2 - gil vicente - biografia

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  • 8/8/2019 2 - Gil Vicente - biografia

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    Gil Vicente veio escola

    Biografia

    O meu nome Gil Vicente e vivi em Portugal nos sculos XV XVI, nasci emmeados do sculo XV e faleci no sculo seguinte em 1540. Aqueles que mais tardeviriam a ocupar-se da minha vida os meus bigrafos viram-se em srios embaraospara sab-lo, visto que no conseguiram obter documentos seguros a meu respeito.

    De qualquer modo, vou, para que a minha apresentao seja mais completa,dizer-vos que nasci em Portugal por volta de 1465, mas ningum tem a certeza da data,nem do local onde nasci, possivelmente em Guimares, nem to-pouco da minhaactividade antes de me tornar dramaturgo da corte, talvez ourives ou sapateiro. Mas, noso estes os aspectos mais importantes da minha vida, por isso, no sou eu quem vosdir se verdade ou mentira tudo quanto se escreveu sobre a data e o local do meunascimento, nem sobre a minha actividade profissional.Afinal, se hoje sou conhecido, tal se deve minha obra - o teatro - e no minhavida como pessoa.

    Desde sempre o teatro esteve presente na vida do ser humano. Se pensarem novosso dia-a-dia, vero que representam muitas vezes, por exemplo quando imitamalgum, quando fingem alguma coisa, quando querem agradar a algum Representar faz parte da natureza humana.

    O teatro ter surgido ligado a danas na Pr-Histria. Esta forma foi evoluindoat que comearam a aparecer, por exemplo, na civilizao greco-latina, textosdramticos j muito elaborados. Querem saber uma coisa interessante? Uma curiosidadeligada ao teatro da poca greco-latina diz respeito ao facto de os actores representaremcom mscaras. Esses actores, imaginem, eram os Hipcritas, ou seja, aqueles quepunham e tiravam a mscara. Esta palavra evoluiu semanticamente e, hoje, uma pessoahipcrita, como sabem, no j um actor de teatro que usa uma mscara, mas algumque adopta na sua vida um princpio de falsidade, que usa muitas mscaras, nosentido figurado da palavra.

    Na Idade Mdia h tambm registo de vrios textos dramticos, mas todosligados a representaes litrgicas e religiosas. Essas composies eram feitassobretudo para celebrar momentos importantes, como o Natal e a Pscoa.

    Em Portugal, o teatro teve um grande desenvolvimento, no sculo XVI, segundodizem, graas a mim.

    frequente designarem-me como sendo o pai do teatro portugus. Serverdade? Terei sido, eu, o primeiro dramaturgo em Portugal?Garcia de Resende, um escritor que viveu depois de mim, faz referncia numa

    das suas obras ao facto de eu ter sido a primeira pessoa a representar peas de teatro emPortugal. Mas isto no significa que seja eu realmente o fundador do teatro portugus,no acham? Provavelmente, e apesar de no haver documentos comprovativos, teroexistido manifestaes teatrais anteriores, s quais eu fui certamente colher inspirao.

    Muitos estudiosos consideram-me um grande dramaturgo, ou melhor um poeta-dramaturgo. Dramaturgo por ser criador de teatro; e poeta porque a minha obra escritaem verso. E afirmam que, com as minhas obras, o teatro em Portugal ganhou uma novaforma, um novo impulso.

    A primeira pea que escrevi e encenei, em 1502, foi o Auto da Visitao, maisconhecida por Monlogo do Vaqueiro. Esta pea foi feita para celebrar o nascimento do

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    prncipe D. Joo III e agradou muito rainha D. Leonor, que se tornou minhaprotectora.

    Eu alcancei um grande prestgio dentro da corte, o que foi muito importante parapoder fazer as minhas stiras sociedade em que vivia sem ser castigado. Tornei-me

    organizador das festas, preparando peas de teatro, sempre que havia algo de importantea festejar. A minha ltima pea foi representada em 1536 e chamava-se Floresta deEnganos: Como podem ver, estive ao servio da corte cerca de trinta e cinco anos.Muito tempo, hem?

    Nas minhas obras critico a sociedade do meu tempo, pondo a descoberto muitosdos vcios e hbitos das vrias classes sociais. Por isso, muitos consideram a minha obracomo um espelho, porque reflecte fielmente a sociedade do sculo XVI.

    Uma das caractersticas das minhas obras o recurso apersonagens-tipo . Nofaam essa cara, eu vou j explicar! As minhas personagens no so individuais, masrepresentam sempre um grupo, uma classe social, uma profisso, e so uma sntese (umresumo, esto a ver?) dos defeitos e virtudes desses grupos. Desta forma, eu satirizava(criticava) a sociedade sem atacar directamente qualquer pessoa em particular. Aexpresso latinaridendo castigat mores , que significa a rir que se castigam oscostumes, foi o princpio que eu apliquei minha stira atravs do cmico,provocando o riso no pblico, eu denunciava os erros de cada classe social.

    Agora vou despedir-me, gostei muito de conversar convosco, espero que leiamalgumas das minhas obras e que se divirtam tanto como eu me diverti a escrev-las e arepresent-las.Ah! Peam aos vossos professores que vos levem ao teatro. Que tal oAuto da Barca do Inferno! Aposto que vo gostar!

    Prof. Maria Filomena Ruivo Ferreira Santos