2000_revista_brasileira de antropometria completa

116
 V olume 2 Número 1 2000 ISSN 1415-8426 I SSN14 15 - 84 26 v . 2 , n . 1 - 2 00 0 Crescimento D ete ão de T alento Composição Corporal Antropometria Impedância Bioelétrica Medidas em Ativi da de Físic a R evista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano

Upload: eduardo-lima-santos

Post on 12-Oct-2015

163 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

  • Volume 2 Nmero 1 2000 ISSN 1415-8426

    ISSN 1415-8426v. 2, n. 1 - 2000

    Crescimento

    Deteco de TalentoComposio Corporal

    Antropometria

    Impedncia BioeltricaMedidas em Atividade Fsica

    Revista Brasileirade Cineantropometria& Desempenho Humano

  • Ficha Catalogrfica(Catalogao na fonte por Daurecy Camilo (Beto)

    CRB-14/416)

    Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano/Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Desportos . NuCIDH. v.1, n.1 (1999) Florianpolis : Imprensa Universitria, 1999 -

    v. ; 28 cm

    AnualISSN 1415-8426

    1. Esportes Aspectos fisiolgicos 2. Medicina do esporte 3. Sade Pesquisa 4.Aptido fsica 5.Antropometria 2.Peridicos I. Universidade Federalde Santa Catarina. II . Centro de Desportos.

  • EDITORIAL

    Sendo a Cineantropometria uma rea cientfica voltada ao estudo da forma, dimenso,proporo, maturao e o desenvolvimento do corpo na ontognese humana em relao aocrescimento, ao desporto, atividade fsica, ao trabalho e a aspectos nutricionais, fica evidente aimportncia da Cineantropometria para a formao de profissionais de diversas reas, notadamente,Medicina, Educao Fsica, Fisioterapia, Nutrio, Sade Pblica e Ergonomia.

    A Cineantropometria tem sido alvo de fundamentao acadmica de inmeros pesquisadores.A procura pela rea tem aumentado gradativamente em todo pas. No entanto, observa-se que ocrescimento da rea no tem sido acompanhado com a devida qualidade que o conceito deCineantropometria exige.

    fundamental aprofundar a reflexo, embora a correta utilizao das ferramentas daCineantropometria seja um grande passo, outras questes, igualmente, devero ser priorizadas,com destaque, o uso correto das informaes para a acessibilidade e posterior divulgao doconhecimento. Em outras palavras, que o futuro deste conhecimento um tanto complexo possa sermelhor conhecido, disseminado e desenvolvido. Isso contribuiria para que os indivduos atingissemsuas metas, individuais e coletivas, e tambm, o da espcie humana, com a melhoria da qualidadede vida.

    No Brasil, oferecida anualmente uma gama de cursos sobre aspectos ligados Cineantropometria esses cursos, geralmente, enfocam com propriedade as tcnicas e a aplicaoem diferentes situaes, no entanto, como um conhecimento j acabado e pronto para ser replicado,deixando margem as questes mais profundas da Cineantropometria, que so as reflexes sobreo uso das ferramentas, salientando: quais?, como?, quando?, qual contexto?

    Neste sentido, espera-se que a Revista Brasileira de Cineantropometria & DesempenhoHumano abra um amplo espao para discusso e veiculao de pesquisa de qualidade.

    Para finalizar, presto a homenagem ao saudoso professor Dr. Jos Rizzo Pinto, que deixoumuitos ensinamentos, e que estes floresam no esprito perscrutador de seus alunos e admiradores.

    Editor Cientfico

  • EDITOR CIENTFICOProf. Dr. Edio Luiz Petroski

    EXPEDIENTECOMISSO DE MARKETINGDAURECI CAMILLORICARDO DOS SANTOSRodrigo Pulcinelle Benedetti

    COMISSO EDITORIAL.ELIO CARLOS PETROSKIMARCELLE DE OLIVEIRA MARTINSRODRIGO SIQUEIRA REISSARAY GIOVANA DOS SANTOSTNIA R. BERTOLDO BENEDETTI

    TESOURARIANIVIA MARCIA VELHO

    ENDEREOUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE DESPORTOS/ DEPARTAMENTO DE EDUCAO FSICAPROF. EDIO LUIZ PETROSKICAMPUS UNIVERSITRIO - TRINDADECEP 88.040-900 - FLORIANPOLIS, SCFONE: (048) 331-8562. FAX. (048) 331-9927E-MAIL: [email protected]

    SECRETARIA ANDIARA CLEONICE SCHWINGELMARCELLE DE OLIVEIRA MARTINS

    CAPA DESIGNER GRFICORITA DE CSSIA CARVALHO MATTOS

    EDITORAO E COMPOSIOCESAR MURILO NATIVIDADE

    NORMATIZAO DOCUMENTRIADAURECI CAMILLO (CRB 14/416)

    IMPRESSO E ENCADERNAOIMPRENSA DA UFSC.

    PROF. DR. ADAIR DA SILVA LOPES (UFSC)PROF. DR. ALBERTO SATURNO MADUREIRA (UNOESTE)

    PROF. DR. ARNO KRUG (UTP)PROF. DR. CNDIDO SIMES PIRES-NETO (UTP)DR. CLUDIO GIL SOARES DE ARAJO (UFRJ)

    PROF. DR. DARTAGNAN PINTO GUEDES (UEL E UNOPAR)PROF. DR. JOO LUIZ ZINN (UFSM)

    PROF. DR. JOHN PETER NASSER (UFSC)PROF. DR. JOS FERNANDES FILHO (UCB)

    DR. GLAYCON MICHELS (UFSC)PROF. DR. LILIAN TERESA BUCKEN GOBBI (UNESP)

    PROF. DR. LUC LGER (UNIVERSIT DE MONTRAL - CANADA)PROF. DR. MARIA DE FTIMA DA SILVA DUARTE (UFSC)

    PROF. DR. MARIA TEREZA SILVEIRA BHME (USP)PROF. DR. PAULO SRGIO CHAGAS GOMES(UGF)

    PROF. DR. ROBERT M. J. ROSS (QUEENS UNIVERSITY - CANADA)PROF. DR. RENATO YONAMINE (UFMS)

    PROF. DR. ROSANE CARLA ROSENDO DA SILVA (UFF)PROF. DR. SEBASTIO GOBBI (UNESP)

    CONSULTORES

    NuCIDH - CDS/UFSC

  • Editorial ....................................................................................................... 3

    Artigos Originais

    Desenvolvimento e validao de equaes para estimativa da massacorporal magra de meninos de 12 a 14 anos. ........................................................................... 7

    Renato Shoei YonamineCndido Simes Pires Neto

    Estudo das caractersticas antropomtricas de escolares de 7 a 17 anos- uma abordagem longitudinal mista e transversal. ................................................................. 17

    Ana Cristina de Araujo WaltrickMaria de Ftima da Silva Duarte

    Relao entre aumento da flexibilidade e facilitaes na execuo de aescotidianas em adultos participantes de programa de exerccio supervisionado ................. 31

    Carla Werlang CoelhoClaudio Gil Soares de Arajo

    A seleo de jovens atletas de basquetebol: Estudo com tcnicos brasileiros. ................. 42Valmor RamosFernando Jos da Silva Tavares

    Estudo antropomtrico comparativo entre meninas espanholas e brasileiraspraticantes de dana. .................................................................................................................. 50

    Aline Nogueira HaasManuel Rosety PlazaEduardo Henrique De Rose

    Mensurao da percepo de barreiras para a prtica de atividades fsicas:uma proposta de instrumento .................................................................................................... 58

    Marcelle de Oliveira MartinsEdio Luiz Petroski

    Antropometria e composio corporal de jovens do sexo feminino entre13 e 17 anos de idade .................................................................................................................. 66

    Ronaldo Domingues FilardoCiro R. Rodriguez-AezCndido Simes Pires Neto

    Artigos de Reviso

    Cineantropometria - componentes da constituio corporal ................................................. 72Maria Tereza Silveira Bhme

    Aptido: qual? para qu? ............................................................................................................ 80Jos Rizzo PintoJos Fernandes FilhoEstlio M. H. Dantas

  • Medidas da atividade fsica: reviso de mtodos ..................................................................... 89Rodrigo Siqueira ReisEdio Luis PetroskiAdair da Silva Lopes

    Ponto de Vista

    Antropometria em biomecnica: caractersticas, princpios e modelosantropomtricos ........................................................................................................................... 97

    Sebastio Iberes Lopes MeloSaray Giovana dos Santos

    Aspectos histricos da cineantropometria - do mundo antigo ao renascimento ............... 106Glaycon Michels

    Resumos de Dissertao

    Estresse oxidativo em jogadores profissionais de futebol ................................................... 111Andiara Cleonice Schwingel

    Estudo dos fatores determinantes da prtica de atividades fsicas deprofessores universitrios ........................................................................................................ 112

    Marcelle de Oliveira Martins

    Desenvolvimento e validao de modelos matemticos para Estimara massa corporal magra em meninos de 12 a 14 anos, por densimetriae impedncia bioeltrica ........................................................................................................... 113

    Renato Shoei Yonamine

    A seleo de jovens basquetebolistas no brasil: um estudo a partir doentendimento dos treinadores .................................................................................................. 114

    Valmor Ramos

    Normas de Publicao .............................................................................. 115

  • Artigo original

    Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano ISSN 1415-8426

    Renato Shoei Yonamine1Cndido Simes Pires-Neto2

    DESENVOLVIMENTO E VALIDAO DE EQUAES PARA ESTIMATIVADA MASSA CORPORAL MAGRA DE MENINOS DE 12 A 14 ANOS.

    DEVELOPMENT AND VALIDATION OF LEAN BODY MASS PREDICTION EQUATIONS FOR MALECHILDREN AGED 12 - 14 YEARS .

    1 Prof. Adjunto Dr. DEF/ Universidade Federal de Mato Grosso do Sul2 Prof. Adjunto Dr. CEF/ Universidade Tuiut do Paran

    RESUMO

    Os objetivos deste estudo foram: a) desenvolver e validar equaes para estimar a mas-sa corporal magra, especfica para meninos de 12 a 14 anos de idade; b) validar equaes estimati-vas desenvolvidas por outros investigadores. Participaram do estudo 93 meninos de 12 a 14 anos.Para o desenvolvimento das equaes, foi usada a tcnica de regresso mltipla passo a passo. Aanlise de validao das equaes propostas foi realizada atravs de correlao simples de Pearson,teste t pareado, erro constante (EC) e erro padro de estimativa (EPE). Foram desenvolvidos quatromodelos com variveis de biorresistncia e um com variveis antropomtricas. As correlaes ml-tiplas (Rm) variaram de 0,905 a 0,965 e EPE de 2,413 kg a 1,847 kg. A validao foi realizada em 22meninos que no participaram da amostra de regresso. Concluindo, as equaes desenvolvidasvalidadas para serem usadas em meninos de 12 a 14 anos, estudantes da rede pblica de CampoGrande-MS.

    Palavras-chave: crianas, composio corporal, equaes preditivas, bioimpedncia, pesagem hidrosttica.

    ABSTRACT

    The objetives of this study were: a) to develop and validate equations to estimates leanbody mass of males aged 12 to 14 years old; b) to validate lean body mass equations developed bydiferent researchers.Date were colleted from 93 male children aged 12-14 years. A Stepwise regressiontechnique was used to develop all prediction equations for lean body mass. The validation analysisof the proposed equations were achieved by Pearsons correlation, paired Student t- test, constanterror (CE) and standard error estimates (SEE). Four models were developed with biorresistancevariables and one model using anthropometric variables. The multiple correlations (Rm) of developedequations ranged from 0,905 to 0,965 and SEE from 2,413 kg to 1,847 kg. The validation analysiswas achieved with an independent sample of 22 childrem who did not participated of the regressionsample. Concluding, the developed equations are valid for males children aged 12 to 14 years old.

    Key words: children, body composition, preditive equations, bielectrical impedance, hydrostatic weighing.

    Volu

    me

    2

    Nm

    ero

    1

    p. 0

    7-16

    2

    000

  • 8 Yonamine & Pires-NetoVo

    lum

    e 2

    N

    mer

    o 1

    p.

    07-

    16

    200

    0

    INTRODUO

    Este final de sculo est marcado poravanos tecnolgicos que trouxeram inmerosbenefcios a toda a humanidade. Benefcios es-ses que aliados ao conforto, segurana, agili-dade, tm provocado modificaes na qualida-de e estilo de vida do cidado. significativo ocrescimento do sedentarismo, do estresse, dasdoenas cardiovasculares, desequilbrionutricional, tambm conhecidos por doenashipocinticas. Como uma das conseqncias,muitas pessoas tm atingido o excesso de mas-sa corporal, culminando com a obesidade.

    O excesso de gordura, principalmenteaquele depositado na regio abdominal, estrelacionado a inmeras doenas crnico-degenerativas, e, certamente o que causamaior preocupao sade pblica (Deprs etal., 1988, Bjorntorp, 1990).

    Nesse sentido, a determinao e ava-liao dos componentes estruturais do corpo hu-mano, como a massa de gordura, massa s-sea, massa muscular, de fundamental impor-tncia (McArdle et al., 1992). Esses componen-tes sofrem variaes principalmente no pero-do do crescimento e no perodo do envelheci-mento (Malina, 1969), assim como devido aohbito da alimentao e da prtica de exercci-os fsicos (Malina & Bouchard, 1991). Ento aanlise criteriosa da composio corporal con-siderada como um dos recursos para amenizaros riscos sade.

    Em investigaes na Educao Fsica,as tcnicas mais empregadas tm sido aantropomtrica, densimtrica e da anlise porimpedncia bioeltrica. So numerosas asequaes de estimativas da densidade corpo-ral e massa corporal magra, desenvolvidas evalidadas no mundo todo, sendo que no Brasil,pesquisadores como Guedes (1985), Petroski(1995), Petroski e Pires Neto (1995), Petroski ePires Neto (1996), Rodrigues Aez (1997), Car-valho (1998), Carvalho e Pires Neto (1998a),Carvalho e Pires Neto (1998b) e Rodrigues Aeze Pires Neto (1999), desenvolveram e valida-ram equaes para estimar a densidade corpo-ral e massa corporal magra da populao bra-sileira.

    As tcnicas mais empregadas para adeterminao da composio corporal tm sidoa antropomtrica, densimtrica e da anlise porimpedncia bioeltrica. So numerosas as

    equaes de estimativas da densidade e mas-sa corporal magra, desenvolvidas e validadasno mundo todo, sendo que no Brasil, pesqui-sadores como Guedes (1985), Petroski (1995),Rodrigues Aez (1997) e Carvalho (1998), de-senvolveram e validaram equaes para esti-mar a densidade corporal e massa corporalmagra da populao brasileira.

    A tcnica antropomtrica tem a seufavor a simplicidade e o baixo custo na aquisi-o dos instrumentais, rapidez na coleta dedados e principalmente em atender a estudosepidemiolgicos de grandes amostras. No en-tanto, os avaliadores precisam ser muito bemtreinados, com ateno especial na coleta dasespessuras de dobras cutneas.

    A anlise da composio corporal porimpedncia bioeltrica uma tcnica recente.Mas os estudos das propriedades eltricas nosistema biolgico datam do sculo 18, quandoGalvani descobriu que centelhas eltricas esti-mulavam a contrao ex vivo (Lukaski, 1996).No sculo seguinte, a eletricidade foi vista comoum potencial agente teraputico, que foi consi-derado til no tratamento de algumas doenas,e que estas podiam ser reveladas com base nacondutividade de corrente eltrica alternada nocorpo (Lukaski, 1996).

    Por outro lado, os fundamentos parautilizao de impedncia bioeltrica em huma-nos foram estabelecidos por Hoffer et al. (1969)quando demonstraram atravs desta tcnicaque os eletrodos tetrapolares, adaptados dosestudos de fluxo sanguneo, podiam ser utiliza-dos para determinar a quantidade de gua cor-poral em 20 voluntrios, atravs do uso doTrtium. Neste estudo, Hoffer et al. relaciona-ram a gua corporal total com a massa corpo-ral, estatura e combinaes destas relaes,com a estatura/impedncia e estatura2/impedncia e constataram que o coeficiente decorrelao (Rm) variou de 0,83, quando a guafoi correlacionada com a massa corporal, e 0,92quando foi correlacionada com a estatura2/impedncia. Com isso, demonstraram que ovalor da impedncia muito prximo do valorda resistncia e que a relao estatura2/impedncia praticamente igual relao en-tre estatura2/R, que vem a ser o ndice de resis-tncia (IR).

    So numerosas as equaesantropomtrica e de biorresistncia desenvol-vidas para adultos. E para crianas e jovens,

  • Rev

    ista

    Bra

    sile

    ira d

    e C

    inea

    ntro

    pom

    etria

    & D

    esem

    penh

    o H

    uman

    o

    9Desenvolvimento e validao de equaes para estimativa da massa corporal .........

    em menor quantidade, tm sido propostos porpesquisadores de diversos pases, por isso, asdificuldades so enormes para escolher dentreas equaes, aquelas que servem para deter-minada populao. A insistncia da utilizaoindiscriminada de modelos desenvolvidos emoutros pases para uma populao que nemsempre corresponde s caractersticas da po-pulao brasileira, muitas vezes devido a pre-cariedades conceituais de fundamentao dacomposio corporal.

    Em se tratando de composio corpo-ral de crianas e jovens, a complexidade au-menta, inerente aos componentes gua, prote-na, mineral, lipdeo, que se modificam no de-correr de todo o seu desenvolvimento.

    Equaes de regresso para crianase jovens so em nmero consideravelmentemenor, em comparao s equaes para adul-tos. Para citar algumas, foram as desenvolvi-das por Mukherjee e Roche (1984), Lohman(1986), Slaughter et al. (1988), que utilizaram atcnica antropomtrica, e, Segal et al. (1985,1988), Lohman (1992), Lukaski et al. (1986),Lukaski (1987), Lukaski e Bolonchuk (1988),Chumlea et al. (1988), Cordain et al. (1988),Deuremberg et al. (1990), Houtkooper et al.(1989,1992), Kim et al. (1993), Watanabe et al.(1993) e Suprasongsing et al. (1995), que de-senvolveram equaes pela anlise deimpedncia bioeltrica.

    Revisando a literatura, no foi encon-trado qualquer estudo abordando o desenvolvi-mento e validaes de equaes de regressopara crianas e jovens brasileiros utilizando astcnicas da pesagem hidrosttica e da anlisepor impedncia bioeltrica.

    Portanto, o objetivo deste estudo duplo: 1- desenvolver e validar equaes deregresso para estimar a massa corporal ma-gra de meninos de 12 a 14 anos de idade deCampo Grande-MS, e 2- comparar e validarequaes de biorresistncia desenvolvidas pordiferentes pesquisadores de outros pases.

    PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    AmostraA amostra foi composta por 93 me-

    ninos de 12 a 14 anos, sendo 31 de cada idade,para o desenvolvimento das equaes de, re-gresso e de 22 meninos para validao osquais no fizeram parte da amostra do desen-

    volvimento das equaes de regresso. Todosvoluntrios e devidamente autorizados pelospais e pela direo da Escola.

    Variveis Antropomtricas

    Seguiu-se os procedimentos deGordon et al. (1988) para as mensuraes damassa corporal (mc) e da estatura (est). A mas-sa corporal a quantidade de matria de umcorpo, e foi obtida em uma balana da marcaFilizola, com capacidade at 150 kg e resolu-o de 100 g.

    A estatura (est) o comprimento line-ar vertical entre o apoio dos ps e o vrtex (pontomais alto da cabea), expressa em centmetros(cm). Foi obtida com o sujeito descalo, os cal-canhares, os glteos, a cintura escapular e oplano occiptal em contato e de costas para umaparede lisa (sem rodap), onde perpendicular-mente foi fixada uma fita mtrica. Para a deter-minao do ponto de medida, um prisma trian-gular desceu pela parede at encontrar o vrtex,quando no momento de mxima inspirao eolhar dirigido para o horizonte, foi realizada aleitura.

    Para mensuraes das dobrascutneas (DCs), seguiu-se os procedimentosadotados por Harrison et al. (1988), com umadipmetro da marca CESCORF, com resolu-o de 0,1 mm e presso constante em qual-quer abertura de 10 g/cm2, utilizando-se a m-dia aritmtica das trs medidas repetidas apsum ciclo completo. Foram mensuradas as DCs:subescapular (SE) e trceps braquial (TR).

    Foi tambm mensurado o permetroantropomtrico da coxa (Pcx), seguindo-se osprocedimentos de Callaway et al. (1988), utili-zando-se de uma fita metlica da marca TopLong de fabricao chinesa e resoluo de 1mm.

    Pesagem hidrosttica

    A pesagem hidrosttica foi realizada emCampo Grande, na piscina do Parque Aquticoda Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,na regio de profundidade 1,20 m, onde foiadaptada uma prancha de tbuas de madeirade 4,00 m x 1,40 m, posicionada num canto dapiscina para diminuir os movimentos da gua.Uma trave de madeira de 3,00 m de compri-mento e 1,60 m acima do nvel da gua foi colo-

  • 10 Yonamine & Pires-NetoVo

    lum

    e 2

    N

    mer

    o 1

    p.

    07-

    16

    200

    0

    cada, onde, no ponto mdio horizontal ficoususpensa uma balana da marca Filizola comcapacidade 5,0 kg e resoluo de 20,0 g. Parao apoio do avaliando foi construdo um trapziocom tubos de PVC, sustentado por uma cor-rente galvanizada fixada na extremidade inferi-or da balana. A pesagem propriamente ditaocorreu com o avaliando descendo lentamenteat que o corpo estivesse totalmente cobertopela gua, assumindo neste instante a posiogrupada e provocando a mxima exalao dear, e a leitura, quando o ponteiro da balanaficasse com a menor oscilao, tendendo aoequilbrio.

    Volume residual (VR): Devido a impos-sibilidade de mensurao direta, foi utilizada aequao proposta por Goldman e Becklake(1959), para meninos no fumantes, ajustadapara a idade e a estatura, tambm utilizada porpesquisadores como Pollock e Wilmore (1993),Petroski (1995), Going (1996), Rodrigues Aez(1997) e Carvalho (1998).

    VR = 0,017 * Idade (anos) + 0,027 * est (cm) 3,477.

    Clculo da densidade corporal (Dc)Dc =mc = massa corporal na superfciemca = massa corporal na guaDa = densidade da gua ajustada pela temperaturaVR = volume residual0,1 = Volume de ar no trato gastrointestinal

    A gordura relativa referncia (%G), apartir da densidade corporal obtida pela pesa-gem hidrosttica, foi calculada pela equao deLohman (1989):

    De modo que a massa de gordura (mg)seja:

    A massa corporal magra (mcm) refe-rncia foi obtida pela operao aritmtica:mcm = mc mg

    Impedncia bioeltrica

    Para a anlise por impednciabioeltrica foi utilizado o modelo tetrapolar doinstrumento Biodynamics M.310, composto deteclado, visor de cristal lquido, impressora

    termosensvel, dois cabos com pares de placaseletrodos, complementado por um software con-tendo equaes de estimativas (desconhecidasao usurio) que forneceu valores do percentualde gordura, massa de gordura, massa corporalmagra, gua corporal total, percentual de guana massa magra, taxa de metabolismo basal,resistncia eltrica corporal, reatncia eltricacorporal, quociente reatncia/resistncia e ondice de massa corporal.

    Para minimizar eventuais alteraes noestado hdrico, todos os avaliandos foram ori-entados a seguirem as recomendaes conti-das no manual do fabricante:

    1- evitar o consumo de bebidas alco-licas e cafena 24 horas antes do teste;

    2- guardar jejum alimentar no mnimo4 horas antes do teste;

    3- evitar exerccios fsicos intensospelo menos 12 horas antes do teste;

    4- comunicar se estivesse sendo me-dicado com drogas ou remdios base dediurticos (neste caso no foram submetidos aoteste);

    5- submeter-se assepsia (raspagemde plos e lavagem com lcool se necessrio),nos locais de fixao dos eletrodos.

    A mensurao ocorreu com o avalian-do na posio de decbito dorsal em uma mesade madeira (isolante eltrico), trajando apenascalo ou bermuda, desprovido de qualqueradorno bom condutor de eletricidade e distantede qualquer elemento que pudesse provocarfuga de corrente eltrica, de modo a no inter-ferir na medida da tenso eltrica (voltagem) econseqente determinao da resistncia pelaaplicao da 1 Lei de Ohm.

    Os eletrodos foram colocados no dor-so da mo e p direitos, com os terminais ver-melho e preto nas posies proximal e distalrespectivamente, seguindo o manual do fabri-cante.

    Conferido as conexes, o aparelho foiligado e inseridos os dados: sexo (mas.), idade(anos), estatura (cm) e massa corporal (kg).Neste momento uma corrente imperceptvel sensibilidade humana de intensidade 800 mA efreqncia fixa de 50 kHz comeou a fluir e empouco tempo forneceu os resultados da com-posio corporal, de biorresistncia, taxa demetabolismo basal, quociente reatncia/resis-tncia e o ndice de massa corporal.

    %G= 507 -464 Dc

    mg = mc*(%G) 100

  • Rev

    ista

    Bra

    sile

    ira d

    e C

    inea

    ntro

    pom

    etria

    & D

    esem

    penh

    o H

    uman

    o

    11Desenvolvimento e validao de equaes para estimativa da massa corporal .........

    Tratamento Estatstico

    Para encontrar as melhores equaesde regresso para estimativa da massa corpo-ral magra, foi utilizada a tcnica de regressomltipla passo a passo (stepwise), quando asvariveis preditoras foram introduzidas uma auma at que o coeficiente de correlao mlti-pla (Rm) atingisse um valor superior a 0,80. Emseguida acompanhou-se a excluso uma a umadas variveis preditoras que no foram signifi-cativas para o modelo, sem que houvesse di-minuio do Rm. Concomitantemente o EPE foiacompanhado de modo que este fosse inferiora 2,5 kg de massa corporal magra. Conformeconsta em Heyward & Stolarczyk (1996), o EPE estabelecido como sendo excelente para cri-anas, quando inferior a 2,2 kg, e, at 2,5 kgpode-se aceitar, mas com cautela.

    O momento seguinte foi a validaodas equaes desenvolvidas, utilizando-as emuma amostra de validao, constituda de ele-mentos com as mesmas caractersticas daamostra de regresso, mas que no fizeramparte da mesma.

    Para investigar as relaes entre amassa corporal magra estimada peladensimetria, e as estimadas por diferentesprocedimentos, como pela equao de Lohman(1986), corrigida pela idade e equaes de

    biorresistncia de Cordain et al. (1988), Lukaskiet al. (1985, 1986), Chumlea et al. (1988),Houtkooper et al. (1989, 1992), Deuremberg etal. (1990), Lohman (1992), Kim et al. (1993) eSuprasongsing et al. (1995), foram realizadasatravs do teste t dependente em nvel designificncia de 5%. Os dados foram processa-dos utilizando-se o SPSS/PC+.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    So apresentados na Tabela 1, os va-lores mdios e desvio padro (dp) das vari-veis inseridas no desenvolvimento e validaodas equaes para a estimativa da massa cor-poral magra de meninos de 12 a 14 anos deidade, estudantes da rede pblica de CampoGrande-MS.

    TABELA 1 Caractersticas descritivas das amostras de regresso e de validao

    Onde. mc = massa corporal est = estatura mca = peso submersoTR = DC trceps SE = DC subescapular Pcx = permetro da coxaR = resistncia eltrica corporal REAT = reatncia eltrica corporal

    A Tabela 2 mostra os indicadores dacomposio corporal no modelo de dois com-ponentes nas amostras de regresso e valida-o, que serviram de referncia, calculadas apartir da densidade corporal obtida pela pesa-gem hidrosttica. Os valores da massa corpo-ral magra em relao massa corporal total,sinalizam que o ndice de massa corporal (IMC) indicador mais provvel de massa magra doque de massa de gordura, ou seja o IMC, bas-tante utilizado para inferir o estado de obesida-de, merece estudos mais aprofundados.

    Variveis Mdia Dp Mdia Dp

    Idade (anos) 13,00 0,85 12,50 1,06

    mc (kg) 41,85 7,88 37,26 10,57

    est (cm) 152,50 9,43 144,91 22,16

    mca (kg) 1,560 0,390 1,650 0,480

    TR (mm) 9,12 3,95 8,27 3,01

    SE (mm) 6,73 3,71 5,36 1,66

    Pcx (cm) 46,16 4,52 42,13 9,15

    R () 636,97 80,61 651,18 76,69

    REAT () 66,28 9,74 68,23 8,59

    Regresso (n = 93) Validao (n = 22)

  • 12 Yonamine & Pires-NetoVo

    lum

    e 2

    N

    mer

    o 1

    p.

    07-

    16

    200

    0

    TABELA 2 Caractersticas da composio corporal obtidas pela pesagem hidrosttica.

    Variveis Mdia Dp mdia Dp

    % mcm 87,42 5,30 88,02 6,30

    % G 13,07 5,55 11,24 5,65

    mg (kg) 5,58 2,96 4,22 2,07

    mcm (kg) 36,28 6,56 33,12 10,57

    Regresso (n = 93) Validao (n = 22)

    Desenvolvimento das equaes

    Para o desenvolvimento das equaesde regresso, tomou-se como base a 2 Lei deOhm, tambm conhecida como Lei daresistividade.

    sendo L o comprimento do condutor,que nos estudos de bioimpedncia represen-tado pela estatura, e A , rea da seo trans-versa do condutor.

    Mas, pela anlise dimensional, A = L2 ,e por uma propriedade da matemtica, multipli-cando-se o numerador e o denominador de umafrao por um mesmo nnero, o resultado nose altera, ento:

    , que tambm pode assim

    ser expresso

    E, por arranjo matemtico,

    RL2

    A expresso denominada ndicede resistncia (IR), que sozinho ou compondo

    com mc, est, R, Pcx, e IMC, foram utilizadospara desenvolver as equaes.

    As variveis permetro do quadril ereatncia foram estatisticamente significativaspara compor uma equao, no apresentandodiferenas estatisticamente significativas com amassa magra determinada pela pesagemhidrosttica, mas quando da validao comamostra independente, apresentou EPE acimade 2,5 kg, valor superior ao corte estabelecidopara este estudo.

    Uma outra equao foi desenvolvidacom o conjunto de variveis IR, IMC e R, masapresentou EPE elevado.

    As variveis independentes, espessu-ra de dobras cutneas do trceps braquial esubescapular tambm foram testadas, mas es-tatisticamente no foram significativas para com-por uma equao, apresentando inclusive EPEacima de 2,5 kg.

    Ento as equaes que obedeceramaos critrios estatsticos de Rm superior a 0,80e EPE inferior a 2,5 kg, so apresentadas naTabela 3.

    TABELA 3 Equaes para estimar a massa corporal magra, especfica para meninos de 12 a 14 anos de idade.

    A = equao antropomtrica B1-4 = equaes de biorresistncia IR = ndice de resistncia (est2/R) IMC = ndice demassa corporal (kg/m2) est = estatura (cm) mc = massa corporal (kg) R = resistncia eltrica corporal (W) Pcx =permetro da coxa (cm)

  • Rev

    ista

    Bra

    sile

    ira d

    e C

    inea

    ntro

    pom

    etria

    & D

    esem

    penh

    o H

    uman

    o

    13Desenvolvimento e validao de equaes para estimativa da massa corporal .........

    Das equaes de biorresistncia, comose constatou na literatura (Lukaski et al., 1985e Segal et al., 1985), a B1, em que o IR partici-pa isoladamente, a que apresenta maior EPE,de modo que medida que foram inseridasduas outras variveis, o erro padro diminuiu.Tentou-se incluir uma terceira, quarta e quintavarivel, mas tornou-se invivel, devido ao EPEsuperar o valor 2,5 kg. Ento para este estudo,o melhor comportamento foi a composio doIR com massa corporal e estatura (B2) e tam-bm com massa corporal e IMC (B4).

    As equaes B2 e B4 foram as queapresentaram os mais elevados coeficientes decorrelao (0,965 e 0,964) e os menores EPE(1,847 e 1,889), que podem ser explicadas pelapresena da mc e IMC. A massa corporal con-tm mais massa magra do que massa de gor-dura (Tabela 2) e o IMC est diretamente rela-cionado com o coeficiente de resistividade (r),conforme demonstrado a seguir:

    A partir do arranjo matemtico da 2Lei de Ohm, assim expresso:

    DcIMCR *p = , mostrando que IMC guar-

    da relao direta com r, e como este est dire-tamente relacionado massa magra, IMC tam-bm o est.

    Uma outra equao desenvolvida (B3),desta vez com mc e R, tambm pode ser consi-derada como tima, apresentando Rm elevado(0,944) e EPE (2,346 kg) estando no padroaceitvel, de at 2,5 kg.

    Validao das equaes desenvolvidas

    Outro objetivo deste estudo foi a vali-dao das equaes desenvolvidas, quandoaplicadas em uma amostra independente, emque os componentes no fizeram parte daamostra de regresso. Para este procedimen-to, a massa corporal magra da amostra de vali-dao obtida pela densimetria (mcmD), foi tes-tada com cada equao de regresso desen-volvida, atravs do teste t pareado, conforme mostrado na Tabela 4.

    2LmcComo representa o ndice de mas-

    sa corporal (IMC), ento a nova expresso ficaassim:

    TABELA 4 Validao de equaes para estimar a massa corporal magra de meninos de 12 a 14 anos de idade.

    EQ mcmD Mcm Rm R2 t p EC EPE

    A 32,555 33,364 0,968 0,937 -1,06 0,303 -0,808 1,779

    B1 33,118 34,074 0,968 0,937 -1,24 0,227 -0,956 1,780

    B2 33,118 32,437 0,978 0,956 1,53 0,141 0,681 2,070

    B3 33,118 33,119 0,978 0,956 0 0,998 0,001 1,667

    B4 33,118 32,894 0,984 0,968 0,45 0,658 0,224 1,492

    Dos cinco modelos desenvolvidos, asequaes B1 e A, com idnticos Rm e EPE, fo-ram as que superestimaram a massa magra(0,956 kg em B1 e 0,808 kg em A), mesmo as-sim, dentro dos limites de corte estabelecidospara este estudo.

    Em relao ao erro constante (EC), in-teressante observar que na B3, com as vari-veis mc e R, o EC foi praticamente nulo, man-tendo elevado o Rm e reduzido EPE.

    Quanto ao EPE, todos so considera-dos excelentes, mas chama ateno o valor en-

    contrado para a B4, de 1,492 kg, que explica-do pela relao direta da massa corporal e ondice de massa corporal com a massa corpo-ral magra, bem como a relao direta do IMCcom o coeficiente de resistividade (r), a partirda 2 Lei de Ohm.

    Validao cruzada

    Em virtude da inexistncia de equa-es especficas, desenvolvidas para crianasbrasileiras, e tambm pelo uso generalizado, por

    , e que pode tambm assim ser escrito

    Mas, , ento,

  • 14 Yonamine & Pires-NetoVo

    lum

    e 2

    N

    mer

    o 1

    p.

    07-

    16

    200

    0

    avaliadores de academias, clubes, clnicas eescolas, de equaes encontradas em livros ouperidicos cientficos e tambm em publicaesvulgares, sem passar pelo processo de valida-o para populaes especficas, da mais altaimportncia proceder a verificao e validaode equaes desenvolvidas por outros investi-gadores.

    A verificao e validao, constou daescolha de equaes especficas para meninosda mesma faixa etria, desenvolvidas por

    Lohman (1986), Houtkooper et al. (1989, 1992),Deuremberg et al. (1990), Chumlea et al. (1988),Cordain et al. (1988), Lukaski (1985), Lukaskiet al. (1986, 1987), Segal et al. (1985, 1988),Kim et al. (1993) e Suprasongsing et al. (1995).Em seguida, realizou-se o teste t pareado, veri-ficando a acuracidade atravs do Rm,significncia estatstica da diferena, a diferen-a entre as mdias mensuradas peladensimetria (mcmm) e as estimadas (mcme) pe-las equaes em teste, mostrados na Tabela 5.

    TABELA 5 Validao cruzada de equaes de estimativa da massa corporal magra.

    EQ Autores N mcmm dp mcm e dp R2 t EC EPE

    1 Lohman (1986) 72 36,849 6,887 37,151 6,651 0,899 -1,07 -0,302 2,113

    2 Houtkooper (1989) 93 36,275 6,555 35,611 7,039 0,773 1,90 0,664 3,354

    3 Houtkooper (1992) 72 36,849 6,887 35,188 7,316 0,880 5,56* 1,660 2,534

    4 Deuremberg (1990) 93 36,275 6,555 31,805 6,955 0,773 12,91* 4,470 3,314

    5 Deuremberg (1991) 72 36,849 6,887 32,201 7,412 0,803 11,97* 4,648 3,289

    6 Kim (1993) 72 36,849 6,887 31,515 6,497 0,874 18,53* 5,334 2,306

    7 Chumlea (1988) 93 36,275 6,555 35,792 7,803 0,773 1,25 0,483 3,717

    8 Cordain (1988) 93 36,275 6,555 37,289 6,870 0,773 -2,95* -1,014 3,273

    9 Lukaski (1985) 72 36,849 6,887 35,528 7,683 0,803 3,29* 1,321 3,410

    10 Lukaski (1986) 72 36,849 6,887 36,823 7,476 0,803 0,07 0,026 3,318

    11 Lukaski (1987) 72 36,849 6,887 35,640 6,394 0,833 2,27* 0,635 2,613

    12 Segal (1985) 72 36,849 6,887 55,684 6,225 0,874 -65,19* -18,83 2,209

    13 Segal (1988) 72 36,849 6,887 20,366 6,538 0,884 59,47* 16,482 2,226

    14 Suprasongsing (1995) 72 36,849 6,887 37,243 7,808 0,906 -1,37 -0,394 2,394

    * mdias com diferenas estatsticamente significativas ao nvel de p< 0,05

    As equaes de nmero 1, 2, 7, 10,14, no apresentaram diferenas estatistica-mente significativas (p< 0,05), mas somente aEQ 1[equao de Lohman (1986), %G = 1,35(TR +SE) 0,012 (TR +SE)2 5,4] e a EQ 14[equao de biorresistncia de Suprasongsinget al. (1995), mcm = 0,524 IR + 0,415 mc 0,35],foram validadas para serem aplicadas nas cri-anas deste estudo. Nas demais equaes, oEPE foi superior ao limite de corte estabelecidopara este estudo.

    Chama ateno a EQ 10 (mcm = 5,214+ 0,827 IR), com R2 = 0,908 e EPE = 1,99 kg,do modelo desenvolvido por Lukaski et al.(1986). Nesta verificao, foi a que apresentouo menor EC (0,026 kg), mas o EPE (3,318) bastante elevado.

    CONCLUSES

    Dentro das limitaes inerentes a esteestudo, pode-se concluir que:

    1- foi possvel desenvolver e validar 5(cinco) equaes para estimar a massa corpo-ral magra de meninos brasileiros com idade de12 a 14 anos;

    2- na validao cruzada, somente aequao antropomtrica de Lohman (1986) e aequao de biorresistncia de Suprasongsinget al. (1995) foram validadas paraz serem apli-cadas nas crianas deste estudo;

    3 - e, finalizando, no caso de se esco-lher as melhores equaes, indica-se a EQ A,com mc e Pcx, baixo EPE e pela facilidadeoperacional; e a EQ B4 com IR, IMC, e mc, queapresentou o menor EPE e, finalmente a EQB3, com mc, IR, baixo EPE e menor EC.

  • Rev

    ista

    Bra

    sile

    ira d

    e C

    inea

    ntro

    pom

    etria

    & D

    esem

    penh

    o H

    uman

    o

    15Desenvolvimento e validao de equaes para estimativa da massa corporal .........

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    Bjorntorp, P. (1990). Portal adipose tissue as agenerator of risk factors for cardiovasculardisease and diabetes. Atherosclerosis, 10,493-496.

    Callaway, C. W., Chumlea, W. C., Bouchard, C. etal. (1988). Circunference. In: T.G. Lohman, A. F.Roche & L. R. Martorell (Eds.). AnthropometricStandardizations Reference Manual.Champaign, Ilinois: Human Kinetics Books.

    Carvalho, A. R. B. (1998). Composio corporalatravs dos mtodos da pesagemhidrosttica e impedncia bioeltrica em uni-versitrios. Dissertao de Mestrado, UFSM,Santa Maria-RS.

    Carvalho, A, B. R. & Pires Neto, C.S.(1998a) De-senvolvimento e validao de equaes para aestimativa da massa corporal magra atravs daimpedncia bioeltrica em mulheres. RevistaBrasileira de Atividade Fsica e Sade, 3(1),14-21.

    Carvalho, A. B.R. & Pires Neto, C.S. (1998b). De-senvolvimento e validao de equaes para aestimativa da massa corporal magra atravs daimpedncia bioeltrica. Revista Brasileira deAtividade Fsica e Sade, 3 (1), 5-12.

    Chumlea, W. C., Baumgartner, R. N. & Roche, A F.(1988). Specific resistivity used to estimate fat-free mass from segmental body measures ofbioelectrical impedance. American Journal ofClinical Nutrition, 48, 7-15.

    Cordain, L., Whicker, R. C. & Johnsson, J. E. (1988).Body composition determination in childrenusing bioelectrical impedance. Growth,Development & Aging, 52, 37-40.

    Deprs, J. P., Prudhomme, D., Pouliot, M.C et al.(1988) Relationships between body fatnessadipose tissue distribuition and blood pressurein man and woman. Jounal of ClinicalEndocrinology and Metabolism, 14, 889-897.

    Deuremberg, P., Kuster, C. S. L. & Smit, H. E. (1990).Assessment of body composition of bioelectricalimpedance in children and young adults isstrongly age-dependent. European Journal ofClinical Nutrition, 44, 261-268.

    Going, S. B. (1996). Densitometry. In: Roche, A F.,Heymsfield, S. B. & Lohman, T. G. (edt) HumanBody Composition. Champaign, Ilinois: HumanKinetics Books.

    Goldman, H. I. & Becklake, M. R. (1959). Respiratoryfuntion tests: normal values of medium altitudesand the prediction of normal results. AmericanReview Respiratory Disease, 79, 457-467.

    Gordon, C. C., Chumlea, W. C. & Roche, A. F. (1988).Stature, recubent length and weigh. In: T.G.Lohman, A. F. Roche & R. Martorell (Eds.).Anthropometric Standardizations Reference

    Manual. (pp. 3-8). Champaign, Ilinois: HumanKinetics Books.

    Guedes, D. P. (1985). Estudo da gordura corporalatravs da mensurao dos valores de den-sidade corporal e da espessura de dobrascutneas em universitrios. Dissertao deMestrado, UFSM, Santa Maria-RS.

    Harrison, G. G., Buskirk, E. R., Carter, J. E. L. et al.(1988). Skinfold Thickness and measurementtechnique. In: T.G. Lohman, A. F. Roche & L. R.Martorell (Eds.). AnthropometricStandardizations Reference Manual.Champaign, Ilinois: Human Kinetics Books.

    Heyward, V. H. & Stolarczyk, L. M. (1996). AppliedBody Composition Assessment. Champaing,Ilinois: Human Kinetics Books.

    Hoffer, E.C., Meador, C. & Simpson, D.C. (1969).Correlation of whole body impedance with bodywater volume. Journal of pplied Physiology,27, 531-534.

    Houtkooper, L.B, Going, S.B, Lohman, T.G., et al.(1992). Bioelectrical impedance estimation offat-free mass in children and youth: A cross-validation study. Journal of Applied Physiology,72, 366-373.

    Houtkooper, L.B., Lohman, T.G, Going, S.B., & Hall,M.C. (1989). Validity of bioelectrical impedancefor body composition assessment in children.Journal of Applied Physiology, 66, 814-821.

    Kim, H.K., Tanaka, K., Nakadomo, F., et al. (1993).Fat-free mass in japanese boys predicted frombioeletrical inpedance and anthropometricvariables. Medicine and Sciences in Sport andExercise, 25, p. S59 (abstract).

    Lohman, T. G. (1986). Applicability of bodycomposition techniques and constants forchildren and youth. Exercise and SportSciences Review, 14, 325-357.

    Lohman, T.G. (1989). Assessment of bodycomposition in children. Pediatric ExerciseScience, 1, 19-30.

    Lohman, T. G. (1992). Advances in bodycomposition assesment. Champaign, Ilinois:Human Kinetics Books.

    Lukaski, H. C., Johnson, P., Bolonchuk, W. & Lykken,G. (1985). Assessment of fat free mass usingbioeletrical impedance measurements of thehuman body. The American Journal of ClinicalNutrition, 41, 810-817.

    Lukaski, H., C., Bolonchuk, W. W., Hall, C. B et al.(1986). Validation of tetrapolar bioelectricalimpedance method to assess human bodycomposition. Journal of Applied Physiology,60, 1327-1332.

    Lukaski, H. C. (1987). Methodos for the assessmentof human body composition: traditional and new.American Journal of Clinical Ntrition, 46, 537-556.

  • 16 Yonamine & Pires-NetoVo

    lum

    e 2

    N

    mer

    o 1

    p.

    07-

    16

    200

    0

    Lukaski, H. C. & Bolonchuk, W. W. (1988). Estimationof body fluid volumes using tetrapolarbioelectrical impedance measurements.Aviation, Space and Eviromental Medicine,v59, 1163-1169.

    Lukaski, H. C. (1996). Biological indexes consideredin the derivation of the bioelectrical impedanceanalysis. The American Journal of ClinicalNutrition (supplement), 64(3S), 397S-404S.

    Malina, R. M. & Bouchard, C. (1991). Gowth,maturation and physical activity. Champaign,Ilinois: Human Kinetics Books.

    Malina, R. M. (1969). Quantification of fat, muscleand bone in man. Clinical Orthopaedics, 65,9-38.

    McArdle, D. L., Kacth, F. I. & Kacth, V. L. (1992).Fisiologia do Exerccio, Energia, Nutrio eDesempenho Humano, (3 ed.), Rio de Janei-ro: Ed. Guanabara Koogan S. A

    Mukherjee, D. & Roche, A.F. (1984) The estimationof percent body fat, body density and total fat bymaximum R2 regression equations. HumanBiology, 56, 79-109.

    Petroski, E. L. (1995). Desenvolvimento e valida-o de equaes generalizadas para a esti-mativa da densidade corporal em adultos.Tese de Doutorado, UFSM, Santa Maria-RS.

    Petroski, E.L. & Pires Neto, C.S. (1995). Validaode equaes antropomtricas para a estimativada densidade corporal em mulheres. RevistaBrasileira de Atividade Fsica e Sade, 2,(1),65-73.

    Petroski, E. L. & Pires Neto, C.S. (1996). Valida-o de equaes antropomtricas para a esti-mativa da densidade corporal em homens. Re-vista Brasileira de Atividade Fsica e Sade,1,(3),.65-73.

    Pollock, M. & Wilmore, J. (1993). Exerccios nasade e na doena: avaliao e prescriopara preveno e reabilitao. (2 ed.), Rio deJaneiro: Editora Medsi.

    Rodrigues Aez, C. R. (1997). Desenvolvimentode equaes para a estimativa da densidadecorporal de Soldados e Cabos do ExrcitoBrasileiro. Dissertao de Mestrado, UFSM,Santa Maria-RS.

    Segal, K. R., Gutin, B., Presta, E. et al. (1985).Estimation of human body composition byelectrical impedance methods: a comparativestudy. Journal of Applied Physiology, 58,1565-1571.

    Segal, K.R., Van Loan, M., Fitzgerald, P.I., Hodgdon,J.A & Van Italie, T.B. (1988). Lean body massestimation by bioelectrical impedance analisys:A four site cross validation study. AmericanJournal of Clinical Nutrition, 47, 7-14.

    Slaughter. M.H., Lohman, T.G., Boileau, R., et al.(1988). Skinfold equations for estimation of bodyfatness in children and youth. Human Biology,60, 709-723.

    Suprasongsing, S., Kalhan, S. & Arslanian, S. (1995).Determination of body composition in childrenand adolescent: Validation of bioelectricalimpedance with isotope diluition technique.Journal of Pediatric Endocrinology &Metabolism, 8, 103-109.

    Watanabe, K., Nakadomo, F., Tanaka. K., Kim, K., &Maeda, K (1993). Estimation of fat-free massfrom bioelectrical impedance and anthropometricvariable in japanese girls. Medicine andSciences in Sport and Exercise, 25, S163(abstract).

    Endereo dos Autores

    Renato Shoei YonamineRua Jos Oliva, 69679010-110 Campo [email protected], ou [email protected]

  • Rev

    ista

    Bra

    sile

    ira d

    e C

    inea

    ntro

    pom

    etria

    & D

    esem

    penh

    o H

    uman

    o

    17Estudo das caractersticas antropomtricas de escolares de 7 a 17 anos......

    Artigo original

    Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano ISSN 1415-8426

    ESTUDO DAS CARACTERSTICAS ANTROPOMTRICAS DEESCOLARES DE 7 A 17 ANOS - UMA ABORDAGEM LONGITUDINALMISTA E TRANSVERSAL.

    STUDY ANTHROPOMETRIC CHARACTERISTICS OF STUDENTS 7 AND 17 AGE AMIXED LONGITUDINAL AND CROSS-SECTION WAY

    Ana Cristina de Arajo WaltrickMaria de Ftima da Silva Duarte

    RESUMO

    O objetivo do presente estudo foi de analisar de forma longitudinal mista e transversal as carac-tersticas antropomtricas (massa corporal, estatura, dobras cutneas e percentual de gordura) de 1172escolares do Colgio de Aplicao da Universidade Federal de Santa Catarina (CA/UFSC) segundo ognero, de 7 a 17 anos. No estudo longitudinal misto foram analisados 161 meninos e 137 meninas.Foram usados o tratamento estatstico bsico incluindo a anlise de varincia (ANOVA) one way e osprocedimentos de Scheff, com nvel de significncia de p < 0,05 e o teste t de Student. No EstudoTransversal o nmero de escolares avaliados foi de 450 meninos e 424 meninas. Os dados foram anali-sados pela estatstica bsica e construdas tabelas percentlicas. Atravs da anlise dos resultados pode-se concluir que a massa corporal e a estatura dos escolares aumentaram de acordo com a idade nos doisgneros e que a partir dos 13 anos os meninos apresentaram valores superiores em relao s meninas.Em todas as idades houve pelo menos um caso de obesidade. Quando comparado o estudo Transversalcom o da Organizao Mundial da Sade e do Instituto Nacional de Alimentao e Nutrio, pode-severificar que os escolares do CA/UFSC apresentaram valores significantes superiores em todas as ida-des e variveis.

    Palavras- chave: Caractersticas Antropomtricas, crescimento e estudantes

    ABSTRACT

    The purpose of the present study was to analyze, in a mixed longitudinal and cross-sectionapproach, the anthropometric characteristics (body weight, body height, skinfold and body % fat) of 1172students of Colgio de Aplicao, of the Universidade Federal de Santa Catarina (CA/UFSC). Such analysiswas according to gender, and age (from 7 to 17 years old). The students were studied into two groups ofanalysis. In group I (Mixed Longitudinal Study) were analyzed 298 students, 161 males and 137 females.For this group the statistict had taken the statistic basic treatment including the (ANOVA) one way and theScheff, test were applied with the statistical level set at p < 0.05 and the Student t test. In group II wereanalyzed 874 students, 450 males and 424 females. Data were analyzed by the basic statistic and it wasbuilt percentile tables (95, 75, 50, 25, and 5) for the variables under examination. Through the resultsanalysis it could be observed that the body weight and body height had increased according to their agefor both genders and also that from the age of 1 and older the male group had presented superior valuescompared to the female one. In every age there was at least one case of obesity. When comparing thecross-sectional study to those of World Health Organization and National Institute of Nutrition and Feeding,it can be verified that the students of CA/UFSC had presented significant values in every age and variables.

    Key words: anthropometric characteristics, growth and students

    Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina Colgio de Aplicao Doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina - Centro de Desportos e Ncleo de Pesquisa em Atividade Fsica e Sade Vo

    lum

    e 2

    N

    mer

    o 1

    p.

    17-

    30

    200

    0

  • 18 Waltrick & DuarteVo

    lum

    e 2

    N

    mer

    o 1

    p.

    17-

    30

    200

    0

    INTRODUO

    Os termos crescimento e desenvolvi-mento tm sido usados vrias vezes erronea-mente como sinnimos. Crescimento, segundoGuiselini (1985), o aumento na estrutura docorpo, tendo em vista a multiplicao e aumen-to do tamanho das clulas. Desenvolvimento o aumento da capacidade funcional do indiv-duo.

    Em termos antropomtricos, o cresci-mento consiste no aumento e nas modificaesdos componentes corporais, tanto longitudinaiscomo transversais. As circunferncias e aquantificao adiposa so utilizadas para veri-ficao da estrutura muscular e da gordura sub-cutnea. Todos esses meios de avaliaoantropomtrica servem para determinar o cres-cimento humano.

    Este crescimento acontece desde aconcepo at a idade adulta; ou, como citaSilva (1989), at a morte, sendo bem definidopor etapas. Primeiro ocorre o crescimento intra-uterino, que vai da concepo ao nascimento,essa fase caracterizada como de grande in-tensidade. Depois o da primeira infncia, quecomea aps o nascimento se prolongando atmais ou menos os dois anos de idade, se com-parado ao crescimento da primeira fase, eleacontece mais lento. A fase intermediria quese denomina como segunda infncia (5 aos 7anos), uma fase de equilbrio e crescimento,pois a massa corporal se mantm praticamenteestvel enquanto que a estatura aumenta deforma moderada. A fase de crescimento maisacelerada aps o primeiro ano de vida se d nafase da adolescncia, perodo em que as modi-ficaes em diversos setores do organismo ede transformaes psicolgicas e sociais sode suma importncia para a formao do ho-mem adulto. No incio desta fase o crescimentose acelera at atingir um ponto mximo em tor-no dos 12 / 13 anos para as meninas e dos 15anos para os meninos. Depois a velocidade docrescimento declina rapidamente at os vinteanos. Por fim vem a ltima fase, que se esten-de de forma quase que imperceptvel at a morte(Hegg e Luongo, 1976; Marcondes, 1989).

    A avaliao do crescimento na fase daadolescncia importantssima, pois nessafase que ocorre o segundo estiro do cresci-mento. Os estudos realizados (Beunen et al.,1992; Anjos e Boileau, 1988; Duarte, 1993;

    Hauspie et al, 1993; Bogin et al., 1992 e Waltrick1996) nesta fase tm mostrado que o aumentoda estatura acelerado e ocorre em um pero-do em que as modificaes psicolgicas tam-bm acontecem. Os nicos estudos realizadosem crianas brasileiras sobre o estiro de cres-cimento em estatura so os de Duarte (1993) eWaltrick (1996). Determinar o momento exatodo estiro da puberdade uma tarefa muitodifcil, pois para isto se necessita de estudoslongitudinais, com coleta de dados em interva-los pequenos, geralmente de 3 em 3 meses).

    Atualmente no se admite uma boaassistncia criana sem o controle do seucrescimento. A comparao da massa corpo-ral, estatura e quantidade de gordura corporalcom curvas de crescimento so fundamentaispara avaliao do crescimento humano(Waltrick, 1996).

    A utilizao dessas curvas comoparmetros de avaliao muito difundida pelospesquisadores e profissionais que trabalham comcrianas. O ideal seria que essas curvas fossemconstrudas a partir de uma populao que ti-vesse as melhores oportunidades de atingir to-das as possibilidades de crescimento, o que ocaso dos pases desenvolvidos ou de grupospopulacionais de nveis scioeconmicos eleva-dos de pases em desenvolvimento (INAN, 1990).Curvas de referncia nacionais so em nmerosinsuficientes, sendo a do INAN uma das poucasa serem consideradas.

    A Organizao Mundial de Sade(OMS) recomenda os dados do National CenterFor Health Statistics (NCHS) dos Estados Uni-dos da Amrica (USA), vlidos para todos ospases, como curva de referncia (NCHS, 1978).As curvas do NCHS so relativas massa cor-poral e estatura de zero a 36 meses e de 2 a 18anos, separadas por gnero. O estudo de Mar-ques et alii (1982) com crianas da cidade deSanto Andr e da Grande So Paulo, em 1982,quando comparado com os dados do NCHS,mostrou que os valores eram bastante simila-res para todas as idades e ambos os gneros.O Ministrio da Sade tambm vem adotandoas curvas do NCHS como referncia para apopulao brasileira (INAN, 1990)

    O Brasil apresenta um territrio imen-so e com grandes diferenas scioeconmicas,resultando numa diversidade muito grande decaractersticas populacionais. Essas diferenas

  • Rev

    ista

    Bra

    sile

    ira d

    e C

    inea

    ntro

    pom

    etria

    & D

    esem

    penh

    o H

    uman

    o

    19Estudo das caractersticas antropomtricas de escolares de 7 a 17 anos......

    populacionais interferem no crescimento huma-no, pois, como sabemos, a localizao geogr-fica tem sua influncia, bem como o nvelscioeconmico. Guedes (1994b), Nahas et al.(1992), Waltrick (1988), Silva (1989), Bianchetti(1995) expressam a necessidade de realizarestudos longitudinais de crescimento com po-pulaes e localizaes geogrficas especficas.

    Sendo definida como a a tcnica paraexpressar quantitativamente a forma do corpo(Tanner, 1986), a antropometria a atividadeou prtica cientfica relativa observao,quantificao e anlise do crescimento somticohumano, sendo um dos fundamentos para umaconstruo da normatividade, seja clnica, ouepidemiolgica, pois se constitui em um dosinstrumentos utilizados na construo de refe-rncia, necessrios normatizao das prti-cas de sade, coletivas e/ou individuais.

    Como apontada por Tanner (1981) aantropometria nasceu no da medicina ou dacincia, mas das artes, impregnada pelo espri-to Pitagoreano. Estudava-se a figura humanadando mais nfase s propores que s medi-das em si. O inventor do termo antropometriafoi o mdico alemo, Johann SigismundElsholtz. Parece ter sido o primeiro mdico apreocupar-se com a medida do corpo humano.Sua tese de graduao era intituladaAntropometria, na sua primeira edio emPdua em 1654.

    As novidades que transformaram a pr-tica antropomtrica provieram do campo prti-co. A medida da estatura dos recrutas desdeos meados do sculo XVIII persistiu de formatecnologicamente inalterada. No plano damensurao, chamativo o fato de que aantropometria, ao menos as medidas de esta-tura, rapidamente chegou a uma certa maturi-dade tcnica. As tcnicas de mensurao, emespecial a massa corporal e a estatura esta-vam razoavelmente padronizadas desde o re-crutamento militar do sculo XVIII e as formasde medir mantinham-se inalteradas (Cameron,1984).

    Por volta de 1723 apareceu o livro deAntropometria escrito por Johann GeorgBergmller, onde foi publicado especificamen-te o crescimento de crianas, com proporesdo nascimento maturidade. Infelizmente eleno define uma curva muito normal do cresci-mento da estatura, mas representa uma veloci-

    dade de crescimento constante, sem fazer qual-quer meno ao rpido crescimento na adoles-cncia. Ele considera que aos 21 anos de ida-de o sexo feminino atinge a mxima altura eproporo, e o sexo masculino aos 24 anos(Tanner, 1981).

    A antropometria teve seu incio nosmeados do sculo XVIII, participando de vri-as reas do conhecimento cientfico onde aquantificao da forma do corpo humano co-mea a ser relevante. Os primeiros registrossobre o crescimento estatural foram coletadoscom o recrutamento militar. Organizaes mili-tares registravam a estatura como parte do exa-me fsico. Seu objetivo era procurar homens al-tos, tidos como preferenciais. A antropometriaserviu como instrumento de saber desta popu-lao especial, seja como participativa do pro-cesso de identificao individual, seja como ins-trumento de avaliao da fora de combate norecrutamento da tropa.

    Dentro da Educao Fsica aantropometria muito utilizada como um com-ponente de avaliao dos indivduos. Muitosforam e so os trabalhos cientficos desenvolvi-dos sobre antropometria no mundo. Esse avan-o tecnolgico dos tempos modernos tem con-tribudo para a melhoria dos critrios de avalia-o e a descoberta a cada dia de novas tcni-cas . O uso dos dados antropomtricos temcontribudo em muito para que se avalie comoest o crescimento e desenvolvimento huma-no, podendo assim detectar possveis anorma-lidades ou enfermidades (Frana Junior, 1993).

    A antropometria utiliza-se de inmerasvariveis para avaliao do corpo humano. Asmais comuns so: massa corporal, estatura to-tal, estatura segmentada, circunferncias, per-metros, dimetros e espessuras. As variveisda massa corporal e estatura esto presentesem 99,9% das pesquisas sobre antropometria,no s na Educao Fsica como na Ergonomiae em outras reas da sade (Pereira et al.,1993a; Pereira et al, 1993b).

    MATERIAL E MTODO

    Este estudo caracterizou-se como umapesquisa descritiva, comparativa, realizada de for-ma longitudinal mista e transversal, com escolaresde 7 a 17 anos do Colgio de Aplicao da Univer-sidade Federal de Santa Catarina (CA/UFSC).

  • 20 Waltrick & DuarteVo

    lum

    e 2

    N

    mer

    o 1

    p.

    17-

    30

    200

    0

    Os escolares selecionados no GRUPOI - ESTUDO LONGITUDINAL MISTO, foram re-tirados do Banco de Dados do CA/UFSC, sen-do que todas as medidas foram realizadas noprimeiro semestre de cada ano por no mnimo4 anos consecutivos. No total foram 298 anali-sados neste estudo, sendo 161 meninos e 137meninas. No ESTUDO TRANSVERSAL, foram936 escolares matriculados em 1995, destes,apenas 875 foram avaliados, sendo 450 meni-nos e 424 meninas.

    Nos Estudos Longitudinal Misto eTransversal foram objeto de estudos as seguin-tes caractersticas antropomtricas: Massa Cor-poral (kg), Estatura (cm), Dobras Cutneas doTrceps (mm), Subescapular (mm), Suprailaca(mm), Abdominal (mm) e Percentual de Gordu-ra (%). Alm dessas variveis utilizou-se as decontrole como Idade e Gnero.

    Todos os dados foram coletados de1989 a 1995 pelos professores de EducaoFsica do quadro permanente do CA/UFSC,seguindo a padronizao descrita por Frana eVvolo (1984). Apenas a coleta das dobrascutneas de 1989 a 1995 foi realizada por doisnicos professores, que utilizaram um compas-so de dobras cutneas de marca LANGE, compreciso de 0,05 mm. O local de coleta dos da-dos antropomtricos foi o laboratrio de Educa-o Fsica da Coordenadoria de Educao F-sica e Desportos do referido colgio, supervisi-onado pelo coordenador em exerccio. No hou-ve controle da maturao sexual.

    O percentual de gordura (% gordura)foi determinado atravs da frmula desenvolvi-da por Boileau et al. (1985), e definiram-se comovalores normais o percentual de 10% a 20%para os meninos e de 15% a 25% para as me-ninas (Lohman, 1987).

    2D = Soma dos valores das dobras cutneas do trceps + subescapular.

    Para Lohman, o percentual de gordu-ra considerado alto para os meninos quandovaria de 25 a 31%, e acima de 31% muito alto;j para as meninas os valores so de 30 a 35%,e acima de 35%.

    Atendendo os objetivos propostos peloestudo, os dados coletados foram tratados es-tatisticamente no Grupo I pelo pacotecomputadorizado Statistical Analysis System -Verso 3.0 (SAS, 1990), pela anlise devarincia (ANOVA) one way e pelos procedimen-tos de Scheff com nvel de significncia de p