2014731_154634_desistência+voluntária%2c+arrependimento+posterior+e+eficaz+-+crime+impossível

Upload: keller-rodrigues

Post on 10-Oct-2015

12 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

AULA DE DIREITO PENAL II

DESISTNCIA VOLUNTRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ E ARREPENDIMENTO POSTERIOR .

1 DESISTNCIA VOLUNTRIA (art. 15, 1 parte do CP).Art. 15 O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execuo ou impede que o resultado se produza, s responde pelos atos j praticados.1.1 - Conceito: O agente abandona a execuo do crime quando ainda lhe sobra do ponto de vista objetivo uma margem de ao.1.2 - Elementos:a) Incio da Execuo;b) No consumao por circunstncias inerentes a vontade do agente. Obs: Aqui est a diferena da tentativa simples (art. 14, II ...circunstncias alheias.).Obs 2: Frmula para diferenciao (Frmula de FRANK):Na tentativa simples eu quero prosseguir, mas no posso. (o agente interrompido durante os atos de execuo, ou esgota tudo aquilo que tinha ao seu alcance e a consumao no ocorre por circunstncias alheias sua vontade).Na desistncia voluntria eu posso prosseguir, mas no quero. (ainda durante a prtica dos atos de execuo, mas sem esgotar os meios que tinha a disposio para chegar consumao do crime, o agente desiste, voluntariamente, de nela prosseguir).

- Diferena entre Desistncia Voluntria e Desistncia Espontnea.A voluntariedade admite interferncia externa a espontaneidade no. A lei no exige que a desistncia seja espontnea bastando que seja voluntria.Ex: A encontra seu desafeto Be lhe desfere um disparo de arma de fogo na perna. B cai e quando A pretendia reiniciar os disparos, suplica-lhe pela sua vida. Sensibilizado A interrompe sua execuo e no efetua mais disparos. No caso embora no tenha sido espontnea, considera-se voluntria a desistncia.Perg: A est subtraindo um carro e acende a luz de um apartamento prximo. Com receio A desiste e vai embora. Em que caracterizou sua conduta?Resp: Voluntria a desistncia que sugerida (influncia externa de outra pessoa) ao agente por ele assimilada, subjetiva e prontamente. Cuidado: Se a causa que determina a desistncia circunstncia exterior, uma influncia objetiva externa (toque de um alarme, o acender de uma luz....) que compele o agente a renunciar o propsito criminoso, haver tentativa.Ento no caso acima estamos diante de uma tentativa de furto. 1.3 Consequncias (art. 15 parte final)Art. 15. ...s responde pelos atos praticados.Perg: Qual a consequncia da tentativa simples?Em regra a diminuio da pena (reduo de um a dois teros), pois tem casos que no se tem reduo.Perg: Qual a consequncia da desistncia voluntria?No tem diminuio de pena, responde pelos atos at ento praticados.Ex: Escalou o muro entrou na casa e arrombou a porta e a moradora suplica para que no subtraia seus bens, pois no teria condies de adquirir outros. Com tais suplicas desiste do ato e vai embora. Responde por invaso de domiclio mais crime de dano.Perg: Como deve ser tratada a hiptese do adiamento da execuo. Pode ser considerada Desistncia Voluntria?Ex: A sobe no telhado remove algumas telhas e se sentido cansado deixa para voltar na prxima semana.1 corrente: A desistncia momentnea irrelevante devendo ser sempre definitiva. O adiamento no desnatura a tentativa. (Heleno Fragoso).2 Corrente: Se o agente suspende a execuo, mas continua a praticar o crime aproveitando-se dos atos pretritos no desistncia voluntria. Agora se suspende a conduta e nunca mais volta a pratic-la (por sua vontade) a sim teremos a desistncia voluntria. (Majoritria).Perg: E o agente que tinha um nico projtil em sua arma e dispara em seu desafeto com inteno de matar no atingindo regio letal? Qual a consequncia? Pode alegar desistncia voluntria?Nos parece que no, pois necessitaria para que a mesma pudesse ser arguida que o agente ainda pudesse continuar na execuo do crime. 2 ARREPENDIMENTO EFICAZ.

2.1 Previso legal (art. 15 do CP, 2 parte).

2.2 Conceito: Ocorre quando o agente desejando retroceder na atividade delituosa percorrida desenvolve nova conduta, aps, terminada a execuo criminosa.Obs: O arrependimento eficaz pressupe fim da execuo. Ento chegamos a concluso que s possvel nos crimes materiais, pois nos crimes formais e de mera conduta terminada a conduta j se fala em consumao.

2.3 Elementos:a) Incio e fim da execuo (esgotou todos os meios que tinha para chegar consumao);b) No consumao por circunstncias inerentes a vontade do agente.Obs: Deve ser voluntrio

2.4 Consequncias:S responde pelos atos j praticados.Ex: A desfere trs tiros em B, se arrepende e leva B ao hospital salvando sua vida. Responde por leso corporal leve, grave ou gravssima dependendo do caso.Cuidado: O arrependimento tem que ser eficaz. Se ineficaz o autor responde pelo crime consumado com a pena atenuada (art. 65 CP).

- Natureza Jurdica do art. 15 (Desistncia Voluntria e Arrependimento eficaz)

Como o artigo 15 no trata de tentativa temos:

1 Corrente: Trata-se de hiptese de atipicidade do fato.

Ex: A matou B - Tem adequao tpica direta ao art. 121 CP.A tentou matar B Antes de chegarmos no art. 121 temos que passar pelo art. 14, II. uma hiptese de adequao indireta. S possvel punir a tentativa quando existe uma norma de extenso (art. 14, II). Aqui tenho circunstancias alheias vontade do agente. No arrependimento eficaz e desistncia voluntria tenho circunstancias inerentes, ou seja, no se fala em adequao tpica, pois desaparece a norma de extenso. Por tal motivo atpico. (Miguel Reale Junior).

2 Corrente: hiptese de causa de extino da punibilidade no prevista no artigo 107 do CP por razes de poltica criminal. ( o legislador dizendo que se o criminoso abandonar a conduta no vai punir a tentativa). (Nelson Hungria Luiz Flvio Gomes).

Nos parece correta a 1 corrente j que o legislador retirou a possibilidade de ampliao do tipo penal com a norma de extenso relativa tentativa.

- Diferena entre Desistncia Voluntria e Arrependimento Eficaz

Quando o agente continua praticando atos de execuo (execuo em curso) e voluntariamente os interrompe fala-se em desistncia.

Quando o agente esgota tudo aquilo que estava sua disposio para alcanar o resultado (execuo j foi encerrada), ou seja, pratica todos os atos de execuo que entende suficientes para a consumao, mas arrepende-se e impede a produo do resultado fala-se em arrependimento eficaz.

3 - ARREPENDIMENTO POSTERIOR

3.1 - Previso legal: art. 16 do CP.

3.2 - Conceito: o do prprio art. 16. Nos crimes cometidos sem violncia ou grave ameaa pessoa, reparado o dano ou restituda a coisa, at o recebimento da denncia ou da queixa, por ato voluntrio do agente, a pena ser reduzida de um a dois teros.

Perg: Qual a diferena do Arrependimento Posterior e Arrependimento Eficaz?

O arrependimento posterior pressupe o resultado naturalstico (arrepende posteriormente produo do resultado naturalstico. O resultado j foi produzido). O arrependimento eficaz evita o resultado naturalstico, o agente impede a produo do resultado.

3.3 - Requisitos:

a) Crime cometido sem violncia ou grave ameaa pessoa.Obs: Violncia contra coisa no. Crime culposo com violncia no impede o arrependimento, s crime doloso impede.

Perg: Cabe Arrependimento Posterior no crime de roubo?Devemos verificar a descrio tpica:Art. 157 - ... mediante grave ameaa... No cabe arrependimento. ... violncia a pessoa... No cabe arrependimento. ... depois de hav-la, por qualquer meio, reduzido impossibilidade de resistncia.Nesta ltima hiptese admite-se o arrependimento posterior. Ex: Boa noite cinderela.

Obs: Tem corrente minoritria dizendo que esta ltima parte no deixa de ser uma hiptese de violncia. Violncia Imprpria e, portanto, incompatvel com o arrependimento posterior.

b) Reparao do dano ou restituio da coisa (deve ser integral). Reparao parcial no gera benefcio.Tem doutrina dizendo que se a vtima se contenta com reparao parcial se admite arrependimento posterior. A Jurisprudncia no admite.

c) At o recebimento da inicial (denncia ou queixa). Restituio ou reparao aps o recebimento da denncia falamos em circunstncia atenuante (art. 65, III, b).

2.4 Ato Voluntrio do Agente

Ato voluntrio do Agente (Admite interveno externa). No exige espontaneidade (No admite interveno externa)Existir a diminuio de pena se o ato for voluntrio por exemplo quando terceira pessoa o convena de restituir a coisa.Obs: Mesmo aquele que j tenha sido descoberto pela polcia restituiu a coisa ou repare o dano pode se valer do benefcio. A doutrina entende que preenchidos esses requisitos direito subjetivo do ru a diminuio da pena.

Ex: Crime de Furto (Art 155); Crime de dano (Art. 163) j que aqui a violncia contra coisa.

2.4 Consequncias: Perg: Qual o critrio da reduo de pena pelo juiz? Quando reduz de 1/3 ou 2/3? Rapidez na reparao do dano ou restituio da coisa.

Perg: D exemplo de um crime contra o patrimnio sem violncia ou grave ameaa a pessoa e no se vale do art. 16.Estelionato na modalidade do cheque sem fundo. (smula 554 STF). Se pagar com cheque antes de receber denncia obsta ao penal. Ou seja, mais benfica que o art. 16. Ento aplica-se esta smula.

Perg: O arrependimento do coautor se aplica aos demais? O arrependimento posterior comunicvel ou no aos outros que no se arrependeram?

1 corrente (majoritria): Se um se arrepende o benefcio se estende a todos. Trata-se da circunstncia objetiva comunicvel.

2 corrente: Trata-se da circunstancia subjetiva incomunicvel. Exige voluntariedade. Voluntariedade coisa sua no se estende aos demais (Luiz Rgis Prado).

Crime Impossvel (tentativa inidnea, inadequada ou quase crime)

1 - Previso Legal: art. 17 CP. No se pune a tentativa quando, por ineficcia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, impossvel consumar-se o crime.

2 - Conceito: Diz impossvel o crime quando comportamento do agente inapto a consumao do delito, quer em razo dos meios empregados, quer por falta de objeto material.

3 - Teorias:

a) Teoria sintomtica:

Pune o crime impossvel, pois o agente demonstrou com sua conduta ser perigoso.Pune por crime consumado. teoria claramente de Direito Penal do Autor.

b) Teoria Subjetiva:

Sendo a conduta subjetivamente perfeita, o crime impossvel ser punido da mesma forma que a tentativa.

c) Teoria Objetiva:

Crime igual conduta + resultado (ainda que normativo)

c.1) Teoria objetiva pura: No h tentativa mesmo que a inidoneidade ineficcia seja relativa.

c.2) Teoria temperada: No h tentativa somente na hiptese de ineficcia absoluta. Agora quando os meios so relativamente eficazes ou imprprios tendo possibilidade de o agente alcanar o resultado pretendido o fato pode ser punido. a adotado pelo legislador Brasileiro.

Ex.: Arma com munio real que no deflagra por estar velha. A ineficcia do meio acidental.

4 Elementos do Crime Impossvela) Incio da Execuo;b) No consumao por circunstncias alheias a vontade do agente.c) resultado absolutamente impossvel.5 Absoluta Ineficcia do MeioPerg: O que podemos entender como meio?Tudo que pode ser utilizado pelo agente para produzir o resultado (faca, revlver, p de vidro, veneno, uma barra de ferro...).Ex: Arma sem munio ou com munio deflagrada. Ministrar acar pensando ser veneno a uma pessoa. Obs: Meio relativamente ineficaz pode vir ou no a causar o resultado.Ex: Munio envelhecida pode deflagrar. Grvida que ingere medicamento com prazo de validade vencida para abortamento.6 Absoluta impropriedade do Objeto Perg: Qual o conceito de objeto?Tudo aquilo contra o qual se dirige a conduta do agente (pessoa ou coisa).Ex: Atirar em pessoa morta. Mulher que ingere medicamentos abortivos, mas no estava grvida. No se pode contaminar com doena venrea quem j est contaminado ou imune a ela.Obs: Objeto relativamente imprprio.Aqui a pessoa ou coisa colocada efetivamente numa situao de perigoEx: Pessoa que coloca mo no bolso de outro para subtrair valor que estava no outro bolso reponde por tentativa.Se no tivesse dinheiro algum estaramos diante de crime impossvel.7 Crime Impossvel e Flagrante PreparadoSmula 145 do STF: No h crime, quando a preparao do flagrante pela polcia torna impossvel a sua consumao.