2007 - luciano de sousa cunha
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
ANÁLISE DE EVENTOS PRIVADOS DO TIPO SENTIR SOB
CONTROLE DE CONTINGÊNCIAS PROGRAMADAS EM UM
SOFTWARE
LUCIANO DE SOUSA CUNHA
VITÓRIA
2007
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LUCIANO DE SOUSA CUNHA
ANÁLISE DE EVENTOS PRIVADOS DO TIPO SENTIR SOB
CONTROLE DE CONTINGÊNCIAS PROGRAMADAS EM UM
SOFTWARE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Psicologia da Universidade Federal do
Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre em Psicologia, sob a orientação do
Prof. Dr. Elizeu Batista Borloti.
UFES
Vitória, Fevereiro de 2007.
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ANÁLISE DE EVENTOS PRIVADOS DO TIPO SENTIR SOB
CONTROLE DE CONTINGÊNCIAS PROGRAMADAS EM UM
SOFTWARE
LUCIANO DE SOUSA CUNHA
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da
Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do
grau de Mestre em Psicologia.
Aprovada em _____ de ____________ de 2007, por:
Prof. Dr. Elizeu Batista Borloti – Orientador, UFES
Prof. Dr. Paulo Rogério Meira Menandro – UFES
Prof. Dr. Emmanuel Zagury Tourinho – UFPA
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Os homens inventaram as palavras para que
pudessem esconder seus pensamentos
(Aristóteles).
Nenhum relato do que está acontecendo dentro
do corpo humano, por mais completo que seja, irá
explicar as origens do comportamento humano. Oque acontece dentro do corpo não é um ponto de
partida (Skinner, 1989).
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Dedico este trabalho aos dois terços
que me completam: minha esposaAnninha e minha filha Maria Luísa.
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AGRADECIMENTOS
Agradecer é uma tarefa tão difícil quanto concluir este trabalho. Difícil e
gratificante, diga-se de passagem. Muitos se fazem presentes, e entre esses,
alguns merecem destaque.
Meus pais, por viabilizar minha vinda e muitas vezes minha permanência
no Espírito Santo.
Meus mestres da graduação, Marco Antônio e João Carlos que acreditaram
e me prepararam para meus sonhos. Meu irmão José Geraldo, por me ajudar a
programar (literalmente) meu sonho. Meu orientador, Elizeu, por aceitar dividir e
orientar este sonho, pelas orientações nos momentos mais inusitados (e porque
não dizer inoportunos), pelas boas risadas e pelas grandes oportunidades que me
foram oferecidas através dessa amizade que me proporcionou muitos
reforçadores.
Professores do Programa, que aceitaram um “estranho no ninho”, e
contribuíram significantemente para minha formação. Entre eles, gostaria de citar,
Paulo Menandro, Zeidi Trindade, Sônia Enumo, Rosana Suemi e Cristina
Menandro.
CAPES, por viabilizar a realização do trabalho.
Lúcia, sempre disponível e bem humorada, mesmo diante da “pressa
nossa de todos os dias”.
Meus irmãos de sangue (Júlio, Anízio, Serginho, Rita e Maria José) e de
convivência (Cesinha, Daniel, Dalton, Douglas, Ricardo, Tubias, Mirella, Gil,
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Gasull, Socorro, entre tantos outros), meus colegas do Programa, e meus grande
amigos: Alex, Sibele, Roberta, Hugo, Mariana, Fernanda, Aline, Bruno, Fabrício,
Luiz, Miriam, Thaísa, Rosário e todos os outros que se fizeram presentes nesse
período inesquecível. Mylena, possivelmente uma das melhores Analistas do
Comportamento que conheci. Aos colegas ainda em formação, mas nem por isso,
menos competentes: Leandro, Filipe e Balbi.
Os participantes da minha pesquisa, que foram fundamentais na realização
do trabalho.
Professor Emannuel Zagury Tourinho e Nilzabeth Coelho, pelas
contribuições e trocas de informações, sempre enriquecedoras.
E finalmente, as duas pessoas mais importantes da minha vida: Anninha,
minha esposa e Maria Luísa, minha filha. Obrigado por estarem presentes
(acordadas ou cochilando), sempre me dando forças, mesmos nos momentos em
que não fui capaz de retribuir à altura com todo amor que sinto por vocês.
Como naquele prelúdio: “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se
sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade”. Obrigado a todos.
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SUMÁRIO
Resumo 09
Abstract 11
Introdução 13
Capítulo 1 – Eventos Privados, Sentimentos e Relatos de
Sentimentos 16
1.1. Eventos privados do tipo sentir 17
1.2. Comportamento verbal, relatos verbais e tactos de sentimentos 24
Capítulo 2 – Contingências e Sentimentos 33
2.1. Contingências: definição e considerações metodológicas 33
2.2. Revisão de estudos empíricos 35
2.2.1. Estudos empíricos sobre eventos privados 39
2.2.2. Estudos empíricos sobre situações de escolha e freqüência de
desempenho 43
2.3. Justificativa 47
2.4. Problema de pesquisa 50
2.5. Objetivos 51
2.5.1. Objetivo Geral 51
2.5.2- Objetivos Específicos 51
Capítulo 3 – Método 53
3.1. Participantes 53
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3.2. Instrumentos e material
3.3. Delineamento experimental
54
57
3.4. Procedimento de tratamento e análise dos dados 64
3.5- Riscos 68
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 70
Conclusão 96
Referências Bibliográficas 104
Anexos 119
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RESUMO
Cunha, Luciano de Sousa. (2007). Análise de eventos privados do tipo sentir sob
controle de contingências programadas em um software. Dissertação de
Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do
Espírito Santo.
Analistas de Comportamento têm apontado relações entre contingências de
reforçamento, estados corporais (eventos privados) e eventos públicos. O
presente experimento teve por objetivo investigar o controle de contingências
programadas sobre eventos privados do tipo sentir, empregando um
procedimento que eliciou tais eventos e evocou o tacto dos mesmos
(sentimentos). Participaram 20 estudantes, de ambos os sexos, com idade entre
11 e 14 anos, que cursavam o ensino fundamental em uma escola privada de
Vitória-ES, que executaram as tarefas do software PsychoTacto 2.0. Diante de
uma tela dispondo de quatro estímulos (cards), um localizado na parte superior
central (estímulo-modelo) e três alinhados na parte inferior central da tela
(estímulos-comparação), os participantes respondiam clicando com um mouse em
um dos estímulo-comparação – a conseqüência era programada de acordo com a
contingência básica de reforçamento em operação – e, ao término de cada
procedimento, relatavam o que sentiram. A freqüência cardíaca e a latência das
respostas foram medidas; comportamentos motores e verbais foram registrados
por observadores treinados; dos verbais foi inferido controle instrucional sobre o
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desempenho. Resultados: na fase Reforçamento Positivo predominaram relatos
de contentamento (30%), ansiedade (30%), satisfação (20%) e alegria (20%). Na
fase Punição Negativa, predominaram relatos de frustração (50%),
desapontamento (20%), tristeza (20%) e apreensão (10%). Na fase Punição
Positiva, predominaram relatos de raiva (30%), aborrecimento (20%), ansiedade
(20%), apreensão (20%) e medo (10%). E na fase Reforçamento Negativo, relatos
de ansiedade (40%), apreensão (30%) e alívio (30%). Em todas as fases as
respostas apresentaram um tempo médio de latência diferente, sendo a maior
para o Reforçamento Positivo (3 min e 17 seg) e a menor para o Reforçamento
Negativo (1 min e 23 seg). As regras formuladas indicaram a não discriminação
do desempenho como variável controlada. Os dados motores, verbais e cardíacos
combinados mostram que a exposição a contingências pode eliciar eventos
privados do tipo sentir e produzir tactos dos mesmos. Não foram registradas
discrepâncias entre os dados obtidos entre meninos e meninas.
Financiamento: CAPES
Palavras-chave: Sentimento; Análise Experimental do Comportamento; Tacto;
Eventos Privados.
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ABSTRACT
Cunha, Luciano de Sousa. (2007). Analysis of private events (fellings) under
control of programmed contingencies in a software. Master Thesis, Programa de
Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo.
Behavior Analysts have appointed relations between contingencies of
reinforcement, corporeal conditions (private events), and public events. The aim of
this experiment was to investigate the control of programmed contingencies on
private events (fellings), using a procedure that caused those events and evoked
the tact of them (feelings). Twenty students executed the assignments from the
software PsychoTacto 2.0. They were students (both sex aged between 11 and 14
years old) from a private elementary school in Vitória-ES. In front of a screen with
four stimulus (cards), one located at the upper central part (model stimulus) and
three aligned at the lower central part of the screen (comparison stimulus), the
subjectives had answered, clicking with a mouse on one of the comparison
stimulus. The consequence was programmed according to the basic contingencies
of reinforcement in operation – and at the end of each step they told what they felt.
The cardiac frequency and the latency time of the answers were measured; motor
and verbal behaviors were registered by trained observers; from the verbal ones
was inferred instructional control about the performance. In the Positive
Reinforcement phase predominated contentment (30%), anxiety (30%),
satisfaction (20%) and joy (20%) reports. In the Negative Punishment phase
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predominated frustration (50%), disappointment (20%), sadness (20%) and
apprehension (10%) reports. In the Positive Punishment phase predominated
anger (30%), disgust (20%), anxiety (20%), apprehension (20%) and fear (10%)
reports. And in the Negative Reinforcement, anxiety (40%), apprehension (30%)
and relief (30%) reports. In all of the phases the answers presented a different
average time of latency time, being the longest for the Positive Reinforcement (3
minutes and 17 seconds) and the shorter for Negative Reinforcement (1 minute
and 23 seconds). The formulated rules indicated the non discrimination of the
performance as a controlled variable. The combined motor, verbal and cardiac
data indicate that the exhibition to contingencies can eliciate private events
(feelings) and produce tacts of them. No discrepancies were registered among the
obtained data from both, boys and girls.
Financed by CAPES
Key words: Feeling; Experimental Analysis of Behavior; Tact; Private Events.
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INTRODUÇÃO
O relato verbal é a fonte de dados mais amplamente utilizada na
Psicologia, constituindo a base de entrevistas (clínicas, pré ou pós-
experimentais), levantamentos, avaliações psicológicas (padronizadas ou não),
dentre outros. Em vários desses procedimentos verbais, o relato pode ser tomado
tanto como o fenômeno sob análise quanto como o dado para a análise de um
outro fenômeno. Portanto, segundo De Rose (1995/2001b)1, a Psicologia, além de
estar freqüentemente interessada no comportamento verbal per se, também se
interessa pelo comportamento verbal como um relato de comportamentos,
eventos ou estados, aos quais não se tem acesso fácil ou direto.
Neste estudo, o interesse pelo relato verbal reside neste fato: ser a
descrição desses eventos ou estados, chamados de sentir ou sentimentos,
eliciados por contingências programadas em um software. O objetivo foi investigar
o controle de contingências programadas sobre eventos privados do tipo sentir,
empregando um procedimento que eliciou tais eventos e evocou o tacto dos
mesmos (sentimentos).
No final da década de 80, Skinner (1989/2003c) defendeu a relevância de
estudos deste tipo apontando para a importância de se fazer uma análise
funcional do comportamento operante “relatar” pensamentos ou sentimentos. Na
1 Todas as vezes que uma referência possuir duas datas, a primeira se refere à data da
publicação da obra original e a segunda se refere à da obra consultada.
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visão dele, mesmo que outras ações metodológicas sejam feitas, o pesquisador
terá que perguntar às pessoas o que elas estão sentindo ou pensando, ou seja,
se estão experimentando eventos privados acerca dos quais relatam. A partir das
respostas a essas perguntas, é possível inferir algo sobre o impacto das suas
histórias (genética e pessoal) sobre o que sentem. De fato, fazer tais perguntas é,
freqüentemente, a única forma de que os analistas do comportamento dispõem
para investigar o impacto de uma dada história pessoal sobre eventos privados.
Faltam-lhes, ainda, recursos metodológicos necessários para investigações
diretas.
Lidando com esta limitação de acesso direto ao sentir ou ao pensar,
algumas estratégias metodológicas foram empregadas na análise desses eventos
(por exemplo, Lubinsky & Thompson, 1987; Hayes, White & Bisset, 1998;
Simonassi, Tourinho & Silva, 2001) e o presente trabalho se inclui neste grupo de
investigações. Assim, este trabalho produz e discute dados experimentais acerca
do comportamento verbal tacto sob controle dos estímulos privados do tipo sentir
(Baum, 1999) que acompanham o comportamento operante no desempenho
diante de um software que foi elaborado especialmente para o estudo de relatos
verbais acerca de eventos privados do tipo sentir eliciados em diferentes
contingências de reforçamento.Este estudo teve início na Graduação em Psicologia da Univale
(Universidade Vale do Rio Doce), configurando-se como um estudo piloto para
verificar a eficácia do software como recurso metodológico para alcançar os
objetivos propostos pelo presente trabalho. O estudo piloto permitiu alterações e
correções no software em função de conceitos teóricos da Análise Experimental
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do Comportamento, que culminaram em modificações no delineamento
experimental, tais como registro de comportamentos motores (cliques no mouse),
de batimentos cardíacos, de esquemas de reforçamento na distribuição de
reforçadores, entre outras.
A dissertação do estudo foi dividida desta forma: no Capítulo 1 estão
postas as discussões sobre o conceito de evento privado. O Capítulo focaliza os
eventos privados do tipo sentir e suas relações com o comportamento verbal. No
Capítulo 2 são abordadas as questões metodológicas envolvendo contingências
de reforçamento. Nele está a revisão dos estudos empíricos realizados na Análise
Experimental do Comportamento, nas áreas de eventos privados e de
desempenho em situações de escolha e freqüência de desempenho, áreas nas
quais se inclui o presente experimento. A partir desta revisão, são defendidas as
justificativas deste estudo e apresentados o problema de pesquisa e os seus
objetivos. O Capítulo 3 descreve o método aplicado na pesquisa: o delineamento
experimental e o procedimento de tratamento e análise dos dados. Por fim, o
Capítulo 4 apresenta e discute os resultados quantitativos e qualitativos do
experimento. Seguem-se, então, as conclusões em função dos objetivos
propostos.
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CAPÍTULO 1
EVENTOS PRIVADOS, SENTIMENTOS
E RELATOS DE SENTIMENTOS
Para De Rose (1995/2001a), os comportamentos operantes constituem a
maior parte das atividades visíveis de um ser humano, mas até mesmo algumas
dessas atividades – como as denominadas pensamentos, por exemplo –
envolvem operantes, entretanto esses são reduzidos em sua magnitude a ponto
de tornarem-se invisíveis para os demais seres humanos. Nesse caso, a resposta
está ocorrendo e, por ser tão reduzido em sua escala e é inobservável aos
demais é chamada de comportamento encoberto.
O objetivo deste Capítulo é conceituar evento privado, especialmente os
eventos privados do tipo sentir, e abordar suas relações com o comportamento
verbal. Antes de iniciar qualquer discussão mais específica, a maioria dos autores
que pesquisam o tema “eventos privados” (por exemplo, Tourinho, 1995/2001c)
faz uma diferenciação entre as díades de termos interno/externo, privado/público.
Os termos interno/externo referem-se à localização do evento, ou seja, se ocorre
dentro ou fora do organismo; os termos privado/público referem-se à
acessibilidade: quando apenas o próprio sujeito tem acesso ao evento, esse
denomina-se privado; se outra pessoa tiver acesso, chama-se público. Já o termo
encoberto refere-se à ocorrência de um comportamento em si tendo a pele como
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limite. No caso, as respostas ocorrem sob a pele do organismo, porém diferencia-
se de estimulação encoberta, que se refere à parte fisiológica do que ocorre sob a
pele.
A questão da privacidade ou da subjetividade teve força no behaviorismo
quando Skinner (1945) introduziu o conceito de evento privado como sendo
aquele evento inacessível à observação pública direta. Desde então o
termo tem sido usado por analistas do comportamento para referirem-se a
sentimentos, pensamentos, emoções, cognições e outros tantos processos
psicológicos básicos tradicionalmente abordados pela Psicologia a partir de
referenciais mentalistas ou cognitivos. Assim, o pensar, o atentar, o ver e tantos
outros fenômenos são até admitidos como forma de ação do indivíduo, mas
raramente são interpretados com os conceitos de uma Ciência do
Comportamento pelas Psicologias Mentalistas (Tourinho, 1995/2001b).
1.1. Eventos privados do tipo sentir
Em geral, quando trata dos fenômenos chamados aqui de eventos
privados, a abordagem tradicional estabelece dicotomias epistemologicamente
problemáticas. Uma delas, a dicotomia físico-mental, foi rejeitada por Skinner(1945) quando discutiu a natureza dos eventos privados e o critério de verificação
pública como atestado da sua existência. Em outro de seus escritos posteriores,
Skinner (1969/1984; 1971) reafirmou que seria tolice negar a existência de um
mundo privado, mas que também seria tolice afirmar que, por ser privado, ele
teria uma natureza diferente da do mundo público. Deste modo, ele interpretou os
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fenômenos psicológicos que ocorrem nesse mundo como comportamentos com
uma especificidade única: sua propriedade privada ou encoberta. Com isto ele
apontou a diferença básica entre o seu behaviorismo e o de Watson ou até
mesmo dos positivistas lógicos, definindo a função do sentimento em seu sistema
explicativo do comportamento humano e não se limitando aos fenômenos que são
publicamente observáveis, pois acreditava que o “como as pessoas se sentem é,
geralmente, tão importante quanto o que elas fazem”. (Skinner, 1989/2003c, p.3).
Isto implica afirmar que eventos privados são dotados de dimensões físicas e
funcionalmente relacionados a contingências de reforçamento presentes no
ambiente (físico e social) com o qual o organismo interage. Nesse sentido, o
pensar, como operante encoberto, é um fenômeno comportamental tanto quanto
(e sujeito às mesmas leis) que qualquer outro operante observável. Deste modo,
não há necessidade, para Skinner (1974/2003b), de uma definição especial para
o conceito de comportamento encoberto, exceto que se trata de “comportamento
executado em escala tão pequena que não é visível aos outros” (p.27).
Em vários trechos de sua obra, Skinner (1953/2003a, 1957/1978,
1974/2003b) define os eventos privados como estímulos ou respostas acessíveis
de modo direto apenas ao próprio indivíduo a quem dizem respeito. No caso dos
eventos privados do tipo sentir torna-se necessária uma distinção entre o que ésentido introspectivamente e o que é relatado como sentimento (Abib, 1982;
Cunha & Borloti, 2005).
Aquilo que é sentido é uma condição corporal e “não é uma causa inicial ou
iniciadora” (Skinner, 1989/2003c, p.15) do comportamento. A condição corporal
pode ser vista como uma emoção, que é um evento privado, sub-produto da
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relação ambiente-organismo, ou seja, do comportamento. O termo sub-produto
indica que o que é sentido (ou a emoção) acontece ao mesmo tempo
(considerando-se o aspecto temporal), ou um pouco antes, do comportamento
operante. O que é sentido é concomitante, paralelo ou contíguo ao
comportamento e é por esta razão que se costuma confundir o que se sente com
causa. No entanto, “os eventos que são responsáveis pelo que fazemos e,
portanto, pelo que sentimos, permanecem num passado realmente distante”
(Skinner, 1989/2003c, p.15).
O “sentido” pode então ser interpretado como um comportamento
respondente, eliciado por uma determinada contingência presente na história de
vida, associada a uma história filogenética e cultural. No entanto, sua análise não
termina aí. Torna-se necessário identificar qual a função desse respondente, à
medida que ao longo dessa história - independente da dificuldade de acesso a
esses eventos – as pessoas são ensinadas a nomear ou até mesmo relatar
propriedades desse respondente, mesmo que esse ensino não seja feito com
tanto êxito quanto o ensino da nomeação um objeto concreto ou propriedades
desse objeto. Tourinho (2006a, 2006b) esclarece que o que é “sentido” passa a
ter uma função discriminativa para uma resposta verbal, e que, por esta razão,
não é apenas uma condição corporal qualquer.É dessa função que emerge o que será definido como sentimento: a
condição corporal passa a ser experimentada sob controle das contingências do
contexto e sob controle das contingências verbais mantidas por uma comunidade.
Uma condição corporal é experimentada corporalmente (sentida) e, em seguida,
nomeada como um sentimento. A dor é um exemplo de fácil compreensão desta
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distinção, pois os papéis dos ambientes passado e presente atuando sobre
ambos (o que é sentido e o sentimento) são mais óbvios. Em geral as pessoas
sabem o que é ou foi doloroso em suas histórias (ontogenética e filogenética) e
sabem o quanto foi importante em suas vidas aprender dos (e dizer aos) outros
que sentem dor.
Em casos não tão óbvios a direção da análise permanece a mesma. Ao
invés de procurar atribuir causas de comportamentos a sentimentos, a melhor
estratégia é observar o comportamento e os estados do corpo e as condições
ambientais comuns dos quais ambos são função. Só assim encontram-se
algumas das razões para fazer o que se faz e, portanto, para sentir o que se
sente. Como no exemplo da dor, essas razões devem ser explicadas levando-se
em conta os três níveis de seleção do comportamento humano: a filogênese, a
ontogênese e a cultura (Skinner, 1989/2003c). Deste modo, pode-se verificar que
duas análises científicas concomitantes são pertinentes. A primeira diz respeito ao
que é sentido e a segunda, ao relato sobre o que se sente. Em ambas não se
pode esquecer que “a singularidade do indivíduo é incontestável” (Skinner, 1959,
p.17) e determinada por estes três níveis de seleção. O primeiro nível é
responsável pelo organismo (o locus da condição corporal, produto da seleção
natural); o segundo, pela pessoa (possível pelas contingências de reforçamentona interação com o que aconteceu e acontece); e a terceira, pelo eu (a referência
à função discriminativa do que é “sentido” na interação em uma comunidade
verbal, como quando, por exemplo, a pessoa diz “Eu sinto medo”).
Esta tese tem sido defendida na análise de vários tipos de sentimentos e
outros eventos privados, dentre eles o ciúme e/ou inveja (De Silva, 1997; Grice &
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Seely, 2000; Leite, 2000; Marazziti, et al., 2003; Pines & Aronson, 1983; Pines,
1992; Costa, 2005; Mathes, 1993), culpa (Guilhardi, 2002), preguiça e
procrastinação (Kerbauy, 1997; 2000), sonhos (Bachtold,1999; Borloti, 2006;
Chandra, 1976; Callaghan, 1996; Delitti, M. & Meyer, 1995; Delitti, 1997; Delitti,
2000; Dixon & Hayes, 1999; Guilhardi, 1995; Melo e Silva, 2000; Vandenberghe,
2004), alucinações e delírios (Britto, 2004; Córdova & Medeiros, 2003; Staats &
Staats, 1973), percepção (Blough, 1975; Costall, 1984; Fields, Matneja, Varelas,
Belanich, Fitzer & Shamoun, 2002; Goto & Lea, 2003; Kirkpatrick-Steger,
Wasserman & Biederman, 1996; Lopes & Abib, 2002; McFadden & Wild, 1986;
Reed, Howell, Sackin, Pizzimenti, & Rosen, 2003). A seguir, serão apresentados
algumas definições desses outros eventos privados.
Para Leite (2000), o ciúme é uma emoção experienciada quando uma
pessoa é ameaçada pela perda de um relacionamento com alguém (parceiro)
para um rival (outra pessoa, em se tratando do ciúme amoroso ou romântico).
Uma perda que não envolva um novo relacionamento semelhante entre o parceiro
e uma rival não produz ciúme. Já no âmago da inveja está a comparação social,
uma influência importante da formação do auto-conceito.
A culpa, por outro lado, segundo Guilhardi (2002), pode estar relacionada
com uma história de vida em que um indivíduo é punido por emitir umdeterminado comportamento e este comportamento introduz uma condição
aversiva. Desta forma, a retirada de um reforçador habitual passa a controlar
comportamentos de fuga-esquiva, com a função de eliminar essa condição
aversiva. Ou seja, quando essa condição aversiva está presente ela é atribuída a
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comportamentos do próprio indivíduo, e as condições corporais experimentadas
são chamadas de culpa.
Ao falar de preguiça e procrastinação, Kerbauy (2000) define a preguiça
como “sentida” diante da propensão para não trabalhar, demora ou lentidão em
praticar qualquer coisa. Ainda, segundo a autora, a preguiça tem um caráter de
julgamento moral e implica em deixar de fazer uma atividade necessária. Já a
procrastinação é adiar, demorar, prostrair, delongar, espaçar. Nesse sentido, um
“preguiçoso”, embora saiba emitir o comportamento, não o faz. Um
“procrastinador” pode prejudicar seu desempenho, pois as atividades são
iniciadas e não terminadas, ou iniciadas com atraso.
Entre esses outros tipos de eventos privados, encontra-se a percepção,
que, segundo Lopes & Abib (2002), é explicada por Skinner através do conceito
de comportamento perceptivo – um comportamento complexo que se inter-
relaciona com muitos outros. O estudo da percepção na teoria skinneriana pode
ser dividido em duas etapas: estudo do comportamento perceptivo como
precorrente e estudo dos precorrentes do comportamento perceptivo. No primeiro
caso, a investigação passa pelo processo de resolução de problemas, no qual o
comportamento perceptivo desempenha um papel fundamental modificando o
ambiente, o que permite a emissão do comportamento discriminativo e a soluçãodo problema. No segundo caso, a investigação trata com uma série de outros
comportamentos, tais como, propósito, atenção, e consciência, que modificam a
probabilidade de emissão do comportamento perceptivo.
O comportamento perceptivo é exemplificado no sonho, que para Skinner
(1974/2003b), são comportamentos perceptuais encobertos, do tipo ver ou ouvir
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(ou sentir sabores, temperaturas, texturas, etc.) sob controle da coisa (vista,
ouvida ou sentida de outra forma) que está ausente: um sonho [com estímulos
visuais], não é uma exposição de coisas vistas pelo sonhador, e sim o
comportamento de ver. Portanto, os sonhos são eventos privados do tipo sentir
(Baum, 1999). Os sonhos são exemplos de processos comportamentais
envolvendo a discriminação de sensações diversas, experimentadas no passado
e no presente de quem sonha, e relacionadas às imagens oníricas.
Como um último exemplo, podemos considerar a ótica de Staats
(1963/1973), que considera que a sensação não é apenas um processo sensorial;
é um processo de resposta que produz um processo sensorial com características
estimulantes internas, que por sua vez produz um estímulo interno. A vantagem
de nomear as sensações como respostas é dizer que elas são aprendidas, que se
pode condicionar um organismo a ter uma resposta sensorial. Como
conseqüência do condicionamento, uma resposta sensorial pode ser provocada
por um estímulo diferente do estímulo que simplesmente provoca a sensação.
Essa sensação aprendida, que ocorre na ausência de um estimulo sensorial,
pode ser nomeada com terminologia simples: imagem. Uma imagem é, então, um
estímulo interno. Sob certas circunstâncias, uma imagem pode ser nomeada de
alucinação. Uma alucinação, portanto, pode ser definida como uma respostasensorial, isto é, ver ou ouvir privadamente com os ‘olhos do imaginar’,
dependendo da história anterior; não na presença do estímulo público, e falar a
alguém que ‘de fato’ está vendo. Assim, uma alucinação, em alguns casos, pode
ser considerada como uma resposta sensorial que foi condicionada a qualquer
estímulo e que pode ser provocada por esse estímulo.
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1.2. Comportamento verbal, relatos verbais e tactos de sentimentos
A discussão sobre eventos privados na Análise do Comportamento
aparece sempre mesclada à discussão dos processos verbais que se dão no
contato entre a pessoa que sente e a sua comunidade verbal. Portanto, a
compreensão do sentimento depende da compreensão do conceito de
comportamento verbal e das relações verbais envolvidas na discriminação do
“sentido”.
Skinner (1957/1978) apresentou o conceito de comportamento verbal
diferenciando-o do comportamento não verbal. As diferenças apontadas por ele
foram discutidas em detalhes por Catania (1986) e a principal delas diz respeito
ao fato de o comportamento verbal afetar o ambiente físico somente pela
mediação de um outro repertório (de outra pessoa ou do próprio falante). Assim,
os operantes verbais agem indiretamente sobre o ambiente físico, já que sua
conseqüência definidora é dada por esse outro repertório mediador
(genericamente chamado de ouvinte). Essa mediação confere o caráter social do
comportamento verbal, especialmente daquele relacionado à função
discriminativa dos eventos privados, uma vez que “só quando o mundo privado de
uma pessoa se torna importante para as demais é que ele se torna importantepara ela própria” (Skinner, 1974/2003b, p.31). Segundo Skinner (1957/1978), a
mediação desse ouvinte é “precisamente condicionada” pela cultura verbal “com o
fim de reforçar o comportamento do falante” (p.268), mesmo quando a mediação
envolve eventos privados.
O condicionamento especial do ouvinte é o x do problema. O comportamento verbal
é modelado e mantido por um meio verbal – por pessoas que respondem de certa
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maneira ao comportamento por causa das práticas do grupo do qual elas sãomembros. Essas práticas e a interação resultante entre o falante e o ouvinteproduzem os fenômenos aqui considerados sob a rubrica de comportamento verbal(Skinner, 1957/1978, p.270).
Catania (1998) diferenciou comportamento verbal de linguagem,
clarificando a definição original de Skinner desta forma:
O comportamento verbal envolve o comportamento do falante modelado por seusefeitos sobre o comportamento do ouvinte e o comportamento do ouvinte modeladopor seus efeitos sobre o comportamento do falante. O campo do comportamentoverbal está voltado ao comportamento do indivíduo, e as unidades funcionais doseu comportamento verbal são determinadas pelas práticas de uma comunidadeverbal (...). Definir o comportamento verbal por sua função distingüe-o delinguagem, que é definida pela estrutura. Por exemplo, as definições, grafias epronúncias em dicionários e as regras num livro de gramática descrevem asestruturas padrões de várias unidades verbais em uma língua; assim, elas resumemalgumas propriedades estruturais das práticas de uma comunidade verbal. Ocomportamento verbal do falante ocorre no contexto dessas práticas, mas essaspráticas mantenedoras, a linguagem, não podem ser confundidas com o que elasmantém, que é o comportamento verbal (Catania, 1986, p.429).
Essas práticas, segundo Catania (1998), sempre envolvem palavras
(escritas, faladas ou gestualizadas) que são efetivas somente nessa mediação.
As práticas sociais verbais são, por isso, um meio de conseguir que as pessoas
façam coisas.
Excetuando essas propriedades que conferem um status especial ao
comportamento verbal, o termo refere um comportamento como qualquer outro: o
comportamento verbal, assim como o não-verbal, é modelado e mantido por um
controle de estímulos antecedentes e conseqüentes. O controle do
comportamento verbal relatar, por exemplo, está sujeito às mesmas leis que
mantém os comportamentos não verbais (controle de estímulo, reforçamento,
etc.). Assim, relatar é um comportamento verbal emitido sob controle de uma
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audiência e de estímulos discriminativos2 não verbais (quando, por exemplo,
diante de uma situação injusta, o falante descreve as propriedades da situação) e
verbais (quando, diante da pergunta “como foi sua infância?”, conta um fato
ocorrido há tempo).
Quando sob controle de discriminativos não verbais presentes na hora ou
pouco antes do relato, diz-se que o relato verbal é um tipo de tacto: “um operante
verbal, no qual uma resposta de certa forma é evocada (ou pelo menos reforçada)
por um objeto particular ou um acontecimento ou propriedade do objeto ou
acontecimento” (Skinner, 1957/1978, p.108). Desta maneira, qualquer forma de
tacto foi condicionada por uma cultura verbal com o intuito de reforçar o
comportamento do falante de “entrar em contato” com o objeto que exerce
controle discriminativo sobre o seu comportamento. O verbete do Catania (1998)
reforça a definição do termo tacto como:
(...) uma resposta discriminativa verbal (como quando a resposta verbal maçã napresença de uma maçã é dita tatear a maçã). O tacto captura o controle de estímulocomo ele chega ao comportamento verbal. A relação de tacto inclui apenas oresponder na presença de ou logo depois do estímulo tateado e, portanto, não éequivalente a nomear ou fazer referência (p.427).
De Rose (1995/2001b) explicita, então, que a propriedade característica do
tacto é, portanto, o controle singular que algum aspecto do mundo exerce sobre a
forma da resposta. Neste sentido, o tacto é o operante verbal que tem uma
relação de correspondência com o mundo. Quando o aspecto do mundo que
controla o tacto é externo, ele pode ser compartilhado pelo falante e pelos
ouvintes, mas quando tais aspectos são eventos privados do tipo sentir ou pensar
(Baum, 1999), não é isto o que ocorre. Nessas situações, do mesmo modo que
2 Segundo Keller (1973/2003), um estímulo discriminativo sinaliza que o reforço está disponível numa situação, fazendo
com que a resposta entre em extinção em todas as demais situações, exceto num conjunto muito restrito de condições deestímulos.
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ocorre entre leigos, De Rose (1995/2001b) fala que o pesquisador, por não ter
acesso direto a esses eventos, normalmente fica interessado em conhecer algo
sobre eles e precisa pedir que o falante fale sobre os mesmos.
O “sentido” (aquele que tem função discriminativa) pode ser conceituado a
partir de uma discussão proposta para o tacto de eventos privados, quando
Skinner (1957/1978) incluiu a discussão do modo como os estados corporais são
relatados. Isto foi sintetizado por Guilhardi (2002) assim: as pessoas discriminam
estados corporais (produzidos pela sua interação com contingências de
reforçamento), nomeiam esses estados corporais de acordo com nomes de
sentimentos aprendidos com sua comunidade verbal e, finalmente, (e
erroneamente) atribuem às palavras assim aprendidas a função de causar
comportamentos.
O sentimento propriamente dito, então, diz respeito a algo que, ao mesmo
tempo em que está sob o controle de condições corporais sentidas, extrapola
esse controle, pois a ele é adicionado o controle advindo da relação de tacto. Por
esta razão há uma diferenciação das tarefas do fisiologista e do analista do
comportamento nesse campo de estudo: “tanto as condições sentidas quanto o
que é feito ao senti-las deve ser confiado ao fisiologista. O que fica para o analista
comportamental são as histórias genética e pessoal responsáveis pelascondições que o fisiologista descobrirá” (Skinner, 1989/2003c, p.24).
Portanto, parafraseando Skinner (1989/2003c), estudar experimentalmente
os sentimentos é estudar 1) as contingências de reforçamento sob as quais um
evento privado é sentido e 2) as contingências verbais sob as quais o que é
sentido é descrito. Isto, de certa forma, questiona a concepção mentalista que
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permeia a abordagem psicológica tradicional do sentimento e que perpassa o
senso comum. Certamente, esta concepção tradicional é incompatível com a
leitura analítico-comportamental (Tourinho, 2006b). Desta maneira, a objeção do
behaviorismo radical às abordagens psicológicas centradas na problemática da
privacidade é, antes de tudo, uma objeção a qualquer concepção internalista do
homem (Tourinho, 1995/2001a). No behaviorismo radical, as relações da ação
com o ambiente externo (à ação)3 são aquelas que devem ser buscadas para
explicar o fenômeno comportamental.
Assim,
(...) ao se voltar para os determinantes externos do comportamento, a Análise doComportamento evidenciou progresso significativo na compreensão do fenômenocomportamental. Isso sugere que um progresso científico na direção de uma maiorcapacidade de previsão e produção do comportamento pode independer da análisedo que eventualmente esteja ocorrendo no interior de cada um (Tourinho,1995/2001a, pág.176).
Entretanto, mesmo que não se saiba o que exatamente esteja ocorrendo
no interior do corpo, é preciso lidar cientificamente com as variáveis que
controlam a discriminação do que ocorre, já que são esses “objetos” presentes
que tornam possível a emersão da relação de tacto de um sentimento. A
presença desses eventos privados torna o tacto diferente da nomeação (ou da
referência) de um sentimento, já que a nomeação pode existir na ausência do
evento: “um objeto ausente pode ser nomeado, mas não tacteado” (Catania,
1998, p.427).
Considerando o tacto de algo presente ocorrendo no interior do corpo,
Engelmann (1978) diz que o vocabulário das línguas naturais compreende um
grande número de palavras que costuma ser considerado “nomes de
3 Uma discussão detalhada sobre a terminologia “ambiente externo à ação” encontra-se em Matos (1995/2001).
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sentimentos”. Tudo indica que tais nomes em sentenças de tipo “Eu sinto x”
possuem fundamentalmente uma função relacional a um objeto. Isso já havia sido
reconhecido por Skinner (1957/1978) ao incluir respostas verbais que descrevem
sentimentos na categoria de tactos, enfatizando a diferença entre tatear, nomear
ou referenciar: a nomeação ou a referência enfocam o objeto; o tato enfoca a
relação entre a resposta verbal e o objeto. Isto esclarece porque “O tacto é uma
relação, e não apenas uma resposta e, na ausência de um estímulo controlador
não se poderá estabelecer nenhuma relação” (Skinner, 1957/1978, p.135).
Em síntese, as contingências de reforçamento em uma “história pessoal”
do falante eliciam os “objetos dentro do corpo” a serem relatados como
sentimentos por meio de tactos. Por permitir que a audiência conheça (mais
precisamente) o que se passa “fora” ou (menos precisamente) o que se passa
“dentro” do corpo do falante, o tacto “emerge como o mais importante operante
verbal” (Skinner, 1957/1978, p.109).
Para Tourinho (2006a), o contato com esse “mundo sob a pele” se dá em
diferentes graus de complexidade, porém, sempre se baseia no princípio de
seleção por conseqüências em uma relação (correlação ou relação de
equivalência) com um evento público que pode variar contextualmente (por
exemplo, “alegria” tem, em geral, correlação com sorriso). A referência queDamásio (1999/2002) faz aos eventos privados também enfatiza esta
correspondência com os eventos públicos, e ainda defende que uma “leitura
corporal” talvez possa ser útil para estabelecer uma relação entre o público
(comportamento) e o privado (sentimento).
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Aparte a discussão das incongruências na correspondência público-
privado, olhar a contingência operando tem sido útil desde a década de 40. Estes
e Skinner (1941/1961), por exemplo, conceituaram uma resposta emocional
(sentida) como uma resposta do organismo resultante de uma contingência e
exemplificaram que o mesmo estímulo para “medo” controla respostas motoras
correspondentes. Em concordância com o que disse Damásio (1999/2002), eles
já haviam afirmado que o que é sentido é inferido da alteração no responder
operante público que acompanha a emoção. Esse acompanhamento do operante
com estados corporais respondentes levou Skinner (1953/2003a) a afirmar que a
emoção é um subproduto das contingências de reforçamento, no sentido em que
ela é concomitante ao evento público. Infelizmente, subproduto tem sido
entendido até hoje como um produto secundário ou menos importante das
contingências de reforçamento. Entretanto esta questão foi resolvida de modo
objetivo: é impossível sentir sem se comportar. Em termos técnicos, isto equivale
a dizer que as relações operantes e respondentes são indissociáveis (Catania,
1998/1999), como produto das mesmas contingências (uma pessoa foge, treme,
etc. e sente medo em uma mesma situação).
A importância prática do conhecimento sobre o “mundo sob a pele” do
falante (por exemplo, na educação de crianças, na resolução de problema ou napsicoterapia) permitiu que vários autores (Holland & Skinner, 1961/1973;
Millenson, 1967/1973; Skinner, 1974/2003b; Skinner, 1989/2003c; Lubinsky &
Thompson, 1987; Hayes, Jacobsom, Follette & Dougher, 1994; Banaco, 1999;
Simonassi, et al. 2001, dentre outros) discutissem correspondências entre
comportamentos verbais sob controle de eventos privados (tacto) e contingências
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às quais um indivíduo está exposto. Há unanimidade em afirmar que sob
diferentes contingências de reforçamento, diferentes condições corporais são
eliciadas e diferentes operantes são emitidos. Ao serem tateadas tais condições
corporais, diferentes relações entre eventos entram no controle de estímulo da
resposta de relatá-las, justificando os inúmeros nomes de sentimentos. Cunha,
Chequer, Martinelli & Borloti (2005) catalogaram as citações de contingências
envolvidas na eliciação de estados corporais tacteados como sentimentos. A
Tabela 1, a seguir, aponta algumas das relações entre as contingências
operantes e o comportamento verbal tacto sob controle de condições corporais
(eventos privados) eliciadas nessas contingências, e os possíveis nomes de
sentimentos para essas condições corporais sentidas4.
Análises interpretativas de relações entre sentimentos e contingências - Tabela 1
Contingência Sentimentos
Reforçamento
Positivo
Fé, confiança, segurança, interesse, ambição, determinação, obstinação,
perseverança, excitação, entusiasmo, dedicação, compulsão (Skinner,
1974/2003b); alegria, prazer, satisfação (Skinner, 1989/2003c); prazer, elação,
êxtase (Millenson, 1967/1973).
Reforçamento
Negativo
Ansiedade, fuga, agressividade, vergonha (Skinner, 1974/2003b); ansiedade,
terror, apreensão, alívio (Millenson, 1967/1973); agressividade, aversão,
ansiedade (Holland & Skinner, 1961/1973).
Punição Positiva Ansiedade, vergonha, culpa (Skinner, 1974/2003b); raiva (Banaco, 1999);
medo, raiva (Holland & Skinner, 1961/1973); raiva, cólera, aborrecimento
(Millenson, 1967/1973); ansiedade (Hayes, et al., 1994);
4 É importante ressaltar que a Tabela 1 não inclui o conceito de extinção, uma vez que o procedimento experimental usado neste estudo
não trabalha com essa operação.
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Punição Negativa Frustração, depressão, incerteza, desapontamento, impotência,
desencorajamento, inibição, timidez, embaraço (Skinner, 1974/2003b);
frustração, tristeza (Banaco, 1999); alívio, sossego, calma (Banaco, 1999);
frustração (Holland & Skinner, 1961/1973); tristeza (Hayes et al., 1994)
Esta Tabela, de certa forma, defende a importância de se enfatizar o que é
sentido como função das contingências envolvidas. Entretanto, grande parte
desta defesa – como atestam as referências – é produto de análises
interpretativas em estudos conceituais ou teóricos. Supostamente, se essas
contingências forem arranjadas em condições experimentais planejadas, elas
possibilitarão uma análise detalhada das variáveis envolvidas na produção dos
estados sentidos e do relato desses estados, bem como de outras respostas não
verbais e verbais que são acompanhadas por esses estados e relatos. A
produção experimental de estados sentidos e de seus relatos depende de uma
definição operacional de contingência. O Capítulo seguinte faz isto e apresenta a
compilação do que já foi feito para o estudo empírico dos eventos privados de
modo a justificar e apresentar os objetivos deste estudo.
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CAPÍTULO 2
CONTINGÊNCIAS E SENTIMENTOS
2.1. Contingências: definição e considerações metodológicas
Segundo De Souza (1995/2001), contingência é a relação existente entre
eventos comportamentais e/ou ambientais. Estando além de uma relação
temporal (ou de contigüidade), essa relação segue o modelo selecionista
apontado no Capítulo 1, que explica o modo pelo qual um evento adquire função
para outro. Assim, podemos dizer que contingência é a probabilidade de um
evento ser afetado a partir da ocorrência de outro. Isto ocorre tanto no controle
respondente quanto no operante. No caso dos respondentes, essas relações de
controle são do tipo estímulo-resposta. No caso dos operantes, as contingências
estudadas são referentes à relação da resposta com os estímulos antecedentes
e, principalmente, conseqüentes. Tal relação define operações entre respostas e
estímulos (sejam eles públicos, como no caso de um tacto de um sentimento;
sejam privados, como no caso do “sentido”, conforme definido no Capítulo 1).
Skinner (1969/1984, p.191-192) listou as várias operações de
contingências que já foram estudadas experimentalmente: privação, saciação,
fuga, esquiva, discriminação de estímulo, diferenciação de resposta,
generalização, encadeamento, “superstição”. Este estudo examinará apenas as
operações básicas de reforçamento (positivo e negativo) e punição (positiva e
negativa), uma vez que se pretende verificar seu controle sobre eventos privados
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do tipo sentir. Genericamente, tais operações, incluindo as operações de punição,
são denominadas contingências de reforçamento, porque elas se definem de
modo intercambiável.
As operações básicas de reforço e punição se definem em função das
conseqüências que seguem certas respostas. Catania (1998/1999) refere estes
termos da seguinte maneira: “um estímulo é reforçador positivo se sua
apresentação aumenta o responder que o produz, ou um reforçador negativo se
sua remoção aumenta o responder que o suspende ou o adia” (p.418); e “um
estímulo é um punidor positivo, se sua apresentação reduz a probabilidade de
respostas que o produzem ou um punidor negativo, se sua remoção reduz a
probabilidade de respostas que o terminam” (p.416). Vê-se, desta forma, que esta
terminologia é descritiva e, segundo o autor, depende de três condições: a
resposta produz alguma conseqüência; a resposta ocorre com mais freqüência do
que quando não produz conseqüências; e, o aumento da freqüência das
respostas ocorre porque a resposta tem aquela conseqüência específica.
Segundo Sidman (1989/1995), no reforçamento positivo a ação de uma
pessoa é seguida pela adição, produção ou aparecimento de algo novo; algo que
não estava lá antes do ato. No reforçamento negativo uma ação subtrai, remove
ou elimina algo, fazendo com que uma condição ou coisa que estava lá antes doato desapareça. Quando o comportamento é reforçado positivamente obtém-se
algo; quando reforçado negativamente remove-se algo, foge-se ou esquiva-se de
algo. Ambos os tipos de conseqüências tornam mais provável que se faça a
mesma coisa outra vez. Ambos são, portanto, reforçadores.
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Ao contrário do reforço, a punição envolve punidores que têm como efeito
suprimir 5 a possibilidade de emissão futura de uma resposta. Sidman (1989/1995)
discute a relação simétrica entre estímulos reforçadores e punidores, quando
explicita que cada tipo de reforçamento tem uma contraparte espelhada em cada
tipo de punição:
Algumas vezes fazemos coisas que terminam reforçadores positivos, algumasvezes produzimos reforçadores negativos. Estas contrapartes simétricas dereforçamento positivo e negativo constituem a punição. Punição pode, portanto,assumir uma de duas formas. Um tipo de punição confronta-nos com o término ouretirada de alguma coisa que comumente seria um reforçador positivo, o outro tipo
confronta-nos com a produção de algo que normalmente seria um reforçadornegativo (Sidman, 1989/1995, p.59).
Esta definição de contrapartes feita por Sidman informa que depois da
apresentação de reforçadores positivos, sua retirada constitui a operação
chamada de punição negativa; e, após a apresentação de estímulos aversivos
(punição positiva), a sua retirada constitui reforçamento negativo. Como se verá
no Capítulo 3, esta definição justifica o procedimento experimental adotado neste
estudo, uma vez que tais apresentações e retiradas são sempre acompanhadas
de estados corporais sentidos e descritos a partir dos processos operantes que
controlam a discriminação e o relato verbal sobre eles.
2.2. Revisão de estudos empíricos
Apesar da importância, enfatizada por Skinner (1989/2003c), dos estudos
experimentais de eventos privados, esses ainda são escassos na Análise do
Comportamento (Simonassi, et al. 2001). Esta escassez foi verificada quando se
5 O termo suprimir é utilizado no sentido de que, após um estímulo aversivo ser apresentado como conseqüência doresponder ocorre uma interrupção súbita do responder.
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acessou, via indexadores eletrônicos, os periódicos específicos da Análise do
Comportamento internacionais (The Analysis of Verbal Behavior, Journal of
Experimental Analysis of Behavior, Journal Applied of Behavior Analysis, The
Behavior Analyst, Behavior Therapy, Revista Mexicana de Analisis de la
Conducta, Behavior Research and Therapy, Journal of Behavior Therapy and
Experimental Psychiatric ) e nacionais (Revista Brasileira de Terapia
Comportamental e Cognitiva e Brazilian Journal of Behavior Analysis), específicos
da Análise do Comportamento, bem como as coletâneas nacionais específicas
Sobre Comportamento e Cognição (que segundo Nolasco, 2002, representam
59% das publicações da Análise do Comportamento no Brasil) e Ciência do
Comportamento: Conhecer e Avançar. O mesmo foi verificado quando se acessou
os periódicos internacionais e nacionais não específicos da área (Psychological
Review, The Psychological Record, Drug and Alcohol Dependence, Journal of
Comparativa Psychology, Boletim de Psicologia, Cadernos de Psicologia Social
do Trabalho, Estudos de Psicologia – Campinas, Estudos em Psicologia – UFRN,
Estudos e Pesquisas em Psicologia, Psicologia: Ciência e Profissão, Psicologia:
Pesquisa e Trânsito, Psicologia: Reflexão e Crítica, Psicologia: Teoria e Pesquisa,
Psicologia: Teoria e Prática, Psicologia Clínica, Psicologia da Educação,
Psicologia e Sociedade, Psicologia em Estudo, Psicologia em Revista, Psicologia
Escolar e Educacional, Psicologia Hospitalar, Psicologia USP, Revista do
Departamento de Psicologia UFF ).
Para justificar esta escassez duas hipóteses foram levantadas. A primeira
hipótese, enfatizada por Malerbi e Matos (1992), Palmer (1998) e Simonassi, et al.
(2001), é derivada de limitações metodológicas: é difícil isolar variáveis nos
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estudos de eventos privados, dada a propriedade “privacidade” do
comportamento investigado. A segunda hipótese explica melhor a realidade
nacional e é derivada da concorrência de espaço, nas publicações específicas e
não específicas da Análise do Comportamento, com a pesquisa aplicada e com a
pesquisa (empírica e/ou teórica) de outros temas. Para dimensionar a situação,
entre os artigos nacionais categorizados como da Análise do Comportamento em
periódicos não específicos, foi encontrado apenas um (1) artigo empírico
experimental que se relaciona com o tema evento privado (Simonassi, et al.
2001). Quando são analisados os periódicos internacionais específicos a situação
melhora, mas nem tanto.
Entre os periódicos internacionais não específicos da área, foram
encontrados artigos teóricos sobre sentimentos ou emoções (porém sem o
enfoque comportamental) ou apenas artigos relacionados à prática clínica em
geral. Por outro lado, artigos teóricos nos periódicos específicos da área são mais
comuns6. Os mais citados deles são o de Anderson, Hawkins & Scotti (1997) – em
que é apresentada uma discussão sobre as bases conceituais e a relevância
clínica de estudos sobre eventos privados na Análise do Comportamento – e o de
Anderson, Hawkins, Freeman & Scotti (2000) – que também discute se os
estudos sobre o tema eventos privados são relevantes em uma Ciência doComportamento. Em geral os analistas de comportamento se amparam nas
conclusões de ambos: estudos empíricos deste tema são inovadores e não se
amparam em delineamentos experimentais já consagrados como produtivos.
Assim amparados, dois trabalhos nacionais encontrados em coletâneas
6
Os artigos teóricos relevantes discutem a tese skinneriana sobre eventos privados, conformefundamentação teórica apresentada no Capítulo 1.
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específicas consultadas discutem o método utilizado ao se estudar a história das
contingências passadas e atuais na determinação de comportamentos e
sentimentos. Um deles é o de Guilhardi (2005), que defende o estudo de caso
como método privilegiado para um maior acesso a variáveis relevantes atuando
sobre o comportamento. Um outro é o de Oliveira-Castro (2000), que discute a
utilização de contingências programadas para o estudo das complexidades
discriminativas de tarefas relacionadas à leitura, uma vez que a ausência de
análises sistemáticas e de recursos tecnológicos tem dificultado o controle de
variáveis para se estudar eventos privados. Nesta mesma direção, caminhou o
artigo de Friman, Wilson & Hayes (1998) que discutira a importância de se
estudar eventos privados de forma científica, com variáveis controladas, na busca
de relações entre eventos públicos e relatos sobre ansiedade.
Apesar destas recomendações, ao todo, entre os periódicos internacionais
e nacionais, e entre os específicos e não específicos foram encontrados alguns
artigos empíricos sobre o tema evento privado. Analisando-os verificou-se como
têm sido delineados os estudos empíricos sobre o tema e as conclusões que
derivaram. A seguir eles são apresentados e, logo depois, os estudos empíricos
sobre situações de escolha e freqüência de desempenho são também listados
(estes foram selecionados a partir da sua importância para o delineamentoexperimental apresentado no Capítulo 3).
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2.2.1. Estudos empíricos sobre eventos privados
Desde o clássico experimento “Algumas propriedades quantitativas da
ansiedade” (Estes & Skinner, 1941/1961), que descreve como a ansiedade foi
mensurada a partir de seus supostos efeitos sobre a taxa de respostas de
pressão à barra; e também desde as considerações epistemológicas contidas no
“Terms” (Skinner, 1945), os poucos estudos que pesquisaram diretamente
eventos privados do tipo sentir ou pensar se intensificaram a partir da década de
80, focalizando o sentir e, inicialmente, usando organismos não humanos como
sujeitos. Lubinsky & Thompson (1987) investigaram o papel de eventos privados
experimentalmente manipulados no estabelecimento da ocasião para
comportamentos comunicativos entre pombos. O objetivo dos autores foi verificar
se animais não humanos poderiam aprender a interagir comunicativamente,
discriminando e “relatando” (bicando em um display) entre si estados internos que
variavam devido à administração de cocaína, pentobarbital (substância utilizada
como anestésico) ou sal. Seus resultados demonstraram esta possibilidade e seu
estudo tornou-se um modelo adequado de comunicação interpessoal de eventos
privados, sugerindo que, com um treinamento adequado, feito de forma similar ao
feito com os pombos, seria possível ensinar humanos a discriminar seus estadoscorporais. Esse estudo foi influenciado por estudos anteriores, entre eles um
estudo em que houve uma tentativa de estudar a comunicação simbólica entre
pombos, proposto por Lubinsky & MacCorquodale (1984), e outro no qual Lanza,
Starr & Skinner (1982) já haviam verificado, também em pombos, que após um
treino, poderia ser desenvolvida a capacidade de comunicar entre si propriedades
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“verdadeiras” e “inventadas” de estímulos ambientais públicos dispostos na
câmara experimental.
A partir do “modelo adequado de comunicação interpessoal de eventos
privados” de Lubinsky & Thompson (1987), pesquisas com humanos visando
verificar a relação entre a utilização de substâncias e estados corporais foram
propostas. DeGrandpre, Bickel & Higgins (1992) estudaram as relações de
equivalência emergentes entre estímulos interoceptivos (efeitos corporais de
drogas) e estímulos visuais, verificando em seus resultados que ocorria formação
de classes equivalentes entre tais estímulos. No mesmo ano, Oliveto, Bickel,
Hughes, Higgins & Fenwick (1992) verificaram como os efeitos de uma substância
(Triazolam) poderiam servir como estímulo discriminativo para a nomeação de
eventos privados em humanos, constatando que, a partir do treinamento, os
participantes eram capazes de relatar com exatidão seus estados internos,
baseados nas opções de relato fornecidas durante o procedimento.
Os estudos empíricos com eventos do tipo sentir deram impulso para o
estudo empírico dos eventos do tipo pensar já no início dos anos 90. Kritch &
Bostow (1993), por exemplo, procuraram verificar a capacidade de pessoas
emitirem respostas verbais a eventos passados (no caso, o evento do tipo pensar
poderia ser chamado lembrar). Neste experimento 75 estudantes eramrequisitados a identificar na tela de um computador quatro figuras geométricas
diferentes. Durante essa etapa de identificação, para cada figura, uma cor de
fundo de tela diferente da cor da figura era apresentada. Após essa apresentação,
os participantes eram solicitados a lembrar a cor de tela correspondente a cada
figura apresentada anteriormente. Os resultados confirmam as afirmações de
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Engelmann (1978) de que quanto maior for à proximidade temporal entre o relato
e o fato, ou estado subjetivo a ser relatado, maiores as chances de um relato
correto por parte do sujeito.
Além do lembrar, uma outra resposta privada investigada empiricamente foi
o resolver o problema. Simonassi, et al. (2001) empregaram um procedimento
para que humanos resolvessem problemas e tornassem públicas tais respostas.
Em seu estudo, 64 participantes foram distribuídos em duas condições
experimentais (complexa e simples) de resolução de problema envolvendo
contingências em um software. Após cada desempenho obtiveram-se registros
das respostas de relatar (oralmente e por escrito) sobre a resolução do problema.
Dos resultados concluiu-se que a complexidade da tarefa não interferiu na
característica privada das respostas e que as contingências sociais tornaram
públicas as respostas precorrentes na resolução de problemas. O procedimento
empregado pelos autores fornece evidências empíricas para algumas das
proposições estabelecidas pelos behavioristas radicais para o pensar, além de
oferecer duas novas questões para discussão dos eventos privados em geral: 1) a
emissão de respostas descritivas precorrentes eficazes mostrou-se como uma
função das contingências sociais associadas às contingências mediadas pelo
software; 2) a identificação da possibilidade de respostas descritivas incorretas foise modificando de acordo com respostas informativas de disponibilidade de uma
regra para resolução dos problemas. Ambas as questões são especialmente
importantes para os estudos que usam respostas informativas na análise do
desempenho dos participantes.
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Garcia-Serpa, Meyer & Del Prette (2003), com base nas proposições
skinnerianas sobre a origem social do relato de sentimentos, buscaram entender
sua importância no desenvolvimento inicial da criança e questionar se a influência
da comunidade verbal sobre esse repertório seria detectável em curto período do
desenvolvimento infantil e se haveria diferenças na aprendizagem em função do
tipo de sentimentos. Para este estudo, uma amostra de 72 meninos de quatro e
cinco anos foram colocados em situação de identificação de sentimentos do
protagonista de uma história apresentada em vídeo. Os resultados mostraram
diferenças entre as crianças de duas faixas etárias quanto ao tipo de sentimento
identificado evidenciando um efeito cumulativo da experiência e fornecendo
evidência empírica indireta de que a influência da comunidade verbal é
progressiva, a partir da diferenciação do repertório ao longo da idade.
Entre os resultados das buscas, também foi encontrada uma pesquisa que,
de certa maneira, justifica a posição de Skinner (1957/1978), acerca da função
verbal do relatar um sentimento. Trata-se do estudo de Lanza, et al. (1982), citado
anteriormente, no qual os autores não apenas ensinam pombos a descrever
propriedades do ambiente, como também a “mentir” sobre essas propriedades.
Dois pombos eram ensinados a usar símbolos para comunicar informações sobre
cores (vermelho, amarelo e verde) escondidas para cada um. Quando relatar quea cor escondida era “vermelha” era reforçado mais generosamente do que relatar
que a cor era “verde” ou “amarela”, os dois pássaros passaram por um período no
qual eles “mentiram” relatando apenas que a cor escondida era “vermelha”. Uma
vez que ver é um evento comportamental privado, Parsons (1989) partiu desse
fato para fazer uma discussão teórica sobre o mentir, ao se relatar estados
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subjetivos. Suas conclusões apontam que analistas do comportamento pouco
falam ou escrevem sobre “mentir”. Em conclusão, ambos os estudos confirmam a
posição de Skinner (1957/1978) sobre a precisão e validade dos relatos dos
participantes, na medida em que não há garantia de que um relato possa estar
ligado a um propósito (determinado pelo conhecimento da função de um
operante, ou da conseqüência a ser conseguida) ou a um estado sentido. Dito de
outro modo, simplesmente, não há garantias de que um relato é uma “verdade”
sobre os estados subjetivos dos participantes. Obviamente, este estudo tem
clareza desta limitação inexorável.
2.2.2. Estudos empíricos sobre situações de escolha e freqüência de
resposta
Visando adicionar sugestões que pudessem definir o arranjo experimental
proposto para este experimento, também foi feita uma revisão de outros estudos
experimentais que utilizaram contingências (programadas ou não) ou analisaram
o desempenho em situações de escolha, uma vez que, como se verá no Capítulo
3, esses estudos apresentam alguns detalhes experimentais que inspiraram o
método deste estudo, o qual envolve escolha em diferentes contingências eesquemas de reforçamento.
O´Donnell, Crosbie, Willians & Saunders (2000), por exemplo,
programaram um software que apresentou estímulos e registrou respostas,
permitindo verificar se os participantes eram capazes de discriminar situações em
que perdiam ou ganhavam reforçadores (no caso, dinheiro). Seus resultados
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mostram que a freqüência dos comportamentos dos participantes diminuía nas
situações quando predominavam punidores, e aumentava quando predominavam
reforçadores, o que, de certa forma, caracteriza a escolha.
Critchfield, Paletz, MacLeese & Newland (2003), de modo parecido,
verificaram se os participantes (estudantes voluntários) escolheriam situações
com estímulos reforçadores ou punidores, assim como a efetividade do uso de
dinheiro em duas situações experimentais: como reforçador ou punidor negativo.
Devido a um aumento da freqüência de escolha pela primeira situação, seus
resultados mostram que os participantes discriminaram os estímulos que
sinalizavam o ganho de prováveis reforçadores ou a sua perda.
Landon, Davison & Elliffe (2003) também avaliaram o comportamento de
escolha, porém usaram pombos e planejaram situações diferentes que envolviam
uma distribuição desigual de reforçadores, por meio de esquemas de
reforçamento de razão variável. Eles treinaram seis pombos em um procedimento
no qual deveriam escolher bicar um ou outro de dois discos, sendo que em cada
um o bicar produzia conseqüências reforçadoras em um esquema de razão
diferente. Seus resultados mostram que o comportamento de escolha varia de
acordo com a razão, podendo haver alternância na escolha em função de uma
razão mais favorável.Em um outro estudo com pombos, Ono (2004) verificou os efeitos da
experiência prévia na preferência por situações de escolha livre ou forçada. Dois
animais eram colocados alternadamente em uma caixa experimental com dois
discos de escolha. O experimento consistiu em dois procedimentos executados
de maneira alternada para cada animal: em um procedimento todas as respostas
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de escolha eram reforçadas (escolha livre), enquanto no outro só o bicar em um
dos discos (escolha forçada) era reforçado. Na escolha livre o desempenho se
distribuiu igualmente entre os discos; na forçada houve aumento da taxa de
resposta de bicar o disco específico. Quando os pombos foram postos em um
terceiro procedimento com escolha livre, o comportamento de ambos ficou sob
controle do procedimento mais recente ao qual foram submetidos, sendo esse
mais decisivo na determinação do bicar do que a diferença entre a escolha livre
ou forçada.
Lannie & Martens (2004) descreveram outro fato acerca da escolha ao
verificarem o efeito de exercícios de matemática, com diferentes níveis de
dificuldade, sobre o comportamento de escolha pela forma de avaliação da
resolução dos exercícios (se pelo produto ou resolução correta ou se pelo tempo
de resolução). Eles solicitaram que seus participantes resolvessem os exercícios
e escolhessem o modo pelo qual seriam avaliados. Seus resultados mostram que
a escolha por ser avaliado pela resolução correta é mais provável quando os
exercícios são de fácil resolução; ao contrário, a escolha por ser avaliado pelo
tempo de resolução é mais provável quando os exercícios são mais difíceis.
Outra variável que determina a escolha está descrita no estudo de Madden
& Perone (2003) no qual os autores procuraram verificar os efeitos nocomportamento diante da exposição a quatro diferentes esquemas de intervalo
variável. Nesse estudo, os participantes seguravam um joystick com quatro
posições e deveriam escolher uma posição para serem supostamente reforçados.
Como o estudo envolvia uma programação da liberação de reforçadores em
esquemas de intervalo variável, a posição escolhida pelo participante não
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produzia nenhuma conseqüência, mas sim a passagem de tempo. Os resultados
mostram que as respostas expostas a uma relação de contigüidade eram
escolhidas com mais freqüência.
Os outros estudos encontrados e que subsidiaram o descrito nesta
dissertação se referem mais a pesquisas sobre o efeito de reforçadores e
punidores no desempenho (taxa de respostas). Zimmerman & Baydan (1963), por
exemplo, verificaram os efeitos dos atrasos na punição nas taxas de resposta de
escolha em procedimentos de matching to sample. Os resultados apresentados
demonstram que estímulos de comparação associados a um maior atraso na
apresentação de estímulos punidores eram escolhidos em maior freqüência e
estímulos de comparação associados a um atraso reduzido na apresentação de
estímulos punidores eram escolhidos em menor freqüência. Mais recentemente,
Jacobs & Hackenberg (2000) verificaram o desempenho de participantes em
esquemas de reforçamento e punição em que pontos eram trocados por dinheiro.
Seus resultados não mostraram diferenças na freqüência de respostas dos
participantes para os esquemas de intervalo ou razão variável. Os autores
consideram que a semelhança na freqüência de respostas se deveu ao fato de
que não existiram pausas entre os diferentes esquemas, o que atesta a
dificuldade do participante em discriminar o esquema em operação.Sem entrar em detalhes (por não haver relação direta com os objetivos
deste estudo), é importante lembrar que muitos pesquisadores se empenharam
em estudar a questão do desempenho (taxa de respostas) de humanos ou de
animais, procurando verificar os efeitos de esquemas de punição e de
reforçamento intermitente sob o responder (por exemplo, Ayllon & Azrin, 1966;
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Crosbie, Willians, Lattal, Anderson & Brown (1997); Scobie & Kaufman, 1969;
Bradshaw, Szabadi & Bevan, 1977; Bradshaw, Szabadi & Bevan, 1978;
Bradshaw, Szabadi & Bevan, 1979; Shull, Grimes, Bennet, 2004; e Snycerski,
Laraway, Huitema & Poling, 2004). Snycerski, et al. (2004) retomaram a
discussão dos efeitos da história comportamental e analisaram seu impacto na
freqüência de respostas diante de diferentes contingências. Perone (2003)
procurou demonstrar que o uso de reforçamento positivo poderia envolver
controle aversivo, contradizendo algumas afirmações de Sidman e Skinner que,
ao longo das suas carreiras, apontaram tais efeitos diretamente às situações
aversivas. Em geral, esses estudos sobre os efeitos das contingências de
reforçamento e punição produziram dados sobre as taxas de respostas, ao invés
de dados sobre a latência de respostas. A variável latência de resposta, por ser
uma propriedade não-verbal sob controle de contingências não-verbais, pode ser
uma via diferenciada e, de certa forma, privilegiada, para inferências acerca dos
sentimentos discriminados pelos participantes durante cada fase dos
Procedimentos.
2.3. Justificativa
Considerando a discussão anterior da temática dos eventos privados do
tipo sentir é possível relacionar alguns argumentos que justificam a presente
pesquisa.
Em primeiro lugar, há um argumento teórico e também pragmático. É muito
importante para a comunidade verbal ter acesso também aos estímulos privados
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dos indivíduos, se essa comunidade quiser facilitar o ensino de certas habilidades
aos seus membros, por exemplo, a habilidade de ver, de dizer o que sente, de ler
ou resolver problemas. Por esta razão, Skinner (1957/1978) afirmou que o tacto
beneficia mais o ouvinte do que o falante. Dependendo da cultura sob análise,
relatos verbais de estados internos são mais ou menos valorizados pela
comunidade (Malerbi & Matos, 1992). A despeito dessa variabilidade de valores, o
conhecimento de certos eventos privados pode ser um fator determinante da
sobrevivência individual, particularmente quando eles se relacionam com eventos
que agridem a saúde do indivíduo.
Anderson, et al. (1997) e Malerbi & Matos (1992) ressaltam que, apesar
dos vários problemas apontados em relação à linguagem dos eventos privados e
das dificuldades técnicas em estudá-los, a importância das conseqüências do
comportamento verbal de tactear alguns desses eventos não disponíveis ao
ouvinte, por si só, já justifica trabalhos de pesquisa que visem identificar variáveis
que controlam esses eventos de modo a facilitar análises funcionais em contextos
aplicados. Assim, deve ser mais bem conhecida a correspondência entre os
relatos verbais sob controle de estímulos privados e as contingências que os
determinam, de modo a aumentar a validade das inferências feitas a partir dos
relatos, como ocorre na psicoterapia, por exemplo.Em segundo lugar, há um argumento metodológico. De acordo com
Simonassi, et al. (2001), e como dito anteriormente, estudos sobre eventos
privados têm sido escassos na literatura da Análise do Comportamento, a
despeito da importância do tema e do esforço interpretativo de Skinner. De certa
forma, este estudo pretende contribuir para validar a análise interpretativa sobre o
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tacto de eventos privados, conforme a tese extensamente posta no Capítulo sobre
tacto, no livro O Comportamento Verbal (Skinner, 1957/1978). É importante
reafirmar que estudos experimentais nesta área são inovadores e não se
amparam em delineamentos já consagrados como produtivos, especialmente
estudos que mensuram a latência de resposta. Portanto, este estudo permite uma
interpretação dos eventos privados pautada numa base empírica sólida. Tourinho
(1995/2001a) comenta que a abordagem da privacidade no âmbito de uma
Ciência do Comportamento e da prática profissional nela amparada pode
legitimamente lançar mão da interpretação como método. Essa talvez seja a única
via atual para uma análise comportamental dos eventos privados. O desafio
consiste em lançar mão deste método interpretativo de forma associada a
mecanismos tecnológicos que permitam avaliar com alguma segurança a sua
eficácia.
Oliveira-Castro (2000) ressalta a importância da utilização de softwares em
experimentos que têm essa tarefa. Porém, em geral, como demonstrado na
revisão dos estudos empíricos, a maior parte dos experimentos se referem aos
efeitos das contingências de reforçamento e punição e buscam explicar as taxas
de respostas através do aumento ou diminuição na sua freqüência de emissão, ao
invés de produzirem outros dados a serem analisados concomitantemente, porexemplo, a medida da latência de resposta e o tacto de sentimentos a ela
correlacionado. Assim, produzindo esses tipos de dados, este estudo pretende
contribuir empírica e experimentalmente para a compreensão das variáveis de
controle do relato verbal de eventos privados do tipo sentir, tendo como parâmetro
contingências programadas, o que é relevante 1) para a Análise Experimental do
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Comportamento, a partir do momento em que demonstrará um controle mais
preciso das variáveis envolvidas no tacto de sentimentos; e 2) para a Análise
Aplicada do Comportamento, especialmente a Terapia Comportamental, a partir
do momento em que permitirá uma interpretação mais efetiva dos efeitos de
diferentes operações contingenciais sobre o que as pessoas dizem que sentem,
além de fornecer informações que possivelmente irão permitir uma leitura das
diferenças entre esses efeitos individualmente. A programação de contingências
descrita no Capítulo seguinte poderá, ainda, ser empregada em outros estudos,
com objetivos e participantes diferentes.
2.4. Problema de pesquisa
Foi proposto o seguinte problema de relação entre eventos para a presente
pesquisa: “Qual é o efeito da exposição a contingências (programadas em um
software) sobre eventos privados do tipo sentir?”. Os termos deste problema
foram definidos anteriormente e a definição de uma contingência programada
encontra-se no Capítulo seguinte.
Este problema operacionalizou-se a partir de um estudo piloto que teve por
objetivo investigar o controle de contingências programadas sobre eventosprivados (sentimentos) por meio de um procedimento com um software –
PsychoTacto (Cunha, Chequer, Cunha, Martinelli & Borloti, 2004), em sua versão
1.0. O estudo piloto foi conduzido com 30 participantes e os dados fornecidos pelo
software, somados aos comportamentos motores e verbais registrados durante a
aplicação do procedimento, mostraram que existe uma relação entre a exposição
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à contingência e os relatos emitidos após essa exposição, sobre eventos privados
eliciados nessa exposição, mesmo diante de uma variabilidade de respostas.
Outra observação importante é que o software mostrou-se eficiente e adequado
para novas pesquisas, e o estudo piloto possibilitou correções, alterações e o
planejamento de outros delineamentos experimentais.
2.5. Objetivos
2.5.1. Objetivo Geral
O objetivo deste estudo foi investigar o controle de contingências
programadas sobre eventos privados do tipo sentir, empregando um
procedimento que pudesse eliciar tais eventos e evocar o tacto dos mesmos
(sentimentos).
2.5.2- Objetivos Específicos
• Descrever as variáveis ambientais (contingências de reforçamento)
controladoras de eventos privados.
• Investigar como a interação com as contingências de reforçamento
programadas no software se relacionam com os tactos dos eventos privados
do tipo sentir.
• Analisar a relação entre a latência da resposta motora “clique no mouse” e as
contingências que a controlam.
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• Analisar a relação entre a freqüência cardíaca e as contingências que a
eliciam.
• Observar e analisar a ocorrência de respostas motoras e verbais durante a
exposição às contingências programadas.
• Evocar tactos dos eventos privados (sentimentos) discriminados
interoceptivamente pelos participantes durante cada fase do procedimento.
• Comparar os tactos evocados com os tactos sugeridos pela análise
interpretativa contida na Tabela 1.
• Verificar diferenças entre tactos de acordo com o gênero dos participantes.
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CAPÍTULO 3
MÉTODO
3.1. Participantes
Foram selecionados 20 estudantes, com idade entre 11 e 14 anos, que
cursavam o ensino fundamental em uma escola particular de Vitória-ES. Os
participantes foram selecionados em igual número em relação ao sexo. Estes
critérios de seleção foram adotados em função de se obter participantes na qual
discrepâncias em relação as suas características não se transformassem em mais
uma variável a ser analisada.
A seleção dos participantes foi direta e influenciada, pois os mesmos foram
convidados pelo próprio experimentador na qualidade de voluntários e receberam
informações básicas quanto à natureza do estudo, local, período de participação e
tipo de atividade que realizariam. Além disso, os responsáveis pelos participantes
receberam do experimentador um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) para ser lido e assinado, no qual foram informados sobre seus direitos,
segurança e privacidade (Anexo 1). O TCLE também informou que os
participantes poderiam desistir a qualquer momento, sem que houvesse nenhum
tipo de prejuízo para os mesmos. Caso isto ocorresse, para manter o número
planejado de participantes, o experimentador previu convidar outro participante
que se encaixasse nos critérios de seleção. Entretanto, isto não foi necessário.
Como forma de controle de vieses, os participantes não foram convocados
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às sessões experimentais (descritas adiante) em grupo, para que não
compartilhassem informações sobre o procedimento. Para garantir o controle
maior sobre esta variável, eles receberam instruções para não divulgar os
resultados individuais ou comentar sobre o procedimento entre si. Isto visou
garantir que a programação das contingências não fosse discriminada a partir de
informações compartilhadas (por exemplo, o número de cupons ganhos ao final
do experimento era o mesmo para todos os participantes, e essa informação
poderia facilitar a discriminação da programação pelos participantes).
3.2. Instrumentos e material
As sessões experimentais foram realizadas no ambiente do laboratório de
Psicologia Experimental da Universidade Federal do Espírito Santo, livre de
interferências externas, equipado com um computador notebook , com um
processador de 2.0 Ghz, 512 Mb Ram, disco rígido de 40 Gb, monitor colorido de
15’’, mouse e caixas acústicas com potência de 1500 watts pmpo. Durante a
sessão experimental, o computador esteve disposto sobre uma mesa. O
experimentador permaneceu no laboratório dando as instruções necessárias para
a execução do procedimento. Além do computador, foi disponibilizado aoparticipante um cartão com instruções escritas para o procedimento (cartão-
instrução impresso). O experimentador e dois alunos de graduação treinados na
técnica de registro cursivo de comportamentos tinham acesso a um formulário
com algumas questões para serem preenchidas por ele durante e após a
execução da tarefa (Anexo 2).
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O software utilizado contém um programa específico para o estudo dos
efeitos de diferentes contingências programadas sobre o comportamento verbal
tacto – Psychotacto (Cunha, Chequer, Cunha, Martinelli & Borloti 2004), em sua
versão 2.0. O programa é executado em ambiente Windows e apresenta janelas
para o cadastramento dos dados do participante (identificação, idade, sexo,
naturalidade e escolaridade). Durante o procedimento, o computador apresenta
em sua tela quatro estímulos similares a cartas, sendo uma localizada na parte
superior central da tela (estímulo modelo) e as demais alinhadas horizontalmente,
na parte inferior da tela (estímulos de comparação). À direita do estímulo modelo
há um display de contagem de pontos (ou de cupons para o sorteio de cinqüenta
reais, R$ 50,00, cuja função é descrita a seguir). Respostas (cliques) em uma das
cartas inferiores disponibilizam na tela uma conseqüência (pontos acrescentados
ou retirados do display, dependendo da contingência em vigor; e desenho de um
rosto feliz ou triste), que indica se a resposta dada pelo participante está certa ou
errada, respectivamente (Figura 1).
Telas com uma conseqüência programada - Figura 1
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O número de “acertos” e “erros” já está programado, e estes são
randomizados, de modo que os “acertos” e “erros” de cada participante ocorra de
acordo com a programação prévia. O sistema processa relatórios para
visualização em vídeo (Figura 2) informando o número de tentativas, quantas
vezes o participante clicou em cada estímulo comparação, acertos e erros e a
latência de respostas (tempo, em segundos, entre a apresentação do estímulo
modelo e a resposta de clicar em uma dos estímulos comparação). Os gráficos
podem ter as suas escalas configuradas de acordo com a necessidade do
pesquisador. Um exemplo dessa necessidade é quando ocorrem respostas com a
latência muito baixa, o que dificulta a leitura do gráfico. Neste caso, o pesquisador
configura o gráfico com uma escala menor.
Relatórios em vídeo - Figura 2
Foi utilizado também um monitor de freqüência cardíaca Heart HR102 para
monitorar os batimentos cardíacos dos participantes durante as fases do
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procedimento.
3.3. Delineamento experimental
Entre os meses de setembro e outubro de 2006, conforme previsto no
cronograma do projeto desta pesquisa, os dados foram coletados7. Cada
participante foi encaminhado ao laboratório e solicitado a sentar-se diante do
computador, ao lado do qual havia o cartão-instrução. As únicas informações a
que os participantes tiveram acesso se referiram ao procedimento, e foram
disponibilizadas tanto na tela do computador, quanto no cartão-instrução. Os
observadores estavam disponíveis no laboratório e, de posse de protocolos de
registro e de definições comportamentais (Anexo 2), observaram e registraram a
ocorrência de eventos comportamentais públicos esperados, que foram tratados e
analisados como dados experimentais. O estudo piloto permitiu a definição
comportamental de eventos motores (“fazer sinal de não com a cabeça”, “sorrir”,
“balançar pernas”, “fazer contas nos dedos”) e verbais (“que saco”, “não vou
ganhar mais não?”, “agora aprendi”, “que barulho chato”, “que medo”, “não quero
mais jogar não”). Os alunos também auxiliaram a colocação do monitor de
freqüência cardíaca na posição adequada no corpo dos participantes antes doinício do procedimento.
Após o participante sentar em frente ao monitor e ser cadastrado no
programa, o procedimento iniciou-se com a seguinte instrução: “Você terá a sua
frente uma tela de computador com 4 cartas, sendo que uma estará à mostra
7 Duas cópias em arquivo digital dos dados coletados estão disponíveis: uma destinada ao próprio
pesquisador, e outra destinada a Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Psicologia daUFES, como medida de proteção relacionada à divulgação dos resultados.
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(carta modelo), e outras três ocultas. Sua tarefa será tentar acertar, através de um
clique com o mouse, qual das três cartas ocultas é igual à carta modelo. Ao clicar
em uma das cartas, o computador informará se sua resposta está certa ou errada
e o número de cupons que você terá direito para concorrer ao sorteio de
cinqüenta reais. Você receberá esses cupons ao longo da tarefa, de acordo com o
número exibido na parte superior direita da tela. Tente acertar o máximo possível,
pois quanto mais cupons você ganhar, mais chance terá que ganhar o sorteio de
cinqüenta reais. Quando a tarefa terminar você será avisado. Compreendeu?
Caso seja necessário, poderá consultar o cartão que está ao seu lado. Clique em
iniciar para começar a tarefa”. Após ouvir ou ler a instrução geral, o participante
clicava no botão “iniciar a tarefa” e, então, aparecia na tela uma configuração
semelhante à mostrada na Figura 1.
Cada participante ganhava cupons (que foram iguais para cada
participante) para participar do sorteio de R$ 50,00 (cinqüenta reais), um
reforçador condicionado potencial. Portanto, o participante se comportava e,
durante o desenrolar do procedimento, seus “acertos” e “erros” eram convertidos
em números de cupons no display da tela para concorrer ao sorteio do dinheiro.
Critchfield, et al. (2003) verificaram que o dinheiro era um reforçador efetivo,
assim como a perda de dinheiro era também um punidor efetivo, sendo esse ocritério adotado para a utilização do dinheiro ao invés de outros reforçadores. De
fato, o valor reforçador generalizado dos cupons (associados à possibilidade de
ganhar dinheiro) tornou mais efetivos os efeitos das contingências.
As quatro contingências (Reforçamento Positivo, Reforçamento Negativo,
Punição Positiva e Punição Negativa) foram agrupadas e compuseram dois
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procedimentos compostos por duas fases cada: Procedimento 1) Reforçamento
Positivo (fase 1) e Punição Negativa (fase 2), e Procedimento 2) Punição Positiva
(fase 1) e Reforçamento Negativo (fase 2). Este agrupamento se deveu ao fato de
que para se garantir que o participante seja exposto à Punição Negativa, ele deve
passar por uma história de Reforçamento Positivo e, para ser exposto ao
Reforçamento Negativo, deve passar por uma história de Punição Positiva
(Sidman, 1989/1995). Deste modo, cada procedimento possui um total de cem
telas, sendo cinqüenta telas para cada agrupamento de contingência.
Cada fase apresenta dois momentos. Em um deles predomina um
esquema em que o reforçador é apresentado de uma maneira intermitente, e no
outro, um esquema de reforço contínuo (CRF) ou punição num esquema
contínuo. A distribuição dos reforçadores nesses esquemas visou evitar que o
participante discriminasse que o procedimento envolvia resultados programados.
Esta modificação técnica foi feita após o estudo piloto para testagem do software
quando foi verificado que o tipo de esquema alterava o controle que a
contingência operando no software exercia sobre os eventos privados e sobre seu
relato. Este tipo de variação de esquemas de reforçamento também foi utilizada
para dificultar a discriminação da contingência em vigor por Jacobs & Hackenberg
(2000).Portanto, os “acertos” e “erros” foram variáveis controladas ao longo do
procedimento, a partir de uma contingência específica com esquemas
específicos. A tabela 2 especifica a programação em cada momento. Os critérios
para escolha do número de acertos e erros para cada momento estão ligados ao
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tipo de contingência à qual os participantes foram expostos. A contagem de
cupons durante o procedimento é cumulativa.
Programação dos erros e acertos em função dos esquemas
de reforço (ou punição) nos momentos do experimento – Tabela 2
Contingência 1º Momento
Esquema de Reforços
Intermitentes
(Conseqüências Randomizadas)
2º Momento
Esquema de Reforço (ou Punição)
Contínuo
Reforçamento Positivo 10 acertos 10 erros 30 acertos 0 erros
Punição Negativa 6 acertos 6 erros 0 acertos 38 erros
Punição Positiva 8 acertos 8 erros 0 acertos 34 erros
Reforçamento Negativo 5 acertos 5 erros 40 acertos 0 erros
A tabela 3 apresenta a distribuição das contingências programadas e das
telas durante os procedimentos, explicitando como os acertos e erros ficaram sob
controle de esquemas de reforçamento diferentes de modo a que o participante
não discriminasse a variável independente (contingências programadas).
Programação por procedimento, de erros e acertos em cada contingência - Tabela 3
Distribuição das
Contingências em
Procedimentos
Contingência
Tela 1 a 50
(distribuição aleatória)
Contingência
Tela 51 a 100
(distribuição aleatória)
40 acertos 6 acertosProcedimento 1
Ref. + / Pun. -
Reforçamento
Positivo 10 erros
Punição
Negativa 44 erros
Procedimento 2 Punição Positiva 8 acertos 45 acertos
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Pun. + / Ref. - 42 erros Reforçamento
Negativo
5 erros
Os 20 participantes foram divididos em 2 grupos iguais, com 10
participantes cada, sendo 5 meninos e 5 meninas. Cada grupo foi submetido a um
procedimento. No Procedimento 1, os 10 participantes clicavam, “acertavam” e
recebiam cupons para o sorteio (Reforçamento Positivo); ou clicavam, “erravam” e
perdiam os cupons que haviam recebido (Punição Negativa). Durante o
procedimento 2 as contingências “incluem os eventos que, no linguajar comum,
chamamos de `irritantes´, `desconfortáveis´, `dolorosos´, `desagradáveis´,
`nocivos´ e assim por diante” (Millenson, 1967, p. 383). Assim, na contingência de
Punição Positiva houve um ruído incômodo (som de choque na potência máxima
do amplificador do equipamento), que foi apresentado por 3 segundos toda vez
que houve a ocorrência de uma resposta “errada”. Na contingência de
Reforçamento Negativo houve a presença do mesmo ruído, porém, esse foi
contínuo até que a resposta “certa” o interrompeu por 3 segundos8. Esse ruído foi
claramente incômodo, porém não nocivo, conforme esclarecido na seção Análise
de Riscos.
8 Uma pergunta poderia surgir diante da utilização da punição: como manter o responder numa operação de punição, se uma dascaracterísticas da punição é a supressão de respostas? Uma pista da resposta é fornecida por Skinner (1989/2003c), que diz que a programação para o responder, em um esquema de reforçamento intermitente produz a manutenção de comportamentos resistentes àextinção8 na ocasião em que reforçadores ocorrerem infreqüentemente. Por isso, durante a fase na qual o participante foi exposto à punição positiva, foi usado um esquema de reforçamento intermitente, no qual o sujeito teve acesso a reforços esporádicos, conforme
programação exposta no Tabela 3.
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Programação das conseqüências para “erros” e “acertos”
para as contingências - Tabela 4
Contingência Conseqüência para Resposta“Certa”
Conseqüência para Resposta“Errada”
Reforçamento Positivo Ganhar 1 cupon para o sorteio de
50 reais.
Não produz conseqüência.
Punição Negativa Ganhar 1 cupon para o sorteio de
50 reais.
Perder um cupon para o sorteio
de 50 reais.
Punição Positiva Ganhar 1 cupon para o sorteio de
50 reais.
Som aversivo por três (3)
segundos.
Reforçamento Negativo Parar som aversivo (contínuo
nessa fase) por três (3) segundos.
Não produz conseqüência.
Na metade de cada fase do procedimento, os participantes foram
interrompidos quando apareceu na tela uma mensagem na qual se lia “Você está
na metade da tarefa. Agora responda, qual dos sentimentos corresponde mais
precisamente ao que você sentiu durante esta primeira metade da tarefa? Marque
sua resposta na folha ao lado”. Ao final do experimento o participante também
respondeu outra pergunta semelhante: “Você terminou a tarefa. Agora responda,
qual dos sentimentos abaixo corresponde precisamente ao que você sentiu
durante esta segunda metade da tarefa?”. Junto com essa mensagem, tanto na
metade quanto no final dos procedimentos, a tela disponibilizou uma questão de
múltipla escolha com doze (12) opções de respostas de “nomes de sentimentos”
para que o participante escolhesse uma opção e a assinalasse com um “x”. As
perguntas foram feitas na metade e após cada procedimento para aumentar a
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validade do relato, a partir das afirmações de Engelmann (1978) e Kritch &
Bostow (1993), discutidas no Capítulo 2.
As opções disponíveis para os participantes foram: Alegria, Satisfação,
Contentamento, Frustração, Desapontamento, Tristeza, Medo, Raiva,
Aborrecimento, Ansiedade, Apreensão e Alívio. Estes nomes de sentimentos
foram escolhidos em função das informações da Tabela 1. Tais opções
descrevem os principais, e mais típicos, estados corporais supostamente eliciados
por cada contingência. Esse critério obedeceu à probabilidade de uma resposta à
opção com maior probabilidade de reforçamento prévio por uma parte da
comunidade verbal dos participantes. Para certificação da validade desse critério,
durante o estudo piloto foi feita a seguinte pergunta: “Os sentimentos disponíveis
nas opções de respostas do questionário representam adequadamente o que
você sentiu? Você acha que sentiu algo que não estava escrito? Em caso de
resposta positiva, enumerar os sentimentos”. Todos os participantes (N=30) do
estudo piloto consideraram que os sentimentos disponíveis no questionário eram
suficientes para descrever os estados corporais que eles observaram
introspectivamente. Oliveto, et al. (1992) também utilizaram relatos com opções
em um questionário.
Ao final de cada procedimento, os participantes eram solicitados a falarsobre o que fizeram para conseguir ganhar mais cupons, como maneira de ter
acesso a controles instrucionais de comportamentos. Uma vez que as
contingências eram programadas, tais comportamentos foram classificados como
supersticiosos. A partir dessas respostas, foram tateadas regras que
supostamente exerceram controle instrucional para “acertar” a posição da carta
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“correta” entre os estímulos de comparação. Em geral, na inferência das regras
seguiu-se uma moldura autoclítica “Se-Então” (Todorov, 1985) nas verbalizações
dos participantes, entretanto, a parte da suposta contingência envolvendo a
partícula “Se” nem sempre era verbalizada. A descrição desta forma de inferência
encontra-se na sessão seguinte.
Em relação à medida dos batimentos cardíacos dos participantes, esta foi
obtida em 3 momentos: no início, na metade e no fim de cada uma das fases.
Em síntese, o procedimento permitiu a medição de algumas variáveis. A
variável independente da pesquisa a ser dissertada é o número de “acertos” e
“erros”do sujeito (juntamente com o ganhar e perder cupons ou produzir ou cessar
ruídos aversivos), na medida em que o experimento é uma situação programada.
Outra variável analisada foi o sexo do participante, visando identificar
regularidades associadas aos dois grupos. Sendo assim, as variáveis
dependentes foram: relados dos eventos privados (acessados indiretamente via
relato sobre o que o participante sentiu durante a tarefa), a latência da resposta
“clicar no mouse” e a freqüência cardíaca e os comportamentos observados e
registrados.
3.4. Procedimento de tratamento e análise dos dados
Os dados qualitativos dos participantes tais como sexo, comportamentos
verbais e motores emitidos durante as sessões, bem como as opções assinaladas
da lista de nomes de sentimentos, foram digitados em um protocolo específico
(Anexo 3), com exceção dos cliques no mouse, que foram registrados
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automaticamente pelo software. As verbalizações digitadas foram agrupadas por
participante e por contingência de modo a permitir inferências razoáveis sobre
tactos possivelmente correspondentes aos eventos privados eliciados pelas
contingências (essas também foram associadas a comportamentos motores
possivelmente correspondentes).
Seguindo o modelo proposto por Hackney & Nye (1973/1977), que
preconiza a existência, no repertório verbal vocalizado, de palavras-chave que
indicam sentimentos, o pesquisador lia várias vezes cada verbalização e inferia a
palavra-chave que poderia estar indicando um sentimento; em seguida, sua
inferência era corroborada por outro analista do comportamento. Duas categorias
de palavras-chave foram listadas: 1) palavras-chave que descreviam
comportamentos e, diretamente, sentimentos (em geral, gramaticalmente, eram
verbos); e 2) palavras-chave que qualificavam a contingência em vigor (em geral,
gramaticalmente, eram substantivos e adjetivos). Assim, a verbalização “Entendi
esse jogo”, da qual a palavra “Entender” foi considerada chave, ilustra um
elemento da primeira categoria; a verbalização “Entendi esse jogo”, da qual a
palavra “Jogo” foi considerada chave, ilustra um elemento da segunda categoria.
Em seguida, essas descrições e qualificações inferidas eram comparadas aos
nomes de sentimentos sugeridos na literatura para cada contingência (Tabela 1) epelos nomes de sentimentos indicados por cada participante, de modo a reforçar
o tacto emitido pelo pesquisador diante daquilo que os participantes poderiam
estar tacteando como “sentido” durante o procedimento.
Como feito com os verbais, os comportamentos motores, exceto os cliques
no mouse, também foram registrados pelos observadores treinados e,
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posteriormente, digitados no protocolo específico, também por participante e por
contingência. Tais comportamentos compuseram 5 das categorias dentre aquelas
consideradas componentes motores da comunicação (Caballo, 2003), e que
foram mais emitidas durante o procedimento: 1) expressão facial, 2) sorrisos, 3)
movimentos de cabeça, 4) movimentos de pernas e/ou pés e 5) olhar. Segundo
as análises de Hackney & Nye (1973/1977), e de Caballo (2003), em
concordância com o que disse Damásio (1999/2002), essas respostas motoras
foram consideradas acompanhamentos públicos de eventos privados “sentidos”.
Os dados quantitativos foram tratados por métodos gráficos de
representação das variáveis investigadas. Foi utilizada como estratégia de análise
de dados a estatística descritiva e inferencial, que se seguiu ao levantamento: 1)
dos tactos de eventos privados e de um pareamento desses com a contingência
correspondente que vigorava; 2) da correspondência entre os tactos registrados e
aqueles sugeridos nas análises inferenciais (Tabela 1); 3) da latência da resposta
“clicar no mouse”, em cada tela e em cada contingência; e 4) das medidas da
freqüência cardíaca.
Para elaboração dos gráficos e análise dos dados, foram considerados os
valores médios dos participantes, uma vez que não foram identificadas
discrepâncias entre os dados coletados.Num momento posterior os dados qualitativos e quantitativos foram
analisados de modo integrado, considerando também um possível controle
instrucional sobre os “acertos” e “erros” dos participantes (regras). O controle
instrucional foi inferido de indicadores de descrições das contingências que
vigoraram em cada fase do procedimento. Como o uso de regra não é
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objetivamente observável, o pesquisador usou duas das cinco evidências
indiretas desse uso, descritas por Reese (1989): 1) regularidade na emissão de
um comportamento motor do qual se inferiu a regra (por exemplo, verbalizar
“Números são sempre no meio” e clicar na carta do meio quando o estímulo
modelo era uma carta com número), 2) continuidade e descontinuidade do
comportamento motor em função da operação de uma nova contingência (por
exemplo, dizer “Agora tô perdendo cupons?” quando mudou a contingência). As
demais evidências indiretas (“consciência”, consistência e generalização do uso
da regra) foram descartadas, pois foram julgadas mais adequadas para a análise
de dados coletados em entrevista. As regras assim inferidas foram digitadas no
protocolo específico, por participante e por contingência, e apresentadas na seção
Resultados e Discussão numa moldura autoclítica do tipo “se-então”, conforme
feito nos estudos de Borloti (1998) e Figueiredo (2005), a partir da instrução de
Todorov (1985). Por exemplo, da verbalização “Números são sempre no meio” foi
inferida o uso da regra “se a carta modelo for um número, então clique na carta do
meio”.
Outros indicadores de variáveis ambientais (religiosas ou familiares, por
exemplo), informadas espontaneamente durante o procedimento, foram
considerados na análise dos dados, seja como reforçamento acidental e/ouadicional ao procedimento. Um dos participantes, por exemplo, uma menina de 14
anos, era de uma religião evangélica e rezava muito durante o procedimento,
pedindo ajuda a Deus durante as contingências aversivas e agradecendo quando
conseguia emitir um comportamento de fuga a essas contingências. Um outro, um
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menino de 11 anos, verbalizava sempre o quanto seu pai se orgulharia caso
estivesse no laboratório observando o seu desempenho na tarefa.
Embora se esperasse certa similaridade nas respostas, devido ao fato de
os participantes não apresentarem diferenças culturais díspares, a ação de
comunidades verbais específicas nas suas histórias ontogenéticas poderia
controlar uma variabilidade comportamental. Tal variabilidade foi contemplada em
uma análise estatística que não mascaram os resultados individuais, no que diz
respeito, especificamente, ao tacto de sentimentos e à latência da resposta “clicar
no mouse”. Essa foi uma estratégia utilizada para prevenir resultados baseados
em conclusões precipitadas. Certamente, novos estudos serão indicados para
aumentar a confiabilidade de afirmações sobre a generalidade das respostas dos
participantes, conforme aponta a Conclusão adiante.
3.5- Riscos
Não foi previsto qualquer tipo de risco para os participantes. O emprego de
punição ou de reforçamento negativo, apesar de se caracterizar pelo uso de
estimulação aversiva, não foi nocivo ou danoso ao organismo; apenas
desagradável e irritante num limite que não ofereceu riscos. Por outro lado,apesar de terem sido empregados reforçadores e punidores potenciais, a
referência à punição e ao reforçamento não se limita às propriedades do estímulo
envolvido. A referência a tais processos se deve ao efeito obtido sobre o
responder que informa o aumento ou diminuição da sua freqüência mediante a
manipulação das variáveis experimentais. Neste sentido, punição tem sua
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referência ao conjunto de procedimentos que afetam o responder diminuindo sua
freqüência; e reforçamento ao aumento de freqüência do responder. Um estímulo
será reforçador ou punitivo em função das condições apresentadas em sua
utilização, não sendo necessariamente, decorrentes do estímulo em si, ou seja,
um estímulo poderá em uma ocasião ser “reforçador” (aumento de freqüência do
responder) e em outra “punitivo” (diminuição da freqüência do responder) diante
da programação experimental (delineamento experimental).
Como previsto a partir da execução do estudo piloto, nenhuma ação do
experimentador ou característica do equipamento ou do procedimento afetou de
forma nociva os participantes. Desta forma, este estudo manteve as propriedades
que preservaram a integridade dos mesmos. O incômodo gerado foi um efeito
direto de parte do procedimento empregado na coleta de dados e esse incômodo
e seu impacto sobre o responder observável consistiu exatamente naquilo que
seria gerado e analisado pelo delineamento experimental nas condições já
descritas como o procedimento.
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CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados deste estudo estão apresentados a seguir, a partir de
gráficos e tabelas elaborados de acordo com os seus objetivos. Para os cálculos
usados na elaboração dos gráficos foi utilizada a estatística descritiva.
No Gráfico 1, verifica-se a freqüência absoluta e relativa dos relatos de
sentimentos dos participantes em cada contingência.
A partir das informações contidas no Gráfico 1, pode-se perceber que os
participantes expostos ao Procedimento 1 (N=10), após a fase Reforçamento
Positivo, relataram que durante essa fase sentiram contentamento (N=3, 30%),
ansiedade (N=3, 30%), satisfação (N=2, 20%) e alegria (N=2, 20%). Por outro
Tactos de eventos privados de acordo com a contingência -Gráfico 1
2 3 2
5 2
3 1 2
4
2
3
3
2
1
3
2
0% 20% 40% 60% 80% 100%
ReforçamentoNegativo
Punição Positiva
Punição Negativa
ReforçamentoPositivo
Satisfação
Contentamento
Alegria
Frustração
Desapontamento
Tristeza
Raiva
Medo
Aborrecimento
Ansiedade
Apreensão
Alívio
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lado, quando expostos à fase Punição Negativa do mesmo Procedimento 1,
relataram que sentiram frustração (N=5, 50%), desapontamento (N=2, 20%),
tristeza (N=2, 20%) e apreensão (N=1, 10%).
Já os participantes expostos ao Procedimento 2 (N=10), durante a fase
Punição Positiva, relataram que sentiram raiva (N=3, 30%), aborrecimento (N=2,
20%), ansiedade (N=2, 20%), apreensão (N=2, 20%) e medo (N=1, 10%). Já
durante a fase Reforçamento Negativo, desse mesmo Procedimento 2, os
participantes relataram que sentiram ansiedade (N=4, 40%), apreensão (N=3,
30%) e alívio (N=3, 30%).
Considerando que no questionário as opções de nomes de sentimentos
foram divididas em blocos, os sentimentos relatados pelos participantes foram
informados no gráfico divididos em blocos por cores: azul (Reforçamento
Positivo), verde (Punição Negativa), laranja (Punição Positiva) e cinza
(Reforçamento Negativo). Esta divisão foi feita a partir da Tabela 1, de acordo
com a inclusão de um nome de sentimento como “esperado” para cada uma das
quatro contingências.
Desta forma, de acordo com o Gráfico 1 e a divisão dos sentimentos em
blocos de cores, pode-se perceber que no Procedimento 1 – fase Reforçamento
Positivo os relatos de sentimentos inferidos como produtos do reforçamentopositivo (cor azul) foram respondidos por 70% (N=7) dos participantes. Por outro
lado, nessa mesma fase houve 30% (N=3) de relatos de sentimentos que, de
acordo com a Tabela 1, estariam relacionados ao Reforçamento Negativo. Ainda
durante o Procedimento 1 – fase Punição Negativa, os relatos de sentimentos
inferidos como produtos da punição negativa foram respondidos por 90% (N=9)
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dos participantes. Entretanto, nessa mesma fase houve 10% (N=1) de relatos de
sentimentos convencionalmente relacionados ao Reforçamento Negativo.
No Procedimento 2 – fase Punição Positiva os sentimentos que estariam
relacionados à punição positiva foram respondidos por 60% (N=6) dos
participantes. Entretanto, 40% (N=4) dos participantes relataram também
sentimentos relacionados ao Reforçamento Negativo. Já no Procedimento 2 –
fase Reforçamento Negativo os sentimentos que estariam relacionados ao
Reforçamento Negativo foram respondidos por 100% (N=10) dos participantes.
Ao fazer uma comparação entre os nomes de sentimentos descritos na
Tabela 1 e o relato de sentimentos pelos participantes podemos inferir que as
contingências programadas produziram os estados corporais descritos pelos
participantes, por meio do relato verbal, que aproximou-se de forma
correspondente aos sentimentos descritos como produto de cada uma das quatro
contingências programadas nos procedimentos. De acordo com muitos dos
analistas de comportamento, cujos trabalhos compõem a Tabela 1, considera-se
que, em geral, os relatos de sentimentos em cada contingência são relatos
“esperados”, e isto pôde ser produzidos nas contingências programadas.
Durante o Procedimento 2, na Fase Punição Positiva, 60% (N=6) dos
participantes relataram que sentiram medo, raiva e aborrecimento, enquanto osrelatos de ansiedade e apreensão tiveram freqüência de 60% (N=6). Esses
relatos também podem ser considerados “esperados”, a partir das afirmações de
Millenson (1967/1973) e Sidman (1989/1995), que dizem que o uso de
estimulação aversiva pode estar relacionado a esse tipo de relato de sentimentos.
Já durante a Fase Reforçamento Negativo predominaram os relatos de
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ansiedade, apreensão e alívio (100%; N=10), considerados “esperados”, o que
denota que o ruído, estímulo antes neutro, passou a ser um aversivo
condicionado ao ser pareado com o erro; ou então, que esses sentimentos
estiveram associados a uma sensação produzida pela remoção da estimulação
aversiva.
Mesmo os relatos que tradicionalmente deveriam ser o resultado de uma
outra contingência podem ser considerados “esperados”. Nas fases Reforçamento
Positivo e Punição Negativa, por exemplo, os relatos de ansiedade e apreensão
são “esperados”. Ao analisar as vocalizações e as regras elaboradas pelos
participantes, foi inferido que as ocorrências desses relatos se devem ao fato de
os mesmos estarem participando de um jogo, o que pode indicar que ansiedade e
apreensão se aproximam de “excitação” ou “emoção”. Há algumas explicações
para isto. Skinner (1974/2003b) afirma que todos os sistemas de jogos se
baseiam em esquemas de reforço intermitente, embora seus efeitos sejam
geralmente atribuídos a sentimentos. Para Skinner, freqüentemente, as pessoas
dizem jogar pela excitação (que exerce a função de reforçador interoceptivo), mas
este sentimento é entendido como um produto colateral das contingências de
reforçamento que definem um jogo. Então, de acordo com a análise de Skinner,
os relatos de ansiedade e apreensão poderiam ocorrer nessas fases.De todo modo, considerando ou não a análise funcional das respostas
supostamente “não esperadas”, a comparação entre os relatos de sentimentos
dos participantes e as descrições de sentimentos referenciadas pelas obras
consultadas sugere uma considerável correspondência entre a resposta emitida
pelo participante e aquelas consideradas “esperadas”. As respostas “não
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74
esperadas” podem ser consideradas como variações nos relatos “esperados” e
podem ser interpretadas pelo que propõe Millenson (1967/1973). Segundo ele
algumas emoções, aparentemente diferentes, podem ser consideradas
correspondentes a diferenças na intensidade do reforçador positivo ou negativo
em que estão baseadas, de acordo com a história do participante e a intensidade
da contingência atual operando sobre seu comportamento. Portanto, a variação
desses relatos “esperados” sugere que a sua emissão pode ter sido determinada
por idiossincrasias da história ontogenética dos participantes, como já havia sido
sugerido por Ono (2004), que demonstrou o quanto à história prévia interfere de
modo decisivo, na resposta de escolha. Por exemplo, um dos participantes, um
menino de 11 anos, realizava a tarefa pensando em como o seu pai ficaria
orgulhoso de seu desempenho e isto pode ter adicionado um valor potencial ao
reforçador empregado. Essa história prévia também pode ter exercido controle
sobre o seu comportamento de escolha quando, na fase 2, ele tenta formular uma
regra semelhante à da fase 1, tentando apenas variar a ordem de seqüência das
Sentimentos de acordo com o sexo e a contingência -Gráfico 2
1
1
2
1
1
1
3
2
1
1 2
2
1
1
2
2
1
1
1
1
2
2
2
1
1
1
1
2
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Reforçamento Negativo Meninas
Reforçamento Negativo Meninos
Punição Positiva Meninas
Punição Positiva Meninos
Punição Negativa Meninas
Punição Negativa Meninos
Reforçamento Positivo Meninas
Reforçamento Positivo Meninos
Satisfação
Contentamento
Alegria
Frustração
Desapontamento
Tristeza
Raiva
Medo
Aborrecimento
Ansiedade
Apreensão
Alívio
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cartas clicadas, e relatando que nessa fase, ele não havia entendido a regra.
No Gráfico são apresentados os relatos dos participantes de acordo com
sexo e a contingência a que foram expostos. Os resultados visualizados não
permitem identificar nenhuma diferença significativa no que diz respeito à variável
sexo e a estes resultados se aplicam as mesmas explicações aos resultados
gerais descritos anteriormente.
Os Gráficos a seguir apresentam a latência média de resposta dos
participantes durante os Procedimentos 1 e 2. A latência média se refere ao
tempo médio (em segundos) entre a apresentação do estímulo modelo (carta na
parte superior da tela) e o clique em um dos estímulos comparação (localizados
na parte inferior da tela). Para esse cálculo médio, foram somados os tempos de
latência de todos os participantes, em cada fase de cada procedimento, e o
resultado foi dividido pelo número de participantes.
De acordo com o delineamento experimental, durante cada uma das duas
fases dos Procedimentos 1 e 2 havia dois momentos: um no qual predominava
um esquema de reforço intermitente e, depois, um outro no qual predominava um
esquema de reforço contínuo (CRF), ou punição num esquema contínuo. Como
descrito no Capítulo 3, essa estratégia foi adotada para que o participante não
discriminasse nem a contingência a que estava sendo exposto e nem que ela erauma contingência programada. De fato isto ocorreu.
No Gráfico 3 vê-se que durante a fase de Reforçamento Positivo do
Procedimento 1, num primeiro momento, quando opera um esquema de reforço
intermitente, os participantes iniciam respondendo ao procedimento com uma
latência de resposta de aproximadamente 10 segundos, que logo em seguida
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diminui para valores entre 3 e 5 segundos. Já no momento em que predomina um
esquema de reforçamento contínuo, a latência das respostas diminui e varia entre
1 e 3 segundos.
.
Na fase de Punição Negativa do Procedimento 1, no primeiro momento
(reforço intermitente), e no momento quando os participantes apenas erram, a
latência se mantém entre 2 e 4 segundos e no final diminui para 2 segundos, com
um pequena variação ao final do Procedimento. Essa variação na latência se
relaciona com os resultados encontrados nos estudos de Landon, et al. (2003) e
Ono (2004), que registraram alterações nas taxas de respostas em diferentes
esquemas de reforçamento.
Latência Média da Resposta em cada tela durante oProcedimento 1 - Gráfico 3
00:00
00:01
00:02
00:04
00:05
00:07
00:08
00:10
00:11
00:12
00:14
1 4 7 1 0 1 3 1 6 1 9 2 2 2 5 2 8 3 1 3 4 3 7 4 0 4 3 4 6 4 9 5 2 5 5 5 8 6 1 6 4 6 7 7 0 7 3 7 6 7 9 8 2 8 5 8 8 9 1 9 4 9 7 1 0 0
L a t ê n c i a d e R e s p o s t a ( s e g u n d o s )
Fase Reforçamento Positivo - Momento Reforço Intermitente
Fase Reforçamento Positivo - Momento Reforço Contínuo
Fase Punição Negativa - Momento Punição Intermitente
Fase Punição Negativa - Momento Punição Contínua
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Considerando os sentimentos contidos na Tabela 1, podemos descrever
que a latência mais alta no início da fase de Reforçamento Positivo pode ser
considerada como correlato de “interesse”. Os relatos verbais durante essa fase
do Procedimento 1 permitem inferir este estado corporal que provavelmente
acompanha a latência da resposta motora “clique no mouse”: à medida que os
participantes foram expostos às contingências programadas eles passaram a
tentar descrever a contingência que poderia estar definindo as fases do
Procedimento e tais tentativas eram acompanhadas de mudanças na latência. Ao
passar para um esquema de reforçamento contínuo, a diminuição da latência de
resposta pode ser interpretada como um aumento da “confiança”, pois os
participantes verbalizavam ter descoberto a “regra” para se ganhar os cupons;
essa “confiança” parecia permanecer enquanto eles ignoravam o fato de o
Procedimento envolver resultados programados (a formulação de regras será
melhor discutida posteriormente, quando serão apresentadas e discutidas as
verbalizações dos participantes durante os Procedimentos). “Confiança” e
“interesse” têm sido, com freqüência, nomes para sentimentos relacionados aos
esquemas de reforçamento (Skinner, 1974/2003b), entretanto, os dados de
latência de resposta sugerem que esta parece ser um indicador mais preciso da
existência de certos estados corporais do que os nomes de sentimentos.Na fase Punição Negativa, o aumento da latência no início da Fase pode
estar relacionado a uma mudança na regra formulada pelos participantes: em
geral eles pareciam mudar a regra após buscarem testar a regra que formularam
na fase anterior. Entretanto, essas tentativas são vãs e à medida que eles foram
expostos a um esquema de punição contínua, a latência das respostas diminuiu e
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disto pode-se inferir um “desinteresse”, que poderia ser um tipo de sentimento
similar à “frustração”, esperado em uma situação na qual predomina a retirada de
reforçadores habituais (Skinner, 1974/2003b). A diminuição da latência de
resposta seria uma variação do “parar de responder”, já que nenhum participante
abandonou o procedimento.
No Gráfico 4 vê-se que durante a Fase de Punição Positiva, num primeiro
momento, quando opera um esquema de reforço intermitente, os participantes
iniciam o Procedimento 2 com uma latência de resposta de aproximadamente 10
segundos, que diminui para valores entre 2 e 5 segundos. Já no momento em que
predomina um esquema de punição contínua, esses valores entre 2 e 5 segundos
Latência Média da Resposta em cada tela durante oProcedimento 2 - Gráfico 4
00:00
00:01
00:02
00:04
00:05
00:07
00:08
00:10
00:11
00:12
00:14
1 4 7 1 0 1 3 1 6 1 9 2 2 2 5 2 8 3 1 3 4 3 7 4 0 4 3 4 6 4 9 5 2 5 5 5 8 6 1 6 4 6 7 7 0 7 3 7 6 7 9 8 2 8 5 8 8 9 1 9 4 9 7 1 0 0
L a t ê n c i a d e R e s p o s t a ( s e g u n d o s )
Fase Punição Positiva - Momento Punição Intermitente
Fase Punição Positiva - Momento Punição Contínua
Fase Reforçamento Negativo - Momento Reforço Intermitente
Fase Reforçamento Negativo - Momento Reforço Contínuo
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se mantém. Na Fase de Reforçamento Negativo, no primeiro momento (reforço
intermitente) percebe-se um pico na latência de resposta, logo na mudança de
contingência, e, a partir daí, ocorre uma diminuição súbita da latência de resposta,
que se mantém entre 1 e 2 segundos, sem variações ao longo do segundo
momento.
Considerando novamente a Tabela 1, pode-se interpretar que a demora no
responder durante a fase de Punição Positiva pode ser uma propriedade do
comportamento de esquiva, cuja função é evitar a exposição à estimulação
aversiva (som apresentado como conseqüência da ocorrência de uma resposta
“errada”). Por outro lado, a rapidez das respostas durante a fase de Reforçamento
Negativo é uma propriedade do comportamento de fuga, cuja função é
interromper a estimulação aversiva (Sidman, 1989/1995) como um efeito da
resposta “certa”.
Registro acumulado da latência de resposta de acordo com acontingência - Gráfico 5
344
276
197
193
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Fase 1 Fase 2
T e m p
o ( e m s
e g u n d o s )
Procedimento 1 - Reforçamento Positivo / Punição Negativa
Procedimento 2 - Punição Positiva / Reforçamento Negativo
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O Gráfico 5 permite uma comparação entre os valores totais da latência
das respostas dos participantes em cada fase dos Procedimentos, fornecendo
informações através de um registro acumulado sobre como cada contingência
possivelmente afetou o desempenho de cada participante.
Pode-se perceber no Gráfico 5, que todas as fases (contingências) tiveram
um tempo médio de latência diferente. A fase de Reforçamento Positivo
apresentou o maior tempo de latência, tendo uma duração média de 197
segundos (3 minutos e 17 segundos). A fase de Punição Negativa apresentou
uma duração média de 147 segundos (2 minutos e 27 segundos). Na fase de
Punição Positiva, os participantes apresentaram um tempo médio de latência de
193 segundos (3 minutos e 13 segundos), enquanto que a latência das respostas
na fase de Reforçamento Negativo foi de 83 segundos (1 minuto e 23 segundos),
em média, apresentando, portanto, uma significativa diferença em relação às
outras fases. Essa diferença na latência de resposta pode estar relacionada a
discriminação das diferentes contingências pelo participante, ou seja, houve
sensibilidade às contingências com variações comportamentais nas diferentes
fases, semelhantes àquelas dos resultados do estudo de Zimmerman & Baydan
(1963) e, posteriormente, dos estudos de O´Donnell, et al. (2000) e Lannie &
Martens (2003).Na medida em que apenas um cálculo do tempo médio de latência pode
ser insuficiente como informação sobre sentimentos, o gráfico 6 informa a latência
de resposta e sua relação com os relatos de sentimentos emitidos pelos
participantes, permitindo verificar se o tempo médio de latência foi alterado em
função do relato apresentado. Dessa forma, vêem-se as seguintes latências
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médias para cada tipo de relato: relatos de alívio tiveram relação com latências
médias de 83 segundos; os relatos de apreensão tiveram relação com latências
médias de 131,7 segundos; os de ansiedade, 142,8 segundos; os de
aborrecimento, 192,5 segundos; os de medo, 200 segundos; os de raiva, 194
segundos; os de tristeza, 147 segundos; os de desapontamento, 148 segundos;
os de frustração, 147,2 segundos; os de alegria, 201,5 segundos; os de
contentamento, 197 segundos e os de satisfação, 193,5 segundos.
Estes resultados são compatíveis com os resultados médios das latências
relacionadas às contingências programadas, conforme apresentados nos Gráficos
5. Na medida em que a incidência de relatos considerados esperados foi alta, de
acordo com os resultados apresentados nos gráficos 1 e 2, essa similaridade
entre as latências, de acordo com os relatos e contingências, já era esperada.
Uma vez que a latência é uma propriedade não-verbal da resposta sob controle
Latência média das respostas de acordo com os relatos desentimentos - Gráfico 6
193,5
197
201,5
147,2
148
147
194
200
192,5
142,8
131,7
83,3
0 50 100 150 200 250Latência Total da Fase (em segundos)
Alívio
Apreensão
Ansiedade
Aborrecimento
Medo
Raiva
Tristeza
Desapontamento
Frustração
Alegria
Contentamento
Satisfação
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do tempo entre a apresentação do estímulo e a emissão da resposta, ela
supostamente tenderia a se manter quando precedida por eventos privados
eliciados pela mesma contingência que controlou a resposta. Assim, o Gráfico 6
permite interpretar que os relatos supostamente tacteando um mesmo “sentido”
(por exemplo, “desapontamento” e “tristeza”, ou “contentamento” e “satisfação”)
foram correlatos verbais de latências com valores mais próximos.
No entanto, como se pode ver no gráfico 7, os relatos de sentimentos que
se repetiram após os participantes serem expostos a contingências diferentes em
cada fase tiveram relação com latências diferentes. Como dito anteriormente de
outra maneira, isso sugere que a variável latência de resposta, por ser uma
propriedade não-verbal sob controle de contingências não-verbais, pode ser uma
via diferenciada e, de certa forma, privilegiada, para inferências acerca dos
sentimentos discriminados pelos participantes durante cada fase dos
Procedimentos. Os dados de latência permitem inferir, por exemplo, que a
apreensão sentida durante a fase de Reforçamento Negativo parece ser mais
intensa do que a apreensão sentida durante a fase de Punição Positiva, a
despeito do uso de um mesmo nome de sentimento, uma vez que a rapidez da
esquiva de um estímulo aversivo sugere a intensidade dessa sua propriedade.
Estas diferenças nos “significados” de respostas verbais topograficamenteidênticas mostram funções de tactos diferentes, dadas pelas contingências em
vigor. Da análise de Skinner (1957/1978) é possível fazer um trocadilho com a
palavra sentido para ilustrar essa interpretação. Assim, por exemplo, o sentido
para o “sentido” tacteado como ansiedade durante a fase de Reforçamento
Positivo é diferente do sentido para o “sentido” tacteado como ansiedade durante
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a fase de Reforçamento Negativo. O mesmo pode ser dito do tacto apreensão.
Considerando que as contingências e a história de exposição a elas definem o
“significado” do tacto (Skinner, 1957/1978), pode-se afirmar que, apesar de as
formas dos tactos serem as mesmas, suas funções (ou “significados”) são
diferentes porque estão supostamente sob controle de “sentidos” diferentes.
O Gráfico 8 apresenta uma média dos batimentos cardíacos dos
participantes, de acordo com o sexo e os momentos em que essas medidas foram
feitas durante os Procedimentos.
Latência de resposta de acordo com o relato e a contingênciaGráfico 7
196,3
181,5
83,3
144
200
82
0 50 100 150 200 250Latência Total da Fase (em segundos)
Apreensão R-
Apreensão P+
Apreensão P-
Ansiedade R-
Ansiedade P+
Ansiedade R+
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A partir das informações contidas no Gráfico 8, observa-se que no início do
Procedimento 1, os meninos apresentaram uma freqüência cardíaca média de 88
batimentos cardíacos por minuto (bpm), enquanto que as meninas apresentaram
uma freqüência média de 85 bpm. Na fase de Reforçamento Positivo os meninos
apresentaram uma freqüência média de 85 bpm e as meninas de 82 bpm; na fase
de Punição Negativa os meninos apresentaram uma freqüência média de 83 bpm
e as meninas 84 bpm. No início do Procedimento 2, foi registrado uma freqüência
média de 86 bpm para os meninos e 85 bpm para as meninas; na fase de
Punição Positiva foi registrada uma freqüência média de 89 bpm para os meninos
e de 94 bpm para as meninas; na fase de Reforçamento Negativo, de 88 bpm
para os meninos e de 87 bpm para as meninas.
Frequência Cardíaca de acordo com o sexo e a contingência -Gráfico 8
86
88
8584
85
82
8483
84
86 8685
92
89
94
88 8887
76
78
80
82
84
86
88
90
92
94
96
Geral (Todos Participantes) Meninos Meninas F
r e q u ê n c i a d e B a t i m e n t o s C a r d í a c o s
Procedimento 1 - Início Procedimento 1 - Final fase Reforçamento Positivo
Procedimento 1 - Final fase Punição Negativa Procedimento 2 - Início
Procedimento 2 - Final fase Punição Positiva Procedimento 2 - Final fase Reforçamento Negativo
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Estes resultados sugerem que as variações entre as freqüências cardíacas
para meninos e meninas são pequenas, e podem ser atribuídas ao próprio
aparelho utilizado na mensuração, não se configurando, deste modo, como uma
variável relevante.
Na medida em que a diferença entre os resultados obtidos de acordo com
o sexo do participante não será considerada, foi elaborado o gráfico 9, em que
apresentamos uma visualização diferente entre a variação da freqüência de
batimentos cardíacos nos dois Procedimentos.
O Gráfico 9 mostra que os participantes que foram expostos ao
Procedimento 1 (Reforçamento Positivo / Punição Negativa) apresentaram uma
média de freqüência cardíaca menor que a apresentada pelos participantes que
foram expostos ao Procedimento 2 (Punição Positiva / Reforçamento Negativo).
Essa diferença pode estar relacionada à propriedade aversiva do Procedimento 2.
Os comportamentos motores e verbais dos participantes, que serão apresentados
Frequência média de batimentos cardíacos de acordo com acontingência a que os participantes foram expostos - Gráfico 9
86
84 84
86
92
88
80
82
84
86
88
90
92
94
Início Final Fase 1 Final Fase 2
Procedimento 1 - Reforçamento Positivo / Punição Negativa
Procedimento 2 - Punição Positiva / Reforçamento Negativo
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e discutidos posteriormente, confirmam essa propriedade. Supõe-se que se a
medida de freqüência cardíaca pudesse ser realizada constantemente, poderiam
ser registrados efeitos diferentes.
É importante ressaltar a questão do comportamento supersticioso que se
relacionou ao controle instrucional do desempenho dos participantes. Foi
observado que a maioria dos participantes descrevia as contingências que
acreditavam estar operando sobre os acertos produzidos pela programação. Em
outros termos, a maioria formulava regras após dizer “ter descoberto” como
acertar. Quando passava a errar, a maioria dizia ter “perdido” o suposto modo de
acertar. Em comportamentos públicos isto se tornou evidente quando os
participantes contavam nos dedos as quantidades de cartas a serem clicadas, ou
até mesmo seguiam um certo tipo de seqüência de desempenho (como “cliques”
nas cartas da esquerda para direita, ou vice-versa), para “acertar”.
Conforme descrito no método, ao final de cada Procedimento, aos
participantes foi perguntado sobre o que eles fizeram para ganhar o jogo nas duas
fases de cada Procedimento.
Vários exemplos das regras que caracterizaram este controle instrucional
supersticioso podem ser citados. Os participantes expostos à contingência da
fase de Reforçamento Positivo, por exemplo, formularam as seguintes regras: “Sea carta modelo for um número, então clique na carta da direita” ou “Se a carta
modelo for uma figura (rei, dama, valete), então clique na carta do meio” ou “Se a
carta modelo for um ‘Ás’, então clique na carta da esquerda” (10%, N=1); “Se não
existir seqüência lógica, então tente a sorte” (40%, N=4); “Se não existir
seqüência lógica, então cada cor de carta corresponde a uma posição” (10%,
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N=1); “Se não existir seqüência lógica, então clique da esquerda para a direita”
(10%, N=1); “Clique na ordem: esquerda, centro, direita, centro, esquerda, centro,
direita...” (10%, N=1); “Cada carta possui uma posição e números ficavam no
meio, portanto, se for número, então clique no meio” (10%, N=1); “Cada carta
possui uma posição de acordo com uma seqüência lógica fácil, então descubra
essa seqüência” (10%, N=1).
Os participantes expostos à contingência da fase de Punição Negativa
formularam as seguintes regras: “Se não existir seqüência lógica, então tente a
sorte” (50%, N=5); “Cada carta possui uma posição de acordo com uma
seqüência lógica difícil, então descubra essa seqüência” (10%, N=1; o participante
que supostamente seguiu esta regra disse não ter conseguido memorizar as
posições); “Cada carta possui uma posição e números ficavam no meio, portanto,
se for número, então clique no meio” (10%, N=1). Dois dos participantes (20%,
N=2) não formularam regras para essa fase.
Os participantes expostos à contingência da fase de Punição Positiva
formularam as seguintes regras: “Se não existir seqüência lógica, então tente a
sorte” (40%, N=4); “Se cada carta possui uma posição de acordo com uma
seqüência lógica, então descubra essa seqüência” (30%, N=3). De novo, dois dos
participantes (20%, N=2) não formularam regras nessa Fase.Os participantes expostos à contingência da fase de Reforçamento
Negativo formularam as seguintes regras: “Se não existir seqüência lógica, então
tente a sorte” (40%, N=4); “Clique da esquerda para a direita” (20%, N=2); “Clique
o mais rápido possível em qualquer carta” (10%, N=1); “Cada carta possui uma
posição de acordo com uma seqüência lógica, então descubra essa seqüência”
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(10%, N=1); “Cada cor de carta corresponde a uma posição, então observe a cor
e clique na posição certa” (20%, N=2).
Ao que tudo indica, estas descrições controlaram os comportamentos
supersticiosos relacionados a elas. Em geral observou-se que o desempenho era
congruente com a descrição relatada (mesmo que alguns participantes
desconfiassem que “acertos” e “erros” independiam do seu desempenho, não
houve indicações de discriminação do uso de contingências programadas). Esse
controle instrucional pode explicar a escolha em clicar em uma das cartas,
independente do arranjo das contingências do software (e não discriminado pelos
participantes). Como no estudo de Maden e Perone (2003), o desempenho dos
participantes não produzia qualquer conseqüência, uma vez que essas eram
programadas pelo software. Como esperado, o clique conseqüenciado por
reforçamento acidental cuja descrição estava em consonância com a moldura
autoclítica da regra teve sua freqüência aumentada.
A análise destas regras pode ser feita a partir do levantamento dos
“cliques” em cada uma das três cartas. De acordo com as informações contidas
no Gráfico 10, a distribuição dos “cliques” nas cartas, de acordo o sexo dos
participantes e as fases dos Procedimentos a que foram expostos, parece
identificar a ação das contingências programadas. O que se observa é umafreqüência uniforme na divisão desses cliques que pode ter relação com a
freqüência das regras formuladas em função da sorte ou de seqüências lógicas
inexistentes. As diferenças de freqüência entre meninos e meninas também se
configura de modo uniforme. No entanto, a relação entre a distribuição desses
cliques com as regras formuladas pelos participantes pode ser mais facilmente
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identificada em uma análise individual de todas as variáveis registradas durante
exposição dos participantes aos procedimentos, em que a freqüência dos cliques
nas cartas tem uma correspondência com as regras formuladas pelos
participantes. O participante 7, por exemplo, parece ter tido o seu desempenho
guiado pela regra “Cada carta possui uma posição e números ficam no meio,
portanto, se for número, então clique no meio”, o que parece justificar a alta
freqüência com a qual ele emitiu cliques na carta do meio (um total de 21 cliques,
ao passo que a primeira carta foi clicada 15 vezes e a última 14 vezes).
As informações apresentadas até o momento através dos gráficos são
complementadas com os dados das outras vocalizações que não se configuraram
como regras e dos comportamentos motores dos participantes registrados
durante o procedimento.
Frequência dos "cliques" nas cartas de acordo com acontingência - Gráfico 10
13
12,4
13,6
14,4
15,4
13,4
18,1
19,8
16,4
16,3
16,2
16,4
19,7
18
21,4
15,4
15,4
15,4
15,2
14,4
16
18,1
19,2
17
17,3
19,6
15
20,2
19,2
21,2
16,7
15,8
17,6
15,6
14,6
16,6
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Fase Reforçamento Negativo - Geral (Meninos e Meninas)
Fase Reforçamento Negativo - Meninos
Fase Reforçamento Negativo - Meninas
Fase Punição Positiva - Geral (Meninos e Meninas)
Fase Punição Positiva - Meninos
Fase Punição Positiva - Meninas
Fase Punição Negativa - Geral (Meninos e Meninas)
Fase Punição Negativa - Meninos
Fase Punição Negativa - Meninas
Fase Reforçamento Positivo - Geral (Meninos e Meninas)
Fase Reforçamento Positivo - Meninos
Fase Reforçamento Positivo - Meninas
Carta A Carta B Carta C
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Entre os registros dos comportamentos motores emitidos pelos
participantes durante a fase de Reforçamento Positivo, estão: sorrir (70%, N= 7),
fazer sinal de ‘sim’ com a cabeça (40%, N=4), movimentar os lábios (20%, N= 2),
morder os lábios (30%, N= 3), contar os dedos (20%, N= 2), franzir a testa (10%,
N= 1), balançar as pernas (10%, N= 1) e olhar em direção ao relógio (10%, N= 1).
De acordo com Caballo (2003) o tema do sorriso foi pouco estudado, entretanto,
segundo as análises de Davis (1976, citado por Caballo 2003), o sorrir durante a
fase de Reforçamento Positivo pode indicar o prazer derivado do fator surpresa.
Por sua vez, uma interpretação do assentimento de cabeça pode ser coerente
com uma das funções desse comportamento, apontada por Trower, Bryant e
Argyle (1978, citado por Caballo 2003): possivelmente os participantes
estivessem reforçando o próprio desempenho durante essa fase.
Os comportamentos motores emitidos pelos participantes durante a fase de
Punição Negativa foram: fazer sinal de ‘não’ com a cabeça (50%, N= 5), fazer
careta (40%, N= 4), balançar a perna (40%, N= 4), olhar em direção ao display de
cupons na tela (30%, N= 3), clicar no mouse com mais força (30%, N= 3), franzir a
testa (10%, N= 1), coçar a cabeça (10%, N= 1) e contar os dedos (10%, N= 1).
Segundo Morris (1977, citado por Caballo 2003), o mover a cabeça
horizontalmente de um lado a outro produz conseqüências contrárias àsproduzidas pelo assentimento com a cabeça, ou seja, os participantes poderiam
estar criticando o próprio desempenho durante esta fase. A careta, por sua vez,
implica sobrancelhas meio franzidas e área em torno da boca voltada para baixo,
sinais claros de confusão e desagrado (Ekman, 1991 citado por Caballo 2003).
Morris (1977, citado por Caballo 2003) relacionou os movimentos das pernas com
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um estado de tensão e, nessa fase, muito provavelmente, a tensão poderia
indicar uma vontade do participante de interromper o Procedimento.
Os registros dos comportamentos motores emitidos pelos participantes
durante a fase de Punição Positiva indicam: movimentos bruscos ou sustos diante
da apresentação do som (90%, N= 9), fazer careta (40%, N= 4); levantar-se ou
pulos na cadeira (40%, N= 4); balançar a cabeça negativamente (50%, N= 5);
olhar em direção ao display de cupons na tela (40%, N= 4); balançar a perna
(10%, N= 1); clicar no mouse com mais força (10%, N= 1); tapar os ouvidos (10%,
N=1) e passar a mão sobre o rosto (30%, N=3).
Os comportamentos motores registrados na fase Reforçamento Negativo
foram: caretas (40%, N= 4); olhar para o display de cupons na tela (20%, N= 2);
cliques no mouse com mais força (30%, N= 3); balançar as mãos e as pernas
(80%, N= 8); sorrisos (10%, N= 1); olhar o relógio (10%, N= 1); fechar os olhos
(10%, N= 1); bater a mão na mesa (40%, N= 4); morder os lábios (10%, N= 1).
Além dos comportamentos que se repetiram nas outras fases, pode-se
interpretar que comportamentos como: movimentos bruscos ou sustos diante da
apresentação do som, levantar-se ou pulos na cadeira, cliques no mouse com
mais força e balançar as mãos e as pernas, podem fornecer dicas sobre o caráter
aversivo das fases Punição Positiva e Reforçamento Negativo. Segundo Cabalo(2003), um possível significado para esses comportamentos estaria relacionado à
ansiedade, fuga ou uma variação de uma conduta agressiva.
O que se percebe é que existe uma correspondência entre a emissão dos
comportamentos dos participantes, os relatos sobre os sentimentos e a
contingência a que foram expostos.
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Para representar essa correspondência, foi utilizado o modelo similar ao
proposto por Hackney & Nye (1973/1977), no qual se procurou estabelecer uma
relação entre palavras e um conteúdo afetivo. Desta forma, a Tabela 5 a seguir,
apresenta palavras-chave inferidas das vocalizações (Anexo 3) dos participantes
relacionadas às opções do questionário exibido pelo software juntamente com os
nomes de sentimentos contidos na Tabela 1. Mais uma categoria de contingência
foi sugerida, em função dos relatos que se relacionam a “excitação” ou “emoção”,
sentimentos que segundo Skinner (1974/2003b) são entendidos como um produto
colateral das contingências de reforçamento que definem um jogo.
O que se vê é uma correspondência entre os sentimentos relatados pelos
participantes, os comportamentos motores e as vocalizações emitidas pelos
mesmos, que ora se referiram às regras que estes inferiam sobre o jogo, ora se
referiram aos estados corporais que experimentavam durante a participação no
procedimento.
Relações entre comportamentos motores, vocais e
nomes “esperados” de sentimentos - Tabela 5
Palavras-chavecontingência e
sentimento
“esperado”
Comportamentos
Motores
Tacto de um
comportamento /sentimento
Tacto de uma
propriedade dacontingência
Reforçamento
Positivo - “Alegria,
Satisfação e
Contentamento”
Sorrir; fazer sinal de
‘sim’ com a cabeça;
movimentar os lábios;
morder os lábios;
contar os dedos;
franzir a testa;
balançar as pernas;
Entender; aprender;
ganhar; acertar;
saber; ter sorte;
mostrar; memorizar;
ter certeza.
Teste de
memória; jogo;
fácil; louco; irado;
massa; bacana;
legal.
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olhar em direção ao
relógio.
Punição Negativa -
“Frustração,Desapontamento e
Tristeza”
Fazer sinal de ‘não’
com a cabeça; fazercareta; balançar a
perna; olhar em
direção ao display de
cupons na tela; clicar
no mouse com mais
força; franzir a testa;
coçar a cabeça; contar
os dedos.
Perder; não saber;
não entender; errar;não conseguir; ter
azar; sentir-se
incompetente;
desistir; pedir ajuda;
duvidar; esquecer.
Seqüências
lógicas; saco;difícil; chato; jogo;
Punição Positiva -
“Aborrecimento,
Medo e Raiva”
Assustar-se; fazer
careta; levantar-se;
pular na cadeira; fazer
sinal de “não” com a
cabeça; olhar em
direção ao display de
cupons na tela;
balançar a perna;
clicar no mouse com
mais força; tapar os
ouvidos; passar a mão
sobre o rosto.
Assustar-se; perder;
errar; sentir-se
incomodado; não
saber; querer
acertar; ser
impaciente; desistir;
ter medo; rezar;
pedir ajuda; sentir
nojo; lamentar.
Aleatório; difícil;
chato; barulhento;
saco; choque;
foda; enjoado;
jogo; coisa do
“encardido”; filme
de terror;
demorado.
Reforçamento
Negativo -
“Ansiedade,
Apreensão e
Alívio”
Fazer careta; olhar
em direção ao display
de cupons na tela;
clicar no mouse com
mais força; balançar
as mãos e as pernas;sorrir; olhar em direção
ao relógio; fechar os
olhos; bater a mão na
mesa; morder os
lábios.
Errar; assustar-se;
lamentar; irritar-se;
acelerar; acertar;
sentir-se
incomodado; sentir-
se capaz; entender;agradecer; pedir
ajuda; reclamar;
desanimar.
Pegadinha; doido;
barulhento;
demorado;
sinistro; saco;
ruim; seqüências
lógicas; jogo; joguinho de
computador.
Contingências que
definem um jogo -
“Excitação e
Entender; aprender;
ganhar; acertar;
saber; ter sorte;
Teste de
memória; jogo;
fácil; seqüências
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Emoção” mostrar; memorizar;
ter certeza. perder;
não saber; não
entender; errar; não
conseguir; ter azar;
sentir-se
incompetente;
desistir; pedir ajuda;
duvidar; esquecer.
querer acertar;
lamentar; sentir-se
capaz;
lógicas; difícil;
aleatório;
pegadinha;
joguinho de
computador.
Embora haja várias palavras-chave, elas descrevem comportamentos e
sentimentos (ou ações que traduzem a não emissão de certas respostas) que, em
geral, descrevem o “gostar” ou o “não gostar” do próprio desempenho ou da
propriedade abstraída9 na exposição às contingências programadas.
Assim, a Tabela 5 mostra algumas relações importantes entre os
elementos das quatro colunas, que informam o acompanhamento dos eventos
privados por eventos públicos. Por exemplo, o “sorrir” acompanhou possíveis
sentimentos de satisfação ou alívio durante o reforçamento positivo e negativo,
respectivamente. As propriedades tacteadas como abstrações (“louco”, “saco”,
etc.) são evidentes qualificações “positivas” ou “negativas” das contingências
relacionadas, também presentes, pode-se afirmar, no “gosto” ou no “desgosto”
pela contingência em operação. Conclui-se, então, a partir dos correlatos públicos
9 A abstração é um tipo especial de Tacto (Skinner 1957/1978; Borloti, 2006). Ela é controlada poruma propriedade dos objetos concretos que definiram a situação experimental e que tambémesteve presente quando uma resposta verbal foi reforçada na história de condicionamento verbaldos participantes, adquirindo controle sobre a resposta dada durante os Procedimentos. Assim, seo tacto da propriedade “chato” foi reforçado diante de uma situação, isto aumentou a probabilidade
de emissão desta abstração quando esta mesma propriedade foi tacteada na situaçãoexperimental.
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que a propriedade “aversividade” da contingência de Reforçamento Negativo
controlou eventos privados do tipo sentir ao mesmo tempo em que controlou a
relação verbal da qual os tactos de sentimentos foram emitidos. O mesmo se
observa quando se analisa a relação entre o comportamento ‘fazer careta” e as
abstrações “chato”, “difícil”, “enjoado”, acompanhantes das contingências de
Punição Negativa e Punição Positiva e, respectivamente, dos relatos de
frustração ou até mesmo de raiva.
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CONCLUSÃO
Pode-se concluir, a partir dos resultados apresentados, que a exposição às
contingências (programadas em um software) pode eliciar eventos privados do
tipo sentir e produzir tactos dos mesmos. Seguem algumas considerações sobre
esta conclusão.
Conforme discutido nos primeiros Capítulos, a validade desses tactos é
questionada na Análise do Comportamento. Por se tratar de tactos de eventos
acessíveis apenas à própria pessoa que os experimenta, esses poderiam estar
relacionados a algum propósito (a exemplo do que ocorre na mentira), ou
poderiam ter sido aprendidos com falhas, pois ensinar o tacto de evento privado é
mais difícil do que ensinar o tacto de um objeto ou evento público qualquer.
Considerando estes dois aspectos, e também o fato de que o acesso aos eventos
privados é indireto, uma dúvida poderia surgir a partir dos resultados deste
estudo: ele é, de fato, um estudo sobre sentimentos?
As discussões epistemológicas de Abib (1982) dizem que sim. E esta é a
razão do interesse por este estudo. Para ele, uma Psicologia que do ponto de
vista da análise experimental ou mesmo da interpretação, nada a tenha a propor
sobre o conhecimento da experiência subjetiva, não deve despertar o menor
interesse, além, talvez, de mera curiosidade técnica ou intelectual. Uma psicologia
(pode-se citar como exemplo o behaviorismo metodológico) que afirma a
existência de estados subjetivos, mas por critérios metodológicos os relega a
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planos secundários, deixa espaço em seu interior para a sobrevivência da
questão metafísica da relação dualista entre alma e corpo.
Segundo Abib (1982), estados e condições corporais internas são eventos
privados acessíveis através de instrumentos, mesmo supondo que estes
instrumentos ainda não existam. Entretanto, isso não constitui obstáculo à sua
acessibilidade, uma vez que este acesso seria possível com o progresso técnico
científico. Não existe então impossibilidade lógica ou empírica, pois é imaginável
teoricamente e realizável empiricamente. Nesse sentido, talvez, a diferença entre
eventos privados e públicos pudesse ser definida em termos de graus de
acessibilidade e jamais de diferença de natureza. Assim como não faz sentido
afirmar que o vermelho que eu vejo é igual ou diferente do vermelho que outra
pessoa experiencia (vê), também não faz sentido descrever sentimentos de outra
pessoa. Nunca existirão instrumentos para medir essas experiências, por isso,
elas são privadas para sempre.
Resta, então, aos pesquisadores, lidar com essa limitação de um modo
metodologicamente criativo, arranjando as contingências que poderiam eliciar
supostos eventos privados, e registrando possíveis correlatos comportamentais
públicos desses eventos. De certo modo, este estudo apontou uma forma de se
fazer isso: ao descrever as variáveis ambientais (contingências de reforçamento)controladoras de supostos eventos privados, e ao investigar como a interação
com as contingências de reforçamento programadas no software se relacionou
com os tactos dos eventos privados do tipo sentir e com alterações em
comportamentos públicos (vocalizações, comportamentos motores, batimentos
cardíacos, latência de respostas e formulação de regras) chegou-se à mesma
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conclusão crua, simples e direta de Tourinho (comunicação pessoal, 12 de Agosto
de 2004)10, “não adianta uma pessoa falar que está com sono; ele deve bocejar e
ir para a cama”. Ou seja, não adiantaria um participante deste estudo dizer ao
pesquisador que esteve “irritado” durante o Procedimento; ele deveria fazer careta
e clicar mais rápido no mouse, como exemplo de correlatos públicos, tais como
bocejo ou caminhar em direção à cama. Isso ocorre no dia a dia: um pai pode
ensinar o filho a dizer “estou faminto” não porque o pai esteja sentindo o que a
criança sente, mas porque pode observar como ela come vorazmente. A criança
então pode descrever seus sentimentos com alguma precisão. Entretanto, o
sentimento não pode ser completamente descrito pelo comportamento verbal ou
reduzido a esta descrição, ou seja, um sentimento não pode ser reduzido ao que
é sentido internamente nem à sua descrição verbal.
Um ambiente controlado permite a definição e a medida de alguns
correlatos de eventos privados e, portanto, ainda é mais adequado que o
ambiente cotidiano para identificação das contingências diretas que afetam tanto
a eliciação destes eventos quanto o tacto dos mesmos. Entretanto, de acordo
com a afirmação de Friman, Hayes & Wilson (1998), uma explicação sobre
eventos privados considerando apenas contingências diretas é válida, mas
insuficiente para explicar o fenômeno porque outras análises podem serrequeridas na medida em que o ser humano pode apresentar respostas verbais
que podem participar de relações derivadas. De modo superficial estas “outras
análises” foram apontadas neste estudo quando dados evidentes da história de
vida de um participante apontaram o efeito de tipos de indicadores de variáveis
10 Esta citação foi feita no Workshop, intitulado: “Eventos Privados: Interpretação Analítico-
Comportamental”, durante o XIII Encontro da Associação Brasileira de Psicoterapia e MedicinaComportamental e II Encontro Internacional da Association for Behavior Analysis.
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que estariam tendo controle sobre os relatos de sentimentos. Mas registra-se uma
insuficiência. Possivelmente uma extensão deste estudo é necessária para se
verificar uma hipótese plausível: existe diferença entre tactos de acordo com o
gênero de participantes adultos. Outras variáveis (ou indicadores de variáveis)
também poderiam ser alteradas. Por exemplo, uma variabilidade regional-
geográfica e um número maior de participantes poderia garantir história culturais
distintas, cuja função sobre o relato de sentimentos poderia ser analisado em
estudos correlacionais nos quais a significância de certas diferenças poderia ser
verificada com ferramentas estatísticas apropriadas.
Por outro lado, o inverso também é verdadeiro: quaisquer outras análises
podem ser insuficientes e, portanto, carecerem do complemento de dados
produzidos por contingências diretas, conforme defendeu Guerin (1992) em sua
crítica à Psicologia Social. Dessa forma, defende-se que estudos de certos temas
poderiam se beneficiar de delineamentos experimentais que avaliassem a
correspondência entre respostas verbais e não verbais (um exemplo de
delineamento metodologicamente engenhoso pode surgir das seguintes
perguntas: As respostas motoras de pessoas com um “discurso racista” teriam
uma latência maior ou menor em função da exposição a fotos de pessoas brancas
ou negras? O que elas responderiam como “sentimento” após essa exposição?Poderia a latência ser interpretada como um correlato não verbal da “aceitação”
ou “rejeição” social? O que aconteceria se brancos ou negros estivessem
presentes na sessão experimental como comunidade verbal para os
participantes?).
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Essas relações entre contingências de reforçamento, latência de respostas
motoras e respostas verbais a ela relacionadas fazem surgir outras questões,
destacando-se, dentre elas, a seguinte: como a correspondência entre o verbal e
o não verbal poderia ser empregada para uma compreensão comportamental de
conceitos mentalistas tais como “ideologia”, “preconceito” ou “representação
social”, inferidos, quase sempre, de dados verbais obtidos em entrevistas ou
documentos?
Um exemplo de um estudo empregando contingências programadas em
um software (Belief 1.0) para estudar um tema tradicional nas Ciências Sociais foi
inspirado no presente estudo (Cunha & Borloti, 2006). O experimento avaliou o
efeito de contingências verbais diretas sobre o “conhecimento social” acerca das
formas de contaminação pelo HIV. Participaram deste estudo 10 estudantes da
cidade de Vitória, com idade variando entre 18 e 22 anos. O procedimento
possuía 3 fases: Linha de Base, Fase de Reforçamento e Questionário Pós-
Experimental. Foram selecionadas dez questões que os participantes deveriam
responder ser ou não formas de transmissão do vírus HIV, as quais 4 (quatro)
foram reforçadas erroneamente. Os dados permitem afirmar que crenças são
comportamentos sujeitos as mesmas leis e princípios que outros comportamentos
e que os reforçadores sociais aumentaram a freqüência de respostas de certascrenças errôneas, a despeito de uma história de reforçamento anterior pela
comunidade verbal.
Considera-se que a latência de respostas foi um dado não-verbal
importante adicionado à análise dos correlatos verbais dos sentimentos. Para
Cabalo (2003), a latência de respostas vocais (considerando que a latência nesse
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caso é o intervalo temporal de silêncio entre o fim de um enunciado por um
indivíduo e o início de outro enunciado por um segundo indivíduo) tem uma
relação com emoções durante a interação social. Deste modo, uma latência muito
curta pode ser considerada normalmente como uma conduta agressiva, ao
mesmo tempo em que uma latência muito alta pode ser considerada como uma
conduta passiva. A conclusão deste estudo permite considerar este fato também
em relação à latência de respostas motoras, ou seja, também se pode atribuir à
latência de respostas dos participantes os sentimentos contidos na Tabela 1.
Assim, por exemplo, pode-se descrever que a latência mais alta no início da fase
de Reforçamento Positivo pode ser considerada como correlato de “interesse”.
Ainda nessa fase, a diminuição da latência de resposta pode ser interpretada
como um aumento da “confiança”. Na fase Punição Negativa, da diminuição da
latência das respostas pode-se inferir um “desinteresse”, e este poderia ser uma
variação do “parar de responder”, já que nenhum participante abandonou o
procedimento. Já na fase Punição positiva, pode-se interpretar que a demora no
responder pode estar relacionado ao medo e por outro lado, a rapidez das
respostas durante a fase de Reforçamento Negativo poderia estar relacionada à
agressão.
Em síntese, é possível adicionar a seguinte consideração final à conclusãoposta no início deste tópico: a ocorrência de eventos privados é função das
contingências de reforçamento; as propriedades das relações entre os eventos
comportamentais e ambientais definidores de cada uma das quatro contingências
se relacionam aos eventos privados “sentidos”. Esses são tateados como
“sentimentos” diferentes em função da relação de tacto específica para cada
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contingência, mediada pelas perguntas do procedimento/experimentador como
audiência. Esta relação é que dá sentido ao “sentido”, tornando-o um sentimento.
Aos olhos do experimentador, os eventos privados são acessíveis apenas
indiretamente, via correlatos verbais e não-verbais correspondentes ao evento
privado e à contingência da qual todos esses eventos comportamentais adquirem
funções diferentes, porém interligadas.
Finalmente, pode-se fazer consideração ao comportamento supersticioso.
Os participantes formulavam regras e acreditavam que haviam descoberto a regra
para “acertar”, ou até mesmo, “perdido” a regra quando estes passavam a “errar”.
Em termos de comportamentos públicos, isso se tornou evidente, quando os
participantes contavam as cartas nos dedos, ou até mesmo seguiam um certo tipo
de seqüência, como “cliques” nas cartas da esquerda para direita, ou vice-versa.
Portanto, mesmo que alguns participantes desconfiassem que seu desempenho
era uma variável independente, eles parecem não ter discriminado o uso de
contingências programadas, provavelmente por conta do delineamento
experimental.
Desta forma, pode-se dizer que o software se mostrou eficiente, e
adequado para novas pesquisas, possibilitando o planejamento de outros
delineamentos experimentais, à medida que um ambiente controlado possibilita aidentificação de variáveis importantes que afetam os eventos privados do tipo
sentir.
De toda a discussão que motivou a pergunta reflexiva à conclusão, seguem
as palavras de Skinner:
“Ao invés de concluir que o homem só pode conhecer sua experiência subjetiva – e
que ele está limitado para sempre ao seu mundo privado e que o mundo externo é
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apenas um constructo – uma teoria comportamental do conhecimento sugere que éo mundo privado que, embora não seja inteiramente desconhecido, não pode,provavelmente, ser tão bem conhecido como o mundo externo” (Skinner,1969/1984, p.228).
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ANEXOS
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ANEXO 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título: “Tacto de Eventos Privados. Estudo de relatos verbais sobre efeitos de diferentescontingências de reforçamento”.
Pesquisador : Luciano de Sousa Cunha – Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal doEspírito Santo.Professor orientador responsável: Dr. Elizeu Batista Borloti.Contato: Programa de Pós Graduação em Psicologia – UFES – 3335-2501
Identificação do Participante: __________________________________________________- A presente pesquisa tem o objetivo de investigar como a interação com situações
programadas num software interferem nos relatos sobre o que uma pessoa sente ouobserva introspectivamente em seus estados corporais.
- Não serão registrados os nomes dos participantes em nenhum momento da pesquisa, e a
identificação será apenas numérica.- Antes de aceitar participar da pesquisa, o participante e seus responsáveis deverão leratentamente as explicações abaixo que informam sobre o procedimento.
- O participante ou o responsável poderá se recusar a participar da pesquisa e poderáabandonar o procedimento em qualquer momento sem penalização e sem prejuízo algum.
Sobre a pesquisa:- Esta pesquisa compõe o trabalho de dissertação de mestrado de Luciano de Sousa
Cunha, aluno do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal doEspírito Santo, sendo orientada pelo professor Dr. Elizeu Batista Borloti.
- Participarão desta pesquisa alunos com idade entre 11 e 14 anos, de diferentes cursos denível superior.
- Para a realização da pesquisa, foi desenvolvido um programa de computador e a sua
participação consistirá em interagir com esse programa.- A participação não envolve risco à sua saúde física ou psicológica;- O procedimento tem duração média de 20 minutos.- Serão garantidos o sigilo e a privacidade, sendo reservado o direito aos participantes da
omissão de sua identificação ou de dados que possam comprometê-lo.- Na apresentação dos resultados não serão citados nomes nem iniciais. Cada participante
será identificado somente por um número e pela área de conhecimento do curso.- Antes do início do procedimento, deverá ser preenchida uma pequena ficha de
identificação no computador contendo um número de identificação, sexo, idade, curso enaturalidade.
- Como se trata de uma pesquisa, o dado obtido pelas respostas dadas durante oprocedimento poderá ser utilizado para compor material escrito para divulgação dotrabalho no meio científico e à comunidade em geral.
Agradeço desde já a sua colaboração!Confirmo ter revisado o conteúdo deste termo. A minha assinatura abaixo indica que eu concordoem autorizar a participação de ______________________________________ nesta pesquisa epor isso dou meu consentimento.
Vitória, ______ de ______________ de 2006.
______________________ __________________________ _____________________ Assinatura doresponsável Elizeu Batista Borloti Luciano de Sousa Cunha
Professor responsável Pesquisador
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ANEXO 2
Protocolo de registro e de definições comportamentais
Identificação do Participante:__________________________________________Aluno Observador:______________________Data:________________________Procedimento 1 ( )Procedimento 2 ( )
Eventos motores emitidos durante a Fase 1 do Procedimento: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________
_________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ __________________Eventos motores emitidos durante a Fase 2 do Procedimento: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ __________________Eventos verbais emitidos durante a Fase 1 do Procedimento: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _____________________
Eventos verbais emitidos durante a Fase 2 do Procedimento: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ ________________________________________________________
7/23/2019 2007 - Luciano de Sousa Cunha
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ANEXO 3
Dados qualitativos dos participantes
Número do participante: 1
Idade: 14
Sexo: Masculino
Procedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa
Fase 1:
Relato: Satisfação
Comportamentos motores: Sorrisos, Sinais tipo "positivo" com a cabeça.
Comportamentos vocais: “É teste de memória né?”
“Entendi esse jogo já!”
“Muito fácil depois que aprende!”
Latência de resposta: 03:09
Cliques nas cartas
A: 14 B: 17 C: 19
Regra enunciada: Cartas com números correspondiam a posição C
Cartas com figuras correspondiam a posição B
“Ás” correspondia a posição B
Fase 2:
Relato: Frustração
Comportamentos motores: Caretas, franzir a testa, coçar a cabeça, sinais tipo
"negativo" com a cabeça.
Comportamentos vocais: “Opa”; “Agora tá tirando os cupons?”; “Não tem seqüência
lógica né?”; “Não tem jeito!”.
“Antes eu sabia jogar, agora não consegui entender”
Latência de resposta: 02:32
Cliques nas cartas
A: 23 B: 12 C: 15
Regra enunciada: Não conseguiu entender a regra do jogo na segunda fase.
Sem seqüência lógica.
Batimentos cardíacos
Início: 96 Final da fase: 88 Final da fase: 86
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Número do participante: 2
Idade: 11
Sexo: Masculino
Procedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa
Fase 1:
Relato: Ansiedade
Comportamentos motores: Morder a boca, Agitação motora, olhar disperso.
Comportamentos vocais: “Quando acaba?”
Jogo louco esse!
“Yes... estou ganhando”
Latência de resposta: 03:23
Cliques nas cartas
A: 17 B: 21 C: 12
Regra enunciada: Sem seqüência lógica.
Questão de sorte ou azar.
Fase 2:
Relato: Tristeza
Comportamentos motores: Balançar a cabeça negativamente
Comportamentos vocais: “Não vou acertar nunca?”
“Não ganho nunca”
“Uni-duni-tê”
“Que azar!”
Latência de resposta: 02:24
Cliques nas cartas
A: 26 B: 10 C: 14
Regra enunciada: Sem seqüência lógica.
Questão de sorte ou azar.
Batimentos cardíacos
Início: 88 Final da fase: 84 Final da fase: 76
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Número do participante: 3
Idade: 12
Sexo: Masculino
Procedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa
Fase 1:
Relato: Ansiedade
Comportamentos motores: Sorrisos; Não se mover; Morder os lábios; Movimentos
com os lábios como se falasse
Comportamentos vocais: “São quantas telas?”
“Acho que aprendi a manha”
“Irado”“Mais um acerto”
Latência de resposta: 03:14
Cliques nas cartas
A: 20 B: 16 C: 14
Regra enunciada: Cada cor de carta corresponde a uma posição.
Fase 2:
Relato: Frustração
Comportamentos motores: olha para os cupons quando são retirados; Clique no
mouse com mais força; Balançar a perna.
Comportamentos vocais: “Ai, não acerta mais não!”
“Que saco isso!”
“Quer ver que vou errar?”
Que saco, to perdendo tudo!”
“E se eu perder tudo?”
Latência de resposta: 02:26
Cliques nas cartas
A: 13 B: 18 C: 19
Regra enunciada: Questão de sorte ou azar.
Batimentos cardíacos
Início: 76 Final da fase: 74 Final da fase: 79
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Número do participante: 4
Idade: 13
Sexo: Masculino
Procedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa
Fase 1:
Relato: Contentamento
Comportamentos motores: Sorrisos; Balançar a cabeça postivamente
Comportamentos vocais: “Massa demais”
“hummm... vejamos agora...”
“Fácil até...”
“Bacana esse jogo”Latência de resposta: 03:02
Cliques nas cartas
A: 14 B: 18 C: 18
Regra enunciada: Não dependia das cartas, mas da posição do clique.
Fase 2:
Relato: Desapontamento
Comportamentos motores: Balançar a perna.
Comportamentos vocais: “Difícil demais!”
“Vou perder tudo”
“Ah não, vou me sentir incompetente”
“Não quero fazer isso mais!”
“E agora?”
Latência de resposta: 02:27
Cliques nas cartas
A: 16 B: 15 C: 19
Regra enunciada: Questão de sorte ou azar.
Batimentos cardíacos
Início: 87 Final da fase: 86 Final da fase: 89
7/23/2019 2007 - Luciano de Sousa Cunha
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Número do participante: 5
Idade: 11
Sexo: MasculinoProcedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa
Fase 1:
Relato: Alegria
Comportamentos motores: Sorrisos; Balançar a cabeça positivamente
Comportamentos vocais: “Legal”
“Como é que faz pra ganhar cupons?!”
“Você vai sortear 50 reais mesmo?”
“Sempre fui bom nesse jogos”
“Posso mostrar pra meu pai depois? Ele adora esses
joguinhos”.
Latência de resposta: 03:09
Cliques nas cartas
A: 16 B: 24 C: 10
Regra enunciada: Cliques A B C B A B C B A
Fase 2:
Relato: Tristeza
Comportamentos motores: olha para os cupons quando são retirados; Clique no
mouse com mais força.
Comportamentos vocais: “Poxa”
“Dá uma ajuda aí”
“Que azar...”
“Se fosse meu pai ele acertava”
Latência de resposta: 02:30
Cliques nas cartas
A: 21 B: 17 C: 12
Regra enunciada: Não conseguiu entender.
Batimentos cardíacos
Início: 91 Final da fase: 92 Final da fase: 86
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Número do participante: 6
Idade: 14
Sexo: Feminino
Procedimento: Reforçamento Positivo - Punição NegativaFase 1:
Relato: Ansiedade
Comportamentos motores: Franzir a testa; contar nos dedos; balançar as pernas.
Comportamentos vocais: “Quantos acertos tenho que ter?”
“Acho que sei a ordem agora”
“A instrução é só aquela mesmo!?”
“Acho que estou dando sorte!”
Latência de resposta: 03:12
Cliques nas cartas
A: 18 B: 14 C: 18
Regra enunciada: Questão de sorte ou azar.
Fase 2:
Relato: Frustração
Comportamentos motores: Balançar a cabeça negativamente
Comportamentos vocais: “Não disse que era sorte?”
“Comecei a errar que não paro mais!”
“Unpf!”
“tsc...tsc...tsc..”
Latência de resposta: 02:24
Cliques nas cartas
A: 17 B: 15 C: 18
Regra enunciada: Questão de sorte ou azar.
Batimentos cardíacos
Início: 81 Final da fase: 79 Final da fase: 76
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Número do
participante:
7
Idade: 13
Sexo: FemininoProcedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa
Fase 1:
Relato: Satisfação
Comportamentos
motores:
Sorrisos; Movimentos com os lábios como se falasse.
Comportamentos
vocais:
“Isso precisa de muita memória”
“Hummm... números são sempre no meio”
“Acertei de novo”
Latência de
resposta:
03:18
Cliques nas cartas
A: 14 B: 21 C: 15
Regra
enunciada:
Cada carta possuía uma posição. Números ficavam no
meio.
Fase 2:
Relato: Frustração
Comportamentos
motores:
Contar nos dedos, balançar a cabeça negativamente,
caretas (como se estivesse chorando)
Comportamentos
vocais:
“Minha memória cansou agora”
“Ai ai ai”
“Acho que desamprendi”
“Deixa de ser burra A.B.”
Latência de
resposta:
02:31
Cliques nas cartas
A: 19 B: 15 C: 16
Regra
enunciada:
Não conseguiu memorizar as posições.
Batimentos cardíacos
Início: 88 Final da fase: 92 Final da fase: 91
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Número do participante: 8
Idade: 13
Sexo: FemininoProcedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa
Fase 1:
Relato: Alegria
Comportamentos motores: Sorrisos; Balançar a cabeça positivamente
Comportamentos vocais: “Eba...”
“Vários cupons eu vou ganhar”
“Só acerto... ta vendo!?”.
Latência de resposta: 03:34
Cliques nas cartas
A: 21 B: 13 C: 16
Regra enunciada: Sem seqüência lógica.
Questão de sorte ou azar.
Fase 2:
Relato: Apreensão
Comportamentos motores: Balançar a cabeça negativamente
Comportamentos vocais: “Vou perder tudo”
“Não quero fazer isso mais!”
“E agora?”
“Putz! Ai meu Deus”.
Latência de resposta: 02:24
Cliques nas cartas
A: 16 B: 17 C: 18
Regra enunciada: Sem seqüência lógica.
Questão de sorte ou azar.
Batimentos cardíacos
Início: 77 Final da fase:84 Final da fase: 91
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Número do participante: 9
Idade: 12
Sexo: FemininoProcedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa
Fase 1:
Relato: Contentamento
Comportamentos motores: Sorrisos; Contar nos dedos
Comportamentos vocais: “é jogo de memória?”
“tô dando sorte, porque não estou entendendo nada”
“é jogo de sorte...tenho certeza agora”.
Latência de resposta: 02:23
Cliques nas cartas
A: 14 B: 19 C: 17
Regra enunciada: Questão de sorte ou azar.
Fase 2:
Relato: Frustração
Comportamentos motores: Caretas; Balançar a perna.
Comportamentos vocais: “minha sorte acabou”
“que jogo chato!”
“não tem jeito não”
“vontade de parar já... não tenho sorte”
“nem ligo mais pra esse jogo”.
Latência de resposta: 02:23
Cliques nas cartas
A: 12 B: 16 C: 22
Regra enunciada: Questão de sorte ou azar.
Batimentos cardíacosInício: 90 Final da fase: 83 Final da fase: 85
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Número do participante: 10
Idade: 12
Sexo: FemininoProcedimento: Reforçamento Positivo - Punição Negativa
Fase 1:
Relato: Contentamento
Comportamentos motores: Morder os lábios, olhar o relógio.
Comportamentos vocais: “Tem tempo não né?”
“Só acerto?”
“Legal até... mas é meio repetitivo”
Latência de resposta: 03:23
Cliques nas cartas
A: 15 B: 18 C: 17
Regra enunciada: Seqüências lógicas. Cada carta possuía uma posição.
Cartas repetiam muito.
Fase 2:
Relato: Desapontamento
Comportamentos motores: Caretas; Olha para os cupons quando são retirados;
Clique no mouse com mais força; Balançar a perna.
Comportamentos vocais: “Nossa... não repete nenhuma carta dessa vez...”
“Tô ruim de mais!”
“Nossa senhora”
Latência de resposta: 02:29
Cliques nas cartas
A: 19 B: 17 C: 14
Regra enunciada: Seqüências lógicas mais difícieis. Cartas não se repetiam.
Batimentos cardíacosInício: 89 Final da fase: 74 Final da fase: 78
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Número do participante: 11
Idade: 14
Sexo: Masculino
Procedimento: Punição Postiva - Reforçamento NegativoFase 1:
Relato: Ansiedade
Comportamentos motores: Caretas; Olhar para o display de cupons; Susto com som.
Comportamentos vocais: “Vai ter esse barulho toda vez que eu errar?”
“Não vou acertar nunca?”; “Difícil demais hein?!”
“Barulhinho chato hein!?”; “O barulho ta alto! Dá pra
abaixar não?; “Difícil entender com esse barulho”.
Latência de resposta: 02:55
Cliques nas cartas
A: 17 B: 16 C: 17
Regra enunciada: Sem seqüência lógica.
Questão de sorte ou azar.
Sempre com 33% de chances de acertar.
Fase 2:
Relato: Apreensão
Comportamentos motores: Caretas; Olha para os cupons quando são retirados;
Clique no mouse com mais força; Balançar a perna.
Comportamentos vocais: “Minha Nossa Senhora da Penha... agora é que não acerto
mesmo”; “poxa vida... é pegadinha pra ver se a pessoa fica
nervosa?”; “doideira... vou clicar mais rápido...”
“tô que acerto agora ó”; “barulho sinistro”
Latência de resposta: 01:26
Cliques nas cartas
A: 13 B: 18 C: 19
Regra enunciada: Sem seqüência lógica.
Questão de sorte ou azar.
Sempre com 33% de chances de acertar.
Batimentos cardíacos
Início: 88 Final da fase: 83 Final da fase: 85
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Número do participante: 12
Idade: 13
Sexo: MasculinoProcedimento: Punição Postiva - Reforçamento Negativo
Fase 1:
Relato: Apreensão
Comportamentos motores: Susto com som; Pulos na cadeira; Movimentou a cabeça
negativamente; Passar a mão sobre o rosto.
Comportamentos vocais: “Não tem seqüência lógica né?”
“Que saco isso!”
“Ai, mas que barulho chato!”
“O barulho é muito chato... tá doido”
“Podia acertar um pra variar”
Latência de resposta: 03:31
Cliques nas cartas
A: 12 B: 15 C: 23
Regra enunciada: Questão de sorte ou azar.
Fase 2:
Relato: Alívio
Comportamentos motores: Sorrisos, Balançar as pernas, Olhar o relógio.
Comportamentos vocais: “Acaba logo”
“ainda bem que estou acertando tudo agora”
“não agüento mais esse barulho”
“Vou ficar só nessa”.
Latência de resposta: 01:21
Cliques nas cartas
A: 7 B: 9 C: 34
Regra enunciada: Questão de sorte ou azar.
Batimentos cardíacos
Início: 83 Final da fase: 92 Final da fase: 86
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Número do participante: 13
Idade: 12
Sexo: Masculino
Procedimento: Punição Postiva - Reforçamento NegativoFase 1:
Relato: Aborrecimento
Comportamentos motores: Olhar para o display de cupons; Susto com som; Passar a
mão sobre o rosto.
Comportamentos vocais: “Oua... que barulho alto”; “parece até que é um choque
mesmo”; “caralho bicho”; “puta que pariu”; “foda demais”
“esse barulho é mais chato que o Vinícius, meu
irmãozinho”
Latência de resposta: 03:14
Cliques nas cartas
A: 14 B: 16 C: 20
Regra enunciada: Não entendeu o jogo.
Fase 2:
Relato: Ansiedade
Comportamentos motores: Caretas, fechar os olhos para clicar nas cartas.
Comportamentos vocais: “Agora sim”
“Puta que pariu... sou foda demais”
“Quero nem ver”
“hehehe... até de olho fechado eu acerto agora”
“agora acerto tudo”
“porque eu não pensei nisso antes...”
Latência de resposta: 01:23
Cliques nas cartas
A: 8 B: 31 C: 11
Regra enunciada: Seqüências de cliques. Não tinha pensado nisso na
primeira fase.
Batimentos cardíacos
Início: 82 Final da fase: 85 Final da fase: 95
7/23/2019 2007 - Luciano de Sousa Cunha
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Número do participante: 14
Idade: 14
Sexo: MasculinoProcedimento: Punição Postiva - Reforçamento Negativo
Fase 1:
Relato: Raiva
Comportamentos motores: Olhar para o display de cupons; Susto com som;
Movimentou a cabeça negativamente. Clicar com uma
mão e tapar a orelha com a outra.
Comportamentos vocais: “Nossa... me assustei bicho”
“Que coisa chata esse barulho!”
“Além de errar ainda tenho escutar esse som enjoado?”
Latência de resposta: 02:45
Cliques nas cartas
A: 21 B: 14 C: 15
Regra enunciada: Não entendeu.
Fase 2:
Relato: Alívio
Comportamentos motores: Bater a mão na mesa, clicar no mouse com mais força,
caretas.
Comportamentos vocais: “vou clicar bem rápido”
“Não vai acabar não?”
“depende da velocidade de clicar?”
Latência de resposta: 01:27
Cliques nas cartas
A: 19 B: 15 C: 16
Regra enunciada: Acha que quanto mais rápido clicasse mais acertos teria.
Batimentos cardíacos
Início: 89 Final da fase: 95 Final da fase: 87
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Número do participante: 15
Idade: 12
Sexo: MasculinoProcedimento: Punição Postiva - Reforçamento Negativo
Fase 1:
Relato: Aborrecimento
Comportamentos motores: Susto com som; Caretas, Clicar no mouse com mais força
Comportamentos vocais: “Assustei com esse treco”
“Caraca, achei que ia cair dessa cadeira”
“Pode errar não?”
“Ihhhhh...tenho muita paciência não”
“Merdinha, não tô entendendo”.
Latência de resposta: 03:11
Cliques nas cartas
A: 13 B: 16 C: 21
Regra enunciada: Seqüências lógicas. Não entendeu.
Fase 2:
Relato: Ansiedade
Comportamentos motores: Balançar as pernas.
Comportamentos vocais: “Que saco isso!”
“E agora?”
“Só acerto?”
“Entendi!”
“mesmo acertando é muito ruim”.
Latência de resposta: 01:22
Cliques nas cartas
A: 15 B: 17 C: 18
Regra enunciada: Cliques da esquerda para a direita sempre.
Batimentos cardíacos
Início: 88 Final da fase: 91 Final da fase: 86
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Número do participante: 16
Idade: 14
Sexo: Feminino
Procedimento: Punição Postiva - Reforçamento NegativoFase 1:
Relato: Medo
Comportamentos motores: Susto com som; Pulos na cadeira; Movimentou a cabeça
negativamente; Passar a mão sobre o rosto.
Comportamentos vocais: “Ai... que susto”; “Quero jogar mais não”; “nossa... fiquei
com medo desse jogo... fica assustando a gente”
“Ai Senhor Jesus, não deixa eu me assustar de novo
não...”; “Senhor me ajuda!”; “Isso é coisa do encardido”
“Bem que eu achei que não devia jogar isso!”
“parece filme de terror”
Latência de resposta: 03:20
Cliques nas cartas
A: 14 B: 16 C: 20
Regra enunciada: Não entendeu.
Fase 2:
Relato: Ansiedade
Comportamentos motores: Ficar batendo a mão na mesa; Balançar a perna.
Comportamentos vocais: “Senhor Jesus”
“Quando acerta para né?”
“Ai Senhor, obrigada”
“Aprendi agora... é só seguir essa ordem”
“Senhor Jesus... isso não acaba não!?
Latência de resposta: 01:24
Cliques nas cartas
A: 14 B: 16 C: 20
Regra enunciada: Seqüências lógicas.
Batimentos cardíacos
Início: 77 Final da fase: 82 Final da fase: 86
7/23/2019 2007 - Luciano de Sousa Cunha
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Número do participante: 17
Idade: 13
Sexo: MulherProcedimento: Punição Postiva - Reforçamento Negativo
Fase 1:
Relato: Raiva
Comportamentos motores: Susto com som; Levantar da cadeira; Balançar as pernas
Comportamentos vocais: “Ai, que susto!”
“Ta muito alto esse barulho”
“Não vai acabar não!?!”
“Dá pra tirar o barulho”
“Que saco!”
“Não quero fazer isso mais!”
“O barulho é enjoado”
Latência de resposta: 03:27
Cliques nas cartas
A: 13 B: 14 C: 23
Regra enunciada: Questão de sorte ou azar.
Fase 2:
Relato: Apreensão
Comportamentos motores: Clicar no mouse com mais força; Ficar batendo a mão na
mesa; Balançar a perna.
Comportamentos vocais: “E agora?”
“com esse barulho chato não dá pra jogar não”
“Vou ficar só nessa”
“E agora... tô acertando tudo?”
Latência de resposta: 01:19
Cliques nas cartas
A: 14 B: 31 C: 5
Regra enunciada: Questão de sorte ou azar.
Batimentos cardíacos
Início: Final da fase Final da fase
7/23/2019 2007 - Luciano de Sousa Cunha
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139
Número do participante: 18
Idade: 12
Sexo: Feminino
Procedimento: Punição Postiva - Reforçamento NegativoFase 1:
Relato: Raiva
Comportamentos motores: Caretas; Susto com som; Movimentou a cabeça
negativamente.
Comportamentos vocais: “Tá doido hein”
“É pra assustar a gente?”
“Que chato...”
“Nunca mais jogo esse jogo”
“Tô com nojo já desse joguinho”.
Latência de resposta: 03:30
Cliques nas cartas
A: 13 B: 14 C: 23
Regra enunciada: Sem seqüência lógica.
Questão de sorte ou azar.
Fase 2:
Relato: Apreensão
Comportamentos motores: Ficar batendo a mão na mesa; Balançar a perna.
Comportamentos vocais: “Mudou o barulho?!”
“Ahh não”
“Nem tem graça acertar com esse barulho”
“Deixa a gente nervosa esse barulho”.
Latência de resposta: 01:21
Cliques nas cartas
A: 14 B: 19 C: 17
Regra enunciada: Sem seqüência lógica.
Questão de sorte ou azar.
Batimentos cardíacos
Início: 90 Final da fase: 104 Final da fase: 93
7/23/2019 2007 - Luciano de Sousa Cunha
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140
Número do participante: 19
Idade: 11
Sexo: FemininoProcedimento: Punição Postiva - Reforçamento Negativo
Fase 1:
Relato: Apreensão
Comportamentos motores: Olhar para o display de cupons; Susto com som.
Comportamentos vocais: “Que susto”
“Ai... tô assustada”
“tem esse barulho mesmo?”
“vou acabar isso mais rápido.”
Latência de resposta: 03:09
Cliques nas cartas
A: 13 B: 15 C: 22
Regra enunciada: Seqüência lógica.
Não entendeu.
Fase 2:
Relato: Alívio
Comportamentos motores: Caretas, Balançar as mãos e as pernas.
Comportamentos vocais: “Ai menino... que barulho chato”
“não jogo isso de novo...”
“é só uma vez mesmo né?”
“E agora? Tô acertando... acho que entendi...”
“poxa... queria ter entendido antes”
“acaba logo isso”.
Latência de resposta: 01:22
Cliques nas cartas
A: 13 B: 18 C: 19
Regra enunciada: Seqüência lógica.
Cada cor de carta corresponde a uma posição.
Batimentos cardíacos
Início: 96 Final da fase: 102 Final da fase: 94
7/23/2019 2007 - Luciano de Sousa Cunha
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Número do participante: 20
Idade: 12
Sexo: Feminino
Procedimento: Punição Postiva - Reforçamento NegativoFase 1:
Relato: Ansiedade
Comportamentos motores: Caretas; Susto com som; Pulos na cadeira; Movimentou a
cabeça negativamente.
Comportamentos vocais: “ai”
“que susto”
“chato demais esse barulho hein”
“poxa vida”
“difícil acertar”
“Quando acaba?”
Latência de resposta: 03:08
Cliques nas cartas
A: 14 B: 18 C: 18
Regra enunciada: Seqüência lógica.
Fase 2:
Relato: Ansiedade
Comportamentos motores: Morder os lábios, olhar para o display de cupons, balançar
as pernas.
Comportamentos vocais: “Mudou agora...”; “É pra parar o barulho agora”
“Nossa senhora, deixa eu tentar ir rápido”
“Sabia que era assim que jogava!”; “Sempre que jogo
esses joguinhos de computador eu fico nervosa”
Latência de resposta: 01:24
Cliques nas cartas
A: 12 B: 21 C: 17
Regra enunciada: Seqüência lógica. Cada cor de carta corresponde a uma
posição.
Batimentos cardíacos
Início: 86 Final da fase: 93 Final da fase: 78
7/23/2019 2007 - Luciano de Sousa Cunha
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