2010 gaia comunicação não-violenta
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A comunicação não violenta transpõe os limites de uma técnica para uma comunicação mais eficiente e positiva, quando traz conhecimentos a respeito das necessidades e sentimentos humanos. Nesse sentido, pela simples leitura é possível obter compreensão a respeito das limitações a quais estamos impostos através da comunicação geral a qual fomos educados e utilizamos diariamente.TRANSCRIPT
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Comunicao no-violenta
Comunicao compassiva
EDUCAO GAIA
SALVADOR
2010
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CompassivoAquele que sente compaixo
(do latim compassione): compreenso do estado
emocional de outrem, para aliviar sua dor e sofrimento.
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5 desejos bsicos do ser humano
Ser amado
Ser reconhecido
Ser til
Ser elogiado
Ser livre
Masaharu Taniguchi
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Isto ou aquilo?
Se isto no pode ser satisfeito sem deixar de satisfazer aquilo, a necessidade de escolha gera conflito.
Os dilemas configuram conflitos intrapessoais, interpessoais, grupais, socioambientais, culturais.
A diversidade, que a base
da comunidade da vida neste
planeta, gera diferenas de
expectativas, interesses,
vontades, sonhos, desejos.
Muitas vezes no possvel
atender ao mesmo tempo ou
da mesma forma isto e
aquilo.
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Como lidar
com o
conflito de
vontades,
de
desejos,
de
necessidades,
de
interesses?
Ns, seres
humanos,
temos trs
formas
bsicas de
trabalhar com
o conflito:
fuga,
confronto ou
negociao.
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O modo prevalente da humanidade lidar com os
conflitos tem sido por meio do confronto, do
ganha-perde, da disputa que gera vencedores e
vencidos. So confrontos fsicos ou mentais. De
territrios, de bens, de espaos sociais,
de idias
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O confronto pode se dar com violncia direta entre as partes ou buscando a deciso do litgio por um terceiro, com amparo nas leis e costumes. A busca dos tribunais significa que as partes em litgio no se compreendem em condio de resolver o conflito diretamente,
Esse modo de resolver os conflitos por meio de confronto, alm de exercitado ativamente ensinado, de gerao para gerao.
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A fuga a outra face do confronto.
a recusa ao confronto, a prevalncia do medo do mais forte, a covardia.
Pode significar um ganho de tempo ou o agravamento do conflito, mas no o resolve.
A fuga uma atitude complementar ao confronto, faz parte da mesma lgica. Se no posso vencer lutando, fujo ou me submeto. a conhecida dupla torturador/torturado; vtima/algoz.
Recusar-se a reconhecer o conflito no uma atitude de paz, ao contrrio do que muitas pessoas pensam. A paz ativa.
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Em toda a histria conhecida da humanidade encontram-se lideranas que sinalizam o caminho da resoluo pacfica de conflitos, por meio do dilogo e dos acordos.
Jesus, Buda, Gandhi, Martin Luther King, Mandela entre outros, partem da nossa condio de irmos, de membros da comunidade da vida ou seja, do reconhecimento da condio de sujeito, da condio de direito vida, com todas as suas implicaes no fazer ao outro o que no queremos que nos faa, reconhecer no outro a condio de irmo.
Esse reconhecimento implica respeito mtuo e preservao da integridade fsica e mental de todos.
O caminho no pode ser ignorar o outro (fuga) nem tentar submet-lo ou destru-lo pela fora (confronto). preciso conviver, isto , aceitar diferenas, dialogar e tecer acordos.
AMAI-VOS UNS AOS OUTROS
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Xesus Jares, educador galego, diz que apesar disso a humanidade tem exercitado exausto e com grande risco o script do confronto, da violncia para resolver conflitos.
Buscando o exerccio de um novo script, um script de dilogo, de acordos, Marshall Rosemberg, psiclogo americano, criou um mtodo de comunicao no-violenta, que se funda na coragem de escutarmos o outro e de declararmos ao outro nossas necessidades e pedidos, com verdade.
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A comunicao compassiva,
tem quatro idias fundantes:
A. Recusa dos caminhos da fuga e do confronto ou seja, da violncia como forma de resolver conflitos
B. Disposio de escutar o outro, com todo o corpo, com toda a ateno, para que ele possa manifestar a sua verdade, com confiana
C. Manifestao da nossa prpria necessidade, com verdade e confiana no outro, explicitando nosso pedido
D. Tecelagem de acordos, dialogando diretamente ou com mediao.
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ESCUTA COMPASSIVAA pacifista quaker Gene Knudsen Hoffman, quefoi a pioneira em Escuta Compassiva como umprocesso de construo da paz, gosta deobservar que:
Um inimigo aquele cuja histria ns noouvimos.
Essa a idia: uma vez que voc escutaverdadeiramente a histria do outro, ecompreende suas queixas e sofrimentos, vocser incapaz de considerar aquela pessoa comoinimiga. Voc pode discordar totalmente dela,ou achar suas aes abominveis e mesmoassim voc vai v-la como um ser humano.
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Na Escuta Compassiva ns no buscamos mudar aquele que compartilha conosco, ns buscamos somente am-lo.
Na Escuta Compassiva no cabem: interrupes, conselhos, julgamento ou perguntas que expressem julgamento, que so barreiras verdadeira escuta.
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Marshall Rosenberg
- Nasceu em um bairro violento de Detroit em 1934.
- Em 1961 obteve seu PHD em psicologia clnica pela Universidade de
Wisconsin - Madison.
- A comunicao no-violenta foi o resultado de sua especializao em
psicologia social, de seus estudos de religio comparada e de suas
vivncias pessoais, a partir da psicologia humanstica de Carl Rogers.
- Em 1984, o doutor Rosenberg fundou, na Califrnia, o Center for
Nonviolent Communication (CNVC), que se transformou em uma grande
organizao internacional sem fins lucrativos
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Quatro opes de como receber
uma mensagem negativa:
Culpar a ns mesmos: Eu deveria ter sido...
Culpar os outros: Voc egosta!
Escutar nossos prprios sentimentos e
necessidades: responsabilidade no sentimento
frustrado/desejo de si prprio e no apenas do outro
Escutar os sentimentos e necessidades dos outros
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Necessidades no atendidas e no expressadascausam dor psicolgica e violncia
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Observao: As aes concretas que estamos
observando e que afetam nosso bem-estar.
Sentimento: como nos sentimos em relao ao
que estamos observando
Necessidades: as necessidades, valores,
desejos, etc. que esto gerando nossos
sentimentos
Pedido: as aes concretas que pedimos para
enriquecer nossa vida.
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JULGAMENTO
Presume coisas
estticas- o ser humano..
OBSERVAO
Processos vivos,
mutantes...
rotular
exigir
reagir
diagnosticar
avaliar
estou vendo
ouvindo
lembrando
sentindo
O que voc pensa sobre o outro pode estar errado. H
sempre mais de um motivo para um comportamento.
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Emoes, sentimentos
-fumaa, emoes
negativas = algo no est
alinhado comigo
Valor/ necessidade
Qual a razo boa (necessidade) de o outro agir assim? (sentimento)
raiva
medo
crtica
tristeza
solido
respeito
verdade
individualidade
reconhecimento
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Exerccio
A me de Roberto fica doida com a baguna que ele faz especialmente quando deixa suas
meias sujas debaixo da mesa
Roberto, quando eu vejo meias sujas debaixo da mesinha, fico irritada, porque preciso de
mais ordem no espao em que vivemos em
comumPedido claro: Voc poderia colocar suas meias no seu quarto ou na lavadora?
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Observao com avaliao Observao isenta de avaliao
Voc generoso Quando vejo... acho que
est sendo generoso.
Joo vive deixando as
coisas para depois.
Joo s estuda na vspera
da prova
O trabalho dela no ser
aceito.
Acho que o trabalho dela
no ser aceito
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Se voc no comer
verduras, sua sade ficar
prejudicada
Se voc no comer
verduras, temo que sua
sade fique prejudicada
Os estrangeiros no cuidam
da prpria casa.
No vi aquela famlia
estrangeira da outra rua
limpar a calada.
Zequinha pssimo jogador
de futebol.
Em vinte partidas, Zequinha
no marcou nenhum gol.
Carlos feio. A aparncia de Carlos no
me atrai.
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Experincias em comum so o que conecta.
Valores universais-agora: respeito, verdade,
solidariedade
O que est motivando o outro a fazer isso?
Qual necessidade no foi atendida?
Sugerir: Voc quer mais...
Eu ouvi voc dizer...
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1. Empatia na escuta: escutar o estudante
e no apenas ensinar; compreender
- aqueles que nos parecem monstros so pessoas cujo
comportamento s vezes nos impedem de ver sua
natureza humana (necessidades universais)
2. Empatia com um No!: aceito seu desejo e no o tomo
como pessoal
3. Empatia revitalizadora: as pessoas preferem que os
ouvintes as interrompam a fingirem estar escutando
4. Empatia com o silncio: no fcil dizer o que temos
por dentro; o que est acontecendo dentro do outro?
Conectar-se com o outro cura sua dor psicolgica.
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CNV- pergunta emptica: como satisfao sua necessidade?
Linguagem tem hbitos de pensamento
- Voc no me entende.../ Voc est errado/ Voc tem de.../ Voc me agride...
CNV: Minha ateno se foca na SUA viso
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At a pessoa sentir: fui amplamente ouvida e disse
tudo que precisava...
Est dizendo: Por favor, veja-me como quero ser
visto e Obrigado por ver-me como quero ser visto.
Solitrio por muito tempo: no preciso de voc!
No insista, no desista, persista!
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Expressando Raiva
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Raiva:
- eles so... por eu preciso de...
- [Culpar] por [perceber] meus
sentimentos e necessidades e as dos
outros...
- Nunca diga MAS..., a uma pessoa com raiva.
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Raiva:
A violncia vem da crena de que sua dor se origina dos outros e merecem ser punidos.
4 passos para expressar a raiva:
1. Parar. Respirar- ficamos quietos.
2. Identificar nossos pensamentos que esto julgando as
pessoas: Sinto nojo! Ele racista!
3. Conectar-nos a nossas necessidades: Quero ser
reconhecido!
4. Expressar nossas necessidades: sinto-me triste
quando voc fala mau dos judeus!
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Exerccio: CNV em situaes de raiva
Liste os julgamentos mais comuns em sua
mente: No gosto de pessoas que so...
Pergunte-se: Quando falo essa idia a respeito
de algum, do que estou precisando e no
estou obtendo?
Ao expressarmos nossas necessidades bem
mais provvel que elas sejam atendidas do que
se julgarmos.
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a comunicao que enfatiza o afeto como motivao principal de nossas aes, ao invs
do medo, culpa, vergonha, acusao, coero,
ameaa...
um fluxo entre ns mesmos e as outras pessoas, com base em ao mtua e de
corao.
NO se trata de culpar e enganar pessoas para que faam o que voc quer!
Empatia : encontros genunos, abertos e mtuos
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Perguntas de no-violncia
O que esta pessoa est sentindo?
Do que ela precisa?
Como estou me sentindo em relao a essa
pessoa e que necessidades esto por trs
desses sentimentos?
Que ao ou deciso eu pediria a essa pessoa
para tomar, acreditando que isso a faria viver
mais feliz e a mim tambm?
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Perigos:
Confundir julgamentos com fatos, ocultando crticas.
CNV no ser bonzinho e tentar passar por heri
Acabar escondendo seus prprios desejos e necessidades
Acabar tentando manipular os outros infantilizando-os-empatia no interpretao!
No perceber quando simplesmente calar e no-agir
Constante ateno e cuidado ao praticar caso a caso.
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Exerccio
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Marshall Rosenberg prope o uso de uma linguagem baseada em 4 princpios:
expor os fatos de uma situao sem julgamento,
reconhecer os sentimentos implcitos,
identificar as necessidades humanas que esto ou no sendo atendidas
apontar as aes a serem executadas para atend-las.
2 ponto da Comunicao no violenta:
Expressar necessidades com verdade
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Rosenberg usa a metfora da girafa e do chacal para demonstrar como as palavras, aes e intenes contribuem para a vida ou nos alienam dela.
As girafas so os mamferos terrestres com o
maior corao. O seu corao tem que levar o
sangue pelos seus pescoos acima, at ao
crebro.
Com um corao assim to grande, a ideia a
de que as girafas ouvem com o corao. O longo pescoo representa a viso, a
capacidade de ver claramente o cerne da
questo.
Na metfora, simbolizam a conexo.
Os chacais so representativos de uma
energia mais frentica, rpida, cortante,
arrasante - de uma forma de relacionar
mais catica.
Na metfora, simbolizam a agresso
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Observar o acontecimento
Observar seus prprios sentimentos face ao acontecimento
Identificar que necessidades esto gerando esses sentimentos
Expressar essas necessidades de modo no-violento, compassivo
Medo?
Raiva?
Confiana?
Fuga
Confronto
Dilogo
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BUSCAR A CONEXO
Escutando e manifestando a nossa prpria necessidade, com verdade (ahimsa de Gandhi) e confiana no outro
a expresso do desejo tranquilo de entrar em contacto com aquilo que ns e os outros estamos sentindo e precisando, e de contribuir para essas necessidades.
Explicitar nosso pedido ao outro
sem usar julgamentos de "bom" ou "mau",
certo ou errado
Evitar de expressar sentimentos, expressamos julgamentos, crticas, justificativas.
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Comunicao no-violentaO modelo de 2 partes e 4 componentes
Escuta emptica Observaes
Sentimentos
Necessidades
Pedidos
Expressando honestamente Observaes
Sentimentos
Necessidades
Pedidos
Comunicao CompassivaComunicao do Corao
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No entanto, nem sempre o outro est disposto a dialogar. Pode ser que resista muito.O que fazer? Chamar uma mediao. O mediador um terceiro, que vai tentar restaurar as condies de dilogo.
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CenaLico, filho da Dra Susan, ganhou um estilingue de um tio. Na ausncia da me, Lico foi brincar com o estilingue no quintal e acertou a lataria do carro da Dona Dulce, sua vizinha, tendo afundado o ponto onde a pedra bateu. Houve um dilogo rspido da Vnia, que trabalha com a Dulce, com o menino, que respondeu mal e lhe deu as costas. Depois Dulce ligou para Susan e o dilogo, tambm rspido, foi interrompido com o bater do telefone.
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Cena: Mrcio tem 16 anos. Usa corte de cabelo estilo moicano, tingido de loiro e usa roupas diferentes. Est no segundo grau, mas bombou no ltimo ano. Sonha em ser artista e costuma reunir, na sua casa, um grupo de amigos. Andaram pixando alguns muros na vizinhana, mas ningum viu.Um dia a casa ao lado amanheceu com o muro pixado e o proprietrio chamou a polcia.Mrcio nega a pixao e tem uma discusso com o vizinho.
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Cena:Raul estava indo buscar a namorada no trabalho. Estava meio distrado e de repente viu que o farol estava vermelho, Atrs dele vinha Ana, que tambm estava um pouco distrada e bateu forte na traseira do carro do Raul. Quebrou o farol traseiro e amassou a lataria.
Ambos discutem rspidamente e Ana, amedrontada, pega um pau que estava no carro
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CenaSeu Marcos tem sofrido muito com o barulho no seu prdio. Alm de ficar perto de um viaduto, que passa na altura da sua janela, a vizinha de cima faz um barulho contnuo de motor que passa para o quarto do seu Marcos.Ele levou o caso para uma reunio de condomnio.A briga se generalizou
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CenaLena foi a um bar, encontrar seu marido, Jlio. Miriam estava saindo. Miriam tinha tido um caso com Jlio, quando ele e Lena ainda eram namorados e Lena suspeita de que ainda se encontrem s vezes.Elas se cruzaram na porta do bar. Miriam olhou para ela e deu um sorriso irnico.Ambas discutiram e Lena agrediu Mriam
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Reflexes
As trs peneiras de Scrates
Escutatria Rubem Alves
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BOHM, David
2005 Dilogo comunicao e redes de convivncia. So Paulo: Palas Athena (traduo de Humberto Mariotti).
BUCKLES, Daniel (org.)
2000 Cultivar la paz conflicto y colaboracin en el manejo de los recursos naturales. [s.l.] disponvel em ingls, francs e espanhol para download em www.idrc.ca/es/ev-9398-201-1-DO_TOPIC.html.
GALTUNG, Johan
2003 O caminho a meta: Gandhi hoje. So Paulo: Palas Athena.
2006 Transcender e transformar: uma introduo ao trabalho de conflitos. So Paulo: Palas Athena (traduo de Antonio Carlos da Silva Rosa).
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2007, Educar para a Paz em Tempos Difcies. So Paulo:Ed. Palas Athena
2008, Pedagogia da Convivncia. Trad. Elisabeth Santana, So Paulo: Ed. Palas Athena
MARIOTTI, Humberto
2001 Dilogo: um mtodo de reflexo conjunta e observao compartilhada da experincia. So Paulo, abril disponvel em http://www.geocities.com/pluriversu/dialogo.html.
2002 O pensar. In: Acolhimento o Pensar, o Fazer, o Viver, So Paulo: Secretaria Municipal da Sade/Prefeitura do Municpio de So Paulo.
MULLER, Jean Marie
2007 No Violncia na Educao. So Paulo: Editora Palas Athena
ROSENBERG, Marshall B.
2006 Comunicao no-violenta tcnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. So Paulo: Agora (traduo de Mrio Vilela).
SADER, Emir; MATTOS, Claudia (Orgs.)
2003 Declaraes de paz em tempos de guerra trajetrias e discursos de 21 pacifistas laureados com o Prmio Nobel da Paz. Rio de Janeiro: Bom Texto.
ALGUNS A UTORES DE REFERNCIA PARA COMUNICAO COMPASSIVA
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GRATO PELA ATENO,
Victor Leon Ades