2014 delta perspectivas econômicas para 2014

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CURRENT ISSUES Janeiro 2014 volume 14 número 1 Perspectivas Econômicas para 2014 Luiz Nelson Porto Araujo As perspectivas para 2014 serão balizadas, externamente, pela evolução da crise nas economias mais desenvolvidas, cuja profundidade e efeitos serão mais duradouros do que se imaginava. No Brasil, estas perspectivas ainda serão condicionadas pela credibilidade da política econômica, especialmente em um ano de eleições majoritárias. Além disso, é importante observar que a experiência brasileira, a partir de 2010, com uma "Nova Matriz Econômica" mostrou-se um fra- casso. Introdução O Brasil é, hoje, a sétima maior economia do mundo (medida em paridade de poder de compra), com previsão de ser a quinta antes do final desta década. É o segundo maior ex- portador de produtos alimentícios, um dos maiores produtores de petróleo, minerais e veículos automotivos. Nossa economia é a principal referência política e econômica de toda a América Latina. Nossa estrutura de governança é cada vez mais sólida e a de- mocracia fincou raízes no sistema político, desde o processo de abertura política em 1985. A inclusão social avançou significati- vamente nas duas últimas décadas, apesar dos desafios que ainda remanescem para qualificação da mão de obra e atendimento das demandas por educação e saúde. Re- centemente, no âmbito das discussões so- bre a atual crise econômica, foi promovido a interlocutor privilegiado no FMI, no G-20 e em outros fóruns mundiais. Sem dúvida, um conjunto de atributos que poderiam assegu- rar um processo sustentado de crescimento a taxas ao redor de 4,0% ao ano. Para isso, precisamos superar gargalos estruturais his- tóricos, através do planejamento público e privado e de iniciativas republicanas. As principais economias desenvolvidas e emergentes, e os seus respectivos mercados financeiros (em particular, bancário), estão se recuperando lentamente da crise no mer- cado hipotecário subprime iniciada nos Esta- dos Unidos, que rapidamente se transformou em uma crise de dívida soberana em diver- sas economias da zona do euro. A dinâmica econômica dos Estados Unidos, dos países

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Perspectivas econômicas para 2014

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Page 1: 2014 delta perspectivas econômicas para 2014

CURRENT ISSUES

Janeiro 2014 volume 14 número 1

Perspectivas Econômicas para 2014 Luiz Nelson Porto Araujo

As perspectivas para 2014 serão balizadas, externamente, pela evolução da crise nas economias

mais desenvolvidas, cuja profundidade e efeitos serão mais duradouros do que se imaginava. No

Brasil, estas perspectivas ainda serão condicionadas pela credibilidade da política econômica,

especialmente em um ano de eleições majoritárias. Além disso, é importante observar que a

experiência brasileira, a partir de 2010, com uma "Nova Matriz Econômica" mostrou-se um fra-

casso.

Introdução

O Brasil é, hoje, a sétima maior economia do

mundo (medida em paridade de poder de

compra), com previsão de ser a quinta antes

do final desta década. É o segundo maior ex-

portador de produtos alimentícios, um dos

maiores produtores de petróleo, minerais e

veículos automotivos. Nossa economia é a

principal referência política e econômica de

toda a América Latina. Nossa estrutura de

governança é cada vez mais sólida e a de-

mocracia fincou raízes no sistema político,

desde o processo de abertura política em

1985. A inclusão social avançou significati-

vamente nas duas últimas décadas, apesar

dos desafios que ainda remanescem para

qualificação da mão de obra e atendimento

das demandas por educação e saúde. Re-

centemente, no âmbito das discussões so-

bre a atual crise econômica, foi promovido a

interlocutor privilegiado no FMI, no G-20 e

em outros fóruns mundiais. Sem dúvida, um

conjunto de atributos que poderiam assegu-

rar um processo sustentado de crescimento

a taxas ao redor de 4,0% ao ano. Para isso,

precisamos superar gargalos estruturais his-

tóricos, através do planejamento público e

privado e de iniciativas republicanas.

As principais economias desenvolvidas e

emergentes, e os seus respectivos mercados

financeiros (em particular, bancário), estão

se recuperando lentamente da crise no mer-

cado hipotecário subprime iniciada nos Esta-

dos Unidos, que rapidamente se transformou

em uma crise de dívida soberana em diver-

sas economias da zona do euro. A dinâmica

econômica dos Estados Unidos, dos países

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da zona do euro, do Japão, da China e da

Índia tem efeitos estruturais, e não apenas

conjunturais, sobre a economia brasileira. As

disparidades econômicas, políticas e sociais

destas economias – fundamentais na estru-

tura de governança mundial – são determi-

nantes da dinâmica e do potencial nacional.

Além disso, o desenvolvimento econômico e

político da América Latina, região onde o

Brasil continua a focar a sua inserção e lide-

rança, traz desafios muito importantes, par-

ticularmente quando se considera a forte de-

terioração no ambiente social, político e eco-

nômico da Argentina e da Venezuela.

Por fim, é importante observar que a experi-

ência brasileira, a partir de 2010, com uma

"Nova Matriz Econômica" mostrou-se um fra-

casso. O abandono do tripé econômico ba-

seado em câmbio flexível, metas de inflação

e superávit primário, somado à condução da

política econômica centrada em medidas

conjunturais, com desistência de aprofundar

as reformas microeconômicas estruturais ne-

cessárias, resultou em aumento generali-

zado no grau de incerteza, com prejuízo so-

bre os investimentos privados e o cresci-

mento do PIB nacional.

As perspectivas para 2014 serão balizadas,

externamente, pela evolução da crise nas

economias mais desenvolvidas, cuja profun-

didade e efeitos serão mais duradouros do

que se imaginava. Apesar disso, já são per-

cebidos sinais da retomada do crescimento

econômico sustentado – geográfica e setori-

almente limitado, é claro – desde o final do

ano passado, mesmo considerando a redu-

ção das perspectivas de crescimento da

China e Índia. No Brasil, estas perspectivas

ainda serão condicionadas pela credibilidade

da política econômica, especialmente em

um ano de eleições majoritárias. É sabido

que esta credibilidade depende, fundamen-

talmente, do reconhecimento de que a esta-

bilidade macroeconômica é condição funda-

mental para o desenvolvimento e a inserção

social de milhões de brasileiros. Esta estabi-

lidade se resume a controle da inflação, dis-

ciplina fiscal e monetária, gestão pública efi-

ciente e programas sociais focalizados na po-

pulação mais carente. É óbvio que interven-

ções pontuais em determinados setores de

atividade e o uso de políticas anticíclicas in-

teligentes devem ser defendidas. No en-

tanto, isto não implica na generalização de

medidas de ajustes descontínuas, populistas

e de baixa eficiência e eficácia – apesar de

todas as pressões políticas em sentido con-

trário.

Estados Unidos, Zona do Euro e

Japão

A recuperação dos Estados Unidos continua,

mas com incertezas decorrentes não apenas

da condução da política macroeconômica –

em particular, a monetária conduzida pelo

Federal Reserve Bank –, mas, também, da

polarização política cada vez mais intensa

entre democratas e republicanos. A oposição

radical liderada por uma minoria ligada ao

movimento Tea Party tem tido sucesso em

restringir significativamente os graus de liber-

dade do Presidente Obama e, apesar do

crescimento do PIB ter sido razoável – até

mesmo superior ao brasileiro – o nível de em-

prego ainda se encontra abaixo do observado

antes da crise do mercado subprime em

2007 e, o mercado imobiliário, apesar de es-

tabilizado ainda encontra-se deprimido. Os

principais desafios são: i) redução do déficit

fiscal, em velocidade controlada, que não li-

mite a continuidade do processo de recupe-

ração e que contemple o aumento da tribu-

tação, ii) definição sobre a trajetória futura

da política monetária acomodativa, em parti-

cular, da compra de títulos privados e da

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taxa de juros muito próxima de zero, iii) im-

plantação de políticas de emprego, que im-

peça o atual quadro de desemprego de tor-

nar-se estrutural e iv) continuidade na im-

plantação do Dodd-Frank Act, de 2010, que

permita aumentar a resiliência do sistema fi-

nanceiro.

As assimetrias entre as economias da zona

do euro, em termos econômicos, políticos,

sociais, geográficos, são imensas. A dinâ-

mica da região é induzida, principalmente,

pelas decisões no eixo Berlim, Bruxelas e Pa-

ris. Apesar das discussões atuais ainda esta-

rem centradas sobre o risco de uma "década

perdida", resultado de uma combinação de

baixo crescimento econômico e deflação, as

projeções atuais indicam uma inflação muito

baixa para os próximos anos (em média, ao

redor de 1,5%), sem indícios de uma defla-

ção geral e com as expectativas muito próxi-

mas do nível considerado como de estabili-

dade pelo Banco Central Europeu. A experi-

ência internacional e, particularmente das

principais economias latino-americanas en-

tre 1980-2000, indica que a melhor prote-

ção contra o risco de uma década perdida é

a implantação de reformas estruturais que

estimulem o consumo privado, aumentem a

lucratividade do investimento e introduzam

novos instrumentos de gestão pública. O de-

safio desta implantação decorre das fortes

demandas sociais e políticas – principal-

mente nas economias mais frágeis e depen-

dentes de transferências, como Espanha,

Grécia e Portugal –, e dos problemas, no

longo prazo, decorrentes de uma taxa de ju-

ros muito baixa.

O Japão, após mais de duas décadas de

baixo crescimento econômico, alterou dras-

ticamente a condução da sua política macro-

econômica. Apesar dos resultados positivos

obtidos desde então, com elevação dos in-

vestimentos e do consumo privado, os riscos

ainda persistem, principalmente devido às

preocupações com os desenvolvimentos

econômicos, sociais e políticos na Zona do

Euro e a redução do crescimento econômico

na China. Os desafios mais importantes são:

i) consolidação fiscal, que permita a redução

da elevada razão dívida pública/PIB, ii) au-

mento do crescimento potencial, com redu-

ção das restrições à contratação de mulhe-

res e idosos, desregulamentação dos setores

agrícola e de serviços, iii) continuação de

uma política monetária "frouxa", com au-

mento da inflação (permitindo a saída de um

histórico deflacionário de longo prazo) e iv)

manutenção da estabilidade do setor finan-

ceiro, com a continuidade do monitoramento

de riscos sistêmicos (incluindo o risco de ex-

posição à títulos públicos) e melhoria da re-

gulação prudencial (aumento dos requisitos

de capital e melhoria das avaliações de sol-

vência).

Rússia, Índia e China

A Rússia recuperou-se rapidamente da crise

econômica e o hiato do produto, atualmente,

é muito pequeno, com uma taxa de inflação

baixa mas com perspectivas de aumento. A

política fiscal procíclica que deve ser mantida

por algum tempo, apesar da redução parcial

dos estímulos fiscais, teve efeitos importan-

tes na manutenção das taxas de crescimento

e do emprego, enquanto que a política mo-

netária induziu uma maior flexibilidade na

taxa de câmbio que, por sua vez, contribuiu

para a absorção de choques externos. Os

maiores desafios no curto prazo são: i) ma-

nutenção da estabilidade macroeconômica e

fortalecimento das políticas e dos instrumen-

tos de gestão pública, ii) decisão sobre as in-

certezas quanto à implantação das reformas

estruturais necessárias, iii) controle do ex-

cesso de demanda doméstica para evitar

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pressões inflacionárias, iv) retomada dos in-

vestimentos, mediante aperfeiçoamento do

arcabouço institucional e jurídico e v) super-

visão e aperfeiçoamento do sistema bancá-

rio.

A Índia ainda apresenta uma das maiores ta-

xas de crescimento do mundo mas, recente-

mente, um conjunto de fatores – incluindo a

evolução dos ajustes macroeconômicos nas

economias mais desenvolvidas e o moroso

processo decisório das autoridades públicas

– impactou sobremaneira o nível dos investi-

mentos. Os principais desafios neste mo-

mento, são: i) conter a desvalorização da rú-

pia, atingida pela saída de investidores es-

trangeiros, ii) conter a inflação em alta, de-

corrente do crescimento dos gastos do go-

verno e dos preços dos alimentos, iii) refor-

mar o sistema bancário, para induzir a en-

trada de novos concorrentes, iv) fortalecer a

credibilidade do Banco Central Indiano, que

não é independente, v) retomar o nível dos

investimentos e vi) manter o processo de in-

clusão social (mais de 30% da população in-

diana vive abaixo do nível de pobreza definido

pelo governo). Estes desafios são ainda mais

relevantes quando se considera uma matriz

econômica com quatro grandes problemas

estruturais: i) aumento do custo de mão de

obra, que prejudica a competitividade das

empresas, ii) leis trabalhistas arcaicas, que

limitam a expansão dos investimentos, iii) in-

fraestrutura precária, que eleva os custos lo-

gísticos e também prejudica a produtividade

e iv) elevados déficits no balanço de paga-

mento em conta corrente – atualmente fi-

nanciado pela entrada de capital externo –,

que pressiona a taxa de câmbio.

A China cresceu rapidamente ao longo dos

últimos trinta anos. Entre 1978 e 2012, a

taxa de crescimento do PIB real foi, em mé-

dia, de 10,0% ao ano, resultando em um au-

mento de mais de 20 vezes do nível de pro-

dução. A reestruturação da economia mun-

dial em decorrência da crise iniciada em

2007 nos Estados Unidos, bem como os

ajustes internos, implicou em um "pouso" su-

ave, com perspectiva de crescimento abaixo

de 8,0% nos próximos anos. Em outubro

deste ano, o 18° Congresso Nacional, anun-

ciou uma nova geração de líderes que deve

conduzir a segunda maior economia do

mundo. Logo em seguida, em 12 de novem-

bro, foi aprovada pelo 3° Plenário do 18° Co-

mitê Central do Partido Comunista Chinês

uma Resolução referente aos "Principais Te-

mas no Aprofundamento das Reformas", or-

ganizado em 16 capítulos, abarcando um

amplo espectro de questões, dentre outras:

ideológicas, instituições econômicas, siste-

mas de mercado, funções públicas, reformas

estruturais e sociais, inovação, ecologia, go-

vernança e defesa. Os principais desafios

são: i) os riscos associados ao mercado imo-

biliário, ao sistema financeiro e às finanças

públicas locais, ii) o rebalanceamento da

economia em direção ao consumo domés-

tico, iii) a inserção na matriz econômica da

população rural, com menores restrições à

migração do campo para as cidades, iv) o po-

sicionamento da moeda chinesa como meio

de pagamento e de reserva no mercado fi-

nanceiro internacional.

América Latina

As disparidades entre os países da América

Latina são imensas. A região é formada por

21 países, ocupando uma área de 21 mi-

lhões de km2

(14,1% da superfície terrestre)

e quase 600 milhões de habitantes. O Brasil,

colonizado por portugueses, difere significa-

tivamente na língua e nas tradições culturais

desta região, e responde por aproximada-

mente 40,0% da área total e 35,0% da po-

pulação.

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Em 2014, o PIB da América Latina deve cres-

cer menos do que o observado em 2013

(3,0%), o que sugere a manutenção dos pro-

blemas que implicaram na desaceleração

econômica da região desde 2011. Apesar

disso, podem ser observadas diferenças im-

portantes na taxa de crescimento do PIB das

principais economias desta região, sendo

este crescimento determinado, principal-

mente, pela demanda interna, sobretudo do

consumo. As perspectivas para 2014 são de

manutenção do atual nível de crescimento. A

região deve apresentar uma pequena redu-

ção da taxa de desemprego, causada não

pelo atendimento da demanda mas sim pela

queda da oferta de trabalho, com perspecti-

vas também de manutenção do atual pata-

mar de emprego em 2014. Os investimen-

tos, como proporção do PIB, ainda são bai-

xos e concentrados, geralmente, em setores

exportadores e com baixo efeito multiplica-

dor.

Frente ao menor dinamismo do crescimento

e à deterioração do setor externo, as metas

da política fiscal na região se flexibilizaram, o

que na maioria dos países foi possível graças

às condições favoráveis de acesso a financi-

amento, com taxas de juros historicamente

baixas. O gasto público (como proporção do

PIB) aumentou moderadamente na maioria

dos países, incluindo um maior gasto em ca-

pital, com exceção do Brasil e do México.

Houve alguma deterioração das contas fis-

cais em vários países exportadores de hidro-

carbonetos, principalmente por um maior au-

mento de seu gasto público e, no caso dos

exportadores de minerais e metais, devido a

uma redução das receitas fiscais associadas

a preços menos favoráveis de seus produtos

de exportação.

Em um estudo recente, o FMI concluiu que,

apesar dos riscos, a expectativa é que os di-

recionadores externos continuem a fomentar

o crescimento da América Latina. Com a per-

sistência da política monetária dos Estados

Unidos, não são esperadas elevações rele-

vantes e rápidas da taxa de juros, o que con-

tribui para a manutenção favorável das con-

dições de financiamento externo. O dina-

mismo da demanda das economias emer-

gentes e da Ásia, assim com a recuperação

gradual das economias da zona do euro, de-

vem manter os preços relativos das matérias

primas, o que beneficia os países exportado-

res. No entanto, dada a possibilidade de al-

teração no ambiente global o principal desa-

fio para a maioria dos países desta região é

aproveitar o atual momento e estabelecer as

condições necessárias para a construção de

uma base sólida que assegure o crescimento

sustentado no futuro próximo.

Segundo o "Balanço Preliminar das Econo-

mias da América Latina e do Caribe", elabo-

rado pela Cepal, as perspectivas para a re-

gião em 2014 serão as seguintes: i) a maior

demanda externa e um crescimento mo-

desto do consumo devem contribuir para a

recuperação do crescimento da América La-

tina e do Caribe, ii) as exportações devem

aumentar, mas com a persistência de al-

guma vulnerabilidade do setor externo, iii) a

política fiscal enfrentará maiores desafios e

a monetária, cambial e macro prudencial, na

maioria dos países, devem manter as mes-

mas tendências observadas no período mais

recente, iv) o cenário global deve trazer opor-

tunidades e ameaças para toda a região.

Em síntese, a análise da dinâmica econô-

mica, política e social desta região no perí-

odo recente permite diversas conclusões,

sendo a primeira a existência de assimetrias

imensas entre os países que formam esta re-

gião. Segunda, apenas algumas economias

fizeram a "lição de casa" em termos de for-

mulação e condução de políticas macroeco-

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nômicas que buscam assegurar o cresci-

mento sustentado, sobressaindo-se o Brasil,

o Chile, o México e, mais recentemente, a

Colômbia e o Peru. Terceira, o crescimento

do PIB regional depende diretamente da di-

nâmica das economias mais desenvolvidas,

além da China e Índia, e está baseado es-

sencialmente em setores exportadores de

matérias primas, com baixo nível de inovação

e participação em cadeias globais de supri-

mento. Quarta, as políticas públicas, em

muitos países, tiverem sucesso em reduzir as

disparidades sociais e induzir um processo

de inclusão social, resultando em queda da

concentração da renda. Quinta, o mercado

de trabalho da região ainda é formado por

mão de obra pouco qualificada, sendo que

as condições da oferta e demanda por edu-

cação (básica e superior) são, em sua maior

parte, pouco universalizadas. Sexta, a oferta

de infraestrutura de saúde, energia, trans-

porte, comunicações, abastecimento de

água e saneamento é bastante precária, par-

ticularmente nas economias mais pobres e

em áreas rurais, implicando em baixa produ-

tividade das empresas, condições precárias

de bem-estar social, perdas de produção e

má-alocação de recursos escassos. Sétima,

o regime democrático – definido em função

de: i) eleições limpas, livres, pluripartidárias

e periódicas com direito à alternância para o

Executivo e o Legislativo, ii) direitos políticos

extensos para a maioria adulta da população

iii) Estado de Direito, onde o aparato institu-

cional tem como objetivo principal garantir

direitos individuais e manter o estado laico e

iv) controle dos civis sobre os militares –

ainda é precário na maioria dos países. Mais

ainda, o populismo econômico e político em

alguns países, especialmente na Argentina,

Bolívia, Equador e Venezuela, retoma uma vi-

são de poder ultrapassada, mas reformatada

no ideal "bolivariano", de inspiração do ex-

presidente Hugo Chávez. Por fim, o fracasso

da Rodada de Doha – que prejudicou o

avanço das negociações multilaterais de co-

mércio e induziu a retomada dos tratados bi-

laterais de comércio – abriu novas oportuni-

dades não apenas para o comércio entre os

países desta região mas, também, entre eles

e outras economias. Em particular, diversas

iniciativas bilaterais estão em discussão

sendo a mais importante a "Aliança do Pací-

fico", um bloco comercial latino-americano

criado em junho de 2012 que agrega Chile,

Colômbia, México e Peru. Estes países repre-

sentam aproximadamente 35,0% do PIB da

América Latina e exportações totais superio-

res à 50,0% mais do que o Mercosul (princi-

pal bloco econômico da América Latina).

Brasil

Desde a adoção do Plano Real, em 1994, se

discute o crescimento sustentado da econo-

mia brasileira. A pergunta que se coloca é:

as próximas décadas podem ser tão positivas

em termos de crescimento quanto os "trinta

anos de ouro" (1950-1980)? Esta pergunta

é ainda mais pertinente quando se sabe que

o Brasil, como outras economias emergen-

tes, depara-se com uma série de desafios

econômicos, políticos e sociais de natureza

estrutural. Estes desafios estão diretamente

relacionados com a nossa história, a sua in-

serção no sistema mundial de governança e

os gargalos e disparidades econômicas e so-

ciais que, há séculos, definem a nossa soci-

edade. A identificação destes desafios é ta-

refa muito mais simples do que a decisão po-

lítica e a alocação de recursos – físicos e fi-

nanceiros – para a sua superação.

Em síntese, o principal problema estrutural

do Brasil é assegurar taxas de crescimento

ao redor de 4,0% ao ano. Como se sabe,

esta taxa resulta da soma do crescimento do

emprego e do crescimento do produto por

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trabalhador. Agora, como a taxa de cresci-

mento da população economicamente ativa

está em queda e, como a maior parcela da

população já está empregada, não existe

muito espaço para o crescimento do em-

prego exceder o crescimento do PIB. Assim,

nas próximas décadas este crescimento deve

decorrer do aumento do produto por traba-

lhador, ou seja, da produtividade do trabalho.

A formação bruta de capital fixo (investi-

mento bruto) é um dos principais componen-

tes da demanda. Um dos efeitos positivos do

investimento é aumentar a capacidade ins-

talada da economia, o que permite um cres-

cimento mais acelerado sem pressões infla-

cionárias. O Brasil ainda não conseguiu as-

segurar as condições necessárias para o au-

mento dos investimentos como proporção do

PIB. As razões são inúmeras: i) arcabouço re-

gulatório instável, sujeito à influência polí-

tica, com má gestão e baixa segurança jurí-

dica para atrair novos investimentos, ii) pro-

blemas na execução do Programa de Acele-

ração do Crescimento - PAC, anunciado em

22/01/07, com atrasos no cronograma de

várias obras que decorreram, principal-

mente, de problemas de gestão e de ações

judiciais (desapropriação, licenciamento am-

biental, leilões de concessão, etc) contra

obras do Programa. O resultado foi o pe-

queno efeito multiplicador destes investi-

mentos, iii) mercado financeiro de longo

prazo ainda muito incipiente, sendo o BNDES

o agente mais importante na manutenção

dos níveis de investimento, ou seja, com pa-

pel estratégico significativo no financiamento

da infraestrutura nacional e iv) a percepção

do investidor – principalmente o estrangeiro

– sobre o estado da economia e as perspec-

tivas de crescimento são "bombardeadas"

por iniciativas de políticas públicas incongru-

entes e até mesmo ingênuas.

Em maio de 2009, a Fifa anunciou que 12

cidades brasileiras iriam sediar a Copa do

Mundo de 2014, o que implica hospedar 32

equipes e suas comitivas durante um mês e

criar estrutura para a realização de partidas

que serão transmitidas pra todo do mundo,

no maior evento midiático do planeta (es-

tima-se que durante a Copa de 2014 cerca

de três bilhões de telespectadores assistam

às transmissões). A infraestrutura, junta-

mente com a segurança, são os maiores de-

safios para o sucesso deste evento. Os mai-

ores gastos com infraestrutura nas cidades

sede compreendem: i) reforma e construção

de estádios/vilas olímpicas e ii) obras em ae-

roportos, portos, rodovias, hospitais e siste-

mas de telecomunicações. O balanço atual

dos investimentos necessários para a reali-

zação da Copa indica que, apesar do crono-

grama de conclusão das arenas estar atra-

sado, todas elas estarão concluídas até o

prazo final estabelecido pela Fifa. No en-

tanto, a matriz de responsabilidade com os

Estados inicialmente proposta pelo governo

federal não será cumprida, com apenas a re-

modelação dos aeroportos concluída. O

maior fracasso está nos projetos de mobili-

dade urbana que foram considerados neces-

sários e que, atualmente, estão na sua mai-

oria descartados. Por fim, é importante ob-

servar que a experiência internacional mostra

que os efeitos econômicos ex post associa-

dos a este evento são muito inferiores à ex-

pectativa ex ante. De fato, os multiplicadores

de emprego e renda, os benefícios espera-

dos com novos equipamentos de transporte

e comunicação (e de infraestrutura em ge-

ral), as externalidades positivas e, em última

instância, o aumento do PIB, são muito infe-

riores à expectativa inicial. Assim, não se es-

pera qualquer ganho relevante no cresci-

mento do PIB em 2014 decorrente da Copa.

Todo processo de desenvolvimento econô-

mico sustentado exige uma taxa de inflação

baixa e pouco volátil. A conjugação de pro-

dução, investimento e geração de emprego

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com inflação elevada só existe no mundo da

fantasia. Não existe, na moderna teoria e

boa prática econômica, qualquer argumento

plausível para que a taxa de inflação seja ele-

vada. Pior ainda, o aumento da taxa de infla-

ção penaliza não apenas as decisões de in-

vestimento como também – e principalmente

– a população mais carente do país. O com-

portamento das taxas de inflação em 2014

devem continuar a exigir atenção da autori-

dade monetária, apesar das pressões asso-

ciadas ao ciclo econômico-político.

A trajetória da taxa Selic a partir de 2011,

após uma experimentação desastrada no

âmbito da "nova matriz econômica", retomou

à faixa de dois dígitos, que deve ser mantida

em 2014. A redução significativa desta taxa

foi baseada em um diagnóstico equivocado

da sua fundamentação, em uma tentativa de

experimentação fundamentada em uma vi-

são político-ideológica há muito ultrapassada

e, por fim, em uma análise superficial dos

potenciais efeitos multiplicadores que pode-

ria ter sobre a geração de emprego, renda e

investimento. Conjugada com a condução de

uma política fiscal errônea e muito distinta

(adoção de contabilidade criativa, redução

da meta de superávit primário, expansão das

despesas, desonerações tributárias) daquela

que prevaleceu nas duas administrações an-

teriores, o resultado não poderia ser sido di-

ferente – a menos que o compromisso com

a meta de inflação fosse abandonado, reti-

rando a âncora das expectativas inflacioná-

rias do País.

No setor externo, o saldo da balança comer-

cial continua muito ruim por diversos moti-

vos, não apenas de ordem externa mas, prin-

cipalmente, de ordem interna associado ao

custo Brasil. A conta de serviços deve manter

seu déficit estrutural, dadas as despesas

com o pagamento de empréstimos externos,

as remessas de lucros e dividendos, o tu-

rismo e os fretes e seguros. O crescimento

da atividade econômica e a manutenção da

taxa de câmbio são variáveis explicativas im-

portantes do saldo desta conta. O saldo em

transações correntes (que, do ponto de vista

econômico, corresponde ao excesso do con-

sumo e investimento sobre o produto, ou o

excesso dos investimentos sobre poupança

doméstica e, do ponto de vista contábil, é o

excesso importações sobre as exportações

de bens e serviços) continua negativo e, pior,

crescente em relação ao PIB.

Com o acirramento da crise cambial, em se-

tembro de 2008, o real iniciou um processo

acelerado de valorização (juntamente com

uma maior volatilidade). Os resultados até

este momento indicam que o Real foi a mo-

eda que mais se valorizou no mundo e a mo-

eda mais volátil dentre um conjunto de paí-

ses das Américas (Argentina, Bolívia, Chile,

Colômbia, Estados Unidos, México, Peru e

Venezuela). O resultado do balanço de paga-

mentos (e, principalmente, da balança co-

mercial), o calendário eleitoral do próximo

ano e a provável redução do rating do Brasil

(com a perda do grau de investimento) pelas

agências internacionais de avaliação de

risco, devem definir a taxa de câmbio

R$/US$ em 2014. Por fim, é importante ob-

servar que, desde 2002 e até 2010, com os

saldos comerciais em crescimento e a esta-

bilidade nos mercados internacionais, as re-

servas internacionais do Brasil cresceram

substancialmente e superaram US$ 360 bi-

lhões.

Por fim, a dinâmica econômica, em 2014,

ainda será impactada: i) pelo calendário elei-

toral, com a eleição para Presidente da Re-

pública, governadores e membros do legisla-

tivo, impactando a condução macroeconô-

mica (juros, inflação e finanças públicas), ii)

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C U R R E N T I S S U E S

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DELTA ECONOMICS & FINANCE 9

pela Copa mundial de futebol, com a redu-

ção da atividade econômica e dos gargalos

logísticos esperados, iii) por manifestações

de protesto popular por segmentos sociais e

políticos, que terão na Copa uma vitrine para

as mais diversas manifestações, muitas de-

las em continuidade àquelas observadas em

2013, iv) pela evolução do ambiente econô-

mico, político e social na Argentina (eleição

presidencial prevista para outubro de 2015)

e na Venezuela, com a expectativa de acirra-

mento das posições radicais dos governan-

tes atuais.

Page 10: 2014 delta perspectivas econômicas para 2014

C U R R E N T I S S U E S

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DELTA ECONOMICS & FINANCE 10

Taxa de crescimento do PIB real (% a.a.)

2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E

Estados Unidos -0,3 -2,8 2,5 1,8 2,8 1,6 2,6

Zona do Euro 0,4 -4,4 2,0 1,5 -0,6 -0,4 1,0

Japão -1,0 -5,5 4,7 -0,6 2,0 2,0 1,2

Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.

Taxa de inflação – preços ao consumidor (% a.a.)

2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E

Estados Unidos 3,8 -0,3 1,6 3,1 2,1 1,4 1,5

Zona do Euro 3,3 0,3 1,6 2,7 2,5 1,5 1,5

Japão 1,4 -1,3 -0,7 -0,3 0,0 0,0 2,9

Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.

Saldo em transações correntes (% do PIB)

2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E

Estados Unidos -4,6 -2,6 -3,0 -2,9 -2,7 -2,7 -2,8

Zona do Euro -0,7 0,2 0,6 0,7 1,9 2,3 2,5

Japão 3,3 2,9 3,7 2,0 1,0 1,2 1,7

Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.

Taxa de crescimento do PIB real (% a.a.)

2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E

Rússia 5,2 -7,8 4,5 4,3 3,4 1,5 3,0

Índia 3,9 8,5 10,5 6,3 3,2 3,8 5,1

China 9,6 9,2 10,4 9,3 7,7 7,6 7,3

Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.

Taxa de inflação – preços ao consumidor (% a.a.)

2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E

Rússia 14,1 11,7 6,9 8,4 5,1 6,7 5,7

Índia 9,1 12,4 10,4 8,4 10,4 10,9 8,9

China 5,9 -0,7 3,3 5,4 2,6 2,7 3,0

Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.

Saldo em transações correntes (% do PIB)

2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E

Rússia 6,3 4,1 4,4 4,1 3,7 2,9 2,3

Índia -2,3 -2,8 -2,7 -4,2 -4,8 -4,4 -3,8

China 9,3 4,9 4,0 1,9 2,3 2,5 2,7

Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.

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C U R R E N T I S S U E S

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DELTA ECONOMICS & FINANCE 11

Taxa de crescimento do PIB real (% a.a.)

2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E

Argentina 6,8 0,9 9,2 8,9 1,9 3,5 2,8

Bolívia 6,1 3,4 4,1 5,2 5,2 5,4 5,0

Brasil 5,2 -0,3 7,5 2,7 0,9 2,5 2,5

Chile 3,1 -0,9 5,7 5,8 5,6 4,4 4,5

Colômbia 3,5 1,7 4,0 6,6 4,0 3,7 4,2

Equador 6,4 0,6 3,0 7,8 5,1 4,0 4,0

México 1,2 -4,5 5,1 4,0 3,6 1,2 3,0

Paraguai 6,4 -4,0 13,1 4,3 -1,2 12,0 4,6

Peru 9,8 0,9 8,8 6,8 6,3 5,4 5,7

Uruguai 7,2 2,2 8,9 6,5 3,9 3,5 3,3

Venezuela 5,3 -3,2 -1,5 4,2 5,6 1,0 1,7

Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.

Taxa de inflação – preços ao consumidor (% a.a.)

2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E

Argentina 8,6 6,3 10,5 9,8 10,0 10,5 11,4

Bolívia 14,0 3,3 2,5 9,9 4,5 4,8 4,1

Brasil 5,7 4,9 5,0 6,6 5,4 6,3 5,8

Chile 8,7 1,5 1,4 3,3 3,0 1,7 3,0

Colômbia 7,0 4,2 2,3 3,4 3,2 2,2 3,0

Equador 8,4 5,2 3,6 4,5 5,1 2,8 2,4

México 5,1 5,3 4,2 3,4 4,1 3,6 3,0

Paraguai 10,2 2,6 4,7 8,3 3,7 3,2 4,6

Peru 5,8 2,9 1,5 3,4 3,7 2,8 2,5

Uruguai 7,9 7,1 6,7 8,1 8,1 8,5 8,6

Venezuela 30,4 27,1 28,2 26,1 21,1 37,9 38,0

Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.

Saldo em transações correntes (% do PIB)

2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E

Argentina 1,8 2,5 0,3 -0,6 0,0 -0,8 -0,8

Bolívia 11,9 4,3 3,9 0,3 7,8 4,2 3,1

Brasil -1,7 -1,5 -2,2 -2,1 -2,4 -3,4 -3,2

Chile -3,2 2,0 1,5 -1,3 -3,5 -4,6 -4,0

Colômbia -2,9 -2,1 -3,1 -2,9 -3,2 -3,2 -3,2

Equador 2,8 0,5 -2,4 -0,3 -0,2 -1,1 -1,4

México -1,8 -0,9 -0,3 -1,0 -1,2 -1,3 -1,5

Paraguai 1,0 3,2 -0,3 1,2 0,4 0,5 -0,2

Peru -4,2 -0,6 -2,5 -1,9 -3,6 -4,9 -5,1

Uruguai -5,7 -1,3 -1,9 -2,9 -5,4 -4,9 -4,1

Venezuela 10,2 0,7 3,0 7,7 2,9 2,8 2,2

Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.

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DELTA ECONOMICS & FINANCE 12

Avaliação das principais economias da América Latina

Política Economia Social Competitividade Doing business

Argentina muito ruim ruim ruim ruim muito ruim

Bolívia neutro neutro muito ruim muito ruim muito ruim

Brasil muito bom bom ruim ruim ruim

Chile muito bom bom bom bom muito bom

Colômbia neutro neutro muito ruim ruim muito bom

Equador neutro neutro muito ruim ruim ruim

México bom bom neutro neutro muito bom

Paraguai neutro neutro neutro muito ruim ruim

Peru bom neutro muito ruim ruim muito bom

Uruguai neutro neutro ruim muito ruim ruim

Venezuela muito ruim muito ruim muito ruim ruim muito ruim

Fonte: com base em informações compiladas pelas Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional e Comissão Eco-

nômica para a América Latina e o Caribe; análise Delta Economics & Finance.

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DELTA ECONOMICS & FINANCE 13

Oportunidades e ameaças em 2014

Oportunidades Ameaças

Parcerias público-priva-

das

- gargalos na infraestrutura física e social

- conclusão dos editais de rodovias, ferro-

vias e portos

- definição do modelo de negócio para os

aeroportos regionais

- abertura de novas fronteiras, especial-

mente na área de saúde, educação e se-

gurança

- atrasos derivados de erros nos editais en-

contrados pelo TCU

- viés político-ideológico do governo em

ano eleitoral, restringindo os novos ativos

ofertados

- insuficiência operacional para definição

de modelos de negócio, novas fronteiras e

elaboração de editais

- restrições impostas pela lei eleitoral no

calendário de ofertas públicas

Pré-sal - adensamento da cadeia de fornecedores

- entrada de empresas estrangeiras, com

novas tecnologias e alianças estratégicas

com empresas brasileiras

- restrições à entrada de empresas estran-

geiras associadas, principalmente, à exi-

gência de conteúdo nacional

- atraso nos investimentos, decorrente da

insuficiência de recursos financeiros e hu-

manos por parte da Petrobras

Concessões públicas - gargalos na infraestrutura física e social - viés político-ideológico do governo em

ano eleitoral, restringindo os novos ativos

ofertados

- restrições impostas pela lei eleitoral no

calendário de ofertas públicas

Mercado doméstico - redução da taxa de inflação

- controle das contas públicas, com fixa-

ção do nível do superávit primário e das

despesas necessárias para a manutenção

do grau de investimento

- manutenção do nível de emprego renda

- manutenção do nível de consumo, com

redução da inadimplência

- aumento dos investimentos públicos e

privados

- aumento da inflação

- deterioração da posição fiscal, com

perda do grau de investimento

- aumento do nível de desemprego, com

queda da renda agregada

- queda do consumo decorrente do au-

mento da inadimplência

- queda dos investimentos públicos e pri-

vados devido à volatilidade da política eco-

nômica, redução do volume de crédito e

incerteza regulatória

Mercado internacional - estabilização das economias da zona do

euro

- retomada do crescimento do Japão

- manutenção da recuperação econômica

dos Estados Unidos, com redução da po-

larização entre democratas e republica-

nos, e afrouxamento suave da política mo-

netária

- pouso suave da China e Índia

- manutenção dos fluxos internacionais de

capitais, com elevação lenta da taxa de ju-

ros nos mercados globais

- deterioração das economias mais frágeis

da zona do euro (especialmente, Espanha,

Grécia e Portugal), contaminando outras

economias (em particular, a Itália)

- fracasso da política de afrouxamento mo-

netário no Japão, com manutenção da de-

flação e pequenas taxas de crescimento

econômico

- acirramento da polarização política nos

Estados Unidos, recuperação mais lenta

do emprego e da produção e precipitação

da alteração da política monetária

- pouso forçado da China e Índica, decor-

rente da deterioração nos respectivos mer-

cados internos

- queda abrupta dos fluxos internacionais

de capitais, decorrente do diferencial de

juros, da volatilidade cambial crescente,

da deterioração das principais economias

e de incertezas políticas

Fonte: Delta Economics & Finance.

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DELTA ECONOMICS & FINANCE 14

Luiz Nelson Porto Araujo, economista, é sócio-diretor da Delta Economics & Finance. Foi Professor do De-

partamento de Planejamento e Análise Econômica da EAESP-FGV e da FCECA da Universidade Macken-

zie.

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necessariamente, a visão da Delta Economics & Finance.

Sobre a Delta

Fundada em 2000, a Delta é uma empresa brasileira de consultoria econômica e financeira. Nossa mis-

são é oferecer soluções de qualidade aos nossos clientes mediante um compromisso com ética, inova-

ção, trabalho em equipe, alianças estratégicas e capacidade analítica.

Disponibilizamos sofisticadas soluções em corporate finance, economic regulation, local development &

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