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Maria Clara Tomaz MachadoDiretora de Comunicação Social

EXPEDIENTEISSN 2317-7683

O Jornal da UFU é uma publicação mensal da Diretoria de Comunicação Social (Dirco) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).Av. João Aves de Ávila, 2121, Bloco 1S, Santa Mônica, 38.400-902, Uberlândia-MG. Telefone: 55 (34) 3239-4350. www.dirco.ufu.br | [email protected].

Diretora de ComunicaçãoMaria Clara Tomaz Machado Coordenador de JornalismoFabiano GoulartCoordenador de ConteúdoCairo Mohamad Ibrahim KatribEquipe de JornalismoDiélen Borges, Eliane Moreira,Frinéia Chaves, Jussara Coelho,Marco Cavalcanti e Renata NeivaEstagiários em JornalismoAna Beatriz Tuma, Augusto Ikeda,Cíntia Sousa e Sabrina TomazEditoraEliane Moreira (RP525/RN)Projeto gráfico e diagramaçãoElisa ChueiriRevisãoDiélen Borges eMaria Clara Tomaz MachadoFotografiaAline Pires e Milton SantosImpressãoImprensa Universitária - Gráfica UFUTiragem3000 exemplaresDocente colaboradorEduardo MacedoReitor: Elmiro Santos Resende | Vice-reitor:Eduardo Nunes Guimarães | Chefe de ga-binete: José Antônio Gallo | Pró-reitora de Graduação: Marisa Lomônaco de Paula Naves | Pró-reitora de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis: Dalva Maria de Olivei-ra Silva | Pró-reitor de Pesquisa e Pós-gra-duação: Marcelo Emílio Beletti | Pró-reitor de Planejamento e Administração: José Francisco Ribeiro | Pró-reitora de Recursos Humanos: Marlene Marins de Camargos Borges | Prefeito Universitário: RegesEduardo Franco Teodoro

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texto Marco Cavalcantifoto Milton Santos

Serão criadas mais três graduaçõese novas vagas em Medicina

2013-2014: retrospectiva e perspectiva2013 foi um ano vivido com muita intensidade pela UFU. Nova gestão, organização do staff interno, esco-

lha de prioridades, colocação em pauta da carta programa com a qual a equipe se elegeu. Contudo, há que se considerar as pendências anteriores que, evidentemente, foram herdadas e devem ser tratadas também com res-ponsabilidade, até porque, em administrações democráticas, as discussões e os debates sobre questões relevantes devem exaurir-se, respeitando a autonomia universitária.

Muitas foram as conquistas dessa UFU plural. Quando nossa memória se desvela, um caleidoscópio de ações e atividades surge como miríades de realizações e, a cada instante que se propõe a focá-lo, outra vez, novas ce-nas se redesenham. Centenas de projetos de pesquisa, extensão, cultura e ensino foram aprovados por órgãos de fomento e estão em execução. Dezenas de alunos e professores viajam em intercâmbio cultural e de ensino, apresentando seus trabalhos e se abrindo a novas experiências. Outros tantos, de outros países, estão conosco a conviver.

Diversos prêmios, sejam de alunos ou professores, divulgam a imagem da UFU nacional e internacionalmen-te. Novos cursos são aprovados, inclusive, alguns deles em unidades fora da sede, respeitando o interesse econô-mico e social no âmbito regional. E outros ainda são inéditos no país.

A Diretoria de Comunicação Social (Dirco) assume o seu papel nesse cenário, como um espaço coletivo de divulgação dessas ações e atividades, contribuindo para delinear uma identidade institucional. Além de nossos programas em rádio e em TV e do Jornal da UFU, lançaremos o novo Portal Dirco (www.comunica.ufu.br), mais ágil e eficiente. A campanha de doação de brinquedos “Fábrica de Emoções”, promovida em parceria com o Pro-grama de Educação Tutorial (PET) (Re)conectando Saberes, Fazeres e Práticas, do Campus Pontal, foi um suces-so, com grande participação da comunidade da UFU, destacando-se a preocupação com o social.

Em termos de espaço físico, antigas construções estão sendo reformadas e as novas encontram-se a pleno vapor, como o Campus Glória e o de Monte Carmelo, que deverá ser inaugurado, no primeiro semestre de 2014. Patos de Minas, depois de várias pendências jurídicas, chega a bom termo com o processo licitatório de respon-sabilidade da UFU e com o apoio do Ministério Público. O novo prédio de laboratórios de Patos estará em fun-cionamento também a partir de abril. O processo de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) revelou a consolidação dos programas de Pós-Graduação na UFU, que, desde 2004, não teve nenhuma avaliação negativa e que, neste triênio, observou-se a elevação das notas de alguns cursos, sendo que o Programa da Engenharia Mecânica obteve nota máxima (sete), fazendo parte dos cursos de padrão internacional.

Vale ressaltar o projeto arquitetônico do novo Restaurante Universitário no Campus Santa Mônica, que já se encontra em elaboração, o que virá resolver um dos problemas causados pelo crescimento do número de discen-tes: as estruturas atuais não comportam a demanda.

O diálogo sobre a construção de um novo estatuto e regimento da UFU está em andamento. Um grupo cons-tituído por professores, servidores técnicos e discentes tem se reunido semanalmente no intuito de viabilizar a forma e o método mais democráticos, a partir do qual o processo de participação no debate inclua todos que es-tejam engajados em propor uma legislação atual, em sintonia com a UFU que se delineia no século XXI.

Algumas nuvens escuras povoam nosso itinerário. Entre elas está a crise do Hospital de Clínicas de Uberlân-dia (HCU/UFU) e a questão da nossa adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). De forma democrática, vários passos foram dados para que se chegasse a bom termo. Uma comissão especial foi nomeada para proceder estudos, considerando a nossa realidade e a relação com a Fundação de Apoio, Pesquisa e Amparo Universitário (Faepu), que é muito particular, histórica e regional. Em fins de dezembro, o HCU reconheceu a precariedade de sua situação e um comitê de crise foi criado em busca de soluções adequadas. Há que se pensar a responsabilidade política, ética e moral da instituição para com a população atendida pelo HCU. A questão não passa apenas pela adesão à Ebserh como solução mágica, pois bem sabemos que a saúde no país é um problema a ser enfrentado por meio de uma política consistente para esse setor. Todavia, fechamos essa edição do jornal com a certeza de que o Conselho Universitário (Consun) da UFU, que se reuniu em dezembro de 2013 e janeiro de 2014, com toda maturidade, será capaz de responder a mais esse desafio.

Um 2014 pleno de realizações é o que esperamos.

A UFU terá mais três graduações - Geologia, Engenharia Florestal e Li-cenciatura em Língua Portuguesa com Domínio de LIBRAS - e ampliará as vagas do curso de Medicina. A expan-são visa a criar um polo na área das en-genharias voltadas para a terra e para as tecnologias na cidade de Monte Car-melo e contribuir com o aumento do número de médicos no país. Por outro lado, a inclusão da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) em um dos cursos de Letras responde a uma política voltada para a garantia da acessibilidade.

Com o início das aulas previs-to para o primeiro semestre de 2015, Geologia e Engenharia Florestal inte-grarão o Campus Monte Carmelo, que já oferece graduação em Agronomia, Sistemas de Informação e Engenharia de Agrimensura e Cartográfica. “Va-mos constituir um centro importan-te de formação de profissionais para a engenharia da terra”, afirma a pró-rei-tora de graduação Marisa Lomônaco.

A criação de um “campus temáti-co”, segundo a pró-reitora, não é só para a otimização e o aproveitamen-to de espaços e instalações, como laboratórios. É também visando ao impacto positivo que a institui-ção promoverá na região. “[O cam-pus] vai tornar a região um lugar de atração de estudos e pesquisas nessa área”, prevê Lomônaco.

Cada curso novo oferecerá 40 va-gas semestrais. Além disso, haverá ampliação nas graduações já existen-tes em Monte Carmelo: Agronomia passará de 30 para 40 vagas por se-mestre e as outras duas, de 30 para 35.

Engenharia Florestal fará parte do Instituto de Ciências Agrárias, que já oferta graduação em Agronomia. A de Geologia estará vinculada ao Ins-tituto de Geografia que, desde 2011, também disponibiliza Engenharia Cartográfica e Agrimensura.

Para pôr em prática a expansão do Campus Monte Carmelo, a UFU vai

UFU ampliaoferta de cursos

receber do Ministério da Educação 69 vagas de docentes e 75 de técnicos ad-ministrativos. Elas serão liberadas de forma escalonada. Para docentes serão 10 em 2013, 20 em 2014, 20 em 2015 e 19 em 2016. A liberação das vagas de técnicos administrativos ocorrerá en-tre 2014 e 2016, sendo 25 por ano.

MedicinaA UFU também vai ampliar o nú-

mero de vagas oferecidas no curso de Medicina. As atuais 80 por ano pas-sarão para 120 em 2016. O aumen-to, no entanto, terá início já em 2015, quando serão ofertadas 50 vagas por semestre e, no ano seguinte, 60. Em 2015, novos servidores serão contra-tados para atender a nova demanda. Ingressarão na UFU mais 27 docen-tes e 20 técnicos administrativos.

A pró-reitora de graduação desta-ca a importância das mudanças, tanto para a região quanto para o país. “O caso da Medicina é indiscutível, nós

Curso CampusVagas semestrais

2014 2015 2016

Medicina Umuarama 40 50 60

Engenharia Florestal Monte Carmelo - 40 40

Geologia Monte Carmelo - 40 40

Agronomia Monte Carmelo 30 40 40

Sistemas de Informação Monte Carmelo 30 35 35

Engenharia Cartográfica e Agrimensura Monte Carmelo 30 35 35

Letras: Licenciatura em Língua Portuguesa com Domínio de LIBRAS Santa Mônica 30 30 30

estamos com uma necessidade muito grande. Isso vem ajudar a compor o quadro de profissionais médicos para o Brasil. O [caso] de Monte Carmelo entra em áreas prioritárias, estratégi-cas para o país, do desenvolvimento das regiões do interior”, destaca.

LibrasCom início em abril de 2014, se-

rão oferecidas na Licenciatura em Língua Portuguesa com domínio de LIBRAS, do Instituto de Letras e Lin-guística, 30 vagas anuais. “Acredita--se que a junção das duas línguas oficiais do Brasil – a Língua Portu-guesa e a LIBRAS – em uma licen-ciatura única poderá alcançar não apenas as metas previstas em lei, mas também concretizar o alto padrão de inclusão social que se espera de uma nação civilizada e preocupada com o ser humano em sua essência”, afirma o coordenador do curso, professor José Magalhães.

4 Jornal da UFU Jornal da UFU 5

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Atividades de extensão e educação continuada são promovidas pelo curso de Letras

texto Ana Beatriz Tumaarte Elisa Chueiri

Empreendedorismo universitário

Empresas juniores: experiência durante a graduação

texto Cíntia Souza

Antes de se inscrever no curso de conversação “Speaking English: o in-glês do dia a dia”, ministrado por três estudantes de Letras da UFU, Vera Lú-cia Costa, 63 anos, só havia estudado inglês “muito vagamente”. “Terminei o fundamental em 1966. No magistério eu fiz, mas era diferente a proposta de ensino antigamente”, relembra. Dona Vera conta que tem certa dificuldade para acompanhar as aulas, mas consi-dera o curso muito interessante e mo-tivador para que continue estudando inglês após a sua conclusão.

O curso é oferecido pela Coorde-nação de Extensão e Educação Con-tinuada em Letras (Cecle), que dá apoio a projetos, cursos, palestras e outras ações de extensão e de forma-ção continuada, do Instituto de Le-tras e Linguística (Ileel). Além disso, a Cecle dá suporte técnico, orienta-ção e disponibiliza sala, equipamen-tos e acervos (livros, fitas VHS e cassete, DVDs e vinis) para professo-res e estudantes de Letras, além de fa-zer a divulgação das ações.

Fernanda Ribas, coordenadora da Cecle e professora do Ileel, con-ta que algumas atividades de exten-são que têm o apoio e a divulgação da Cecle originam-se em estágios su-pervisionados obrigatórios, não re-munerados, feitos pelos professores em formação inicial, isto é, os estu-dantes de Letras. Essas atividades, se-gundo Fernanda, abrem campo para que esses professores cumpram parte do estágio, oferecendo cursos para a comunidade.

Por que cumprir parte do estágio na UFU com apoio da Cecle? Fer-nanda responde que há várias razões. “Primeiro porque, por exemplo, o

francês não é encontrado na esco- encontrado na esco-la pública, exceto na Eseba [Escola de Educação Básica/UFU]. Assim, o aluno teria dificuldade de cumprir o estágio nesse contexto”. Além disso, a coordenadora ressalta que esse tipo de escola tem, geralmente, problema de espaço físico para oferecer os cur-sos. “Às vezes, trazer para cá [UFU] fica mais fácil. Isso também ajuda a dar suporte e supervisionar os alu-nos”. No entanto, a professora ressal-ta que os estudantes cumprem parte de estágio nas escolas.

Mariá Prado, estudante do oitavo período de Letras, atua como pro-fessora de inglês no curso que Dona Vera frequenta. As aulas acontecem duas vezes por semana, com dura-ção de uma hora cada, e objetivam gerar diálogo na língua inglesa en-tre os alunos por meio de temáticas que fazem parte do cotidiano, como a música, e de alguns aspectos das

culturas inglesa e norte-americana. Esse é o segundo curso em que Ma-riá leciona na Cecle. Segundo a es-tudante, o público é heterogêneo, variando entre os que desconhecem o inglês e os que possuem nível bá-possuem nível bá-sico. “É muito interessante porque a gente tem a oportunidade de tra-balhar com várias pessoas, de várias idades, cada um tendo uma profis-são. Isso também acontece em es-colas de idiomas, mas aqui é muito mais nítido”, conta.

As atividades de extensão ofe-recidas atualmente abarcam, por exemplo, o ensino de francês, inglês, espanhol, alemão, latim, português para estrangeiros, produção textu-al, introdução à análise do discurso crítica e xadrez, sendo abertas para as comunidades interna e externa da UFU. Há programações de diversas durações com gratuidade ou taxa de inscrição.

Para se informar sobre as atividades de extensão oferecidas pela Cecle, acesse o site da UFU (www.ufu.br), o da Cecle (www.cecle.ileel.ufu.br), a página da Cecle no Facebook ou ligue na secretaria da coordenação (34-3239-4516).

Permitir que os estudantes te-nham contato com a profissão du-rante a graduação é o objetivo da empresa júnior, uma associação ci-vil, sem fins lucrativos, constituída por alunos de graduação. O intuito é prestar serviços e desenvolver proje-tos para a sociedade, sob a supervi-são de um professor tutor.

“Toda a parte de gestão e a exe-cução de projetos são feitas por alu-nos de graduação orientados por um professor da faculdade. Tudo que en-volve a empresa, todas as decisões partem dos alunos”, explica Luthuli Akanni, diretor presidente da Con-selt, empresa júnior da Faculdade de Engenharia Elétrica da UFU.

Jéssica Carvalho Nunes, coordena-dora interina da Apoio Consultoria, dos cursos de Administração e Gestão da Informação, diferencia a empre-sa júnior do estágio: “o estágio é mais focado em uma determinada área. A empresa júnior prepara o aluno por meio do aprendizado empresarial.”

As empresas juniores oferecem serviços como consultoria e criação de projetos, de acordo com as áreas de atuação de cada graduação. Os pre-ços cobrados são abaixo do mercado. “O pequeno proprietário que não tem como pagar uma consultoria de uma empresa sênior vê na empresa júnior um lugar para que ele possa fazer uma consultoria de qualidade com um cus-to menor”, afirma Akanni.

Por ser uma associação sem fins lucrativos, o dinheiro arrecadado

com as consultorias e projetos é rein-vestido na própria empresa, tanto em infraestrutura como em cursos de ca-pacitação para os membros.

Crescimento Atualmente, a UFU conta com 19

unidades. A expansão dessas associa-ções se deve à criação de empresas em cursos sem muita tradição em negócios.

O curso de Tradução da UFU conta com a Babel Traduções desde 2012. Paula Arbex, coordenadora do curso e tutora da Babel, revela que muitas pessoas se surpreendem com o fato de a graduação ter um grupo de consultoria. A professora explica que a criação da empresa estava prevista no projeto da graduação. “O objetivo do curso é formar profissionais para o mercado de trabalho. E a empresa jú-nior possibilita a inserção dos alunos nesse mercado”, enfatiza Arbex.

A coordenadora acredita que ter uma empresa júnior na Tradução con-tribuiu para a nota máxima do curso na avaliação de reconhecimento feita pelo Ministério da Educação, no ano passado. Além de preparar os alunos para o mercado de trabalho, a Babel é uma das referências do país. “O curso é pioneiro e são poucas as empresas de tradução no Brasil. Com isso, a Babel acaba sendo uma referência”, revela.

As graduações de Medicina Ve-terinária e Zootecnia contam com a Conavet. A professora Ricarda Maria dos Santos, tutora do grupo, explica que um dos pontos importantes é o aprendizado do trabalho em equipe. “Cada membro do grupo tem suas obrigações e sabe que será cobrado pelos demais. Na vida acadêmica, a participação na empresa júnior des-perta o aluno para os problemas reais que ele vai enfrentar na vida profis-sional”, aponta Ricarda.

Engenharias Mecânica,Aeronáutica e Mecatrônica

1993 Administração e Gestão de Informação

1997Engenharias

Elétrica e Biomédica

1998Medicina Veterinária e Zootecnia

1999Geografia

2001Economia e Relações In-ternacionais

2008Biologia

2011Biotecnologia

2012

TraduçãoCiênciasContábeis

Agronomia

2013

Engenharia de Agrimensura e Cartográfica (Monte Carmelo)

Comunicação Social: habilitação em Jornalismo

Engenharia Civil

Engenharia Química Administração

(Pontal)

Engenharia de Produção (Pontal)

Engenharia Ambiental

Ciência da Computação eSistemas de Informação

EMPRESAS JUNIORES DA UFU

Idiomas para comunidades

interna e externa

1992

6 Jornal da UFU Jornal da UFU 7

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texto Diélen Borges

Mais de um terço das mulheres do mundo é vítima de violência fí-sica ou sexual. Essa informação foi divulgada em junho de 2013 pela Organização Mundial da Saú-de (OMS), que classificou a situa-ção como epidemia global. Entre as mulheres que foram mortas, apro-ximadamente 40% tiveram como assassinos um parceiro íntimo. No Brasil, mais de 50 mil foram assassi-nadas entre 2001 e 2011.

É por isso que em briga de ma-rido e mulher se mete a colher sim. Em prol da paz conjugal e intrafa-miliar, a organização não governa-mental (ONG) SOS Mulher Família atua em Uberlândia e região desde 1997. São realizados atendimentos gratuitos e sigilosos com equipe in-

terprofissional – assistentes sociais, psicólogos, historiadores, advoga-dos, pedagogos e outros – a pessoas que vivenciam a violência, além de ações educativas e preventivas junto à comunidade.

A SOS Mulher Família, além de prestar atendimentos social, psico-lógico e jurídico, tem uma ação con-tinuada junto às vítimas. Em média, são atendidas duas mil novas famí-lias ao ano. “A maior parte dos ca-sos é de violência conjugal: ameaças, lesões corporais, espancamentos e, por vezes, têm demandas para sepa-ração judicial”, afirma a historiadora Cláudia Guerra, membro fundado-ra e integrante da diretoria da ONG. “A SOS também dá suporte para pesquisadores e orienta estudantes

estagiários. Temos uma biblioteca onde fomentamos a produção do conhecimento sobre o trabalho de-senvolvido aqui e os seus diagnósti-cos”, explica.

Na ONG atuam aproximadamen-te 40 pessoas, entre profissionais e estagiários, a maior parte como vo-luntários. Para os que são remune-rados, a renda provém de subvenção municipal. No momento, a área que mais carece de voluntários é a de psi-cologia, por ser o setor que acom-panha a pessoa por mais tempo na instituição. Pessoas interessadas em atuar como voluntárias e empresas que quiserem “adotar” um voluntá-rio podem entrar em contato com a SOS Mulher Família.

“A SOS é hoje um dos centros de referência em violência familiar, ten-do inclusive potencial para outras ci-dades da região replicarem esse tipo de trabalho que tem um série de dife-renciais, como a formação continuada e o olhar interdisciplinar para atender o sujeito”, afirma Cláudia Guerra.

Roupa suja se lava em casa?

A Patrulha de Atendimento Mul-tidisciplinar (PAM), projeto de abor-dagem domiciliar da SOS Mulher Família, realizado em parceria com a UFU, recebeu, no dia 29 de outubro de 2013, o prêmio e selo Excelência Cidadã, promovido pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Uber-lândia, Fundação CDL e Câmara Mu-nicipal de Uberlândia. Na ocasião, a professora Vera Lucia Puga, do Pro-grama de Pós-Graduação em História da UFU, recebeu o título de Cidadã Benemérita pelo envolvimento com as questões de gênero. Puga é consul-

tora da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal.

Criada em 2003, numa articu-lação entre a SOS Mulher Família e o 17º Batalhão da Polícia Militar, a PAM tem o objetivo de tornar os atendimentos mais eficientes e di-minuir as reincidências de casos de violência familiar. A UFU entrou na parceria para dar suporte ao Curso de Formação Continuada, oferecido à equipe duas vezes por mês, e con-ceder estagiários.

O Programa PAM vai à casa das ví-timas para fazer o atendimento. Esse contato é feito quando é acionado o telefone da Polícia Militar (190) e se verifica que o problema é de violência em casa, não só conjugal, mas tam-bém com outros membros da família. “A PAM tem um ‘guarda-chuva’ mais amplo, que é o da violência doméstica. A maior parte é de violência conjugal, mas também contra crianças e adoles-centes, maus tratos a idosos e homos-sexuais”, esclarece Cláudia Guerra.

Os atendimentos também são re-alizados na ONG SOS Mulher Famí-lia, situada na Rua Johen Carneiro, 1.454, Bairro Lídice, de segunda à sexta, das 8h às 12h e das 13h às 17h. O telefone para contato é (34) 3215-7862. Também são feitos atendimen-tos a partir do Registro de Eventos de Defesa Social (Reds).

Parcerias com a UFUAlém da PAM, existem outros

projetos desenvolvidos por meio da parceria entre a SOS Mulher Família e a UFU. O Programa de Extensão In-tegração UFU/Comunidade (PEIC), da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis (Proex), tem como perspectiva “a formação das equipes do SOS, o auxílio aos traba-lhos em geral, a pesquisa nos pron-tuários, questões administrativas, contribuição com a gestão da insti-tuição, desenvolvimento de ações preventivas e educativas junto à co-munidade”, explica Cláudia Guerra. A ONG foi contemplada nove vezes por esse projeto.

O “Chegando Perto”, executa-do em 2013 e custeado por verba de emenda parlamentar, também é vin-culado à Proex/UFU e visa à aborda-gem de temáticas diretamente ligadas

à violência conjugal e familiar. São fei-tas oficinas e palestras em unidades de saúde da Prefeitura Municipal de de-terminados bairros. “Os profissionais são sensibilizados com esses temas relacionados à violência para identifi-car os casos que chegam às unidades de saúde, como uma queixa de algum problema físico, mas que por trás tem algum evento de violência”, explica Cláudia Cruz, psicóloga e voluntária da SOS. “Os temas são os mais varia-dos: escuta ativa, como abordar casos de violência doméstica, quais são os órgãos da rede para os encaminha-mentos serem feitos adequadamente, questões de gênero, pensar o masculi-no e o feminino e a educação diferen-ciada para meninos e meninas como cenário para a violência conjugal e do-méstica”, completa Cláudia Guerra.

Outra frente que envolve a uni-versidade e a ONG é o Núcleo de Estudos de Gêneros (Neguem), li-gado ao Centro de Documentação e Pesquisa em História (CDHIS) do Instituto de História da UFU. O Neguem é um espaço de reflexão e produção de saberes em torno de temas relacionados a experiências e pesquisas de gênero, abrigando linhas de pesquisa multidisciplina-res. A SOS tem acento no Neguem por meio de representação. Atu-almente é Cláudia Guerra, que fez parte da fundação do núcleo em 1992, quando ainda era estudante de graduação. “O Neguem nos aju-da muito com dados, diagnósticos, produção do conhecimento. Inclu-sive, ajudou a constituir o SOS”, re-lembra a historiadora.

A vida recomeça quandoa violência termina

Patrulha de Atendimento

Multidisciplinar, parceria da SOS

Mulher Família com a UFU, é premiada

por trabalho com mulheres vítimas de

agressões

Mais de um terço das mulheres do mundo é vítmade violência física ou sexual

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“Eu fui educada para ficar casada. Minha mãe teve um relaciona-mento de muitos anos, aguentou muitas coisas e ficou casada. Foi o exemplo que ela passou pra gente... Se você reclamasse para al-guém, os outros falavam que você é que tinha que mudar, você que estava errada.”Mulher, 47 anos, cabeleireira, 11 anos de relacionamento.

O “Guia de orientação e apoio pela não violência conjugal e familiar” da SOS Mulher Família lista as principais dificuldades para interrom-per o ciclo da violência familiar:- Ligação afetiva com o agressor;- Medo de sofrer uma violência física ainda maior;- Vergonha dos vizinhos, dos amigos e da família;- Sentimento de culpa, baixa autoestima ou responsabilidade pela violência sofrida;- Falta de condições financeiras e emocionais;- Crença de que a violência é provisória, consequência de uma fase ruim;- Visão simplificada de que as causas seriam: pobreza, desemprego ou dependência química, sendo esses fatores facilitadores de situa-ções mais complexas previamente determinadas;- Falta de apoio familiar;- Violência institucional, quando há equipes despreparadas e falta de infraestrutura, ou o atendimento dos órgãos de acolhimento é precá-rio e/ou descrença nos serviços prestados;- Educação diferenciada, reforçando padrões equivocados e desiguais;- Crenças religiosas, quando há interpretações de conformação e re-produção de desigualdades entre os gêneros;- “Síndrome de Estocolmo” (a gratidão à pessoa autora de violência, por não matá-la e que substitui a raiva ou medo sentidos);- Receio pela situação dos filhos, caso o/a parceiro/a ou familiar te-nha ficha na polícia ou fique desempregado/a;- Pena do/a agressor/a que é violento/a “só quando bebe” (na fala de algumas pessoas que vivem a violência) ou em algumas “raras” oca-siões específicas;- Receio de ficar sozinho/a;- Falta de informação.

POR QUE ELA SIMPLESMENTE NÃO VAI EMBORA?

“Ele é bruto, me agride verbalmente e fisicamente. Eu sempre tinha medo de tomar atitude e não ter condições de sobreviver, mas agora eu falei: não! Qualquer maneira que eu for viver vai ser melhor do que essa.”Mulher, 48 anos, dona de casa e sacoleira, 27 anos de relacionamento.

“É difícil verbalizar. Era violência de bater, espancamento, enforcamen-to e posições que me prendiam o pul-mão. E também tinha a violência de quebrar as coisas dentro de casa. Ge-ralmente, os objetos eram atirados no chão, nas paredes, contra mim.”Mulher, 52 anos, comerciante, aproximadamente seis anos de relacionamento.

8 Jornal da UFU Jornal da UFU 9

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Pesquisadores da UFU monitoraram

efeitos do crescimento contínuo da frota de

veículos automotores

O time feminino de vôlei da UFU durante a cerimônia de entrega do troféu de campeã dos JUBs

Pesquisadores utilizaram plantas

da espécie Tradescantia pallida,

conhecida como “coração roxo”

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Universidade conquistou medalhas na natação e no vôlei

texto Renata Neivafotos divulgação

Qualidade do ar em Uberlândia é considerada preocupante

Uma plantinha comum, conhe-cida como “coração roxo”, normal-mente encontrada em canteiros de avenidas, foi utilizada por pesqui-sadores da UFU para monitorar os efeitos do crescimento contínuo da frota de veículos automotores de Uberlândia sobre a qualidade do ar. O estudo, que durou cinco anos, reu-niu Boscolli Barbosa Pereira (Insti-tuto de Geografia), Edimar Olegário de Campos Júnior e Sandra Morelli (Instituto de Genética e Bioquímica), Euclides Antônio Pereira de Lima e Marcos Antonio Souza Barrozo (Fa-culdade de Engenharia Química).

O resultado, publicado em peri-ódicos apontados como referências internacionais em saúde ambiental, é considerado preocupante. O estudo revela que a piora da qualidade do ar, segundo parâmetros físico-químicos e biológicos, está diretamente rela-cionada ao significativo incremento da frota. Com aproximadamente 619 mil habitantes, Uberlândia tem hoje a segunda maior frota de veí-culos de Minas Gerais. A média é de 57 veículos para cada grupo de 100 pessoas. De acordo com a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Settran), enquanto em 2001 circu-lavam pela cidade 171.829 veículos, em 2011, esse número quase dobrou:

chegou a 341.364. Além disso, o sis-tema de transporte por ônibus é o único meio público de locomoção.

A pesquisa, realizada entre 2006 e 2011, mostrou que os níveis mais elevados de genotoxicidade (poten-cial que o meio tem de causar danos ao material genético) foram encon-trados nos locais de maior tráfego. Foram monitorados os cruzamentos entre as avenidas Rondon Pacheco e Paraná; entre as avenidas João Na-ves de Ávila e Cesário Alvim; entre as avenidas Floriano Peixoto e João Na-ves de Ávila e entre as avenidas Ron-don Pacheco e João Naves de Ávila. O horto do Instituto de Biologia da UFU foi utilizado como ponto-controle por não apresentar tráfego de veículos.

Os locais monitorados foram esco-lhidos com base em quatro critérios: apresentam diferentes taxas de tráfe-go de veículos; têm tráfego de carros, ônibus e caminhões em proporções semelhantes; são monitorados diaria-mente pela Settran quanto ao fluxo de veículos e estão próximos à Estação Climatológica de Uberlândia.

O chamado Teste de Micronúcle-os com Tradescantia consiste em mo-nitorar a qualidade do ar utilizando um modelo biológico. As plantas da espécie Tradescantia pallida foram cultivadas na casa de vegetação da UFU e expostas nesses pontos. Se-gundo o biólogo Boscolli Pereira, doutor em Genética e Bioquímica, a espécie é sensível a alterações da qua-lidade do ar, o que pode ser identifi-cado por modificações citogenéticas.

“Ao considerarmos que as carac-terísticas do clima em Uberlândia permaneceram tipicamente constan-tes, foi possível atribuir ao incremen-to na frota de veículos (e obviamente nas emissões de poluentes na at-

mosfera) a principal causa dos efei-tos genotóxicos presenciados neste estudo”, garante Boscolli. O cresci-mento da frota traz, portanto, impac-tos relevantes ao ambiente urbano e, em última análise, à produtivida-de e qualidade de vida dos cidadãos. Além dos congestionamentos e do decorrente aumento do tempo de deslocamento, a elevação da frota au-menta as emissões de substâncias po-luentes na atmosfera.

Segundo os pesquisadores, o rápido incremento da frota, a insufi -da frota, a insufi-ciência do transporte público e o fato de o município não ter um traçado urbano planejado para comportar os fluxos gerados pelo crescimento acelerado fazem com que a circula-ção, principalmente, na área central, seja cada vez mais conflituosa, tanto para pedestres como para conduto-res. “O trânsito na área urbana tor-na-se a cada dia mais desorganizado e inseguro”, afirma Boscolli Pereira. Além de demonstrar que as emis-sões veiculares contêm substâncias com potencial mutagênico, a pesqui-sa evidencia a necessidade de inves-timentos em transporte público e em programas de inspeção veicular.

Ele lembra que o aumento da fro-ta está relacionado a um conjunto de fatores. “Para expandir a indús-tria automobilística, houve redução do Imposto sobre Produtos Indus-trializados (IPI) e maior oferta de créditos, o que gerou problemas de trafegabilidade”, afirma. O pesqui-sador destaca também que, geral-mente, os investimentos são feitos em infraestrutura viária. Ele cita como exemplo o fato de a Settran se orgulhar do corredor de ônibus construído na avenida João Naves de Ávila, uma das principais de Uber-lândia. “Esse corredor é insuficiente, pois a Lei de Mobilidade Urbana prevê equidade de opções: há apenas um corredor para ônibus e dois para outros veículos”, critica.

Boscolli afirma que o objetivo da pesquisa não é só mostrar que no ar existem componentes que causam to-xicidade. “Este é um argumento para reforçar a necessidade de alternativas de mobilidade urbana”, explica. O professor não concorda que o sistema de transporte público em Uberlândia seja integrado. “Não se pode falar em integração ônibus-ônibus, mas sim entre veículos diferentes”, explica.

Entre os dias 24 de outubro e 2 de novembro de 2013, a cidade de Goi-ânia recebeu a 61° edição dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), a maior competição esportiva acadê-mica do país, organizada pela Con-federação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU). Esse ano foi especial para a UFU, que conseguiu o seu melhor desempenho na história, após conquistar duas medalhas na modalidade natação feminino, sendo uma de ouro e outra de prata, e o tí-tulo na categoria vôlei feminino.

O professor Sérgio Inácio Nunes, coordenador da Divisão de Esporte e Lazer Universitário (Diesu) da UFU, destaca a importância deste desem-penho para uma instituição pública, já que as universidades particulares costumam ser mais fortes no espor-te universitário. “As particulares le-vam equipes muito mais qualificadas

do ponto de vista técnico do que as nossas. Então, quando a universida-de pública consegue vencer alguma coisa, é sempre extraordinário. Pare-ce pouco, mas isso é um feito”, conta.

O primeiro ouro em 32 anosFernanda Resende Félix, aluna

do curso de Administração, foi a res-ponsável pela conquista da primeira medalha de ouro da UFU em 32 anos nos JUBs, após vencer a prova dos 50 metros nado borboleta. Fernanda fi-cou surpresa com o resultado, pois não conseguiu fazer um treinamen-to adequado para a competição: “Em 2011, consegui medalha de segundo lugar na mesma prova, o que já foi muito bom. Mas não vinha fazendo um treinamento intensivo como an-tigamente, então, foi ainda mais ines-perado”, relata.

A estudante acredita que um fator importante para sua conquista foi a base que conseguiu durante o tem-po em que treinava intensivamente. Fernanda, que pratica o esporte des-de os três anos de idade, conta que houve épocas em que chegava a trei-nar 6 horas por dia. Ela chegou a ser pré-convocada pela Confederação

Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) para as Olimpíadas de 2012, realizadas em Londres, mas precisou abdicar da carreira em favor dos es-tudos, retomando os treinamentos após ingressar na UFU.

A outra medalha foi conquistada por Bruna Heitor Guimarães, alu-na de Engenharia Química, que ter-minou a prova dos 200 metros nado peito em segundo lugar.

Antes de 2013, as únicas meda-lhas de ouro da UFU nos JUBs ha-viam sido conquistadas por Idelma Pereira de Almeida, ex-aluna do cur-so de Educação Física. Ela foi cam-peã nos anos de 1979, 1980 e 1981, na mesma modalidade.

EstímulosAdílson Henrique de Souza, assis-

tente administrativo da Diesu, afirma que o bom desempenho da UFU nos JUBs pode atrair novos atletas para as equipes de treinamento da univer-sidade. “É possível perceber que as equipes da UFU estão, a cada etapa, mais fortes e com qualidade. Então, acredito que estes fatores vão trazer cada vez mais alunos para o projeto e a confiança de que é possível desem-

penhar um bom papel em qualquer competição”, comenta.

O coordenador Nunes, porém, acredita que o estímulo não deve ser baseado apenas nas medalhas con-quistadas em 2013. “Se formos aos JUBs e sempre ficarmos em último, nós vamos parar de incentivar o es-porte universitário? Penso que a gen-te não pode usar isso como critério, ganhar medalhas para ter o incenti-vo. É um objetivo da gestão, que en-tende que a política de esporte e lazer é uma obrigação”, afirma.

Com relação ao futuro, Nunes acredita que o apoio das mais de 20 atléticas da UFU pode fortalecer ain-da mais o esporte universitário den-tro da instituição. Além disso, os investimentos feitos para a realiza-ção de grandes eventos esportivos no país, como a Copa do Mundo em 2014, as Olimpíadas em 2016 e o Uni-versíade (Jogos Mundiais Universitá-rios) em 2019 devem ser refletidos dentro da Diesu, a fim de melhorar os serviços oferecidos. “O Brasil vai respirar esporte. Esperamos que isso qualifique nosso atendimento e que todos saiam daqui felizes e satisfei-tos”, complementa o professor.

UFU obtém seu melhor desempenho nos Jogos Universitários Brasileiros

texto Augusto Ikedafoto divulgação/DIESU

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texto Jussara Coelho foto Milton Santos

“Há pessoas que passam a vida toda sem terem sido diagnosticadas”. afirma Luiz Carlos de Oliveira Junior, psiquiatra

Transtorno de déficit de atenção atinge entre 3% e 7% da população mundial e é um dos

distúrbios mais estudados atualmente

Esqueci dete esquecer

Sempre dizem que você tem que prestar mais atenção? Que é muito desligado, desorganizado e esqueci- desorganizado e esqueci-do? Que é um atrasado contumaz? Que começa tudo e não termina nada? Que quer tudo e não faz nada? Fique atento, você pode ter Transtor-no de Déficit de Atenção e Hiperati-vidade (TDAH).

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psi-quiatria, a patologia é considerada um dos distúrbios comportamentais mais frequentes na infância: atinge entre 3% e 7% em crianças em idade escolar no mundo inteiro. Os sinto-

mas caracterizam-se por dificuldade em sustentar a atenção e em inibir pensamentos de distração e por agi-tação motora.

De acordo com o psiquiatra Luiz Carlos de Oliveira Junior, profes-sor da Faculdade de Medicina da UFU, a descoberta do transtorno não é recente. A primeira descri-ção de crianças com sintomas de desatenção e hiperatividade é de 1864 e o primeiro trabalho cientí-fico sobre o tema foi realizado em 1902. Atualmente, o TDAH é reco-nhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Oliveira Junior ressalta: “há pessoas com déficit

de atenção e hiperatividade que passam a vida toda sem terem sido diagnosticadas”.

O psiquiatra esclarece que o TDAH jamais se inicia quando o indi-víduo é adulto. Por definição, a crian-ça já nasce com a doença. Para fazer o diagnóstico em outras fases da vida é preciso investigar como foi a evolu-ção da enfermidade na infância. Em geral, o transtorno evolui com a me-lhora dos sintomas em adolescentes e adultos, mas parte das crianças conti-nua com o problema por toda a vida. De acordo com o médico, o TDAH persiste na fase adulta em cerca de 60 a 70% dos casos.

Existem três tipos clínicos do TDAH: o predominantemente hipe-rativo ou impulsivo, o predominan-temente desatento e o tipo misto. Na criança, a hiperatividade está ligada aos movimentos. São aquelas agita-das, que agem sem pensar, impossí-veis de serem contidas. As hiperativas se machucam mais e sofrem maior número de acidentes, não têm paciên-cia, interrompem quem está falando, intrometem-se na conversa alheia. Se-gundo o psiquiatra, o TDAH fica mais evidente nos meninos, porque eles são naturalmente mais hiperativos e incomodam mais do que as garotas. Ele esclarece, ainda, que elas tendem mais à distração, sem apresentar o componente da hiperatividade. Desse modo, nelas, o risco de que o proble-ma passe despercebido é maior.

Nos adultos, conforme a Associa-ção Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), as funções executivas que podem encontrar-se deficitárias no TDAH são mais evidentes. Oliveira Junior explica que essas funções capa-citam o indivíduo para o desempenho de ações voluntárias, independentes, autônomas, auto-organizadas e orien-tadas para metas. Assim, os adultos com o transtorno têm dificuldades em se organizar em relação a tempo e espaço, manter-se no emprego e es-tar em relacionamentos estáveis; têm menor escolaridade (decorrente da doença enquanto criança) e maior probabilidade de envolver-se em aci-dentes e criminalidade.

Mariana Silva Lima, 27, psicólo-ga, possui TDAH e conta: “as pesso-as não entendiam minha dificuldade

de manter o foco na escola. Eu sofria muitas vezes por meus pais me com-pararem com minha irmã, que não possui problema de concentração”. Ela pontua: “Meus pais me conside-ravam preguiçosa”.

A psicóloga era taxada “como quem deixava as coisas para lá”. Di-ziam: “ela não tem jeito”. Ela relata que queria muito conseguir ser como a irmã, concentrar-se, fazer o dever de casa. “Toda tarde minha mãe che-gava em casa e o dever da minha irmã estava terminado e o meu só tinha a metade das questões feitas, o que ir-ritava meus pais e fazia com que eles brigassem comigo”, acrescenta.

“Eu sempre desconfiei de que existisse algo que não facilitava a mi-nha vida. Afinal, por que minha irmã conseguia fazer um ‘para casa’ inteiro e eu não conseguia? Eu queria con-seguir. Terminar as coisas não é meu natural, eu me esforço muito, eu me obrigo”, relata Lima.

Doenças associadasSegundo a ABDA, é típico do

TDAH estar associado a outras doenças em qualquer faixa de ida-em qualquer faixa de ida-de do paciente. Nas crianças, além da ansiedade, aparecem os transtor-nos de conduta que não decorrem só da distração. São dificuldades de aprendizado específicas como disle-xia (dificuldade para compreender o que lê), disgrafia (dificuldade para escrever) e discalculia (dificuldade para fazer cálculos). Nos adolescen-tes, estudos mostram que o problema maior é a tendência ao abuso de dro-gas. Ainda não existe uma explicação científica para esses fatos.

Ambulatório da UFU Para ser atendido no Ambula-

tório de Psiquiatria da UFU é ne-cessário que um médico da Rede Municipal de Saúde encaminhe o paciente. A marcação da consulta ocorre via sistema da própria rede. Conforme o psicólogo, a medicação não está disponível gratuitamente. Para ele é necessário que se crie uma política pública para o TDAH en-volvendo os sistemas de educação e saúde, como ocorre em outras doen-ças psiquiátricas que atingem menor número de pessoas.

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texto Mário Costa de Paiva Guimarães Júnior(Técnico-Administrativo em Educação da UFU)

No debate sobre a Lei 12.550/11, que cria a Empresa Brasileira de Ser-viços Hospitalares (EBSERH), com personalidade jurídica de direito pri-vado, não existe um confronto sim-plista entre aqueles que defendem a EBSERH - e, portanto, são defenso-res da “modernização” e “aperfeiçoa-mento” da gestão administrativa dos hospitais universitários (HUs) - e da-queles que querem manter o status quo desses hospitais - e, portanto, não aceitam proposições de mudanças para avançar na qualidade e na efi-ciência dos HUs! A real polarização que existe se traduz entre aqueles que aceitam essa imposição do Governo Federal, que afetará drasticamente a autonomia universitária, precarizará as condições de trabalho e estabele-cerá um sentido de mercantilização para a saúde pública e, de outro lado,

aqueles que se opõem à EBSERH, defendendo a necessidade de resol-ver os problemas encontrados nos HUs, o constante aprimoramento da gestão pública dos hospitais e, subs-tancialmente, uma saúde 100% pú-blica com o financiamento público necessário.

O Conselho Universitário (Con-sun) da UFU enfrentará o deba-te sobre a EBSERH, que, além de ser tratada pelo Governo Federal de forma impositiva, possui um teor inconstitucional, visto que essa em-presa expressa uma prática política que fere a autonomia administrativa e de gestão financeira das universida-des. A EBSERH afeta também o cará-ter público e gratuito do HCU/UFU e, por mais que a Lei 12.550/11 afir-me que a empresa “prestará serviços gratuitos de assistência médico-hos-

pitalar” garantindo a “autonomia universitária” e também que “as ati-vidades de prestação de serviços de assistência à saúde estarão inseridas integral e exclusivamente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)”, esses princípios estão concretamen-te ameaçados, se considerarmos que essa mesma lei estabelece uma es-trutura de metas de desempenho aos HUs e que o resultado disso será um fator para organizar o melhor apro-veitamento dos recursos.

Para demonstrar que é nula a ideia de que as atividades desenvol-vidas pela EBSERH estarão inseridas exclusivamente no âmbito do SUS, basta analisarmos o Artigo 8º, o qual afirma de forma vaga que constituem recursos da EBSERH “as aplicações financeiras que realizar”, “acordos e convênios que realizar com entida-des nacionais e internacionais”, “ren-das provenientes de outras fontes” e outros. Mais um elemento que de-monstra que a EBSERH extrapolará o âmbito do SUS, abrindo espaço para a iniciativa privada dentro dos HUs, é que, além de essa empresa se con-figurar como pública com persona-lidade jurídica de direito privado, o Decreto nº 7.661 de 28/12/2011, que aprova o Estatuto Social da EBSERH, confere a ela condição de Sociedade

Anônima. Da mesma forma que o § 2º do Artigo 1º da Lei 12.550/11, o Artigo 2º do Estatuto Social autoriza a EBSERH a criar subsidiárias para o desenvolvimento de atividades ine-rentes ao seu objeto social. Dessa for-ma, o ordenamento jurídico faz com que a EBSERH, em virtude da per-missão de criar subsidiárias, tenha a perspectiva de desenvolver ativida-des que visam ao lucro, devido à sua natureza econômica.

A Lei 12.550/2011 é bastante con-traditória, tem artigos conflitantes e não apresenta uma segurança políti-ca e jurídica para a manutenção do caráter público dos HUs, vinculados 100% ao SUS. Não temos motivos para aceitar a EBSERH, sabendo que essa empresa não resolverá os pro-blemas já existentes no HCU/UFU e, além disso, provocará o surgimen-to de novos problemas em virtude do processo de avanço da mercantiliza-ção da estrutura administrativa dos hospitais universitários!

Esse breve texto tem como objeti-vo contribuir com o debate na UFU a respeito da EBSERH. No site da Dire-toria de Comunicação da UFU cons-ta o texto completo de minha autoria com um debate mais amplo, demons-trando os prejuízos da EBSERH. Aces-se www.dirco.ufu.br/node/5499.

Um breve comentário sobre a EBSERH

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SIC

A

Um palco de teste para expressão musical

“Uma experiência rica”, assim o estudante Hebert descreve sua participação no Prelúdio

O curso de Música oferece habilitações em Flauta Doce, Flauta Transversal, Percussão, Piano, Saxofone, Trombone, Trompete,

Viola, Violão, Violino, Violoncelo e Canto. As apresentações do Projeto Prelúdio são abertas à comunidade e acontecem toda terça-feira (durante o período letivo), das 18h às19h, na Sala Camargo Guarnieri, no Bloco 3M, Campus Santa Mônica.

Assim como a definição de pre-lúdio – peça musical, escrita ou im-provisada, que serve de introdução a uma composição vocal ou ins-trumental –, o projeto do curso de Música da UFU, que recebe a mes-ma denominação, tem se mostrado como um palco de experimentação, onde as emoções comuns a quem está entrando no mundo artístico são permitidas. Idealizado pelas pro-fessoras Rosiane Lemos, de piano, e Paula Callegari, de flauta doce, o Pre-lúdio é referência como espaço para amadurecer a produção do curso.

O projeto foi criado em 1999 para atender a uma demanda do curso. “Quando entramos aqui, não exis-

tia um espaço que desse visibilidade para o aluno. Aí, pensamos: uma es-cola que não toca não é uma escola de música. Então nos juntamos e es-crevemos o projeto que está até hoje e serve como uma vitrine do curso de Música”, explica Paula Callegari.

O Prelúdio propõe audições se-manais na Sala Camargo Guarnieri. Em oito minutos de apresentação, cada estudante mostra um pouco do que tem feito dentro da sala de aula. Por noite, apresentam-se em média sete alunos. “É uma ideia que já ‘pe-gou’. Está no cotidiano dos alunos do curso de Música. O grande desejo é que [o projeto] se torne conhecido na comunidade universitária”, conta a professora Rosiane Lemos.

Cursando Música desde o primei-ro semestre de 2013, Hebert Rodri-gues, estudante de piano, ainda se lembra do nervosismo da primeira apresentação. Uma participação que trouxe emoções, até então, desconhe-cidas. “Foi uma experiência rica. No momento em que comecei a tocar, experimentei a música, o tempo pas-

sou. A sensação foi como se estivesse em outra esfera”, recorda.

O que se pretende com o projeto, segundo as idealizadoras, é propor-cionar um crescimento na perfor-mance musical do estudante. No palco, ele mostra sua música, envol-vendo controles técnico, musical e emocional. “Aqui ele tem, toda sema-na, a oportunidade de se testar. Aqui ele pode errar”, explica a professora de piano. O momento é também de ampliar a cultura musical. “É uma forma de acrescentar, no seu filtro musical, mais uma obra, um com-positor, e não só isso, os colegas que estão ouvindo têm oportunidade de ampliar o conhecimento musical do

repertório. Hora de o professor ava-liar o progresso do aluno”, reforça.

Edições especiaisEventualmente, o projeto recebe

também as chamadas “edições espe-ciais”. Nesse caso, são convidados para subir ao palco trabalhos conso-lidados: professores ou alunos que fa-zem concertos completos, trabalhos já premiados ou contemplados com mobilidade, ou mesmo grupos que se preparam para turnês ou concertos. “O formato do projeto é maleável, depende do que ‘anda’ acontecendo pelo curso, e tem esse caráter: pode ser tanto de alunos como de profes-sores”, ressalta Paula Callegari.

Projeto Prelúdio

texto Eliane Moreirafoto Paulo Augusto

SOBREO CURSO