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1. Introdução

O tema deste artigo é a organização espacial do território catarinense.A abordagem da questão das redes hierárquicas de cidades é feita apartir de duas escalas espaciais: a escala nacional e a escalaestadual.

Santa Catarina, em seus 95.442 km2 de área, apresenta umordenamento territorial diferenciado dos demais estados brasileiros.Sua rede de cidades de porte médio é policêntrica, sem amacrocefalia urbana dos estados dominados por uma única metrópole.

2. Organização Espacial e Redes Urbanas

Redes Urbanas são constituídas por um conjunto de centros urbanosfuncionalmente articulados entre si (CORRÊA, 1997, p. 93). Osestudos sobre a hierarquia urbana tiveram origem com o geógrafoalemão Walter Christaller (1967), que formulou, na década de 1930, aTeoria das Localidades Centrais, segundo a qual estabelece-se, nasredes urbanas, uma relação hierárquica entre as cidades, segundosuas funções, tamanho, hinterlândia e distância.

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3. A Rede Urbana BrasileiraAté meados do século XX, havia uma forteconcentração populacional e econômica noSudeste, especialmente em São Paulo, queresultou em grandes desigualdadeseconômicas e sociais entre as regiõesbrasileiras. No entanto, a partir da segundametade do século XX, essa dinâmica regionalcomeçou a se alterar.

O resultado é um novo e diversificado mapapopulacional, social e produtivo do país, e,embora ainda fortemente concentrado noSudeste e no Sul, o que se observa é aformação de um grande número de áreasprodutivas em várias partes do territórionacional, em setores diversificados,caracterizando um Brasil ao mesmo tempointegrado e fragmentado. (REZENDE;TAFNER, 2005, p. 160).fonte: REZENDE; TAFNER, 2005.

Neste estudo, observamos que Santa Catarina não possui nenhuma cidade com mais de 500 milhabitantes, mas apresenta uma distribuição por todo seu território de núcleos urbanos de 50 a500 mil habitantes, sem os grandes vazios demográficos dos estados do Norte.

2005 - IPEA "Brasil: o estado de uma nação"

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3. A Rede Urbana Brasileira

Criada para fazer frente às profundasdesigualdades sociais e regionais brasileiras,a PNDR focaliza a causa da desigualdade eda pobreza em sua expressão territorial, aoconcentrar-se nas regiões que, “por suasituação de debilidade econômica eestagnação, geram expressivos fluxosmigratórios que constituem a maior parte dosbolsões de pobreza das grande metrópoles”

(BRASIL, 2006, p.4).

A PNDR adota quatro tipologias de micro-regiões demográficas: baixa renda,estagnadas, dinâmicas e alta renda.

Estas tipologias foram definidas a partir docruzamento das variáveis rendimentodomiciliar médio por habitante e variaçãomédia anual do PIB per capita.

fonte: BRASIL, 2006, p.20.

Santa Catarina apresenta, no estudo da PNDR, uma predominância de áreas de alta renda; comalgumas áreas estagnadas no Extremo Oeste, no Planalto Norte e no Planalto Serrano; e semnenhuma região considerada de baixa renda ou dinâmica.

2006 - MIR – PNDRPolítica Nacional de Desenvolvimento Regional

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3. A Rede Urbana Brasileira

O IBGE vem desenvolvendo, desde 1966,estudos sobre as regiões de influência dascidades - REGIC, publicados em 1972, 1987 e2000. A quarta edição destes estudos,elaborada em 2007 e divulgada em outubrode 2008, define a hierarquia dos centrosurbanos brasileiros e a delimitação de suasregiões de influência (IBGE, 2008).

No REGIC 2007/2008, os municípiosbrasileiros foram classificados em cinco níveishierárquicos: 12 metrópoles, 70 capitaisregionais, 169 centros sub-regionais, 556centros de zona e 4.473 centros locais.

São Paulo foi considerada pelo Regic2007/2008 a Grande Metrópole Nacional,comandando toda a rede urbana brasileira. .

fonte: IBGE, 2008, p. 11.

De acordo com o Regic 2007/2008, o estado de Santa Catarina não conta com nenhumametrópole, considerado o maior nível hierárquico da rede urbana nacional. A rede urbanacatarinense é polarizada, de forma compartilhada, por Curitiba e Porto Alegre.

2007/2008 – IBGE - REGICRegião de Influência das Cidades

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4. Organização Espacial de Santa Catarina – Trabalhos já Publicados

fonte: SIEBERT, 1996, p.41, adaptado a partir de MAGNANINI, 1971.

No início dos anos 1970, foi publicado na Revista Brasileira de Geografia um estudo de RuthMagnanini (1971) sobre os centros urbanos de Santa Catarina, analisando sua base econômicae classificação funcional. Neste estudo, foi considerado fraco no estado a relação cidade-regiãoe cidade-cidade.

Classificação Funcional das Cidades de Santa Catarina - 1970

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4. Organização Espacial de Santa Catarina – Trabalhos já Publicados

fonte: SANTA CATARINA, 1981

No PDRU foram apontados alguns problemas da organização espacial catarinense, como aausência de um sistema de planejamento regional, a reduzida integração inter-regional, ocrescimento das disparidades regionais, a insuficiência de ligações viárias no leste-oeste, oenfraquecimento das finanças públicas e a utilização predatória do meio ambiente .

PDRU - Política de Desenvolvimento Regional e Urbano - 1981

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4. Organização Espacial de Santa Catarina – Trabalhos já Publicados

fonte: MOURA; KLEINKE, 1999, p.16.

No final da década de 1990, o IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômicoe Social publicou dois estudos sobre a rede urbana da região sul, no qual a rede urbana deSanta Catarina foi caracterizada por sua boa distribuição no território, porém com nítidas áreasde concentração, principalmente no entorno de Joinville, Blumenau e Florianópolis.

Escalas da Rede Urbana de Santa Catarina - 1998

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4. Organização Espacial de Santa Catarina – Trabalhos já Publicados

fonte: IBGE, 2008, p.105.

Ao analisarmos o Regic 2007/2008 a partir da escala estadual, confirmamos a ausência, no estado, de umametrópole, considerado o maior nível hierárquico da rede urbana brasileira. As maiores cidades catarinenses,pelos critérios do Regic 2007/2008, foram classificadas no nível capital regional, sub-dividido em: A –Florianópolis; B – Joinville, Blumenau e Chapecó; e C – Criciúma.

Rede Urbana de Santa Catarina - 2007

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5. Organização Espacial de Santa Catarina – Contribuição desta Pesquisa

A criação de novos municípios, a partir de desmembramentos, altera a rede urbana e a dinâmica territorial deum estado. Para analisar este processo, e utilizando os dados dos recenseamentos elaborados pelo IBGE emSanta Catarina a partir de 1940, foi composta nesta pesquisa uma série histórica cartográfica da fragmentaçãodo território catarinense de 1940 a 2007, período em que o número de municípios aumentou de 44 para 293.

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5. Organização Espacial de Santa Catarina – Contribuição desta Pesquisa

As décadas de sessenta e setenta do século vinte foram os períodos de maior fragmentação do territóriocatarinense, com aumento de núcleos urbanos pequenos devido aos desmembramentos e ao crescimentopopulacional das cidades maiores. Iniciaram também as migrações com destino à fronteira agrícola do Oestedo Estado. Os últimos desmembramentos no Estado ocorreram entre 1990 e 2000; quando foram criados 76novos municípios, atingindo o número total de 293 municípios.

1940 1960 1980

1991 2000 2007

5.1 A Fragmentação do Território e Maiores Cidades

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5. Organização Espacial de Santa Catarina – Contribuição desta Pesquisa

Os municípios mais populosos, aqueles com mais de 100.000 habitantes, encontram-se distribuídos ao longodo território: Chapecó no Oeste, Lages no Planalto Serrano, Criciúma no Sul, e Joinville, Jaraguá do Sul,Blumenau, Itajaí, Florianópolis, São José e Palhoça no Litoral Centro Norte.

De 1991 a 2007, há uma aumento significativo do número de municípios com menos de 10.000 habitantes noOeste, em função dos desmembramentos.

5.2 Dinâmica Demográfica de Santa Catarina

População Santa Catarina 1991 População Santa Catarina 2007

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5. Organização Espacial de Santa Catarina – Contribuição desta Pesquisa

Até 1970, era pequena a diferença populacional entre os maiores municípios catarinenses. Desde então, estadiferença vem aumentando, e em 2007, os quatro maiores municípios apresentavam um distanciamento decerca de 100.000 habitantes entre si.

Na década de 1970, Florianópolis ocupava a primazia da rede urbana. No entanto, desde a década de1980, Joinville mantêm-se como a maior cidade da Santa Catarina. Crescendo de forma acelerada desde osanos 1960, Joinville deixou para trás Florianópolis e Blumenau, com quem disputava a primazia urbana nosanos 1960 e 1970

5.2 Dinâmica Demográfica de Santa Catarina

População das maiores cidades catarinenses - 1940 - 2007

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2007**

Joinville

Florianópolis

Blumenau

São José

Lages

Criciúma*

Itajaí

Chapecó

Jaraguá do Sul

Palhoça

Tubarão

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5. Organização Espacial de Santa Catarina – Contribuição desta Pesquisa

Percebe-se uma desaceleração do crescimento dos municípios catarinenses no século XXI, acompanhando ofenômeno mundial da transição demográfica. Na década de 1990, 20 municípios catarinenses apresentaramtaxa de crescimento superior a 4%a.a. No período entre 2000 e 2007, houve uma redução do ritmo decrescimento, pois apenas 6 municípios apresentaram taxa de crescimento superior a 4%a.a.. A distribuiçãoespacial destes dados permite observar que o crescimento populacional está cada vez mais concentrado nafaixa de aproximadamente 100 km ao longo do litoral, especialmente no litoral Norte. A evasão populacionaldos pequenos municípios continua. De 2000 a 2007, eram 110 municípios com taxa de crescimento negativaem Santa Catarina (38% do total).

5.2 Dinâmica Demográfica de Santa Catarina

Taxa de Crescimento dos Municípios Catarinenses 1991-2000 Taxa de Crescimento dos Municípios Catarinenses 2000-2007

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5. Organização Espacial de Santa Catarina – Contribuição desta Pesquisa

Esta evasão populacional ocorreu nos menoresmunicípios.

De 2000 a 2007, um de cada 2 municípioscatarinenses com menos de 10.000 habitantesestavam perdendo população.

Dos municípios com taxa de crescimento negativa, noperíodo de 2000 a 2007, 86% tinham menos de10.000 habitantes.

No total, 35.687 habitantes deixaram os municípioscom taxa de crescimento negativa no período de 2000a 2007.

A análise espacial destes dados mostra que asregiões que mais estão perdendo população estão nooeste catarinense, no planalto serrano, e nosmunicípios periféricos da região de Florianópolis.

5.2 Dinâmica Demográfica de Santa Catarina

Taxa de Crescimento dos Municípios Catarinenses 2000-2007

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6. Conclusão

A pesquisa e análise espacial trans-escalar realizada permitiu aprofundar o conhecimentosobre a rede urbana de Santa Catarina, ao analisar a evolução da rede urbana em suagênese, consolidação e dinâmica recente.

Confirmou-se, na escala nacional, que o estado apresenta um ordenamento territorialdiferenciado dos demais estados brasileiros, com sua rede policêntrica de cidades de portemédio sem a presença de uma metrópole e sob a influência das metrópoles dos estadosvizinhos.

Na escala estadual, os dados da pesquisa desvendaram a fragmentação do território acriação de novos municípios e apontam uma tendência de concentração populacional nafaixa de 100 km ao longo do litoral, que apresenta maior dinâmica econômica e demográfica,em paralelo ao esvaziamento do Oeste.

Foi confirmada ainda a concentração da população nos maiores municípios e o esvaziamentodos municípios com menos de 10.000 habitantes.

www.furb.br/observatorio

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