2007 - luciano de sousa cunha

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7/23/2019 2007 - Luciano de Sousa Cunha http://slidepdf.com/reader/full/2007-luciano-de-sousa-cunha 1/143  UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA ANÁLISE DE EVENTOS PRIVADOS DO TIPO SENTIR SOB CONTROLE DE CONTINGÊNCIAS PROGRAMADAS EM UM SOFTWARE LUCIANO DE SOUSA CUNHA VITÓRIA 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ANÁLISE DE EVENTOS PRIVADOS DO TIPO SENTIR SOB

CONTROLE DE CONTINGÊNCIAS PROGRAMADAS EM UM

SOFTWARE

LUCIANO DE SOUSA CUNHA

VITÓRIA

2007

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LUCIANO DE SOUSA CUNHA

ANÁLISE DE EVENTOS PRIVADOS DO TIPO SENTIR SOB

CONTROLE DE CONTINGÊNCIAS PROGRAMADAS EM UM

SOFTWARE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Psicologia da Universidade Federal do

Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção

do grau de Mestre em Psicologia, sob a orientação do

Prof. Dr. Elizeu Batista Borloti.

UFES

Vitória, Fevereiro de 2007.

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ANÁLISE DE EVENTOS PRIVADOS DO TIPO SENTIR SOB

CONTROLE DE CONTINGÊNCIAS PROGRAMADAS EM UM

SOFTWARE

LUCIANO DE SOUSA CUNHA

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da

Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do

grau de Mestre em Psicologia.

Aprovada em _____ de ____________ de 2007, por:

Prof. Dr. Elizeu Batista Borloti – Orientador, UFES

Prof. Dr. Paulo Rogério Meira Menandro – UFES

Prof. Dr. Emmanuel Zagury Tourinho – UFPA

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Os homens inventaram as palavras para que

pudessem esconder seus pensamentos

(Aristóteles).

Nenhum relato do que está acontecendo dentro

do corpo humano, por mais completo que seja, irá

explicar as origens do comportamento humano. Oque acontece dentro do corpo não é um ponto de

partida (Skinner, 1989).

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Dedico este trabalho aos dois terços

que me completam: minha esposaAnninha e minha filha Maria Luísa.

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AGRADECIMENTOS 

Agradecer é uma tarefa tão difícil quanto concluir este trabalho. Difícil e

gratificante, diga-se de passagem. Muitos se fazem presentes, e entre esses,

alguns merecem destaque.

Meus pais, por viabilizar minha vinda e muitas vezes minha permanência

no Espírito Santo.

Meus mestres da graduação, Marco Antônio e João Carlos que acreditaram

e me prepararam para meus sonhos. Meu irmão José Geraldo, por me ajudar a

programar (literalmente) meu sonho. Meu orientador, Elizeu, por aceitar dividir e

orientar este sonho, pelas orientações nos momentos mais inusitados (e porque

não dizer inoportunos), pelas boas risadas e pelas grandes oportunidades que me

foram oferecidas através dessa amizade que me proporcionou muitos

reforçadores.

Professores do Programa, que aceitaram um “estranho no ninho”, e

contribuíram significantemente para minha formação. Entre eles, gostaria de citar,

Paulo Menandro, Zeidi Trindade, Sônia Enumo, Rosana Suemi e Cristina

Menandro.

CAPES, por viabilizar a realização do trabalho.

Lúcia, sempre disponível e bem humorada, mesmo diante da “pressa

nossa de todos os dias”.

Meus irmãos de sangue (Júlio, Anízio, Serginho, Rita e Maria José) e de

convivência (Cesinha, Daniel, Dalton, Douglas, Ricardo, Tubias, Mirella, Gil,

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Gasull, Socorro, entre tantos outros), meus colegas do Programa, e meus grande

amigos: Alex, Sibele, Roberta, Hugo, Mariana, Fernanda, Aline, Bruno, Fabrício,

Luiz, Miriam, Thaísa, Rosário e todos os outros que se fizeram presentes nesse

período inesquecível. Mylena, possivelmente uma das melhores Analistas do

Comportamento que conheci. Aos colegas ainda em formação, mas nem por isso,

menos competentes: Leandro, Filipe e Balbi.

Os participantes da minha pesquisa, que foram fundamentais na realização

do trabalho.

Professor Emannuel Zagury Tourinho e Nilzabeth Coelho, pelas

contribuições e trocas de informações, sempre enriquecedoras.

E finalmente, as duas pessoas mais importantes da minha vida: Anninha,

minha esposa e Maria Luísa, minha filha. Obrigado por estarem presentes

(acordadas ou cochilando), sempre me dando forças, mesmos nos momentos em

que não fui capaz de retribuir à altura com todo amor que sinto por vocês.

Como naquele prelúdio: “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se

sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade”. Obrigado a todos.

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SUMÁRIO

Resumo 09

Abstract 11

Introdução 13

Capítulo 1 – Eventos Privados, Sentimentos e Relatos de

Sentimentos 16

1.1. Eventos privados do tipo sentir 17

1.2. Comportamento verbal, relatos verbais e tactos de sentimentos 24

Capítulo 2 – Contingências e Sentimentos 33

2.1. Contingências: definição e considerações metodológicas 33

2.2. Revisão de estudos empíricos 35

2.2.1. Estudos empíricos sobre eventos privados 39

2.2.2. Estudos empíricos sobre situações de escolha e freqüência de

desempenho 43

2.3. Justificativa 47

2.4. Problema de pesquisa 50

2.5. Objetivos 51

2.5.1. Objetivo Geral 51

2.5.2- Objetivos Específicos 51

Capítulo 3 – Método 53

3.1. Participantes 53

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3.2. Instrumentos e material

3.3. Delineamento experimental

54

57

3.4. Procedimento de tratamento e análise dos dados 64

3.5- Riscos 68

Capítulo 4 – Resultados e Discussão 70

Conclusão 96

Referências Bibliográficas 104

Anexos 119

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RESUMO

Cunha, Luciano de Sousa. (2007).  Análise de eventos privados do tipo sentir sob

controle de contingências programadas em um software. Dissertação de

Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do

Espírito Santo.

Analistas de Comportamento têm apontado relações entre contingências de

reforçamento, estados corporais (eventos privados) e eventos públicos. O

presente experimento teve por objetivo investigar o controle de contingências

programadas sobre eventos privados do tipo sentir, empregando um

procedimento que eliciou tais eventos e evocou o tacto dos mesmos

(sentimentos). Participaram 20 estudantes, de ambos os sexos, com idade entre

11 e 14 anos, que cursavam o ensino fundamental em uma escola privada de

Vitória-ES, que executaram as tarefas do software PsychoTacto  2.0. Diante de

uma tela dispondo de quatro estímulos (cards), um localizado na parte superior

central (estímulo-modelo) e três alinhados na parte inferior central da tela

(estímulos-comparação), os participantes respondiam clicando com um mouse em

um dos estímulo-comparação – a conseqüência era programada de acordo com a

contingência básica de reforçamento em operação – e, ao término de cada

procedimento, relatavam o que sentiram. A freqüência cardíaca e a latência das

respostas foram medidas; comportamentos motores e verbais foram registrados

por observadores treinados; dos verbais foi inferido controle instrucional sobre o

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desempenho. Resultados: na fase Reforçamento Positivo predominaram relatos

de contentamento (30%), ansiedade (30%), satisfação (20%) e alegria (20%). Na

fase Punição Negativa, predominaram relatos de frustração (50%),

desapontamento (20%), tristeza (20%) e apreensão (10%). Na fase Punição

Positiva, predominaram relatos de raiva (30%), aborrecimento (20%), ansiedade

(20%), apreensão (20%) e medo (10%). E na fase Reforçamento Negativo, relatos

de ansiedade (40%), apreensão (30%) e alívio (30%). Em todas as fases as

respostas apresentaram um tempo médio de latência diferente, sendo a maior

para o Reforçamento Positivo (3 min e 17 seg) e a menor para o Reforçamento

Negativo (1 min e 23 seg). As regras formuladas indicaram a não discriminação

do desempenho como variável controlada. Os dados motores, verbais e cardíacos

combinados mostram que a exposição a contingências pode eliciar eventos

privados do tipo sentir e produzir tactos dos mesmos. Não foram registradas

discrepâncias entre os dados obtidos entre meninos e meninas.

Financiamento: CAPES

Palavras-chave: Sentimento; Análise Experimental do Comportamento; Tacto;

Eventos Privados.

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ABSTRACT

Cunha, Luciano de Sousa. (2007).  Analysis of private events (fellings) under

control of programmed contingencies in a software. Master Thesis, Programa de

Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo.

Behavior Analysts have appointed relations between contingencies of

reinforcement, corporeal conditions (private events), and public events. The aim of

this experiment was to investigate the control of programmed contingencies on

private events (fellings), using a procedure that caused those events and evoked

the tact of them (feelings). Twenty students executed the assignments from the

software PsychoTacto 2.0. They were students (both sex aged between 11 and 14

years old) from a private elementary school in Vitória-ES. In front of a screen with

four stimulus (cards), one located at the upper central part (model stimulus) and

three aligned at the lower central part of the screen (comparison stimulus), the

subjectives had answered, clicking with a mouse on one of the comparison

stimulus. The consequence was programmed according to the basic contingencies

of reinforcement in operation – and at the end of each step they told what they felt.

The cardiac frequency and the latency time of the answers were measured; motor

and verbal behaviors were registered by trained observers; from the verbal ones

was inferred instructional control about the performance. In the Positive

Reinforcement phase predominated contentment (30%), anxiety (30%),

satisfaction (20%) and joy (20%) reports. In the Negative Punishment phase

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predominated frustration (50%), disappointment (20%), sadness (20%) and

apprehension (10%) reports. In the Positive Punishment phase predominated

anger (30%), disgust (20%), anxiety (20%), apprehension (20%) and fear (10%)

reports. And in the Negative Reinforcement, anxiety (40%), apprehension (30%)

and relief (30%) reports. In all of the phases the answers presented a different

average time of latency time, being the longest for the Positive Reinforcement (3

minutes and 17 seconds) and the shorter for Negative Reinforcement (1 minute

and 23 seconds). The formulated rules indicated the non discrimination of the

performance as a controlled variable. The combined motor, verbal and cardiac

data indicate that the exhibition to contingencies can eliciate private events

(feelings) and produce tacts of them. No discrepancies were registered among the

obtained data from both, boys and girls.

Financed by CAPES

Key words: Feeling; Experimental Analysis of Behavior; Tact; Private Events.

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INTRODUÇÃO

O relato verbal é a fonte de dados mais amplamente utilizada na

Psicologia, constituindo a base de entrevistas (clínicas, pré ou pós-

experimentais), levantamentos, avaliações psicológicas (padronizadas ou não),

dentre outros. Em vários desses procedimentos verbais, o relato pode ser tomado

tanto como o fenômeno sob análise quanto como o dado para a análise de um

outro fenômeno. Portanto, segundo De Rose (1995/2001b)1, a Psicologia, além de

estar freqüentemente interessada no comportamento verbal  per se, também se

interessa pelo comportamento verbal como um relato de comportamentos,

eventos ou estados, aos quais não se tem acesso fácil ou direto.

Neste estudo, o interesse pelo relato verbal reside neste fato: ser a

descrição desses eventos ou estados, chamados de sentir ou sentimentos,

eliciados por contingências programadas em um software. O objetivo foi investigar

o controle de contingências programadas sobre eventos privados do tipo sentir,

empregando um procedimento que eliciou tais eventos e evocou o tacto dos

mesmos (sentimentos).

No final da década de 80, Skinner (1989/2003c) defendeu a relevância de

estudos deste tipo apontando para a importância de se fazer uma análise

funcional do comportamento operante “relatar” pensamentos ou sentimentos. Na

1 Todas as vezes que uma referência possuir duas datas, a primeira se refere à data da

publicação da obra original e a segunda se refere à da obra consultada.

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visão dele, mesmo que outras ações metodológicas sejam feitas, o pesquisador

terá que perguntar às pessoas o que elas estão sentindo ou pensando, ou seja,

se estão experimentando eventos privados acerca dos quais relatam. A partir das

respostas a essas perguntas, é possível inferir algo sobre o impacto das suas

histórias (genética e pessoal) sobre o que sentem. De fato, fazer tais perguntas é,

freqüentemente, a única forma de que os analistas do comportamento dispõem

para investigar o impacto de uma dada história pessoal sobre eventos privados.

Faltam-lhes, ainda, recursos metodológicos necessários para investigações

diretas.

Lidando com esta limitação de acesso direto ao sentir ou ao pensar,

algumas estratégias metodológicas foram empregadas na análise desses eventos

(por exemplo, Lubinsky & Thompson, 1987; Hayes, White & Bisset, 1998;

Simonassi, Tourinho & Silva, 2001) e o presente trabalho se inclui neste grupo de

investigações. Assim, este trabalho produz e discute dados experimentais acerca

do comportamento verbal tacto sob controle dos estímulos privados do tipo sentir

(Baum, 1999) que acompanham o comportamento operante no desempenho

diante de um software que foi elaborado especialmente para o estudo de relatos

verbais acerca de eventos privados do tipo sentir eliciados em diferentes

contingências de reforçamento.Este estudo teve início na Graduação em Psicologia da Univale

(Universidade Vale do Rio Doce), configurando-se como um estudo piloto para

verificar a eficácia do software como recurso metodológico para alcançar os

objetivos propostos pelo presente trabalho. O estudo piloto permitiu alterações e

correções no software em função de conceitos teóricos da Análise Experimental

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do Comportamento, que culminaram em modificações no delineamento

experimental, tais como registro de comportamentos motores (cliques no mouse),

de batimentos cardíacos, de esquemas de reforçamento na distribuição de

reforçadores, entre outras.

A dissertação do estudo foi dividida desta forma: no Capítulo 1 estão

postas as discussões sobre o conceito de evento privado. O Capítulo focaliza os

eventos privados do tipo sentir e suas relações com o comportamento verbal. No

Capítulo 2 são abordadas as questões metodológicas envolvendo contingências

de reforçamento. Nele está a revisão dos estudos empíricos realizados na Análise

Experimental do Comportamento, nas áreas de eventos privados e de

desempenho em situações de escolha e freqüência de desempenho, áreas nas

quais se inclui o presente experimento. A partir desta revisão, são defendidas as

 justificativas deste estudo e apresentados o problema de pesquisa e os seus

objetivos. O Capítulo 3 descreve o método aplicado na pesquisa: o delineamento

experimental e o procedimento de tratamento e análise dos dados. Por fim, o

Capítulo 4 apresenta e discute os resultados quantitativos e qualitativos do

experimento. Seguem-se, então, as conclusões em função dos objetivos

propostos.

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CAPÍTULO 1

EVENTOS PRIVADOS, SENTIMENTOS

E RELATOS DE SENTIMENTOS

Para De Rose (1995/2001a), os comportamentos operantes constituem a

maior parte das atividades visíveis de um ser humano, mas até mesmo algumas

dessas atividades – como as denominadas pensamentos, por exemplo –

envolvem operantes, entretanto esses são reduzidos em sua magnitude a ponto

de tornarem-se invisíveis para os demais seres humanos. Nesse caso, a resposta

está ocorrendo e, por ser tão reduzido em sua escala e é inobservável aos

demais é chamada de comportamento encoberto.

O objetivo deste Capítulo é conceituar evento privado, especialmente os

eventos privados do tipo sentir, e abordar suas relações com o comportamento

verbal. Antes de iniciar qualquer discussão mais específica, a maioria dos autores

que pesquisam o tema “eventos privados” (por exemplo, Tourinho, 1995/2001c)

faz uma diferenciação entre as díades de termos interno/externo, privado/público.

Os termos interno/externo referem-se à localização do evento, ou seja, se ocorre

dentro ou fora do organismo; os termos  privado/público  referem-se à

acessibilidade: quando apenas o próprio sujeito tem acesso ao evento, esse

denomina-se privado; se outra pessoa tiver acesso, chama-se público. Já o termo

encoberto refere-se à ocorrência de um comportamento em si tendo a pele como

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limite. No caso, as respostas ocorrem sob a pele do organismo, porém diferencia-

se de estimulação encoberta, que se refere à parte fisiológica do que ocorre sob a

pele.

A questão da privacidade ou da subjetividade teve força no behaviorismo

quando Skinner (1945) introduziu o conceito de evento privado como sendo

aquele evento inacessível à observação pública direta. Desde então o

termo tem sido usado por analistas do comportamento para referirem-se a

sentimentos, pensamentos, emoções, cognições e outros tantos processos

psicológicos básicos tradicionalmente abordados pela Psicologia a partir de

referenciais mentalistas ou cognitivos. Assim, o pensar, o atentar, o ver e tantos

outros fenômenos são até admitidos como forma de ação do indivíduo, mas

raramente são interpretados com os conceitos de uma Ciência do

Comportamento pelas Psicologias Mentalistas (Tourinho, 1995/2001b).

1.1. Eventos privados do tipo sentir

Em geral, quando trata dos fenômenos chamados aqui de eventos

privados, a abordagem tradicional estabelece dicotomias epistemologicamente

problemáticas. Uma delas, a dicotomia físico-mental, foi rejeitada por Skinner(1945) quando discutiu a natureza dos eventos privados e o critério de verificação

pública como atestado da sua existência. Em outro de seus escritos posteriores,

Skinner (1969/1984; 1971) reafirmou que seria tolice negar a existência de um

mundo privado, mas que também seria tolice afirmar que, por ser privado, ele

teria uma natureza diferente da do mundo público. Deste modo, ele interpretou os

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fenômenos psicológicos que ocorrem nesse mundo como comportamentos com

uma especificidade única: sua propriedade privada ou encoberta. Com isto ele

apontou a diferença básica entre o seu behaviorismo e o de Watson ou até

mesmo dos positivistas lógicos, definindo a função do sentimento em seu sistema

explicativo do comportamento humano e não se limitando aos fenômenos que são

publicamente observáveis, pois acreditava que o “como as pessoas se sentem é,

geralmente, tão importante quanto o que elas fazem”. (Skinner, 1989/2003c, p.3).

Isto implica afirmar que eventos privados são dotados de dimensões físicas e

funcionalmente relacionados a contingências de reforçamento presentes no

ambiente (físico e social) com o qual o organismo interage. Nesse sentido, o

pensar, como operante encoberto, é um fenômeno comportamental tanto quanto

(e sujeito às mesmas leis) que qualquer outro operante observável. Deste modo,

não há necessidade, para Skinner (1974/2003b), de uma definição especial para

o conceito de comportamento encoberto, exceto que se trata de “comportamento

executado em escala tão pequena que não é visível aos outros” (p.27).

Em vários trechos de sua obra, Skinner (1953/2003a, 1957/1978,

1974/2003b) define os eventos privados como estímulos ou respostas acessíveis

de modo direto apenas ao próprio indivíduo a quem dizem respeito. No caso dos

eventos privados do tipo sentir torna-se necessária uma distinção entre o que ésentido introspectivamente e o que é relatado como sentimento (Abib, 1982;

Cunha & Borloti, 2005).

Aquilo que é sentido é uma condição corporal  e “não é uma causa inicial ou

iniciadora” (Skinner, 1989/2003c, p.15) do comportamento. A condição corporal

pode ser vista como uma emoção, que é um evento privado, sub-produto da

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relação ambiente-organismo, ou seja, do comportamento. O termo sub-produto

indica que o que é sentido (ou a emoção) acontece ao mesmo tempo

(considerando-se o aspecto temporal), ou um pouco antes, do comportamento

operante. O que é sentido é concomitante, paralelo ou contíguo ao

comportamento e é por esta razão que se costuma confundir o que se sente com

causa. No entanto, “os eventos que são responsáveis pelo que fazemos e,

portanto, pelo que sentimos, permanecem num passado realmente distante”

(Skinner, 1989/2003c, p.15).

O “sentido” pode então ser interpretado como um comportamento

respondente, eliciado por uma determinada contingência presente na história de

vida, associada a uma história filogenética e cultural. No entanto, sua análise não

termina aí. Torna-se necessário identificar qual a função desse respondente, à

medida que ao longo dessa história - independente da dificuldade de acesso a

esses eventos – as pessoas são ensinadas a nomear ou até mesmo relatar

propriedades desse respondente, mesmo que esse ensino não seja feito com

tanto êxito quanto o ensino da nomeação um objeto concreto ou propriedades

desse objeto. Tourinho (2006a, 2006b) esclarece que o que é “sentido” passa a

ter uma função discriminativa para uma resposta verbal, e que, por esta razão,

não é apenas uma condição corporal qualquer.É dessa função que emerge o que será definido como sentimento: a

condição corporal passa a ser experimentada sob controle das contingências do

contexto e sob controle das contingências verbais mantidas por uma comunidade.

Uma condição corporal é experimentada corporalmente (sentida) e, em seguida,

nomeada como um sentimento. A dor é um exemplo de fácil compreensão desta

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distinção, pois os papéis dos ambientes passado e presente atuando sobre

ambos (o que é sentido e o sentimento) são mais óbvios. Em geral as pessoas

sabem o que é ou foi doloroso em suas histórias (ontogenética e filogenética) e

sabem o quanto foi importante em suas vidas aprender dos (e dizer aos) outros

que sentem dor.

Em casos não tão óbvios a direção da análise permanece a mesma. Ao

invés de procurar atribuir causas de comportamentos a sentimentos, a melhor

estratégia é observar o comportamento e os estados do corpo e as condições

ambientais comuns dos quais ambos são função. Só assim encontram-se

algumas das razões para fazer o que se faz e, portanto, para sentir o que se

sente. Como no exemplo da dor, essas razões devem ser explicadas levando-se

em conta os três níveis de seleção do comportamento humano: a filogênese, a

ontogênese e a cultura (Skinner, 1989/2003c). Deste modo, pode-se verificar que

duas análises científicas concomitantes são pertinentes. A primeira diz respeito ao

que é sentido e a segunda, ao relato sobre o que se sente. Em ambas não se

pode esquecer que “a singularidade do indivíduo é incontestável” (Skinner, 1959,

p.17) e determinada por estes três níveis de seleção. O primeiro nível é

responsável pelo organismo (o locus  da condição corporal, produto da seleção

natural); o segundo, pela pessoa (possível pelas contingências de reforçamentona interação com o que aconteceu e acontece); e a terceira, pelo eu (a referência

à função discriminativa do que é “sentido” na interação em uma comunidade

verbal, como quando, por exemplo, a pessoa diz “Eu sinto medo”).

Esta tese tem sido defendida na análise de vários tipos de sentimentos e

outros eventos privados, dentre eles o ciúme e/ou inveja (De Silva, 1997; Grice &

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Seely, 2000; Leite, 2000; Marazziti, et al., 2003; Pines & Aronson, 1983; Pines,

1992; Costa, 2005; Mathes, 1993), culpa (Guilhardi, 2002), preguiça e

procrastinação (Kerbauy, 1997; 2000), sonhos (Bachtold,1999; Borloti, 2006;

Chandra, 1976; Callaghan, 1996; Delitti, M. & Meyer, 1995; Delitti, 1997; Delitti,

2000; Dixon & Hayes, 1999; Guilhardi, 1995; Melo e Silva, 2000; Vandenberghe,

2004), alucinações e delírios (Britto, 2004; Córdova & Medeiros, 2003; Staats &

Staats, 1973), percepção (Blough, 1975; Costall, 1984; Fields, Matneja, Varelas,

Belanich, Fitzer & Shamoun, 2002; Goto & Lea, 2003; Kirkpatrick-Steger,

Wasserman & Biederman, 1996; Lopes & Abib, 2002; McFadden & Wild, 1986;

Reed, Howell, Sackin, Pizzimenti, & Rosen, 2003). A seguir, serão apresentados

algumas definições desses outros eventos privados.

Para Leite (2000), o ciúme é uma emoção experienciada quando uma

pessoa é ameaçada pela perda de um relacionamento com alguém (parceiro)

para um rival (outra pessoa, em se tratando do ciúme amoroso ou romântico).

Uma perda que não envolva um novo relacionamento semelhante entre o parceiro

e uma rival não produz ciúme. Já no âmago da inveja está a comparação social,

uma influência importante da formação do auto-conceito.

A culpa, por outro lado, segundo Guilhardi (2002), pode estar relacionada

com uma história de vida em que um indivíduo é punido por emitir umdeterminado comportamento e este comportamento introduz uma condição

aversiva. Desta forma, a retirada de um reforçador habitual passa a controlar

comportamentos de fuga-esquiva, com a função de eliminar essa condição

aversiva. Ou seja, quando essa condição aversiva está presente ela é atribuída a

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comportamentos do próprio indivíduo, e as condições corporais experimentadas

são chamadas de culpa.

Ao falar de preguiça e procrastinação, Kerbauy (2000) define a preguiça

como “sentida” diante da propensão para não trabalhar, demora ou lentidão em

praticar qualquer coisa. Ainda, segundo a autora, a preguiça tem um caráter de

 julgamento moral e implica em deixar de fazer uma atividade necessária. Já a

procrastinação é adiar, demorar, prostrair, delongar, espaçar. Nesse sentido, um

“preguiçoso”, embora saiba emitir o comportamento, não o faz. Um

“procrastinador” pode prejudicar seu desempenho, pois as atividades são

iniciadas e não terminadas, ou iniciadas com atraso.

Entre esses outros tipos de eventos privados, encontra-se a percepção,

que, segundo Lopes & Abib (2002), é explicada por Skinner através do conceito

de comportamento perceptivo – um comportamento complexo que se inter-

relaciona com muitos outros. O estudo da percepção na teoria skinneriana pode

ser dividido em duas etapas: estudo do comportamento perceptivo como

precorrente e estudo dos precorrentes do comportamento perceptivo. No primeiro

caso, a investigação passa pelo processo de resolução de problemas, no qual o

comportamento perceptivo desempenha um papel fundamental modificando o

ambiente, o que permite a emissão do comportamento discriminativo e a soluçãodo problema. No segundo caso, a investigação trata com uma série de outros

comportamentos, tais como, propósito, atenção, e consciência, que modificam a

probabilidade de emissão do comportamento perceptivo.

O comportamento perceptivo é exemplificado no sonho, que para Skinner

(1974/2003b), são comportamentos perceptuais encobertos, do tipo ver ou ouvir

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(ou sentir sabores, temperaturas, texturas, etc.) sob controle da coisa (vista,

ouvida ou sentida de outra forma) que está ausente: um sonho [com estímulos

visuais], não é uma exposição de coisas vistas pelo sonhador, e sim o

comportamento de ver. Portanto, os sonhos são eventos privados do tipo sentir

(Baum, 1999). Os sonhos são exemplos de processos comportamentais

envolvendo a discriminação de sensações diversas, experimentadas no passado

e no presente de quem sonha, e relacionadas às imagens oníricas.

Como um último exemplo, podemos considerar a ótica de Staats

(1963/1973), que considera que a sensação não é apenas um processo sensorial;

é um processo de resposta que produz um processo sensorial com características

estimulantes internas, que por sua vez produz um estímulo interno. A vantagem

de nomear as sensações como respostas é dizer que elas são aprendidas, que se

pode condicionar um organismo a ter uma resposta sensorial. Como

conseqüência do condicionamento, uma resposta sensorial pode ser provocada

por um estímulo diferente do estímulo que simplesmente provoca a sensação.

Essa sensação aprendida, que ocorre na ausência de um estimulo sensorial,

pode ser nomeada com terminologia simples: imagem. Uma imagem é, então, um

estímulo interno. Sob certas circunstâncias, uma imagem pode ser nomeada de

alucinação. Uma alucinação, portanto, pode ser definida como uma respostasensorial, isto é, ver ou ouvir privadamente com os ‘olhos do imaginar’,

dependendo da história anterior; não na presença do estímulo público, e falar a

alguém que ‘de fato’ está vendo. Assim, uma alucinação, em alguns casos, pode

ser considerada como uma resposta sensorial que foi condicionada a qualquer

estímulo e que pode ser provocada por esse estímulo. 

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1.2. Comportamento verbal, relatos verbais e tactos de sentimentos

A discussão sobre eventos privados na Análise do Comportamento

aparece sempre mesclada à discussão dos processos verbais que se dão no

contato entre a pessoa que sente e a sua comunidade verbal. Portanto, a

compreensão do sentimento depende da compreensão do conceito de

comportamento verbal e das relações verbais envolvidas na discriminação do

“sentido”.

Skinner (1957/1978) apresentou o conceito de comportamento verbal

diferenciando-o do comportamento não verbal. As diferenças apontadas por ele

foram discutidas em detalhes por Catania (1986) e a principal delas diz respeito

ao fato de o comportamento verbal afetar o ambiente físico somente pela

mediação de um outro repertório (de outra pessoa ou do próprio falante). Assim,

os operantes verbais agem indiretamente sobre o ambiente físico, já que sua

conseqüência definidora é dada por esse outro repertório mediador

(genericamente chamado de ouvinte). Essa mediação confere o caráter social do

comportamento verbal, especialmente daquele relacionado à função

discriminativa dos eventos privados, uma vez que “só quando o mundo privado de

uma pessoa se torna importante para as demais é que ele se torna importantepara ela própria” (Skinner, 1974/2003b, p.31). Segundo Skinner (1957/1978), a

mediação desse ouvinte é “precisamente condicionada” pela cultura verbal “com o

fim de reforçar o comportamento do falante” (p.268), mesmo quando a mediação

envolve eventos privados.

O condicionamento especial do ouvinte é o x do problema. O comportamento verbal

é modelado e mantido por um meio verbal – por pessoas que respondem de certa

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maneira ao comportamento por causa das práticas do grupo do qual elas sãomembros. Essas práticas e a interação resultante entre o falante e o ouvinteproduzem os fenômenos aqui considerados sob a rubrica de comportamento verbal(Skinner, 1957/1978, p.270).

Catania (1998) diferenciou comportamento verbal de linguagem,

clarificando a definição original de Skinner desta forma:

O comportamento verbal envolve o comportamento do falante modelado por seusefeitos sobre o comportamento do ouvinte e o comportamento do ouvinte modeladopor seus efeitos sobre o comportamento do falante. O campo do comportamentoverbal está voltado ao comportamento do indivíduo, e as unidades funcionais doseu comportamento verbal são determinadas pelas práticas de uma comunidadeverbal (...). Definir o comportamento verbal por sua função distingüe-o delinguagem, que é definida pela estrutura. Por exemplo, as definições, grafias epronúncias em dicionários e as regras num livro de gramática descrevem asestruturas padrões de várias unidades verbais em uma língua; assim, elas resumemalgumas propriedades estruturais das práticas de uma comunidade verbal. Ocomportamento verbal do falante ocorre no contexto dessas práticas, mas essaspráticas mantenedoras, a linguagem, não podem ser confundidas com o que elasmantém, que é o comportamento verbal (Catania, 1986, p.429).

Essas práticas, segundo Catania (1998), sempre envolvem  palavras 

(escritas, faladas ou gestualizadas) que são efetivas somente nessa mediação.

As práticas sociais verbais são, por isso, um meio de conseguir que as pessoas

façam coisas.

Excetuando essas propriedades que conferem um status especial ao

comportamento verbal, o termo refere um comportamento como qualquer outro: o

comportamento verbal, assim como o não-verbal, é modelado e mantido por um

controle de estímulos antecedentes e conseqüentes. O controle do

comportamento verbal relatar, por exemplo, está sujeito às mesmas leis que

mantém os comportamentos não verbais (controle de estímulo, reforçamento,

etc.). Assim, relatar é um comportamento verbal emitido sob controle de uma

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audiência e de estímulos discriminativos2  não verbais (quando, por exemplo,

diante de uma situação injusta, o falante descreve as propriedades da situação) e

verbais (quando, diante da pergunta “como foi sua infância?”, conta um fato

ocorrido há tempo).

Quando sob controle de discriminativos não verbais presentes na hora ou

pouco antes do relato, diz-se que o relato verbal é um tipo de tacto: “um operante

verbal, no qual uma resposta de certa forma é evocada (ou pelo menos reforçada)

por um objeto particular ou um acontecimento ou propriedade do objeto ou

acontecimento” (Skinner, 1957/1978, p.108). Desta maneira, qualquer forma de

tacto foi condicionada por uma cultura verbal com o intuito de reforçar o

comportamento do falante de “entrar em contato” com o objeto que exerce

controle discriminativo sobre o seu comportamento. O verbete do Catania (1998)

reforça a definição do termo tacto como:

(...) uma resposta discriminativa verbal (como quando a resposta verbal maçã napresença de uma maçã é dita tatear  a maçã). O tacto captura o controle de estímulocomo ele chega ao comportamento verbal. A relação de tacto inclui apenas oresponder na presença de ou logo depois do estímulo tateado e, portanto, não éequivalente a nomear ou fazer referência (p.427).

De Rose (1995/2001b) explicita, então, que a propriedade característica do

tacto é, portanto, o controle singular que algum aspecto do mundo exerce sobre a

forma da resposta. Neste sentido, o tacto é o operante verbal que tem uma

relação de correspondência com o mundo. Quando o aspecto do mundo que

controla o tacto é externo, ele pode ser compartilhado pelo falante e pelos

ouvintes, mas quando tais aspectos são eventos privados do tipo sentir ou pensar

(Baum, 1999), não é isto o que ocorre. Nessas situações, do mesmo modo que

2 Segundo Keller (1973/2003), um estímulo discriminativo sinaliza que o reforço está disponível numa situação, fazendo

com que a resposta entre em extinção em todas as demais situações, exceto num conjunto muito restrito de condições deestímulos.

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ocorre entre leigos, De Rose (1995/2001b) fala que o pesquisador, por não ter

acesso direto a esses eventos, normalmente fica interessado em conhecer algo

sobre eles e precisa pedir que o falante fale sobre os mesmos.

O “sentido” (aquele que tem função discriminativa) pode ser conceituado a

partir de uma discussão proposta para o tacto de eventos privados, quando

Skinner (1957/1978) incluiu a discussão do modo como os estados corporais são

relatados. Isto foi sintetizado por Guilhardi (2002) assim: as pessoas discriminam

estados corporais (produzidos pela sua interação com contingências de

reforçamento), nomeiam esses estados corporais de acordo com nomes de

sentimentos aprendidos com sua comunidade verbal e, finalmente, (e

erroneamente) atribuem às palavras assim aprendidas a função de causar

comportamentos.

O sentimento propriamente dito, então, diz respeito a algo que, ao mesmo

tempo em que está sob o controle de condições corporais sentidas, extrapola

esse controle, pois a ele é adicionado o controle advindo da relação de tacto. Por

esta razão há uma diferenciação das tarefas do fisiologista e do analista do

comportamento nesse campo de estudo: “tanto as condições sentidas quanto o

que é feito ao senti-las deve ser confiado ao fisiologista. O que fica para o analista

comportamental são as histórias genética e pessoal responsáveis pelascondições que o fisiologista descobrirá” (Skinner, 1989/2003c, p.24).

Portanto, parafraseando Skinner (1989/2003c), estudar experimentalmente

os sentimentos é estudar 1) as contingências de reforçamento sob as quais um

evento privado é sentido e 2) as contingências verbais sob as quais o que é

sentido é descrito. Isto, de certa forma, questiona a concepção mentalista que

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permeia a abordagem psicológica tradicional do sentimento e que perpassa o

senso comum. Certamente, esta concepção tradicional é incompatível com a

leitura analítico-comportamental (Tourinho, 2006b). Desta maneira, a objeção do

behaviorismo radical às abordagens psicológicas centradas na problemática da

privacidade é, antes de tudo, uma objeção a qualquer concepção internalista do

homem (Tourinho, 1995/2001a). No behaviorismo radical, as relações da ação

com o ambiente externo (à ação)3  são aquelas que devem ser buscadas para

explicar o fenômeno comportamental.

Assim,

(...) ao se voltar para os determinantes externos do comportamento, a Análise doComportamento evidenciou progresso significativo na compreensão do fenômenocomportamental. Isso sugere que um progresso científico na direção de uma maiorcapacidade de previsão e produção do comportamento pode independer da análisedo que eventualmente esteja ocorrendo no interior de cada um (Tourinho,1995/2001a, pág.176).

Entretanto, mesmo que não se saiba o que exatamente esteja ocorrendo

no interior do corpo, é preciso lidar cientificamente com as variáveis que

controlam a discriminação do que ocorre, já que são esses “objetos” presentes

que tornam possível a emersão da relação de tacto de um sentimento. A

presença desses eventos privados torna o tacto diferente da nomeação (ou da

referência) de um sentimento, já que a nomeação pode existir na ausência do

evento: “um objeto ausente pode ser nomeado, mas não tacteado” (Catania,

1998, p.427).

Considerando o tacto de algo presente ocorrendo no interior do corpo,

Engelmann (1978) diz que o vocabulário das línguas naturais compreende um

grande número de palavras que costuma ser considerado “nomes de

3 Uma discussão detalhada sobre a terminologia “ambiente externo à ação” encontra-se em Matos (1995/2001).

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sentimentos”. Tudo indica que tais nomes em sentenças de tipo “Eu sinto x”

possuem fundamentalmente uma função relacional a um objeto. Isso já havia sido

reconhecido por Skinner (1957/1978) ao incluir respostas verbais que descrevem

sentimentos na categoria de tactos, enfatizando a diferença entre tatear, nomear

ou referenciar: a nomeação ou a referência enfocam o objeto; o tato enfoca a

relação entre a resposta verbal e o objeto. Isto esclarece porque “O tacto é uma

relação, e não apenas uma resposta e, na ausência de um estímulo controlador

não se poderá estabelecer nenhuma relação” (Skinner, 1957/1978, p.135).

Em síntese, as contingências de reforçamento em uma “história pessoal”

do falante eliciam os “objetos dentro do corpo” a serem relatados como

sentimentos por meio de tactos. Por permitir que a audiência conheça (mais

precisamente) o que se passa “fora” ou (menos precisamente) o que se passa

“dentro” do corpo do falante, o tacto “emerge como o mais importante operante

verbal” (Skinner, 1957/1978, p.109).

Para Tourinho (2006a), o contato com esse “mundo sob a pele” se dá em

diferentes graus de complexidade, porém, sempre se baseia no princípio de

seleção por conseqüências em uma relação (correlação ou relação de

equivalência) com um evento público que pode variar contextualmente (por

exemplo, “alegria” tem, em geral, correlação com sorriso). A referência queDamásio (1999/2002) faz aos eventos privados também enfatiza esta

correspondência com os eventos públicos, e ainda defende que uma “leitura

corporal” talvez possa ser útil para estabelecer uma relação entre o público

(comportamento) e o privado (sentimento).

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Aparte a discussão das incongruências na correspondência público-

privado, olhar a contingência operando tem sido útil desde a década de 40. Estes

e Skinner (1941/1961), por exemplo, conceituaram uma resposta emocional

(sentida) como uma resposta do organismo resultante de uma contingência e

exemplificaram que o mesmo estímulo para “medo” controla respostas motoras

correspondentes. Em concordância com o que disse Damásio (1999/2002), eles

 já haviam afirmado que o que é sentido é inferido da alteração no responder

operante público que acompanha a emoção. Esse acompanhamento do operante

com estados corporais respondentes levou Skinner (1953/2003a) a afirmar que a

emoção é um subproduto das contingências de reforçamento, no sentido em que

ela é concomitante  ao evento público. Infelizmente, subproduto tem sido

entendido até hoje como um produto secundário ou menos importante das

contingências de reforçamento. Entretanto esta questão foi resolvida de modo

objetivo: é impossível sentir sem se comportar. Em termos técnicos, isto equivale

a dizer que as relações operantes e respondentes são indissociáveis (Catania,

1998/1999), como produto das mesmas contingências (uma pessoa foge, treme,

etc. e sente medo em uma mesma situação).

A importância prática do conhecimento sobre o “mundo sob a pele” do

falante (por exemplo, na educação de crianças, na resolução de problema ou napsicoterapia) permitiu que vários autores (Holland & Skinner, 1961/1973;

Millenson, 1967/1973; Skinner, 1974/2003b; Skinner, 1989/2003c; Lubinsky &

Thompson, 1987; Hayes, Jacobsom, Follette & Dougher, 1994; Banaco, 1999;

Simonassi, et al. 2001, dentre outros) discutissem correspondências entre

comportamentos verbais sob controle de eventos privados (tacto) e contingências

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às quais um indivíduo está exposto. Há unanimidade em afirmar que sob

diferentes contingências de reforçamento, diferentes condições corporais são

eliciadas e diferentes operantes são emitidos. Ao serem tateadas tais condições

corporais, diferentes relações entre eventos entram no controle de estímulo da

resposta de relatá-las, justificando os inúmeros nomes de sentimentos. Cunha,

Chequer, Martinelli & Borloti (2005) catalogaram as citações de contingências

envolvidas na eliciação de estados corporais tacteados como sentimentos. A

Tabela 1, a seguir, aponta algumas das relações entre as contingências

operantes e o comportamento verbal tacto sob controle de condições corporais

(eventos privados) eliciadas nessas contingências, e os possíveis nomes de

sentimentos para essas condições corporais sentidas4.

Análises interpretativas de relações entre sentimentos e contingências - Tabela 1

Contingência Sentimentos

Reforçamento

Positivo

Fé, confiança, segurança, interesse, ambição, determinação, obstinação,

perseverança, excitação, entusiasmo, dedicação, compulsão (Skinner,

1974/2003b); alegria, prazer, satisfação (Skinner, 1989/2003c); prazer, elação,

êxtase (Millenson, 1967/1973).

Reforçamento

Negativo

Ansiedade, fuga, agressividade, vergonha (Skinner, 1974/2003b); ansiedade,

terror, apreensão, alívio (Millenson, 1967/1973); agressividade, aversão,

ansiedade (Holland & Skinner, 1961/1973).

Punição Positiva Ansiedade, vergonha, culpa (Skinner, 1974/2003b); raiva (Banaco, 1999);

medo, raiva (Holland & Skinner, 1961/1973); raiva, cólera, aborrecimento

(Millenson, 1967/1973); ansiedade (Hayes, et al., 1994);

4 É importante ressaltar que a Tabela 1 não inclui o conceito de extinção, uma vez que o procedimento experimental usado neste estudo

não trabalha com essa operação.

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Punição Negativa Frustração, depressão, incerteza, desapontamento, impotência,

desencorajamento, inibição, timidez, embaraço (Skinner, 1974/2003b);

frustração, tristeza (Banaco, 1999); alívio, sossego, calma (Banaco, 1999);

frustração (Holland & Skinner, 1961/1973); tristeza (Hayes et al., 1994)

Esta Tabela, de certa forma, defende a importância de se enfatizar o que é

sentido como função das contingências envolvidas. Entretanto, grande parte

desta defesa – como atestam as referências – é produto de análises

interpretativas em estudos conceituais ou teóricos. Supostamente, se essas

contingências forem arranjadas em condições experimentais planejadas, elas

possibilitarão uma análise detalhada das variáveis envolvidas na produção dos

estados sentidos e do relato desses estados, bem como de outras respostas não

verbais e verbais que são acompanhadas por esses estados e relatos. A

produção experimental de estados sentidos e de seus relatos depende de uma

definição operacional de contingência. O Capítulo seguinte faz isto e apresenta a

compilação do que já foi feito para o estudo empírico dos eventos privados de

modo a justificar e apresentar os objetivos deste estudo.

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CAPÍTULO 2

CONTINGÊNCIAS E SENTIMENTOS

2.1. Contingências: definição e considerações metodológicas

Segundo De Souza (1995/2001), contingência é a relação existente entre

eventos comportamentais e/ou ambientais. Estando além de uma relação

temporal (ou de contigüidade), essa relação segue o modelo selecionista

apontado no Capítulo 1, que explica o modo pelo qual um evento adquire função

para outro. Assim, podemos dizer que contingência é a probabilidade de um

evento ser afetado a partir da ocorrência de outro. Isto ocorre tanto no controle

respondente quanto no operante. No caso dos respondentes, essas relações de

controle são do tipo estímulo-resposta. No caso dos operantes, as contingências

estudadas são referentes à relação da resposta com os estímulos antecedentes

e, principalmente, conseqüentes. Tal relação define operações entre respostas e

estímulos (sejam eles públicos, como no caso de um tacto de um sentimento;

sejam privados, como no caso do “sentido”, conforme definido no Capítulo 1).

Skinner (1969/1984, p.191-192) listou as várias operações de

contingências que já foram estudadas experimentalmente: privação, saciação,

fuga, esquiva, discriminação de estímulo, diferenciação de resposta,

generalização, encadeamento, “superstição”. Este estudo examinará apenas as

operações básicas de reforçamento (positivo e negativo) e punição (positiva e

negativa), uma vez que se pretende verificar seu controle sobre eventos privados

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do tipo sentir. Genericamente, tais operações, incluindo as operações de punição,

são denominadas contingências de reforçamento, porque elas se definem de

modo intercambiável.

As operações básicas de reforço e punição se definem em função das

conseqüências que seguem certas respostas. Catania (1998/1999) refere estes

termos da seguinte maneira: “um estímulo é reforçador positivo se sua

apresentação aumenta o responder que o produz, ou um reforçador negativo se

sua remoção aumenta o responder que o suspende ou o adia” (p.418); e “um

estímulo é um punidor positivo, se sua apresentação reduz a probabilidade de

respostas que o produzem ou um punidor negativo, se sua remoção reduz a

probabilidade de respostas que o terminam” (p.416). Vê-se, desta forma, que esta

terminologia é descritiva e, segundo o autor, depende de três condições: a

resposta produz alguma conseqüência; a resposta ocorre com mais freqüência do

que quando não produz conseqüências; e, o aumento da freqüência das

respostas ocorre porque a resposta tem aquela conseqüência específica.

Segundo Sidman (1989/1995), no reforçamento positivo a ação de uma

pessoa é seguida pela adição, produção ou aparecimento de algo novo; algo que

não estava lá antes do ato. No reforçamento negativo uma ação subtrai, remove

ou elimina algo, fazendo com que uma condição ou coisa que estava lá antes doato desapareça. Quando o comportamento é reforçado positivamente obtém-se

algo; quando reforçado negativamente remove-se algo, foge-se ou esquiva-se de

algo. Ambos os tipos de conseqüências tornam mais provável que se faça a

mesma coisa outra vez. Ambos são, portanto, reforçadores.

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Ao contrário do reforço, a punição envolve punidores que têm como efeito

suprimir 5 a possibilidade de emissão futura de uma resposta. Sidman (1989/1995)

discute a relação simétrica entre estímulos reforçadores e punidores, quando

explicita que cada tipo de reforçamento tem uma contraparte espelhada em cada

tipo de punição:

Algumas vezes fazemos coisas que terminam reforçadores positivos, algumasvezes produzimos reforçadores negativos. Estas contrapartes simétricas dereforçamento positivo e negativo constituem a punição. Punição pode, portanto,assumir uma de duas formas. Um tipo de punição confronta-nos com o término ouretirada de alguma coisa que comumente seria um reforçador positivo, o outro tipo

confronta-nos com a produção de algo que normalmente seria um reforçadornegativo (Sidman, 1989/1995, p.59).

Esta definição de contrapartes feita por Sidman informa que depois da

apresentação de reforçadores positivos, sua retirada constitui a operação

chamada de punição negativa; e, após a apresentação de estímulos aversivos

(punição positiva), a sua retirada constitui reforçamento negativo. Como se verá

no Capítulo 3, esta definição justifica o procedimento experimental adotado neste

estudo, uma vez que tais apresentações e retiradas são sempre acompanhadas

de estados corporais sentidos e descritos a partir dos processos operantes que

controlam a discriminação e o relato verbal sobre eles.

2.2. Revisão de estudos empíricos

Apesar da importância, enfatizada por Skinner (1989/2003c), dos estudos

experimentais de eventos privados, esses ainda são escassos na Análise do

Comportamento (Simonassi, et al. 2001). Esta escassez foi verificada quando se

5 O termo suprimir é utilizado no sentido de que, após um estímulo aversivo ser apresentado como conseqüência doresponder ocorre uma interrupção súbita do responder.

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  36

acessou, via indexadores eletrônicos, os periódicos específicos da Análise do

Comportamento internacionais (The Analysis of Verbal Behavior, Journal of

Experimental Analysis of Behavior, Journal Applied of Behavior Analysis, The

Behavior Analyst, Behavior Therapy, Revista Mexicana de Analisis de la

Conducta, Behavior Research and Therapy, Journal of Behavior Therapy and

Experimental Psychiatric ) e nacionais (Revista Brasileira de Terapia

Comportamental e Cognitiva e Brazilian Journal of Behavior Analysis), específicos

da Análise do Comportamento, bem como as coletâneas nacionais específicas

Sobre Comportamento e Cognição (que segundo Nolasco, 2002, representam

59% das publicações da Análise do Comportamento no Brasil) e Ciência do

Comportamento: Conhecer e Avançar. O mesmo foi verificado quando se acessou

os periódicos internacionais e nacionais não específicos da área (Psychological

Review, The Psychological Record, Drug and Alcohol Dependence, Journal of

Comparativa Psychology, Boletim de Psicologia, Cadernos de Psicologia Social

do Trabalho, Estudos de Psicologia – Campinas, Estudos em Psicologia – UFRN,

Estudos e Pesquisas em Psicologia, Psicologia: Ciência e Profissão, Psicologia:

Pesquisa e Trânsito, Psicologia: Reflexão e Crítica, Psicologia: Teoria e Pesquisa,

Psicologia: Teoria e Prática, Psicologia Clínica, Psicologia da Educação,

Psicologia e Sociedade, Psicologia em Estudo, Psicologia em Revista, Psicologia

Escolar e Educacional, Psicologia Hospitalar, Psicologia USP, Revista do

Departamento de Psicologia UFF ).

Para justificar esta escassez duas hipóteses foram levantadas. A primeira

hipótese, enfatizada por Malerbi e Matos (1992), Palmer (1998) e Simonassi, et al.

(2001), é derivada de limitações metodológicas: é difícil isolar variáveis nos

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estudos de eventos privados, dada a propriedade “privacidade” do

comportamento investigado. A segunda hipótese explica melhor a realidade

nacional e é derivada da concorrência de espaço, nas publicações específicas e

não específicas da Análise do Comportamento, com a pesquisa aplicada e com a

pesquisa (empírica e/ou teórica) de outros temas. Para dimensionar a situação,

entre os artigos nacionais categorizados como da Análise do Comportamento em

periódicos não específicos, foi encontrado apenas um (1) artigo empírico

experimental que se relaciona com o tema evento privado (Simonassi, et al.

2001). Quando são analisados os periódicos internacionais específicos a situação

melhora, mas nem tanto.

Entre os periódicos internacionais não específicos da área, foram

encontrados artigos teóricos sobre sentimentos ou emoções (porém sem o

enfoque comportamental) ou apenas artigos relacionados à prática clínica em

geral. Por outro lado, artigos teóricos nos periódicos específicos da área são mais

comuns6. Os mais citados deles são o de Anderson, Hawkins & Scotti (1997) – em

que é apresentada uma discussão sobre as bases conceituais e a relevância

clínica de estudos sobre eventos privados na Análise do Comportamento – e o de

Anderson, Hawkins, Freeman & Scotti (2000) – que também discute se os

estudos sobre o tema eventos privados são relevantes em uma Ciência doComportamento. Em geral os analistas de comportamento se amparam nas

conclusões de ambos: estudos empíricos deste tema são inovadores e não se

amparam em delineamentos experimentais já consagrados como produtivos.

Assim amparados, dois trabalhos nacionais encontrados em coletâneas

6

 Os artigos teóricos relevantes discutem a tese skinneriana sobre eventos privados, conformefundamentação teórica apresentada no Capítulo 1.

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específicas consultadas discutem o método utilizado ao se estudar a história das

contingências passadas e atuais na determinação de comportamentos e

sentimentos. Um deles é o de Guilhardi (2005), que defende o estudo de caso

como método privilegiado para um maior acesso a variáveis relevantes atuando

sobre o comportamento. Um outro é o de Oliveira-Castro (2000), que discute a

utilização de contingências programadas para o estudo das complexidades

discriminativas de tarefas relacionadas à leitura, uma vez que a ausência de

análises sistemáticas e de recursos tecnológicos tem dificultado o controle de

variáveis para se estudar eventos privados. Nesta mesma direção, caminhou o

artigo de Friman, Wilson & Hayes (1998) que discutira a importância de se

estudar eventos privados de forma científica, com variáveis controladas, na busca

de relações entre eventos públicos e relatos sobre ansiedade.

Apesar destas recomendações, ao todo, entre os periódicos internacionais

e nacionais, e entre os específicos e não específicos foram encontrados alguns

artigos empíricos sobre o tema evento privado. Analisando-os verificou-se como

têm sido delineados os estudos empíricos sobre o tema e as conclusões que

derivaram. A seguir eles são apresentados e, logo depois, os estudos empíricos

sobre situações de escolha e freqüência de desempenho são também listados

(estes foram selecionados a partir da sua importância para o delineamentoexperimental apresentado no Capítulo 3).

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2.2.1. Estudos empíricos sobre eventos privados

Desde o clássico experimento “Algumas propriedades quantitativas da

ansiedade” (Estes & Skinner, 1941/1961), que descreve como a ansiedade foi

mensurada a partir de seus supostos efeitos sobre a taxa de respostas de

pressão à barra; e também desde as considerações epistemológicas contidas no

“Terms” (Skinner, 1945), os poucos estudos que pesquisaram diretamente

eventos privados do tipo sentir ou pensar se intensificaram a partir da década de

80, focalizando o sentir e, inicialmente, usando organismos não humanos como

sujeitos. Lubinsky & Thompson (1987) investigaram o papel de eventos privados

experimentalmente manipulados no estabelecimento da ocasião para

comportamentos comunicativos entre pombos. O objetivo dos autores foi verificar

se animais não humanos poderiam aprender a interagir comunicativamente,

discriminando e “relatando” (bicando em um display) entre si estados internos que

variavam devido à administração de cocaína, pentobarbital (substância utilizada

como anestésico) ou sal. Seus resultados demonstraram esta possibilidade e seu

estudo tornou-se um modelo adequado de comunicação interpessoal de eventos

privados, sugerindo que, com um treinamento adequado, feito de forma similar ao

feito com os pombos, seria possível ensinar humanos a discriminar seus estadoscorporais. Esse estudo foi influenciado por estudos anteriores, entre eles um

estudo em que houve uma tentativa de estudar a comunicação simbólica entre

pombos, proposto por Lubinsky & MacCorquodale (1984), e outro no qual Lanza,

Starr & Skinner (1982) já haviam verificado, também em pombos, que após um

treino, poderia ser desenvolvida a capacidade de comunicar entre si propriedades

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“verdadeiras” e “inventadas” de estímulos ambientais públicos dispostos na

câmara experimental.

A partir do “modelo adequado de comunicação interpessoal de eventos

privados” de Lubinsky & Thompson (1987), pesquisas com humanos visando

verificar a relação entre a utilização de substâncias e estados corporais foram

propostas. DeGrandpre, Bickel & Higgins (1992) estudaram as relações de

equivalência emergentes entre estímulos interoceptivos (efeitos corporais de

drogas) e estímulos visuais, verificando em seus resultados que ocorria formação

de classes equivalentes entre tais estímulos. No mesmo ano, Oliveto, Bickel,

Hughes, Higgins & Fenwick (1992) verificaram como os efeitos de uma substância

(Triazolam) poderiam servir como estímulo discriminativo para a nomeação de

eventos privados em humanos, constatando que, a partir do treinamento, os

participantes eram capazes de relatar com exatidão seus estados internos,

baseados nas opções de relato fornecidas durante o procedimento.

Os estudos empíricos com eventos do tipo sentir deram impulso para o

estudo empírico dos eventos do tipo pensar já no início dos anos 90. Kritch &

Bostow (1993), por exemplo, procuraram verificar a capacidade de pessoas

emitirem respostas verbais a eventos passados (no caso, o evento do tipo pensar

poderia ser chamado lembrar). Neste experimento 75 estudantes eramrequisitados a identificar na tela de um computador quatro figuras geométricas

diferentes. Durante essa etapa de identificação, para cada figura, uma cor de

fundo de tela diferente da cor da figura era apresentada. Após essa apresentação,

os participantes eram solicitados a lembrar a cor de tela correspondente a cada

figura apresentada anteriormente. Os resultados confirmam as afirmações de

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Engelmann (1978) de que quanto maior for à proximidade temporal entre o relato

e o fato, ou estado subjetivo a ser relatado, maiores as chances de um relato

correto por parte do sujeito.

Além do lembrar, uma outra resposta privada investigada empiricamente foi

o resolver o problema. Simonassi, et al. (2001) empregaram um procedimento

para que humanos resolvessem problemas e tornassem públicas tais respostas.

Em seu estudo, 64 participantes foram distribuídos em duas condições

experimentais (complexa e simples) de resolução de problema envolvendo

contingências em um software. Após cada desempenho obtiveram-se registros

das respostas de relatar (oralmente e por escrito) sobre a resolução do problema.

Dos resultados concluiu-se que a complexidade da tarefa não interferiu na

característica privada das respostas e que as contingências sociais tornaram

públicas as respostas precorrentes na resolução de problemas. O procedimento

empregado pelos autores fornece evidências empíricas para algumas das

proposições estabelecidas pelos behavioristas radicais para o pensar, além de

oferecer duas novas questões para discussão dos eventos privados em geral: 1) a

emissão de respostas descritivas precorrentes eficazes mostrou-se como uma

função das contingências sociais associadas às contingências mediadas pelo

software; 2) a identificação da possibilidade de respostas descritivas incorretas foise modificando de acordo com respostas informativas de disponibilidade de uma

regra para resolução dos problemas. Ambas as questões são especialmente

importantes para os estudos que usam respostas informativas na análise do

desempenho dos participantes.

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Garcia-Serpa, Meyer & Del Prette (2003), com base nas proposições

skinnerianas sobre a origem social do relato de sentimentos, buscaram entender

sua importância no desenvolvimento inicial da criança e questionar se a influência

da comunidade verbal sobre esse repertório seria detectável em curto período do

desenvolvimento infantil e se haveria diferenças na aprendizagem em função do

tipo de sentimentos. Para este estudo, uma amostra de 72 meninos de quatro e

cinco anos foram colocados em situação de identificação de sentimentos do

protagonista de uma história apresentada em vídeo. Os resultados mostraram

diferenças entre as crianças de duas faixas etárias quanto ao tipo de sentimento

identificado evidenciando um efeito cumulativo da experiência e fornecendo

evidência empírica indireta de que a influência da comunidade verbal é

progressiva, a partir da diferenciação do repertório ao longo da idade.

Entre os resultados das buscas, também foi encontrada uma pesquisa que,

de certa maneira, justifica a posição de Skinner (1957/1978), acerca da função

verbal do relatar um sentimento. Trata-se do estudo de Lanza, et al. (1982), citado

anteriormente, no qual os autores não apenas ensinam pombos a descrever

propriedades do ambiente, como também a “mentir” sobre essas propriedades.

Dois pombos eram ensinados a usar símbolos para comunicar informações sobre

cores (vermelho, amarelo e verde) escondidas para cada um. Quando relatar quea cor escondida era “vermelha” era reforçado mais generosamente do que relatar

que a cor era “verde” ou “amarela”, os dois pássaros passaram por um período no

qual eles “mentiram” relatando apenas que a cor escondida era “vermelha”. Uma

vez que ver é um evento comportamental privado, Parsons (1989) partiu desse

fato para fazer uma discussão teórica sobre o mentir, ao se relatar estados

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subjetivos. Suas conclusões apontam que analistas do comportamento pouco

falam ou escrevem sobre “mentir”. Em conclusão, ambos os estudos confirmam a

posição de Skinner (1957/1978) sobre a precisão e validade dos relatos dos

participantes, na medida em que não há garantia de que um relato possa estar

ligado a um propósito (determinado pelo conhecimento da função de um

operante, ou da conseqüência a ser conseguida) ou a um estado sentido. Dito de

outro modo, simplesmente, não há garantias de que um relato é uma “verdade”

sobre os estados subjetivos dos participantes. Obviamente, este estudo tem

clareza desta limitação inexorável.

2.2.2. Estudos empíricos sobre situações de escolha e freqüência de

resposta

Visando adicionar sugestões que pudessem definir o arranjo experimental

proposto para este experimento, também foi feita uma revisão de outros estudos

experimentais que utilizaram contingências (programadas ou não) ou analisaram

o desempenho em situações de escolha, uma vez que, como se verá no Capítulo

3, esses estudos apresentam alguns detalhes experimentais que inspiraram o

método deste estudo, o qual envolve escolha em diferentes contingências eesquemas de reforçamento.

O´Donnell, Crosbie, Willians & Saunders (2000), por exemplo,

programaram um software que apresentou estímulos e registrou respostas,

permitindo verificar se os participantes eram capazes de discriminar situações em

que perdiam ou ganhavam reforçadores (no caso, dinheiro). Seus resultados

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mostram que a freqüência dos comportamentos dos participantes diminuía nas

situações quando predominavam punidores, e aumentava quando predominavam

reforçadores, o que, de certa forma, caracteriza a escolha.

Critchfield, Paletz, MacLeese & Newland (2003), de modo parecido,

verificaram se os participantes (estudantes voluntários) escolheriam situações

com estímulos reforçadores ou punidores, assim como a efetividade do uso de

dinheiro em duas situações experimentais: como reforçador ou punidor negativo.

Devido a um aumento da freqüência de escolha pela primeira situação, seus

resultados mostram que os participantes discriminaram os estímulos que

sinalizavam o ganho de prováveis reforçadores ou a sua perda.

Landon, Davison & Elliffe (2003) também avaliaram o comportamento de

escolha, porém usaram pombos e planejaram situações diferentes que envolviam

uma distribuição desigual de reforçadores, por meio de esquemas de

reforçamento de razão variável. Eles treinaram seis pombos em um procedimento

no qual deveriam escolher bicar um ou outro de dois discos, sendo que em cada

um o bicar produzia conseqüências reforçadoras em um esquema de razão

diferente. Seus resultados mostram que o comportamento de escolha varia de

acordo com a razão, podendo haver alternância na escolha em função de uma

razão mais favorável.Em um outro estudo com pombos, Ono (2004) verificou os efeitos da

experiência prévia na preferência por situações de escolha livre ou forçada. Dois

animais eram colocados alternadamente em uma caixa experimental com dois

discos de escolha. O experimento consistiu em dois procedimentos executados

de maneira alternada para cada animal: em um procedimento todas as respostas

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de escolha eram reforçadas (escolha livre), enquanto no outro só o bicar em um

dos discos (escolha forçada) era reforçado. Na escolha livre o desempenho se

distribuiu igualmente entre os discos; na forçada houve aumento da taxa de

resposta de bicar o disco específico. Quando os pombos foram postos em um

terceiro procedimento com escolha livre, o comportamento de ambos ficou sob

controle do procedimento mais recente ao qual foram submetidos, sendo esse

mais decisivo na determinação do bicar do que a diferença entre a escolha livre

ou forçada.

Lannie & Martens (2004) descreveram outro fato acerca da escolha ao

verificarem o efeito de exercícios de matemática, com diferentes níveis de

dificuldade, sobre o comportamento de escolha pela forma de avaliação da

resolução dos exercícios (se pelo produto ou resolução correta ou se pelo tempo

de resolução). Eles solicitaram que seus participantes resolvessem os exercícios

e escolhessem o modo pelo qual seriam avaliados. Seus resultados mostram que

a escolha por ser avaliado pela resolução correta é mais provável quando os

exercícios são de fácil resolução; ao contrário, a escolha por ser avaliado pelo

tempo de resolução é mais provável quando os exercícios são mais difíceis.

Outra variável que determina a escolha está descrita no estudo de Madden

& Perone (2003) no qual os autores procuraram verificar os efeitos nocomportamento diante da exposição a quatro diferentes esquemas de intervalo

variável. Nesse estudo, os participantes seguravam um  joystick   com quatro

posições e deveriam escolher uma posição para serem supostamente reforçados.

Como o estudo envolvia uma programação da liberação de reforçadores em

esquemas de intervalo variável, a posição escolhida pelo participante não

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produzia nenhuma conseqüência, mas sim a passagem de tempo. Os resultados

mostram que as respostas expostas a uma relação de contigüidade eram

escolhidas com mais freqüência.

Os outros estudos encontrados e que subsidiaram o descrito nesta

dissertação se referem mais a pesquisas sobre o efeito de reforçadores e

punidores no desempenho (taxa de respostas). Zimmerman & Baydan (1963), por

exemplo, verificaram os efeitos dos atrasos na punição nas taxas de resposta de

escolha em procedimentos de matching to sample. Os resultados apresentados

demonstram que estímulos de comparação associados a um maior atraso na

apresentação de estímulos punidores eram escolhidos em maior freqüência e

estímulos de comparação associados a um atraso reduzido na apresentação de

estímulos punidores eram escolhidos em menor freqüência. Mais recentemente,

Jacobs & Hackenberg (2000) verificaram o desempenho de participantes em

esquemas de reforçamento e punição em que pontos eram trocados por dinheiro.

Seus resultados não mostraram diferenças na freqüência de respostas dos

participantes para os esquemas de intervalo ou razão variável. Os autores

consideram que a semelhança na freqüência de respostas se deveu ao fato de

que não existiram pausas entre os diferentes esquemas, o que atesta a

dificuldade do participante em discriminar o esquema em operação.Sem entrar em detalhes (por não haver relação direta com os objetivos

deste estudo), é importante lembrar que muitos pesquisadores se empenharam

em estudar a questão do desempenho (taxa de respostas) de humanos ou de

animais, procurando verificar os efeitos de esquemas de punição e de

reforçamento intermitente sob o responder (por exemplo, Ayllon & Azrin, 1966;

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Crosbie, Willians, Lattal, Anderson & Brown (1997); Scobie & Kaufman, 1969;

Bradshaw, Szabadi & Bevan, 1977; Bradshaw, Szabadi & Bevan, 1978;

Bradshaw, Szabadi & Bevan, 1979; Shull, Grimes, Bennet, 2004; e Snycerski,

Laraway, Huitema & Poling, 2004). Snycerski, et al. (2004) retomaram a

discussão dos efeitos da história comportamental e analisaram seu impacto na

freqüência de respostas diante de diferentes contingências. Perone (2003)

procurou demonstrar que o uso de reforçamento positivo poderia envolver

controle aversivo, contradizendo algumas afirmações de Sidman e Skinner que,

ao longo das suas carreiras, apontaram tais efeitos diretamente às situações

aversivas. Em geral, esses estudos sobre os efeitos das contingências de

reforçamento e punição produziram dados sobre as taxas de respostas, ao invés

de dados sobre a latência de respostas. A variável latência de resposta, por ser

uma propriedade não-verbal sob controle de contingências não-verbais, pode ser

uma via diferenciada e, de certa forma, privilegiada, para inferências acerca dos

sentimentos discriminados pelos participantes durante cada fase dos

Procedimentos.

2.3. Justificativa

Considerando a discussão anterior da temática dos eventos privados do

tipo sentir é possível relacionar alguns argumentos que justificam a presente

pesquisa.

Em primeiro lugar, há um argumento teórico e também pragmático. É muito

importante para a comunidade verbal ter acesso também aos estímulos privados

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dos indivíduos, se essa comunidade quiser facilitar o ensino de certas habilidades

aos seus membros, por exemplo, a habilidade de ver, de dizer o que sente, de ler

ou resolver problemas. Por esta razão, Skinner (1957/1978) afirmou que o tacto

beneficia mais o ouvinte do que o falante. Dependendo da cultura sob análise,

relatos verbais de estados internos são mais ou menos valorizados pela

comunidade (Malerbi & Matos, 1992). A despeito dessa variabilidade de valores, o

conhecimento de certos eventos privados pode ser um fator determinante da

sobrevivência individual, particularmente quando eles se relacionam com eventos

que agridem a saúde do indivíduo.

Anderson, et al. (1997) e Malerbi & Matos (1992) ressaltam que, apesar

dos vários problemas apontados em relação à linguagem dos eventos privados e

das dificuldades técnicas em estudá-los, a importância das conseqüências do

comportamento verbal de tactear alguns desses eventos não disponíveis ao

ouvinte, por si só, já justifica trabalhos de pesquisa que visem identificar variáveis

que controlam esses eventos de modo a facilitar análises funcionais em contextos

aplicados. Assim, deve ser mais bem conhecida a correspondência entre os

relatos verbais sob controle de estímulos privados e as contingências que os

determinam, de modo a aumentar a validade das inferências feitas a partir dos

relatos, como ocorre na psicoterapia, por exemplo.Em segundo lugar, há um argumento metodológico. De acordo com

Simonassi, et al. (2001), e como dito anteriormente, estudos sobre eventos

privados têm sido escassos na literatura da Análise do Comportamento, a

despeito da importância do tema e do esforço interpretativo de Skinner. De certa

forma, este estudo pretende contribuir para validar a análise interpretativa sobre o

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tacto de eventos privados, conforme a tese extensamente posta no Capítulo sobre

tacto, no livro O Comportamento Verbal   (Skinner, 1957/1978). É importante

reafirmar que estudos experimentais nesta área são inovadores e não se

amparam em delineamentos já consagrados como produtivos, especialmente

estudos que mensuram a latência de resposta. Portanto, este estudo permite uma

interpretação dos eventos privados pautada numa base empírica sólida. Tourinho

(1995/2001a) comenta que a abordagem da privacidade no âmbito de uma

Ciência do Comportamento e da prática profissional nela amparada pode

legitimamente lançar mão da interpretação como método. Essa talvez seja a única

via atual para uma análise comportamental dos eventos privados. O desafio

consiste em lançar mão deste método interpretativo de forma associada a

mecanismos tecnológicos que permitam avaliar com alguma segurança a sua

eficácia.

Oliveira-Castro (2000) ressalta a importância da utilização de softwares em

experimentos que têm essa tarefa. Porém, em geral, como demonstrado na

revisão dos estudos empíricos, a maior parte dos experimentos se referem aos

efeitos das contingências de reforçamento e punição e buscam explicar as taxas

de respostas através do aumento ou diminuição na sua freqüência de emissão, ao

invés de produzirem outros dados a serem analisados concomitantemente, porexemplo, a medida da latência de resposta e o tacto de sentimentos a ela

correlacionado. Assim, produzindo esses tipos de dados, este estudo pretende

contribuir empírica e experimentalmente para a compreensão das variáveis de

controle do relato verbal de eventos privados do tipo sentir, tendo como parâmetro

contingências programadas, o que é relevante 1) para a Análise Experimental do

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Comportamento, a partir do momento em que demonstrará um controle mais

preciso das variáveis envolvidas no tacto de sentimentos; e 2) para a Análise

Aplicada do Comportamento, especialmente a Terapia Comportamental, a partir

do momento em que permitirá uma interpretação mais efetiva dos efeitos de

diferentes operações contingenciais sobre o que as pessoas dizem que sentem,

além de fornecer informações que possivelmente irão permitir uma leitura das

diferenças entre esses efeitos individualmente. A programação de contingências

descrita no Capítulo seguinte poderá, ainda, ser empregada em outros estudos,

com objetivos e participantes diferentes.

2.4. Problema de pesquisa

Foi proposto o seguinte problema de relação entre eventos para a presente

pesquisa: “Qual é o efeito da exposição a contingências (programadas em um

software) sobre eventos privados do tipo sentir?”. Os termos deste problema

foram definidos anteriormente e a definição de uma contingência programada

encontra-se no Capítulo seguinte.

Este problema operacionalizou-se a partir de um estudo piloto que teve por

objetivo investigar o controle de contingências programadas sobre eventosprivados (sentimentos) por meio de um procedimento com um software –

PsychoTacto (Cunha, Chequer, Cunha, Martinelli & Borloti, 2004), em sua versão

1.0. O estudo piloto foi conduzido com 30 participantes e os dados fornecidos pelo

software, somados aos comportamentos motores e verbais registrados durante a

aplicação do procedimento, mostraram que existe uma relação entre a exposição

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à contingência e os relatos emitidos após essa exposição, sobre eventos privados

eliciados nessa exposição, mesmo diante de uma variabilidade de respostas.

Outra observação importante é que o software mostrou-se eficiente e adequado

para novas pesquisas, e o estudo piloto possibilitou correções, alterações e o

planejamento de outros delineamentos experimentais.

2.5. Objetivos

2.5.1. Objetivo Geral 

O objetivo deste estudo foi investigar o controle de contingências

programadas sobre eventos privados do tipo sentir, empregando um

procedimento que pudesse eliciar tais eventos e evocar o tacto dos mesmos

(sentimentos).

2.5.2- Objetivos Específicos

•  Descrever as variáveis ambientais (contingências de reforçamento)

controladoras de eventos privados.

•  Investigar como a interação com as contingências de reforçamento

programadas no software se relacionam com os tactos dos eventos privados

do tipo sentir.

•  Analisar a relação entre a latência da resposta motora “clique no mouse” e as

contingências que a controlam.

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•  Analisar a relação entre a freqüência cardíaca e as contingências que a

eliciam.

•  Observar e analisar a ocorrência de respostas motoras e verbais durante a

exposição às contingências programadas.

•  Evocar tactos dos eventos privados (sentimentos) discriminados

interoceptivamente pelos participantes durante cada fase do procedimento.

•  Comparar os tactos evocados com os tactos sugeridos pela análise

interpretativa contida na Tabela 1.

•  Verificar diferenças entre tactos de acordo com o gênero dos participantes.

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CAPÍTULO 3

MÉTODO

3.1. Participantes

Foram selecionados 20 estudantes, com idade entre 11 e 14 anos, que

cursavam o ensino fundamental em uma escola particular de Vitória-ES. Os

participantes foram selecionados em igual número em relação ao sexo. Estes

critérios de seleção foram adotados em função de se obter participantes na qual

discrepâncias em relação as suas características não se transformassem em mais

uma variável a ser analisada.

A seleção dos participantes foi direta e influenciada, pois os mesmos foram

convidados pelo próprio experimentador na qualidade de voluntários e receberam

informações básicas quanto à natureza do estudo, local, período de participação e

tipo de atividade que realizariam. Além disso, os responsáveis pelos participantes

receberam do experimentador um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) para ser lido e assinado, no qual foram informados sobre seus direitos,

segurança e privacidade (Anexo 1). O TCLE também informou que os

participantes poderiam desistir a qualquer momento, sem que houvesse nenhum

tipo de prejuízo para os mesmos. Caso isto ocorresse, para manter o número

planejado de participantes, o experimentador previu convidar outro participante

que se encaixasse nos critérios de seleção. Entretanto, isto não foi necessário.

Como forma de controle de vieses, os participantes não foram convocados

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às sessões experimentais (descritas adiante) em grupo, para que não

compartilhassem informações sobre o procedimento. Para garantir o controle

maior sobre esta variável, eles receberam instruções para não divulgar os

resultados individuais ou comentar sobre o procedimento entre si. Isto visou

garantir que a programação das contingências não fosse discriminada a partir de

informações compartilhadas (por exemplo, o número de cupons ganhos ao final

do experimento era o mesmo para todos os participantes, e essa informação

poderia facilitar a discriminação da programação pelos participantes).

3.2. Instrumentos e material

As sessões experimentais foram realizadas no ambiente do laboratório de

Psicologia Experimental da Universidade Federal do Espírito Santo, livre de

interferências externas, equipado com um computador notebook , com um

processador de 2.0 Ghz, 512 Mb Ram, disco rígido de 40 Gb, monitor colorido de

15’’, mouse e caixas acústicas com potência de 1500 watts pmpo. Durante a

sessão experimental, o computador esteve disposto sobre uma mesa. O

experimentador permaneceu no laboratório dando as instruções necessárias para

a execução do procedimento. Além do computador, foi disponibilizado aoparticipante um cartão com instruções escritas para o procedimento (cartão-

instrução impresso). O experimentador e dois alunos de graduação treinados na

técnica de registro cursivo de comportamentos tinham acesso a um formulário

com algumas questões para serem preenchidas por ele durante e após a

execução da tarefa (Anexo 2).

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O software utilizado contém um programa específico para o estudo dos

efeitos de diferentes contingências programadas sobre o comportamento verbal

tacto – Psychotacto (Cunha, Chequer, Cunha, Martinelli & Borloti 2004), em sua

versão 2.0. O programa é executado em ambiente Windows e apresenta janelas

para o cadastramento dos dados do participante (identificação, idade, sexo,

naturalidade e escolaridade). Durante o procedimento, o computador apresenta

em sua tela quatro estímulos similares a cartas, sendo uma localizada na parte

superior central da tela (estímulo modelo) e as demais alinhadas horizontalmente,

na parte inferior da tela (estímulos de comparação). À direita do estímulo modelo

há um display de contagem de pontos (ou de cupons para o sorteio de cinqüenta

reais, R$ 50,00, cuja função é descrita a seguir). Respostas (cliques) em uma das

cartas inferiores disponibilizam na tela uma conseqüência (pontos acrescentados

ou retirados do display, dependendo da contingência em vigor; e desenho de um

rosto feliz ou triste), que indica se a resposta dada pelo participante está certa ou

errada, respectivamente (Figura 1).

Telas com uma conseqüência programada - Figura 1

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O número de “acertos” e “erros” já está programado, e estes são

randomizados, de modo que os “acertos” e “erros” de cada participante ocorra de

acordo com a programação prévia. O sistema processa relatórios para

visualização em vídeo (Figura 2) informando o número de tentativas, quantas

vezes o participante clicou em cada estímulo comparação, acertos e erros e a

latência de respostas (tempo, em segundos, entre a apresentação do estímulo

modelo e a resposta de clicar em uma dos estímulos comparação). Os gráficos

podem ter as suas escalas configuradas de acordo com a necessidade do

pesquisador. Um exemplo dessa necessidade é quando ocorrem respostas com a

latência muito baixa, o que dificulta a leitura do gráfico. Neste caso, o pesquisador

configura o gráfico com uma escala menor.

Relatórios em vídeo - Figura 2

Foi utilizado também um monitor de freqüência cardíaca Heart  HR102 para

monitorar os batimentos cardíacos dos participantes durante as fases do

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procedimento.

3.3. Delineamento experimental

Entre os meses de setembro e outubro de 2006, conforme previsto no

cronograma do projeto desta pesquisa, os dados foram coletados7. Cada

participante foi encaminhado ao laboratório e solicitado a sentar-se diante do

computador, ao lado do qual havia o cartão-instrução. As únicas informações a

que os participantes tiveram acesso se referiram ao procedimento, e foram

disponibilizadas tanto na tela do computador, quanto no cartão-instrução. Os

observadores estavam disponíveis no laboratório e, de posse de protocolos de

registro e de definições comportamentais (Anexo 2), observaram e registraram a

ocorrência de eventos comportamentais públicos esperados, que foram tratados e

analisados como dados experimentais. O estudo piloto permitiu a definição

comportamental de eventos motores (“fazer sinal de não com a cabeça”, “sorrir”,

“balançar pernas”, “fazer contas nos dedos”) e verbais (“que saco”, “não vou

ganhar mais não?”, “agora aprendi”, “que barulho chato”, “que medo”, “não quero

mais jogar não”). Os alunos também auxiliaram a colocação do monitor de

freqüência cardíaca na posição adequada no corpo dos participantes antes doinício do procedimento.

Após o participante sentar em frente ao monitor e ser cadastrado no

programa, o procedimento iniciou-se com a seguinte instrução: “Você terá a sua

frente uma tela de computador com 4 cartas, sendo que uma estará à mostra

7 Duas cópias em arquivo digital dos dados coletados estão disponíveis: uma destinada ao próprio

pesquisador, e outra destinada a Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Psicologia daUFES, como medida de proteção relacionada à divulgação dos resultados.

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(carta modelo), e outras três ocultas. Sua tarefa será tentar acertar, através de um

clique com o mouse, qual das três cartas ocultas é igual à carta modelo. Ao clicar

em uma das cartas, o computador informará se sua resposta está certa ou errada

e o número de cupons que você terá direito para concorrer ao sorteio de

cinqüenta reais. Você receberá esses cupons ao longo da tarefa, de acordo com o

número exibido na parte superior direita da tela. Tente acertar o máximo possível,

pois quanto mais cupons você ganhar, mais chance terá que ganhar o sorteio de

cinqüenta reais. Quando a tarefa terminar você será avisado. Compreendeu?

Caso seja necessário, poderá consultar o cartão que está ao seu lado. Clique em

iniciar para começar a tarefa”. Após ouvir ou ler a instrução geral, o participante

clicava no botão “iniciar a tarefa” e, então, aparecia na tela uma configuração

semelhante à mostrada na Figura 1.

Cada participante ganhava cupons (que foram iguais para cada

participante) para participar do sorteio de R$ 50,00 (cinqüenta reais), um

reforçador condicionado potencial. Portanto, o participante se comportava e,

durante o desenrolar do procedimento, seus “acertos” e “erros” eram convertidos

em números de cupons no display da tela para concorrer ao sorteio do dinheiro.

Critchfield, et al. (2003) verificaram que o dinheiro era um reforçador efetivo,

assim como a perda de dinheiro era também um punidor efetivo, sendo esse ocritério adotado para a utilização do dinheiro ao invés de outros reforçadores. De

fato, o valor reforçador generalizado dos cupons (associados à possibilidade de

ganhar dinheiro) tornou mais efetivos os efeitos das contingências.

As quatro contingências (Reforçamento Positivo, Reforçamento Negativo,

Punição Positiva e Punição Negativa) foram agrupadas e compuseram dois

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procedimentos compostos por duas fases cada: Procedimento 1) Reforçamento

Positivo (fase 1) e Punição Negativa (fase 2), e Procedimento 2) Punição Positiva

(fase 1) e Reforçamento Negativo (fase 2). Este agrupamento se deveu ao fato de

que para se garantir que o participante seja exposto à Punição Negativa, ele deve

passar por uma história de Reforçamento Positivo e, para ser exposto ao

Reforçamento Negativo, deve passar por uma história de Punição Positiva

(Sidman, 1989/1995). Deste modo, cada procedimento possui um total de cem

telas, sendo cinqüenta telas para cada agrupamento de contingência.

Cada fase apresenta dois momentos. Em um deles predomina um

esquema em que o reforçador é apresentado de uma maneira intermitente, e no

outro, um esquema de reforço contínuo (CRF) ou punição num esquema

contínuo. A distribuição dos reforçadores nesses esquemas visou evitar que o

participante discriminasse que o procedimento envolvia resultados programados.

Esta modificação técnica foi feita após o estudo piloto para testagem do software

quando foi verificado que o tipo de esquema alterava o controle que a

contingência operando no software exercia sobre os eventos privados e sobre seu

relato. Este tipo de variação de esquemas de reforçamento também foi utilizada

para dificultar a discriminação da contingência em vigor por Jacobs & Hackenberg

(2000).Portanto, os “acertos” e “erros” foram variáveis controladas ao longo do

procedimento, a partir de uma contingência específica com esquemas

específicos. A tabela 2 especifica a programação em cada momento. Os critérios

para escolha do número de acertos e erros para cada momento estão ligados ao

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tipo de contingência à qual os participantes foram expostos. A contagem de

cupons durante o procedimento é cumulativa.

Programação dos erros e acertos em função dos esquemas

de reforço (ou punição) nos momentos do experimento – Tabela 2

Contingência 1º Momento

Esquema de Reforços

Intermitentes

(Conseqüências Randomizadas)

2º Momento

Esquema de Reforço (ou Punição)

Contínuo

Reforçamento Positivo 10 acertos 10 erros 30 acertos 0 erros

Punição Negativa 6 acertos 6 erros 0 acertos 38 erros

Punição Positiva 8 acertos 8 erros 0 acertos 34 erros

Reforçamento Negativo 5 acertos 5 erros 40 acertos 0 erros

A tabela 3 apresenta a distribuição das contingências programadas e das

telas durante os procedimentos, explicitando como os acertos e erros ficaram sob

controle de esquemas de reforçamento diferentes de modo a que o participante

não discriminasse a variável independente (contingências programadas).

Programação por procedimento, de erros e acertos em cada contingência - Tabela 3

Distribuição das

Contingências em

Procedimentos

Contingência

Tela 1 a 50

(distribuição aleatória)

Contingência

Tela 51 a 100

(distribuição aleatória)

40 acertos 6 acertosProcedimento 1

Ref. + / Pun. -

Reforçamento

Positivo 10 erros

Punição

Negativa 44 erros

Procedimento 2 Punição Positiva 8 acertos 45 acertos

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Pun. + / Ref. - 42 erros Reforçamento

Negativo

5 erros

Os 20 participantes foram divididos em 2 grupos iguais, com 10

participantes cada, sendo 5 meninos e 5 meninas. Cada grupo foi submetido a um

procedimento. No Procedimento 1, os 10 participantes clicavam, “acertavam” e

recebiam cupons para o sorteio (Reforçamento Positivo); ou clicavam, “erravam” e

perdiam os cupons que haviam recebido (Punição Negativa). Durante o

procedimento 2 as contingências “incluem os eventos que, no linguajar comum,

chamamos de `irritantes´, `desconfortáveis´, `dolorosos´, `desagradáveis´,

`nocivos´ e assim por diante” (Millenson, 1967, p. 383). Assim, na contingência de

Punição Positiva houve um ruído incômodo (som de choque na potência máxima

do amplificador do equipamento), que foi apresentado por 3 segundos toda vez

que houve a ocorrência de uma resposta “errada”. Na contingência de

Reforçamento Negativo houve a presença do mesmo ruído, porém, esse foi

contínuo até que a resposta “certa” o interrompeu por 3 segundos8. Esse ruído foi

claramente incômodo, porém não nocivo, conforme esclarecido na seção Análise

de Riscos.

8  Uma pergunta poderia surgir diante da utilização da punição: como manter o responder numa operação de punição, se uma dascaracterísticas da punição é a supressão de respostas? Uma pista da resposta é fornecida por Skinner (1989/2003c), que diz que a programação para o responder, em um esquema de reforçamento intermitente produz a manutenção de comportamentos resistentes àextinção8 na ocasião em que reforçadores ocorrerem infreqüentemente. Por isso, durante a fase na qual o participante foi exposto à punição positiva, foi usado um esquema de reforçamento intermitente, no qual o sujeito teve acesso a reforços esporádicos, conforme

 programação exposta no Tabela 3.

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Programação das conseqüências para “erros” e “acertos”

para as contingências - Tabela 4

Contingência Conseqüência para Resposta“Certa”

Conseqüência para Resposta“Errada”

Reforçamento Positivo Ganhar 1 cupon para o sorteio de

50 reais.

Não produz conseqüência.

Punição Negativa Ganhar 1 cupon para o sorteio de

50 reais.

Perder um cupon para o sorteio

de 50 reais.

Punição Positiva Ganhar 1 cupon para o sorteio de

50 reais.

Som aversivo por três (3)

segundos.

Reforçamento Negativo Parar som aversivo (contínuo

nessa fase) por três (3) segundos.

Não produz conseqüência.

Na metade de cada fase do procedimento, os participantes foram

interrompidos quando apareceu na tela uma mensagem na qual se lia “Você está

na metade da tarefa. Agora responda, qual dos sentimentos corresponde mais

precisamente ao que você sentiu durante esta primeira metade da tarefa? Marque

sua resposta na folha ao lado”. Ao final do experimento o participante também

respondeu outra pergunta semelhante: “Você terminou a tarefa. Agora responda,

qual dos sentimentos abaixo corresponde precisamente ao que você sentiu

durante esta segunda metade da tarefa?”. Junto com essa mensagem, tanto na

metade quanto no final dos procedimentos, a tela disponibilizou uma questão de

múltipla escolha com doze (12) opções de respostas de “nomes de sentimentos”

para que o participante escolhesse uma opção e a assinalasse com um “x”. As

perguntas foram feitas na metade e após cada procedimento para aumentar a

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validade do relato, a partir das afirmações de Engelmann (1978) e Kritch &

Bostow (1993), discutidas no Capítulo 2.

As opções disponíveis para os participantes foram: Alegria, Satisfação,

Contentamento, Frustração, Desapontamento, Tristeza, Medo, Raiva,

Aborrecimento, Ansiedade, Apreensão e Alívio. Estes nomes de sentimentos

foram escolhidos em função das informações da Tabela 1. Tais opções

descrevem os principais, e mais típicos, estados corporais supostamente eliciados

por cada contingência. Esse critério obedeceu à probabilidade de uma resposta à

opção com maior probabilidade de reforçamento prévio por uma parte da

comunidade verbal dos participantes. Para certificação da validade desse critério,

durante o estudo piloto foi feita a seguinte pergunta: “Os sentimentos disponíveis

nas opções de respostas do questionário representam adequadamente o que

você sentiu? Você acha que sentiu algo que não estava escrito? Em caso de

resposta positiva, enumerar os sentimentos”. Todos os participantes (N=30) do

estudo piloto consideraram que os sentimentos disponíveis no questionário eram

suficientes para descrever os estados corporais que eles observaram

introspectivamente. Oliveto, et al. (1992) também utilizaram relatos com opções

em um questionário.

Ao final de cada procedimento, os participantes eram solicitados a falarsobre o que fizeram para conseguir ganhar mais cupons, como maneira de ter

acesso a controles instrucionais de comportamentos. Uma vez que as

contingências eram programadas, tais comportamentos foram classificados como

supersticiosos. A partir dessas respostas, foram tateadas regras que

supostamente exerceram controle instrucional para “acertar” a posição da carta

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“correta” entre os estímulos de comparação. Em geral, na inferência das regras

seguiu-se uma moldura autoclítica “Se-Então” (Todorov, 1985) nas verbalizações

dos participantes, entretanto, a parte da suposta contingência envolvendo a

partícula “Se” nem sempre era verbalizada. A descrição desta forma de inferência

encontra-se na sessão seguinte.

Em relação à medida dos batimentos cardíacos dos participantes, esta foi

obtida em 3 momentos: no início, na metade e no fim de cada uma das fases.

Em síntese, o procedimento permitiu a medição de algumas variáveis. A

variável independente da pesquisa a ser dissertada é o número de “acertos” e

“erros”do sujeito (juntamente com o ganhar e perder cupons ou produzir ou cessar

ruídos aversivos), na medida em que o experimento é uma situação programada.

Outra variável analisada foi o sexo do participante, visando identificar

regularidades associadas aos dois grupos. Sendo assim, as variáveis

dependentes foram: relados dos eventos privados (acessados indiretamente via

relato sobre o que o participante sentiu durante a tarefa), a latência da resposta

“clicar no mouse” e a freqüência cardíaca e os comportamentos observados e

registrados.

3.4. Procedimento de tratamento e análise dos dados

Os dados qualitativos dos participantes tais como sexo, comportamentos

verbais e motores emitidos durante as sessões, bem como as opções assinaladas

da lista de nomes de sentimentos, foram digitados em um protocolo específico

(Anexo 3), com exceção dos cliques no mouse, que foram registrados

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automaticamente pelo software. As verbalizações digitadas foram agrupadas por

participante e por contingência de modo a permitir inferências razoáveis sobre

tactos possivelmente correspondentes aos eventos privados eliciados pelas

contingências (essas também foram associadas a comportamentos motores

possivelmente correspondentes).

Seguindo o modelo proposto por Hackney & Nye (1973/1977), que

preconiza a existência, no repertório verbal vocalizado, de palavras-chave que

indicam sentimentos, o pesquisador lia várias vezes cada verbalização e inferia a

palavra-chave que poderia estar indicando um sentimento; em seguida, sua

inferência era corroborada por outro analista do comportamento. Duas categorias

de palavras-chave foram listadas: 1) palavras-chave que descreviam

comportamentos e, diretamente, sentimentos (em geral, gramaticalmente, eram

verbos); e 2) palavras-chave que qualificavam a contingência em vigor (em geral,

gramaticalmente, eram substantivos e adjetivos). Assim, a verbalização “Entendi

esse jogo”, da qual a palavra “Entender” foi considerada chave, ilustra um

elemento da primeira categoria; a verbalização “Entendi esse jogo”, da qual a

palavra “Jogo” foi considerada chave, ilustra um elemento da segunda categoria.

Em seguida, essas descrições e qualificações inferidas eram comparadas aos

nomes de sentimentos sugeridos na literatura para cada contingência (Tabela 1) epelos nomes de sentimentos indicados por cada participante, de modo a reforçar

o tacto emitido pelo pesquisador diante daquilo que os participantes poderiam

estar tacteando como “sentido” durante o procedimento.

Como feito com os verbais, os comportamentos motores, exceto os cliques

no mouse, também foram registrados pelos observadores treinados e,

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posteriormente, digitados no protocolo específico, também por participante e por

contingência. Tais comportamentos compuseram 5 das categorias dentre aquelas

consideradas componentes motores da comunicação (Caballo, 2003), e que

foram mais emitidas durante o procedimento: 1) expressão facial, 2) sorrisos, 3)

movimentos de cabeça, 4) movimentos de pernas e/ou pés e 5) olhar. Segundo

as análises de Hackney & Nye (1973/1977), e de Caballo (2003), em

concordância com o que disse Damásio (1999/2002), essas respostas motoras

foram consideradas acompanhamentos públicos de eventos privados “sentidos”.

Os dados quantitativos foram tratados por métodos gráficos de

representação das variáveis investigadas. Foi utilizada como estratégia de análise

de dados a estatística descritiva e inferencial, que se seguiu ao levantamento: 1)

dos tactos de eventos privados e de um pareamento desses com a contingência

correspondente que vigorava; 2) da correspondência entre os tactos registrados e

aqueles sugeridos nas análises inferenciais (Tabela 1); 3) da latência da resposta

“clicar no mouse”, em cada tela e em cada contingência; e 4) das medidas da

freqüência cardíaca.

Para elaboração dos gráficos e análise dos dados, foram considerados os

valores médios dos participantes, uma vez que não foram identificadas

discrepâncias entre os dados coletados.Num momento posterior os dados qualitativos e quantitativos foram

analisados de modo integrado, considerando também um possível controle

instrucional sobre os “acertos” e “erros” dos participantes (regras). O controle

instrucional foi inferido de indicadores de descrições das contingências que

vigoraram em cada fase do procedimento. Como o uso de regra não é

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objetivamente observável, o pesquisador usou duas das cinco evidências

indiretas desse uso, descritas por Reese (1989): 1) regularidade na emissão de

um comportamento motor do qual se inferiu a regra (por exemplo, verbalizar

“Números são sempre no meio” e clicar na carta do meio quando o estímulo

modelo era uma carta com número), 2) continuidade e descontinuidade do

comportamento motor em função da operação de uma nova contingência (por

exemplo, dizer “Agora tô perdendo cupons?” quando mudou a contingência). As

demais evidências indiretas (“consciência”, consistência e generalização do uso

da regra) foram descartadas, pois foram julgadas mais adequadas para a análise

de dados coletados em entrevista. As regras assim inferidas foram digitadas no

protocolo específico, por participante e por contingência, e apresentadas na seção

Resultados e Discussão numa moldura autoclítica do tipo “se-então”, conforme

feito nos estudos de Borloti (1998) e Figueiredo (2005), a partir da instrução de

Todorov (1985). Por exemplo, da verbalização “Números são sempre no meio” foi

inferida o uso da regra “se a carta modelo for um número, então clique na carta do

meio”.

Outros indicadores de variáveis ambientais (religiosas ou familiares, por

exemplo), informadas espontaneamente durante o procedimento, foram

considerados na análise dos dados, seja como reforçamento acidental e/ouadicional ao procedimento. Um dos participantes, por exemplo, uma menina de 14

anos, era de uma religião evangélica e rezava muito durante o procedimento,

pedindo ajuda a Deus durante as contingências aversivas e agradecendo quando

conseguia emitir um comportamento de fuga a essas contingências. Um outro, um

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menino de 11 anos, verbalizava sempre o quanto seu pai se orgulharia caso

estivesse no laboratório observando o seu desempenho na tarefa.

Embora se esperasse certa similaridade nas respostas, devido ao fato de

os participantes não apresentarem diferenças culturais díspares, a ação de

comunidades verbais específicas nas suas histórias ontogenéticas poderia

controlar uma variabilidade comportamental. Tal variabilidade foi contemplada em

uma análise estatística que não mascaram os resultados individuais, no que diz

respeito, especificamente, ao tacto de sentimentos e à latência da resposta “clicar

no mouse”. Essa foi uma estratégia utilizada para prevenir resultados baseados

em conclusões precipitadas. Certamente, novos estudos serão indicados para

aumentar a confiabilidade de afirmações sobre a generalidade das respostas dos

participantes, conforme aponta a Conclusão adiante.

3.5- Riscos

Não foi previsto qualquer tipo de risco para os participantes. O emprego de

punição ou de reforçamento negativo, apesar de se caracterizar pelo uso de

estimulação aversiva, não foi nocivo ou danoso ao organismo; apenas

desagradável e irritante num limite que não ofereceu riscos. Por outro lado,apesar de terem sido empregados reforçadores e punidores potenciais, a

referência à punição e ao reforçamento não se limita às propriedades do estímulo

envolvido. A referência a tais processos se deve ao efeito obtido sobre o

responder que informa o aumento ou diminuição da sua freqüência mediante a

manipulação das variáveis experimentais. Neste sentido, punição tem sua

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referência ao conjunto de procedimentos que afetam o responder diminuindo sua

freqüência; e reforçamento ao aumento de freqüência do responder. Um estímulo

será reforçador ou punitivo em função das condições apresentadas em sua

utilização, não sendo necessariamente, decorrentes do estímulo em si, ou seja,

um estímulo poderá em uma ocasião ser “reforçador” (aumento de freqüência do

responder) e em outra “punitivo” (diminuição da freqüência do responder) diante

da programação experimental (delineamento experimental).

Como previsto a partir da execução do estudo piloto, nenhuma ação do

experimentador ou característica do equipamento ou do procedimento afetou de

forma nociva os participantes. Desta forma, este estudo manteve as propriedades

que preservaram a integridade dos mesmos. O incômodo gerado foi um efeito

direto de parte do procedimento empregado na coleta de dados e esse incômodo

e seu impacto sobre o responder observável consistiu exatamente naquilo que

seria gerado e analisado pelo delineamento experimental nas condições já

descritas como o procedimento.

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CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados deste estudo estão apresentados a seguir, a partir de

gráficos e tabelas elaborados de acordo com os seus objetivos. Para os cálculos

usados na elaboração dos gráficos foi utilizada a estatística descritiva.

No Gráfico 1, verifica-se a freqüência absoluta e relativa dos relatos de

sentimentos dos participantes em cada contingência.

A partir das informações contidas no Gráfico 1, pode-se perceber que os

participantes expostos ao Procedimento 1 (N=10), após a fase Reforçamento

Positivo, relataram que durante essa fase sentiram contentamento (N=3, 30%),

ansiedade (N=3, 30%), satisfação (N=2, 20%) e alegria (N=2, 20%). Por outro

Tactos de eventos privados de acordo com a contingência -Gráfico 1

2 3 2

5 2

3 1 2

4

2

3

3

2

1

3

2

0% 20% 40% 60% 80% 100%

ReforçamentoNegativo

Punição Positiva

Punição Negativa

ReforçamentoPositivo

Satisfação

Contentamento

Alegria

Frustração

Desapontamento

Tristeza

Raiva

Medo

Aborrecimento

Ansiedade

Apreensão

Alívio

 

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lado, quando expostos à fase Punição Negativa do mesmo Procedimento 1,

relataram que sentiram frustração (N=5, 50%), desapontamento (N=2, 20%),

tristeza (N=2, 20%) e apreensão (N=1, 10%).

Já os participantes expostos ao Procedimento 2 (N=10), durante a fase

Punição Positiva, relataram que sentiram raiva (N=3, 30%), aborrecimento (N=2,

20%), ansiedade (N=2, 20%), apreensão (N=2, 20%) e medo (N=1, 10%). Já

durante a fase Reforçamento Negativo, desse mesmo Procedimento 2, os

participantes relataram que sentiram ansiedade (N=4, 40%), apreensão (N=3,

30%) e alívio (N=3, 30%).

Considerando que no questionário as opções de nomes de sentimentos

foram divididas em blocos, os sentimentos relatados pelos participantes foram

informados no gráfico divididos em blocos por cores: azul (Reforçamento

Positivo), verde (Punição Negativa), laranja (Punição Positiva) e cinza

(Reforçamento Negativo). Esta divisão foi feita a partir da Tabela 1, de acordo

com a inclusão de um nome de sentimento como “esperado” para cada uma das

quatro contingências.

Desta forma, de acordo com o Gráfico 1 e a divisão dos sentimentos em

blocos de cores, pode-se perceber que no Procedimento 1 – fase Reforçamento

Positivo os relatos de sentimentos inferidos como produtos do reforçamentopositivo (cor azul) foram respondidos por 70% (N=7) dos participantes. Por outro

lado, nessa mesma fase houve 30% (N=3) de relatos de sentimentos que, de

acordo com a Tabela 1, estariam relacionados ao Reforçamento Negativo. Ainda

durante o Procedimento 1 – fase Punição Negativa, os relatos de sentimentos

inferidos como produtos da punição negativa foram respondidos por 90% (N=9)

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dos participantes. Entretanto, nessa mesma fase houve 10% (N=1) de relatos de

sentimentos convencionalmente relacionados ao Reforçamento Negativo.

No Procedimento 2 – fase Punição Positiva os sentimentos que estariam

relacionados à punição positiva foram respondidos por 60% (N=6) dos

participantes. Entretanto, 40% (N=4) dos participantes relataram também

sentimentos relacionados ao Reforçamento Negativo. Já no Procedimento 2 –

fase Reforçamento Negativo os sentimentos que estariam relacionados ao

Reforçamento Negativo foram respondidos por 100% (N=10) dos participantes.

Ao fazer uma comparação entre os nomes de sentimentos descritos na

Tabela 1 e o relato de sentimentos pelos participantes podemos inferir que as

contingências programadas produziram os estados corporais descritos pelos

participantes, por meio do relato verbal, que aproximou-se de forma

correspondente aos sentimentos descritos como produto de cada uma das quatro

contingências programadas nos procedimentos. De acordo com muitos dos

analistas de comportamento, cujos trabalhos compõem a Tabela 1, considera-se

que, em geral, os relatos de sentimentos em cada contingência são relatos

“esperados”, e isto pôde ser produzidos nas contingências programadas.

Durante o Procedimento 2, na Fase Punição Positiva, 60% (N=6) dos

participantes relataram que sentiram medo, raiva e aborrecimento, enquanto osrelatos de ansiedade e apreensão tiveram freqüência de 60% (N=6). Esses

relatos também podem ser considerados “esperados”, a partir das afirmações de

Millenson (1967/1973) e Sidman (1989/1995), que dizem que o uso de

estimulação aversiva pode estar relacionado a esse tipo de relato de sentimentos.

Já durante a Fase Reforçamento Negativo predominaram os relatos de

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ansiedade, apreensão e alívio (100%; N=10), considerados “esperados”, o que

denota que o ruído, estímulo antes neutro, passou a ser um aversivo

condicionado ao ser pareado com o erro; ou então, que esses sentimentos

estiveram associados a uma sensação produzida pela remoção da estimulação

aversiva.

Mesmo os relatos que tradicionalmente deveriam ser o resultado de uma

outra contingência podem ser considerados “esperados”. Nas fases Reforçamento

Positivo e Punição Negativa, por exemplo, os relatos de ansiedade e apreensão

são “esperados”. Ao analisar as vocalizações e as regras elaboradas pelos

participantes, foi inferido que as ocorrências desses relatos se devem ao fato de

os mesmos estarem participando de um jogo, o que pode indicar que ansiedade e

apreensão se aproximam de “excitação” ou “emoção”. Há algumas explicações

para isto. Skinner (1974/2003b) afirma que todos os sistemas de jogos se

baseiam em esquemas de reforço intermitente, embora seus efeitos sejam

geralmente atribuídos a sentimentos. Para Skinner, freqüentemente, as pessoas

dizem jogar pela excitação (que exerce a função de reforçador interoceptivo), mas

este sentimento é entendido como um produto colateral das contingências de

reforçamento que definem um jogo. Então, de acordo com a análise de Skinner,

os relatos de ansiedade e apreensão poderiam ocorrer nessas fases.De todo modo, considerando ou não a análise funcional das respostas

supostamente “não esperadas”, a comparação entre os relatos de sentimentos

dos participantes e as descrições de sentimentos referenciadas pelas obras

consultadas sugere uma considerável correspondência entre a resposta emitida

pelo participante e aquelas consideradas “esperadas”. As respostas “não

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esperadas” podem ser consideradas como variações nos relatos “esperados” e

podem ser interpretadas pelo que propõe Millenson (1967/1973). Segundo ele

algumas emoções, aparentemente diferentes, podem ser consideradas

correspondentes a diferenças na intensidade do reforçador positivo ou negativo

em que estão baseadas, de acordo com a história do participante e a intensidade

da contingência atual operando sobre seu comportamento. Portanto, a variação

desses relatos “esperados” sugere que a sua emissão pode ter sido determinada

por idiossincrasias da história ontogenética dos participantes, como já havia sido

sugerido por Ono (2004), que demonstrou o quanto à história prévia interfere de

modo decisivo, na resposta de escolha. Por exemplo, um dos participantes, um

menino de 11 anos, realizava a tarefa pensando em como o seu pai ficaria

orgulhoso de seu desempenho e isto pode ter adicionado um valor potencial ao

reforçador empregado. Essa história prévia também pode ter exercido controle

sobre o seu comportamento de escolha quando, na fase 2, ele tenta formular uma

regra semelhante à da fase 1, tentando apenas variar a ordem de seqüência das

Sentimentos de acordo com o sexo e a contingência -Gráfico 2

1

1

2

1

1

1

3

2

1

1 2

2

1

1

2

2

1

1

1

1

2

2

2

1

1

1

1

2

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Reforçamento Negativo Meninas

Reforçamento Negativo Meninos

Punição Positiva Meninas

Punição Positiva Meninos

Punição Negativa Meninas

Punição Negativa Meninos

Reforçamento Positivo Meninas

Reforçamento Positivo Meninos

Satisfação

Contentamento

Alegria

Frustração

Desapontamento

Tristeza

Raiva

Medo

Aborrecimento

Ansiedade

Apreensão

Alívio

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cartas clicadas, e relatando que nessa fase, ele não havia entendido a regra.

No Gráfico são apresentados os relatos dos participantes de acordo com

sexo e a contingência a que foram expostos. Os resultados visualizados não

permitem identificar nenhuma diferença significativa no que diz respeito à variável

sexo e a estes resultados se aplicam as mesmas explicações aos resultados

gerais descritos anteriormente.

Os Gráficos a seguir apresentam a latência média de resposta dos

participantes durante os Procedimentos 1 e 2. A latência média se refere ao

tempo médio (em segundos) entre a apresentação do estímulo modelo (carta na

parte superior da tela) e o clique em um dos estímulos comparação (localizados

na parte inferior da tela). Para esse cálculo médio, foram somados os tempos de

latência de todos os participantes, em cada fase de cada procedimento, e o

resultado foi dividido pelo número de participantes.

De acordo com o delineamento experimental, durante cada uma das duas

fases dos Procedimentos 1 e 2 havia dois momentos: um no qual predominava

um esquema de reforço intermitente e, depois, um outro no qual predominava um

esquema de reforço contínuo (CRF), ou punição num esquema contínuo. Como

descrito no Capítulo 3, essa estratégia foi adotada para que o participante não

discriminasse nem a contingência a que estava sendo exposto e nem que ela erauma contingência programada. De fato isto ocorreu.

No Gráfico 3 vê-se que durante a fase de Reforçamento Positivo do

Procedimento 1, num primeiro momento, quando opera um esquema de reforço

intermitente, os participantes iniciam respondendo ao procedimento com uma

latência de resposta de aproximadamente 10 segundos, que logo em seguida

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diminui para valores entre 3 e 5 segundos. Já no momento em que predomina um

esquema de reforçamento contínuo, a latência das respostas diminui e varia entre

1 e 3 segundos.

.

Na fase de Punição Negativa do Procedimento 1, no primeiro momento

(reforço intermitente), e no momento quando os participantes apenas erram, a

latência se mantém entre 2 e 4 segundos e no final diminui para 2 segundos, com

um pequena variação ao final do Procedimento. Essa variação na latência se

relaciona com os resultados encontrados nos estudos de Landon, et al. (2003) e

Ono (2004), que registraram alterações nas taxas de respostas em diferentes

esquemas de reforçamento.

Latência Média da Resposta em cada tela durante oProcedimento 1 - Gráfico 3

00:00

00:01

00:02

00:04

00:05

00:07

00:08

00:10

00:11

00:12

00:14

  1 4 7   1   0   1   3   1   6   1   9    2   2    2   5    2   8    3  1    3  4    3   7   4   0   4   3   4   6   4   9    5   2    5   5    5   8    6  1    6  4    6   7    7   0    7   3    7   6    7   9    8   2    8   5    8   8    9  1    9  4    9   7   1   0   0

   L  a   t   ê  n  c   i  a   d  e   R  e  s  p  o  s   t  a   (  s  e  g  u  n   d  o  s   )

Fase Reforçamento Positivo - Momento Reforço Intermitente

Fase Reforçamento Positivo - Momento Reforço Contínuo

Fase Punição Negativa - Momento Punição Intermitente

Fase Punição Negativa - Momento Punição Contínua

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Considerando os sentimentos contidos na Tabela 1, podemos descrever

que a latência mais alta no início da fase de Reforçamento Positivo pode ser

considerada como correlato de “interesse”. Os relatos verbais durante essa fase

do Procedimento 1 permitem inferir este estado corporal que provavelmente

acompanha a latência da resposta motora “clique no mouse”: à medida que os

participantes foram expostos às contingências programadas eles passaram a

tentar descrever a contingência que poderia estar definindo as fases do

Procedimento e tais tentativas eram acompanhadas de mudanças na latência. Ao

passar para um esquema de reforçamento contínuo, a diminuição da latência de

resposta pode ser interpretada como um aumento da “confiança”, pois os

participantes verbalizavam ter descoberto a “regra” para se ganhar os cupons;

essa “confiança” parecia permanecer enquanto eles ignoravam o fato de o

Procedimento envolver resultados programados (a formulação de regras será

melhor discutida posteriormente, quando serão apresentadas e discutidas as

verbalizações dos participantes durante os Procedimentos). “Confiança” e

“interesse” têm sido, com freqüência, nomes para sentimentos relacionados aos

esquemas de reforçamento (Skinner, 1974/2003b), entretanto, os dados de

latência de resposta sugerem que esta parece ser um indicador mais preciso da

existência de certos estados corporais do que os nomes de sentimentos.Na fase Punição Negativa, o aumento da latência no início da Fase pode

estar relacionado a uma mudança na regra formulada pelos participantes: em

geral eles pareciam mudar a regra após buscarem testar a regra que formularam

na fase anterior. Entretanto, essas tentativas são vãs e à medida que eles foram

expostos a um esquema de punição contínua, a latência das respostas diminuiu e

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disto pode-se inferir um “desinteresse”, que poderia ser um tipo de sentimento

similar à “frustração”, esperado em uma situação na qual predomina a retirada de

reforçadores habituais (Skinner, 1974/2003b). A diminuição da latência de

resposta seria uma variação do “parar de responder”, já que nenhum participante

abandonou o procedimento.

No Gráfico 4 vê-se que durante a Fase de Punição Positiva, num primeiro

momento, quando opera um esquema de reforço intermitente, os participantes

iniciam o Procedimento 2 com uma latência de resposta de aproximadamente 10

segundos, que diminui para valores entre 2 e 5 segundos. Já no momento em que

predomina um esquema de punição contínua, esses valores entre 2 e 5 segundos

Latência Média da Resposta em cada tela durante oProcedimento 2 - Gráfico 4

00:00

00:01

00:02

00:04

00:05

00:07

00:08

00:10

00:11

00:12

00:14

  1 4 7   1   0   1   3   1   6   1   9    2   2    2   5    2   8    3  1    3  4    3   7   4   0   4   3   4   6   4   9    5   2    5   5    5   8    6  1    6  4    6   7    7   0    7   3    7   6    7   9    8   2    8   5    8   8    9  1    9  4    9   7   1   0   0

   L  a   t   ê  n  c   i  a   d  e   R  e  s  p  o  s   t  a   (  s  e  g  u  n   d  o  s   )

Fase Punição Positiva - Momento Punição Intermitente

Fase Punição Positiva - Momento Punição Contínua

Fase Reforçamento Negativo - Momento Reforço Intermitente

Fase Reforçamento Negativo - Momento Reforço Contínuo

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se mantém. Na Fase de Reforçamento Negativo, no primeiro momento (reforço

intermitente) percebe-se um pico na latência de resposta, logo na mudança de

contingência, e, a partir daí, ocorre uma diminuição súbita da latência de resposta,

que se mantém entre 1 e 2 segundos, sem variações ao longo do segundo

momento.

Considerando novamente a Tabela 1, pode-se interpretar que a demora no

responder durante a fase de Punição Positiva pode ser uma propriedade do

comportamento de esquiva, cuja função é evitar a exposição à estimulação

aversiva (som apresentado como conseqüência da ocorrência de uma resposta

“errada”). Por outro lado, a rapidez das respostas durante a fase de Reforçamento

Negativo é uma propriedade do comportamento de fuga, cuja função é

interromper a estimulação aversiva (Sidman, 1989/1995) como um efeito da

resposta “certa”.

Registro acumulado da latência de resposta de acordo com acontingência - Gráfico 5

344

276

197

193

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Fase 1 Fase 2

   T  e  m  p

  o   (  e  m   s

  e  g  u  n   d  o  s   )

Procedimento 1 - Reforçamento Positivo / Punição Negativa

Procedimento 2 - Punição Positiva / Reforçamento Negativo

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O Gráfico 5 permite uma comparação entre os valores totais da latência

das respostas dos participantes em cada fase dos Procedimentos, fornecendo

informações através de um registro acumulado sobre como cada contingência

possivelmente afetou o desempenho de cada participante.

Pode-se perceber no Gráfico 5, que todas as fases (contingências) tiveram

um tempo médio de latência diferente. A fase de Reforçamento Positivo

apresentou o maior tempo de latência, tendo uma duração média de 197

segundos (3 minutos e 17 segundos). A fase de Punição Negativa apresentou

uma duração média de 147 segundos (2 minutos e 27 segundos). Na fase de

Punição Positiva, os participantes apresentaram um tempo médio de latência de

193 segundos (3 minutos e 13 segundos), enquanto que a latência das respostas

na fase de Reforçamento Negativo foi de 83 segundos (1 minuto e 23 segundos),

em média, apresentando, portanto, uma significativa diferença em relação às

outras fases. Essa diferença na latência de resposta pode estar relacionada a

discriminação das diferentes contingências pelo participante, ou seja, houve

sensibilidade às contingências com variações comportamentais nas diferentes

fases, semelhantes àquelas dos resultados do estudo de Zimmerman & Baydan

(1963) e, posteriormente, dos estudos de O´Donnell, et al. (2000) e Lannie &

Martens (2003).Na medida em que apenas um cálculo do tempo médio de latência pode

ser insuficiente como informação sobre sentimentos, o gráfico 6 informa a latência

de resposta e sua relação com os relatos de sentimentos emitidos pelos

participantes, permitindo verificar se o tempo médio de latência foi alterado em

função do relato apresentado. Dessa forma, vêem-se as seguintes latências

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médias para cada tipo de relato: relatos de alívio tiveram relação com latências

médias de 83 segundos; os relatos de apreensão tiveram relação com latências

médias de 131,7 segundos; os de ansiedade, 142,8 segundos; os de

aborrecimento, 192,5 segundos; os de medo, 200 segundos; os de raiva, 194

segundos; os de tristeza, 147 segundos; os de desapontamento, 148 segundos;

os de frustração, 147,2 segundos; os de alegria, 201,5 segundos; os de

contentamento, 197 segundos e os de satisfação, 193,5 segundos.

Estes resultados são compatíveis com os resultados médios das latências

relacionadas às contingências programadas, conforme apresentados nos Gráficos

5. Na medida em que a incidência de relatos considerados esperados foi alta, de

acordo com os resultados apresentados nos gráficos 1 e 2, essa similaridade

entre as latências, de acordo com os relatos e contingências, já era esperada.

Uma vez que a latência é uma propriedade não-verbal da resposta sob controle

Latência média das respostas de acordo com os relatos desentimentos - Gráfico 6

193,5

197

201,5

147,2

148

147

194

200

192,5

142,8

131,7

83,3

0 50 100 150 200 250Latência Total da Fase (em segundos)

Alívio

Apreensão

Ansiedade

Aborrecimento

Medo

Raiva

Tristeza

Desapontamento

Frustração

Alegria

Contentamento

Satisfação

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do tempo entre a apresentação do estímulo e a emissão da resposta, ela

supostamente tenderia a se manter quando precedida por eventos privados

eliciados pela mesma contingência que controlou a resposta. Assim, o Gráfico 6

permite interpretar que os relatos supostamente tacteando um mesmo “sentido”

(por exemplo, “desapontamento” e “tristeza”, ou “contentamento” e “satisfação”)

foram correlatos verbais de latências com valores mais próximos.

No entanto, como se pode ver no gráfico 7, os relatos de sentimentos que

se repetiram após os participantes serem expostos a contingências diferentes em

cada fase tiveram relação com latências diferentes. Como dito anteriormente de

outra maneira, isso sugere que a variável latência de resposta, por ser uma

propriedade não-verbal sob controle de contingências não-verbais, pode ser uma

via diferenciada e, de certa forma, privilegiada, para inferências acerca dos

sentimentos discriminados pelos participantes durante cada fase dos

Procedimentos. Os dados de latência permitem inferir, por exemplo, que a

apreensão sentida durante a fase de Reforçamento Negativo parece ser mais

intensa do que a apreensão sentida durante a fase de Punição Positiva, a

despeito do uso de um mesmo nome de sentimento, uma vez que a rapidez da

esquiva de um estímulo aversivo sugere a intensidade dessa sua propriedade.

Estas diferenças nos “significados” de respostas verbais topograficamenteidênticas mostram funções de tactos diferentes, dadas pelas contingências em

vigor. Da análise de Skinner (1957/1978) é possível fazer um trocadilho com a

palavra sentido  para ilustrar essa interpretação. Assim, por exemplo, o sentido

para o “sentido” tacteado como ansiedade durante a fase de Reforçamento

Positivo é diferente do sentido para o “sentido” tacteado como ansiedade durante

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a fase de Reforçamento Negativo. O mesmo pode ser dito do tacto apreensão.

Considerando que as contingências e a história de exposição a elas definem o

“significado” do tacto (Skinner, 1957/1978), pode-se afirmar que, apesar de as

formas dos tactos serem as mesmas, suas funções (ou “significados”) são

diferentes porque estão supostamente sob controle de “sentidos” diferentes.

O Gráfico 8 apresenta uma média dos batimentos cardíacos dos

participantes, de acordo com o sexo e os momentos em que essas medidas foram

feitas durante os Procedimentos.

Latência de resposta de acordo com o relato e a contingênciaGráfico 7

196,3

181,5

83,3

144

200

82

0 50 100 150 200 250Latência Total da Fase (em segundos)

Apreensão R-

Apreensão P+

Apreensão P-

Ansiedade R-

Ansiedade P+

Ansiedade R+

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  84

A partir das informações contidas no Gráfico 8, observa-se que no início do

Procedimento 1, os meninos apresentaram uma freqüência cardíaca média de 88

batimentos cardíacos por minuto (bpm), enquanto que as meninas apresentaram

uma freqüência média de 85 bpm. Na fase de Reforçamento Positivo os meninos

apresentaram uma freqüência média de 85 bpm e as meninas de 82 bpm; na fase

de Punição Negativa os meninos apresentaram uma freqüência média de 83 bpm

e as meninas 84 bpm. No início do Procedimento 2, foi registrado uma freqüência

média de 86 bpm para os meninos e 85 bpm para as meninas; na fase de

Punição Positiva foi registrada uma freqüência média de 89 bpm para os meninos

e de 94 bpm para as meninas; na fase de Reforçamento Negativo, de 88 bpm

para os meninos e de 87 bpm para as meninas.

Frequência Cardíaca de acordo com o sexo e a contingência -Gráfico 8

86

88

8584

85

82

8483

84

86 8685

92

89

94

88 8887

76

78

80

82

84

86

88

90

92

94

96

Geral (Todos Participantes) Meninos Meninas   F

  r  e  q  u   ê  n  c   i  a   d  e   B  a   t   i  m  e  n   t  o  s   C  a  r   d   í  a  c  o  s

Procedimento 1 - Início Procedimento 1 - Final fase Reforçamento Positivo

Procedimento 1 - Final fase Punição Negativa Procedimento 2 - Início

Procedimento 2 - Final fase Punição Positiva Procedimento 2 - Final fase Reforçamento Negativo

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  85

Estes resultados sugerem que as variações entre as freqüências cardíacas

para meninos e meninas são pequenas, e podem ser atribuídas ao próprio

aparelho utilizado na mensuração, não se configurando, deste modo, como uma

variável relevante.

Na medida em que a diferença entre os resultados obtidos de acordo com

o sexo do participante não será considerada, foi elaborado o gráfico 9, em que

apresentamos uma visualização diferente entre a variação da freqüência de

batimentos cardíacos nos dois Procedimentos.

O Gráfico 9 mostra que os participantes que foram expostos ao

Procedimento 1 (Reforçamento Positivo / Punição Negativa) apresentaram uma

média de freqüência cardíaca menor que a apresentada pelos participantes que

foram expostos ao Procedimento 2 (Punição Positiva / Reforçamento Negativo).

Essa diferença pode estar relacionada à propriedade aversiva do Procedimento 2.

Os comportamentos motores e verbais dos participantes, que serão apresentados

Frequência média de batimentos cardíacos de acordo com acontingência a que os participantes foram expostos - Gráfico 9

86

84 84

86

92

88

80

82

84

86

88

90

92

94

Início Final Fase 1 Final Fase 2

Procedimento 1 - Reforçamento Positivo / Punição Negativa

Procedimento 2 - Punição Positiva / Reforçamento Negativo

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e discutidos posteriormente, confirmam essa propriedade. Supõe-se que se a

medida de freqüência cardíaca pudesse ser realizada constantemente, poderiam

ser registrados efeitos diferentes.

É importante ressaltar a questão do comportamento supersticioso que se

relacionou ao controle instrucional do desempenho dos participantes. Foi

observado que a maioria dos participantes descrevia as contingências que

acreditavam estar operando sobre os acertos produzidos pela programação. Em

outros termos, a maioria formulava regras após dizer “ter descoberto” como

acertar. Quando passava a errar, a maioria dizia ter “perdido” o suposto modo de

acertar. Em comportamentos públicos isto se tornou evidente quando os

participantes contavam nos dedos as quantidades de cartas a serem clicadas, ou

até mesmo seguiam um certo tipo de seqüência de desempenho (como “cliques”

nas cartas da esquerda para direita, ou vice-versa), para “acertar”.

Conforme descrito no método, ao final de cada Procedimento, aos

participantes foi perguntado sobre o que eles fizeram para ganhar o jogo nas duas

fases de cada Procedimento.

Vários exemplos das regras que caracterizaram este controle instrucional

supersticioso podem ser citados. Os participantes expostos à contingência da

fase de Reforçamento Positivo, por exemplo, formularam as seguintes regras: “Sea carta modelo for um número, então clique na carta da direita” ou “Se a carta

modelo for uma figura (rei, dama, valete), então clique na carta do meio” ou “Se a

carta modelo for um ‘Ás’, então clique na carta da esquerda” (10%, N=1); “Se não

existir seqüência lógica, então tente a sorte” (40%, N=4); “Se não existir

seqüência lógica, então cada cor de carta corresponde a uma posição” (10%,

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N=1); “Se não existir seqüência lógica, então clique da esquerda para a direita”

(10%, N=1); “Clique na ordem: esquerda, centro, direita, centro, esquerda, centro,

direita...” (10%, N=1); “Cada carta possui uma posição e números ficavam no

meio, portanto, se for número, então clique no meio” (10%, N=1); “Cada carta

possui uma posição de acordo com uma seqüência lógica fácil, então descubra

essa seqüência” (10%, N=1).

Os participantes expostos à contingência da fase de Punição Negativa

formularam as seguintes regras: “Se não existir seqüência lógica, então tente a

sorte” (50%, N=5); “Cada carta possui uma posição de acordo com uma

seqüência lógica difícil, então descubra essa seqüência” (10%, N=1; o participante

que supostamente seguiu esta regra disse não ter conseguido memorizar as

posições); “Cada carta possui uma posição e números ficavam no meio, portanto,

se for número, então clique no meio” (10%, N=1). Dois dos participantes (20%,

N=2) não formularam regras para essa fase.

Os participantes expostos à contingência da fase de Punição Positiva

formularam as seguintes regras: “Se não existir seqüência lógica, então tente a

sorte” (40%, N=4); “Se cada carta possui uma posição de acordo com uma

seqüência lógica, então descubra essa seqüência” (30%, N=3). De novo, dois dos

participantes (20%, N=2) não formularam regras nessa Fase.Os participantes expostos à contingência da fase de Reforçamento

Negativo formularam as seguintes regras: “Se não existir seqüência lógica, então

tente a sorte” (40%, N=4); “Clique da esquerda para a direita” (20%, N=2); “Clique

o mais rápido possível em qualquer carta” (10%, N=1); “Cada carta possui uma

posição de acordo com uma seqüência lógica, então descubra essa seqüência”

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(10%, N=1); “Cada cor de carta corresponde a uma posição, então observe a cor

e clique na posição certa” (20%, N=2).

Ao que tudo indica, estas descrições controlaram os comportamentos

supersticiosos relacionados a elas. Em geral observou-se que o desempenho era

congruente com a descrição relatada (mesmo que alguns participantes

desconfiassem que “acertos” e “erros” independiam do seu desempenho, não

houve indicações de discriminação do uso de contingências programadas). Esse

controle instrucional pode explicar a escolha em clicar em uma das cartas,

independente do arranjo das contingências do software (e não discriminado pelos

participantes). Como no estudo de Maden e Perone (2003), o desempenho dos

participantes não produzia qualquer conseqüência, uma vez que essas eram

programadas pelo software. Como esperado, o clique conseqüenciado por

reforçamento acidental cuja descrição estava em consonância com a moldura

autoclítica da regra teve sua freqüência aumentada.

A análise destas regras pode ser feita a partir do levantamento dos

“cliques” em cada uma das três cartas. De acordo com as informações contidas

no Gráfico 10, a distribuição dos “cliques” nas cartas, de acordo o sexo dos

participantes e as fases dos Procedimentos a que foram expostos, parece

identificar a ação das contingências programadas. O que se observa é umafreqüência uniforme na divisão desses cliques que pode ter relação com a

freqüência das regras formuladas em função da sorte ou de seqüências lógicas

inexistentes. As diferenças de freqüência entre meninos e meninas também se

configura de modo uniforme. No entanto, a relação entre a distribuição desses

cliques com as regras formuladas pelos participantes pode ser mais facilmente

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identificada em uma análise individual de todas as variáveis registradas durante

exposição dos participantes aos procedimentos, em que a freqüência dos cliques

nas cartas tem uma correspondência com as regras formuladas pelos

participantes. O participante 7, por exemplo, parece ter tido o seu desempenho

guiado pela regra “Cada carta possui uma posição e números ficam no meio,

portanto, se for número, então clique no meio”, o que parece justificar a alta

freqüência com a qual ele emitiu cliques na carta do meio (um total de 21 cliques,

ao passo que a primeira carta foi clicada 15 vezes e a última 14 vezes).

As informações apresentadas até o momento através dos gráficos são

complementadas com os dados das outras vocalizações que não se configuraram

como regras e dos comportamentos motores dos participantes registrados

durante o procedimento.

Frequência dos "cliques" nas cartas de acordo com acontingência - Gráfico 10

13

12,4

13,6

14,4

15,4

13,4

18,1

19,8

16,4

16,3

16,2

16,4

19,7

18

21,4

15,4

15,4

15,4

15,2

14,4

16

18,1

19,2

17

17,3

19,6

15

20,2

19,2

21,2

16,7

15,8

17,6

15,6

14,6

16,6

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Fase Reforçamento Negativo - Geral (Meninos e Meninas)

Fase Reforçamento Negativo - Meninos

Fase Reforçamento Negativo - Meninas

Fase Punição Positiva - Geral (Meninos e Meninas)

Fase Punição Positiva - Meninos

Fase Punição Positiva - Meninas

Fase Punição Negativa - Geral (Meninos e Meninas)

Fase Punição Negativa - Meninos

Fase Punição Negativa - Meninas

Fase Reforçamento Positivo - Geral (Meninos e Meninas)

Fase Reforçamento Positivo - Meninos

Fase Reforçamento Positivo - Meninas

Carta A Carta B Carta C

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Entre os registros dos comportamentos motores emitidos pelos

participantes durante a fase de Reforçamento Positivo, estão: sorrir (70%, N= 7),

fazer sinal de ‘sim’ com a cabeça (40%, N=4), movimentar os lábios (20%, N= 2),

morder os lábios (30%, N= 3), contar os dedos (20%, N= 2), franzir a testa (10%,

N= 1), balançar as pernas (10%, N= 1) e olhar em direção ao relógio (10%, N= 1).

De acordo com Caballo (2003) o tema do sorriso foi pouco estudado, entretanto,

segundo as análises de Davis (1976, citado por Caballo 2003), o sorrir durante a

fase de Reforçamento Positivo pode indicar o prazer derivado do fator surpresa.

Por sua vez, uma interpretação do assentimento de cabeça pode ser coerente

com uma das funções desse comportamento, apontada por Trower, Bryant e

Argyle (1978, citado por Caballo 2003): possivelmente os participantes

estivessem reforçando o próprio desempenho durante essa fase.

Os comportamentos motores emitidos pelos participantes durante a fase de

Punição Negativa foram: fazer sinal de ‘não’ com a cabeça (50%, N= 5), fazer

careta (40%, N= 4), balançar a perna (40%, N= 4), olhar em direção ao display de

cupons na tela (30%, N= 3), clicar no mouse com mais força (30%, N= 3), franzir a

testa (10%, N= 1), coçar a cabeça (10%, N= 1) e contar os dedos (10%, N= 1).

Segundo Morris (1977, citado por Caballo 2003), o mover a cabeça

horizontalmente de um lado a outro produz conseqüências contrárias àsproduzidas pelo assentimento com a cabeça, ou seja, os participantes poderiam

estar criticando o próprio desempenho durante esta fase. A careta, por sua vez,

implica sobrancelhas meio franzidas e área em torno da boca voltada para baixo,

sinais claros de confusão e desagrado (Ekman, 1991 citado por Caballo 2003).

Morris (1977, citado por Caballo 2003) relacionou os movimentos das pernas com

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um estado de tensão e, nessa fase, muito provavelmente, a tensão poderia

indicar uma vontade do participante de interromper o Procedimento.

Os registros dos comportamentos motores emitidos pelos participantes

durante a fase de Punição Positiva indicam: movimentos bruscos ou sustos diante

da apresentação do som (90%, N= 9), fazer careta (40%, N= 4); levantar-se ou

pulos na cadeira (40%, N= 4); balançar a cabeça negativamente (50%, N= 5);

olhar em direção ao display de cupons na tela (40%, N= 4); balançar a perna

(10%, N= 1); clicar no mouse com mais força (10%, N= 1); tapar os ouvidos (10%,

N=1) e passar a mão sobre o rosto (30%, N=3).

Os comportamentos motores registrados na fase Reforçamento Negativo

foram: caretas (40%, N= 4); olhar para o display de cupons na tela (20%, N= 2);

cliques no mouse com mais força (30%, N= 3); balançar as mãos e as pernas

(80%, N= 8); sorrisos (10%, N= 1); olhar o relógio (10%, N= 1); fechar os olhos

(10%, N= 1); bater a mão na mesa (40%, N= 4); morder os lábios (10%, N= 1).

Além dos comportamentos que se repetiram nas outras fases, pode-se

interpretar que comportamentos como: movimentos bruscos ou sustos diante da

apresentação do som, levantar-se ou pulos na cadeira, cliques no mouse com

mais força e balançar as mãos e as pernas, podem fornecer dicas sobre o caráter

aversivo das fases Punição Positiva e Reforçamento Negativo. Segundo Cabalo(2003), um possível significado para esses comportamentos estaria relacionado à

ansiedade, fuga ou uma variação de uma conduta agressiva.

O que se percebe é que existe uma correspondência entre a emissão dos

comportamentos dos participantes, os relatos sobre os sentimentos e a

contingência a que foram expostos.

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Para representar essa correspondência, foi utilizado o modelo similar ao

proposto por Hackney & Nye (1973/1977), no qual se procurou estabelecer uma

relação entre palavras e um conteúdo afetivo. Desta forma, a Tabela 5 a seguir,

apresenta palavras-chave inferidas das vocalizações (Anexo 3) dos participantes

relacionadas às opções do questionário exibido pelo software juntamente com os

nomes de sentimentos contidos na Tabela 1. Mais uma categoria de contingência

foi sugerida, em função dos relatos que se relacionam a “excitação” ou “emoção”,

sentimentos que segundo Skinner (1974/2003b) são entendidos como um produto

colateral das contingências de reforçamento que definem um jogo.

O que se vê é uma correspondência entre os sentimentos relatados pelos

participantes, os comportamentos motores e as vocalizações emitidas pelos

mesmos, que ora se referiram às regras que estes inferiam sobre o jogo, ora se

referiram aos estados corporais que experimentavam durante a participação no

procedimento.

Relações entre comportamentos motores, vocais e

nomes “esperados” de sentimentos - Tabela 5

Palavras-chavecontingência e

sentimento

“esperado”

Comportamentos

Motores

Tacto de um

comportamento /sentimento

Tacto de uma

propriedade dacontingência

Reforçamento

Positivo - “Alegria,

Satisfação e

Contentamento”

Sorrir; fazer sinal de

‘sim’ com a cabeça;

movimentar os lábios;

morder os lábios;

contar os dedos;

franzir a testa;

balançar as pernas;

Entender; aprender;

ganhar; acertar;

saber; ter sorte;

mostrar; memorizar;

ter certeza.

Teste de

memória; jogo;

fácil; louco; irado;

massa; bacana;

legal.

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olhar em direção ao

relógio.

Punição Negativa -

“Frustração,Desapontamento e

Tristeza”

Fazer sinal de ‘não’

com a cabeça; fazercareta; balançar a

perna; olhar em

direção ao display de

cupons na tela; clicar

no mouse com mais

força; franzir a testa;

coçar a cabeça; contar

os dedos.

Perder; não saber;

não entender; errar;não conseguir; ter

azar; sentir-se

incompetente;

desistir; pedir ajuda;

duvidar; esquecer.

Seqüências

lógicas; saco;difícil; chato; jogo;

Punição Positiva -

“Aborrecimento,

Medo e Raiva”

Assustar-se; fazer

careta; levantar-se;

pular na cadeira; fazer

sinal de “não” com a

cabeça; olhar em

direção ao display de

cupons na tela;

balançar a perna;

clicar no mouse com

mais força; tapar os

ouvidos; passar a mão

sobre o rosto.

Assustar-se; perder;

errar; sentir-se

incomodado; não

saber; querer

acertar; ser

impaciente; desistir;

ter medo; rezar;

pedir ajuda; sentir

nojo; lamentar.

Aleatório; difícil;

chato; barulhento;

saco; choque;

foda; enjoado;

 jogo; coisa do

“encardido”; filme

de terror;

demorado.

Reforçamento

Negativo -

“Ansiedade,

Apreensão e

Alívio”

Fazer careta; olhar

em direção ao display

de cupons na tela;

clicar no mouse com

mais força; balançar

as mãos e as pernas;sorrir; olhar em direção

ao relógio; fechar os

olhos; bater a mão na

mesa; morder os

lábios.

Errar; assustar-se;

lamentar; irritar-se;

acelerar; acertar;

sentir-se

incomodado; sentir-

se capaz; entender;agradecer; pedir

ajuda; reclamar;

desanimar.

Pegadinha; doido;

barulhento;

demorado;

sinistro; saco;

ruim; seqüências

lógicas; jogo; joguinho de

computador.

Contingências que

definem um jogo -

“Excitação e

Entender; aprender;

ganhar; acertar;

saber; ter sorte;

Teste de

memória; jogo;

fácil; seqüências

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Emoção” mostrar; memorizar;

ter certeza. perder;

não saber; não

entender; errar; não

conseguir; ter azar;

sentir-se

incompetente;

desistir; pedir ajuda;

duvidar; esquecer.

querer acertar;

lamentar; sentir-se

capaz;

lógicas; difícil;

aleatório;

pegadinha;

 joguinho de

computador.

Embora haja várias palavras-chave, elas descrevem comportamentos e

sentimentos (ou ações que traduzem a não emissão de certas respostas) que, em

geral, descrevem o “gostar” ou o “não gostar” do próprio desempenho ou da

propriedade abstraída9 na exposição às contingências programadas.

Assim, a Tabela 5 mostra algumas relações importantes entre os

elementos das quatro colunas, que informam o acompanhamento dos eventos

privados por eventos públicos. Por exemplo, o “sorrir” acompanhou possíveis

sentimentos de satisfação ou alívio durante o reforçamento positivo e negativo,

respectivamente. As propriedades tacteadas como abstrações (“louco”, “saco”,

etc.) são evidentes qualificações “positivas” ou “negativas” das contingências

relacionadas, também presentes, pode-se afirmar, no “gosto” ou no “desgosto”

pela contingência em operação. Conclui-se, então, a partir dos correlatos públicos

9 A abstração é um tipo especial de Tacto (Skinner 1957/1978; Borloti, 2006). Ela é controlada poruma propriedade dos objetos concretos que definiram a situação experimental e que tambémesteve presente quando uma resposta verbal foi reforçada na história de condicionamento verbaldos participantes, adquirindo controle sobre a resposta dada durante os Procedimentos. Assim, seo tacto da propriedade “chato” foi reforçado diante de uma situação, isto aumentou a probabilidade

de emissão desta abstração quando esta mesma propriedade foi tacteada na situaçãoexperimental.

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que a propriedade “aversividade” da contingência de Reforçamento Negativo

controlou eventos privados do tipo sentir ao mesmo tempo em que controlou a

relação verbal da qual os tactos de sentimentos foram emitidos. O mesmo se

observa quando se analisa a relação entre o comportamento ‘fazer careta” e as

abstrações “chato”, “difícil”, “enjoado”, acompanhantes das contingências de

Punição Negativa e Punição Positiva e, respectivamente, dos relatos de

frustração ou até mesmo de raiva.

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CONCLUSÃO

Pode-se concluir, a partir dos resultados apresentados, que a exposição às

contingências (programadas em um software) pode eliciar eventos privados do

tipo sentir e produzir tactos dos mesmos. Seguem algumas considerações sobre

esta conclusão.

Conforme discutido nos primeiros Capítulos, a validade desses tactos é

questionada na Análise do Comportamento. Por se tratar de tactos de eventos

acessíveis apenas à própria pessoa que os experimenta, esses poderiam estar

relacionados a algum propósito (a exemplo do que ocorre na mentira), ou

poderiam ter sido aprendidos com falhas, pois ensinar o tacto de evento privado é

mais difícil do que ensinar o tacto de um objeto ou evento público qualquer.

Considerando estes dois aspectos, e também o fato de que o acesso aos eventos

privados é indireto, uma dúvida poderia surgir a partir dos resultados deste

estudo: ele é, de fato, um estudo sobre sentimentos?

As discussões epistemológicas de Abib (1982) dizem que sim. E esta é a

razão do interesse por este estudo. Para ele, uma Psicologia que do ponto de

vista da análise experimental ou mesmo da interpretação, nada a tenha a propor

sobre o conhecimento da experiência subjetiva, não deve despertar o menor

interesse, além, talvez, de mera curiosidade técnica ou intelectual. Uma psicologia

(pode-se citar como exemplo o behaviorismo metodológico) que afirma a

existência de estados subjetivos, mas por critérios metodológicos os relega a

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planos secundários, deixa espaço em seu interior para a sobrevivência da

questão metafísica da relação dualista entre alma e corpo.

Segundo Abib (1982), estados e condições corporais internas são eventos

privados acessíveis através de instrumentos, mesmo supondo que estes

instrumentos ainda não existam. Entretanto, isso não constitui obstáculo à sua

acessibilidade, uma vez que este acesso seria possível com o progresso técnico

científico. Não existe então impossibilidade lógica ou empírica, pois é imaginável

teoricamente e realizável empiricamente. Nesse sentido, talvez, a diferença entre

eventos privados e públicos pudesse ser definida em termos de graus de

acessibilidade e jamais de diferença de natureza. Assim como não faz sentido

afirmar que o vermelho que eu vejo é igual ou diferente do vermelho que outra

pessoa experiencia (vê), também não faz sentido descrever sentimentos de outra

pessoa. Nunca existirão instrumentos para medir essas experiências, por isso,

elas são privadas para sempre.

Resta, então, aos pesquisadores, lidar com essa limitação de um modo

metodologicamente criativo, arranjando as contingências que poderiam eliciar

supostos eventos privados, e registrando possíveis correlatos comportamentais

públicos desses eventos. De certo modo, este estudo apontou uma forma de se

fazer isso: ao descrever as variáveis ambientais (contingências de reforçamento)controladoras de supostos eventos privados, e ao investigar como a interação

com as contingências de reforçamento programadas no software se relacionou

com os tactos dos eventos privados do tipo sentir e com alterações em

comportamentos públicos (vocalizações, comportamentos motores, batimentos

cardíacos, latência de respostas e formulação de regras) chegou-se à mesma

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conclusão crua, simples e direta de Tourinho (comunicação pessoal, 12 de Agosto

de 2004)10, “não adianta uma pessoa falar que está com sono; ele deve bocejar e

ir para a cama”. Ou seja, não adiantaria um participante deste estudo dizer ao

pesquisador que esteve “irritado” durante o Procedimento; ele deveria fazer careta

e clicar mais rápido no mouse, como exemplo de correlatos públicos, tais como

bocejo ou caminhar em direção à cama. Isso ocorre no dia a dia: um pai pode

ensinar o filho a dizer “estou faminto” não porque o pai esteja sentindo o que a

criança sente, mas porque pode observar como ela come vorazmente. A criança

então pode descrever seus sentimentos com alguma precisão. Entretanto, o

sentimento não pode ser completamente descrito pelo comportamento verbal ou

reduzido a esta descrição, ou seja, um sentimento não pode ser reduzido ao que

é sentido internamente nem à sua descrição verbal.

Um ambiente controlado permite a definição e a medida de alguns

correlatos de eventos privados e, portanto, ainda é mais adequado que o

ambiente cotidiano para identificação das contingências diretas que afetam tanto

a eliciação destes eventos quanto o tacto dos mesmos. Entretanto, de acordo

com a afirmação de Friman, Hayes & Wilson (1998), uma explicação sobre

eventos privados considerando apenas contingências diretas é válida, mas

insuficiente para explicar o fenômeno porque outras análises podem serrequeridas na medida em que o ser humano pode apresentar respostas verbais

que podem participar de relações derivadas. De modo superficial estas “outras

análises” foram apontadas neste estudo quando dados evidentes da história de

vida de um participante apontaram o efeito de tipos de indicadores de variáveis

10  Esta citação foi feita no Workshop, intitulado: “Eventos Privados: Interpretação Analítico-

Comportamental”, durante o XIII Encontro da Associação Brasileira de Psicoterapia e MedicinaComportamental e II Encontro Internacional da Association for Behavior Analysis.

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que estariam tendo controle sobre os relatos de sentimentos. Mas registra-se uma

insuficiência. Possivelmente uma extensão deste estudo é necessária para se

verificar uma hipótese plausível: existe diferença entre tactos de acordo com o

gênero de participantes adultos. Outras variáveis (ou indicadores de variáveis)

também poderiam ser alteradas. Por exemplo, uma variabilidade regional-

geográfica e um número maior de participantes poderia garantir história culturais

distintas, cuja função sobre o relato de sentimentos poderia ser analisado em

estudos correlacionais nos quais a significância de certas diferenças poderia ser

verificada com ferramentas estatísticas apropriadas.

Por outro lado, o inverso também é verdadeiro: quaisquer outras análises

podem ser insuficientes e, portanto, carecerem do complemento de dados

produzidos por contingências diretas, conforme defendeu Guerin (1992) em sua

crítica à Psicologia Social. Dessa forma, defende-se que estudos de certos temas

poderiam se beneficiar de delineamentos experimentais que avaliassem a

correspondência entre respostas verbais e não verbais (um exemplo de

delineamento metodologicamente engenhoso pode surgir das seguintes

perguntas: As respostas motoras de pessoas com um “discurso racista” teriam

uma latência maior ou menor em função da exposição a fotos de pessoas brancas

ou negras? O que elas responderiam como “sentimento” após essa exposição?Poderia a latência ser interpretada como um correlato não verbal da “aceitação”

ou “rejeição” social? O que aconteceria se brancos ou negros estivessem

presentes na sessão experimental como comunidade verbal para os

participantes?).

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Essas relações entre contingências de reforçamento, latência de respostas

motoras e respostas verbais a ela relacionadas fazem surgir outras questões,

destacando-se, dentre elas, a seguinte: como a correspondência entre o verbal e

o não verbal poderia ser empregada para uma compreensão comportamental de

conceitos mentalistas tais como “ideologia”, “preconceito” ou “representação

social”, inferidos, quase sempre, de dados verbais obtidos em entrevistas ou

documentos?

Um exemplo de um estudo empregando contingências programadas em

um software (Belief 1.0) para estudar um tema tradicional nas Ciências Sociais foi

inspirado no presente estudo (Cunha & Borloti, 2006). O experimento avaliou o

efeito de contingências verbais diretas sobre o “conhecimento social” acerca das

formas de contaminação pelo HIV. Participaram deste estudo 10 estudantes da

cidade de Vitória, com idade variando entre 18 e 22 anos. O procedimento

possuía 3 fases: Linha de Base, Fase de Reforçamento e Questionário Pós-

Experimental. Foram selecionadas dez questões que os participantes deveriam

responder ser ou não formas de transmissão do vírus HIV, as quais 4 (quatro)

foram reforçadas erroneamente. Os dados permitem afirmar que crenças são

comportamentos sujeitos as mesmas leis e princípios que outros comportamentos

e que os reforçadores sociais aumentaram a freqüência de respostas de certascrenças errôneas, a despeito de uma história de reforçamento anterior pela

comunidade verbal.

Considera-se que a latência de respostas foi um dado não-verbal

importante adicionado à análise dos correlatos verbais dos sentimentos. Para

Cabalo (2003), a latência de respostas vocais (considerando que a latência nesse

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caso é o intervalo temporal de silêncio entre o fim de um enunciado por um

indivíduo e o início de outro enunciado por um segundo indivíduo) tem uma

relação com emoções durante a interação social. Deste modo, uma latência muito

curta pode ser considerada normalmente como uma conduta agressiva, ao

mesmo tempo em que uma latência muito alta pode ser considerada como uma

conduta passiva. A conclusão deste estudo permite considerar este fato também

em relação à latência de respostas motoras, ou seja, também se pode atribuir à

latência de respostas dos participantes os sentimentos contidos na Tabela 1.

Assim, por exemplo, pode-se descrever que a latência mais alta no início da fase

de Reforçamento Positivo pode ser considerada como correlato de “interesse”.

Ainda nessa fase, a diminuição da latência de resposta pode ser interpretada

como um aumento da “confiança”. Na fase Punição Negativa, da diminuição da

latência das respostas pode-se inferir um “desinteresse”, e este poderia ser uma

variação do “parar de responder”, já que nenhum participante abandonou o

procedimento. Já na fase Punição positiva, pode-se interpretar que a demora no

responder pode estar relacionado ao medo e por outro lado, a rapidez das

respostas durante a fase de Reforçamento Negativo poderia estar relacionada à

agressão.

Em síntese, é possível adicionar a seguinte consideração final à conclusãoposta no início deste tópico: a ocorrência de eventos privados é função das

contingências de reforçamento; as propriedades das relações entre os eventos

comportamentais e ambientais definidores de cada uma das quatro contingências

se relacionam aos eventos privados “sentidos”. Esses são tateados como

“sentimentos” diferentes em função da relação de tacto específica para cada

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contingência, mediada pelas perguntas do procedimento/experimentador como

audiência. Esta relação é que dá sentido ao “sentido”, tornando-o um sentimento.

Aos olhos do experimentador, os eventos privados são acessíveis apenas

indiretamente, via correlatos verbais e não-verbais correspondentes ao evento

privado e à contingência da qual todos esses eventos comportamentais adquirem

funções diferentes, porém interligadas.

Finalmente, pode-se fazer consideração ao comportamento supersticioso.

Os participantes formulavam regras e acreditavam que haviam descoberto a regra

para “acertar”, ou até mesmo, “perdido” a regra quando estes passavam a “errar”.

Em termos de comportamentos públicos, isso se tornou evidente, quando os

participantes contavam as cartas nos dedos, ou até mesmo seguiam um certo tipo

de seqüência, como “cliques” nas cartas da esquerda para direita, ou vice-versa.

Portanto, mesmo que alguns participantes desconfiassem que seu desempenho

era uma variável independente, eles parecem não ter discriminado o uso de

contingências programadas, provavelmente por conta do delineamento

experimental.

Desta forma, pode-se dizer que o software  se mostrou eficiente, e

adequado para novas pesquisas, possibilitando o planejamento de outros

delineamentos experimentais, à medida que um ambiente controlado possibilita aidentificação de variáveis importantes que afetam os eventos privados do tipo

sentir.

De toda a discussão que motivou a pergunta reflexiva à conclusão, seguem

as palavras de Skinner:

“Ao invés de concluir que o homem só pode conhecer sua experiência subjetiva – e

que ele está limitado para sempre ao seu mundo privado e que o mundo externo é

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apenas um constructo – uma teoria comportamental do conhecimento sugere que éo mundo privado que, embora não seja inteiramente desconhecido, não pode,provavelmente, ser tão bem conhecido como o mundo externo” (Skinner,1969/1984, p.228).

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ANEXOS

 

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ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título: “Tacto de Eventos Privados. Estudo de relatos verbais sobre efeitos de diferentescontingências de reforçamento”.

Pesquisador : Luciano de Sousa Cunha – Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal doEspírito Santo.Professor  orientador  responsável: Dr. Elizeu Batista Borloti.Contato: Programa de Pós Graduação em Psicologia – UFES – 3335-2501

Identificação do Participante: __________________________________________________-  A presente pesquisa tem o objetivo de investigar como a interação com situações

programadas num software  interferem nos relatos sobre o que uma pessoa sente ouobserva introspectivamente em seus estados corporais.

-  Não serão registrados os nomes dos participantes em nenhum momento da pesquisa, e a

identificação será apenas numérica.-  Antes de aceitar participar da pesquisa, o participante e seus responsáveis deverão leratentamente as explicações abaixo que informam sobre o procedimento.

-  O participante ou o responsável poderá se recusar a participar da pesquisa e poderáabandonar o procedimento em qualquer momento sem penalização e sem prejuízo algum.

Sobre a pesquisa:-  Esta pesquisa compõe o trabalho de dissertação de mestrado de Luciano de Sousa

Cunha, aluno do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal doEspírito Santo, sendo orientada pelo professor Dr. Elizeu Batista Borloti.

-  Participarão desta pesquisa alunos com idade entre 11 e 14 anos, de diferentes cursos denível superior.

-  Para a realização da pesquisa, foi desenvolvido um programa de computador e a sua

participação consistirá em interagir com esse programa.-  A participação não envolve risco à sua saúde física ou psicológica;-  O procedimento tem duração média de 20 minutos.-  Serão garantidos o sigilo e a privacidade, sendo reservado o direito aos participantes da

omissão de sua identificação ou de dados que possam comprometê-lo.-  Na apresentação dos resultados não serão citados nomes nem iniciais. Cada participante

será identificado somente por um número e pela área de conhecimento do curso.-  Antes do início do procedimento, deverá ser preenchida uma pequena ficha de

identificação no computador contendo um número de identificação, sexo, idade, curso enaturalidade.

-  Como se trata de uma pesquisa, o dado obtido pelas respostas dadas durante oprocedimento poderá ser utilizado para compor material escrito para divulgação dotrabalho no meio científico e à comunidade em geral.

Agradeço desde já a sua colaboração!Confirmo ter revisado o conteúdo deste termo. A minha assinatura abaixo indica que eu concordoem autorizar a participação de ______________________________________ nesta pesquisa epor isso dou meu consentimento.

Vitória, ______ de ______________ de 2006.

 ______________________ __________________________ _____________________ Assinatura doresponsável Elizeu Batista Borloti Luciano de Sousa Cunha

Professor responsável Pesquisador

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ANEXO 2

Protocolo de registro e de definições comportamentais

Identificação do Participante:__________________________________________Aluno Observador:______________________Data:________________________Procedimento 1 ( )Procedimento 2 ( )

Eventos motores emitidos durante a Fase 1 do Procedimento: _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________ 

 _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  __________________Eventos motores emitidos durante a Fase 2 do Procedimento: _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  __________________Eventos verbais emitidos durante a Fase 1 do Procedimento: _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _____________________

Eventos verbais emitidos durante a Fase 2 do Procedimento: _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  _________________________________________________________________  ________________________________________________________

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 ANEXO 3

Dados qualitativos dos participantes

Número do participante: 1

Idade: 14

Sexo: Masculino

Procedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa

Fase 1:

Relato: Satisfação

Comportamentos motores: Sorrisos, Sinais tipo "positivo" com a cabeça.

Comportamentos vocais: “É teste de memória né?”

“Entendi esse jogo já!”

“Muito fácil depois que aprende!”

Latência de resposta: 03:09

Cliques nas cartas

A: 14  B: 17  C: 19 

Regra enunciada: Cartas com números correspondiam a posição C

Cartas com figuras correspondiam a posição B

“Ás” correspondia a posição B 

Fase 2:

Relato: Frustração

Comportamentos motores: Caretas, franzir a testa, coçar a cabeça, sinais tipo

"negativo" com a cabeça.

Comportamentos vocais: “Opa”; “Agora tá tirando os cupons?”; “Não tem seqüência

lógica né?”; “Não tem jeito!”.

“Antes eu sabia jogar, agora não consegui entender”

Latência de resposta: 02:32

Cliques nas cartas

A: 23  B: 12  C: 15 

Regra enunciada: Não conseguiu entender a regra do jogo na segunda fase.

Sem seqüência lógica. 

Batimentos cardíacos

Início: 96  Final da fase: 88  Final da fase: 86

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  123

 Número do participante: 2

Idade: 11

Sexo: Masculino

Procedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa

Fase 1:

Relato: Ansiedade

Comportamentos motores: Morder a boca, Agitação motora, olhar disperso.

Comportamentos vocais: “Quando acaba?”

Jogo louco esse!

“Yes... estou ganhando”

Latência de resposta: 03:23

Cliques nas cartas

A: 17  B: 21  C: 12 

Regra enunciada: Sem seqüência lógica.

Questão de sorte ou azar. 

Fase 2:

Relato: Tristeza

Comportamentos motores: Balançar a cabeça negativamente

Comportamentos vocais: “Não vou acertar nunca?”

“Não ganho nunca”

“Uni-duni-tê”

“Que azar!”

Latência de resposta: 02:24

Cliques nas cartas

A: 26  B: 10  C: 14 

Regra enunciada: Sem seqüência lógica.

Questão de sorte ou azar. 

Batimentos cardíacos

Início: 88  Final da fase: 84  Final da fase: 76 

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  124

 

Número do participante: 3

Idade: 12

Sexo: Masculino

Procedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa

Fase 1:

Relato: Ansiedade

Comportamentos motores: Sorrisos; Não se mover; Morder os lábios; Movimentos

com os lábios como se falasse

Comportamentos vocais: “São quantas telas?”

“Acho que aprendi a manha”

“Irado”“Mais um acerto”

Latência de resposta: 03:14

Cliques nas cartas

A: 20  B: 16  C: 14 

Regra enunciada: Cada cor de carta corresponde a uma posição. 

Fase 2:

Relato: Frustração

Comportamentos motores: olha para os cupons quando são retirados; Clique no

mouse com mais força; Balançar a perna.

Comportamentos vocais: “Ai, não acerta mais não!”

“Que saco isso!”

“Quer ver que vou errar?”

Que saco, to perdendo tudo!”

“E se eu perder tudo?”

Latência de resposta: 02:26

Cliques nas cartas

A: 13  B: 18  C: 19 

Regra enunciada: Questão de sorte ou azar. 

Batimentos cardíacos

Início: 76  Final da fase: 74  Final da fase: 79 

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  125

 

Número do participante: 4

Idade: 13

Sexo: Masculino

Procedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa

Fase 1:

Relato: Contentamento

Comportamentos motores: Sorrisos; Balançar a cabeça postivamente

Comportamentos vocais: “Massa demais”

“hummm... vejamos agora...”

“Fácil até...”

“Bacana esse jogo”Latência de resposta: 03:02

Cliques nas cartas

A: 14  B: 18  C: 18 

Regra enunciada: Não dependia das cartas, mas da posição do clique. 

Fase 2:

Relato: Desapontamento

Comportamentos motores: Balançar a perna.

Comportamentos vocais: “Difícil demais!”

“Vou perder tudo”

“Ah não, vou me sentir incompetente”

“Não quero fazer isso mais!”

“E agora?”

Latência de resposta: 02:27

Cliques nas cartas

A: 16  B: 15  C: 19 

Regra enunciada: Questão de sorte ou azar. 

Batimentos cardíacos

Início: 87  Final da fase: 86  Final da fase: 89 

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  126

 

Número do participante: 5

Idade: 11

Sexo: MasculinoProcedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa

Fase 1:

Relato: Alegria

Comportamentos motores: Sorrisos; Balançar a cabeça positivamente

Comportamentos vocais: “Legal”

“Como é que faz pra ganhar cupons?!”

“Você vai sortear 50 reais mesmo?”

“Sempre fui bom nesse jogos”

“Posso mostrar pra meu pai depois? Ele adora esses

 joguinhos”.

Latência de resposta: 03:09

Cliques nas cartas

A: 16  B: 24  C: 10 

Regra enunciada: Cliques A B C B A B C B A 

Fase 2:

Relato: Tristeza

Comportamentos motores: olha para os cupons quando são retirados; Clique no

mouse com mais força.

Comportamentos vocais: “Poxa”

“Dá uma ajuda aí”

“Que azar...”

“Se fosse meu pai ele acertava” 

Latência de resposta: 02:30

Cliques nas cartas

A: 21  B: 17  C: 12 

Regra enunciada: Não conseguiu entender. 

Batimentos cardíacos

Início: 91  Final da fase: 92  Final da fase: 86 

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  127

Número do participante: 6

Idade: 14

Sexo: Feminino

Procedimento: Reforçamento Positivo - Punição NegativaFase 1:

Relato: Ansiedade

Comportamentos motores: Franzir a testa; contar nos dedos; balançar as pernas.

Comportamentos vocais: “Quantos acertos tenho que ter?”

“Acho que sei a ordem agora”

“A instrução é só aquela mesmo!?”

“Acho que estou dando sorte!”

Latência de resposta: 03:12

Cliques nas cartas

A: 18 B: 14 C: 18

Regra enunciada: Questão de sorte ou azar. 

Fase 2:

Relato: Frustração

Comportamentos motores: Balançar a cabeça negativamente

Comportamentos vocais: “Não disse que era sorte?”

“Comecei a errar que não paro mais!”

“Unpf!”

“tsc...tsc...tsc..”

Latência de resposta: 02:24

Cliques nas cartas

A: 17  B: 15  C: 18 

Regra enunciada: Questão de sorte ou azar. 

Batimentos cardíacos

Início: 81  Final da fase: 79  Final da fase: 76 

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  128

Número do

participante:

7

Idade: 13

Sexo: FemininoProcedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa

Fase 1:

Relato: Satisfação

Comportamentos

motores:

Sorrisos; Movimentos com os lábios como se falasse.

Comportamentos

vocais:

“Isso precisa de muita memória”

“Hummm... números são sempre no meio”

“Acertei de novo”

Latência de

resposta:

03:18

Cliques nas cartas

A: 14  B: 21  C: 15 

Regra

enunciada:

Cada carta possuía uma posição. Números ficavam no

meio. 

Fase 2:

Relato: Frustração

Comportamentos

motores:

Contar nos dedos, balançar a cabeça negativamente,

caretas (como se estivesse chorando)

Comportamentos

vocais:

“Minha memória cansou agora”

“Ai ai ai”

“Acho que desamprendi”

“Deixa de ser burra A.B.”

Latência de

resposta:

02:31

Cliques nas cartas

A: 19  B: 15  C: 16 

Regra

enunciada:

Não conseguiu memorizar as posições. 

Batimentos cardíacos

Início: 88  Final da fase: 92  Final da fase: 91 

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Número do participante: 8

Idade: 13

Sexo: FemininoProcedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa

Fase 1:

Relato: Alegria

Comportamentos motores: Sorrisos; Balançar a cabeça positivamente

Comportamentos vocais: “Eba...”

“Vários cupons eu vou ganhar”

“Só acerto... ta vendo!?”.

Latência de resposta: 03:34

Cliques nas cartas

A: 21  B: 13  C: 16 

Regra enunciada: Sem seqüência lógica.

Questão de sorte ou azar. 

Fase 2:

Relato: Apreensão

Comportamentos motores: Balançar a cabeça negativamente

Comportamentos vocais: “Vou perder tudo”

“Não quero fazer isso mais!”

“E agora?”

“Putz! Ai meu Deus”.

Latência de resposta: 02:24

Cliques nas cartas

A: 16  B: 17  C: 18 

Regra enunciada: Sem seqüência lógica.

Questão de sorte ou azar. 

Batimentos cardíacos

Início: 77  Final da fase:84  Final da fase: 91 

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Número do participante: 9

Idade: 12

Sexo: FemininoProcedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa

Fase 1:

Relato: Contentamento

Comportamentos motores: Sorrisos; Contar nos dedos

Comportamentos vocais: “é jogo de memória?”

“tô dando sorte, porque não estou entendendo nada”

“é jogo de sorte...tenho certeza agora”.

Latência de resposta: 02:23

Cliques nas cartas

A: 14  B: 19  C: 17 

Regra enunciada: Questão de sorte ou azar. 

Fase 2:

Relato: Frustração

Comportamentos motores: Caretas; Balançar a perna.

Comportamentos vocais: “minha sorte acabou”

“que jogo chato!”

“não tem jeito não”

“vontade de parar já... não tenho sorte”

“nem ligo mais pra esse jogo”.

Latência de resposta: 02:23

Cliques nas cartas

A: 12  B: 16  C: 22 

Regra enunciada: Questão de sorte ou azar. 

Batimentos cardíacosInício: 90  Final da fase: 83  Final da fase: 85 

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  131

 

Número do participante: 10

Idade: 12

Sexo: FemininoProcedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa

Fase 1:

Relato: Contentamento

Comportamentos motores: Morder os lábios, olhar o relógio.

Comportamentos vocais: “Tem tempo não né?”

“Só acerto?”

“Legal até... mas é meio repetitivo”

Latência de resposta: 03:23

Cliques nas cartas

A: 15  B: 18  C: 17 

Regra enunciada: Seqüências lógicas. Cada carta possuía uma posição.

Cartas repetiam muito. 

Fase 2:

Relato: Desapontamento

Comportamentos motores: Caretas; Olha para os cupons quando são retirados;

Clique no mouse com mais força; Balançar a perna.

Comportamentos vocais: “Nossa... não repete nenhuma carta dessa vez...”

“Tô ruim de mais!”

“Nossa senhora”

Latência de resposta: 02:29

Cliques nas cartas

A: 19  B: 17  C: 14 

Regra enunciada: Seqüências lógicas mais difícieis. Cartas não se repetiam. 

Batimentos cardíacosInício: 89  Final da fase: 74  Final da fase: 78 

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Número do participante: 11

Idade: 14

Sexo: Masculino

Procedimento: Punição Postiva - Reforçamento NegativoFase 1:

Relato: Ansiedade

Comportamentos motores: Caretas; Olhar para o display de cupons; Susto com som.

Comportamentos vocais: “Vai ter esse barulho toda vez que eu errar?”

“Não vou acertar nunca?”; “Difícil demais hein?!”

“Barulhinho chato hein!?”; “O barulho ta alto! Dá pra

abaixar não?; “Difícil entender com esse barulho”.

Latência de resposta: 02:55

Cliques nas cartas

A: 17  B: 16  C: 17 

Regra enunciada: Sem seqüência lógica.

Questão de sorte ou azar.

Sempre com 33% de chances de acertar. 

Fase 2:

Relato: Apreensão

Comportamentos motores: Caretas; Olha para os cupons quando são retirados;

Clique no mouse com mais força; Balançar a perna.

Comportamentos vocais: “Minha Nossa Senhora da Penha... agora é que não acerto

mesmo”; “poxa vida... é pegadinha pra ver se a pessoa fica

nervosa?”; “doideira... vou clicar mais rápido...”

“tô que acerto agora ó”; “barulho sinistro”

Latência de resposta: 01:26

Cliques nas cartas

A: 13  B: 18  C: 19 

Regra enunciada: Sem seqüência lógica.

Questão de sorte ou azar.

Sempre com 33% de chances de acertar. 

Batimentos cardíacos

Início: 88  Final da fase: 83  Final da fase: 85 

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  133

 

Número do participante: 12

Idade: 13

Sexo: MasculinoProcedimento: Punição Postiva - Reforçamento Negativo

Fase 1:

Relato: Apreensão

Comportamentos motores: Susto com som; Pulos na cadeira; Movimentou a cabeça

negativamente; Passar a mão sobre o rosto.

Comportamentos vocais: “Não tem seqüência lógica né?”

“Que saco isso!”

“Ai, mas que barulho chato!”

“O barulho é muito chato... tá doido”

“Podia acertar um pra variar”

Latência de resposta: 03:31

Cliques nas cartas

A: 12  B: 15  C: 23 

Regra enunciada: Questão de sorte ou azar. 

Fase 2:

Relato: Alívio

Comportamentos motores: Sorrisos, Balançar as pernas, Olhar o relógio.

Comportamentos vocais: “Acaba logo”

“ainda bem que estou acertando tudo agora”

“não agüento mais esse barulho”

“Vou ficar só nessa”.

Latência de resposta: 01:21

Cliques nas cartas

A: 7  B: 9  C: 34 

Regra enunciada: Questão de sorte ou azar. 

Batimentos cardíacos

Início: 83  Final da fase: 92  Final da fase: 86 

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  134

Número do participante: 13

Idade: 12

Sexo: Masculino

Procedimento: Punição Postiva - Reforçamento NegativoFase 1:

Relato: Aborrecimento

Comportamentos motores: Olhar para o display de cupons; Susto com som; Passar a

mão sobre o rosto.

Comportamentos vocais: “Oua... que barulho alto”; “parece até que é um choque

mesmo”; “caralho bicho”; “puta que pariu”; “foda demais”

“esse barulho é mais chato que o Vinícius, meu

irmãozinho”

Latência de resposta: 03:14

Cliques nas cartas

A: 14  B: 16  C: 20 

Regra enunciada: Não entendeu o jogo. 

Fase 2:

Relato: Ansiedade

Comportamentos motores: Caretas, fechar os olhos para clicar nas cartas.

Comportamentos vocais: “Agora sim”

“Puta que pariu... sou foda demais”

“Quero nem ver”

“hehehe... até de olho fechado eu acerto agora”

“agora acerto tudo”

“porque eu não pensei nisso antes...”

Latência de resposta: 01:23

Cliques nas cartas

A: 8  B: 31  C: 11 

Regra enunciada: Seqüências de cliques. Não tinha pensado nisso na

primeira fase. 

Batimentos cardíacos

Início: 82  Final da fase: 85  Final da fase: 95 

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  135

 

Número do participante: 14

Idade: 14

Sexo: MasculinoProcedimento: Punição Postiva - Reforçamento Negativo

Fase 1:

Relato: Raiva

Comportamentos motores: Olhar para o display de cupons; Susto com som;

Movimentou a cabeça negativamente. Clicar com uma

mão e tapar a orelha com a outra.

Comportamentos vocais: “Nossa... me assustei bicho”

“Que coisa chata esse barulho!”

“Além de errar ainda tenho escutar esse som enjoado?”

Latência de resposta: 02:45

Cliques nas cartas

A: 21  B: 14  C: 15 

Regra enunciada: Não entendeu. 

Fase 2:

Relato: Alívio

Comportamentos motores: Bater a mão na mesa, clicar no mouse com mais força,

caretas.

Comportamentos vocais: “vou clicar bem rápido”

“Não vai acabar não?”

“depende da velocidade de clicar?”

Latência de resposta: 01:27

Cliques nas cartas

A: 19  B: 15  C: 16 

Regra enunciada: Acha que quanto mais rápido clicasse mais acertos teria. 

Batimentos cardíacos

Início: 89  Final da fase: 95  Final da fase: 87 

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  136

 

Número do participante: 15

Idade: 12

Sexo: MasculinoProcedimento: Punição Postiva - Reforçamento Negativo

Fase 1:

Relato: Aborrecimento

Comportamentos motores: Susto com som; Caretas, Clicar no mouse com mais força

Comportamentos vocais: “Assustei com esse treco”

“Caraca, achei que ia cair dessa cadeira”

“Pode errar não?”

“Ihhhhh...tenho muita paciência não”

“Merdinha, não tô entendendo”.

Latência de resposta: 03:11

Cliques nas cartas

A: 13  B: 16  C: 21 

Regra enunciada: Seqüências lógicas. Não entendeu. 

Fase 2:

Relato: Ansiedade

Comportamentos motores: Balançar as pernas.

Comportamentos vocais: “Que saco isso!”

“E agora?”

“Só acerto?”

“Entendi!”

“mesmo acertando é muito ruim”.

Latência de resposta: 01:22

Cliques nas cartas

A: 15  B: 17  C: 18 

Regra enunciada: Cliques da esquerda para a direita sempre. 

Batimentos cardíacos

Início: 88  Final da fase: 91  Final da fase: 86 

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  137

Número do participante: 16

Idade: 14

Sexo: Feminino

Procedimento: Punição Postiva - Reforçamento NegativoFase 1:

Relato: Medo

Comportamentos motores: Susto com som; Pulos na cadeira; Movimentou a cabeça

negativamente; Passar a mão sobre o rosto.

Comportamentos vocais: “Ai... que susto”; “Quero jogar mais não”; “nossa... fiquei

com medo desse jogo... fica assustando a gente”

“Ai Senhor Jesus, não deixa eu me assustar de novo

não...”; “Senhor me ajuda!”; “Isso é coisa do encardido”

“Bem que eu achei que não devia jogar isso!”

“parece filme de terror”

Latência de resposta: 03:20

Cliques nas cartas

A: 14  B: 16  C: 20 

Regra enunciada: Não entendeu. 

Fase 2:

Relato: Ansiedade

Comportamentos motores: Ficar batendo a mão na mesa; Balançar a perna.

Comportamentos vocais: “Senhor Jesus”

“Quando acerta para né?”

“Ai Senhor, obrigada”

“Aprendi agora... é só seguir essa ordem”

“Senhor Jesus... isso não acaba não!?

Latência de resposta: 01:24

Cliques nas cartas

A: 14  B: 16  C: 20 

Regra enunciada: Seqüências lógicas. 

Batimentos cardíacos

Início: 77  Final da fase: 82  Final da fase: 86 

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Número do participante: 17

Idade: 13

Sexo: MulherProcedimento: Punição Postiva - Reforçamento Negativo

Fase 1:

Relato: Raiva

Comportamentos motores: Susto com som; Levantar da cadeira; Balançar as pernas

Comportamentos vocais: “Ai, que susto!”

“Ta muito alto esse barulho”

“Não vai acabar não!?!”

“Dá pra tirar o barulho”

“Que saco!”

“Não quero fazer isso mais!”

“O barulho é enjoado”

Latência de resposta: 03:27

Cliques nas cartas

A: 13  B: 14  C: 23 

Regra enunciada: Questão de sorte ou azar. 

Fase 2:

Relato: Apreensão

Comportamentos motores: Clicar no mouse com mais força; Ficar batendo a mão na

mesa; Balançar a perna.

Comportamentos vocais: “E agora?”

“com esse barulho chato não dá pra jogar não”

“Vou ficar só nessa”

“E agora... tô acertando tudo?”

Latência de resposta: 01:19

Cliques nas cartas

A: 14  B: 31  C: 5 

Regra enunciada: Questão de sorte ou azar. 

Batimentos cardíacos

Início: Final da fase Final da fase

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  139

Número do participante: 18

Idade: 12

Sexo: Feminino

Procedimento: Punição Postiva - Reforçamento NegativoFase 1:

Relato: Raiva

Comportamentos motores: Caretas; Susto com som; Movimentou a cabeça

negativamente.

Comportamentos vocais: “Tá doido hein”

“É pra assustar a gente?”

“Que chato...”

“Nunca mais jogo esse jogo”

“Tô com nojo já desse joguinho”.

Latência de resposta: 03:30

Cliques nas cartas

A: 13  B: 14  C: 23 

Regra enunciada: Sem seqüência lógica.

Questão de sorte ou azar. 

Fase 2:

Relato: Apreensão

Comportamentos motores: Ficar batendo a mão na mesa; Balançar a perna.

Comportamentos vocais: “Mudou o barulho?!”

“Ahh não”

“Nem tem graça acertar com esse barulho”

“Deixa a gente nervosa esse barulho”.

Latência de resposta: 01:21

Cliques nas cartas

A: 14  B: 19  C: 17 

Regra enunciada: Sem seqüência lógica.

Questão de sorte ou azar. 

Batimentos cardíacos

Início: 90  Final da fase: 104  Final da fase: 93 

Page 141: 2007 - Luciano de Sousa Cunha

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  140

 

Número do participante: 19

Idade: 11

Sexo: FemininoProcedimento: Punição Postiva - Reforçamento Negativo

Fase 1:

Relato: Apreensão

Comportamentos motores: Olhar para o display de cupons; Susto com som.

Comportamentos vocais: “Que susto”

“Ai... tô assustada”

“tem esse barulho mesmo?”

“vou acabar isso mais rápido.”

Latência de resposta: 03:09

Cliques nas cartas

A: 13  B: 15  C: 22 

Regra enunciada: Seqüência lógica.

Não entendeu. 

Fase 2:

Relato: Alívio

Comportamentos motores: Caretas, Balançar as mãos e as pernas.

Comportamentos vocais: “Ai menino... que barulho chato”

“não jogo isso de novo...”

“é só uma vez mesmo né?”

“E agora? Tô acertando... acho que entendi...”

“poxa... queria ter entendido antes”

“acaba logo isso”.

Latência de resposta: 01:22

Cliques nas cartas

A: 13  B: 18  C: 19 

Regra enunciada: Seqüência lógica.

Cada cor de carta corresponde a uma posição. 

Batimentos cardíacos

Início: 96  Final da fase: 102  Final da fase: 94 

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Número do participante: 20

Idade: 12

Sexo: Feminino

Procedimento: Punição Postiva - Reforçamento NegativoFase 1:

Relato: Ansiedade

Comportamentos motores: Caretas; Susto com som; Pulos na cadeira; Movimentou a

cabeça negativamente.

Comportamentos vocais: “ai”

“que susto”

“chato demais esse barulho hein”

“poxa vida”

“difícil acertar”

“Quando acaba?”

Latência de resposta: 03:08

Cliques nas cartas

A: 14  B: 18  C: 18 

Regra enunciada: Seqüência lógica.

Fase 2:

Relato: Ansiedade

Comportamentos motores: Morder os lábios, olhar para o display de cupons, balançar

as pernas.

Comportamentos vocais: “Mudou agora...”; “É pra parar o barulho agora”

“Nossa senhora, deixa eu tentar ir rápido”

“Sabia que era assim que jogava!”; “Sempre que jogo

esses joguinhos de computador eu fico nervosa”

Latência de resposta: 01:24

Cliques nas cartas

A: 12  B: 21  C: 17 

Regra enunciada: Seqüência lógica. Cada cor de carta corresponde a uma

posição. 

Batimentos cardíacos

Início: 86  Final da fase: 93  Final da fase: 78 

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