2 - sistema familiar 1

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Licenciatura em Serviço Social Intervenção Social na Infância, Adolescência e Velhice Ano letivo 2012/2013

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SISTEMA FAMILIAR

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  • Licenciatura em Servio Social Interveno Social na Infncia, Adolescncia e Velhice Ano letivo 2012/2013

  • A teoria geral dos sistemas foi desenvolvida

    por Von Bertalanffy (a partir da dcada de

    40, sc. XX) como a teoria geral da

    organizao das partes em todos. Define o

    sistema como um complexo de elementos

    interativos; um todo organizado, formado

    por elementos interdependentes.

  • Von Bertalanffy, distinguiu os sistemas

    abertos dos fechados:

    Fechados: aqueles em que no h interao

    com o ambiente circundante e com os

    sistemas que o compem;

    Abertos: aqueles que interagem com outros

    sistemas e so permeveis a diversas

    influncias externas.

  • As famlias (e outros grupos sociais) so

    sistemas com propriedades que so mais do

    que a soma das propriedades das partes;

    O funcionamento desses sistemas regulado

    por regras gerais (exteriores a si), mas tem

    capacidade de adaptar essas regras e de

    criar regras prprias;

  • Cada sistema tem uma fronteira, cujas

    propriedades (mais ou menos permeveis, mais

    ou menos ntidas) so importantes para a

    compreenso da sua forma de funcionamento;

    As fronteiras so semipermeveis; algumas

    coisas podem atravess-las, enquanto outras no.

    Por vezes verifica-se que algum material pode

    passar por um sentido mas no no outro;

  • Acontecimentos como o comportamento dos

    indivduos numa famlia so melhor

    compreendidos como exemplos de uma

    causalidade circular do que se se considerarem

    baseados numa causalidade linear;

    Tal como os outros sistemas abertos, os

    sistemas familiares tm objetivos prprios;

  • Os sistemas so constitudos por subsistemas e so, eles

    prprios, partes de supra-sistemas maiores.

    Cada famlia deve ser observada como um todo que

    desenvolve interao com outras pessoas/grupos

    (famlia alargada, colegas de trabalho); com sistemas

    mais amplos (bairro, comunidade); com

    acontecimentos externos (ex: crises econmicas,

    reformas estruturais, guerras);

  • No seu funcionamento, a famlia integra as influncias

    externas, mas tambm est sujeita a foras internas (ou

    seja no simplesmente reativa s presses do meio);

    Sistema autorregulado por regras passveis de

    modificao ao longo dos tempos, atravs de tentativas

    e erros.

  • A famlia um sistema de relaes interpessoais

    com as seguintes caractersticas:

    Dinamismo - mudanas evolutivas, estruturais e sociais

    Intimidade - conhecimento mtuo, implicao

    emocional e identidade pessoal

    Durabilidade - inteno de construir relaes

    duradouras

    Cuidado - proviso e troca de recursos, proteo da

    intimidade

  • A famlia um sistema em constante transformao, mas

    que procura assegurar o equilbrio e a continuidade.

    Minuchin (1982 in: Silva, 2001: 46) refere que a famlia um

    sistema que se adapta a diferentes exigncias das

    diversas fases de desenvolvimento, assim como s

    mudanas nas solicitaes sociais, com o fim de

    assegurar continuidade e crescimento psicossocial dos

    membros que a compem.

    O duplo processo de continuidade e crescimento

    desenvolve-se atravs de equilbrios dinmicos.

  • Equilbrios dinmicos:

    Tendncia homeosttica ou de coerncia:

    tendncia de estabilidade e defesa em relao

    aos sistemas circundantes; evitam-se mudanas

    radicais

    Capacidade de transformao, de mudana: a

    mudana, o crescimento, a influncia mtua

    entre os seus membros; a influncia de

    acontecimentos externos.

  • Distinguem-se na famlia vrios subsistemas:

    a) o individual - constitudo pelo indivduo, que

    para alm do seu envolvimento no seio do

    sistema familiar, desempenha noutros sistemas

    funes e papis que interagem com o seu

    desenvolvimento pessoal e logo com o seu

    posicionamento familiar;

    b) o conjugal: emerge quando dois adultos se

    unem e formam um casal - engloba,

    habitualmente, marido e mulher;

  • c) o parental: surge com o nascimento dos

    filhos. Tem a seu cargo a proteco e educao

    das geraes mais novas e, na maior parte das

    vezes, constitudo pelos dois progenitores.

    Pressupe a existncia de um sub-sistema

    filial;

    d) o fraternal: constitudo pelos irmos, tem

    funes especficos no que diz respeito ao

    treino de relaes entre iguais.

  • Ana Paula Relvas (1996:13) subsistema como:

    unidade sistmico-relacional criada por

    interaces particulares que tm a ver com os

    indivduos nelas envolvidos, com os papis

    desempenhados e os estatutos ocupados, com

    as finalidades e objectivos comuns e,

    finalmente, com as normas transaccionais que

    se vo progressivamente construindo.

  • Estrutura Familiar: forma como os subsistemas se organizam , como

    se desenvolvem as relaes dentro de cada subsistema e entre eles.

    Compreender a estrutura da famlia implica dar

    resposta s questes: Quem faz o qu Com quem Para qu Como Onde Quando

  • Estrutura familiar:

    conjunto invisvel de exigncias funcionais que

    organiza as maneiras pelas quais os membros da

    famlia interagem (S. Minuchin, 1982, in: Silva, 2001:44)

    Ao definirmos a famlia como um sistema, uma

    entidade semelhana dum organismo vivo,

    de supor que tambm ela sofre um processo de

    desenvolvimento (perspectiva desenvolvimentista)

    Ciclo vital

  • Ciclo Vital:

    identificao de uma sequncia previsvel de

    transformaes na organizao familiar, em

    funo do cumprimento de tarefas bem

    definidas;

    sequncia de transformaes que a famlia sofre

    na sua organizao, ao longo do tempo

    A literatura mostra diferentes categorizaes do

    desenvolvimento do ciclo familiar. H uma certa

    arbitrariedade na definio das etapas,

    consoante os critrios dos investigadores.

  • Etapas do ciclo familiar ( Relvas, 1996): 1) Formao do casal formao do novo sistema conjugal acordos: sobre os aspectos prticos da sua vida

    comum; sobre as relaes com as respectivas famlias de origem e crculo de amizades; sobre o respeito pelas diferenas pessoais; sobre a forma de resolver os conflitos.

  • 2) Famlia com filhos pequenos

    assumir de papis parentais ajustamento do

    subsistema conjugal s novas exigncias e

    tarefas

    consequncias: menos satisfao matrimonial;

    preocupao com as crianas; mais

    necessidade de consumo e recursos;

    estabelecem-se novos laos e novos pactos

    com as famlias de origem.

  • 3) Famlia com filhos na escola necessidade de maior articulao com outros

    sistemas sociais, nomeadamente com a escola

    partilha das responsabilidades educativas com outras instituies

    adaptao das crianas ao mundo exterior

  • 4) Famlia com filhos adolescentes mudana nas relaes pais-filhos: possibilitar

    aos filhos as entradas e sadas no sistema familiar

    recentrao nos aspectos da vida conjugal e das

    carreiras profissionais incio da funo de suporte gerao mais velha caractersticas: formas de interaco rgidas e

    dificuldade em lidar com a maior autonomia dos filhos.

  • 5) Famlia com filhos adultos (Ninho vazio) (Empty

    Nesty)

    Sada dos filhos da casa da famlia de origem

    O casal volta a encontrar-se e a ter necessidade

    de ajustar papis e expectativas mtuas.

    Pode ser uma etapa de grande satisfao se

    souberem utilizar o seu tempo e se se

    mantiverem bem fisicamente e

    psicologicamente.

  • Comentrios/Crticas:

    Esta e outras categorizaes do ciclo vital da

    famlia dizem respeito famlia tpica. So

    esquecidas outros tipos de famlias; so

    esquecidos outros factores como o aumento da

    esperana mdia de vida, os divrcios, o

    trabalho feminino, o aumento do stress, o

    controlo da natalidade, aumento do perodo de

    dependncia dos filhos

  • As categorizaes apresentam uma vida

    familiar linear ou seja etapas bem

    identificadas, umas a seguir s outras. A

    realidade pode no ser esta. Nas famlias, os

    estdios de desenvolvimento sobrepem-se.

    essencial atender especificidade e

    unicidade de cada famlia!

  • A utilidade deste conceito:

    A conceptualizao do ciclo vital da famlia d

    um contributo valioso para o seu estudo, ao

    centrar-se na evoluo temporal das

    interaces (entre os membros da famlia,

    entre estes e outros no familiares, entre a

    famlia e as estruturas sociais) e ao

    perspectivar a continuidade, transformando-se

    num instrumento clnico importante para o

    diagnstico e planeamento da interveno.

    (A. P. Relvas, 1996: 25).

  • O conceito deve ser utilizado com ateno e

    cautelas, mas bastante til para perceber os

    momentos de transio

    - nos momentos de transio entre as

    diferentes fases que as famlias experimentam

    situaes de maior tenso e desequilbrio

  • Ao longo do ciclo vital a famlia cumpre funes

    distintas consoante:

    - as caractersticas e as necessidades dos seus

    elementos;

    - as expectativas do meio em que est inserida

    (presso social)

    Funo interna desenvolvimento e proteco

    (material e psicossocial) dos seus elementos;

    Funo externa favorecer a socializao e a

    transmisso da cultura (promover a reproduo

    de normas sociais e estabilidade social)

  • Permite construir identidades individuais atravs

    do desenvolvimento de dois sentimentos:

    - o de pertena ao grupo transmitindo um

    sentimento de segurana e a construo da

    conscincia do ns (obrigaes recprocas)

    - o de separao ou autonomizao permitindo

    a individualizao e a construo da conscincia

    do eu (individualidade e emancipao)

  • (conceito introduzido por Guerin em 1972) Representao grfica (diagrama visual) da estrutura e das dinmicas familiares. Permite organizar os dados durante a fase de avaliao e seguir os processos de relacionamento durante a interveno. O Genograma representa a rvore familiar que regista informao sobre os membros de uma famlia e as suas relaes durante pelo menos trs geraes (McGoldrick, 1987 in: Rodrigues et al., 2007: 2)

  • Tcnica de trabalho que permite:

    captar o sistema relacional familiar;

    captar os acontecimentos biogrficos mais

    relevantes (ex. nascimentos, casamentos,

    divrcios, mortes);

    captar os movimentos da famlia ao longo do

    seu ciclo vital.

  • Objetivos - Organizar informaes relativas famlia: sua composio, idade dos elementos, profisses, dados importantes relativamente a cada pessoa, constituio dos diferentes agregados familiares, principais marcos da vida da famlia; - Identificar o traado ou a estrutura da famlia nuclear e alargada, definindo as diferentes geraes (pelo menos trs), subsistemas e agregados; - Definir a tipologia relacional entre os diferentes elementos que constituem a famlia nuclear e a famlia alargada.

  • Elaborao do Genograma

    Modalidades de recolha de informao: entrevista

    conjunta e/ou individual

    Contedos a abordar de modo a obter uma rede de

    informao familiar:

    - Do problema actual ao contexto maior do problema

    - Da famlia nuclear famlia extensa

    - Da situao actual da famlia a uma cronologia

    histrica de factos familiares

    - De questes fceis e no ameaadoras a questes

    difceis e que provocam ansiedade

    - De factos bvios sobre o funcionamento e relaes

    familiares a hipteses sobre a situao familiar.

  • masculino feminino Data de

    nascimento

    Data do

    bito

    43-75

    homem com

    45 anos

    mulher com

    42 anos

    casamento

    divrcio

    45 42

    20

    Idade aquando da morte

  • Separao

    Casal no

    casado

    Relao

    conflituosa

    Relao

    estreita

    Gravidez

    Filho adoptivo

    Alternativa

    ------------ Relao distante

  • Casal com filhas gmeas

    45 42

    18 15

    37 36

    12

    Casal com filhos

    Casal com filhos

    gmeos homozigticos

    Relao

    interrompida ou

    afastamento

  • Forma alternativa de

    representar o casal com

    vrios filhos

    Nado morto

    Outras formas de representar o aborto

    Aborto espontneo

    Aborto provocado

  • BIBLIOGRAFIA

    RELVAS, Ana Paula (1996), O ciclo vital da famlia - perspectiva

    sistmica, Porto: Afrontamento

    SILVA, Lusa Ferreira da (org.) (2001), Aco Social na rea da

    Famlia, Lisboa: Universidade Aberta

    RODRIGUES, et al. (2007), Genograma: representao grfica da vida

    familiar, disponvel em www.psicologia.com.pt