2013_04_11_ac_stj_carrenda_habita_despejo__vidaeconomica_16p.pdf

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SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Publicado em VidaEconomica (http://www.vidaeconomica.pt) SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ARRENDAMENTO Referências: Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 11/04/2013, Revista nº 7536/05.5TBLRA.C1.S1 - 7.ª Secção Assunto: Contrato de arrendamento habitação – despejo I - O STJ conhece em regra somente da matéria de direito, aplicando aos factos provados pelo Tribunal da Relação o regime jurídico que julgue adequado – arts. 26º da LOFTJ e 729º, nº 1, do CPC –, estando-lhe vedado apurar de eventual erro na apreciação das provas e na fixação dos factos, salvo se houver ofensa de disposição expressa de lei que exija certa espécie de prova para a existência do facto ou que fixe a força de determinado meio de prova. II - Muito embora tenha resultado provada a notória degradação do locado, não se provou – e este ónus da prova recaía sobre o arrendatário recorrente – que este, quando deixou de habitar o locado e foi viver com a filha, o tenha feito por causa do mau estado da casa. III - A norma que prevê o despejo do locado com fundamento em violação ilícita de cláusulas contratuais por parte do inquilino não afronta a norma constitucional que protege o direito à habitação. IV - Não faria sentido que, visando a norma constitucional (art. 65º da CRP) garantir o direito à habitação das famílias, impondo ao Estado – e não aos particulares – uma série de deveres para tornar efetivo tal direito, um inquilino que tivesse deixado de viver no locado sem motivo justificado não pudesse ser despejado. CIVIL Referências: Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 11/04/2013 Revista nº 288/04.8TBVPV.L1.S1 - 1.ª Secção Assunto: Ação de reivindicação I - São dois os pedidos que integram e caracterizam a ação de reivindicação: o pedido principal, de efetivo reconhecimento do direito de propriedade sobre a coisa (“pronuntiatio”), e o consequente pedido de restituição da coisa (“condemnatio”), apesar de este ser a consequência lógica daquele reconhecimento (art. 1311º, nº 1, do CC). II - Incumbe, por isso, ao autor a prova do seu direito de propriedade e, se invoca como título do seu direito uma forma de aquisição originária da propriedade (ocupação, usucapião ou acessão), apenas precisará de provar os factos de que emerge esse seu direito. III - Se a aquisição é derivada, não basta que exiba um título translativo, havendo ainda necessidade de demonstrar que o direito já existia no transmitente. IV - Provada a propriedade da coisa, apenas será lícito negar-se ao proprietário a sua restituição nas situações previstas na lei, que englobam as relações obrigacionais ou reais que confiram a posse ou a detenção por parte do não proprietário (art. 1311º, nos 1 e 2, do CC), como é o caso do direito de retenção, do penhor, do usufruto, da locação ou do comodato. COMERCIAL Referências: Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 11/04/2013 Revista nº 353/05.4TBENT.E1.S1 - 2.ª Secção Assunto: Extinção de sociedade comercial I - Instaurada uma ação por uma sociedade que, no desenrolar da mesma, veio a ser dissolvida e liquidada, a instância não se suspende, não sendo necessária habilitação – art. 162º, nº 1, do CSC – nem tal facto tem qualquer reflexo na ação já proposta, cabendo à pessoa a quem cumpre desempenhar o cargo de liquidatário representar o acervo societário extinto. Consulte mais notícias em: www.vidaeconomica.pt Página 1 de 16

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  • SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIA Publicado em VidaEconomica (http://www.vidaeconomica.pt)

    SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIA

    ARRENDAMENTO

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 11/04/2013,Revista n 7536/05.5TBLRA.C1.S1 - 7. SecoAssunto: Contrato de arrendamento habitao despejo

    I - O STJ conhece em regra somente da matria de direito, aplicando aos factos provados peloTribunal da Relao o regime jurdico que julgue adequado arts. 26 da LOFTJ e 729, n 1, do CPC, estando-lhe vedado apurar de eventual erro na apreciao das provas e na fixao dos factos,salvo se houver ofensa de disposio expressa de lei que exija certa espcie de prova para aexistncia do facto ou que fixe a fora de determinado meio de prova.II - Muito embora tenha resultado provada a notria degradao do locado, no se provou e estenus da prova recaa sobre o arrendatrio recorrente que este, quando deixou de habitar o locadoe foi viver com a filha, o tenha feito por causa do mau estado da casa.III - A norma que prev o despejo do locado com fundamento em violao ilcita de clusulascontratuais por parte do inquilino no afronta a norma constitucional que protege o direito habitao.IV - No faria sentido que, visando a norma constitucional (art. 65 da CRP) garantir o direito habitao das famlias, impondo ao Estado e no aos particulares uma srie de deveres paratornar efetivo tal direito, um inquilino que tivesse deixado de viver no locado sem motivo justificadono pudesse ser despejado.

    CIVIL

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 11/04/2013Revista n 288/04.8TBVPV.L1.S1 - 1. SecoAssunto: Ao de reivindicao

    I - So dois os pedidos que integram e caracterizam a ao de reivindicao: o pedido principal, deefetivo reconhecimento do direito de propriedade sobre a coisa (pronuntiatio), e o consequentepedido de restituio da coisa (condemnatio), apesar de este ser a consequncia lgica daquelereconhecimento (art. 1311, n 1, do CC).II - Incumbe, por isso, ao autor a prova do seu direito de propriedade e, se invoca como ttulo do seudireito uma forma de aquisio originria da propriedade (ocupao, usucapio ou acesso), apenasprecisar de provar os factos de que emerge esse seu direito.III - Se a aquisio derivada, no basta que exiba um ttulo translativo, havendo aindanecessidade de demonstrar que o direito j existia no transmitente.IV - Provada a propriedade da coisa, apenas ser lcito negar-se ao proprietrio a sua restituio nassituaes previstas na lei, que englobam as relaes obrigacionais ou reais que confiram a posse oua deteno por parte do no proprietrio (art. 1311, nos 1 e 2, do CC), como o caso do direito dereteno, do penhor, do usufruto, da locao ou do comodato.

    COMERCIAL

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 11/04/2013Revista n 353/05.4TBENT.E1.S1 - 2. SecoAssunto: Extino de sociedade comercial

    I - Instaurada uma ao por uma sociedade que, no desenrolar da mesma, veio a ser dissolvida eliquidada, a instncia no se suspende, no sendo necessria habilitao art. 162, n 1, do CSC nem tal facto tem qualquer reflexo na ao j proposta, cabendo pessoa a quem cumpredesempenhar o cargo de liquidatrio representar o acervo societrio extinto. Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 1 de 16

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    II - Do ponto de vista da legitimidade processual, no pode o ru deixar de ser considerado partelegtima se, de acordo com a relao controvertida tal como ela foi configurada pela autora, teminteresse em contradizer; do ponto de vista da legitimidade substantiva, no pode o ru serconsiderado parte legtima se ficou demonstrado que foi ele quem construiu e vendeu a frao emcausa nos presentes autos, tendo o seu irmo apenas agido na qualidade de seu representante.

    CONTRATOS

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 16/04/2013Revista n 2044/08.5TBPVZ.P1 S1 - 6. SecoAssunto: Contrato-promessa de compra e venda

    I - vlido o contrato-promessa de compra e venda de um quinho hereditrio, celebrado entre aautora (promitente-compradora) e a r (promitente-vendedora), pois esta no est a renunciar sucesso de pessoa viva, nem a regular a sua prpria sucesso, nem a dispor da sucesso deterceiro ainda no aberta; est a dispor, isso sim, do seu prprio direito herana de outra pessoa.II - A alienao da herana (ou do quinho hereditrio) s legalmente possvel depois de aberta asucesso e de o herdeiro ter aceite esta, pois s ento, por fora do art. 2050 do CC, adquire odireito a ela.III - O facto de o negcio prometido s poder ser validamente celebrado depois de aberta e aceite aherana, determina que a realizao do contrato-promessa ainda em vida do autor da herana emnada afeta a inteira liberdade de disposio dos seus bens por parte do de cujus.IV - A regra da proibio dos pactos sucessrios (cf. art. 2028, n 2, do CC) destina-se a garantir afaculdade individual de deciso do de cujus quanto disposio por morte dos seus bens e dosucessvel quanto ao direito de suceder.V - A aceitao da herana por parte do promitente-vendedor no se apresenta como um factoconstitutivo do direito do promitente-comprador; antes a sua no aceitao que se configura comoum facto impeditivo do direito acionado, a provar pelo promitente-vendedor, nos termos dos arts.342, n 2, do CC, e 487, n 2, e 493, n 2, do CPC.VI - A presuno legal do art. 830, n 2, do CC ilidvel, nos termos do art. 350, n 2, do mesmoCdigo.VII - Se, em concreto, as partes fixaram uma clusula penal para o caso de incumprimento dapromessa, mas ao mesmo tempo estipularam expressamente a sua submisso ao regime daexecuo especfica, este facto no consente outra interpretao que no seja a de que livrementeilidiram a presuno a que a lei alude: se fixaram uma clusula penal indemnizatria no obstanteterem pactuado a execuo especfica, tem de entender-se que no quiseram prescindir desta, sejafuncionando em alternativa clusula penal, seja cumulativamente com ela.VIII - Se a pena foi estabelecida para o caso da falta definitiva de cumprimento e no para o atrasona prestao, trata-se duma pena compensatria, proibindo a lei (cf. art. 811, n 1, do CC) o cmulodo cumprimento e da clusula penal compensatria, mas no do cumprimento e da clusula penalmoratria.

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 23/04/2013Revista n 194/04.6TBPSR-A.E1.S1 - 6. SecoAssunto: Contrato de depsito bancrio

    I - Aps a morte do depositante e titular nico de uma conta bancria, que suportava o pagamentode encargos com cinco emprstimos que se venceram aps a data da morte, tendo os herdeirospedido o cancelamento da conta, no constitui violao do contrato ter o banco debitado osencargos com tais emprstimos e com outras despesas ou encargos devidos pelo depositante, quetinha autorizado a debit-la para esse efeito.II - O contrato de depsito bancrio, nada tendo sido estabelecido em contrrio, no caducou com amorte do depositante, estando ligado conta de depsito ordem com expressa autorizao dodepositante para processar operaes inerentes s obrigaes emergentes de emprstimoscontrados; pelo que, no tendo sido cancelada a conta por iniciativa do banco, as operaesefetuadas aps a morte do depositante no exprimem violao do contrato.III - Se a atuao do banco no primou pela prontido, na resposta aos pedidos de cancelamento daconta efetuados pelos herdeiros do depositante aps a morte do seu familiar, sendo por issorepreensvel, importa ponderar que, aps a morte do depositante, os herdeiros seriam os Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 2 de 16

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    cotitulares da conta e o banco estava autorizado pelo depositante a processar as operaes dedbito inerentes aos compromissos assumidos.IV - No seria atuar conforme ao princpio da boa f art. 762 do CC que os herdeiros dodepositante, sabendo data da morte do seu familiar dos movimentos realizados na conta bancria,bem como dos emprstimos concedidos e respetivos juros, pretendessem obter o levantamento dosfundos existentes para frustrar o direito contratual do banco a debit-la para pagamento de quantiasdevidas por fora do estipulado no contrato.V - O facto de o banco, invocando os crditos que tinha sobre o seu cliente, decorrentes deemprstimos que lhe concedeu, os compensar com o saldo bancrio existente na conta constitui onormal desenvolvimento do contrato, movimentando-a a dbito com encargos, juros e despesas;apelando-se ao instituto da compensao, mostra-se conforme ao requisito previsto no art. 847, n1, al. b), do CC.

    FAMLIA

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 16/04/2013Revista n 1791/08.6TBAVR.C1.S1 - 1. SecoAssunto: Perfilhao - anulao

    I - A ao de anulao da perfilhao, quando esta se mostre viciada por coao moral, visa o atodeclarativo do perfilhante, na medida em que, embora no constitua uma declarao de vontade,no dispensa a vontade, livre e esclarecida, da declarao.II - A ao de impugnao da perfilhao ou antes a impugnao da paternidade estabelecida porvia da perfilhao destina-se e tem como fundamento a demonstrao de que a declaraoconstante do registo de perfilhao no corresponde verdade.III - Em matria de legitimidade ativa para a propositura da ao de impugnao da perfilhao, alei distingue a legitimidade ativa especfica do perfilhante, do perfilhado e do Ministrio Pblico, dalegitimidade ativa genrica de qualquer pessoa que tenha interesse, moral ou patrimonial, na suaprocedncia.IV - O facto de ser parente ou cnjuge do perfilhante, s por si, em nada releva, com vista aassegurar a legitimidade ativa genrica, pois que o interesse na impugnao, moral ou patrimonial,alm de legtimo, tem de ser, tambm, concreto, atual e pessoal, devendo ser invocado e integradocom factos pertinentes, dado tratar-se de um conceito normativo, que, posteriormente, tero queser provados.V - O meio concreto da prova pericial adotado pelas instncias, ou seja, o exame hematolgicorealizado a putativos irmos consanguneos do presumvel progenitor [o corru e o coautor] que,pura e simplesmente, podem nem sequer ser irmos, admitindo, no limite e, em tese, meramenteabstrata, a infidelidade da autora, ou da r, ou de ambas, porquanto o exame cientfico no foiefetuado na pessoa do indigitado progenitor, como deveria ter acontecido, no meio hbil paraafastar a paternidade do ru perfilhado, em relao quele presumvel progenitor, por no conferiruma base factual incontestvel que permita s instncias extrair do mesmo uma conclusosoberana.

    PENAL

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 21/03/2013Proc. n 267/11.9JELSB.L1.S1 - 3. SecoAssunto: Trfico de estupefacientes

    I - Nos termos do art. 71, n 1, do CP, a pena fixada em funo da culpa e das exigncias dapreveno. E o n 2 do mesmo artigo indica os fatores de medida da pena, que se referem execuo do facto als. a), b), c) e e), parte final personalidade do agente als. d) e f) e conduta anterior e posterior ao facto al. e). Por sua vez, o art. 40 do CP estabelece que a penavisa a proteo dos bens jurdicos e a reintegrao do agente na sociedade, no podendo a penaultrapassar a medida da culpa. O fundamento da pena , pois, a preveno geral e a prevenoespecial, funcionando a culpa somente como seu limite.II - No caso dos autos, incontestvel que, quanto ao crime de trfico de estupefacientes, muitoelevada a ilicitude e tambm a culpa da arguida. Na verdade, e desde logo, de acentuar queestamos perante uma atividade de importao de cannabis por via area, em quantidade Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 3 de 16

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    significativa: cerca de 44 kg, peso lquido. Atividade essa que foi interrompida pela intervenopolicial, mas que, sem ela, teria seguramente prosseguido, pois uma nova importao estava jpreparada, e outras naturalmente se seguiriam.III - Mas h ainda que salientar que a arguida atuou de forma organizada e muito sofisticada naexecuo do crime: a vinda para Portugal com o objetivo nico de preparar e executar o planocriminoso delineado por um tal P, a criao de uma empresa para esse efeito, embora dissimulandoo objetivo criminoso sob o disfarce de importao de pedra, o recurso/aproveitamento dos serviosdo casal portugus C e P, desconhecedores das verdadeiras intenes da arguida, mas que com elacolaboraram como se de um empreendimento srio e legal se tratasse, ajudando a arguida apraticar os atos necessrios criao da empresa e ao armazenamento da mercadoriaimportada. Todo este procedimento revela uma planificao muito elaborada, implicando uminvestimento necessariamente elevado, revelador de um nvel de trfico de grande dimenso.IV - Assim, embora tratando-se de cannabis, o volume de estupefaciente importado, a forma deexecuo do crime e as caractersticas do trfico agravam muito significativamente a ilicitude. Aculpa tambm muito elevada, tendo a arguida agido com dolo intenso, praticandometiculosamente, de acordo com o plano traado, todos os atos necessrios montagem daempresa e importao do estupefaciente.V - No necessrio enfatizar as exigncias de preveno geral associadas a este tipo de prticacriminosa. S no plano da preveno especial no h particulares preocupaes.VI - Relativamente ao crime de falsificao, h tambm que constatar de imediato a elevadailicitude e culpa da arguida. Com efeito, o documento de identificao falsificado foi instrumentoessencial para a execuo do plano criminoso e foi utilizado pela arguida repetidas vezes, peranteentidades diversas. Tambm quanto a este tipo, so de realar as exigncias da preveno geral,pelo grande valor pblico do bem jurdico protegido, consubstanciado na genuinidade dosdocumentos de identificao.VII - Em concluso, claro e evidente que, perante as circunstncias factuais apuradas, nenhumarazo existe que fundamente qualquer reduo das penas parcelares fixadas na 1. instncia: 5 anose 6 meses de priso pela prtica do crime de trfico de estupefacientes e 1 ano e 6 meses de prisopela prtica do crime de falsificao.VIII - Quanto pena conjunta, que, nos termos do art. 77, n 1, do CP, deve atender ponderaoglobal dos factos e da personalidade do agente, tambm falham quaisquer motivos para a alterar.Sendo embora um comportamento pontual na vida da arguida, na altura com 60 anos de idade,certo que ela revelou uma personalidade insuficientemente fiel ao direito, j que aderiu a um planocriminoso complexo e arriscado apenas com o intuito de obter lucros ilcitos. Assim, numa avaliaoglobal dos factos e da personalidade da arguida, e tendo em conta que a moldura da pena conjuntavai de 5 anos e 6 meses a 7 anos de priso, a pena de 6 anos de priso ajusta-se minimamente aosfins das penas, no ultrapassando a culpa.

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 21/03/2013Proc. n 153/10.0PBVCT.S1 - 3. SecoAssunto: Cmulo jurdico - Conhecimento superveniente de infraes

    I - No conhecimento superveniente da necessidade do cmulo existe uma primeira operao que,basicamente, se reconduz, a uma decomposio das penas parcelares que integraram o cmulojurdico efetuado em primeiro lugar e uma recomposio que se consubstancia num novo cmulo emque esto presentes as penas parcelares anteriormente conhecidas e aquelas cuja apreciao agora sujeita apreciao do tribunal.II - Tudo se passa como uma repetio das mesmas operaes se tratasse, voltando de novo a partirde um conjunto de penas parcelares individualmente consideradas para a efetivao de novocmulo. A pena conjunta em que o arguido foi previamente condenado perde a sua subsistncia, edesaparece, perante a necessidade de uma nova recomposio de penas. Porm, se certo quedeixa de ter significado jurdico o cumprimento da pena conjunta previamente alcanada, o certo que a mesma existiu e existiu evidenciando um determinado critrio na apreciao da culpa e dapersonalidade evidenciadas.III - Se a lgica da apreciao global do percurso criminoso do arguido implica a valorao de toda,e cada uma, das suas atuaes atomisticamente consideradas; se a atribuio de um efeitoexcludente pena suspensa gera uma situao de injustificada desigualdade; se a suspenso prviada pena no concurso superveniente traz consigo um errado conhecimento por parte do julgador emrelao existncia do concurso, no se vislumbra porque que se deve interpretar o art. 78 do CP Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 4 de 16

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    numa frmula que suporta tais patologias. Assim, entende-se que as penas objeto de suspensodevem ser includas no cmulo a efetuar.IV - A pena de priso cuja execuo foi suspensa, e includa no cmulo, no inscreve uma situaoparalela da revogao da suspenso. Bem pelo contrrio, o que est aqui em causa a visoglobal dos crimes cometidos em concurso em relao aos quais a questo da pena de substituiono pode ser equacionada parcelarmente, mas apenas em relao pena conjunta. No existe,assim, fundamento ao apelo revogao da suspenso que inexiste, mas sim o respeito pelasnormas de formulao de cmulo. Consequentemente, as regras a observar na formulao docmulo so as resultantes da aplicao do art. 472 do CPP e, assegurado o exerccio do direito dedefesa pela presena do defensor que, alis, poder sempre invocar a necessidade de presena doarguido, no se vislumbra qualquer ilegalidade na realizao daquele cmulo na ausncia do arguidoque se encontra devidamente representado.V - A questo da aplicao do regime para jovens adultos foi apreciada no momento dadeterminao das respetivas penas. No momento de formular a pena ou as penas nicas comsentenas j transitadas em julgado, no se coloca, a questo da aplicao do regime decorrente doDL 401/82, de 23-09, j ultrapassada nos processos respetivos.VI - No caso vertente foram consideradas as seguintes penas para efeito de cmulo jurdico:- por um crime de roubo simples a pena de 3 anos de priso;- por um crime de roubo simples a pena de 4 anos de priso;- por um crime de roubo simples a pena de 3 anos de priso;- por um crime de roubo qualificado a pena de 3 anos de priso;- por um crime de conduo sem habilitao legal a pena de 3 meses de priso;- por um crime de conduo sem habilitao legal a pena de 3 meses de priso;- por um crime de roubo simples a pena de 2 anos de priso, suspensa na sua execuo comsujeio do arguido a regime de prova;- por um crime de furto qualificado a pena de 18 meses de priso;- por trs crimes de furto qualificado as penas de 2 anos de priso por cada um dos crimes;- por um crime de dano a pena de 4 meses de priso;- por um crime de ofensa integridade fsica a pena de 2 meses de priso;- por dois crimes de furto qualificado a pena de 2 anos e 6 meses de priso por cada um dos crimes;- por um crime de furto qualificado a pena de 2 anos e 9 meses de priso;- por um crime de furto qualificado a pena de 2 anos e 4 meses de priso;- por um crime de furto qualificado, na forma tentada, a pena de 1 ano e 4 meses de priso;- por um crime de furto qualificado a pena de 4 meses de priso;- por um crime de furto qualificado, na forma tentada, a pena de 4 meses de priso;- por dois crimes de roubo qualificado as penas unitrias de 4 anos e 6 meses de priso;- por um crime de roubo a pena de 1 ano e 6 meses de priso;- por um crime de evaso a pena de 6 meses de priso;- por um crime de furto qualificado a pena de 2 anos e 6 meses de priso.VII - Assim, a moldura abstrata da pena nica, resultante do cmulo jurdico, tem como limitemnimo a pena de 4 anos e 6 meses de priso, e como mximo o cmulo material de 46 anos e 5meses de priso.VIII - Os crimes praticados revelam uma ilicitude densa, consubstanciada na dimenso dos bensjurdicos violados, e numa forma de execuo que, embora no muito sofisticada, revela umaacentuada indiferena por aqueles valores. Os crimes consumaram-se num perodo curto, de meses,revelando uma personalidade anmica que procura, sucessivamente, alcanar novos patamares emtermos de opes criminosas. O percurso de vida do arguido reconduz-se a um exemplo clssico deuma personalidade formada num ambiente de valores negativos, que foi progressivamenterefinando a sua escolha de uma forma de vida marginal lei. A sua trajetria de vida passa pelainfncia desprotegida, pela adolescncia marginal e pela juventude de delinquncia.IX - O facto de o arguido ser um produto do meio em que nasceu e cresceu no invalida a censurapor ter escolhido o caminho que voluntariamente escolheu. Importa, todavia, referir que a decisorecorrida abordou a juventude do arguido no incio da idade adulta sem aprofundar asconsequncias de tal circunstncia em funo da medida da pena. Na verdade, importa realar acircunstncia de o arguido ter 20 anos de idade data da prtica dos factos e a circunstncia de sereste o seu primeiro contacto com o universo prisional, ou seja, com uma instncia de controle socialreforado que, necessariamente, o vai confrontar de forma incisiva com as suas opes desvaliosasde vida. Aqui, assume um papel essencial a ligao entre a capacidade da pena privativa deliberdade para evitar os efeitos dessocializadores sobre o condenado e servir a sua reintegrao na Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 5 de 16

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    comunidade e a restrio da sua esfera de aplicao ressalta com mais vigor quando, como no casovertente, se conjugarem os dois fatores supra referidos.X - Na verdade, dentro dos limites impostos pela culpa, a pena deve encontrar o justo equilbrioentre o agir positivamente sobre o condenado, oferecendo-lhe a possibilidade de se preparar para nofuturo no cometer crimes aspeto prevalente da preveno especial (a pena aplicada pode ser,pelo menos, funcional s exigncias de advertncia tambm contidas no efeito preventivo especial) e a preveno geral.XI - A preocupao de impedir os efeitos nocivos da aplicao de uma pena privativa de liberdade evitar a dessocializao reafirma-se, perante o quadro de condies que o efeito positivo desocializao exige para se realizar. A resposta punitiva em termos de intimidao, em face de umjovem de 20 anos que, pela primeira vez, enfrenta a privao de liberdade, surge, assim, como umafinalidade subsidiria da socializao.XII - A corroborar este ponto de vista, em que a socializao surge, pois, numa posio devantagem, recorda-se que o efeito preventivo obtido ser tanto mais profundo e duradouro quanto apena no se limite a intimidar o condenado, mas, na sua execuo, vise ajud-lo a superar o seudeficit de socializao. Assim entende-se que, paralelamente s expectativas geradas nacomunidade pela adequada punio de quem, de uma forma to intensa, viola a lei, existe, tambm,uma necessidade de equacionar o processo de socializao de um jovem de 20 anos. Nesse sentido,a pena deve refletir tambm a esperana de que o arguido, recorrendo sua vontade, possa infletirnum rumo de vida que, a permanecer como at agora, no o ir conduzir a lado algum.XIII - A deciso recorrida no tem a nossa concordncia ao referir que do comportamento doarguido presume-se que o mesmo no gozar de condies para alcanar a sua socializao, noser capaz de revelar alguma sensibilidade positiva pena a aplicar, com reflexo desfavorvel nojuzo de prognose sobre a necessidade e a probabilidade da sua reinsero social. Na verdade, sendomuitas vezes ilusria a crena na possibilidade de recuperao em quem, persistentemente ou deforma intensa, demonstra o seu desprezo pela lei, igualmente exato que ir longe de mais afirmar-se uma desesperana, sem qualquer hiptese de recuperao, em quem iniciou agora a fase adultada vida.XIV - Aqui, a pena a aplicar deve sublinhar a intensidade da ilicitude e da culpa, mas tambm deveter presente as especiais incidncias a nvel da preveno especial. esse equilbrio que se procuraalcanar condenando o arguido numa pena cujo patamar seja o reflexo da gravidade dos factospraticados, mas que expresse, ainda, uma expectativa de uma mudana de vida. Termos em que,julgando parcialmente procedente o recurso interposto, se condena o arguido na pena conjunta de12 anos de priso (em substituio da pena conjunta de 14 anos de priso, que lhe havia sidoaplicada na 1. instncia).

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 21/03/2013Proc. n 19/13.1YFLSB - 3. SecoAssunto: Pedido de recusa do juiz

    I - O pedido de recusa do juiz para intervir em determinado processo pressupe, e s poder seraceite, quando a interveno correr o risco de ser considerada suspeita, por existir motivo srio egrave adequado a gerar dvidas sobre a sua imparcialidade, ou quando tenha tido intervenoanterior no processo fora dos casos do art. 40 do CPP art. 43, nos 1, 2 e 4 do mesmo diploma. Osmotivos de recusa vm, assim, apresentados numa dupla perspetiva da imparcialidade subjetiva ede imparcialidade objetiva.II - A imparcialidade subjetiva que constitui o primeiro dever do juiz como garantia de um direitofundamental dos cidados h de presumir-se at prova em contrrio, exigindo-se para a recusaque sejam alegados e se demonstrem factos ou circunstncias que permitam expressar e revelarexteriormente, em sinais objetivos, matria do foro ntimo do juiz.III - A requerente limita-se a referir que apresentou queixa criminal e disciplinar contra a juiz quepretende recusada, e que a natureza confidencial daqueles procedimentos no permitem requerente fazer, dos mesmos, qualquer concreta referncia.IV - Mas, nesta perspetiva, sem factos objetivos a queixa contra a magistrada sempre subjetiva,podendo ser mesmo, no domnio das hipteses, caluniosa , no pode ser questionada aimparcialidade subjetiva, por no haver factos que permitam o julgamento e a deciso sobre umacircunstncia processual grave, que o afastamento do juiz de julgamento de uma causa; de outromodo, permitir-se-iam todos os desvios colaterais, com a utilizao, por simples afirmaes, de ummeio processual de exceo, com os consequentes riscos de uso desviante do processo. No esto, Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 6 de 16

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    assim, demonstradas circunstncias que possam revelar a quebra da imparcialidade subjetiva.V - Os impedimentos (art. 39 do CPP) tm como finalidade eliminar ou prevenir situaes deconstrangimento pessoal do magistrado em relao ao processo, em casos de proximidade pessoaldo magistrado com os interesses ou com o processo, ou pelo lado dos sujeitos (relao deproximidade ou de estreita confiana com interessados na deciso). Os impedimentos especficosprevistos no processo penal no so, todavia, exaustivos, valendo tambm, por igualdade de razo epor realizarem as mesmas finalidades, as normas do processo civil, que aqui so inteiramentecompatveis com os princpios do processo penal (art. 4 do CPP).VI - o caso do impedimento previsto na norma do art. 122, n 1, al. g), do CPC, que determinaque o juiz no pode intervir quando a parte tiver deduzido contra o juiz acusao penal emconsequncia de factos praticados no exerccio das funes ou por causa delas, mas apenas desdeque a acusao tenha sido deduzida. Esta uma norma de salvaguarda e de defesa do juiz e dosistema de justia contra a utilizao infundada de queixas como motivo de perturbao e de usodesviante do processo. Por isso, apenas no caso de verificao da consistncia indiciria da matriada queixa, atravs da deduo e recebimento da acusao, se constituir motivo de impedimentopor risco de afetao da imparcialidade subjetiva do juiz.VII - No caso dos autos, no vem alegado que tenha sido deduzida e recebida qualquer acusaocontra a juiz que a requerente pretende ver recusada. As invocaes da requerente so, por isso,manifestamente insubsistentes, no integrando qualquer das categorias normativas do art. 43, n1, do CPP.VIII - Por outro lado, tambm no existem motivos que ponham em causa a imparcialidade objetiva.Para alm dos motivos taxativamente enunciados na lei e que constituem os impedimentos (arts.39 e 40 do CPP), com a absoluta interdio de intervir, por revelarem situaes em que aconfluncia de interesses ou circunstncias pessoais so de tal modo que no permitem garantir aimparcialidade, quer do ponto de vista subjetivo quer objetivo a multiplicidade das situaessubmetidas a apreciao, em conjugao com a vivncia dos magistrados podem fazer revelar casosem que a projeo externa da imparcialidade suscite reparos no pblico em geral e nos destinatriosdas decises.IX - Dominam aqui as aparncias, que podem afetar, no rigorosamente a boa justia, mas acompreenso externa sobre a garantia da boa justia que seja mas tambm parea ser. Os motivosque podem afetar a garantia da imparcialidade objetiva, que, mais do que do juiz e do ser,relevam do parecer, tm de se apresentar, nos termos da lei, srio e grave. As noes, com acarga de relevncia que lhes est inerente, supem, pois, que no seja suficiente um qualquermotivo que impressione subjetivamente o destinatrio da deciso relativamente ao risco daexistncia de algum prejuzo ou preconceito que possa ser tomado contra si, mas, antes, que omotivo invocado tem de ser de tal modo relevante que, objetivamente, pelo lado no apenas dodestinatrio da deciso, mas tambm de um homem mdio, possa ser entendido como suscetvel deafetar, na aparncia, a garantia da boa justia, por poder ser visto externamente (encarado comdesconfiana, na expresso do pedido) e ser adequado a afetar (gerar desconfiana) sobre aimparcialidade.X - A gravidade e a seriedade do motivo ho de revelar-se por modo prospetivo e externo, e de talsorte que um interessado ou, mais rigorosamente, um homem mdio colocado na posio dodestinatrio da deciso possa razoavelmente pensar que a massa crtica das posies relativas domagistrado e da conformao concreta da situao, vistas pelo lado do processo (intervenesanteriores), seja de molde a suscitar dvidas ou apreenses quanto existncia de algum prejuzoou preconceito do juiz sobre a matria da causa ou sobre a posio do destinatrio da deciso.XI - Neste aspeto, a lei tem o cuidado de especificar as situaes de cumulao de intervenoprocessual que podem ser suscetveis de objetivamente gerar dvidas ou apreenses dosdestinatrios da deciso so as situaes enunciadas especificadamente no art. 40 do CPP. Nestaperspetiva, o que a requerente invoca no tem fundamento. Com efeito, ter proferido decisosumria nos termos do art. 417, n 6, do CPP, com reclamao para a conferncia prevista no n 8da mesma disposio, constitui um meio de reforar os direitos processuais dos interessados,atravs da possibilidade de obter deciso pela mesma formao que, de qualquer modo, sempreseria a competente para decidir; no se trata de uma reapreciao e muito menos de um recurso,mas apenas de fazer intervir a formao de julgamento que, no caso, j detinha a competncia paradecidir. No se verifica, por isso, qualquer fundamento para discutir a afetao da imparcialidadeobjetiva, no se verificando qualquer violao dos critrios do art. 43, n 1, do CPP.XII - A requerente vem suscitar a inconstitucionalidade dos arts. 43 e 45 do CPP, quandointerpretados em sentido de no julgar que h suspeita sobre a imparcialidade de um juiz visado Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 7 de 16

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    em procedimento criminal e disciplinar por factos e violaes que contendem com o Processo-Crimeem que Relator e em que o arguido o denunciante em tais procedimentos, por talinterpretao violar o conceito normativo que, subjacente quelas normas legais, e nsito s normasdos arts. 32, nos 1, 2 e 5, 20, nos 4 e 5, 18, nos 1 e 2, e 202, nos l e 2, da CRP.XIII - A invocao da inconstitucionalidade tem de ser precisa, com concretizao da norma ou dadimenso normativa afetada e dos fundamentos constitucionais, no sendo prestveis afirmaesgenricas e invocaes de inconstitucionalidade por arrasto. Com efeito, a referncia a qualquerinterpretao dos arts. 43 e 45 do CPP, ou quaisquer outras que para o efeito venham a seraplicadas, no constituiu critrio prestvel para definir os termos do julgamento sobre a aferio da(in)constitucional idade.XIV - Mas tambm, no que os termos da invocao permitiriam ainda aproveitar, a referncia acritrio normativo, mesmo que metodologicamente pudesse ser considerado e no pode comodimenso normativa, no foi aplicado; a deciso sobre o pedido de recusa limita-se, partindo daassero solidamente firmada na doutrina, muito simplesmente a considerar que, presumindo-se aimparcialidade subjetiva como necessria e constitutiva condio estatutria, mas que releva doforo ntimo do juiz, tm de ser e no foram invocados factos concretos e objetivos (e no dombito da estrita subjetividade da requerente) que permitam justificar o afastamento do juiz dojulgamento do caso em consequncia da violao do dever de imparcialidade.XV - Deste modo, a dimenso normativa que a requerente parece querer invocar que seria, dequalquer modo, sempre e apenas do art. 43, n 1 do CPP no constituiu o fundamento da deciso;a deciso sobre o pedido de recusa no aplicou qualquer critrio normativo, mas apenas e maissingelamente, num estdio antecedente na perspetiva metodolgica, no encontrou sequer nainvocao a concretizao de quaisquer factos, que pudessem servir de fundamento ao julgamentoa formular ou que pudessem integrar o critrio normativo que se supem serem, nainterpretao da requerente, as noes indeterminadas do n 1 do art. 43 do CPP: motivo srio egrave, adequado a gerar desconfiana sobre a imparcialidade. No tendo aplicado o critrionormativo, e situando-se apenas na falta de factos que permitam aplicar o critrio, no h, nestaparte, qualquer questo de constitucionalidade a decidir.XVI - A requerente alega tambm a inconstitucionalidade de qualquer interpretao das normasdos arts. 43 a 45 e 419 do CPP ou de quaisquer outras que para o efeito venham a ser aplicadas,feita da sua dimenso normativa, a que subsuma o caso concreto, orientada por critrio normativoque conduza em sentido de no julgar que a expressa revelao da posio do Relator, formada emmanifesta vontade singular e em total independncia da vontade coletiva do rgo do Tribunal comcompetncia para tomar Deciso sobre Recurso apresentado, e em momento, anterior e prvio aorespetivo julgamento, sobre questo que constitui objeto daquele Recurso por integrar a Deciso nomesmo recorrida, no constitui motivo srio e grave adequado a gerar suspeita sobre aimparcialidade daquele Relator e a consequente recusa da sua interveno no Processo por uma talinterpretao violar os conceitos normativos que, subjazendo quelas normas legais, so nsitos snormas dos arts. 32, nos 1, 2 e 5, 20, nos 4 e 5, e 202, nos 1 e 2, e 18, nos 1 e 2, da CRP.XVII - H que afastar do mbito da invocao as referncias aos arts. 45 e 419 do CPP, porquanto,no constituindo critrio de deciso, tornam intil qualquer juzo sobre a inconstitucionalidadesuscitada, que no teria qualquer projeo na base normativa do fundamento concreto da deciso.Alm disso, a invocao nem poderia sequer ser apreciada, porquanto a requerente no identificanem concretiza em termos utilizveis a medida e o fundamento da violao de qualquer das vriasdisposies constitucionais invocadas; as normas do art. 32, nos 1, 2 e 5, da CRP so estranhas aosfundamentos do incidente que suscita; no apreensvel, e a requerente no esclarece, o sentido dareferncia ao art. 202, nos 1 e 2, que se refere funo genrica dos tribunais; relativamente aoart. 20 no se alcana o sentido e a razo da referncia ao n 5; e no que respeita ao n 4 apenaspoderia ser considerado, numa interpretao favorvel, em relao com as exignciasconstitucionais do processo equitativo, que, todavia, na pluralidade de elementos do conceito, arequerente no concretiza.

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 21/03/2013Proc. n 321/11.7PBSCR.L1.S1 - 3. SecoAssunto: Homicdio qualificado - Especial censurabilidade-Especial perversidade

    I - O STJ funciona como tribunal de revista (art. 434 do CPP). As questes suscitadas pelo recorrenterelativamente sua discordncia em relao forma como o tribunal de 1. instncia decidiu amatria de facto, constituem matria especificamente questionada, integrando-se em objeto de Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 8 de 16

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  • SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIA Publicado em VidaEconomica (http://www.vidaeconomica.pt)

    recurso em matria de facto, estranha aos poderes de cognio do STJ.II - Inexiste um duplo grau de recurso em matria de facto. O tribunal normalmente competentepara conhecer do recurso em matria de facto , por via de regra, o Tribunal da Relao art. 428do CPP.III - No caso dos autos, o acrdo da Relao fez uma anlise fundamentada de harmonia com osseus poderes de cognio, ficando seguro de um juzo de convico, e explicitando, como tribunal derecurso, as razes por que acolheu a deciso da 1. instncia. Ou seja, no caso, no se verifica nemisso decorre da fundamentao de facto que sustenta a prova efetuada qualquer ausncia decerteza do tribunal sobre a factualidade que foi imputada aos arguidos. Nem se suscita comevidncia qualquer dvida probatria sobre os factos e a fundamentao realizada pelo tribunal aquo.IV - No se prefigura, por isso qualquer nulidade, por omisso ou excesso de pronncia, de quecumpra conhecer nos termos dos arts. 410, n 3, e 379, n 1, do CPP, sendo que a decisorecorrida encontra-se devidamente fundamentada, obedecendo ao disposto nos arts. 97, n 5, e374, do CPP, nem se prefigura qualquer ofensa constitucional, nomeadamente ao disposto no art.32, n 2, da CRP.V - Se nos afastarmos de uma perspetiva um tanto redutora ou restritiva, de ordem processualformal, poder dizer-se que embora o recorrente reedite no recurso para o STJ as mesmasconcluses apresentadas no recurso interposto para a Relao e, por isso, as questes ventiladasno recurso so as mesmas, embora no aduza discordncia especifica relativamente ao acrdo daRelao, no explicitando razes jurdicas novas perante o acrdo da Relao que infirmem osfundamentos apresentados pela Relao no conhecimento e deciso das mesmas questes nosignifica, contudo, que fique excluda a apreciao dessas mesmas questes, mas agorarelativamente dimenso constante do acrdo recorrido, o acrdo da Relao, no que forlegalmente possvel em reexame da matria de direito perante o objeto do recurso interposto para oSTJ, pois que o recurso enquanto remdio, expediente legal para correo da deciso recorrida(no seu mero aperfeioamento), como meio de impugnar e contrariar a mesma. Porm, semprejuzo de, se nada houver de novo a acrescentar relativamente aos fundamentos j aduzidos pelaRelao na fundamentao utilizada para o julgamento dessas mesmas questes, e que justifique aalterao das mesmas, de concluir por manifesta improcedncia do recurso, pois que, casoconcorde com a fundamentao da Relao, no incumbe ao STJ que justifique essa fundamentaocom nova argumentao.VI - O arguido foi condenado pelo crime p. p. nos arts. 131 e 132, n 2, als. d), e), h) e j), do CP, e,por isso, na forma qualificada.VII - Da situao comprovada nos autos retira-se que todos os trs arguidos atuaram comocoautores, nos termos do vertido no art. 26 do CP. Tomando como elementos da coautoria, adeciso e a execuo conjunta dos factos. A deciso conjunta que confere unidade coautoria. Aesta deciso conjunta acresce o exerccio conjunto do domnio do facto. Tal como expressa oacrdo recorrido, apurou-se por parte de todos os arguidos uma incondicional vontade derealizao dos crimes em anlise e um domnio funcional dos factos mantido pelos trs em conjunto.De modo que possvel dizer que cada um deu um contributo indispensvel para a realizao doseventos intentados.VIII - No que respeita ao homicdio qualificado, sabe-se que a leso da vida elemento integrantedo tipo incriminador do art. 131 do CP homicdio simples que prev, como acontece com aesmagadora maioria dos tipos consagrados na parte especial do CP, o crime na sua formaconsumada. Sendo os atos de execuo praticados produzidos em circunstncias que revelemespecial censurabilidade ou perversidade, o homicdio qualificado, de acordo com o disposto noart. 132, n 1, do CP.IX - A situao contida na al. d) do n 2 do art. 132 do CP traduz-se no agente empregar tortura ouato de crueldade para aumentar o sofrimento da vtima. A utilizao dos meios descritos, com a suaqualidade intrnseca, que so tpicos para a provocao da dor nos atos cruis e de tortura, particularmente gravosa para os bens pessoais aqui defendidos. Inclui-se no catlogo dos atos queso considerados tortura, tratamento cruel, degradante ou desumano, o emprego de meios naturaisou artificiais (cf. art. 244, n 1, al. b), do CP).X - Nos autos resultou demonstrado, alm do mais, o seguinte:- os trs arguidos, nos sucessivos telefonemas que fizeram ao pai da vtima, disseram-lhe quetinham consigo o seu filho RV, exigindo-lhe 2000 para resolver o assunto que tinham com ele;- ao assim atuarem os arguidos agiram de forma livre, consciente e deliberada, com o propsito deconstranger o JV a entregar-lhes 2000, que sabiam no lhes pertencerem, ameaando contra a Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 9 de 16

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    vida do seu filho, RV;- quando a PSP chegou ao local, do lado de fora da residncia do arguido JJ, ouviam-se vozes egemidos pelo facto dos arguidos estarem a agredir o RV enquanto lhe gritavam Vais dar o dinheiroou vou-te matar e Vais morrer;- no obstante o choro, gritos e gemidos de RV, os arguidos mantiveram e intensificaram as suasagresses, em diversas partes do corpo do ofendido como cabea, pescoo, trax, regio dorso-lombar, membros superiores e membros inferiores, at o ofendido morrer;- ao constatarem que o ofendido j no reagia, o arguido MA declarou: Est morto, seno tinhareagido ao mijo, pois tinham molhado a vtima com a urina do arguido MA;- os trs arguidos, agiram em comunho de esforos e de intenes, mantiveram o RV, contra a suavontade, entre o final do dia 21-05-2011 at ao momento da sua morte, que ocorreu antes das00.30h do dia 23-05-2011 (altura em que os arguidos foram detidos);- os arguidos, ao agredirem o RV, sabiam que as suas condutas eram idneas a provocar a mortedeste; agiram de forma concertada, livre, voluntria e consciente, com o propsito de tirar a vida aoRV, concretizando assim o que haviam ameaado;- ao manterem o ofendido RV, contra a sua vontade, no apartamento onde residia o arguido JJ, osarguidos agiram com o propsito de coartar a liberdade de movimentos do ofendido, confinando-oquele espao contra a sua vontade, torturando-o com as agresses supra descritas, com opropsito de lhe tirar a vida;- os arguidos sabiam que as suas condutas eram proibidas e punidas por lei;- quando as autoridades policiais entraram na residncia do arguido JJ, encontraram a vtima deitadano cho da sala j morta e os arguidos nos quartos, deitados nas camas;- em consequncia das agresses perpetradas pelos arguidos, o RV sofreu, as seguintes leses:Na cabea: inmeras equimoses avermelhadas dispersas; diversas pequenas escoriaes linearesdispersas; ferida perfurante com 0,5 cm na hemiface direita; extensas infiltraes sanguneas dotegumento piloso e periteo dispersas (partes moles); lmina de hemorragia subdural, frontoparietal esquerda (meninges); hemorragias subaracnoideias, dispersas bilaterais e presena desangue nos ventrculos laterais (encfalo); extensas hemorragias conjuntivais bilaterais (cavidadesorbitarias e globos oculares); equimoses avermelhadas e ferida contusa na face interna do lbioinferior (cavidade bucal e lngua);No pescoo: escoriao com 4 cm na face lateral esquerda; fraturas com infiltrao sangunea doscornos do hiode (osso hiode);No trax: inmeras equimoses avermelhadas dispersas na face anterior; mltiplas infiltraessanguneas dispersas (paredes); fratura ao nvel do 4 espao com infiltrao sangunea (esterno);fraturas mltiplas de todos os arcos costais com infiltrao sangunea (costelas e clavculas);infiltrao sangunea com 3 cm x 2 cm na ponte (corao);Na coluna vertebral e medula: equimose azulada, tnue com 6 cm x 3 cm na regio dorsal esquerda;Nos membros inferiores: diversas equimoses avermelhadas dispersas;- as leses meningo enceflicas, causadas pelas agresses perpetradas pelos trs arguidos, foramcausa direta e necessria da morte do RV.XI - No caso sub judice, a conduta dos arguidos, entre os quais o recorrente, , pois, merecedora deespecial censurabilidade e perversidade, por revelar um acentuado desvalor de atitude na aoempreendida, e no modo de a concretizar, em que a forma de realizao do facto se apresentaespecialmente desvaliosa, e em que, por outro lado, as qualidades da personalidade dos agentesdocumentadas no facto so tambm especialmente desvaliosas.XII - Todos os arguidos, entre eles o recorrente, agiram conjuntamente na execuo do facto queem comum decidiram praticar, inexistindo vontade predominante e determinante de um na decisoem relao aos demais, no resultando, por isso, dos factos, que algum ou alguns, nomeadamente oora recorrente, prestassem auxlio material ou moral pratica do facto doloso decidido por outrem.O crime de homicdio procede, pois, na forma qualificada, constante da condenao havida, emforma de coautoria art. 26 do CP.XIII - No que se refere medida concreta da pena h a ponderar:- o grau de i1icitude do facto: elevado, pois que a violao do direito vida o bem primeiro, omais elevado da tutela jurdica;- o modo de execuo: atravs de murros e pontaps e utilizao de um martelo, em atuaoconjunta com mais dois arguidos;- a gravidade das consequncias: atinentes quantidade, natureza e caractersticas das lesesproduzidas, mormente as que direta e necessariamente produziram a morte;- a intensidade do dolo que direto; Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 10 de 16

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    - os fins ou motivos determinantes: represlia pela no obteno de quantia em dinheiro que os trsarguidos tentaram extorquir, conforme vrias conversaes telefnicas tidas com o pai da vtima;- os sentimentos manifestados no cometimento do crime: indiferena ostensiva pela vida humana, erequintes de malvadez, pois que avisaram a vtima de que o iam matar, que ia morrer, econtinuaram a intensificar a agresso at conseguirem o resultado letal, e convencendo-se de que amorte tinha sido consumada quando constataram que o ofendido j no reagia, dizendo o arguidoora recorrente: Est morto, seno tinha reagido ao mijo, pois tinham molhado a vtima coma urinado arguido MA;- a condio pessoal e econmica: o arguido MA nasceu em 26-04-86, tendo atualmente 26 anos (25anos data dos factos); na infncia e na adolescncia dedicou-se a atividades desportivas,nomeadamente a vela; abandonou o sistema de ensino no 9 ano para trabalhar e adquirir algunsbens que os pais no podiam proporcionar-lhe; trabalhou na construo civil e na hotelaria, tendofeito descontos para a segurana social e recebido subsdio de desemprego; revela coeso familiar eestabelece ligaes de afeto com os pais e a irm, com quem reside; na mesma morada residem ocunhado e sobrinhos; visto no meio envolvente como um indivduo ordeiro;- a conduta anterior e posterior ao facto: data dos factos revelava hbitos de consumo de txicos eum quotidiano desestruturado, sem rotinas, determinado pelos consumos de txicos e pelacompanhia dos coarguidos; na altura dos factos consumiu herona e bebidas alcolicas; j foicondenado numa pena de multa pela prtica de um crime de conduo sem carta.XIV - Tendo ainda em conta as prementes exigncias de preveno geral que so especialmenteacutilantes, face necessidade de defesa do ordenamento jurdico na reposio contrafctica danorma violada, em crimes contra a vida, bem como as normais exigncias de preveno especial, nasocializao do arguido, com 25 anos de idade data da prtica dos factos, atenta ainda apluralidade de crimes praticados, e a forte intensidade da culpa, limite da pena, e os limitespunitivos integrantes do crime de homicdio qualificado, que se situam entre 12 a 25 anos de priso,nos termos do art. 132, n 1 do CP, conclui-se que a pena aplicada ao arguido MA, de 21 anos depriso pelo crime de homicdio qualificado revela-se desproporcional, entendendo-se por justa apena de 17 anos de priso.XV - Operando o cmulo com as demais penas parcelares de 2 anos de priso (pela prtica do crimede sequestro) e de 1 ano e 6 meses de priso (pela prtica de um crime de extorso, na formatentada), ponderando em conjunto os factos e personalidade do arguido MA, nos termos do art. 77do CP, valorando o ilcito global perpetrado, consubstanciado na conexo interligada dos crimespraticados, que no resultaram de propenso ou carreira criminosa mas da ocasionalidade na suaprtica, a natureza e gravidade dos crimes, as caractersticas da personalidade influenciada pelolcool e por produtos estupefacientes, pois que data dos factos revelava hbitos de consumo detxicos (herona e bebidas alcolicas), e um quotidiano desestruturado, sem rotinas, determinadopelos consumos de txicos e pela companhia dos coarguidos, o efeito previsvel da pena nocomportamento futuro do arguido, e que a pena nica se situa, assim, entre 17 e 20 anos e 6 mesesde priso, entende-se por adequada a pena nica de 18 anos de priso (em substituio da de 23anos de priso aplicada na 1. instncia e confirmada pela Relao).

    PROCESSO CIVIL

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 11/04/2013Revista n 29808/97.0TVLSB-D.L1.S1 - 1. SecoAssunto: Embargos de terceiro

    I - Os embargos de terceiro consistem num incidente da instncia, cuja estrutura corresponde deuma ao declarativa, a processar por apenso causa em que haja sido ordenado o ato ofensivo dodireito de um terceiro (o embargante).II - Na fase introdutria, o embargante, embora lhe caiba alegar, no ter que fazer prova dadeduo tempestiva dos embargos, cabendo ao embargado, na fase contraditria, a alegao eprova do facto em que se funde a caducidade de deduzir os embargos de terceiro, em conformidadecom a norma geral contida no art. 343, n 2, do CC.III - A intempestividade na deduo dos embargos de terceiro constitui matria de exceo, porenvolver um facto extintivo/impeditivo do direito do embargante, cuja invocao e nus probatriorecai sobre o exequente/embargado, ou seja, cabe a este a alegao e subsequente prova de que oprazo contemplado no art. 353, n 2, do CPC foi ultrapassado (arts. 342, n 2, e 343, n 2, do CC).IV - Atravs dos embargos de terceiro pode defender-se qualquer direito incompatvel com o ato de Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 11 de 16

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    agresso patrimonial cometido, inclusive a propriedade.V - O contrato-promessa de compra e venda, mesmo acompanhado de tradio da coisa, por normano suscetvel de transferir a posse ao promitente-comprador: se este obtm a entrega da coisa,antes da celebrao do negcio translativo, adquire o corpus possessrio, mas no o animuspossidendi, ficando, pois, na situao de mero detentor ou possuidor precrio.VI - Excecionalmente, porm, so configurveis situaes em que a posio jurdica do promitente-comprador preenche todos os requisitos de uma verdadeira posse, por exemplo, caso haja sido pagaj a totalidade do preo ou parte substancial do mesmo, ou quando, no tendo as partes o propsitode realizar o contrato definitivo (a fim de, v.g., evitar o pagamento do IMT ou precludir o exerccio dodireito de preferncia), a coisa entregue ao promitente-comprador como se sua fosse.VII - Nestes casos, em que o promitente-comprador atua uti dominus, no existe motivo para lhenegar o acesso aos meios de tutela da posse.VIII - A inoponibilidade de direitos, para efeitos de registo, nos termos do art. 5, n 4, do CRgP e daorientao plasmada no AUJ n 3/99, de 18-05, pressupe que ambos os direitos advenham de ummesmo transmitente comum, dela se excluindo os casos em que o direito em conflito deriva de umadiligncia judicial, seja ela arresto ou penhora.IX - Se o direito de garantia da recorrente, que conflitua com o direito de propriedade dosembargantes, posteriormente levado ao registo, deriva de diligncia judicial (arresto convertido empenhora), tal situao no enquadrvel no indicado conceito restrito de terceiros, pelo que nogoza da proteo registal, no obstante a respetiva inscrio ser anterior.

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 11/04/2013Revista n 403/09.5TJLSB.L1.S1 - 1. SecoAssunto: Ao inibitria

    I - A disciplina da LCCG impe a observncia de determinados requisitos, formais e materiais,concordantes, essencialmente, com os princpios da boa f, da proibio do abuso do direito e daproteo da parte mais fraca, funcionando o princpio da boa f como a bssola central de todo oregime legal e surgindo o catlogo das clusulas proibidas como manifestaes ou concretizaesexemplificativas da valorao desse princpio.II - O escopo essencial, intencionalmente pretendido pelo legislador na LCCG, o de fazer proibir,para o futuro, o uso de clusulas contratuais gerais que atentem contra a boa-f arts. 16 e 25, n1 , descrevendo e concretizando as clusulas que so absolutamente proibidas (arts. 18 e 21) eaquelas que se consideram relativamente proibidas (arts. 19 e 22).III - A questo da utilidade das aes inibitrias no pode ser dissociada, de modo algum, da efetivautilizao dos clausulados contratuais gerais, que eventualmente violem a LCCG, por parte dopredisponente, sendo certo que demonstrada a cessao daquela aplicao, e a sua substituio pornovos clausulados, poder ficar comprometida a respetiva apreciao judicial.IV - No obstante o CPC no fazer referncia expressa ao interesse processual ou interesse em agir,deve incluir-se o mesmo nos pressupostos processuais, referentes s partes. Trata-se de umpressuposto processual, autnomo e inominado. Inexistindo o interesse em agir, vedado est ao juizo conhecimento do mrito da causa arts. 493, n 2, e 495, ambos do CPC.V - Destinando-se a ao inibitria a acautelar a utilizao futura de clusulas contratuais geraisnulas e tendo sido alegado pela R/recorrente que deixou de fazer utilizao dessas clusulas emdata anterior da propositura da ao (alegadamente, cerca de um ms antes), ter-se- deinvestigar, em concreto, se subsiste o interesse em agir, por parte do MP, para propor a aoinibitria, nos precisos moldes em que a gizou, devendo delimitar-se, com preciso e rigor, afactualidade invocada pelo MP e impugnada pela parte contrria.

    RESPONSABILIDADE CIVIL

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 11/04/2013Revista n 201/07.0TBBGC.P1.S1 - 1. SecoAssunto: Danos no patrimoniais clculo da indemnizao

    I - O lesado que fica a padecer de IPP sendo a fora de trabalho um bem patrimonial que propiciarendimentos tem direito a indemnizao por danos futuros, danos estes a que a lei mandaexpressamente atender, desde que sejam previsveis.II - A incapacidade permanente constitui, de per si, um dano patrimonial, quer acarrete para o Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 12 de 16

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    lesado uma diminuio efetiva do seu ganho laboral (presente ou previsivelmente futuro), quer lheimplique apenas um esforo acrescido para manter os mesmos nveis dos seus proventosprofissionais (atuais ou previsivelmente futuros).III - No tendo ficado demonstrada qualquer incapacidade permanente em resultado do acidente deviao sofrido pelo autor a quem incumbia comprov-la, segundo as regras de repartio do nusda prova (art. 342, n 1, do CC) nenhuma indemnizao haver a arbitrar a ttulo de danopatrimonial futuro, devendo o stress ps-traumtico de que sofre ser valorizado, no em sede dereparao de qualquer dano patrimonial, mas antes no mbito da fixao do dano no patrimonial.IV - Enquanto a indemnizao ressarcitria, tpica do dano patrimonial, colmata uma lacuna decontedo econmico existente no patrimnio do lesado, a reparao que ocorre relativamente aodano no patrimonial encontra o patrimnio do lesado intacto, mas aumenta-o para que, com talaumento, este possa encontrar uma compensao para a dor e restabelecer o equilbrio na esferaincomensurvel da felicidade humana.V - A indemnizao tem aqui por finalidade compensar desgostos e sofrimentos suportados pelolesado, de modo a suavizar-lhe as agruras da nova vida diria que ter de enfrentar e a proporcionar-lhe uma melhor qualidade de vida, assumindo ainda uma forma de desagravo em relao aocomportamento do lesante.VI - Tal indemnizao reveste uma natureza acentuadamente mista: por um lado, visa reparar dealgum modo, mais do que indemnizar, os danos sofridos pela pessoa lesada (natureza ressarcitria);por outro, no lhe estranha a ideia de reprovar, sancionar ou castigar (cariz punitivo), no planocivilstico e com os meios prprios do direito privado, a conduta do agente.VII - Provado que, em consequncia de um embate do veculo que conduzia com um peo que,numa via em que proibido o trnsito de pees, iniciou a travessia da faixa de rodagem sem secertificar de que o poderia fazer sem perigo de acidente, o autor sofreu estado de confuso,ansiedade, humor depressivo, ondas de angstia em que julgava a morte, marcada excitabilidade,insnia com pesadelos em que o embate o tema dominante e pensamentos intrusivos em que oembate surge como cenrio principal, devido ao contacto visual que teve com o peo,ensanguentado e disforme, situao que revela um quadro de stress ps-traumtico, com sinais deuma experincia pessoal direta que envolveu a morte, o que o obrigou a recorrer a teraputicapsiquitrica, sendo forte o sofrimento psicolgico de que padece o recorrente em consequncia doembate, tratando-se de sofrimento que perdurar durante toda a sua vida, ponderando ascircunstncias em que ocorreu o acidente (sem qualquer culpa do recorrente) e a gravidade do seusofrimento, mostra-se adequada a indemnizao de 10 000.

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 24/04/2013Revista n 984/07.8TVLSB.P2.S1 - 2. SecoAssunto: Responsabilidade contratual

    I - O nexo de causalidade naturalstica entre o facto e o dano, na responsabilidade civil, constituimatria de facto, pelo que escapa aos poderes de cognio do STJ.II - O problema de saber se a(s) resposta(s) a determinados artigos da base instrutria versam sobrequestes de direito por a sua vertente conceitual constituir o thema decidendi em si umaquesto de direito, que se insere nos poderes de cognio do STJ, desencadeadora de justaaplicao do art. 646, n 4, do CPC.III - O incumprimento de contrato pode ser imputado inobservncia dos deveres acessrios deconduta, impostos aos contraentes pelo princpio geral da boa f (arts. 799 e 762, n 2, do CC).IV - No contrato de ensino, educao ou instruo, celebrado com uma Universidade compreendem-se, alm dos deveres principais (como os deveres de ensinar e pagar as propinas) indispensveis prossecuo do objetivo visado, in casu, alcanar o termo da licenciatura , deveres acessrios(como os decorrentes da necessidade de acautelar a segurana dos estudantes).V - Se a Universidade viola o dever de garantir tal segurana, (i) mesma incumbe o nus de provarque no agiu com culpa (afastando a presuno a que alude o art. 799, n 2, do CC) e (ii) aodemandante o nus de provar o nexo de causalidade entre tal violao (designadamente o controlodas prticas praxistas) e o dano morte que veio a ocorrer.VI - O nexo causal definido em funo da variante negativa da causalidade adequada e nopressupe a exclusividade da condio, tendo-se por verificado se da matria de facto ficou apuradoque se a r controlasse as prticas praxistas dentro das suas instalaes, impedisse que aagressividade fsica e psicolgica dominasse, o D no teria sido sujeito a humilhao, a vergonha,nas mesmas e teria contribudo para que a sua morte no tivesse ocorrido. Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 13 de 16

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    TRABALHO

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 10/4/2013Recurso n 2843/03.4TTLSB-C.L1.S1 - 4. SecoAssunto: Processo executivo laboral

    I - No processo executivo laboral baseado em sentena de condenao em quantia certa, uma vezefetuada a penhora, o executado notificado simultaneamente do requerimento executivo, dodespacho determinativo da penhora e da realizao desta, para deduzir oposio, querendo, noprazo de 10 dias, podendo alegar quaisquer circunstncias que infirmem a penhora ou algum dosfundamentos de oposio execuo baseada em sentena previstos no Cdigo de Processo Civil,nos termos dos nos 1 e 2 do artigo 91 do Cdigo de Processo do Trabalho.II - Se o que releva para aferir da tempestividade da prtica do ato de oposio o momento danotificao do executado aps a penhora, ento a partir deste ato que se inicia a contagem dorespetivo prazo, donde decorre a tempestividade da oposio execuo deduzida nos presentesautos.III - No se verifica a sanao da nulidade decorrente da falta de citao da executada para se opor execuo, donde emergiria, tambm por esta via, a extemporaneidade da oposio execuo,porquanto o n 1 do artigo 91 do Cdigo de Processo do Trabalho reunia num nico ato, posterior efetivao da penhora, a notificao, ao executado, do requerimento executivo, do despachodeterminativo da penhora e da realizao desta, pelo que no se configura a dita nulidade, nem,como bvio, qualquer correspetiva sanao.

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 10/4/2013Recurso n 2006/09.5TTPNF.P1.S1 - 4. SecoAssunto: Despedimento ilcito

    I - O contrato de trabalho declarado nulo ou anulado produz efeitos como se fosse vlido em relaoao tempo durante o qual esteve em execuo, conforme prescreve o artigo 122, n 1, do Cdigo doTrabalho, na redao introduzida pela Lei n 7/2009, de 12 de fevereiro, sendo que a ocorrncia deum facto extintivo do contrato antes da declarao de nulidade ou anulao do contrato tem asconsequncias previstas no artigo 123, n 1, do mesmo diploma legal.II - cessao unilateral do contrato de trabalho por iniciativa da empregadora, uma Junta deFreguesia, verificada antes da declarao de nulidade do mesmo contrato, aplica-se o regimejurdico da cessao do contrato individual de trabalho (artigo 123, n 1, citado) que, no caso, seconsidera ilcita, porque realizada sem justa causa e sem prvia elaborao de processo disciplinar.III - Apesar de ilicitude deste despedimento, a trabalhadora tem direito a receber apenas asretribuies que deixou de auferir desde os 30 dias anteriores propositura da ao at data emque tomou conhecimento da invocao da nulidade do contrato.IV - Assim, a trabalhadora no ter direito reintegrao no seu posto de trabalho por a tal obstar ocomando constitucional nsito no artigo 47, n 2, da Constituio da Repblica, quando no sedemonstre que o recrutamento da trabalhadora obedeceu ao processo prvio de seleo exigidopela lei em vigor aquando do estabelecimento da relao jurdico-laboral.

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 10/4/2013Recurso n 134/09.6TTGDM.P1.S1 - 4. SecoAssunto: Contrato de Trabalho - Vinculao de pessoa coletiva

    I - A interveno do Supremo Tribunal de Justia, ao nvel da deciso da matria de facto, simplesmente residual, no cabendo nos seus poderes de cognio pronunciar-se sobre alegado errona apreciao das provas ou na fixao do factos materiais da causa, sendo que as expresses denatureza conclusiva devem ser excludas do elenco dos factos tidos como provados, havendo-se porno escritas, nos termos da aplicao analgica da previso constante do n 4 do artigo 646 doCdigo de Processo Civil.II - A relao jurdica da comisso de servio assume feio juslaboral. Configurando uma forma decontratao aplicvel a determinadas relaes de trabalho subordinado, pressupe sempre a prviaexistncia ou a celebrao ex novo de um contrato de trabalho.III - A r sociedade annima s pode opor a terceiros as limitaes de poderes resultantes do seu Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 14 de 16

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    objeto social, que no as decorrentes da irregular interveno formal dos seusadministradores/gerentes, prevista nos respetivos estatutos artigos 408, n 1, e 409, nos 1 e 2 doCdigo das Sociedades Comerciais no podendo repudiar a vinculao em negcio assimoutorgado em seu nome, sem prejuzo do direito (da sociedade) de poder responsabilizar oadministrador/gerente pelos danos causados, nos termos dos artigos 72 e 77, do mesmo Cdigodas Sociedades Comerciais.

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 17/4/2013Recurso n 36/12.9TTPRT.S1 - 4. SecoAssunto: Ao de impugnao de despedimento - Interrupo da prescrio

    I - Tendo a autora sido despedida em 30 de dezembro de 2009, e embora vigorasse data o Cdigodo Trabalho de 2009 aprovado pela Lei n 7/2009, de 12 de fevereiro, no se lhe aplica o regime doseu artigo 387, n 2, que veio estabelecer que o trabalhador se pode opor ao despedimentomediante a apresentao de requerimento formulrio prprio, a ser apresentado no tribunalcompetente no prazo de 60 dias contados da receo da comunicao do despedimento, ou da datada cessao do contrato, se posterior, pois continua a aplicar-se-lhe o regime do artigo 435, n 2,do Cdigo do Trabalho de 2003.II - Efetivamente, e dado que o novo regime impugnatrio do despedimento individual exigiaconcretizaes e adaptaes do quadro processual existente, a sua entrada em vigor foi relegadapara quando passassem a vigorar as alteraes ao Cdigo de Processo do Trabalho que asacolhessem, conforme deflui dos artigos 12, n 5, e 14, n 1, da Lei n 7/2009, de 12 de fevereiro.III - Assim, a entrada em vigor do regime consagrado naquele artigo 387, n 2, do Cdigo doTrabalho de 2009, s ocorreu em 1 de janeiro de 2010, data em que comearam a vigorar asalteraes ao Cdigo de Processo do Trabalho, introduzidas pelo DL n 295/2009, de 13 de outubro,como veio a estabelecer o artigo 9, n 1, deste diploma.IV - O legislador, ao estabelecer no artigo 435, n 2, do Cdigo do Trabalho de 2003, o prazo de umano para a propositura da ao de impugnao de despedimento, quis qualific-lo como prazo decaducidade, ao abrigo do disposto no artigo 298, n 2, do Cdigo Civil, afastando os crditosemergentes dum despedimento ilcito reintegrao ou indemnizao optativa, retribuiesintercalares e danos no patrimoniais do regime da prescrio do artigo 381, n 1, do Cdigo doTrabalho.V - Tendo a autora requerido apoio judicirio na modalidade de nomeao de patrono para intentaruma ao judicial, esta considera-se proposta na data em que for apresentado o respetivo pedidonos servios da Segurana Social, conforme resulta do artigo 33, n 4, da Lei n 34/2004, de 29 dejulho.VI - Por isso, e tendo este requerimento sido apresentado dois dias antes de se completar o prazode um ano, os pedidos deduzidos e conexionados com a invocada ilicitude do seu despedimento sotempestivos.VII - Mas j quanto aos pedidos respeitantes a crditos emergentes do contrato de trabalho, taiscomo os derivados de diferenas salariais e diuturnidades em falta, consumou-se o prazo deprescrio de um ano, pois embora a ao se tenha como intentada dois dias antes do prazo secompletar, por aplicao do n 4 do artigo 33 da Lei n 34/2004, de 29 de julho, h que conjugareste regime com o da interrupo da prescrio, que s ocorre com a citao do ru para a ao, oucom a notificao de qualquer ato que exprima, direta ou indiretamente, a inteno de exercer odireito, conforme estabelece o n 1 do artigo 323 do Cdigo Civil.VIII - Da que, e mesmo equiparando o pedido de nomeao de patrono ao requerimento de citaodo ru (apresentado dois dias antes do termo do prazo de prescrio), aquele prazo se tenhaconsumado, pois a sua interrupo s ocorreu cinco dias aps aquele pedido, conforme consagra on 2 do referido artigo 323 do Cdigo Civil.

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 17/4/2013Recurso n 2117/07.1TTLSB.L1.S1 - 4. SecoAssunto: Justa causa de despedimento - Dever de respeito e urbanidade

    I - No viola o princpio do contraditrio subjacente aos artigos 413 e 414, n 1, do Cdigo doTrabalho de 2003, bem como o direito defesa do trabalhador no mbito do procedimentodisciplinar, a omisso de realizao pela entidade empregadora de diligncias requeridas pelotrabalhador na resposta nota de culpa que se evidenciam como irrelevantes para o esclarecimento Consulte mais notcias em: www.vidaeconomica.pt Pgina 15 de 16

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    da verdade, ou como sendo de cariz dilatrio.II - Tem a natureza de diligncia irrelevante para a descoberta da verdade e dilatria, nos termos donmero anterior, o pedido de juno ao procedimento de mensagens de correio eletrnico noconcretamente identificadas pelo requerente e que se encontravam em suporte digital apenso aoprocedimento.III - A noo de justa causa de despedimento, consagrada no artigo 396, n 1, do Cdigo doTrabalho de 2003, pressupe um comportamento culposo do trabalhador, violador de deveresestruturantes da relao de trabalho, que pela sua gravidade e consequncias, torne imediata epraticamente impossvel a subsistncia do vnculo laboral.IV - Viola grave e culposamente os deveres de respeito e de urbanidade, consagrados na alnea a),do n 1 do artigo 121, do mesmo Cdigo do Trabalho de 2003, o trabalhador que dirige a umacolega de trabalho que desempenhava as funes de diretora de recursos humanos da empresa emque ambos trabalhavam uma mensagem de correio eletrnico, a que anexou ficheiros vdeo decontedo sexualmente explcito, referindo que lhe aconteceria o mesmo, se adotasse, de novo, umadeterminada atitude decorrente do exerccio das suas funes.V - A conduta do trabalhador descrita nos nmeros anteriores quebra de forma irreparvel a relaode confiana entre as partes que essencial relao de trabalho, tornando inexigvel a suamanuteno e integra, por tal motivo, justa causa de despedimento.

    Referncias: Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 30/4/2013Recurso 1259/08.0TTLSB.L1.S1. 4. SecoAssunto: Retribuio de frias - Subsdio de frias- Subsdio de Natal

    I - No domnio do regime anterior ao Cdigo do Trabalho de 2003, resultando da contrataocoletiva aplicvel que os trabalhadores tm direito a um subsdio de Natal que compreende aremunerao mensal constante das tabelas salariais e as prestaes fixas, regulares e peridicas, osvalores recebidos a ttulo de trabalho noturno, horas-extra, subsdio de servio em voo e subsdio dedisponibilidade no devem integrar tal subsdio, pois o Decreto-Lei n 88/96, de 3 de julho, que ogeneralizou a todos os trabalhadores, salvaguardou a aplicao das convenes coletivas anterioresna determinao das prestaes que o integram.II - Provada a irregularidade e a intermitncia da prestao do trabalho pago sob a designao dehoras-extra, os valores auferidos pelo trabalhador, a este ttulo, no tm a natureza deretribuio, pelo que no sero de atender para efeitos de clculo da retribuio de frias erespetivo subsdio.III - Uma vez que os acrscimos remuneratrios denominados trabalho noct/turnos, subsdio deservio em voo e subsdio de disponibilidade no se enquadram no conceito tcnico-jurdico deretribuio, no h que atender mdia anual das importncias recebidas pelo trabalhador a essettulo para clculo da retribuio de frias e respetivo subsdio.

    Flvia Leito, 26/07/2013

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