

Municipal. CPL (Comissão Permanente de Licitação): José Adail de

Souza (Presidente), Raimundo Rodrigo Vieira Lima Viana (Membro), Natália Mota Teixeira (Membro) e Brígida de Castro Rocha (Suplente).

A Inspetoria de Controle Externo apontou as seguintes irregularidades, relativas ao aludido processo licitatório:

2006.PRI. I CE.06.150/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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a) Conforme os dados do SIM a data de abertura do certame foi 28/03/2007 às 10h, divergindo do que consta na Licitação: 20/03/2007 — 10h.

b) O Parecer da Assessoria Jurídica (fl. 07 — 12/03/07) opina pela publicação do certame, indicando que foi verificada a documentação acostada aos autos. No entanto, pela cronologia das peças do processo administrativo pode-se perceber claramente que nenhum desses documentos foi encaminhado ao Sr. Pedro Eudes Pinto — Assessor Jurídico.

c) À folha 10 consta um Parecer emitido pelo mesmo Assessor Jurídico constando que não foram vislumbradas máculas no procedimento, posto que as exigências foram cumpridas. Acerca deste documento reitera-se que, consoante os autos, nem o edital ou a minuta ou quaisquer documentos foram remetidos àquela assessoria.

d) O item 6.2 do edital estabelece que a adjudicação e homologação são da competência do Secretário Municipal de Juventude e Desporto, contudo o Sr. Prefeito Municipal homologou e adjudicou o certame (fl. 82).

e) O Edital indica a existência de dois anexos: I —Projetos Básico e Executivo, Cronograma Físico-Financeiro e Plantas e II —Minuta do contrato, mas o que consta nesses autos são: orçamento básico, cronograma físico-financeiro, memória de cálculo, plantas e minuta de contrato sem os correspondentes números citados na peça editalícia. Reforça-se, neste tópico, que nem o edital, tampouco o processo administrativo se compôs das peças essenciais na forma da Lei n.° 8666/93 artigos 38 e 40.

f) Com relação aos documentos de habilitação dos licitantes, constatou-se o que segue:

LICITANTE OBSERVAÇÕES

Daruma Construções e

Empreendimentos Ltda (vencedor)

Todos os documentos apresentados foram autenticados no Cartório da cidade de Icó-Ce na data de 20/03/2007, mesma data do certame.

Considerando que os cartórios iniciam seus serviços apenas às 8h da manhã, e que a licitação ocorreu às 10h de 20/03/2007 na cidade de Paracuru, indaga-se como foram percorridos 442,6 km entre Icó

(cidade onde foi feita a autenticação dos documentos da DARUMA) e Paracuru, num período de menos de duas horas.

Note-se que seria necessário percorrer 221,3 quilômetros em menos de duas horas para que o licitante, e vencedor, chegasse a tempo de

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participar do certame. A distância acima citada consta no sítio do Departamento de

Edificações e Rodovias do Estado do Ceará — DER, na rede mundial de computadores (documento em anexo).

Todos os documentos apresentados foram autenticados no Cartório

Realização da cidade de Eusébio-Ce na data de 20/03/2007 — mesma data do

Construções e certame. Embora a distância entre Paracuru e Eusébio, em tese,

Serviços Ltda permita que o trajeto seja feito em menos de duas horas, deve-se destacar que os documentos foram autenticados apenas na data do

certame. Todos os documentos apresentados foram autenticados no Cartório Morais Correia na cidade de Fortaleza-Ce, na data de 20/0312007 —

Construtora Leandro mesma data do certame. dos Santos Igualmente ao que se frisou acima, embora a distância entre

Ltda. Paracuru e Fortaleza, em tese, permita que o trajeto seja feito em menos de duas horas, deve-se destacar que os documentos foram

autenticados apenas na data do certame.

Examinando os pagamentos efetuados, a Inspetoria de Controle Externo observou que a obra foi paga em sua totalidade na data de 02/07/2007.

Após analisar as razões de defesa dos Responsáveis, a Inspetoria de Controle Externo considerou esclarecido somente o fato mencionado na alínea "d", ratificando as demais irregularidades apontadas, conforme o item 5 da Informação Complementar n°. 3858/2012 de fls. 2200/2253 dos autos.

VI. CONVITE N.° 2007.03.16.1 - TIPO: MENOR PREÇO Objeto: Contratação de serviços de engenharia para

construção de pavimentação em pedra tosca com extensão de 6.692,50 m2 nas-Ruas Hermano Meireles, Miguel Lucas Loteamento Novo Paracuru, Rua N. Senhora dos Remédios Bairro Vila São José.

Data de emissão: 16/03/2007. Data de abertura: 28/03/07 - 10h. Autuação: 12/03/07. Certidão de divulgação do Convite: 16/03/07. Protocolo de entrega das cartas-convite aos convidados:

16/03/07 Termo de Homologação/Adjudicação: 03/04/07, assinado

pelo Prefeito Municipal, Sr. José Ribamar Barroso Batista. Licitante vencedor: FALCON CONSTRUTORA E

SERVIÇOS LTDA.

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19; ESTADO DO CEARÁ

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g rir Fls.

Valor: R$ 135.033,27 (cento e trinta e cinco mil e trinta e três reais e vinte e sete centavos).

Contrato Assinado em 03/04/07 pelo Prefeito Municipal. Ordem de Serviço de 03/04/07 assinada pelo Prefeito

Municipal. CPL (Comissão Permanente de Licitação): José Adail de

Souza (Presidente), Raimundo Rodrigo Vieira Lima Viana (Membro), Natália Mota Teixeira (Membro) e Brígida de Castro Rocha (Suplente).

A Inspetoria de Controle Externo apontou as seguintes irregularidades, relativas ao aludido processo licitatório:

a) Conforme os dados do SIM a data de abertura do certame foi 03/04/2007 às 10h, divergindo do que consta na Licitação: 28/03/2007 — 10h;

b) O Parecer da Assessoria Jurídica (fls. 8 e 9 —16/03/07) apresenta os mesmos pontos destacados no presente relatório, em processos antes analisados, posto que embora não haja provas nos autos de que as peças foram encaminhadas para sua análise, no Parecer consta que tais documentos foram verificados pelo Assessor Jurídico, Dr. Pedro Eudes Pinto;

c) O Edital indica a existência de dois anexos: I —Projetos Básico e Executivo, Cronograma Físico-Financeiro e Plantas e II —Minuta do contrato, mas o que consta nesses autos são orçamento básico, cronograma, memória de cálculo, minuta de contrato e plantas, sem a apresentação dos correspondentes números citados na peça editalícia. Novamente, destaca-se o descumprimento à Lei das Licitações artigos 38 e 40;

d) O contrato firmado entre a Prefeitura de Paracuru e a vencedora do certame em sua cláusula 7a determina que o prazo contratual é 12(doze) meses com prazo de execução dos serviços de 90 (noventa) dias;

e) Com relação aos documentos de habilitação dos licitantes, constatou-se o que segue:

LICITANTE OBSERVAÇÕES

Daruma Construções e

Empreendimentos Todos os documentos apresentados foram autenticados no Cartório do 1° Ofício de Paramoti-Ce em 26/03/2007.

Ltda

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GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA

Falcon Construtora e Serviços Ltda

(vencedor)

Todos os documentos apresentados foram autenticados no Cartório da cidade de Icó-Ce, na data de 28/03/2007, na mesma data da licitação. Dentre os documentos autenticados em 28/03/07, em Icó-Ce, consta a certidão de regularidade do FGTS obtida às 9h 53min 08s (fl. 47) do dia 28/03/2007 — data do certame. ESTE DOCUMENTO FOI OBTIDO MENOS DE 7 MINUTOS ANTES DA ABERTURA DO CERTAME (10H), SENDO POSTERIORMENTE AUTENTICADO EM ICÓ E LEVADO AO MUNICÍPIO DE PARACURU, DISTANTE 442,6 KM — TODO ESSE PROCEDIMENTO EM MENOS DE CINCO MINUTOS. Diante deste fato não se pode acatar a regularidade desse certame, concebendo-se que a prática de atos dessa espécie atenta contra os Princípios da Administração Pública, o uso de recursos públicos em prol da sociedade, e os órgãos de fiscalização e controle.

Construtora Leandro dos Santos

Ltda.

Todos os documentos apresentados foram autenticados no Cartório Juá na data de 26/03/2007.

Examinando os pagamentos efetuados, a Inspetoria de Controle Externo observou que a obra foi paga em sua totalidade na data de 17/08/2007.

Após analisar as razões de defesa dos Responsáveis, a Inspetoria de Controle Externo considerou esclarecido somente o fato mencionado na alínea "d", ratificando as demais irregularidades apontadas, conforme o item 6 da Informação Complementar n°. 3858/2012 de fls. 2200/2253 dos autos.

VII. CONVITE N°. 2008.06.12.1 — TIPO: MENOR PREÇO Objeto: Contratação de serviços de engenharia para

pavimentação em pedra tosca na Rua Nova — Guajirú — Paracuru. Data de emissão: 12/06/08. Data de abertura: 25/06/08 - 13h. Autuação: 10/06/08. Certidão de divulgação do Convite: 12/06/08. Protocolo de entrega das cartas-convite aos convidados:

12/06/08. Termo de Homologação/Adjudicação: 04/07/08 (assinado

pelo Prefeito, Sr. José Ribamar Barroso Batista. Licitante Vencedor: DARUMA CONSTRUÇÕES E

EMPREENDIMENTOS LTDA.

2006.P R U.TCE.06.150/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOTA

Valor: R$ 107.322,32 (cento e sete mil, trezentos e vinte e dois reais e trinta e dois centavos).

Contrato Assinado em 04/07/08 pelo Prefeito. Ordem de Serviço de 04/07/08 assinada pelo Prefeito. CPL (Comissão Permanente de Licitação): Natália Mota

Teixeira (Presidente), Raimundo Rodrigo Vieira L. Viana (Secretário), Brígida de Castro Rocha (Membro) e José Adail de Souza (Suplente).

A Inspetoria de Controle Externo apontou as seguintes irregularidades, relativas ao aludido processo licitatório:

a) Conforme os dados do SIM a data de abertura do certame foi 04/07/2008 às 13h, divergindo do que consta na Licitação: 25/06/08 — 13h;

b) O Parecer da Assessoria Jurídica (fls. 8 e 9 —12/06/08) apresenta os mesmos pontos destacados no presente relatório, em processos antes analisados, posto que embora não haja provas nos autos de que as peças foram encaminhadas para sua análise, no Parecer consta que tais documentos foram submetidos à análise do Assessor Jurídico, Dr. Pedro Eudes Pinto;

c) O Aviso de Licitação (fl. 10) informa que o horário para obtenção do edital e leitura é de 8 às 12h e de 14 às 17h. contudo o edital traz o horário das 8 às 12h, apenas. Este aspecto foi detectado anteriormente, e conforme já exposto apresenta-se como uma dificuldade àqueles que se interessaram em obter informações e documentos acerca do certame;

d) O Edital indica a existência de dois anexos: 1 —Projetos Básico e Executivo, Cronograma Físico-Financeiro e Plantas e II —Minuta do contrato, no entanto de fato existem os seguintes documentos: minuta do contrato, memória de cálculo, memorial descritivo e especificações técnicas, cronograma físico-financeiro e orçamento básico - todos sem a indicação correspondente aos números citados na peça editalícia. Nesse caso, traz-se à colação o descumprimento aos artigos 38 e 40 da Lei n.° 8666/93, consoante relatado anteriormente;

e) As propostas de preços apresentadas pelos licitantes DARUMA e FORTE CONSTRUÇÕES LTDA (fls. 50 e 53) apresentam o mesmo erro de grafia "Importa o presente (...) oramento....",

2006.PRU.TCE.06-150i1 I VOTO (CCRF - AGO/15)

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ilint, g„ ESTADO DO CEARÁ

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na referência a 'orçamento'. Este fato prova que as propostas foram elaboradas em conjunto.

f) O edital apresenta grave erro na sequência de seus itens, pois após o item 3.4 — Relativa à Qualificação Técnica constam os itens 3.4.1, 3.5, 3.6, 3.2.13, 3.3, 3.4. e 3.5 novamente;

g) Os documentos dos licitantes não estão autenticados por Cartório, nem mesmo pela Comissão de Licitação, em descumprimento às regras estabelecidas no edital itens 3.5 e 5.3 — Dos Procedimentos, assim como ao artigo 43 da Lei n.° 8666/93;

h) Com relação aos documentos de habilitação dos licitantes, constatou-se o que segue:

LICITANTE OBSERVAÇÕES

Daruma Construções e

Empreendimentos Ltda (vencedor)

O Certificado de Registro Cadastral — CRC utilizado para comprovação de atendimento ao edital acerca da qualificação do

participante expirara-se em 21/11/2007 — a licitação ocorreu em 25/06/2008.

Portanto, a empresa não se apresentava apta a participar do certame, exceto se apresentasse toda a documentação exigida no

ato convocatório — o que não o fez, visto que apenas existe a anexação do CRC que se encontrava vencido — inválido (fl. 40).

O engenheiro desta empresa (fl. 43) é o mesmo da empresa ELETROCAMPO (fl. 39)

Eletrocampo – Serviços e

Construções Ltda

Os engenheiros da Eletrocampo são os Srs. Francisco Estênio Saraiva Maia e Francisco Morais e Silva Filho (fl. 39). O Sr.

Francisco Morais e Silva Filho é o mesmo engenheiro da DARUMA (fl. 43).

O CRC dessa empresa indica o telefone da Prefeitura como telefone de contato da mesma (088/33448801)

Forte Construção Ltda O CRC dessa empresa indica o telefone da Prefeitura como telefone

de contato da mesma (088/33448801).

Examinando os pagamentos efetuados, a Inspetoria de Controle Externo observou que estes ocorreram nos anos de 2008 (R$ 100.142,21) e 2009 (R$ 7.180,11).

Após analisar as razões de defesa dos Responsáveis, a Inspetoria de Controle Externo considerou esclarecido somente o fato mencionado na alínea "c", ratificando as demais irregularidades

2006.PRL.TCE.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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apontadas, conforme o item 7 da Informação Complementar n°. 3858/2012 de fls. 2200/2253 dos autos.

VIII. CONVITE N°. 2008.06.13.3 — TIPO: MENOR PREÇO Objeto: Contratação de serviços para pavimentação em

pedra tosca das Ruas 1° de Janeiro (Rua Joana B. de Albuquerque e Rua José Alves Barroso), Ruas S.D.O 2 (Rua 1° de Janeiro e Rua Raimundo Pessoa de Farias), Ruas S.D.O 1 (Rua 1° de Janeiro e Est. 2+12,00), Bairro CCF, Rua Josué Sampaio (Av. Antônio Sales e Est. 12+13,00), Rua Anário de Carvalho (Av. Antônio Sales e Est. 12+13,00) Bairro Maleitas.

Data de emissão: 13/06/08. Data de abertura: 26/06/08 - 10h. Autuação: 06/06/08. Certidão de divulgação do Convite: 13/06/08. Protocolo de entrega das cartas-convite aos convidados:

13/06/08. Termo de Homologação/Adjudicação: 04/07/08, assinado

pelo Prefeito, Sr. José Ribamar Barroso Batista. Licitante Vencedor: PRATIKA INCORPORAÇÕES LTDA. Valor: R$ 140.879,97 (cento e quarenta mil, oitocentos e

setenta e nove reais e noventa e sete centavos). Contrato Assinado em 04/07/08 pelo Prefeito. Ordem de Serviço de 23/12/09 assinada pelo Prefeito CPL (Comissão Permanente de Licitação): Natália Mota

Teixeira (Presidente), Raimundo Rodrigo Vieira L. Viana (Secretário), Brígida de Castro Rocha (Membro) e José Adail de Souza (Suplente).

A Inspetoria de Controle Externo apontou as seguintes irregularidades, relativas ao aludido processo licitatório:

a) Conforme o SIM o certame realizou-se no dia 04/07/08 às 10h, divergindo do que consta na Licitação: 26/06/08 — 10h.

b) O Parecer da Assessoria Jurídica (fls. 8 e 9 —13/06/08) apresenta os mesmos pontos destacados neste relatório, na análise de outros certames. Desta feita, não tendo provas nos autos de envio da documentação para análise por parte da Assessoria Jurídica, questiona-se como se deu a sua apresentação ao Assessor Jurídico, Dr. Pedro Eudes Pinto.

c) O Aviso de Licitação (fl. 10) informa que o horário para obtenção do edital e leitura é de 8 às 12h e de 14 às 17h, contudo o edital

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traz o horário das 8 às 12h, apenas. Este aspecto, detectado e exposto anteriormente, apresenta-se como uma dificuldade àqueles que se interessaram em obter informações e documentos acerca do certame.

d) O Edital indica a existência de dois anexos: I —Projetos Básico e Executivo, Cronograma Físico-Financeiro e Plantas e II —Minuta do contrato, mas de fato existem os seguintes documentos: modelo de proposta de preços (citado como anexo II), minuta do contrato, memória de cálculo, orçamento básico, cronograma físico-financeiro - estes últimos sem a numeração correspondente à citada no edital. Nesse caso, traz-se à colação o descumprimento aos artigos 38 e 40 da Lei n.° 8666/93, consoante relatado anteriormente.

e) Às folhas 78/90, logo após a publicação do contrato (fl. 77), estão anexados o memorial descritivo e plantas — documentos que deveriam integrar o edital na forma de anexos. Considerando a cronologia das peças não é compreensível como tais documentos foram acostados posteriormente.

f) O edital apresenta grave erro na seqüência de seus itens, pois após o item 3.4 — Relativa à Qualificação Técnica constam os itens 3.4.1, 3.5, 3.6, 3.2.13, 3.3, 3.4. e 3.5 novamente.

g) Os documentos dos licitantes não estão autenticados por Cartório tampouco pela Comissão de Licitação, em descumprimento às regras estabelecidas no edital itens 3.5 e 5.3 — Dos Procedimentos, assim como ao artigo 43 da Lei n.° 8666/93.

h) Com relação aos documentos de habilitação dos licitantes, constatou-se o que segue:

LICITANTE OBSERVAÇÕES

FALCON Construtora e Serviços Ltda

O telefone da empresa, citado no CRC é o da Prefeitura de Paracuru.

A certidão de regularidade do FGTS foi extraída em 24/06/08 às 11h 35 10.

HIDROMAX Ltda

O telefone da empresa, citado no CRC é o da Prefeitura de Paracuru.

A certidão de regularidade do FGTS foi extraída em 24/06/08 às 10h 05 01

PRÁTIKA Incorporações Ltda (vencedor)

O telefone da empresa, citado no CRC é o da Prefeitura de Paracuru.

2006.PRU.TCE.06450/11

VOTO (CCRF - AGO/15)

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A certidão de regularidade do FGTS foi extraída em 24/06/08 às 11h 37 02

Considerando a data e horários de obtenção das certidões de regularidade do FGTS, segundo citado no quadro acima, constata-se uma extrema proximidade na emissão desses documentos pelas empresas FALCON, HIDROMAX e PRÁTIKA.

Examinando os pagamentos efetuados, a Inspetoria de Controle Externo observou que estes ocorreram nos anos de 2008 (R$ 70.439,98) e 2009 (R$ 70.439,99).

Após analisar as razões de defesa dos Responsáveis, a Inspetoria de Controle Externo considerou esclarecido somente o fato mencionado na alínea "c", ratificando as demais irregularidades apontadas, conforme o item 8 da Informação Complementar n°. 3858/2012 de fls. 2200/2253 dos autos.

Diante da natureza grave das irregularidades constatadas e ratificadas pela Inspetoria de Controle Externo, este Relator entende que os processos licitatórios supracitados se configuram ilegítimos e fraudulentos, conforme o exposto abaixo.

De acordo com os dados coletados pelo Órgão Técnico da DIRFI, com relação aos certames em análise e às empresas licitantes, resume-se o que segue:

EXERCÍCIO FINANCEIRO DE 2006

LICITAÇÃO OBJETO PARTICIPANTES ÊXITO CONSTRUÇÕES (vencedor); HIDROMAX; CONST. LEANDRO DOS SANTOS; PROSERVES.

TOMADA DE PREÇOS 2006.06.07.01 — 28/06/06; — 15h R$ 185.784,78

Contratação de serviços de engenharia para construção de escola modelo, bairro Conj. Nova Esperança.

CONVITE 2006.11.28.1 — 08/12/06 — 10h R$ 133.542,38

Contratação de serviços de engenharia para construção de posto de saúde, bairro Conj. Nova Esperança.

DARUMA (vencedor); CONST. LEANDRO DOS SANTOS: ÊXITO CONSTRUÇÕES

TOMADA DE PREÇOS 2006.12.14.1 — 10/01/07 R$ 211.252,02

Contratação de serviços de engenharia para construção de kit sanitário.

DARUMA (vencedor): PROJECON PROJETOS E

CONSTRUÇÕES

2006.P RU.TCE.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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ernelebs. Fls.

11,1

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EXERCÍCIO FINANCEIRO DE 2007

LICITAÇÃO OBJETO PARTICIPANTES

TOMADA DE PREÇOS 2007.01.18.1 — 09/02/07 — 10h R$ 302.991,67 (contrato inicial + aditivo)

Contratação de serviços de engenharia para construção do sistema de abastecimento de água no distrito de Jardim e localidade de Jardim do Meio.

DARUMA (vencedor); ECB ENGENHARIA; JPL CONSTRUÇÕES; RPC ENGENHARIA

CONVITE 2007.03.12.1 — 20/03/07 — 10h R$ 29.134,64

Contratação de serviços de engenharia para construção de vestiários na quadra de esporte em Flexeiras.

DARUMA (vencedor); CONST. LEANDRO DOS SANTOS; REALIZAÇÃO CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA

CONVITE 2007.03.16.1 — 28/03/07 —10h R$ 135.033,27

Contratação de serviços de engenharia para construção de pavimentação em pedra tosca com extensão de 6.692,50 m2 (ruas citadas nesta TCE).

FALCON (vencedor); DARUMA; CONST. LEANDRO DOS SANTOS LTDA

EXERCÍCIO FINANCEIRO DE 2008

LICITAÇÃO OBJETO PARTICIPANTES

CONVITE 2008.06.12.1 — Contratação de serviços de DARUMA (vencedor); 25/06/08 — 13h; engenharia para FORTE COSNTRUÇÕES; R$ 107.322,32 pavimentação em pedra tosca ELETROCAMPO SERVIÇOS

na Rua Nova, Guajiru E COSNTRUÇÕES LTDA CONVITE 2008.06.13.3 — Contratação de serviços de PRATIKA (vencedor); 26/06/08 —10h engenharia para FALCON CONSTRUTORA E R$ 140.879,97 pavimentação em pedra tosca SERVIÇOS LTDA;

em ruas citadas nesta TCE HIDROMAX LTDA

Verificou-se que a Administração Pública incorreu em fracionamento de despesas, situação expressamente vedada pelo artigo 23, §5°, da Lei de Licitações e Contratos Administrativos, considerando que diversas licitações possuem objeto similar, notadamente os Convites de n°s. 2008.06.12.1 e 2008.06.13.3.

Restou comprovado nos autos a intenção por realizar os certames de forma fragmentada.

2006.P .TC E.06450/ I 1 VOTO (CCRF - AG 0/15)

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Conforme o Tribunal de Contas da União, "o fracionamento se caracteriza quando se divide a despesa para utilizar modalidade de licitação inferior à recomendada pela legislação para o total da despesa, ou para efetuar contratação direta" (destaque nosso).

Nesse mesmo diapasão, destaco a seguir decisões do E.TCU acerca do tema:

Acórdão 1386/2005 Segunda Câmara

Evite a fragmentação de despesas, caracterizada por aquisições freqüentes dos mesmos produtos ou realização sistemática de serviços da mesma natureza em processos distintos, cujos valores globais excedam o limite previsto para dispensa de licitação a que se referem os inciso I e II do art. 24 da Lei 8.666/1993.

Acórdão 165/2001 Plenário

Planeje as compras de modo a evitar a realização de despesas que possam caracterizar fracionamento, tendo em vista o disposto no inciso II do art. 24 da Lei n° 8.666/1993.

Acórdão 740/2004 Plenário

Planeje adequadamente as aquisições e/ou contratações a fim de evitar o fracionamento da despesa, em observância ao art. 23, §53, da Lei n°. 8.666/1993.

Frise-se que os valores estabelecidos no art. 24 da Lei de Licitações e Contratos devem ser obedecidos, computando-se todas as contratações do mesmo objeto em determinado exercício financeiro.

Assim, cabe aos gestores públicos planejar adequadamente suas aquisições/contratações de serviços, objetivando evitar o fracionamento de despesas.

A par disso, é importante destacar a relação entre as empresas licitantes, verificada pela existência de sócios em comum, além de engenheiros, contadores e advogados que atuam em mais de uma empresa, bem como contratos sociais, aditivos e outros documentos da empresas assinado pelas mesmas testemunhas, o que se verifica no quadro resumo abaixo:

2006.PRU.TCE.06450/11 VOTO (CCRE - AGO/15)

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EMPRESA LICITANTE 1 CONSTATAÇÕES

Sócios 3° aditivo: Andreza de Abreu Sampaio e Ernando Cesar da Silva. Testemunhas desse aditivo: Paulo Cesar Tavares da Silva e Marcos Cristiano A. de Souza. Paulo César é testemunha das empresas ÊXITO e FALCON.

DARUMA CONSTRUÇÕES Andreza de Abreu Sampaio Coelho Mota

E EMPREENDIMENTOS LTDA (nome de casada da sócia dessa empresa) é esposa de Rodrigo Coelho Mota, proprietário da FALCON.

Responsáveis técnicos: Francisco Morais e Silva Filho e Raimundo Denis Magalhães.

Contador (2007): Francisco Flávio M. Albu e uer • ue

Sócios 5° aditivo: Francisco Holanda Cordeiro e Rogério Zeferino Torres. Testemunhas desse aditivo: Jocicleudo Lima da Silva e Luiz Ribeiro de Lima.

A testemunha do 5° aditivo da Construtora Leandro dos Santos. Sra. Célia Maria Ribeiro de Lima (fl. 150) tem o mesmo sobrenome da testemunha acima citada (Luiz Ribeiro de Lima). A Sra. Célia Maria Ribeiro de Lima é sócia da Falcon.

Sócios 6° aditivo: Rogério Zeferino Torres e ÊXITO CONSTRUÇÕES E Rodrigo Barbosa de Menezes.

EMPREENDIMENTOS LTDA Sócios 7° aditivo: Rogério Zeferino Torres e Claudiana Barbosa de Almeida. Testemunhas desse aditivo: Andreza de Abreu Sampaio e Osvaldo Pinheiro Rocha. A Sra. Andreza de Abreu Sampaio é sócia da DARUMA.

Testemunhas do 8° aditivo: Paulo César Tavares da Silva e João Bosco Holanda. Paulo César Tavares da Silva é testemunha do 2° aditivo da FALCON e DARUMA.

Contador (2005) José Nilson Félix (este Senhor possui o mesmo sobrenome do Contador e testemunha da empresa

2006.PRU.TCE.06450/1l VOTO (CCRF - AGO/15)

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PROSERVES. João Bosco Félix).

O responsável técnico Antonio Clodoaldo Batista Cruz é sócio da empresa ALVORADA INDUSTRIA, COMERCIO E CONSTRUÇÕES LTDA, que prestou serviços a esse Município em 2008.

PRÁTIKA INCORPORAÇÕES LTDA

Sócios 2° aditivo: Francisco Monte Morais e Vandecleide Queiroz Belarmino.

Sócios 3° Aditivo: Fco Monte Morais (administrador) e Francisco Valberto de Oliveira.

Contador: Paulo Henrique Pires Pinheiro (2007), Paulo César dos Santos (2008).

Filiação de Francisco Monte Morais: Raimundo Andrade Morais e Luzimá de Farias Monte Morais.

Francisco Monte Morais é sócio dessa empresa e residente à Av. José Raimundo dos Santos Filho, sem número, distrito de Macaoca na cidade de Madalena-Ce. Nesse distrito reside também o sócio da empresa CONSTRUTORA LEANDRO DOS SANTOS. Sr. José Roberto Leandro dos Santos (Av. José Araújo de Sousa, sem número).

FALCON CONSTRUTORA E SERVIÇOS

1

Sócios 2° aditivo: Célia Maria Ribeiro de Lima e Paulo Sérgio Sampaio Goes. Testemunhas desse aditivo: Paulo César Tavares da Silva e Jose Carlos Fernandes de Moura. Paulo César é testemunha das empresas DARUMA e ÊXITO.

Sócios 3° aditivo: Célia Maria Ribeiro de Lima e Rodrigo Coelho Mota. Rodrigo é cônjuge de Andreza de Abreu Sampaio Coelho Mota (nome de casada) sócia da DARUMA e testemunha da Êxito.

Responsável técnico: Elmo Roberto Belchior Aguiar. Contador: Paulo Cesar dos Santos (2007)

Raimundo Morais Filho foi sócio dessa

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empresa, bem como da DARUMA e é irmão do sócio da PRÁTIKA — Francisco Monte Morais.

CONSTRUTORA LEANDRO DOS SANTOS LTDA

Sócios 6° aditivo: Jose Roberto Leandro dos Santos e Antonio Sérgio Freitas de Castro. Jose Roberto Leandro dos Santos reside á Av. José Araújo de Sousa, sem número, distrito de Macaoca na cidade de Madalena-Ce. Nesse mesmo distrito reside o sócio da PRÁTIKA, Sr. Francisco Monte Morais ( Av. José Raimundo dos Santos Filho, sem número).

A testemunha do 5° aditivo dessa empresa, Sra. Célia Maria Ribeiro de Lima (fl. 150) tem o mesmo sobrenome da testemunha do 5° aditivo da ÊXITO, Sr. Luiz Ribeiro de Lima (fl. 88). Referida Senhora é sócia da FALCON.

A Sra. Célia Maria Ribeiro de Lima também foi testemunha do 7° aditivo.

Responsável técnico: Ricardo Almeida Leite

Contador: Alexsandro Holanda de Oliveira

No CRC a empresa se localiza na Av. Bezerra de Menezes 2216, sala 01. enquanto na Certidão de Regularidade do FGTS consta R. Floriano Peixoto 187, sala 601.

PROSERVES SERVIÇOS, COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES

LTDA.

O Engenheiro da empresa é o Sr. Francisco Morais e Silva Filho, também engenheiro da empresa DARUMA.

As testemunhas do 7° aditivo, Srs. João Bosco Félix (que também é Contador desta empresa) e Francisco Ricardo. Félix, têm idêntico sobrenome do Contador da ÊXITO, Sr. José Nilson Félix.

ELETROCAMPO SERVIÇOS E CONSTRUÇÕES LTDA

Um dos responsáveis técnicos é Francisco Morais e Silva Filho (responsável técnico da DARUMA).

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Fls.

Importante registrar que o parentesco entre Andreza de Abreu Sampaio e Rodrigo Coelho Mota (cônjuges) e Raimundo Morais e Francisco Monte Morais (irmãos) foi identificado nas investigações promovidas pelo Ministério Público Estadual.

Destaco as conclusões da DIRFI, as quais são adotadas por esta decisão, a saber (item 6.0 da Informação Inicial n°. 1 371 7/201 0 de fls. 02/80):

Diante de tudo o exposto, resta comprovado que o Princípio do Sigilo das Propostas foi violado, inexistindo competição entre as empresas em destaque, já que as mesmas possuem comprovadamente estreitas ligações e, ao longo dos exercícios em exame participaram concomitantemente de várias licitações realizadas pelo município.

Na realidade, isto denota que as licitações foram formalizadas apenas com o intuito de deixar transparecer que foi cumprida a exigência legal, embora sem êxito, fato que se comprova pelo resultado apurado no exame de diversos processos licitatórios, os quais apresentaram inúmeras irregularidades.

Resta, portanto, evidente o elo entre as empresas participantes dos certames em análise, o que leva a conclusão fatídica pela ilegalidade dos processos licitatórios. Pode-se observar o direcionamento das licitações a um grupo restrito de empresas, considerando os indícios expostos abaixo:

• Indícios de correlação entre as empresas licitantes, denotados pelo fato de que os sócios de uma determinada empresa eram testemunhas de outras empresas ou que todos os documentos de empresas distintas foram autenticadas em um mesmo cartório e num mesmo dia;

• Identificação de mesmos erros de grafia em propostas de preço de empresas distintas que participaram de um determinado certame, além de idêntico padrão de formatação das propostas, denotando indícios severos de que as planilhas foram manipuladas em edição única;

• Indícios de simulação licitatória, vez que o horário em que certos documentos de licitantes foram autenticados não guardam relação temporal com a efetiva data da realização do certame; e

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• Inconsistências diversas nos certames, como ausência de anexos do edital, impropriedades nos pareceres jurídicos, divergências de dados constantes do edital e do aviso de licitação dentre outros.

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE n°. 68.006-MG, manifestou o entendimento de que "indícios vários e coincidentes são prova". Tal entendimento vem sendo utilizado pelo Tribunal em diversas situações, como nos Acórdãos - Plenário n°s 113/95, 220/99 e 331/02.

Sobre os erros de grafias e idêntica formatação nas propostas dos licitantes, ressalto o Acórdão n°. 2.623/2004 - ia Câmara do Tribunal de Contas da União, no qual o Relator Marcos Vinícios Vilaça observou:

"...a documentação encaminhada como prestação de contas, ainda contém veementes indícios de fraude. Os padrões gráficos e textuais das propostas comerciais das três empresas são coincidentes e a assinatura aposta no recibo da empresa Fast Shop (fl. 67) e na proposta da empresa Vídeo Sat (fls. 69) são idênticas, permitindo concluir pela existência de uma mesma origem para todas as três propostas.

11.1.2. As propostas apresentadas pelas três empresas licitantes (fls. 69/71, v. p.) encontram-se formatadas na mesma fonte e tamanho de letra e possuem os mesmos erros ortográficos, quais sejam, nas três propostas, a letra 'a' da expressão 'à vista', relativa às condições de pagamento, encontra-se com um acento agudo (')em vez do acento grave ('), indicativo da crase existente; e nas propostas de fls. 70/71, v. p., a indicação, na parte inferior, da sigla representativa do estado do Piauí, qual seja, PI, está grafada com a letra 'i' minúscula.

Nesse mesmo sentido, a E.Corte de Contas Federal entendeu que as idênticas informações nas propostas dos licitantes, coincidindo até mesmo os erros ortográficos, "constituem indícios suficientes para justificar a percepção de fraude à licitação" (Acórdão n°. 055/97 - Plenário).

No caso dos autos, entende-se que os indícios verificados são suficientes para a comprovação da fraude à licitação. Não se exige que haja prova técnica do conluio, até porque, como exposto na jurisprudência acima, "prova inequívoca de conluio entre licitantes é algo extremamente difícil de ser obtido", visto que os licitantes fraudulentos vão sempre tentar simular uma competição verdadeira.

2006.PR1.TCE.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

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GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA

O conluio em licitações é considerado uma fraude no processo licitatório, pois consiste na formação de um grupo de licitantes que controlam a divisão do mercado, o estabelecimento de quotas, a afixação de preços, entre outros fatores anticompetitivos que desfavorecem outros licitadores.

Na contratação, a Administração Pública busca, por meio do procedimento licitatório, obter a melhor vantagem, em preço e em qualidade. Todavia, se apenas empresas do mesmo grupo participam do certame, afasta-se a competitividade, direciona-se àquele grupo e impossibilita-se o alcance da melhor vantagem.

Portanto, entende este Relator que as irregularidades apontadas na Informação Inicial e acima sintetizadas evidenciam, de fato, a existência de flagrantes indícios de conluio, o que importa em fraude à licitação, por frustrarem o caráter competitivo dos processos licitatórios analisados, realizado pela Prefeitura Municipal de Paracuru, nos exercícios financeiros de 2006, 2007 e 2008.

Trata-se de atos praticados com grave infração à norma legal, decorrente da afronta aos princípios consubstanciados no artigo 3° da Lei n°. 8.666/1993, notadamente os da competitividade, da isonomia, da impessoalidade, da moralidade e da improbidade administrativa.

Assim, considerando que as razões de defesa trazidas pelos agentes públicos do Município de Paracuru não conseguiram afastar as irregularidades que recaem sobre os processos licitatórios sob exame, restando evidenciada a ausência da competitividade, com violação aos princípios estabelecidos no art. 3° da Lei n°. 8.666/1993, propõe-se a aplicação da multa prevista na Lei Orgânica do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará aos Responsáveis.

Vale, também, frisar que fraudar processo licitatório configura ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário, conforme o disposto no art.10, inciso VIII, da Lei 8.429/92, e crime previsto no artigo 90 da Lei n°. 8.666/93, a saber:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1° desta lei, e notadamente:

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VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente.

Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação:

Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Ante o exposto, em função das irregularidades supramencionadas, pelas quais atribuo responsabilidade solidária aos agentes públicos, aplico multa no valor total de R$ 79.807,50 (setenta e nove mil, oitocentos e sete reais e cinquenta centavos), com fundamento no art.56, inciso II, da Lei 12.160/93, e no art.154, inciso II, do Regimento Interno deste Tribunal de Contas, assim distribuída:

• R$ 10.641,00 (dez mil, seiscentos e quarenta e um reais) ao Sr. José Ribamar Barroso Batista, então Prefeito Municipal de Paracuru;

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) à Sra. Reclina Lúcia Simplício Duarte, Secretária Municipal de Finanças;

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) à Sra. Antônia Xavier Moreira, Secretária Municipal de Educação;

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) à Sra. Welna Maria Barroso Saraiva, Secretária Municipal de Saúde;

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) ao Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque, Secretário Municipal de Infraestrutura;

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) à Sra. Ana Paula de Sousa Azevedo, Secretária Municipal de Infraestrutura;

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GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOTA

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) ao Sr. Roberto Patrício de Oliveira, Secretário Municipal de Juventude e Desporto;

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) ao Sr. Rodrigo Braga Souza, Membro da Comissão Permanente de Licitação;

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) ao Sr. José Adail de Sousa, Membro da Comissão Permanente de Licitação;

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) à Sra. Brígida de Castro Rocha, Membro da Comissão Permanente de Licitação;

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) ao Sr. Wando de Oliveira Pires, Membro da Comissão Permanente de Licitação;

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) ao Sr. Raimundo Rodrigo Vieira Lima Viana, Membro da Comissão Permanente de Licitação;

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) à Sra. Natália Mota Teixeira, Membro da Comissão Permanente de Licitação;

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) ao Sr. José Wilker de Freitas Gomes, Membro da Comissão Permanente de Licitação.

Frise-se que as irregularidades mencionadas acima ensejaram a aplicação de multa acima do mínimo previsto no Regimento Interno do TCM, em razão do critério adotado por esta Corte de Contas; onde, na dosimetria da sanção prevista no art. 56, II, da Lei 12.160/93, tem-se como parâmetro o montante despendido ilegalmente.

Ademais, reconheço que os agentes públicos supracitados praticaram. em tese, ato de improbidade administrativa, tipificado no art.10, inciso VIII, da Lei 8.429/92, e crime previsto no artigo 90 da Lei n°. 8.666/93.

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2.3. - Da Tomada de Preços n°. 2008.12.22.1. Processo licitatório homologado no exercício financeiro de 2009. Matéria a ser apreciada em processo de Tomada de Contas Especial relativa ao exercício financeiro correspondente - 2009. Item 5.1 da Informação Inicial n°. 13717/2010 de fls. 02/80 dos autos.

No que concerne à Tomada de Preços n°. 2008.12.22.1, constatou-se o que segue:

Objeto: Contratação de serviços de engenharia para limpeza pública, compreendendo carga manual e transporte de lixo, capina e poda e entulhos provenientes da sede e dos distritos do Município de Paracuru.

Data de emissão: 22/12/08. Data de abertura: 13/01/09 - 8h 30. Autuação: 15/12/08. Certidão de divulgação da Tomada de Preços: 22/12/08. Termo de Homologação/Adjudicação: 02/03/09 (assinado

pela Prefeita Municipal, Sra. Érica de Figueiredo Der Hovannessian, responsável pelo exercício de 2009).

Licitante vencedor: CONSTRUTORA G. DE LIMA. Valor: R$ 1.333.076,86 (um milhão, trezentos e trinta e três

mil e setenta e seis reais e oitenta e seis centavos). Contrato Assinado em 02/03/09 pela Prefeita Municipal. Ordem de Serviço de 02/03/09 assinada pela Prefeita

Municipal. CPL nomeada para o exercício de 2008 — Portaria n.°

008/2008: Natália Mota Teixeira (Presidente), Raimundo Rodrigo Vieira L. Viana (Secretário), Brígida de Castro Rocha (Membro) e José Adail de Souza (Suplente).

CPL nomeada para o exercício de 2009 — Portaria n.° 019/2009: Rodrigo Braga Sousa (Presidente), Raimundo Rodrigo Vieira L. Viana (Secretário), Natália Mota Teixeira (Membro), José Wilker de Freitas Gomes (Membro) e Brígida de Castro Rocha (Suplente).

Insta ressaltar que o processo licitatório em questão foi homologado somente no exercício financeiro de 2009 pela Prefeita Municipal de Paracuru, Sra. Èrica de Figueiredo Der Hovannessian, ou seja, em exercício financeiro estranho àqueles analisados nesta Tomada de Contas Especial (2006, 2007 e 2008).

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A zelosa Inspetoria de Controle Externo destacou que "as falhas identificadas nesse certame constarão no presente relatório (exercícios 2006 a 2008) e também no relatório atinente aos exercícios de 2009 e 2010" (inciso IX do item 5.1 da Informação Inicial n°. 13717/2010 de fls. 02/80).

Cabe destacar, ainda, que a licitante vencedora do certame em questão, CONSTRUTORA G. DE LIMA, não integra o rol das empresas investigadas na OPERAÇÃO PROVÍNCIA.

Portanto, considerando que a Tornada de Preços n°. 2008.12.22.1 foi homologada no exercício financeiro de 2009, este Relator deixa de apreciar as irregularidades nela contidas, já que a presente TCE é restrita à análise dos fatos praticados nos exercícios financeiros de 2006, 2007 e 2008.

Frise-se que as irregularidades constatadas na Tomada de Preços n°. 2008.12.22.1 estão sendo apreciadas em processo específico, relativo aos exercícios financeiros de 2009 e 2010, conforme destacou a Inspetoria de Controle Externo, consoante o inciso IX do item 5.1 da Informação Inicial n°. 1 371 7/201 0 de fls. 02/80 dos autos.

2.4. — Das irregularidades constatadas na contratação/nomeação do Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque. Item 7.0 da Informação Inicial n°. 13717/2010 de fls. 02/80 e item 2.0 da Informação Complementar Aditiva n°. 5805/2014 de fls. 2314/2319 dos autos (multa de R$ 2.128,20 ao Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque)

Trata esse item do depoimento prestado pelo Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque ao Dr. Luiz Alcântara Costa Andrade, Promotor de Justiça integrante da Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública — PROCAP do Ministério Público Estadual, e à Dra. Leilyanne Brandão Feitosa, Procuradora do Ministério Público de Contas junto ao TCM/CE, detalhado às fls. 73/77 dos autos.

De acordo com o aludido depoimento, restou consignado que o Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque foi nomeado Secretário Municipal de Infraestrutura de Paracuru em 03/03/2008, mantendo, no mesmo exercício financeiro, contratos de prestação de serviços com o próprio Município de Paracuru, além de Paraipaba, Trairi e Umirim.

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Por meio de sua Justificativa, o Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque alegou que "jamais cumulou cargos pelo Município de Paracuru, bem como não cumulou remuneração decorrente de suas funções".

O Responsável confirmou que prestava serviços como engenheiro à Prefeitura Municipal de Paracuru, mas que cessou a partir da nomeação ao cargo de Secretário Municipal de Infraestrutura.

Alegou que a legislação não impede que o Secretário Municipal preste serviços em outros municípios.

Por fim, o Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque afirmou que "havia compatibilidade de horários no desempanhar de suas funções como engenheiro nos Municípios de Paraipaba, Trairi e Umirim e de Secretário Municipal de Paracuru".

Após analisar os argumentos do Responsável, a Inspetoria de Controle Externo ratificou a irregularidade em questão, com fundamento nos motivos expostos no item 2.0 da Informação Complementar Aditiva n°. 5805/2014 de fls. 2314/2319 dos autos, in verbis:

No que tange à irregularidade em tela, considera-se que a pecha fora devidamente apontada, haja vista que, de fato, ocorreu indevida acumulação de cargos por parte do Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque.

Com efeito, no exercício de 2008, especificamente no dia 03/03/2008, o Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque foi nomeado para o cargo político de Secretario de Infraestrutura, o qual enquadra-se corno cargo comissionado de livre nomeação e exoneração (conforme documento encravado à fl. 1978 dos autos). Ocorre que no mesmo período ele exerceu o cargo de engenheiro civil tanto no município de Paracuru (fl. 1992), como em outros municípios. como Trairi e Paraipaba. Nesses termos, observa-se o descumprimento ao art. 29, inciso IX c/c art. 54, incisos I e II da Constituição Federal.

Cabe salientar que deveria ter sido observada a compatibilidade de horários, onde o ocupante de cargo comissionado deve se submeter ao regime de integral dedicação ao serviço, o que não foi observado para o caso em tela.

Acrescente-se que restou ferido, ainda, o principio da segregação de funções, vez que o Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque atuou como gestor da Secretaria de Infraestrutura e como

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S' Fls. ESTADO DO CEARÁ

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engenheiro civil responsável pela fiscalização e acompanhamento das obras do município.

Restou incontroverso nos autos que o Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque exerceu, a partir do dia 03/03/2008, o cargo de Secretário Municipal de Infraestrutura, bem como prestou, concomitantemente, serviços de engenharia à própria Prefeitura Municipal de Paracuru, além de prestar os mesmos serviços especializados a diversas outras prefeituras (Paraipaba, Trairi e Umirim), conforme depoimento prestado pelo próprio Responsável.

Muito embora os Municípios em destaque sejam próximos, entendo que houve prejuízo à compatibilidade de horários, haja vista a acumulação excessiva de atribuições prestadas a diversos municípios.

Em consonância com a DIRFI, ressalto, ainda, a violação ao princípio da segregação de funções, que decorre do princípio da moralidade (art. 37, da CF/88), e consiste na necessidade de a Administração repartir funções entre os agentes públicos, cuidando para que esses indivíduos não exerçam atividades incompatíveis umas com as outras, especialmente aquelas que envolvam a prática de atos e, posteriormente, a fiscalização desses mesmos atos.

Ou seja, os atos praticados por um agente público não podem ser incompatíveis entre si, o que ocorre, por exemplo, quando ele pratica atos na fase interna do processo de contratação e os fiscaliza na fase externa ou contratual.

Nesse contexto, entende este Relator, em consonância com a Inspetoria de Controle Externo, indevida a acumulação do cargo público de Secretário Municipal com a prestação dos serviços de engenharia às prefeituras mencionadas, razão pela qual aplica multa no valor de R$ 2.128,20 (dois mil, cento e vinte e oito reais e vinte centavos), com fundamento no art.56, inciso II, da Lei 12.160/93, e no art.154, inciso II, do Regimento Interno deste Tribunal de Contas.

3. DA CONCLUSÃO

Ex positis, por força das irregularidades ora comentadas, entendo que tais ocorrências justificam que a presente Tomada de Contas Especial seja julgada PARCIALMENTE PROCEDENTE, considerando que os atos ensejam sua IRREGULARIDADE, na forma do art.13, inciso III, alínea "b",

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da Lei n°.12.160/93, com aplicação de multa no valor total de R$ 82.999,80 (oitenta e dois mil, novecentos e noventa e nove reais e oitenta centavos), com fundamento no art.56, inciso II, da Lei 12.160/93, e no art.154, inciso II, do Regimento Interno deste Tribunal de Contas, assim distribuída:

• R$ 11.705,10 (onze mil, setecentos e cinco reais e dez centavos) ao Sr. José Ribamar Barroso Batista, então Prefeito Municipal de Paracuru, em função das irregularidades tratadas nos itens 2.1 e 2.2 das Razões do Voto;

• R$ 7.448,70 (sete mil, quatrocentos e quarenta e oito reais e setenta centavos) ao Sr. José Maria Ribeiro de Albuquerque, Secretário Municipal de Infraestrutura de Paracuru, em função das irregularidades tratadas nos itens 2.2 e 2.4 das Razões do Voto; e

• R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) para cada um dos agentes públicos do Município de Paracuru mencionados a seguir, Sra. Regina Lúcia Simplício Duarte - Secretária Municipal de Finanças; Sra. Antônia Xavier Moreira - Secretária Municipal de Educação; Sra. Welna Maria Barroso Saraiva - Secretária Municipal de Saúde; Sra. Ana Paula de Sousa Azevedo - Secretária Municipal de Infraestrutura; Sr. Roberto Patrício de Oliveira - Secretário Municipal de Juventude e Desporto; Sr. Rodrigo Braga Souza - Membro da Comissão Permanente de Licitação; Sr. José Adail de Sousa - Membro da Comissão Permanente de Licitação; Sra. Brígida de Castro Rocha - Membro da Comissão Permanente de Licitação; Sr. Wando de Oliveira Pires - Membro da Comissão Permanente de Licitação; Sr. Raimundo Rodrigo Vieira Lima Viana - Membro da Comissão Permanente de Licitação; Sra. Natália Mota Teixeira - Membro da Comissão Permanente de Licitação; Sr. José Wilker de Freitas Gomes - Membro da Comissão Permanente de Licitação, totalizando R$ 63.846,00 (sessenta e três mil, oitocentos e quarenta e seis reais), em função da irregularidade tratada no item 2.2 das Razões do Voto.

Ademais, reconheço que os agentes públicos supracitados praticaram, em tese, ato de improbidade administrativa, tipificado no art.10, inciso VIII, da Lei 8.429/92, e crime previsto no artigo 90 da Lei n°. 8.666/93, em razão da irregularidade tratada no item 2.2 das Razões do Voto (conluio - fraude à licitação).

Por fim, ressalta esta Relatoria a observância ao princípio processual do livre convencimento motivado do juiz e da motivação das decisões, que permite ao magistrado atribuir às provas produzidas ao longo do

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processo o valor que entender como o mais lógico e correto, desde que corresponda à realidade dos autos e sua decisão seja devidamente fundamentada.

Art. 131 do CPC - "O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento".

Visa-se abordar ainda que o princípio constitucional da motivação (art. 93, inciso X da CF/88) traz consigo o dever de motivar as decisões judiciais, no caso administrativa, tem como finalidade verificar a prevalência da razoabilidade e a efetividade da prestação da tuteia jurisdicional.

VOTO

Coerente com o relatório apresentado e de conformidade com os motivos expostos acima, VOTO, em parcial acordo com a Douta Procuradoria de Contas junto ao TCM/CE, no sentido de que seja julgada PARCIALMENTE PROCEDENTE a presente Tomada de Contas Especial, considerando que os atos ensejam sua IRREGULARIDADE, na forma do art.13, inciso III, alínea "b", da Lei n°.12.160/93, e também que:

a) seja aplicada MULTA de R$ 82.999,80 (oitenta e dois mil, novecentos e noventa e nove reais e oitenta centavos) aos Responsáveis, da forma explicitada nas Razões do Voto, com fundamento no art. 56, inciso II, da LOTCM/CE, e no art. 154, inciso II. do RITCM/CE, em virtude das irregularidades apontadas nas Razões do Voto;

b) seja RECONHECIDO que os agentes públicos supracitados praticaram, em tese, ato de improbidade administrativa, tipificado no art.10, inciso VIII, da Lei 8.429/92, e crime previsto no artigo 90 da Lei n°. 8.666/93, em razão da irregularidade tratada no item 2.2 das Razões do Voto (conluio - fraude à licitação);

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c) sejam ENCAMINHADAS a presente decisão, a Informação Inicial n°. 1 371 7/201 0 (fls. 02/80), a Informação Complementar n°. 3858/2012 (fls. 2200/2253) e a Informação Complementar Aditiva n°. 5805/2014 (fls. 2314/2319) ao Ministério Público do Estado do Ceará, bem como ao Departamento de Polícia Federal -Superintendência Regional do Ceará, para a adoção das medidas cabíveis;

d) sejam NOTIFICADOS os Responsáveis, encaminhando-lhes cópia do presente Acórdão, advertindo-lhes que o não recolhimento do valor da MULTA ao erário estadual, acima especificado, ou a não apresentação de Recurso de Reconsideração no prazo de 30 (trinta) dias, implicará em COMUNICAÇÃO à Procuradoria Geral do Estado do Ceará para inscrição em Dívida Ativa, em conformidade com o disposto no §2°, do art.156, do Regimento Interno deste TCM/CE, alterado pela Resolução n°.08/2006, 2007 e 2008 - TCM/CE; e em COMUNICAÇÃO à Procuradoria Geral de Justiça - Ministério Público Estadual, a fim de possibilitar a fiscalização da devida inscrição em dívida ativa

e) após o trânsito em julgado, não havendo comprovação nos autos do recolhimento do valor da MULTA imputada ao responsável pelas presentes Contas, ao erário estadual:

encaminhe-se COMUNICAÇÃO à Procuradoria Geral do Estado do Ceará para inscrição em Dívida Ativa, em conformidade com o disposto no §2°, do art.156, do Regimento Interno deste TCM/CE, alterado pela Resolução n°.08/2006, 2007 e 2008 - TCM/CE;

encaminhe-se cópia da decisão à Procuradoria Geral de Justiça - Ministério Público Estadual, a

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TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS GABINETE DO CONSELHEIRO ERNESTO SABOIA

fim de possibilitar a fiscalização da devida inscrição em dívida ativa;

f) seja COMUNICADO à atual administração da Secretaria de Educação, bem como à Câmara Municipal de Paracuru, o inteiro teor desta decisão.

Expedientes necessários.

SALA DAS SESSÕES DA 2' CÂMARA DO TRIBUNAL DE CONTAS DC:$ MUNICÍPIOS DO ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza, £5 de \'"V' G 1/,71iyi b'Ct ; de 2015.

2006.PRU.TCE.06450/11 VOTO (CCRF - AGO/15)

Av. General Afonso Albuquerque Lima, 130 - Cambeba - CEP 60.822-325 - Fortaleza -CE www.tcm.ce.gov.br

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