2 a moça que não tomava banho é um de uma mocinha que, ao...
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A moça que não tomava banho é um
singelo romance que conta a historia
de uma mocinha que, ao atingir a
puberdade, revelara-se em todo o seu
desleixo.
Passara a não cuidar da sua higiene
pessoal, de suas roupas, e, pior;
passara a não se interessar pelo asseio
diário.
Não seja igual!
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A moça que não tomava banho – yoseph yomshyshy
Apresentação
CComo forma de apresentação de A moça que
não tomava banho, o romancista opta por inserir, como o
faz de habitualmente, o soneto que, a seguir, se lê.
[Poema para a moça que não tomava banho ]
Não é mentir a, é verdade,
Eu não me chamo Cecília,
E, nem me chamo Tália,
Também, não me chamo Judite,
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Mas, até me julgo a , Afrodite.
Então, se não me chamo Priscila,
Talvez, eu seja a Camila,
Isto é, gente.
Julgam-me uma moça anormal,
Por não ter asseio corporal,
E, acusam-me de ser tão irritante,
Por ser antipática, ignorante,
Sugerem, deveras.
Que o zelo em minha pessoa não se alinha,
Quando eu descarto, no chão, as calcinhas,
E, nesse instante, de repente,
Ao piso do banheiro, espalho absorvente,
Confesso com a voz entrecortada,
Que, sou mesmo, uma moça relaxada,
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É, creiam, não ligo para nada,
E, no meu pensar tão tacanho,
Não gosto mesmo de tomar banho!
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A moça que não tomava banho! – yoseph Yomshyshy
Prefácio
AAo se decidir pelo ato de escrever deste
“e.book”; lança-se mão do objetivo de retratar uma
historia real, onde se procure; de todas as formas;
preservar a imagem da pessoa que, a rigor, o inspira.
Verdade ou mentira?
Imagine-se...
Será que exista quem não seja chegado ao uso
do chuveiro?
Com certeza!
A moça que não tomava banho sai para os
bancos acadêmicos, para o trabalho, para um passeio
sem, antes, visitar ao chuveiro.
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Lança espalhada no piso de qualquer cômodo não
somente as suas roupas, tanto normais, quanto íntimas
e, evidentemente, nem mesmo os absorventes usados
são camuflados para que não se veja.
A moça que não tomava banho é aquilo que se
pode denominar de relaxada com o zelo pessoal.
Outra qualidade negativa é a sua preguiça
eminente e, talvez, seja por isso que, ao longo de sua
existência, efêmera, insólita e transitória, tenha se
transformado na moça que não tomava banho.
O autor
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A moça que não tomava banho! – yoseph Yomshyshy
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[O nascimento]
EEra uma vez uma senhora
itaquaquecetubense...
Certo dia, ela engravidara de tal José...
De um José apelidado quem sabe? ... Bezerra!
Sim, de um José apelidado Bezerra.
Então, decorridos os duzentos e setenta e cinco
dias, as seis mil e seiscentas horas; chegara a hora...
Chegara a hora de quê ou para quê:
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De desocupara o quarto quente, aconchegante
que, agora, se tornara pequeno, espremido, impróprio e
procurar outro aposento.
Procurar?
Não!
Não era necessário promover este esforço.
O novo aposento já estava providenciado;
Como?
Não é como, outrora, uma piscina de liquido
amniótico, mas uma esfera, gigantesca, envolta por uma
bolha de nitrogênio, oxigênio e gazes raros.
Acortinado em um dos tons da cor azul, salpicado
de bordados brancos heterogêneos e, de quando em
quando, adornado por faíscas de luzes coloridas e
incandescentes e sons estridentes.
Ah!
Não nos esqueçamos...
Aquecida por uma lareira dupla, grandiosa.
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Aluguel?
Não pagaria.
Luz?
Não pagaria.
Calor?
Não pagaria.
Um detalhe...
Necessitaria de um bem natural disponível na
natureza, mas qual?
Da água.
Não pagaria pela água.
Frio?
Não pagaria pelo frio.
... – mas...
O que é frio?
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Na realidade, o frio não existe porque aquilo que,
por mera convenção, chamamos de frio, é a ausência do
calor, assim como, o calor não existe por ser a ausência
do frio.
São, portanto, expressões que usamos para
determinar as sensações térmicas ao longo da vida.
Não pagaria pelas flores.
Não pagaria pelas frutas.
Não pagaria pela sombra.
De novo; o que é sombra?
Diante de nos a incógnita; perante nos as
convenções, a sombra não existe, a sombra é a
ausência da luz, então, a luz incidente não existe porque
a luz incidente, somente, pode ser a ausência da
sombra.
Portanto, a moça que tomava banho tivera de
conviver com isso;
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A moça que não tomava banho! – yoseph Yomshyshy
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[O crescimento]
PPara abandonar o aposento, agora,
impróprio, inchada, feia, deformada, enrugada pelos
edemas, a nativa viva, deveria atravessar um túnel
obscuro, estreito, elástico, para, pela primeira vez,
contemplar a luz cósmica.
Não haveria outra forma...
Acostumada à piscina de liquido amniótico, teria
de habituar-se a piscina enorme de nitrogênio, oxigênio e
gazes raros se, de fato, quisesse sobreviver.
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Vagarosa, para transpor os não mais do que vinte
centímetros do tal túnel obscuro, a moça que não
tomava banho, levara das dezesseis hora de um dia a
uma hora da manhã do dia seguinte,
Puxa!
Que lerdeza!
No entanto, aquilo que, a seguir, ides ler; não se
obrigue a crer...
A lerda somente se dignara a atravessar o túnel
obscuro, o limite entre o estado de parasita uterino e a
autossuficiência plena como ser, quando a avó materna,
falecida há sessenta dias, sussurrava palavras
animadoras ao ouvido da senhora itaquaquecetubense.
Uma palmada...
... – na bunda...
Sim, na bunda!
Pronto!
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Um choro, e, a moça que não tomava banho
estava apta a iniciar a caminhada como ser humano
independente e deixar de ser um parasita.
Será?
O que aconteceria daí em diante?
Nada de anormal...
A moça que não tomava banho passaria por todas
as fases da primeira infância.
Aprenderia a gatinhar, a andar, a falar, e,
cresceria como uma menina quase normal.
Passaria pela segunda infância, freqüentaria o
pré-maternal, o maternal, seguiria rumo ao fundamental,
ao médio, e, afinal se tornaria mocinha na conotação
plena da vernácula.
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A moça que não tomava banho! – yoseph Yomshyshy
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[O desleixo]
AAos onze anos, a moça que não tomava
banho, receberia a visita inesperada da colega que a
acompanharia no decurso da vida; a menarca.
Nessas condições, quando as mulheres, vias de
regra, costumam ocultar os “Always”, os “Sempre Livres”,
os “Íntimos”; os absorventes, a moça que não tomava
banho, os deixava expostos; até quando?... – Nos
recantos do banheiro...
As calcinhas sujas com o mênstruo – uma mistura
de progesterona e de sangue; maior quantidade de
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progesterona do que sangue; ficavam estiradas aos
quatro cantos que, a rigor, se transformam no
nascedouro de bactérias e foco de doenças, inclusive
sexualmente transmissíveis –, a marca registrada do
desleixo.
O que não sabe o que é progesterona?
Explica-se...
Todos os meses, durante sete dias; o corpo da
mulher, por ordem da hipófise, produz o estrógeno.
O estrógeno provoca o amadurecimento do ovulo
no interior do ovário e, caindo na Trompa de Falópio, ali,
e somente ali, é fecundado pelo espermatozóide contido
no sêmen.
Do oitavo dia em diante, o corpo da mulher para
de produzir o estrógeno e passa a produzir a
progesterona que vai formar no útero, a camada onde se
fixará o embrião para a sua gestação.
Entende-se, agora, porque o mênstruo é mais
progesterona do que sangue?
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Não para aqui...
A moça que não tomava banho tirava do corpo
uma calcinha, jogava a um dos cantos do banheiro e,
alguns dias depois; voltava a vesti-la, pasme-se –; sem
lavar.
Não será necessário o frisar que jeans, blusas,
vestidos, shorts, sutiãs eram, também, jogados pelo
chão e reusados na mesma condição.
Porca?
Talvez!
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A moça que não tomava banho! – yoseph Yomshyshy
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[Os piolhos]
AAo atingir os quatorzes anos, a moça que
não tomava banho, se infestara de piolhos, mas jamais
fizera questão de eliminá-los.
A proliferação dos piolhos se devesse, talvez, ao
fato de que a moça que não tomava banho era eiva de
manias...
Durante o dia, molhava os cabelos e os untava
com cremes diversos; quem sabe?... – Com a esperança
de torná-los lisos.
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Recursos para eliminar os indesejáveis piolhos –
praga imposta, pela primeira vez, ao Ramsés, Faraó do
Egito – pelo menos, estava descartado.
Quando se falava; a moça que não tomava banho
virava uma fera!
Acostumara-se ao convívio com os piolhos?
Com certeza!
A esta altura, lembre-se de um titulo de um filme e
o tomemos, ainda que por empréstimo...
“Bonitinha, mas ordinária!”.
Plagie-se a Vinicius de Morais – “As feias que nos
desculpem; beleza é fundamental!”.
Considere-se... – lisura, também!
De que adianta ser bonitinha, mas ordinária?
A não ser para o jovem que se encontra na fase
de se impressionar por um rosto bonito sem considerar
fatores primordiais e importantes.
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A moça que não tomava banho! – yoseph Yomshyshy
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[A descoberta]
AA moça que não tomava banho deixara
de ser a menina de outrora, se tornara moça e,
finalmente, mulher...
Porca, mas mulher...
O tempo urgira...
Tivera onze, doze, quatorze, dezesseis e, agora,
atingira os dezoito anos; a maioridade...
Adquirira Título de Eleitor, Carteira Profissional,
Cartão de Identificação de Contribuinte do Ministério da
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Fazenda e, deveras, nova Cédula de Identidade com foto
atual.
Arranjara emprego e seguira a rotina.
Trabalho versus badalações, badalações versos
trabalho, namoricos, baladas e festinhas.
Certa tarde, em casa, quando passara ao lado de
um dos familiares, o odor dos suores naturais mesclado
com o aroma dos perfumes se irrompera no ar... – fora
horrível!
O quê?
A moça não tomava banho?
Não é o título?
Começaram a investigar...
Verdade!
De fato, a moça se tornara inimiga ferrenha do
chuveiro, pois desacostumara de visitá-lo, tanto no
verão, quanto no inverno.
Alguém dissera:
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– Como pode você ir para o trabalho sem se
banhar?
– Não se envergonha?
Resultado...
Uma resposta ríspida e mais nada.
Banho nem pensar...
A citação de Vinicius de Morais, por certo,
atravessará a eternidade – “Beleza é fundamental!”.
O título do filme, também, “Bonitinha, mas
ordinária!”.
Portanto, seja bonitinha, mas não seja ordinária!
Não espalhe seus “Always”, seus “Sempre Livres”,
seus “Íntimos” aos quatro cantos do banheiro, não tire e
vista as suas calcinhas sem lavar, não deixe suas roupas
sujas jogadas aos quatro cantos da casa, arrume a sua
cama e não faça dela um chiqueiro de porcos.
Não facilite a proliferação de bactérias e não seja
um foco de doenças.
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Por fim, não se iguale à moça que não tomava
banho!
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Notas sobre o autor
GGuilhermina Alves Pimenta é uma filha de negro
com índia, nascida no Estado do Amazonas, mais
precisamente, na cidade de Manaus, e, gerara a
Benedicta Alves Pimenta que, a posteriori, se tornara
Benedicta Alves Pimenta que, mais tarde, adotara, pelo
casamento, o nome Benedicta Pimenta Lopes.
No âmbito da historicidade humana, Benedicta
Pimenta Lopes alugara o útero a José Lopes (08.01.43).
José Lopes, aos vinte anos de idade, fora
apelidado Mário Moreno, em virtude da cor de sua pele,
posteriormente, Cantinflas, aos vinte e dois anos de
idade, por conta de um bigodinho que usava.
O emérito e saudoso mestre Kléber Venerando de
Carvalho, aos vinte e cinco anos de idade, o apelidara de
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Enciclopédia, em virtude da sua capacidade em gravar
de memória, trechos dos livros que passavam por suas
mãos.
No ano de mil novecentos e setenta, no mês de
outubro, jogando em Minas Gerais, fechara o gol e, um
dos adversários fizera um comentário aludindo a Copa
do Mundo daquele ano – o chamara de Marzurquievsk,
lendário guarda metas da seleção uruguaia.
Raymundo José Mendes, um colega de trabalho,
ao saber que, acompanhando uma missão do Banco
Mundial, havia conversado com Werner Loos, em
alemão, com Philip Letar, em Frances, e, com
Venkataram, em inglês, lembrando o intelectual Ruy
Barboza, o apelidou de Ruy Barboza, mas, José Lopes
adotou o cognome de Yoseph Yomshyshy, transliterado
aqui do idioma hebraico, e, passou a usá-lo no dia em
que deixou de ser um parasita para se tornar um escritor.
José Lopes tem publicado os sonetos intitulados
[As Rosas de Hiroshima e Nagasaki] (sonetos duplos) na
obra [Conto, canto e encanto com a minha história - da
cidade de Arujá], In mundus diferentes firmati sumus,
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texto e escrito e publicado no livro [Amor lúbrico] editado
pela Prefeitura do Município de Suzano e distribuído,
além de internamente, a Angola, Portugal e Guiné-
Bissau, em uma das antologias do Celeiro, [Helena na
zona... - quem diria?]. [Soberba... - um olhar 1968 anos
depois], texto publicado pela [Revista Trajetória Literária]
editada pela Prefeitura do Município de Suzano com a
parceria da Associação Cultural Literatura no Brasil, e,
onde o escritor é associado. Na antologia editada pela
Associação dos Escritores de Bragança Paulista, o texto
[O soneto inacabado] onde, tomando emprestados o 1º e
14ºversos de um soneto que Joaquim Maria Machado de
Assis não chegara a escrever, a quatro mãos, escrevera-
o para ele.
O autor tem, também, diversos textos publicados
pelo [Jornal de Arujá], sendo Diretor de Cultura do Fórum
de Debates Arujá - SP, entidade enfocada no viés
cultural. Em 2009 publicou o livro “Descobrindo as raízes
de uma árvore chamada celibato e Que esse talento não
contamine a nós” pela Editora Sucesso / Celeiro de
Escritores, SP, Retratos Urbanos, pela Seven System
Internacional.