2011 guia internet e família - wan

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INTERNET E FAMÍLIA Um guia para ajudar as crianças quando estão online © World Association of Newspapers and News Publishers - 2010 Associação Nacional de Jornais/Programa Jornal e Educação 2011

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INTERNET E FAMÍLIA

Um guia para ajudar as crianças

quando estão online

© World Association of Newspapers and News Publishers - 2010

Associação Nacional de Jornais/Programa Jornal e Educação

2011

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UMA PUBLICAÇÃO DA Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-IFRA)

PATROCINADA POR Norske Skog TEXTO Fraga

ILUSTRAÇÕES Fraga NOVO DESIGN

Diego Borges, Zero Hora (Brasil)

EDIÇÃO DE

Aralynn McMane, WAN-IFRA

AGRADECIMENTOS A

Roxana Morduchowicz, Ministério da Educação da Argentina, pelo texto original

CLARÍN, Argentina, pelo design original

Microsoft Dinamarca, por ‘BE A SH@RK ONLINE’,

Patricia Agatston, de www.cyberbullyhelp.com, pela informação sobre cyberbullying

Lucas D’Amore do jornal CLARÍN, Argentina, pelo design original

Fly Design (Argentina), pela arte original

Os autores desejam expressar seu reconhecimento e gratidão às seguintes organizações e publicações por suas ideias: OFCOM Report. Media Literacy. Londres, 2006; Parent Resource Center – iKeepSafe Coalition, 2008 (http://ikeepsafe.org/PRC/), Palo Alto Medical Foundation, Teen Safety on the Internet (http://www.pamf.org/teen/life/risktaking/internet.html) y www.cyberbullyhelp.com.

Tradução: Cristiane Parente (Programa Jornal e Educação - ANJ) / Revisão: Aparecida Borelli

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Conteúdos deste guia

Introdução

Internet

O código familiar

Usos da Internet - Buscando informacão

Usos da Internet - Como saber que é verdade?

Usos da Internet - “Copiar e colar”

Usos da Internet – Fóruns de chat e redes sociais

Usos da Internet – Blogs

Sites não desejados - Pornografia

Sites não desejados – Pedofilia

Cyberbullying

10 recomendações para os adultos

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Introdução Esta publicação visa a favorecer uma maior consciência e um melhor entendimento da internet e do seu uso entre os mais jovens. As páginas a seguir mostram alguns riscos associados ao uso das novas tecnologias e propõem algumas estratégias para sua redução. Falar dos perigos da internet para as crianças tornou-se um tema recorrente entre os adultos. Tanto como em outras épocas se falava dos perigos da TV e, antes, dos perigos do rádio e do cinema. Porém, é importante destacar que não queremos demonizar a internet e as novas tecnologias. Assim como acontece nos meios de comunicação tradicionais, não existe uma relação linear de causa-efeito entre o que oferece a internet e o comportamento do usuário. Dito de outro modo, os conteúdos da internet não determinam a maneira pela qual se comportará quem navega por eles. Da mesma forma que um programa de televisão não é a causa direta do modo como se comporta o telespectador quando termina de ver o programa. Os contextos pessoais, familiares e sociais são fundamentais na hora de pensar em como um indivíduo – criança ou adulto - utiliza e se apropria de um meio de comunicação. A tecnologia – bem como os meios de comunicação – é de grande utilidade, mas, traz consigo alguns riscos que as páginas seguintes querem ajudar a reduzir, oferecendo aos adultos informações que os capacitem a orientar melhor as crianças e os jovens sobre o uso da internet.

Expressões de apoio “Hoje em dia, na era digital, a juventude do mundo está cada vez mais conectada à internet para obter todo tipo de informação. Isso tem ampliado a demanda por respostas educativas para ensinar a navegar com eficácia. O guia da Associação Mundial de Jornais – WAN, Internet e Família, é ao mesmo tempo oportuno e necessário. Todas as crianças do mundo poderão tirar proveito desta publicação. Este guia é vital tanto para as famílias como para a sociedade civil no século XXI.”

Paul Mihailidis - Diretor da Academy on Media & Global Change, de Salzburgo e membro do Conselho da National Association for Media Literacy Education (NAMLE),

dos EUA. “Os jovens passam muitas horas por dia usando a Internet, daí a importância de os pais saberem como orientar crianças e adolescentes quando navegam. Este guia cumpre com essa necessidade. Agradecemos aos jornais que o tornam acessível a todos.”

Juan Carlos Tedesco - Ministerio de la Educación, da Argentina.

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"Este manual não procura assustar as pessoas a respeito dos perigos da internet. O propósito é envolver pais e jovens de forma significativa na discussão sobre seu uso, equipá-los com as ferramentas necessárias para tomar decisões críticas e ajudar as famílias a desenvolver uma compreensão do impacto da internet em suas vidas." Chido Onumah - Coordenador de “Youth Media & Communication Initiative”, na Nigéria

e no Canadá. "Internet e meios de comunicação digitais são parte da vida cotidiana dos jovens de hoje. É essencial ajudá-los a entender e usar melhor essas ferramentas, a partir de uma reflexão cuidadosa e de forma criativa. Iniciativas como este guia são recursos valiosos para o êxito desse esforço." Evelyne Bevort, Diretora Associada do CLEMI (Centre de Liaison de l'Enseignement et

des Médias d'Information - Centro de Ligação do Ensino e dos Meios de Comunicação, do Ministério da Educação da França)

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Internet...

Cada usuário de internet é diferente, vive em um contexto particular e distinto, e atravessa uma série de experiências que determinarão parcialmente o uso que faz das novas tecnologías. É importante recordar o potencial positivo e a riqueza de conteúdo que a internet oferece a seus usuários. Por isso, antes de abordar os riscos associados à rede, destacam-se algumas de suas muitas vantagens.

• Possibilita uma comunicação com maior rapidez e fluidez.

• Coloca pessoas de distintos lugares em contato.

• Promove o intercâmbio multicultural entre seus usuários.

• Apresenta informação abundante e diversa.

• Facilita e amplia as possibilidades de investigação.

• Permite acessar instantaneamente a informação atual.

• Favorece uma interatividade maior entre o usuário e a tecnologia.

• Estimula a criatividade a partir da produção de blogs e páginas pessoais.

• Propicia a sociabilidade ao permitir chats e jogos entre usuários.

• Cria novos espaços de diálogo e intercâmbio entre adultos e crianças.

Sem deixar de lado a grande riqueza de conteúdos que a internet oferece e sua

utilidade na vida cotidiana, devemos tomar algumas medidas para evitar riscos e

aproveitar seu potencial. Uma dessas medidas é o uso conjunto da internet por

crianças e adultos.

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O código familiar

Por mais que os adultos preferissem que as crianças não tivessem acesso a certos

conteúdos ou sites, que não compartilhassem informação ou entrassem em contato

com outras pessoas, dar um não muitas vezes não basta para frear sua curiosidade.

Um “código familiar” consensuado é a melhor maneira de incluir as crianças na

elaboração de uma série de regras sobre os usos da internet. Tê-las junto nessa

elaboração as ajudará a entender melhor a web e também a

sentirem-se mais responsáveis ao navegar. Ainda que não exista um código familiar

único, porque não existe família única, estas são algumas ideias que podem

resultar úteis para sua elaboração:

Antes de formular o código, assegure-se de…

Colocar o computador em locais de uso comum (como salas, por exemplo), que permitem ver - a todo momento - o que fazem as crianças quando navegam. Não é bom colocá-lo em ambientes privados, como os quartos.

Imprimir o código familiar e colá-lo perto do computador, para que recordem (as crianças e seus amigos, quando as visitarem) as condições de uso que elas mesmas ajudaram a construir.

Entender que a melhor maneira de saber como as crianças usam a web é os adultos da casa também serem usuários de internet.

Propor regras para três aspectos: formas de uso, segurança pessoal e o que fazer diante do inesperado e do não desejado.

Um exemplo de código familiar consensuado...

1. Ninguém está autorizado a mudar o lugar do computador. Ele deve estar sempre na sala.

2. Ninguém está autorizado a visitar sites pornográficos, racistas ou que incitem o ódio ao outro.

3. Não é permitido que ninguém cometa agressões ou faça ameaças por e-mail, chat

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ou qualquer outra forma de comunicação na rede.

4. Ninguém está autorizado a visitar fóruns de chats privados que podem ser inseguros. Antes de entrar em um novo fórum, deve-se conversar em familia.

5. Ninguém está autorizado a navegar durante mais de ….. hora(s) por vez (o número de horas vai depender da idade das crianças).

6. Ninguém está autorizado a comprar objetos pela internet ou a assinar/ inscrever-se em serviços que não sejam previamente conversados em familia.

7. Ninguém está autorizado a expor informação pessoal ou familiar (nome, idade, sexo, endereço, telefone, etc.) em fóruns, chats, MSN ou e-mail.

8. Ninguém está autorizado a encontrar-se pessoalmente com “amigos” conhecidos pela internet sem autorização e presença dos adultos.

9. Ninguém deve responder a um e-mail desconhecido, agressivo, não desejado ou a um spam. Nesses casos, debe-se avisar sempre aos adultos.

10.Qualquer dúvida, inquietação, problema, angústia ou situação desagradável deverá ser informada aos adultos da casa.

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Usos da Internet

Buscando informação

A internet costuma ser uma das fontes mais consultadas pelos adolescentes quando

realizam um trabalho escolar. Há informação abundante, e as crianças sentem que

podem encontrar tudo de que necessitam na rede. Porém, as milhões de páginas da

web que estão diante delas para resolver suas dúvidas ou para que consigam a

informação que precisam podem dificultar sua busca.

Dispor de uma fonte quase ilimitada de informações não significa saber utilizá-la.

Aprender a buscar o que se necessita é um dos desafios mais importantes que a

internet nos coloca hoje. Vejamos, portanto, algumas recomendações para orientar as

crianças nessa busca:

• Eleger o buscador. Em primeiro lugar, é importante selecionar um buscador que

guiará as crianças até a informação de que necessitam. O mais popular é o Google,

mesmo sem ser o único capaz de resolver as dúvidas dos usuários.

Independentemente do buscador ter sido identificado ou não, os passos seguintes são

também fundamentais.

• Saber o que perguntar. Os buscadores realizam uma tarefa menos efetiva se o

usuário escreve só uma palavra e, sobretudo, se essa palavra é ambígua a respeito da

informação desejada. Definir a pergunta com clareza é a primeira condição para uma

busca exitosa da informação de que se precisa.

• Ser específico. É conveniente utilizar mais de uma palavra, para evitar vocábulos

isolados que podem ter vários significados. O buscador não sabe qual das opções é a

que se quer. A maior especificidade é condição essencial para a efetividade da busca.

Essa especificidade supõe, às vezes, introduzir uma frase (no lugar de uma palavra)

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para deixar pouco espaço para a multiplicidade de significados. Se uma palavra ou

uma frase dão lugar a poucos ou a muitos resultados, será conveniente repensar a

pergunta.

• Definir o idioma. A busca pode realizar-se em páginas da web de diferentes

idiomas. Se as crianças querem só as páginas em português, devem assegurar-se – já

tendo definida a pergunta – de indicar ao buscador que só querem páginas em

português. Isso reduzirá os sites que serão apresentados e contribuirá para a

especificidade da demanda.

• Averiguar as prioridades. Quando o buscador resolve a busca, apresenta uma

quantidade de páginas da web nas quais a criança pode encontrar a informação de

que necessita. Esses sites têm uma ordem. Alguns ocupam os primeiros lugares, mas

isso não significa necessariamente que sejam os mais confiáveis. É conveniente que

os usuários averiguem porque essas páginas ocupam o primeiro lugar nas sugestões

do buscador. É por que pagam por isso? É por que são as que têm a maior quantidade

de “links”? É pelo número de visitas que o site recebe? A resposta a essas questões

também ajudará num melhor resultado da busca.

• Usar mais de um buscador. Uma das maneiras mais efetivas para uma busca

confiável é consultar mais de um servidor e mais de uma página da web. Essa é a

melhor garantia de variedade e pluralidade.

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Usos da Internet

Como saber que é verdade?

A maioria das crianças que usa a internet mostra uma elevada credibilidade à sua

informação. Elas buscam dados, fazem tarefa e formulam perguntas cujas respostas

anotam, sem analisar a fonte da qual recebem a informação.

É importante que as crianças aprendam que, assim como não se pede conselho a

alguém em quem não se pode confiar na vida real, o mesmo acontece com a rede.

É conveniente saber quem é que na rede responde às perguntas das crianças.

Não é nada fácil saber se o que lemos na internet é confiável. Mas há muito que

podemos fazer para verificar essa questão:

• Utilizar mais de uma fonte de informação. Não só comparando livros, jornais, revistas

especializadas e a internet, mas também, diferentes sites da web. Se um site contradiz

outro, saberemos que ao menos um deles está equivocado.

• Diferenciar fatos de opiniões. Se o site apresenta opiniões, buscar outras maneiras

(outras páginas da web ou outras fontes) para explorar os fatos que possam respaldar

ou não essas opiniões.

• Analisar quanto o site investigou antes de oferecer a informação e o quanto foi

investigado, analisado pelo pesquisador (criança ou adulto) antes de satisfazer-se com

a informação obtida. Além disso, monitorar o site para ver de quanto em quanto tempo

ele é atualizado.

• Comprovar os “links” do site. Quando as crianças navegam na internet vão de uma

página a outra via “links”. Saber quais são os “links” vinculados ao site é um

bom indicador para avaliar a credibilidade dessa página. Averiguar que outros sites

recomendam e a que outros sites remetem é útil para conhecer a seriedade da

informação que oferecem.

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• Pensar nas organizações, entidades e instituições da vida cotidiana que são

confiáveis quando dão informação e buscar suas páginas na web. Se podemos

acreditar nelas no mundo real, é possível que também possamos confiar no que dizem

pela internet. Por exemplo, as notícias publicadas nas páginas da web de jornais

são previamente revisadas por um jornalista profissional.

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Jornais online: uma boa opção para começar

Quem quer que esteja buscando informações atuais fará bem começando pela visita às páginas da web dos jornais, visto que a maioria dos conteúdos que elas apresentam foi escrita por repórteres que trabalham para eles.

São jornalistas profissionais, qualificados para desempenhar essa função, que sabem como comunicar e descrever os fatos, assim como comparar e contrastar informações e fontes, além de saber quais fontes são as mais confiáveis e fidedignas. Os sites de jornais nos oferecem, geralmente, toda a cobertura exaustiva sobre um fato, não só a informação resumida que aparece em outras páginas.

Os jornais mesmos endossam sua informação online, como fazem diariamente com a edição impressa, garantindo sua confiabilidade. Mas também existem outras organizações informativas profissionais, como as entidades televisivas, que são igualmente dignas de confiança.

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Usos da Internet

“Copiar e colar”

Duas palavras parecem figurar entre as mais populares da web quando as crianças

fazem a tarefa para a escola: “copiar e colar”. Com frequência encontram textos em

um site e os copiam e colam em seus próprios trabalhos escolares.

Muitas crianças acreditam que tudo que está na internet pode ser copiado e utilizado

literalmente e sem referência. É necessário explicar a elas o que significa o conceito

de plágio – tomar ideias de outro e fazê-las passar como próprias – logo que começam

a fazer investigações/pesquisas para a escola.

O sistema mais comum entre elas é o “copiar e colar”: o aluno extrai um

documento de um site e o copia textualmente em seu próprio trabalho escolar, sem

referência nem menção do autor ou da fonte. Isso faz crer que os alunos foram os

criadores desse texto. O problema não é somente o plágio, mas suas consequências

para a promoção do pensamento crítico dos estudantes. A habilidade para refletir

criticamente sobre um texto diminui se ele é copiado e colado textualmente.

Como podemos explicar isso às crianças?

• É valioso e correto utilizar as fontes que nos a internet nos oferece, sempre e quando

as citamos, mencionamos quais são e de onde obtivemos as informações.

• É importante estimular que as crianças reescrevam com suas próprias palavras a

informação que encontraram na web, ao invés de copiá-la tal qual está. Nesse caso,

também é importante que no final citem as páginas e os sites que as ajudaram.

• É conveniente que as crianças leiam e releiam várias vezes a informação da internet

antes de utilizá-la, para verificar sua seriedade.

• É importante que os adultos da casa participem da pesquisa com as crianças e as

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ajudem na busca da informação em diferentes sites.

• O mais valioso nessa busca é ensinar às crianças como avaliar os sites, que

perguntas devem ser formuladas diante do texto e de que maneira analisar sua

procedência.

• É bom que os adultos recomendem às crianças sites de instituições sérias, cuja

qualidade da informação é indiscutível.

• É importante lembrar às crianças que, para um profesor, é fácil comprovar a cópia,

porque muitos alunos recorrem ao mesmo site e seus trabalhos terminam sendo

idênticos.

• Usar várias fontes, analisá-las, citá-las e reescrever a informação com suas próprias

palavras é sempre a melhor opção.

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Usos da Internet

Salas de chat e redes sociais

As salas de chat são espaços digitais onde as pessoas podem, sem se conhecer pessoalmente, interagir, trocar ideias e conversar. Os servidores de chat contam com temas específicos, entre os quais os especialmente concebidos para jovens e adolescentes.

Uma rede social oferece mais vantagens ao usuário: uma página da web pessoal com seu perfil, com distintos níveis de acesso à informação oferecida e maior interatividade entre um grupo definido de contatos, aos quais comumente chamamos “amigos”. O termo “amigo” tem nas redes sociais um significado distinto do que existe na vida real, sendo qualquer um que tenha sido convidado a visitar uma página da web pessoal, mediante um convite do usuário proprietário do site.

Em ambos os casos, porém, pode haver participantes que mintam sobre sua idade e sejam de fato adultos mal intencionados que representam uma ameaça para os jovens que participam do grupo. Em geral, esse tipo de pessoa acaba confessando que mentiu em relação à sua idade, o que deveria fazer com que as crianças percebessem que estão tratando com adultos e, por conseguinte, interrompessem toda a comunicação. As salas de chat não deveriam ser um lugar para estabelecer relações com estranhos que nem sempre são o que dizem ser.

Seguem algumas recomendações para usar ativamente e com toda segurança uma sala de chat:

Os pais devem lembrar a seus filhos que não devem fornecer nenhuma informação privada; como endereços, números de telefone ou fotos.

Os pais devem conversar com seus filhos sobre as salas de chat e redes sociais de que eles gostam.

As crianças e os adolescentes deveriam participar de salas de chat e redes sociais correspondentes à sua idade.

Os participantes devem cortar toda comunicação com qualquer pessoa do grupo de chat que faça comentários inadequados ou revele que mentiu a respeito de qualquer tema.

As crianças e os adolescentes deveriam usar as salas de chat só para falar com amigos reais de suas vidas e com a família.

As redes sociais são amplamente utilizadas pelos jovens. Apesar de algumas redes serem reservadas a usuários maiores de idade, quem indica a idade que possui é o próprio usuário, e estudos realizados em vários países revelam que muitos adolescentes e jovens com idades menores que a permitida frequentam assiduamente essas redes. Facebook, Habbo, MySpace e Twitter estão entre as redes internacionais mais populares.

- Facebook (www.facebook.com). Criada em 2004 por estudantes da Universidade de Harvard, Estados Unidos, Facebook opera em mais de 60 idiomas e é, hoje em dia, uma das maiores redes do mundo que permite contactar e comunicar-se com novos e antigos amigos. Os usuários publicam informação pessoal e profissional, postam

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fotografias, compartilham música e vídeos, e formam grupos baseados em intereses comuns. Seus membros devem ter, no mínimo, 13 anos.

- Habbo, antes Habbo Hotel (www.habbo.com) é um entorno virtual que estimula os jovens a criarem avatares pessoais, com habitações virtuais (privadas) e habitações públicas onde todos podem “chatear”. Os usuários podem mobiliar virtualmente seus ambientes empregando para isso os Habbo Créditos, adquiridos com dinheiro real, ou adotar um animal de estimação. A rede foi criada na Finlândia, em 2000, e desde o início mostrou um cuidado especial para garantir a segurança online com uma moderação ativa, a educação dos usuários e o filtro automático de linguagem, com o chamado Filtro Bobba, que substitui todo tipo de palavras ofensivas pela palavra “bobba”. Disponível em 11 idiomas, seu uso se estende a mais de 30 países com membros de idades compreendidas entre 11 e 16 anos.

- MySpace (www.MySpace.com) foi definida originalmente como uma rede social. Desde seu lançamento, em 2003, foi ganhando popularidade ao permitir a grupos de música criar seus próprios perfis, convertendo-se com isso em uma plataforma para sua promoção. Os usuários dessa rede podem carregar e difundir música de forma legal. Existente em uma dúzia de idiomas e países, seus membros devem ter 13 anos, no mínimo.

- Twitter (www.twitter.com) veio à luz em 2006. Essa rede permite a seus usuários enviar breves mensagens de texto com, no máximo, 140 caracteres, no modo SMS, conhecidas como “tweets”. Segundo dados estatísticos, diariamente se transmitem mais de 3 milhões de tweets.

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Usos da Internet

Blogs

Os blogs são uma espécie de diário online nos quais as crianças, os adolescentes e os adultos podem escrever sobre muitos temas. Porém, não são privados e, na maioria dos casos, qualquer um pode acessá-los. Os blogs podem ser também uma maneira de conectar-se com pessoas com quem se compartilha interesses comuns, de colocar-se em dia com a vida dos amigos ou de obter informação sobre outros lugares e culturas. Ao mesmo tempo, podem constituir-se um perigo para os jovens que os usam como diários íntimos ou que entram por acaso em um blog com conteúdo inapropriado.

Seguem algumas coisas que precisamos saber sobre os blogs:

É conveniente usar sites da web que qualificam os blogs, seja filtrando os maus, seja assinalando os bons.

Alguns bloggers indicam seu nome completo, sua escola, seu endereço e/ou número de telefone. Isso não deve ser feito. É perigoso, porque uma pessoa com más intenções pode muito facilmente localizar uma criança.

Os usuários devem usar fotos em blogs com precaução, pois outros podem torná-las públicas ou usá-las de maneira imprópria.

Alguns blogs têm sistemas de segurança ou de privacidade. Os usuários devem ativá-los para manter sua informação pessoal em um âmbito mais privado. Por exemplo, os perfis deveriam ser visíveis unicamente para os amigos.

Comunique-se regularmente com seus filhos a respeito dos blogs dos quais participam. Uma comunicação assídua diminuirá o temor que os jovens têm de que os pais os obriguem a retirar-se de um blog se souberem de sua participação.

Os pais podem criar seus próprios blogs familiares e pedir aos filhos que os ajudem.

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Sites não desejados

Pornografia

Quando as crianças usam a Internet, os sites para navegar são ilimitados e alguns

usos da web são arriscados ou não adequados para elas. Os sites pornográficos e a

pedofilia são dois exemplos de uso de internet não desejado.

A primeira medida que os adultos podem tomar é colocar filtros e bloqueadores em

relação a esses conteúdos. Também existem outras alternativas:

• Não autorizar as crianças a usar seu e-mail pessoal para inscrever-se em serviços,

publicações ou informações da Internet.

• Utilizar sempre um endereço eletrônico da família, ao qual os adultos tenham acesso.

• Construir um código familiar consensuado com as crianças, que explicite quais são

os conteúdos – entre eles os pornográficos - não autorizados.

• Buscar páginas da web nas quais adultos e crianças possam navegar juntos.

• Verificar com o servidor de iternet quais são as ofertas de filtros e bloqueadores

desses conteúdos que estão disponíveis.

• Não se limitar somente a falar dos sites na web. E-mails não desejados e spans

podem ser veículos de conteúdos pornográficos não desejados também.

• Explicar às crianças a necessidade de apagá-los antes de lê-los. Nunca os

responder.

• Ensinar às crianças que, diante de qualquer e-mail ou site que as faça sentir-se mal

ou incomodadas, devem contar aos adultos da casa, que sempre as ajudarão a

resolver o problema e a sentirem-se melhor.

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Sites não desejados

Pedofilia

• A principal preocupação dos adultos – em relação à pedofilia - costuma ser a respeito

dos fóruns de chat. É conveniente explicar às crianças que nem todos os fóruns são

seguros e enfatizar a necessidade de compartilhar com os adultos quais são os que

elegeram para “chatear”.

• Averiguar com o servidor as formas de bloquear o acesso a fóruns de chat não

seguros para crianças.

• Solicitar ao servidor recomendações sobre fóruns apropriados para os mais jovens.

• Não autorizar as crianças a dar informações pessoais pela internet. Se já o fizeram,

explicar a elas porque não devem fazê-lo nunca mais e monitorar a informação

que foi passada adiante.

• Perguntar e interessar-se pelos amigos “da rede”, tanto quanto pelos reais. É

conveniente que os adultos conheçam quem são e saibam com quem seus filhos

conversam em chats.

• Explicar às crianças que os amigos de internet são desconhecidos no mundo real. Se

as crianças querem encontrar-se pessoalmente com eles, devem ir sempre

acompanhadas de um adulto.

Ensinar às crianças que, diante de qualquer e-mail ou site que as faça sentir-se

mal ou incomodadas, devem contar aos adultos da casa, que sempre as

ajudarão a resolver o problema e a sentirem-se melhor.

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Cyberbullying

O que é Cyberbullying?

O cyberbullying, termo em inglês ainda não traduzido para o português, é o uso da internet e de dispositivos de comunicação eletrônica para enviar ou difundir mensagens difamatórias, imagens, vídeos ou outros conteúdos para importunar, perseguir um indivíduo ou grupo.

O cyberbullying pode acontecer de várias maneiras, como, por exemplo, enviando-se comentários ou imagens embaraçosas a um chat ou a sites, redes sociais, portais online de jogos, celulares, correios eletrônicos, entre outras formas. Com frequência é difícil ou simplesmente impossível determinar a identidade do importunador.

Por que é perigoso?

O cyberbullying é uma forma emocional de agressão que provoca sentimentos de medo, isolamento e humilhação nas vítimas. Os resultados de investigações que aconteceram na última década constatam que o bullying pode afetar seriamente a saúde mental e física das pessoas, e seu desenvolvimento intelectual.

Prevenção

Os pais devem tratar o tema cyberbullying com seus filhos em discussões regulares sobre a segurança da internet e o uso apropriado das novas tecnologias.

Alguns conselhos:

Explicar às crianças e aos adolescentes que a internet tem um grande potencial e pode ser muito útil em nossas vidas, mas que seu objetivo nunca deve ser ferir os outros.

Deixar claro, nas conversas com os filhos sobre o uso da internet e do código familiar, que utilizar internet ou celular para comprometer alguém ou ferir seus sentimentos é contrário aos princípios e valores da familia.

Ensinar aos menores como atuar diante desses casos de bullying online em função de sua gravidade: 1. Se é pequeno, ignorar, eliminar ou bloquear o acesso à pessoa que o

envia; 2. Se é mais sério ou invasivo, informar aos administradores do site (no caso

de se tratar de uma rede social) ou remeter a mensagem à direção da escola (se a mensagem é de outro aluno);

3. Em qualquer caso, deve-se consultar um adulto da casa. Estimular as crianças a denunciar os casos de cyberbullying dos quais sejam

testemunhas.

(Conselhos do guia “Cyber Bullying Quick Reference Guide for Parents”, de Patti Agatston. Para mais informação, acesse: www.cyberbullyhelp.com.)

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10 Recomendações para os adultos

1. Navegar juntos na internet. Tal como acontece com outros meios de comunicação, a melhor maneira de os adultos conhecerem o uso que as crianças fazem da internet, é navegar junto com elas pela web. Isso permite compreender o que fazem quando navegam, conhecer seus sites preferidos e a forma como usam a internet. A chave dessa navegação compartilhada é, como sempre, o diálogo.

2. Construir juntos o “Código Familiar Internet”. Promover a discussão com as

crianças, para escreverem juntos um código familiar sobre a utilização da internet: o

tempo de uso por dia, os conteúdos, os sites que podem visitar, as regras para uso de

chats, etc.

3. Estimular as crianças para que contem o que as incomoda. Às vezes, e sem

querer, as crianças encontram na internet sites que podem incomodá-las. É

conveniente explicar a elas que não há por que guardar uma mensagem ou página da

web que as faz sentir-se mal. É bom que saibam que sempre se sentirão

melhor ao compartilhar essa informação com a família.

4. Manter o computador numa sala compartilhada. Quando as crianças

usam o computador sozinhas em seus quartos, a capacidade dos adultos em

compartilhar os conteúdos com elas diminui. É conveniente colocar o computador

numa sala (de estar ou jantar).

5. Manter o computador portátil também na sala. Algumas casas contam com

computadores portáteis (netbooks, notebooks, etc.). Nesses casos, também é

importante que esses equipamentos ocupem um lugar na sala. Sua mudança para o

quarto das crianças, para um uso solitário, obstrui a comunicação.

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6. Explicar às crianças que não devem dar dados pessoais. Muitas

crianças disponibilizam dados pessoais pela internet não só a “amigos” novos,

mas para receber a informação que as interessa. É conveniente deixar claro que,

em nenhum caso, mandem dados sobre elas. E que, mesmo se quiserem subscrever-

se em alguna página ou site, é melhor criar um e-mail da família para receber a

informação ou a mensagem.

7. Utilizar mais de uma página da web na tarefa escolar. A internet é uma das

fontes que as crianças costumam usar para a tarefa da escola. Porém, é importante

explicar a elas o valor de recorrer sempre a mais de um site, de buscar informação em

páginas com pontos de vista diferentes e sempre citar as fontes utilizadas.

8. Monitorar o chat. Crianças e adolescentes gostam de “chatear”. Esse é um dos

principais usos que fazem da web. É importante saber que os fóruns de chat que

utilizam são seguros, e é bom, como adultos, poder participar deles, se necessário. É

conveniente que o adulto conheça os amigos com os quais as crianças costumam

“chatear”.

9. Contactar o servidor. É importante checar com o servidor quais são os

mecanismos que oferece para proteger as crianças menores quando usam a

internet. É bom contactá-lo e pedir a instalação desses mecanismos.

10. Utilizar filtros. Ainda que o diálogo, a comunicação e o consenso

sejam ferramentas muito importantes para conhecer o uso que as crianças fazem

da internet, os filtros ou outros sistemas de proteção também são válidos. É

conveniente averiguar as melhores opções – além das que o servidor oferece –

que podem ser utilizadas.