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JULHO/AGOSTO de 2009 I NFORMATIVO DA F UNDAÇÃO C ARLOS A LBERTO V ANZOLINI - D EPARTAMENTO DE E NGENHARIA DE P RODUÇÃO - E SCOLA P OLITÉCNICA - USP ANO XVI n° 81 em foco em foco 2 5 6 7 ENTREVISTA DESTAQUE DESTAQUE SOLUÇÃO SOLUÇÃO UP GRADE UP GRADE ENTREVISTA Medicina do futuro Especialistas explicam por que Laboratório Central do HC tornou-se referência para a área Carreira em ascensão CEAI promove palestras gratuitas sobre temas ligados a novas competências gerenciais Negociação eficiente Metodologia Seis Sigma auxilia hospital a tratar divergências com operadoras de saúde Organizações saudáveis Artigo analisa as vantagens de empresas do setor de saúde em que TI é opção estratégica VANGUARDA EM DIA LEITURA VANGUARDA EM DIA LEITURA A avaliação possível Vice-presidência da IQNet . Reforma digital . Encontro pela educação . Novo livro Resenha: Inovação: Estratégias e Comunidades de Conhecimento

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Page 1: 2 ENTREVISTA Medicina do futuro Carreira em ascensão · na Física e de Reabilitação (IMREA), Hospital Auxiliar de Suzano, Hospital Auxiliar de Cotoxó, Casa da Aids, La- boratórios

JULHO/AGOSTO de 2009

INFORMATIVO DA FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOL IN I - DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO - ESCOLA POL ITÉCNICA - USP

ANO XVI n° 81

em fo

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foco

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ENTREVISTA

DESTAQUEDESTAQUE

SOLUÇÃOSOLUÇÃO

UP GRADEUP GRADE

ENTREVISTA

Medicina do futuro

Especialistas explicam por que Laboratório

Central do HC tornou-se referência para a área

Carreira em ascensão

CEAI promove palestras gratuitas sobre temas

ligados a novas competências gerenciais

Negociação eficiente

Metodologia Seis Sigma auxilia hospital a

tratar divergências com operadoras de saúde

Organizações saudáveis

Artigo analisa as vantagens de empresas do

setor de saúde em que TI é opção estratégica

VANGUARDA

EM DIA

LEITURA

VANGUARDA

EM DIA

LEITURA

A avaliação possível

Vice-presidência da IQNet . Reforma digital . Encontro pela educação . Novo livro

Resenha: Inovação: Estratégias e Comunidades de Conhecimento

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ENTREENTREvista

Vanzolini em Foco – Qual é a estru-tura física do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo? Nairo Massakazu Sumita – O comple-xo hospitalar tem 2.200 leitos, distribu-ídos entre sete institutos especializados no atendimento de alta complexidade, dois hospitais auxiliares, duas unidades especializadas, além das unidades ad-ministrativas. São eles: Prédio da Ad-ministração, Instituto Central (ICHC), Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT), Instituto de Psiquiatria (IPQ), Instituto da Criança (ICr), Instituto do Coração (InCor), Instituto de Ra-diologia (InRad), Instituto de Medici-na Física e de Reabilitação (IMREA), Hospital Auxiliar de Suzano, Hospital Auxiliar de Cotoxó, Casa da Aids, La-boratórios de Investigação Médica, Centro de Convenções Rebouças e Escola de Educação Permanente. Re-centemente, o Hospital das Clínicas assinou um termo de cooperação com a Fundação Faculdade de Medicina e a Faculdade de Medicina da Universi-dade de São Paulo, estabelecendo um intercâmbio de conhecimentos entre os participantes, no âmbito de suas especialidades e capacidades técnicas, na implementação e operacionalização das atividades assistenciais, de ensino e pesquisa com o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.

VF – Como o Laboratório Central se inse-re nesse complexo hospitalar?NMS – A Divisão de Laboratório

Central (DLC) é o principal labora-tório clínico do complexo. O hospital tem um superintendente, que res-ponde a um Conselho Deliberativo, formado por um grupo de professores titulares da Faculdade de Medicina. O conselho estabelece as diretrizes que norteiam o funcionamento do hospi-tal. A execução fica a cargo do supe-rintendente, responsável pelo geren-ciamento dos diversos institutos. Cada instituto tem um diretor executivo e as suas respectivas divisões. O Labo-ratório Central é uma divisão atrelada ao Instituto Central. É considerado um laboratório terciário, ou seja, um laboratório especializado, que executa desde exames mais simples até os de maior complexidade.

VF – Em que ponto está o laboratório em relação aos avanços tecnológicos na área?Maria Elizabete Mendes – Temos aqui instaladas tecnologias de última geração semelhantes àquelas presen-tes nos laboratórios de referência in-ternacional. Os exames são realizados em equipamentos automatizados, com elevado nível de qualidade e exatidão. Recentemente, instalamos um equipa-mento responsável pelo processamen-to inicial dos tubos contendo o sangue do paciente previamente à análise. No jargão do laboratório denominamos de fase pré-analítica, a qual era um proce-dimento tipicamente manual e depen-dente de inúmeros funcionários. Hoje, o referido equipamento executa a ativi-dade automaticamente, resultando em

maior produtividade e rapidez na libe-ração dos resultados dos exames.

VF – Quais são as áreas de atuação do laboratório e seus objetivos?MEM – Temos como objetivo ser um laboratório de referência em ensino, pesquisa e assistência, nossa razão de ser está vinculada a esses critérios. NMS – Vamos falar um pouco de en-sino. Como estamos em um hospital universitário, temos a participação no curso de graduação, na disciplina de patologia clínica – a especialidade mé-dica que trabalha na área laboratorial. Além disso, temos a residência médica em patologia clínica e os estágios para outros profissionais da área da saúde. A área diagnóstica é a que mais evolui na medicina. Na verdade, acompanha a ve-locidade da evolução do conhecimento médico. Outro ponto importante é que hoje a medicina laboratorial tem a ca-pacidade de incorporar rapidamente as novas ferramentas e tecnologias desen-volvidas pela informática e robótica. No entanto, um grande salto foi alcançado pelo laboratório clínico após a incorpo-ração das técnicas moleculares, o qual permitiu incorporar os estudos de na-tureza genética dentro da rotina labora-torial. Diversas doenças que há pouco tempo eram consideradas de diagnós-tico clínico complexo, atualmente podem ser facilmente caracterizadas, laboratorialmente, através da pesquisa de mutações genéticas. Felizmente, o intervalo entre o descobrimento dessas novas técnicas, a otimização e a incor-

Especialistas na área de patologia clínica, os entrevistados desta edição do Vanzolini em Foco estão à frente de um projeto de mudanças profundas na gestão na Divisão de Laboratório Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Só para dar uma ideia da estrutura necessária, o laboratório ocupa uma área de 5 mil metros quadrados, atende em

média 3,5 mil pacientes por dia e realiza 7,5 milhões de exames por ano. Foi justamente sobre os desafios de levar a divisão ao posto de referência no âmbito do atendimento, ensino e pesquisa que o doutor Nairo Massakazu Sumita, diretor do Serviço de Bioquímica Clínica da Divisão de Laboratório Central do HC, e a doutora Maria Elizabete Mendes, chefe da Seção Técnica da Bioquímica de Sangue no mesmo laboratório, falaram no bate-papo. Os médicos também comentaram a parceria de longa data com a Fundação Vanzolini e os resultados dos projetos de aplicação da metodologia Seis Sigma, desenvolvidos sob orientação da entidade. A seguir, os melhores trechos.

Laboratório Central do Hospital das Clínicas investe na modernização do sistema de gestão e em alta tecnologia para se equiparar aos melhores do mundo em sua área

Ciência de ponta

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“O investimento em pesquisa na instituição

pública universitária é fundamental”

poração na rotina diária do laboratório está cada vez mais curto. MEM – Esse é um grande desafio que assumimos no Laboratório Central, ou seja, formar profissionais com elevada capacitação, e também estimular os profissionais que já atuam no laborató-rio para esta nova realidade.

VF – Parece que mudou o tipo de risco a que esse trabalho está sujeito. Antes o risco era de diagnóstico. Hoje quais são os riscos?MEM – Um dos aspectos que abor-damos no nosso projeto é a gestão dos riscos. Prioritariamente, definimos três tipos de abordagens. A primeira diz respeito à minimização do risco para o paciente, o qual constitui a principal justificativa para o processo de mudança no Laboratório Central. Nesse contex-to, disponibilizamos aos clientes as tec-nologias mais avançadas existentes no mercado e implantamos as mais moder-nas práticas de gestão. O segundo ponto diz respeito às ações para abolir os riscos para a imagem da instituição, haja visto fazermos parte de uma instituição pú-blica de referência. Finalmente, a ter-ceira abordagem está voltada para a pre-venção dos riscos ocupacionais. Assim, o nosso trabalho ao longo dos últimos 12 anos vem sendo muito focado para os nossos clientes: o corpo clínico, os pes-quisadores dos diferentes laboratórios de pesquisa e os pacientes usuários do nosso serviço. A conquista das certifica-ções do sistema de gestão da qualidade pelas normas NBR ISO 9001:2008 e do sistema de gestão ambiental pelas nor-mas NBR ISO 14001 muito contribuiu para a alcançarmos os objetivos estabe-lecidos. Além das certificações, somos um laboratório acreditado pela Socieda-de Brasileira de Patologia Clínica/Me-dicina Laboratorial e credenciado para fornecer suporte a protocolos interna-cionais pelo National Institutes of Health, dos Estados Unidos. Atualmente, es-tamos nos preparando para a obtenção da acreditação pelo College of American Pathologists, também dos Estados Uni-dos. Muito se ouve falar que serviço pú-blico de saúde é ineficiente. Há muito tempo já quebramos esse paradigma.

VF – Quando começou esse projeto de mu-dança estratégica do Laboratório Central? MEM – Em 1995 começamos a propor diretrizes estratégicas para o Laborató-rio Central. Introduzimos a gestão por processos no ano de 2001. Atualmente

temos 21 macroprocessos no laboratório. Quando iniciamos o projeto visando à certificação ISO, fomos ao professor Jo-aquim [José Joaquim do Amaral Ferreira, diretor de certificação da Vanzolini], o qual nos identificou dentro do nosso sistema, ainda imaturo, os tópicos que necessi-tavam de uma abordagem mais apro-fundada. Muito trabalho e dedicação fo-ram necessários para a implantação das mudanças requeridas. No ano de 1997, obtivemos a primeira certificação pela Fundação Vanzolini. No decorrer dos anos, evoluímos nos conceitos e conse-guimos implantar e acompanhar diver-sos indicadores de desempenho. No entanto, sentimos a necessidade de im-

plantar novos métodos para incrementar os nossos indicadores de desempenho. O professor Rotondaro [Roberto Gilioli Rotondaro, membro do Conselho Curador da Fundação Vanzolini] e a professora Marly [Marly Monteiro de Carvalho, do Departamento de Engenharia de Produção da Poli-USP] foram vitais nessa fase de evolução do nosso sistema de gestão da qualidade. Elaboramos um projeto con-junto de implantação da métrica Seis Sigma. Conseguimos formar 28 green belts e desenvolver 12 projetos no período de 2 anos. Entre eles, projetos ligados à au-tomação laboratorial e o incremento na qualidade da análise laboratorial. Um deles foi desenvolvido na área de gestão de resíduos. Ao final, elevamos o mon-tante de resíduos químicos e biológicos provenientes dos analisadores automa-tizados, extremamente nocivo ao meio ambiente e altamente contaminante, de 200 quilos por mês para 4.500 quilos por mês. Esse material, previamente ao projeto, não tinha uma destinação ade-quada. Visando a implantação de prá-ticas sustentáveis, a DLC agregou um programa de gestão ambiental, aliada à responsabilidade social e a busca da ecoeficiência. Trata-se de um projeto

pioneiro em nosso país no âmbito dos serviços de saúde pública.

VF – Quais os próximos passos nesse cená-rio tão dinâmico e como fazer para manter as conquistas?MEM – Após 65 anos de existência, o primeiro Professor Titular da Discipli-na de Patologia Clínica da Faculdade de Medicina da USP, Prof. Dr. Alberto José da Silva Duarte, assumiu o coman-do da Divisão de Laboratório Central. O grande desafio, no nosso entender, é consolidar a DLC como laboratório de excelência e de referência nacional e internacional nas três vertentes clássicas de uma instituição universitária: ensino, pesquisa e assistência. NMS – Antes da nossa primeira certifi-cação, a DLC havia perdido um pouco da característica de um laboratório ino-vador, formadora de opinião e de massa crítica. Isso vem sendo resgatado ao lon-go desses anos. O grande desafio do ser-viço público em relação ao privado é o fato do nosso compromisso estar focado no uso racional e eficiente do dinheiro público, oferecendo a melhor tecnolo-gia disponível, e na manutenção de uma elevada qualidade do serviço prestado à população, com um nível de eficiência igual ou superior àquela observada na iniciativa privada. Para a nossa satisfa-ção, estamos conseguindo atingir esses objetivos. Um segundo desafio diz res-peito ao desenvolvimento da pesquisa. Investimento em pesquisa é oneroso, e o retorno nem sempre garantido. Porém, o investimento em pesquisa na institui-ção pública universitária é fundamental para formação de profissionais de alto ní-vel e o reconhecimento da excelência a nível nacional e internacional. A acredi-tação pelo College of American Pathologists é fundamental, pois irá nos habilitar a participar de grandes projetos de pes-quisa internacionais. Esse é um grande desafio para nós, pois a acreditação por um organismo internacional permite a nossa inserção no rol dos laboratórios de primeira linha, habilitados a parti-cipar dos grandes projetos de pesquisa internacionais. O momento crucial da pesquisa por novos produtos na área médica é a fase da concepção. Trata-se de uma fase de grandes investimentos, e confere credibilidade ao grupo que iniciou o projeto. Entendemos a necessi-dade de exercitar a nossa visão de futuro, vislumbrando a inserção de nosso serviço nesses grupos. Chegaremos lá.

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Em diaEm diaPALAVRA DO PRESIDENTE

Há alguns anos, a Fundação Vanzo-lini elegeu a área da saúde como um

dos focos relevantes de atuação da entidade. Desde então, vem se dedicando a difundir as melhores práticas em organizações de saúde, apresentando ferramentas da Engenharia de Produção e sua importância nesse contexto.

Das várias iniciativas da Vanzolini, merece destaque uma envolvendo hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). Visando contribuir para o objetivo maior da melhoria da qualidade da saúde pública, a entidade selecionou e apoiou quatro projetos coordenados por professores da Engenharia de Produção da Poli-USP, e im-plantados no Hospital Universitário da Univer-sidade de São Paulo, Hospital A.C. Camargo, da Fundação Antonio Prudente, Hospital do Servidor Público Municipal e no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Univer-sidade de São Paulo, entre 2007 e 2008.

O balanço é altamente positivo: as organi-zações de saúde tiveram oportunidade de de-senvolver projetos que acarretaram melhorias significativas em vários setores, como fluxo de atendimento, operações, saúde dos traba-lhadores e tecnologia da informação. Nesta edição do Vanzolini em Foco, entre outros textos dedicados à área de saúde, dois exem-plos dessas iniciativas bem-sucedidas são de-talhados. Uma entrevista com dois médicos patologistas do Laboratório Central do Hos-pital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP esclarece como ferramentas de ges-tão têm contribuído para que a divisão ocupe a atual posição de referência em sua área de atuação. Também são apresentados os resul-tados do projeto de aplicação da metodologia Seis Sigma em alguns departamentos do Hos-pital A.C. Camargo. Os ganhos em eficiência – e mesmo financeiros – para o hospital fazem dessa parceria um verdadeiro estudo de caso.

A Fundação Vanzolini também saiu ganhan-do, pois a relação estreita com o ambiente complexo dos hospitais alimentou pesquisas na universidade, gerou artigos acadêmicos e fez com que a entidade tivesse provas de que está trilhando o caminho certo.

Dando continuidade a essa linha de ação e consciente de seu papel na sociedade, a Van-zolini tem direcionado esforços para estabe-lecer novas parcerias com organizações de saúde visando à realização de cursos, inclu-sive in company, e outros projetos na área. Com isso, pretende seguir desempenhando seu papel de elo de ligação entre o conheci-mento acadêmico e a aplicação prática, volta-da para o desenvolvimento do país.

Mauro ZilboviciusPresidente da Diretoria Executiva

Encontro pela educação

O seminário Engenharia Comunitária em Escala, ocorrido em 16 de setembro, no Auditório Mário Covas, na Poli-USP, comemorou os 12 anos da Associação Cidade Es-cola Aprendiz, parceira da Fundação Vanzolini no Curso

de Capacitação em Engenharia Comunitária. Entre os presentes à aula especial do curso, estiveram o presidente da Fundação, Mauro Zilbovicius, o coordenador do curso e diretor da entidade, Mauro Spinola, além do jornalista Gilberto Dimenstein, fundador do Aprendiz, e convidados, que apresentaram exemplos de mobilização do poder público, iniciativa privada, organizações sociais e outros atores por meio da articulação comunitária. A primeira ação foi apresentada pela diretora de Educação Integral do Ministério da Educação (MEC), Jaqueline Moll, que tratou do programa Mais Educação, cujo objetivo é ampliar a jornada escolar na perspectiva da educação integral. Para falar de experiências cariocas, vie-ram o assessor da Secretaria Municipal de Educação e gestor do projeto Escolas do Amanhã (baseado no conceito de Bairro Educador), Luiz Eduardo Conde, e a gestora do Aprendiz no Rio de Janeiro, Heloísa Mesquita. No encerramento, o secretário de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, entregou o prêmio Educador Inventor Aprendiz 2009 ao engenheiro Sérgio Freitas, responsável pelo Espaço Catavento, localizado no antigo Palácio das Indústrias, no centro de São Paulo.

Vice-presidência da IQNet

O diretor de certificação da Fundação Vanzolini, José Joaquim do Amaral Ferreira, é o novo vice-presidente da IQNet – The International Certification Network, rede internacional de enti-dades certificadoras que engloba mais de 150 países. O professor acumula na associação o cargo de chairman do comitê de avaliação dos membros e de admissão de novos associados. O mandato é de dois anos e entre suas funções estão a programação de todas as auditorias dos membros, treinamento de auditores responsáveis pela auditoria dos pares e avaliação dos pedidos de novos associados. A IQNet é a maior associação de certificadoras do mundo, e a Vanzolini, como associada, emite certificados de reconhecimento internacional. “O certifi-cado da IQNet é visto na maioria dos países como símbolo de qualidade na certificação e de que a organização que o detém possui um sistema sério”, informa Amaral Ferreira.

Novo livro

João Amato Neto, professor titular do Departamento de Engenharia de Produção da Poli-USP, recebeu convidados para o lançamento do livro Gestão de Sistemas Locais de Produção e Inovação (Clusters/ APLs): Um Modelo de Referência, em 17 de setembro, na Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos, em São Paulo. O título da Editora Atlas é resultado de um projeto de pesquisa patrocinado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), desenvolvido entre os anos de 2006 e 2008. Na obra, Amato Neto trata da configuração do fenômeno

produtivo dos clusters, arranjos produtivos locais (APLs) ou, ainda, sistemas locais de produção e inovação (SLPIs), com base na realidade de 23 clusters do estado de São Paulo e cobrindo dez setores da atividade produtiva. A análise enfoca desde aspectos gerenciais e institucionais, até as implicações sociais, geográficas e ambientais decorrentes dessa forma de organização industrial.

Reforma digital

Em agosto foi firmada uma parceria entre a Fundação Vanzolini e o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp) para o desenvolvimento de um Plano Diretor de Tecnologia da Informação, visando à modernização do sistema usado pela autarquia. O trabalho prevê ainda um sistema de monitora-mento das seccionais por meio da internet e maior mobilidade e confidencialidade no gerenciamento da informação. O projeto é fruto do sucesso de iniciativa similar realizada para o Conselho Federal de Odontologia (CFO). “Um ano atrás, fomos procurados pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) para fazer um Plano de TI para a atualização do sistema usado, considerado obsoleto”, explica o professor Marcelo Schneck de Paula Pessôa, membro do Conselho Curador da Fundação Vanzolini e coordenador dos dois projetos. “Vamos fazer uma espécie de reforma tecnológica nos Conselhos de São Paulo e Federal. No Federal faremos a implementação do plano desenvolvido. No Regional começaremos a de-senvolver o Plano de TI. E o interessante é que tudo vai ser feito com software livre.” Segundo Marcelo Pessôa os desafios são fazer um sistema novo, treinar a equipe para não só conhecer o sistema, mas também dominá-lo e conseguir coordenar as evoluções na TI.

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Os profs. Laerte Idal Sznelwar, Fausto Leopoldo Mascia e Seiji Uchida pu-blicaram um capítulo no livro Évaluation du Travail, Travail D’évaluation (Toulouse: Octares, 2008), organizado pelo prof. François Hubault, que

trata da questão da avaliação do trabalho sob diferentes ângulos. Nessa obra há con-tribuições de pesquisadores que focam principalmente a questão do trabalho, com diferentes inspirações. Merecem destaque os pontos de vista da ergonomia da ativi-dade e da psicodinâmica do trabalho, sem esquecer de aspectos ligados à economia, à produtividade, à relação com os espaços de trabalho e de produção.

No caso do capítulo citado, há um debate sobre a questão de como se pode ava-liar um trabalho que, por essência, é muito amplo e requer que os trabalhadores se envolvam de tal maneira com sua atividade que, muitas vezes, o próprio espaço da vida privada fica comprometido. A relação com o tempo e com o espaço onde atuam os trabalhadores, no caso os Agentes Comunitários de Saúde do Programa Saúde da Família, em muito extrapola os limites de um local, pois sua ação se estende ao longo da área sobre a qual eles têm responsabilidade, inclui os espaços privados das famílias, as áreas públicas, as suas próprias residências, a unidade de saúde. Além disso, a sua ação cobre tempos diferentes, como os horários de trabalho propria-mente ditos e os horários fora de trabalho nos quais podem desenvolver alguma ação profissional. Outro aspecto substantivo é que esses trabalhadores se ocupam de todo o ciclo de vida das famílias, incluindo os nascimentos e as mortes.

Avaliar esse tipo de trabalho com métodos tradicionais que, inclusive, tendem a avaliar mais o desempenho individual, isto é, os resultados de cada um, sem con-siderar os esforços e a importância do fortalecimento das equipes, parece muito temerário. As consequências desse tipo de avaliação já se fazem sentir de maneira muito negativa em diferentes setores da economia. É notória a crescente expressão de sofrimento psíquico por meio de afastamentos por depressão e mesmo de casos de suicídio. Portanto, devem-se propor alternativas à avaliação do trabalho que conside-rem a realidade do trabalho individual e coletivo, sua beleza e sua utilidade.

A avaliação possível

DESTAQUEDESTAQUE

VANGUARDAVANGUARDA

Há mais de 30 anos preparando pro-fissionais de organizações da área in-dustrial, o Curso de Especialização

em Administração Industrial (CEAI), ofere-cido pela Fundação Vanzolini, já formou mais de 12 mil pessoas, que hoje ocupam cargos de destaque em empresas nacionais e mul-tinacionais. “A história do CEAI se confun-de com a da Fundação Vanzolini, pois esse curso foi o primeiro grande projeto destinado a congregar o conjunto dos professores do Departamento de Engenharia de Produção da Poli-USP”, afirma o coordenador do curso, professor João Amato Neto. “E ele se tornou o mais conhecido curso de es-pecialização em administração industrial do país”, completa o vice-coordenador, professor Reinaldo Pacheco da Costa.

Com o objetivo de promover a extensão de serviços à comuni-dade, uma das principais funções da universidade, a atual coor-denação do CEAI vem organizando, desde março, uma série de palestras gratuitas sobre temas atuais e de grande interesse dos profissionais da área, tais como: Plano de Negócios; Planejamen-to de Carreiras; Negociação e Comunicação. “Além disso, temos a intenção de propiciar um momento de confraternização entre alunos, ex-alunos e possíveis interessados no curso”, diz Amato

Neto. “Cabe destacar um fato notável quanto à principal fonte de informação referente ao curso. A maioria dos novos alunos conhece o CEAI através de outros colegas, amigos e até mesmo por intermédio de seu superior imedia-to na empresa, todos eles egressos do CEAI.”

Com a missão de atender uma demanda de profissionais que buscam desenvolver no-vas competências gerenciais, tendo em vista a evolução da própria carreira, o CEAI, do ponto de vista da estrutura curricular, vive um permanente processo de renovação, para

se adaptar às necessidades do mercado de trabalho. “Nesse sentido, novas disciplinas relativas à economia brasileira e in-ternacional, sustentabilidade e produção, gestão de projetos, entre outras, estão sendo incorporadas à grade”, detalha Ama-to Neto. “Uma característica a ser destacada é que o CEAI possibilita ao aluno combinar uma série de disciplinas em uma grade individual”, acrescenta Pacheco.

Novas palestras deverão ser programadas nos próximos me-ses. Para saber quando e onde a próxima vai ocorrer, assim como obter mais informações sobre o CEAI, inclusive sobre inscrições, abertas até o início de janeiro de 2010, visite o por-tal da Fundação Vanzolini: www.vanzolini.org.br

Profissionais bem preparadosCEAI promove encontros gratuitos sobre temas essenciais a profissionais da área industrial

O professor Roberto Lang durante a palestra

Conflito e Negociação

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Realizado com apoio da Fundação Vanzolini, o projeto Lean Seis Sigma no Hospital A.C. Camargo gerou vários frutos para a organização de saúde. Depois

de dois anos de trabalho, o balanço é muito positivo: além de pelo menos 15 green belts treinados na instituição, foram levadas adiante quase dez iniciativas de aplicação da meto-dologia, com resultados expressivos. “O Hospital A.C. Ca-margo já era cliente da Fundação Vanzolini desde 2003. Para as ações mais recentes, empregamos uma verba oferecida pela Vanzolini para ser aplicada em instituições ligadas ao Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica o coordenador do projeto, professor Alberto Wunderler Ramos.

O projeto começou com um mapeamento dos macropro-cessos do hospital. Numa segunda etapa, houve a seleção das propostas internas e o treinamento na metodologia Seis Sig-

ma. “Depois disso, acompanhamos a execução das tarefas”, diz o especialista. Também participaram da iniciativa os pro-fessores Antonio Rafael Namur Muscat e Dario Ikuo Miyaki, do Departamento de Engenharia de Produção da Poli-USP, e os consultores da Vanzolini Moacir Braz e o Fernando Pavan.

Uma proposta exemplar de como a aplicação da metodolo-gia foi útil para o hospital tratou da redução de glosas aponta-das pelas operadoras de saúde. “As glosas são apontamentos de não-conformidades nas contas dos pacientes. Trata-se de uma terminologia usada na área de saúde”, esclarece Wag-ner Miranda, responsável do hospital pelo projeto.

Essa discordância pode ter várias causas. Uma delas é o lan-

çamento de medicamentos em excesso na conta do paciente ao término da internação. “Ao fechar a conta, era lançado um número maior de medicamentos do que o que paciente havia de fato tomado. Em outros casos, o paciente precisava tomar a quantidade lançada, mas a operadora questionava o núme-ro: se haviam sido aplicadas cinco ampolas de medicamento oncológico, a operadora dizia que só pagaria duas”, diz Wag-ner Miranda. “Isso fazia com que a conta glosada do paciente retornasse ao hospital, fosse analisada por um auditor médico nosso, e também por um auditor da operadora, e começava a discussão sobre a justificativa do uso do medicamento.” En-quanto a situação não era resolvida, não havia pagamento.

O início das atividades foi marcado pelo levantamento dos dados. “Quantificamos e qualificamos esses problemas, durante três meses”, continua Wagner. “No primeiro mês

do trabalho, a questão de medicamentos lançados em excesso nas contas dos pacientes representava 57% do montante dos problemas levantados. Só para dar uma ideia, o impacto financeiro do total de glosas era em torno de 393 mil reais mês.”

Depois de destacados focos de glosas, era preciso identificar a sua causa raiz. “No caso dos medicamen-tos, descobrimos que determinada operadora estava pagando a fração do remédio usado, por exemplo, duas ampolas e meia. Só que isso não estava estabelecido em contrato conosco. E a gente cobrava a ampola in-teira, seguindo o contrato.”

O passo seguinte foi estabelecer algumas ações corre-tivas e acompanhá-las. Para minimizar o problema dos

medicamentos lançados em excesso, uma das iniciativas foi a revisão do contrato com a operadora. “Essa negociação demo-rou meses até chegar a um consenso”, diz Miranda. “Porém, o acordo reduziu drasticamente o problema das glosas. Esta-beleceu-se que o pagamento seria para a fração do remédio utilizado. Com isso, o índice caiu de 57% para 3%.”

Segundo Alberto Ramos, esse e os demais projetos rea-lizados no hospital também foram muito produtivos para a Vanzolini. “Houve uma troca de experiências muito inte-ressante, pois conhecemos a operação de um hospital, pro-duzimos alguns artigos e consolidamos um material de Seis Sigma adaptado para a área de saúde.”

Aplicação da metodologia Seis Sigma auxilia hospital a solucionar divergências com operadoras de saúde

Mais eficiência na gestãoSOLUÇÃOSOLUÇÃO

Outras iniciativas de melhoria

Hospital A.C. Camargo desenvolveu outros projetos bem-sucedidos de Seis Sigma, sob orientação da Fundação Vanzolini

O Hospital A.C. Camargo desenvolveu outros projetos interessantes. Um deles possibilitou melhorar a eficiência no preparo do

centro cirúrgico para as intervenções programadas. “Quando termina uma cirurgia, existe a preparação da sala para a próxima

operação. Se se perde muito tempo nesse processo, o hospital e os pacientes saem prejudicados, pois há atrasos, o que diminui o

número de cirurgias que podem ser feitas no centro”, diz o professor Alberto Wunderler Ramos.

Outra iniciativa estava relacionada à alta tardia. “A alta do paciente tem de ser dada até o meio-dia. Se passar disso, corre mais

uma diária”, informa o professor. A operadora de saúde tem estipulado que, para determinada doença, o paciente deve ficar, por

exemplo, quatro diárias. Se o doente ficar cinco dias, é gerada uma divergência na hora do pagamento. A ideia nesse caso é melhorar

a eficiência, sem comprometer a qualidade.

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gradegradeUP

O debate sobre a utilização da Tec-nologia da Informação (TI) em organizações na área da saúde

frequentemente esbarra no paradigma de que esta é uma eterna fonte de despesas e que não há o que ser feito: mais benefícios implicam mais custos. Percebe-se que os profissionais da saúde, sejam eles das áre-as de assistência, administração ou TI, nem sempre dispõem de parâmetros para avaliar as vantagens das novas ferramentas que surgem diariamente, e é comum faze-rem juízo inadequado sobre o uso da TI.

O desalinhamento entre os profissio-nais que desenvolvem as estratégias da empresa e os profissionais das áreas de TI ainda é evi-dente em várias empresas de saúde no país. E talvez seja um ponto importante a ser estudado, facilitando a com-preensão sobre o uso da TI na saúde. Esse debate se re-nova conforme surgem novas alternativas envolvendo TI, conhecimento das ciências da saúde e prática médica.

No campo do conhecimen-to, muitas escolas de medicina buscam formas para que seus alunos se mantenham atuali-zados. Como tornar isso pos-sível, se a cada ano o número de artigos científicos na área aumenta substancialmente? Estima-se que a meia-vida da educação médica é de três a quatro anos, fazendo com que o estudante de medici-na esteja desatualizado quando ainda em residência médica. Além disso, o que será ensinado daqui a dez anos não poderia ser afirmado, pois ainda não foi descoberto. A especialização tem sido uma alternativa não suficiente, pois a obsolescência do co-nhecimento nesse campo é constante.

Instituições como a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (Centro de Simulação), Fa-culdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Telemedicina), Escola Paulista de Medicina – Unifesp (Pron-tuário Eletrônico), citando exemplos em três das mais importantes escolas

médicas do país, estão investindo em projetos envolvendo fortemente a TI (mencionados entre parênteses). Esses projetos visam minimizar a defasagem entre o que se produz de novidade e a prática médica.

No campo da prática médica obser-va-se uma infinidade de aplicações da TI, desde prontuários eletrônicos, re-sultados de exames com diagnóstico evolutivo pela internet, mapeamento de risco em carteira de associados de empresas, entre outros, evidenciando as vantagens com o uso da TI. Isso po-deria apontar uma razão diferente entre

custo e benefício, orientando melhor a discussão. Qual o valor de receber um exame com horas, ou dias de antece-dência, utilizando processos com TI versus o processo convencional, mais lento? Isso pode definir mais rapida-mente, por exemplo, uma intervenção cirúrgica e obter resultados mais efe-tivos, pela realização em tempo hábil. Além disso, a antecipação dos resulta-dos pode propiciar alternativas menos invasivas de tratamentos preventivos aos pacientes (evitando intervenções) e menos onerosas às fontes pagadoras (planos e seguros de saúde em geral).

Embora ainda haja mais dúvidas que respostas, as grandes empresas estão

investindo gradativamente em TI. Em pesquisa recente, constataram-se inú-meras vantagens competitivas em fun-ção do uso da TI em 14 empresas de saúde (benchmarking em competitivida-de). Por exemplo, em um desses casos estudados, as principais vantagens ob-tidas, do ponto de vista da eficácia, fo-ram: flexibilidade no atendimento com base nos requisitos do cliente; adequa-ção do tempo de contato com o cliente, considerando a coprodução do cliente e a forma como ele gostaria de participar; associação do uso da TI como sinônimo de maior qualidade no serviço, criando

oportunidades para maior di-ferenciação.

Do ponto de vista da efi-ciência, os destaques foram: aumento da produtividade, favorecendo o gerencia-mento e controle dos recur-sos-chave, em especial os recursos humanos; aumen-to do índice de reprodução em série de uma mesma solução em serviços para interface com o cliente (de-senvolvimento de controles de roteiros); otimização e envolvimento na linha de frente e/ou atividades de retaguarda; aumento da pre-visibilidade nas operações de serviços, permitindo uma melhoria no índice de padro-

nização e especialização e, consequen-temente, da produtividade.

É fato que as pessoas buscam por maior qualidade de vida, e a TI tem ajudado a propiciar isso aos pacientes. Dessa forma, a saúde para as empresas neste setor será beneficiada à medida que forem ministradas as doses ade-quadas de TI, favorecendo o bem-estar dos pacientes em geral.

Saúde em primeiro lugarDoses adequadas de TI auxiliam no bem-estar de pacientes e

na estratégia de empresas do setor médico

Por Fernando José Barbin Laurindo

Fernando José Barbin Laurindo é professor titular do Departamento de Engenharia de Produção da Poli-USP e vice-presidente do Conselho Curador da Fundação Vanzolini.

Referência: Tese de Doutorado “A Utilização da Tecnologia da Informação e a Criação de Valor nas Estratégias de Negócios na Indústria da Saúde”, 2008, PRO-Poli-USP, de Macir Bernardo de Oliveira, orientado por Fernando José Barbin Laurindo

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Conselho Curador: Antonio Rafael Namur Muscat – Fernando José Barbin Laurindo – Celma de Oliveira Ribeiro – Gregório Bouer – João Amato Neto – Marcelo Schneck de Paula Pessôa – Roberto Gilioli Rotondaro. Diretoria Executiva: Mauro Zilbovicius (diretor presidente) – Clovis Armando Alvarenga Netto (diretor administrativo) – Paulino Graciano Francischini (diretor financeiro) – Mauro de Mesquita Spinola (diretor de educação). Informações: Av. Prof. Almeida Prado, 531, 1° andar, Cidade Universitária, São Paulo - SP, cep 05508-900, tel. (11) 3814-7366, fax (11) 3814-7496 www.vanzolini.org.br – e-mail: [email protected]. Diretora editorial: Celma de Oliveira Ribeiro. Criação e Realização: “Entre Aspas”, tel./fax (11) 3032-2049. Jornalista responsável. Fatima Cardoso MTB 19 945

Para observações e sugestões, entre em contato conosco. E-mail: [email protected]

Inovação é um dos assuntos mais atuais na agenda interna-cional. Todos os países enxer-

gam na inovação a estratégia para garantir um futuro sustentável para a economia, meio ambiente e sociedade. As relações sociais e institucionais e a realidade de produção de um país mudam com a inovação, resultando em um au-mento de sua capacidade de gera-ção de riqueza e renda.

O Brasil continua a viver o dile-ma de ter conseguido aumentar a participação relativa em publica-ções científicas no mundo, o que não resultou em inovações trans-formadas em produtos e serviços. Vários pesquisadores se concen-tram nessa temática atualmente, estudando exemplos de casos de sucesso e formulando propostas. Hoje existe em nosso país um es-forço de órgãos governamentais para fomentar a inovação. Isso se reflete nos diversos programas de incentivo à ino-vação e também na chamada “lei da inovação”.

Um indicador contrário às perspectivas de inovação é a baixa quantidade de patentes registradas e licenciadas ad-vindas de empresas nacionais. Surge sempre a comparação com a Coreia para demonstrar como o nosso país perdeu o bonde da história. Entidades como a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) travam uma luta para que nossas autoridades ado-tem modelos similares aos existentes em outros países para incentivar a inovação em empresas industriais.

Recentemente, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), visando exatamente apoiar o trabalho conjunto entre os chamados institutos de pesquisa e empresas, criou o Sistema Brasileiro de Tecnologia (SIBRATEC Inovação). Os entraves ainda são muitos e o caminho longo para atingir os objetivos propostos de fomentar cada vez mais a gestão da inovação nas empresas. Existem inovadores potenciais em algumas instituições e empresas, mas falta uma visão ampla de gestão para que ideias, tecnologias e protótipos se tornem produtos e serviços de sucesso comercial. Esse é um dos grandes desafios do Brasil para poder agregar valor

a suas riquezas naturais, comple-mentando seu potencial de expor-tador de commodities.

É nesse contexto que o livro Ino-vação: Estratégias e Comunidades de Conhecimento, de autoria da professora doutora Marly Monteiro de Carvalho se insere. A obra, lançada pela Editora Atlas, é recheada de exemplos práti-cos reais, que elucidam os conceitos teóricos apresentados, e vem contri-buir para cobrir uma lacuna teórica existente nessa área.

Com o rigor científico de quem está na academia – refletido nas re-ferências bibliográficas muito atuais e que permitem uma consulta mais detalhada –, associado a sua experi-ência prática, Marly passa uma visão ampla e consistente sobre os aspec-tos importantes da inovação. Tudo isso num texto que flui de maneira simples e prazerosa.

Nos capítulos iniciais, a autora consegue definir os concei-tos principais da inovação, relacionando-os às perspectivas de estratégia e cooperação, condições básicas e atuais para inovar. Destacam-se aqui as características e condições da inovação aberta (open innovation), estratégia de muitas empresas para aumentar o potencial de criação.

Em seguida, ela discute as questões de concentração ge-ográfica da inovação, comparando cluster com cadeias de valores e apresentando conceitos e exemplos brasileiros de parques tecnológicos e incubadoras.

No final, são apresentadas as principais características dos sistemas de inovação, com destaque para os modelos e métri-cas. No último capítulo, há uma síntese dos capítulos anterio-res, utilizada para descrever a capacidade inovadora local com base em um modelo proposto pela autora. Depois da compa-ração entre alternativas de inovação com base nos seus fatores críticos de sucesso, o modelo proposto é aplicado em um caso real para mostrar a sua simplicidade e o poder de síntese.

A quantidade de dados atuais e casos reais tornam este livro uma referência imprescindível para todos os interes-sados em inovação, tanto no mundo acadêmico como nas empresas que intencionam melhorar a visão sobre a gestão da inovação.

Por Henrique Rozenfeld

Teoria e prática da inovação

Henrique Rozenfeld é professor titular do Departamento de Engenharia de Produção da USP de São Carlos e coordenador do Núcleo de Manufatura Avançada.

Obra elucida conceitos e apresenta casos reais ligados ao assunto do momento para empresas criativas e interessadas no desenvolvimento sustentável