1º passo - avaliação fisica

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ADAPTAO AOS EXERCCIOS RESISTIDOS MUSCULAO1 PASSO: CONHECER, RECONHECER: AVALIAO FSICA E CORPORALAutor:

Edvaldo Jos da Silva

Adaptao aos Exerccios Resistidos Musculao 1 Passo: Conhecer, Reconhecer: Avaliao Fsica e Corporal

ADAPTAO AOS EXERCCIOS RESISTIDOS MUSCULAO1 PASSO: CONHECER, RECONHECER: AVALIAO FSICA E CORPORAL

Autor:

Edvaldo Jos da Silva

2010

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Edvaldo Jos da Silva

Histrico do AutorEdvaldo Jos da Silva, 41 anos CREF 1203 G/SP Formao Graduao Plena pela Faculdade de Educao Fsica ACM de Sorocaba 1992; Ps-graduado em Psicomotricidade pela FMU 2008; Prticas Corporais (Lien Chi) e Meditao pela AMC do Brasil 2004; Yoga Tradicional modulo 1 pela FMU 2009; Programa VIVE Vivendo Valores na Educao para resoluo de conflitos, pela Sec. de Educao do Estado SP 2006; Tcnico em Administrao pela ETec Brasil, Plo Itapevi Sistema EaD 2010; Desenvolvimento intra e interpessoal, Sec. de Educao do Mun. de Itapevi - 2010; Ao longo de 22 anos de experincia profissional, participao em vrios cursos de extenso e atualizao na rea de Educao, Fitness, Musculao e Avaliao Fsica.

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meus mestres, atuais e do passado, que ao transpirarem se inspiraram, influenciando e transformando tudo e todos a sua volta

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PensamentoO resultado mais valioso em toda a educao conseguir que se faa o que devemos fazer, quando isso deve ser feito, quer queiramos ou no. a primeira lio a ser aprendida. E mesmo que o treinamento tenha comeado cedo, provavelmente, na ultima lio que se compreender tudo. Tomas Huxley

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Agradecimentos Deus, minha famlia (Edna, Gustavo e Giovanna) pelo apoio amoroso e incondicional, e em especial a minha scia Luciane Ardengue, pelo apoio e incentivo, propiciando a aplicao pratica de algumas (possveis) solues e procedimentos que sero apresentados. Tambm, agradeo a Cristiano Lima Braz, Regiane Furtado, Sergio Oliveira, Mario Cezar pela leitura, auxlio na pesquisa bibliogrfica, sugesto de temas ou de eventuais solues, entre outros detalhes operacionais que foram de suma importncia. Congratulo-me com todos aqueles, annimos, que ao responderem a pesquisa, direta e/ou indiretamente colaboraram com a realizao deste projeto.

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PrefcioUm dos fatores desencadeadores que me levou a elaborao deste Trabalho em forma de Manual foi o desejo de ajudar os profissionais de Educao Fsica que, eventualmente, encontrem dificuldades em transpor o (scio-culturalmente determinado) abismo existente entre o conhecimento terico adquirido e as prticas cotidianas exigidas no exerccio da profisso. Um abismo, imaginado (ou criado) pelo prprio profissional ou por conceitos incondicionalmente tidos como verdadeiros e socialmente propagados, como por exemplo: a teoria na pratica outra. Em minha opinio, enquanto este abismo no for transposto, no se conseguir desfrutar, verdadeiramente, os resultados oriundos das experincias profissionais e pessoais, pois, por sermos seres complexos e integrados, grandes ou pequenas mudanas s ocorrem (ou ocorrero), plenamente, quando todas as reas de nossa vida so atingidas, tanto fsica, quanto cognitiva, socioafetiva, ou emocionalmente. Saliento que minha opinio tem por base minhas experincias profissionais (22 anos) e o apoio terico/cientifico de autores oriundos de varias reas do conhecimento e desenvolvimento humano com os quais me identifico e, por conseqncia, corroboram meu posicionamento pessoal. O contedo que ser exposto finaliza uma desafiante jornada que contou com a realizao de uma pesquisa de campo, a leitura de livros especficos ao tema e reas afins, numa busca pelo levantamento e discusses de hipteses relacionadas melhora do ser humano em sua totalidade dentro do universo das academias de musculao e ginstica. Uma melhora que

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envolvesse desde os profissionais atuantes nas mesmas, passando pelos clientes/alunos chegando ao ambiente/academia e seus administradores. Portanto, representa o fruto de horas de observao e anlise das aes relacionadas s: (a) avaliaes fsicas (seus procedimentos; protocolos utilizados, resultados e dados recolhidos; como a interpretao e analise destes dados eram feitas pelos avaliadores); (b) a montagem dos programas de adaptao aos exerccios resistidos musculao (principalmente, se havia correlao do mesmo com os resultados do processo avaliatrio); (c) acompanhamento e monitoramento dos programas elaborados; se os professores/instrutores percebiam a relao entre o programa proposto e os resultados da avaliao fsica; (d) como a avaliao fsica era entendida, oferecida (vendida) no contexto das atividades (produtos) das academias. A pesquisa de campo e de observao foi feita em uma academia localizada na Cidade de Itapevi, regio metropolitana da Grande So Paulo, numa tentativa de entender/reconhecer as principais caractersticas das (a) populaes envolvidas (os avaliadores fsicos, os professores/instrutores de musculao, os clientes/alunos; os administradores); (b) a academia o ambiente, (c) o prprio fenmeno (no caso: o processo avaliatrio e suas relaes e inter-relaes com as populaes envolvidas) e, por fim, o (d) valor do processo avaliatrio e dos programas de adaptao dentro do universo estudado (aplicao pratica das atividades e exerccios sugeridos, as suas relaes, inter-relaes e eventuais interferncias das populaes envolvidas e/ou do ambiente). Os conceitos, procedimentos e idias que sero expostos no sero novos, nem inditos, muito menos revolucionrios. Na

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verdade, o valor dos mesmos estar na relevncia dada aos detalhes daqueles considerados (por mim) de suma importncia, para se ter uma boa iniciao profissional. Portanto, a escolha dos temas foi baseada: (a) primeiro, em minhas experincias pessoais e profissionais, que me levaram a crer que um bom profissional da rea de educao fsica, atuante no ramo de fitness, deveria ter um nvel satisfatrio de conhecimento terico e pratico dos mesmos; (b) segundo, a extensa pesquisa bibliogrfica realizada somada aos resultados obtidos na pesquisa de campo, apontaram que os temas elencados, tambm, estariam dentro de aspectos cientficos e socioculturais relevantes e atuais, com isso, ganharam vulto em sua apresentao, explicao, resumo e/ou sintetize. Em relao leitura dos temas que sero tratados, recomenda-se, num primeiro momento, uma leitura atenta e despojada de idealismos, ou busca de solues milagrosas, ou receitas de bolo, portanto, concentrar-se nos conceitos bsicos de cada tema e nos caminhos sugeridos para como se apropriar com naturalidade dos mesmos, com certeza, ser mais produtivo e rentvel a todos queles que lerem este Manual at o final. A principal fonte bioenergtica para a elaborao e execuo deste trabalho, foi idia de que a maior paixo de um profissional da rea de educao fsica (lder de pessoas), atuante e engajado, deveria ser o desejo de ajudar os outros a alcanarem seus objetivos, num misto de satisfao pelo dever cumprido e o da realizao de um bom trabalho. Ento, eis a minha contribuio para um mundo melhor! Ento, pergunto: O que est esperando? Leia, tome cincia do que estou propondo,

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para depois, quem sabe, tambm, fazer parte do seleto grupo de sonhadores/realizadores.

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Instrues para o uso e manuseio deste ManualComo todo objeto ou instrumento de trabalho, este manual, como tal, tem funes especificas, portanto, uma orientao de como utiliz-lo, aumentar a garantia de bons resultados. Ento, recomendo: No primeiro momento, faa um manuseio como se fosse uma criana curiosa, veja se tem desenhos, grficos, textura, cheiro, cores, etc.; Passado o momento de quebra-gelo, observe o contedo, ttulos, assuntos, quem escreveu, quando, onde, poca, influncias culturais, etc.; Leia devagar, tomando cincia do contedo total, depois refaa a leitura fazendo anotaes, usando dicionrio ou pesquise as expresses ou palavras desconhecidas, com isso no perder o rumo da prosa; Lembre-se que as citaes e seus respectivos autores, foram utilizados para ilustrar ou reafirmar uma idia ou conceito, ou pratica, enfim, faziam parte de um contexto e foram utilizadas para compor outro contexto, portanto, no devero ser levadas ao p da letra; Se tiver, por exemplo, apenas 15 (quinze) minutos para ler, leia 10 (dez) minutos e reflita ou reveja pontos relevantes ou palavras chaves nos outros 5 (cinco) minutos, com isso, conseguir assimilar ou entender melhor o tema ou a proposta;11

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As concluses ou fechamentos que por ventura surjam pelo caminho (leitura), tero este sentido apenas para os elaboradores (autor e colaboradores), para o leitor dever representar pontos de partida (e tomara que sejam muitos); Os instrumentos e/ou tcnicas preferencialmente, manuseados poderem ser assimilados ao naturalidade e habilidade ou curiosidade; (praticas) devero ser, e experimentados para cotidiano com maior simplesmente matar a

Procure interligar os temas criando a sua prpria lgica e organizao, num exerccio de autocrescimento e direcionamento.

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SumrioDedicatria Pensamento Agradecimentos Prefacio Instrues para o uso e manuseio deste livro/manual Introduo 1. Motivos para dar este 1 Passo. 1.1. Como deve ser um Avaliador Resoluo do CONFEF 46/2002 1.2. O que tem um Avaliador de Sucesso Competncia: Vontade de Crescer: Determinao: Garoto propaganda de sua funo/tarefa: Bom Atendimento: 2. O que uma Avaliao Fsica? Definies 3. Tipos de Avaliao Diagnstica: Formativa: Somativa. 4. Por que se fazer uma Avaliao Fsica? Conhecer o indivduo: Abordagem dos objetivos: Parmetros individuais: 5. Cuidados ao se fazer uma Avaliao Fsica Aval mdico: Respeito s limitaes individuais: Instruir com eficincia:13

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Aquecimento prvio: Competncia e treinamento: 6. Do que uma Avaliao Fsica composta? Tcnicas: Mtodos: Instrumentos: Observaes: Testagens: Testes padronizados: Inquiries: 6.1 Fases de uma avaliao: a) Preparatria: b) Aplicao da Avaliao testes c) Ps Avaliao 7. Objetivos de uma Avaliao Fsica Ligao ou inter-relao entre os objetivos da avaliao e do avaliado, suas capacidades neuromotoras, suas condies cardiorrespiratrias e as aplicaes prticas. 8. Etapas de uma Avaliao Fsica 8.1. Anamnese: a) Habilidades investigativas b) Fatores que podem influenciar 8.2. Medidas antropomtricas ou cineantropomtrica: a) Lineares: b) Circunferncias ou Permetros: c) Massa ou Peso: d) Teste neuromuscular e flexibilidade Flexibilidade a) Teste de sentar e alcanar b) Flexiteste Fora muscular

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Resistncia Muscular Localizada a) Teste de flexo de braos sobre o solo b) Teste de flexo de tronco com os joelhos flexionados 8.3. Anlise postural: Instrumentos Desequilbrios posturais Desvios do alinhamento corporal 8.4. Medida da Presso Arterial (PA) e Batimentos Cardacos (FC) a) Presso Arterial (PA) b) Batimentos Cardacos (FC) 8.5. Avaliao cardiorrespiratria: a) Teste submximo para Banco de Katch e McArdle, 1984 (Arajo, 1984) b) Teste de Rockport em Esteira (desenvolvido pelo The Rockport Walking Institute, 1990) c) Teste Submximo de Astrand (1954) em Cicloergmetro (bicicleta) 9. Mtodos para a determinao da Composio Corporal 9.1. Dobras cutneas 9.2. IMC ndice de Massa Corporal 9.3. Relao Cintura Quadril (RCQ) 9.4. Bioimpedncia ou Impedncia Bioeltrica 10. Os Softwares de Avaliao Fsica Epilogo Referncias Bibliogrficas Anexos Anexo 1. Guia de Ocupaes: Avaliador Fsico Anexo 2. Padro de Resultados de Avaliao Fsica por Idade e Sexo

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IntroduoPara alguns, talvez, este seja s mais um trabalho terico. Entretanto, para mim que participei apaixonadamente do seu processo de elaborao, trata-se de um Manual que (qui) ampliar o conhecimento terico-prtico dos profissionais da rea de educao fsica, que atuem no ramo do fitness, onde enalteo a idia de que o ecletismo e mixagem de conceitos, habilidades e prticas, podem levar a composio de atitudes produtivas e vencedoras, principalmente, daquele profissional do ramo de academia que trabalhe com avaliao fsica e musculao e que ainda no possui uma identidade ou estilo pessoal definido. Como sugesto para compor este ecletismo multifacetado, utilizei alguns autores da rea de educao fsica juntamente com outros de reas afins (comportamento, relacionamento, marketing, etc.), para, em seguida, fazer um mix dos conceitos e procedimentos apresentados pelos autores, resultando no surgimento de novas praticas, composio de novos conceitos e reforo dos conceitos carregados de valores humanos que pudessem gerar atitudes pessoais e profissionais humanas (holsticas) e bem sucedidas naqueles que, por ventura, venham a tomar cincia (lendo este trabalho). Elaborar uma ferramenta acessvel que facilitasse o ingresso de novos profissionais, colaborando com a sua iniciao e aprendizado, mas que, tambm, estimulasse a atualizao e reviso de atitudes daqueles profissionais em atividade, se mostrou desafiante e relevante por vrios fatores, entre os quais posso destacar: (a) primeiro, estimular a

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necessidade humana bsica aprender, buscar e desenvolver novos conhecimentos, novas habilidades, competncias, etc.; (b) segundo, o fato de que, durante nossa vida, aprendemos conceitos, que podem (ou no), dependendo de sua origem e importncia (envolvimento, interesse pessoal, etc.), levar ao desenvolvimento de sentimentos e opinies pr-formatadas, e at, preconceituosas sobre determinados temas e prticas; (c) e, finalmente, o fato de que, eventualmente, aps certo tempo, tais conceitos so (e devem ser) postos a prova (querendo ou no individuo ou grupo social), forando o seu questionamento ou sua resignificao. Os procedimentos que sero propostos visaro estimular a aproximao da prtica vigente utilizada pelos profissionais observados na pesquisa de campo, e, normalmente, baseadas no senso comum, com a idealizada pelo conhecimento cientifico. Com isso, no se propor uma simples padronizao de aes e procedimentos no processo de Adaptao aos Exerccios Resistidos - Musculao. Na realidade, sero propostos caminhos para que ocorram mudanas conceituais, procedimentais e, principalmente, relacionais, que gerem um (a) aumento do profissionalismo, (b) da credibilidade no fornecimento de informaes, recolha de dados nos procedimentos avaliatrios dos clientes/alunos iniciantes, (c) organizao de programas de adaptao mais seguros, eficientes e prazerosos, que levem a um numero cada vez maior, desses clientes/alunos iniciantes, a aderirem a uma pratica regular de atividades fsicas e a (d) valorizao do profissional que os orienta e estimula. Convm salientar, que o processo de elaborao das idias e procedimentos foi mediado por uma abordagem

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qualitativa do ambiente academia e das interaes ocorridas, portanto, o mais importante foi saber como as funes e tarefas estavam sendo feitas ou direcionadas. Com isso, o contedo terico que ser mostrado, objetiva melhorar: (a) a conduo do processo avaliatrio, da montagem e orientao dos programas de adaptao; (b) mostrar como a participao do cliente/aluno pode ajudar no processo; (c) como pode ocorrer a interao entre as partes envolvidas (professor-cliente/aluno-academia); (d) como as sesses podem ser conduzidas (avaliaes, treinamentos); (e) como orientar e estimular o iniciante a seguir os programas sugeridos (cumprir motivadamente suas tarefas). Convm salientar que os contedos foram pautados na imparcialidade, com valores acadmicos que combatam aes empricas, casusticas e reprodutoras, mas, que, tambm, incentivasse idias como: mestres mudam, e princpios podem (e devem) evoluir ou serem refutados, num estimulo, a uma desafiante busca pelas suas prprias verdades. A reviso bibliogrfica de autores como ROCHA (2000), HEYWARD & STOLARCZYK (2000), AABERG (2001), SCHAAN (2001), GHORAYEB (1999), UCHIDA (2006), FREIRE (1991), MCARDLE, KATCH & KATCH (1998), BIENFAIT (2000), entre outros autores, alem de sites especializados, apostilas, materiais cientficos ou de valor e influncia social, serviram de base para elaborao de um contedo terico e conceitual (resumido), que pudesse ser utilizado periodicamente, tanto pelos profissionais iniciantes quantos pelos j em atuao. As referencias bibliogrficas, tambm, representam uma contraposio ao uso do senso comum observado (possivelmente usado como meio de facilitar a vida), numa busca pela coerncia entre a realidade apresentada e os procedimentos ideais.

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O valor impresso a este trabalho a crena de que ensinar, educar, orientar, estimular seria uma arte, uma prova de amor pelo prximo. Um dom especial, que, muitas vezes, pode no ser reconhecido, valorizado ou entendido, porem, representa um grande desafio e uma enorme responsabilidade. Afinal de contas, guiar a prpria vida, equacionando os seus desafios com a tarefa de liderar outros, ajudando-os a se descobrirem, ou a buscarem novos horizontes adequados as condies e necessidades atuais, com certeza, uma tarefa desafiante. Com isso, companheiros, fica claro, que ser um Professor de Educao Fsica exige uma contnua identificao com as funes e tarefas relacionadas a profisso, pois medida que se enriquece o contato com as mesmas e com aqueles pelos quais se responsvel, aumenta-se a sensao de realizao e totalidade, percebendo que ao dar um pouco de si recebe-se um pouco do outro, num processo multiplicador e continuo que merece apreo e orgulho. O tema Adaptao aos Exerccios Resistidos Musculao, para melhor entendimento e fixao das idias e dos conceitos relevantes, foi dividido em trs partes distintas e complementares, tendo as seguintes temticas: 1 Passo: Conhecer, Reconhecer: Avaliao Fsica e Corporal. 2 passo: Montagem de Programas de Adaptao aos Exerccios Resistidos Musculao. 3 passo: Estimular, Acompanhar, Orientar: Criador e Criatura.

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O presente Manual se refere ao 1 Passo: Conhecer, Reconhecer: Avaliao Fsica e Corporal, apresentado e tratado em tpicos distintos e seqenciais, Avaliao Fsica: o que ; como se faz; para que serve; do que composta; o que deve ser considerado antes, durante e aps a mesma; caractersticas e obrigaes de um avaliador de sucesso; quais os protocolos mais utilizados, dentre outros detalhes que, conforme forem sendo apresentados iro complementando o tema. Os tpicos buscaro uma compreenso bsica, efetiva e pontual de aspectos como: os cuidados a serem tomados durante a escolha de estratgias; a relao entre os resultados da avaliao (performance do avaliado); a relevncia dos parmetros cientficos escolhidos; quais mtodos e instrumentos so mais apropriados aos iniciantes no mundo fitness, entre outros aspectos que ajudaro na elaborao de uma bateria de testes mais coerente com a realidade apresentada pelo individuo a ser conhecido ou reconhecido. A todo o momento, buscar-se- ajudar os professores/ avaliadores (e, s vezes, tambm, instrutores de musculao/ginstica) a vislumbrarem o equilbrio entre o tcnico e o humano, por meio de tpicos com sugestes de procedimentos padronizados, mas, ao mesmo tempo, recheados de idias humanistas e de valorizao do ser em sua totalidade, onde as inferncias e interferncias sugeridas, tenham sentido e significado para ambos (criador e criatura, idia que ser tratada no 3 Passo). Tal abordagem levou a escolha e apresentao de temas relativos : Postura, Atitudes e Procedimentos; Performance Individual versus padres coletivos; Parceria e cooperao; Comunicao; Cumprimento do Dever, entre outros, que ao serem entendidos e

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correlacionados com o processo avaliatrio, gerassem aes individuais e coletivas, que refletissem de forma mais efetiva a uma aderncia prazerosa s atividades fsicas regulares e, especificamente, a prtica de exerccios resistidos - musculao. Antes de iniciar a caminhada, preciso lembrar, que este Manual representa uma iniciativa pessoal de orientar, incentivar e ajudar todo aquele que enfrente ou queira enfrentar situaes de difcil soluo, no cumprimento do dever ou de sua misso. Uma tarefa baseada na idia da existncia de uma necessidade humana de passar por muitas experincias, que, normalmente, resulta em habilidades e competncias importantes para se construir um cidado melhor e mais saudvel (sob vrios aspectos e dimenses como ser visto no 2 Passo), vivendo numa sociedade complexa e mutvel, com caractersticas que requerem uma atuao apaixonada e bem preparada de todos os profissionais diretamente envolvidos com a formao deste cidado. Portanto, de suma importncia, lembrar que as paginas, a seguir, mostraro, apenas, sugestes de caminhos e modos de caminhar, e no formulas mgicas. Boa leitura.

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1. Motivos para dar este 1 Passo.O texto a seguir (reproduzido na integra) mostra uma opinio bastante relevante em relao avaliao fsica e sua pratica no cotidiano da academias e dos seus respectivos envolvidos (professores/avaliadores, instrutores de musculao/ ginstica, cliente/alunos e administradores), leia e analise os fatos, as aes comentadas e/ou apresentadas (no o contedo):

Esquea a avaliao fsicaEm minha opinio, o procedimento clssico de avaliao fsica, composto de avaliaes antropomtricas (peso, altura, dobras cutneas, perimetria), avaliao postural, teste submximo de capacidade aerbica, teste de flexibilidade e alguns testes neuromusculares de fora ou resistncia muscular uma das aes potencialmente mais destruidoras da auto-estima de clientes de academia ou de personal training, principalmente aqueles que no esto na sua melhor forma fsica. Para convencer clientes a passar por esse processo e pagar por ele, diz-se durante a matrcula ou no incio do trabalho de personal training que a avaliao fsica fornecer dados fundamentais para a prescrio de treinamento, que poder detectar possveis limitaes que eles tenham para praticar exerccios e que servir como um parmetro de comparao mais objetivo dos resultados do treinamento. Mas tente imaginar, atravs dos olhos e da experincia dos clientes, o que a essa avaliao:22

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1 - Antes de tudo, mais uma taxa que o cliente pagou para ingressar na academia. 2 - Um obstculo entre o estado e o momento que o cliente se encontra hoje e o incio efetivo do processo de treinamento e de toda a dinmica de atendimento da academia. O cliente avisado logo de cara que enquanto no tiver feito a avaliao, a equipe tcnica ou o personal trainer no poder prescrever o treinamento dele de modo seguro, eficiente e personalizado. Ou seja, ele sabe que no entra no "jogo" enquanto no tiver feito a avaliao e dessa forma a avaliao vista como uma espcie de "vestibular" desagradvel e obrigatrio. Pior ainda, algumas academias levam to a srio essa questo de tornar a avaliao fsica um obstculo que barram o cliente na catraca de entrada quando ele no fez avaliao ou quando o prazo para a reavaliao venceu. 3 - A avaliao , para muitos clientes, um momento constrangedor. Imagine-se sedentrio, totalmente fora de forma e de mal com a sua auto-imagem. Agora, imagine-se fechado em uma sala aonde um estranho vai te pesar, medir sua altura, pedir que levante ou tire a camiseta para procurar pelos seus desvios posturais, te beliscar com o adipmetro para medir a espessura das suas dobras de gordura e usar uma fita antropomtrica para medir os seus permetros corporais. Alm disso, esse estranho ainda vai te colocar para realizar um teste quase exaustivo na esteira ou na bicicleta ergomtrica, medir sua flexibilidade usando um banco de wells

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e pedir que voc faa o maior nmero possvel de abdominais e flexes em um dado intervalo de tempo. Sabemos que em muitas academias essa sala apertada e possivelmente mal cheirosa porque no tem nem janela. A sala de avaliao fsica normalmente o espao que "sobrou" na rea til da academia. Sem contar que ela fica cheia de aparelhos e objetos que muitas vezes so habituais em um hospital ou consultrio mdico. Imagine-se dentro dessa sala. Voc estaria vontade? No caso do personal training, esse momento pode ser menos constrangedor porque normalmente o prprio personal trainer quem realiza a avaliao e essa pode ser realizada na casa do cliente, em um espao bem mais agradvel. 4 - uma prova para a qual quase nenhum cliente est preparado. Se os procedimentos descritos acima forem realizados em um cliente h dcadas sedentrio e que est bem acima do peso, mas que tomou recentemente a deciso desafiadora de adotar um estilo de vida mais ativo e se matriculou na academia ou contratou um personal trainer, qual a chance do resultado de alguma dessas avaliaes ser no mnimo satisfatrio? Quais so as chances desse indivduo de ser classificado em um teste submximo de capacidade aerbica como bom, timo ou excelente? Quais as chances dele ficar dolorido no dia seguinte? 5 - Alm do constrangimento e da dificuldade descritos acima, o que a academia ou os personal trainers tambm fazem certificar e validar a incompetncia do cliente, registrando tudinho em um computador, imprimindo e entregando ao

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cliente um relatrio carimbado e assinado com todos esses resultados em nmeros e grficos coloridos. Finalmente, com esse documento, o cliente ter uma prescrio segura, eficiente e personalizada do treinamento. MESMO? DE JEITO NENHUM! Afirmo com tranqilidade que a correlao entre a avaliao fsica e a prescrio de treinamento que foi vendida ao cliente no momento do incio do trabalho pfia, para no dizer inexistente. Fao aqui justia aos poucos profissionais que conheci at hoje que sabem interpretar os resultados de uma avaliao fsica e us-los a favor da prescrio de treinamento do cliente e registro minha admirao por eles mas a maioria de ns professores e personal trainers damos uma olhadinha no relatrio da avaliao, fazemos "cara de contedo" e no utilizamos esses dados para praticamente NADA. Muitas vezes iniciamos o processo de prescrio de treinamento sem dialogar com o cliente seja para explicar os resultados da avaliao ou mesmo apenas para ajud-lo a descobrir o que ele poderia gostar de fazer como atividade fsica regular. Para que serve um relatrio que diz ao cliente que ele est fora de forma, gordo, torto, fraco, rgido e descondicionado? O que fizemos foi confrontar o cliente com tudo aquilo de mais negativo que ele tem naquele momento. Ele

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possivelmente veio nos procurar para ajud-lo a ser diferente e o que fazemos logo de cara mostrar para ele o quanto ele est mal. Considere agora o impacto negativo dessa percepo para a reteno, que um dos indicadores mais importantes na operao de uma academia. Sabe-se que as experincias que os clientes tero nas primeiras semanas academia tm grande influncia na deciso dele de continuar freqentando a academia por mais meses ou anos. Se a avaliao fsica confronta diretamente o indivduo com seus aspectos fsicos negativos, estrategicamente desvantajoso que isso ocorra muito no incio do processo, quando um dos principais objetivos fazer com que ele se sinta confortvel e tenha um acrscimo de auto-estima. Qual a soluo ento? Temos de pensar um novo sistema. Convoco os leitores para uma reflexo, pois apesar de o ttulo desse post soar como uma palavra de ordem, confesso que acredito no processo de coleta e comparao de medidas como uma ferramenta eficiente de acompanhamento de resultados e, por que no, de motivao para quem pratica exerccios. Concordo tambm que precisamos de alguma forma saber se o cliente tem alguma limitao para prtica de atividade fsica regular e tambm que precisamos saber coisas sobre ele para entregar propostas mais eficientes e personalizadas de treinamento e de mudana de vida.

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As minhas crticas so fundamentalmente sobre a forma como essas medidas e procedimentos so realizados e a nossa aparente despreocupao com a possibilidade disso causar uma experincia negativa nos clientes e alunos. Fica aqui ento novamente meu chamado e, por que no, a minha provocao para os profissionais educadores e leitores desse blog para pensarmos juntos e iniciarmos alguma mudana positiva a respeito desse assunto. Texto de Ivan de Marco Personal Trainer Postado por Marco (Marcus Pinto) s 2/12/2009 09:00:00 AMDisponvel em: http://www.educacaofisica.com.br/blogs/ivandemarco/texto.asp?id=264 acessado em 10 de Nov. 2010.

Alem da critica explicita, percebe-se um desejo de que ocorram mudanas em relao s praticas vigentes na avaliao fsica. A percepo do interesse e desejo pela melhora do processo avaliatrio, levou-me a eleger como pontos de partida os seguintes aspectos: O desconhecimento do real valor da mesma, dos seus procedimentos, protocolos, etc. (por parte dos envolvidos); Ambiente utilizado (sala desconfortvel aos clientes/alunos ou pequena, ou abafada, ou barulhenta, etc.); Equipamentos utilizados (fora da realidade do avaliado, ou manuseado com pouca habilidade, etc.).

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No conexo dos resultados da mesma com o programa de exerccios sugeridos.

Obviamente, tais ocorrncias, geraram avaliaes fsicas imprecisas, que eventualmente, comprometeram a eficcia e planejamento de um programa de adaptao ao exerccio e, por conseqncia, dificuldade no acompanhamento de seu progresso. Do mesmo modo, os instrumentos (protocolos, programas de computador, equipamentos de aferio, etc.) de baixa qualidade e/ou mal calibrados, possivelmente utilizados, tambm, prejudicaram a preciso dos dados colhidos e sua posterior comparao. Portanto, este 1 Passo tem dois motivos claros: a) Tem o intuito de corrigir as falhas elencadas, aumentando a fidedignidade e a aceitao do processo avaliatrio. Abaixo, para complementar a idia, so citados alguns aspectos que, cuidadosa e planejadamente, devem ser repensados, por aqueles profissionais e/ou academias (administradores) que desejam e/ou buscam melhorar o seu padro de prestao de servio no tocante a avaliao fsica: Melhora do espao fsico (organizado e especifico); Regulagem e/ou compra de novos equipamentos (de boa qualidade, testados e validados na literatura cientfica, com manuteno preventiva); Treinamentos peridicos dos avaliadores fsicos;

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Estudo e conhecimento do software utilizado; Ensaios coletivos dos procedimentos de coleta de dados, medidas, bateria de testes, etc.; Anlise peridica da relevncia e coerncia dos protocolos utilizados.

b) Aumentar o conhecimento tcnico e pratico dos profissionais da rea de educao fsica e do ramo do fitness em relao avaliao fsica e corporal, matando curiosidade e interesse, que os mesmos tm em relao ao conhecimento dos diferentes componentes corporais: quantidades, inter-relaes e influencias sobre o estado de sade, bem estar e o desempenho fsico e motor do individuo. E, para tanto, fazem uso de inmeros procedimentos tcnicos, uns caros, outros mais acessveis, uns complexos, outros mais simples, ou seja, um mar de opes. Deste mar, foram escolhidas as tcnicas e os mtodos considerados como os mais acessveis as academias, clubes e, principalmente, aos avaliadores fsicos que no dispem de muitos recursos financeiros e/ou locais muito amplos. A escolha levou em considerao a analise de aspectos como: (a) custo operacional, (b) espao fsico necessrio, (c) instrumentos, protocolos e softwares utilizados, (d) grau de especializao (habilidade e conhecimento) do avaliador, (e) uso dos dados para acompanhamento e posterior reavaliao. A crena de que vale a pena investir no processo de avaliao fsica, vislumbrada na idia de que a melhora na

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qualidade dos servios prestados pelos avaliadores, profissionais de educao fsica, o que propiciar, em teoria, mais eficincia e aumento no processo de aderncia a prtica regular de atividades fsicas, devido a escolhas e planejamentos de atividades promotoras de resultados satisfatrios tanto do ponto de vista esttico, quanto do ponto de vista da sade e do bem estar geral do individuo a quem se destina. Alem do mais, a avaliao fsica inicial representa um meio fundamental para se averiguar as condies atuais e iniciais do cliente/aluno, suas necessidades, potencialidades e limitaes. importante lembrar, que como seres humanos curiosos e perspicazes (que somos), a todo o momento estamos apreciando o que nos cerca, as imagens, os sons, os alimentos, os odores. Sendo, portanto, uma necessidade premente, ver, ler, interpretar, analisar e/ou avaliar tudo que nos rodeia, para posterior aprovao ou desaprovao. Tal fato, definido Schaan (2001) como avaliao informal ou casual, seria natural e indolor, se no sofresse interferncias ou distores, ao ser mediado por nossas crenas, necessidades, conhecimentos e/ou experincias pessoais. Portanto, a avaliao que ser reforada, neste Manual, ser a Avaliao Metdica e Sistemtica. Definida pela mesma autora (SCHAAN, 2001 p. 13-14) como: ... processo de identificar, obter e proporcionar informao til e descritiva sobre algo que est sendo julgado, promovendo sua compreenso, determinando o seu valor e/ou o seu mrito, tendo em vista a tomada de decises e a soluo de problemas. A mesma autora, ainda sugere que este processo deva ser desenvolvido em etapas desencadeadas aps reflexo, seleo e

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definio dos aspectos bsicos, teis e relevantes ao que est sendo avaliado. Com isso, ressalta-se que um processo de avaliao fidedigno, caracterizado por ser sempre bem planejado, fundamentado, decorrente de procedimentos tcnicos e eticamente conduzido, que s e ser completo, se considerar quem realiza e a quem serve: avaliador e avaliado. Pois, numa ponta, encontra-se o avaliador, o especialista, o tcnico competente, o planejador, o coordenador de aes e de todos os envolvidos, o interprete das necessidades do avaliado, que deve assegurar e cumprir condies como: tica: respeitando o bem estar de todos os envolvidos, num ambiente de legalidade e honradez; Preciso: revelando tecnicamente exatas; e transmitindo informaes

Viabilidade: realizando avaliaes realistas, prudentes, diplomticas e moderadas; Utilidade: assegurando e proporcionando informaes praticas que o avaliado e avaliador necessitam.

Na outra ponta do processo encontra-se o avaliado, com seu universo, que deve ser compreendido, interpretando e considerando em sua totalidade, com suas caractersticas e influncias. Um ser que precisa ser considerado tendo como pano de fundo: (a) seu contexto social; (b) tnico; (c) Cultural; (d) Poltico e Econmico, assim como as relaes que as permeiam. Caso contrrio, as concluses obtidas com o processo avaliatrio, podero ser parciais e as decises decorrentes, sero ineficazes.

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Os tpicos que sero apresentados, a seguir, procuraro facilitar no apenas o processo de elaborao de uma avaliao fsica produtiva e eficiente, composta por tcnicas e instrumentos adequados, mas, tambm, enfatizaro um processo de avaliao participativo, compartilhado, onde os envolvidos (avaliador e avaliado) discutam aspectos relevantes que propiciem, com isso, mais participao, consistncia e viabilidade, alem, de envolv-los de forma mais natural no prprio processo, na recolha dos dados e nas posteriores tomadas de deciso, gerando uma constante auto-anlise de todo o processo e um comprometimento pelo aperfeioamento do mesmo (SCHAAN, 2001).

2.1. Como deve ser um AvaliadorFatores relevantes como a escolha do ambiente (local), ou dos instrumentos utilizados e o seu manuseio, ou a no observncia de fatores extrnsecos (temperatura ambiente, vesturio do avaliado, tipo fsico, etc.), podem prejudicar o bom xito do processo avaliatrio. Porem, alguns autores (Lohman, Pollock, Slaughter, Brandon & Boileau, 1984), consideram que, a maior parcela de contribuio para o xito do processo avaliatrio do Avaliador, ou seja, daquele que est em relao direta com o avaliado. Pois, o difcil trabalho de avaliar pode ser agravado pela (a) falta de habilidade; (b) interferncias subjetivas do prprio avaliador (idias pessoais como verdades absolutas); (c) valores e interesses pessoais; (d) preconceitos, entre outros aspectos, que podem dificultar e, s vezes, deturpar os fatos percebidos e anlise dos dados obtidos.

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O CONFEF, em sua Resoluo 46/2002, confere, ao Profissional de Educao Fsica e Avaliador Fsico, as seguintes atribuies (resumo): a) Identificar as necessidades de interveno Avaliar os efeitos das atividades fsicas; Participar do processo de recuperao fsica dos beneficirio-praticantes; Planejar as avaliaes; Participar de reunies de planejamento; Dirigir reunies de estudos e discusses; Identificar condies e necessidades especiais de atendimento.

b) Planejar aes de interveno Assessorar na prescrio de exerccios e de treinamento fsico; Fixar objetivos e metas do treinamento fsico; Fazer avaliao corporal solicitaes/necessidades. de acordo com as

c) Organizar as intervenes de avaliao

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Organizar a equipe de avaliao; Estabelecer as avaliaes fsicas a serem executadas; Participar da coleta de dados fisiolgicos quantitativos e qualitativos; Analisar os resultados das intervenes fisiolgicas; Participar de equipe tcnica; Contribuir no estabelecimento das prioridades do treinamento e da prescrio de exerccios; Auxiliar na fixao do calendrio-cronograma de atividades; Assessorar outros profissionais em assuntos relacionados sade e s condies fsicas dos beneficiriopraticantes; Estabelecer o cronograma das avaliaes fisiolgicas; Assessorar nos assuntos de nutrio necessidades calricas e hdricas. quanto s

d) Executar e ministrar as intervenes das avaliaes fisiolgicas no treinamento Aplicar testes funcionais especficos para modalidades e atividades;

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Participar como assistente no desenvolvimento do treinamento fsico, com dados das avaliaes realizadas; Contribuir para o desenvolvimento das qualidades fsicas e motoras visando ao desempenho e para a sade; Avaliar as condies fsicas dos beneficirio-praticantes; Auxiliar no planejamento e desenvolvimento de pesquisa cientfica.

e) Assessorar programas de atividades fsicas e desportivas Contribuir nas anlises de execuo de movimentos; Orientar condutas para a execuo de movimentos.

f) Comunicar-se Utilizar meios variados de comunicao; Ministrar cursos e palestras; Utilizar recursos de informtica; Utilizar recursos audiovisuais; Utilizar comunicao oral e escrita; Utilizar desenhos e grficos;

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Planejar, organizar e desenvolver pesquisa cientfica.

g) Competncias pessoais Demonstrar capacidade de atualizao; Manter postura tica/moral; Possuir formao superior em Educao Fsica; Demonstrar controle emocional; Atualizar-se atravs de cursos; Demonstrar capacidade de expresso comunicativa; Demonstrar capacidade de inovao; Demonstrar criatividade.

Atribuies, habilidades e competncias bsicas que precisam ser entendidas, ensaiadas e encaradas com determinao e seriedade, para que sejam elevadas prximas ao grau de excelncia e total profissionalismo.

2.2. O que tem um Avaliador de SucessoPara se realizar uma avaliao fsica com maior eficincia, de suma importncia lembrar que um indivduo no

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igual a outro, com isso, evita-se comparaes que no estejam dentro dos parmetros e protocolos escolhidos, j que a produtividade, habilidade ou performance de um diferente de outro. Portanto, para que a tarefa seja realizada com o mnimo de interferncia possvel, sugerido aos Avaliadores, os seguintes Princpios Bsicos (Lohman, Pollock, Slaughter, Brandon & Boileau, 1984): Ser altamente treinado e competente, sendo meticuloso ao localizar os pontos anatmicos usados para identificar o local das medies; Conhecimento pleno dos mtodos de testagem; Conhecimento apropriado para o manuseio dos instrumentos de medidas adipmetros (plicmetros), fitas mtricas, balanas, paqumetros sseos, etc.; Fazer a tomada das medidas nos locais pr-determinados pelos protocolos, quando a pele do avaliado estiver seca (sem loes, cremes, roupas inadequadas, etc.); Tomar as medidas em ordem rotativa ao invs de leituras consecutivas em cada local (recomenda-se mnimo de duas medidas para cada local, dependendo do protocolo e teste); No fazer aferies ou tomar medidas imediatamente apos exerccios, porque a mudana de fluidos corporais para a pele tende a alterar os resultados ou dados a serem colhidos;

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Ter uma postura profissional e tica; Ter uma atitude permanente de autocrtica em relao ao prprio julgamento, baseada na conscincia da prpria falibilidade e da presena de fatores subjetivos (relativos ao avaliado e ao avaliador) no processo avaliatrio; Ter conhecimento de primeiros socorros; Ser comunicativo, tendo domnio do linguajar tcnico.

No momento da avaliao, os Avaliadores representam uma autoridade profissional e acadmica, e, por isso, recomenda-se: Usar um tom natural ou de incentivo ao fazer perguntas ou observaes, oferecendo sugestes positivas e construtivas; Tanto o avaliador quanto o avaliado devem estar cientes do objetivo principal da avaliao, e de que, a mesma, de responsabilidade de ambos, portanto, podendo ser interrompida a qualquer momento por uma ou ambas as partes; No criticar, subestimar, ou demonstrar tdio na ocorrncia de fatos que considerar no-relevantes ao processo avaliatrio; Valorizar as realizaes do avaliado, seja na realizao de uma tarefa desafiadora, ou de uma conquista obtida atravs de situaes ou tarefas simples.38

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Como se pode notar necessria muita pratica e pacincia para se formar ou se tornar um avaliador habilidoso e competente. Mas, no se deve esquecer, que mesmo avaliadores altamente habilidosos podem apresentar dificuldades para avaliar indivduos obesos ou altamente msculos, sendo necessrio passar por treinamentos peridicos, para o conhecimento ou reconhecimento das vantagens e desvantagens de cada mtodo de avaliao, seja da composio corporal, da aptido fsica ou das condies motoras, para em momentos oportunos, fazer uso de mtodos alternativos ou mais apropriados a situaes consideradas especiais. Resumindo: Um bom avaliador trata sua funo/tarefa como se fosse um violino, sabendo que uma pessoa pode extrair dele sons harmoniosos, enquanto outra produzir sons discordantes (rudos), mas com certeza ningum culpar o instrumento. Com isso, se tocar a vida corretamente, produzir beleza, mas se tocar com indiferena e incompreenso, provavelmente, resultar em feira e infelicidade. Portanto, manter um sorriso nos lbios e no corao, mesmo quando no estiver bem, ser de grande valia, pois, o mundo um espelho que reflete sua alma, ento o segredo para melhorar e ajudar os outros, primeiro melhorar a si mesmo (MANDINO, 1986). Este processo ser facilitado se possuir: Competncia: assumindo todas as responsabilidades inerentes ao trabalho que executa sem erros, ou com uma mnima margem;

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Vontade de Crescer: tendo um motivo para correr riscos, como uma mola propulsora que o impulsiona para determinadas atitudes diante da realidade; Determinao: ousadia para lutar pelos seus ideais, eventualmente, disposto a superar seus limites; Orgulho de sua funo/tarefa: sendo um verdadeiro garoto propaganda da sua atividade profissional e dos benefcios da mesma para a promoo da sade e do bem estar geral do individuo. Bom Atendimento: Criando empatia, sabendo-se colocar no lugar dos clientes/alunos, percebendo quais so os procedimentos mais recomendadas a cada perfil. Nota:

Veja Anexo 1. Guia de Ocupaes: Avaliador Fsico.

3. O que uma Avaliao Fsica?As avaliaes fsicas, de maneira simplificada, so testes (antropomtricos e/ou ergomtricos) que ajudam a identificar o estado atual de condicionamento fsico tanto muscular, quanto cardiorrespiratrio de um indivduo, analisando sua postura corporal, seu percentual de gordura, entre outros aspectos. Nota:

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O Teste Ergomtrico ou Teste de Esforo, citado acima, por se tratar de um teste aplicado em local apropriado, fora de realidade da imensa maioria das academias, clubes e do grupo de avaliadores que queremos atingir, no ser contemplado neste trabalho.

A expresso Avaliao Fsica permeada pelos seguintes aspectos (ROCHA, 2000): a) Avaliao: processo pelo qual ao se utilizar medidas, se pode, subjetiva e objetivamente, exprimir e comparar critrios, dados, etc. Julgando, por exemplo, o quanto foi eficiente o sistema de trabalho usado com um indivduo ou com um grupo de indivduos. Determinando uma importncia ou valor a informao ou dado coletado. Normalmente, a avaliao emite um juzo de valor ou julgamento, interpretando um resultado de uma medida, sendo geralmente de carter qualitativo. b) Medidas: fornecem dados quantitativos que exprimem, atravs de processos precisos e objetivos, em bases numricas, as qualidades que se deseja medir. Por ser uma determinao de grandeza se constitui como primeiro instrumento para se obter informao sobre o dado pesquisado (neste caso, a qualidade ou capacidade fsica ou motora avaliada). c) Testes: instrumentos, tcnicas ou procedimentos utilizados para se obter uma informao (medida), aferindo-se o conhecimento ou habilidade de um indivduo ou grupo de indivduos.

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d) Anlise: tcnicas que permitem visualizar a realidade de um trabalho que se quer desenvolver, ou se desenvolve ou se desenvolveu, baseada em dados estatsticos, grficos ou conceituais, cria condies para que se entenda um individuo ou um grupo (situando este indivduo dentro do seu grupo de referencia). Resumindo: Avaliao: abrange os aspectos qualitativos; Medida: abrange os aspectos quantitativos; Teste: meio para se coletar informaes/dados; Anlise: traduzir a linguagem ordinria (comum, popular) para uma linguagem cientfica, livre de ambigidades.

Avaliao fsica, enquanto processo, ao se utilizar de medidas padronizadas, pode, subjetiva e objetivamente: Exprimir e comparar critrios ou dados; Traar o perfil fsico de um indivduo a fim de se preparar um programa de treinamento adequado s suas condies e limitaes; Identificar contra-indicaes;

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Avaliar o nvel de condicionamento fsico atual de um indivduo ou o quanto foi eficiente o sistema de trabalho usado; Impedir que a atividade fsica torne-se uma fonte de agresso; Servir como fator de motivao para o individuo testado que ir realizar o programa de treinamento (metas a serem alcanadas, limites que devem ser vencidos, etc.).

4. Tipos de Avaliao Fsica.Uma avaliao fsica, dentro de uma viso ampla, tem um papel muito maior do que apenas testar e atribuir graus a uma habilidade ou capacidade fsica ou motora. Dependendo do objetivo, o avaliador poder lanar mo de trs tipos de avaliao: Diagnstica, Formativa ou Somativa. Diagnstica: Analisa os pontos fortes e fracos de um indivduo ou de um programa ou ambos, localizando em que etapa de desenvolvimento ou condio fsico-motora encontra-se o individuo ou grupo, ajudando nas escolhas a serem feitas ou identificando as intervenes que sero necessrias para estimular o progresso; Formativa: Informa o progresso do indivduo ou grupo em relao a si mesmo ou ao grupo de referncia, ou do programa em relao ao que foi proposto ou escolhido inicialmente, devendo, com isso, ser contextualizada, flexvel e interativa;43

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Somativa: d uma viso geral e de maneira ordenada, dos resultados obtidos, podendo ocorrer por meio de um quadro comparativo de evoluo, buscando traduzir o quo satisfatrio ou distante o avaliado ou programa ficou ou est da meta estipulada inicialmente. Nota:

importante lembrar que a escolha do tipo de avaliao determinar um valor ou importncia diferente a cada informao coletada ou dado obtido.

No caso da avaliao fsica, a mesma possui os trs tipos, pois vemos medidas corporais sendo aferidas, quantificadas e comparadas; testes fsicos sendo realizados, quantificados e comparados, alem de ao final do processo, emitir-se um parecer geral valorando e comparando os resultados alcanados.

5. Por que se fazer uma Avaliao Fsica?Todos os dias vemos homens e mulheres, jovens ou de meia idade, ou, ainda timidamente, senis procurando por academias de musculao/ginstica ou por atividades que melhorem sua sade, ou que as faam emagrecer, ou aumentem sua performance esportiva, entre outros objetivos. Mas, dificilmente os vemos preocupados, antes de iniciar um programa de exerccios, em procurar um especialista para fazer uma avaliao fsica (sem falar de um medico). Na realidade, ainda hoje, poucos clientes/alunos (e at alguns profissionais,

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tanto da rea de Educao Fsica quanto de outras, ligadas a sade) realmente se importam com a avaliao fsica, muitos at "torcem o nariz", no reconhecendo (talvez por desconhecerem) sua importncia. Por este motivo, em muitas academias, as avaliaes fsicas so obrigatrias e j esto embutidas no valor da mensalidade, numa tentativa de que o cliente/aluno faa, mesmo que no esteja interessado ou motivado para tal. Claro que em muitos casos ou situaes os fins justificam os meios, mas infelizmente, neste caso, percebe-se que no est surtindo o efeito desejado, que seria levar a uma real valorizao da avaliao fsica. Portanto, neste ponto, se faz necessrio lembrar, aos envolvidos (avaliadores, clientes/alunos e administradores de academias), o reconhecimento e valorizao dos seguintes aspectos relacionados Avaliao Fsica: Conhecer o indivduo: Hoje, no se deve, em momento algum, prescrever atividades fsicas ou exerccios sem se conhecer o individuo que ir realiz-los, pois ao se traar o perfil fsico deste indivduo, aumenta-se a possibilidade de preparao e planejamento de um programa adequado s condies do mesmo, que respeite os seus limites e trabalhe suas deficincias; Abordagem dos objetivos: Fazer uma abordagem prvia dos objetivos do cliente/aluno que sero buscados durante as atividades/sesses, possibilitar sugerir e tirar o mximo das prticas fsicas e corporais que sero organizadas;

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Parmetros individuais: Ao se determinar a condio fsica do individuo, conhecendo e reconhecendo seus interesses individuais, ter-se- parmetros para se verificar em curto, mdio e longo prazo os resultados alcanados e as dificuldades a serem superadas pelo cliente/aluno.

Alem destes aspectos, fazer uma avaliao fsica representa ter um norte, um rumo que evitar se perder pelo caminho, significando no basear-se em achismos, como numa viagem onde no se sabe de onde saiu, onde se est e, muito menos, aonde vai se chegar.

6. Cuidados ao se fazer uma Avaliao Fsica.Uma avaliao fsica, realizada por um profissional Bacharelado em Educao Fsica, deve observar e/ou levar em conta os seguintes aspectos (ROCHA, 2000): Aval mdico: Antes da realizao e da aplicao dos testes, o avaliado deve possuir um parecer mdico, atestando sua condio de sade; Respeito s limitaes individuais: Respeitar as limitaes fsicas, motoras e/ou orgnicas do individuo avaliado; Instruo eficiente e clara: O avaliador deve instruir o avaliado sobre o desenvolvimento de cada teste e o valor de sua utilizao;

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Aquecimento prvio: Fazer um aquecimento antes dos testes neuromotores e cardiorrespiratrios, como uma medida de segurana para se evitar leses, alm de proporcionar uma maior naturalidade aos testes; Competncia e treinamento: O avaliador deve ser um profissional competente e treinado para funo e a realizao das tarefas que se apresentem, a fim de se evitar resultados discrepantes ou situaes de risco.

Durante o processo de avaliao, o avaliador dever manter seu esprito critico e criativo, sempre presente, com o intuito de verificar se a motivao do avaliado e vontade de superao dos prprios limites se encontram em equilbrio com o grau de dificuldade das tarefas propostas. Para tanto, deve-se valorizar todo resultado e o nimo demonstrado pelo indivduo, levando-o a querer superar seus medos e, eventuais, frustraes decorrentes de praticas fsicas passadas (ou da ausncia da mesma). Isto seria um meio de estimular, o avaliado, a desenvolver a capacidade de automotivar-se e persistir ante as eventuais dificuldades apresentadas ou propostas. Nota: de suma importncia lembrar que o individuo avaliado um ser que pensa, sente, respira, ou seja, tem vida, portanto, deve-se considerar que o ambiente e o clima criados durante todo o processo avaliatrio, devam ser cuidadosamente planejados e ensaiados para que no se crie nenhum contratempo ou se resolva rpida e plenamente os eventualmente surgidos, mantendo, com

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isso, a integridade fsica, psquica e emocional do avaliado e a fidedignidade dos dados recolhidos.

7. Do que uma Avaliao Fsica composta?Para ampliar os horizontes, o que significa Compor? Segundo o Dicionrio Essencial da Lngua Portuguesa: v.t. 1. Formar um todo, juntando diferentes partes. 2. Criar, produzir, inventar; 3. Entrar na composio de, participar de, integrar; 4. Adotar uma atitude; preparar, aprontar. Portanto, compor no necessariamente saber logo de incio como se vai fazer, mas, simplesmente, tomar a iniciativa de faz-lo. O que, tambm, no significa improvisar. Compor , na verdade, o resultado da combinao de vrias aes, ou o conjunto de atividades que visam um fim, em resumo, o uso planejado de: Tcnicas: procedimentos ou o conjunto de procedimentos que tm como objetivo obter um determinado resultado seja no campo da Cincia, da Tecnologia, Esportes ou qualquer outra atividade. Sempre pertinente lembrar, que estes procedimentos no excluem a criatividade supervalorizando a tcnica. Pois, no ser humano, a tcnica surge de sua relao com o meio e se caracteriza por ser consciente, reflexiva, inventiva (criativa) e fundamentalmente individual.

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Mtodos: caminho para se chegar a um fim, juntandose ao termo cientfico mtodo cientfico significa um conjunto de regras bsicas para desenvolver uma experincia a fim de produzir um novo conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos prexistentes. Consistindo em juntar evidncias observveis, empricas (baseadas apenas na experincia prtica pessoal), s mensurveis (estatsticas, cientificas), para posterior anlise com o uso da lgica. Instrumentos: s.m. 1. Materiais usados para trabalhos delicados ou de preciso; 2. Quaisquer objetos que servem para auxiliar ou levar a cabo uma ao fsica qualquer; 3. Pessoas que servem de intermedirio para realizao de aes de qualquer natureza; 4. Recursos usados para se obterem informaes. (Dic. Essencial da Lngua Portuguesa). Observaes: uma das etapas do mtodo cientfico, que consiste em perceber, ver e no interpretar. Portanto, deve-se relatar como foi visualizada, sem que, as idias ou julgamentos dos observadores sejam considerados. Ou seja, olhar atentamente, examinar com mincias, como numa lista de checagem. Testagens: conjunto de provas que se aplicam a indivduos para se apreciar o seu desenvolvimento mental, aptido fsica entre outras habilidades e competncias; Testes padronizados: so baterias de testes vlidos por trabalhos cientficos, fidedignos e objetivos;

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Inquiries: processo onde se procura informaes sobre algo ou algum, investigando e pesquisando pela motivao e interesse do indivduo.

7.1 Fases de uma avaliao.Ao concordar com ROCHA (2000), sugere-se organizar o processo de avaliao fsica e testagem em trs fases distintas: a) Preparatria: Que compreende: 1) Seleo Momento onde se responde as seguintes questes: O que medir: relao com o objetivo especfico do trabalho a ser desenvolvido; Como o resultado ser utilizado: relao com o meio de trabalho a ser empregado; Critrios seletivos que validaro os testes que sero aplicados: Padronizao: instrues perfeitas, claras, de modo a permitir que qualquer pessoa o entenda e tenha condies de aplic-lo; Confiabilidade ou fidedignidade: significa que se o teste for repetido em curto intervalo de tempo, sem que se tenha havido, entre os mesmos, interveno ou atividade50

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que possa ter alterado a resposta, deve apresentar os mesmos resultados ou serem altamente correlacionados; Validade: o teste s medir o que destinado a medir; Discriminao: o teste dar condies de separar e localizar o indivduo dentro de um grupo e acompanhar as alteraes ocorridas no mesmo; Normas: o teste fornece meios conhecidos comparao (escalas, mdias, desvios padres, etc.); de

Viabilidade: praticidade administrativa, atendendo a disponibilidade de mo de obra, local e material; Objetividade: produzir resultados consistentes mesmo quando usado por diversos avaliadores, no dependendo de uma nica pessoa.

2) Conhecimento dos testes e procedimentos; Equipamentos acessveis: material especfico e de registro sempre a mo, sendo, tambm, indispensvel o planejamento e analise do espao fsico disponvel; Preparao das Fichas de Registro: ter nas fichas todas as informaes necessrias identificao do individuo (nome, sexo, idade, etc.), assim como os dados a respeito dos testes (data da avaliao, horrio, clima, etc.);

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Preparao do local de avaliao: identificar e preparar as etapas ou estaes de modo a facilitar o fluxo de aes; Registro: importante que o avaliador seja treinado a realizar correta e adequadamente os registros dos dados obtidos; Treinamento peridico e constante dos avaliadores: treinamento em relao ao uso dos testes, fichas de registros, manuseio dos instrumentos, etc., com especial ateno segurana e administrao da avaliao.

b) Fase de aplicao da Avaliao testes Reviso ou Check list: rever todos os detalhes necessrios para a realizao da tarefa (fichas, instrumentos, local, etc.); Aquecimento do avaliado: uma medida de segurana, principalmente, nos testes que exijam maior esforo fisiolgico ou musculoarticular; Explicao: usar desenhos/imagens ou demonstraes, juntamente, com a descrio do que ser realizado; Administrao: o avaliador deve conduzir os testes de modo positivo e eficiente, mantendo o avaliado o mais participativo possvel;

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Motivao: instruir o avaliado de modo a estimul-lo a buscar o mximo resultado e rendimento, transmitindolhe segurana, entusiasmo e interesse; Segurana: prevenir ou antecipar situaes que levem a algum acidente, organizando o ambiente, a disposio dos equipamentos, respeitando as limitaes do avaliado, etc.

c) Ps Avaliao I. Recolhimento das fichas de registro e tabulao dos resultados; II. Comparao dos resultados com as Normas, tabelas, grficos, determinados pelos protocolos escolhidos; III. Escolha de normas coerentes ou elaborao novas baseadas em dados estatsticos, caso normas se mostrem desatualizadas ou no correlacionem com o objetivo do trabalho a desenvolvido; IV. Interpretao dos Resultados: Analise geral dos resultados viso macro/global; Analisar os resultados de cada qualidade ou capacidade fsica que foi avaliada viso meso/semi-especifica; de as se ser

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Apresentar os resultados servindo como meio de motivao e direcionamento para o avaliado objetivo geral e/ou especfico; Analisar e prever fatores internos e externos que possam interferir na performance ou desenvolvimento das capacidades ou qualidades fsicas almejadas, aspectos como: intensidade, biomecnica, disponibilidade, etc. viso micro/especifica; Continuidade do processo, dependendo dos objetivos o processo avaliatrio dever ser repetido periodicamente para se acompanhar mais claramente as mudanas ou ganhos obtidos, possibilitando-se alteraes no programa de treinamento ou manuteno do mesmo.

Para quem tem pouca experincia ou est iniciando na funo de avaliador, os procedimentos sugeridos pelo autor, supra citado, facilitam a organizao da atividade, mas, principalmente, promove um aumento na sensao de segurana e profissionalismo durante todo o processo.

8. Objetivos de uma Avaliao FsicaMais uma vez recorremos ao dicionrio, e descobrimos que objetivo : Adj. 1. Que se restringe aos fatos, sem ser influenciado por emoes, valores ou juzos pessoais; 2. Baseado em fenmenos observveis; 3. Direto, pratico; Fim que se pretende chegar, alvo, meta.54

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Portanto, significa centrar-se naquilo que se considera importante, o que pode facilitar atingir o que se busca ou deseja, com isso, podemos inferir que a avaliao fsica pode ter os seguintes objetivos: Direcionar claramente cronograma de aes; uma pesquisa, tarefa ou

Determinar o progresso dos indivduos; Classificar os indivduos ou grupos (idade, sexo, estrutura corporal, etc.); Diagnosticar (pontos fortes, fracos, relevantes, etc.); Motivar, mostrando a importncia da atividade fsica no s para performance ou esttica, mas, tambm para a sade e bem estar geral do praticante; Manter ou rever padres (verificar eficincia de um programa, protocolo, etc.); Informar o indivduo e os profissionais envolvidos como est o trabalho atual ou que foi realizado.

Seria de grande valor para o bem estar do avaliado, se houvesse ligao ou inter-relao entre os objetivos da avaliao fsica, o conhecimento da composio corporal, suas capacidades neuromotoras e condies cardiorrespiratrias com as seguintes aplicaes (Heyward & Stolarczyk, 2000) no tocante a:55

Adaptao aos Exerccios Resistidos Musculao 1 Passo: Conhecer, Reconhecer: Avaliao Fsica e Corporal

Identificao dos riscos a sade associados a nveis excessivamente altos ou baixos de gordura corporal; Identificao dos riscos sade associados ao acumulo excessivo de gordura intra-abdominal; Monitoramento das mudanas na composio corporal associados a determinadas intervenes fsicas e/ou nutricionais; Avaliao da eficincia das intervenes feitas; Formulao de recomendaes ou prescries de exerccios fsicos ou atividades complementares; Monitoramento das mudanas associadas ao crescimento, desenvolvimento, maturao, idade, etc. Estimativa (se possvel) do peso ideal de indivduos ativos e no-ativos.

9. Etapas de uma Avaliao Fsica.Basicamente os procedimentos adotados em todos os estabelecimentos e departamentos de avaliao fsica, so: 1. Anamnese: questionrio detalhado sobre as condies atuais do avaliado (histrico familiar e pessoal de doenas, procedimentos cirrgicos, utilizao de medicamentos, fumo ou bebidas alcolicas, hbitos nutricionais e desportivos e

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disponibilidade de horrios para as prticas desportivas preferidas, etc.). Por ser considerada uma entrevista, requer do avaliador, habilidade para extrair informaes, feeling para saber como realizar as perguntas, fazendo com que os indivduos no omitam ou mintam, lembrando de fatos e situaes relevantes. Portanto, a mesma deve ser feita de forma direta, objetiva, com perguntas pontuais com funo investigativa, para ver at que ponto as respostas so coerentes com ou resultados que venham a ser obtidos durante o processo avaliatrio. Alm da habilidade investigativa, o profissional precisa ter em mente que alguns fatores podem influenciar no tipo, qualidade e veracidade das respostas: Psicolgico: receio de como pode ser visto; Preconceito: omitir informaes que poderiam ser constrangedoras (causando vergonha) para si mesmo ou para quem est entrevistando. Autoimagem: achando-se incapaz de realizar a tarefa proposta, no querendo parecer desleixado ou irresponsvel consigo mesmo.

So trs fatores, que ao interagirem, s conseguem ser divididos didaticamente, pois atuam como se fossem um s. Com isso, o avaliador dever escolher, treinar e utilizar perguntas com o intuito de diminuir o impacto psicolgico e emocional sobre o avaliado.

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A anamnese muitas vezes pode ser desconsiderada, tanto pelos avaliadores quanto pelos prprios avaliados, em decorrncia de sua natureza terica. Pois, quando se fala em avaliao fsica, se imagina ver ao (movimento), com os instrumentos aferindo medidas, com o avaliador orientando testes fsicos especficos, e no fazendo perguntas com ar de intelectual. Enfim, muita ao e menos conversa. Um equvoco que pode prejudicar o sucesso do processo avaliatrio. Portanto, para que fique bem gravado na memria: a anamnese um importante instrumento e deve ser feita de forma completa, abordando assuntos direta e indiretamente relacionados ao avaliado ou com o que se deseja avaliar ou analisar. 2. Medidas antropomtricas ou cineantropomtrica: representa a obteno de dados relacionados ao corpo do avaliado. So os dimetros sseos, permetros (circunferncias) corporais e dobras cutneas. Com isso, pode-se observar a densidade ssea, o somatotipo (tipo corporal de acordo com a constituio fsica), verificar a simetria entre os segmentos corporais (tronco e membros superiores e inferiores) e a determinao da composio corporal (peso de gordura, peso sseo, peso muscular, peso visceral, peso de gordura em excesso e peso alvo), etc. Etimologicamente Antropo significa homem e metria, medida, sendo em interpretao livre, medidas do ser humano. Enquanto, Cine quer dizer movimento, portanto, cineantropometria seriam as medidas do ser humano em movimento. William Ross (1986) definiu Cineantropometria como o uso da medida do corpo humano no estudo do tamanho, forma, proporcionalidade, composio e maturao em relao ao crescimento, a atividade fsica e o estado nutricional.

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O mtodo Antropomtrico ou Cineantropomtrico considerado uma avaliao morfofuncional, por envolver componentes morfolgicos e funcionais do ser humano (variveis como: diferenas tnicas, sexo, idade, etc.). Alem do mais, seu sucesso garantido por ser uma metodologia relativamente simples, com baixo custo operacional, com facilidade de transporte dos instrumentos utilizados, de interpretao dos dados, entre outros detalhes, que no requeiram um alto grau de treinamento e habilidade do avaliador. O mtodo composto por medidas classificadas em (ROCHA, 2000): a) Lineares: Longitudinais: dados para conferncia, comparao e acompanhamento do crescimento, desenvolvimento, caractersticas tnicas, etc. Altura: distancia entre um ponto antropomtrico e o solo, usando-se um altmetro; Comprimento: distancias entre dois pontos antropomtricos medidos longitudinalmente, medida por um antropometro ou pela diferena entre suas alturas; Estatura: a distancia do ponto do vrtex (crnio), regio plantar o avaliado pode estar em p ou deitado (descalo).

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Transversais ou Dimetros: so medidas de largura e profundidade entre dois pontos, usadas para mensurar o crescimento e o desenvolvimento sseo transversalmente ou ntero-posteriormente. Por exemplo, Biacromial: individuo em p, corpo relaxado, braos ao longo do corpo, de costas para o avaliador, mediar a distancia entre os pontos acromiais (ombros) direito e esquerdo.

b) Circunferncias ou Permetros: so medidas que determinam os valores de circunferncia de um segmento corporal perpendicular ao eixo longitudinal do mesmo segmento. Servem para acompanhar ou determinar o desenvolvimento muscular no local medido, ao se subtrair o valor da dobra cutnea dos valores dos permetros/circunferncias obtidas. Exemplos: Pescoo: avaliado em p de frente para o avaliador, passa-se a fita pelo ponto de maior massa muscular; Abdominal: avaliado em p, de frente para o avaliador, circundar a trena no plano horizontal, a altura da cicatriz umbilical; Glteo/quadril: avaliado em p, com as pernas unidas, circundar a trena no plano horizontal no ponto de maior massa muscular.

c) Massa ou Peso: sempre que falamos em medir a massa corporal a relacionamos com o peso, principalmente por utilizarmos uma balana para a realizao da tarefa. Claro que uma medida de referencia importante,

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porem, isoladamente no adequado para controle do esforo ou para se afirmar se uma pessoa est obesa ou no. d) Teste neuromuscular e flexibilidade Em uma rotina de testes de avaliao fsica a Avaliao Neuromotora fundamental tanto nos programas de promoo de sade, esttica e bem estar, quanto nos programas de treinamento desportivo. A avaliao de variveis como flexibilidade, fora e resistncia musculares, tem relao direta com as atividades da vida diria. Obtm-se, com estes testes, importantes ndices de comparao entre as diferentes etapas de um programa de treinamento, pois, a manuteno dos nveis de fora, resistncia muscular e flexibilidade so muito importantes para a sade funcional do individuo. A prtica de exerccios regulares ajuda, comprovadamente, na manuteno do aspecto neuromuscular, ou seja, flexibilidade, fora e resistncia muscular localizada, pois, com o envelhecimento, normalmente, os indivduos diminuem a capacidade de fora muscular sofrendo com problemas articulares ou musculoarticulares, um fato agravado pela falta de atividade fsica. Flexibilidade

A flexibilidade o grau de amplitude de movimento de uma articulao ou conjunto de articulaes, o teste mede a capacidade que o msculo tem de se estender ao mximo. Desempenha um papel importante em numerosas modalidades desportivas, alm de exerc-lo tambm na vida diria, pois est

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diretamente relacionada realizao de tarefas simples do dia-adia e manuteno da autonomia. Um nico teste no capaz de avaliar amplamente a flexibilidade corporal total, desta forma, existem vrios testes para medir ou fornecer indicativos dos nveis de flexibilidade em uma articulao ou em um grupo de articulaes, como o eletrogonimetro, o flexmetro, o flexiteste, o teste de "sentar e alcanar", entre outros. a) Teste de sentar e alcanar O Teste de sentar e alcanar mais utilizado para avaliao desta varivel da aptido fsica, proposto originalmente por Wells e Dillon (1952), fornece um indicativo da flexibilidade da articulao coxo-femoral, porem, seus resultados devem ser relativizados em relao medida da flexibilidade, j que a medida da amplitude articular se d em graus e, neste teste, obtemos apenas o valor em centmetros. Finalidade: medir o grau de flexibilidade do quadril, dorso e msculos posteriores dos membros inferiores. Populao-alvo: indivduos a partir dos seis anos at a idade adulta. Poro corporal envolvida: tronco e membros inferiores. Material necessrio: o instrumento de medida constitudo de um aparelho em formato de caixa na dimenso 30,5 x 30,5 x 30,5cm, tendo a parte superior plana uma tabua de madeira fixa a caixa com 56,5 cm de comprimento, na qual fixada uma escala graduada de 1 em 1cm, sendo que o valor 23 coincide com a linha onde

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o avaliado acomoda seus ps, e o limite mximo da escala de 50 cm.

Protocolo: o avaliado dever estar descalo e assumir uma posio sentada de frente para o aparelho com os ps embaixo da caixa, joelhos completamente estendidos e com os ps encostados contra a caixa. O avaliador dever apoiar os joelhos do avaliado na tentativa de assegurar que os mesmos permaneam estendidos durante o teste. Os braos devero estar estendidos sobre a superfcie da caixa com as mos colocadas uma sobre a outra. Para a realizao do teste, o avaliado, com as mos voltadas para baixo e em contato com a caixa, dever estender-se a frente ao longo da escala de medida procurando alcanar a maior distncia possvel, realizando o movimento de modo lento e sem solavancos. Devem ser realizadas trs tentativas sendo que para cada uma delas a distncia dever ser mantida pr aproximadamente um segundo (Pollock, 1986). . Resultado: computada a melhor das trs tentativas executadas pelo avaliado. Precaues: a caixa deve ser colocada em uma superfcie plana, devendo ser observado se os ps esto totalmente em contato com a superfcie da caixa; o apoio

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dado nos joelhos do avaliado no pode prejudicar o seu rendimento; as mos do avaliado devem estar sobrepostas e unidas com os dedos coincidindo.

Tabela Teste de Sentar e Alcanar (Wells & Dillon, 1952)Classificao Idade 59 Fraco 33

Fonte: Comparao entre a Classificao Proposta pelo Teste de Sentar e Alcanar e os Resultados Obtidos em Mulheres de Diferentes Faixas Etrias. Disponvel em: acessado em: 19 de set. 2010.

Tabela Teste de Sentar e Alcanar Canadian Standardized Teste of Fitness (CSTF)Idade Excelente Acima da mdia Mdia Abaixo da mdia Ruim 15 - 19 20 - 29 30 - 39 40 - 49 50 - 59 60 - 69 > 43 > 41 > 41 > 38 > 39 > 35 38 - 42 37 - 40 36 - 40 34 - 37 33 - 38 31 - 34 34 - 37 33 - 36 32 - 35 30 - 33 30 - 32 27 - 30 29 - 33 28 - 32 27 - 31 25 - 29 25 - 29 23 - 26 < 28 < 27 < 26 < 24 < 24 < 22

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Fonte: Tabelas de Referncias Sade em Movimento. Disponvel em: acessado em: 19 de set. 2010.

b) Flexiteste Avalia a flexibilidade articular, de forma passiva mxima, atravs de 20 movimentos, no lado direito do corpo, nas articulaes do tornozelo, joelho, quadril, tronco, punho, cotovelo e ombro (FERNANDES, 1985). Finalidade: avalia a flexibilidade atravs de movimentos especficos. Poro corporal envolvida: todo corpo. Populao-alvo: indivduos de ambos os sexo e todas as idades. Material necessrio: colchonete e flexndice. Protocolo: o avaliador deve movimentar o segmento avaliado at o seu limite, comparando-a seguidamente o grau de amplitude de movimento ao gabarito de avaliao (padro), dando o conceito relativo ao movimento que mais se aproxima do gabarito. O mtodo realizado sem aquecimento e recomenda-se que os movimentos sejam feitos lentamente a partir da posio de referencia apresentada por desenhos (usualmente 0), indo at o ponto de aparecimento de dor ou grande restrio mecnica do movimento.

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Regras: Somente nmeros inteiros podem ser atribudos aos resultados, de forma que as amplitudes de movimentos intermedirios entre duas gradaes so sempre consideradas pelo valor inferior. Padronizou-se a realizao dos movimentos do lado direito, no entanto, se for objetivado o teste poder ser realizado bilateralmente. Resultado: cada movimento retratado em gradaes que variam de 0 a 4, perfazendo um total de cinco valores possveis de classificao. Atravs do somatrio dos vinte movimentos isolados, obtm-se o ndice geral de flexibilidade (flexndice), que ser avaliado da seguinte forma:

Menor que 21 Entre 21 e 30 Entre 31 e 40 Entre 41-50 Entre 51e 60

Muito pequena Pequena Mdia (menor) Mdia (maior) Grandeem: >

Fonte: DELGADO, Leonardo de Arruda. Disponvel acessado em: 17 de set. 2010.

4. Medida da Presso Arterial (PA) e Batimentos Cardacos (FC) a) Presso Arterial (PA) A presso arterial o resultado da contrao do corao a cada batimento e da contrao dos vasos quando o sangue passa por eles. Uma propulso de certo volume de sangue atravs das artrias, que se contraem como que se estivessem pressionado o sangue para que ele siga adiante. Esta presso necessria para que o sangue consiga chegar a locais distantes, como, por exemplo, a ponta dos ps. A medida da presso arterial deve ser realizada pelo profissional avaliador em toda avaliao fsica. Os aparelhos eletrnicos devidamente validados e calibrados podem ser77

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usados para a medida da presso arterial em carter excepcional. Os aparelhos de medida de presso arterial no dedo no so recomendados. O esfigmomanmetro o aparelho ideal para essas medidas, entretanto ele deve ser periodicamente testado e calibrado. O avaliado deve ser informado do procedimento, ficar sentado, em ambiente calmo com temperatura agradvel e no deve estar com a bexiga cheia, nem ter praticado exerccios, nem ter ingerido bebidas alcolicas ou caf, ou ter fumado at 30 minutos antes das medidas, no devendo falar durante o procedimento. Aps o registro das medidas, deve ser informado ao avaliado os valores de presso arterial e a possvel necessidade de acompanhamento. Recomenda-se a realizao de no mnimo duas medidas, com intervalos de 1 a 2 minutos. As medies na avaliao devem ser obtidas, preferencialmente, no membro superior esquerdo. As posies recomendadas na rotina para a medida de presso arterial so sentada e/ou deitada. Nos indivduos idosos, a presso arterial tambm deve ser medida em p (posio ortosttica). A leitura do resultado deve ter em mente que: O primeiro nmero, ou o de maior valor, chamado de sistlico, e corresponde presso da artria no momento em que o sangue foi bombeado pelo corao. O segundo nmero, ou o de menor valor chamado de diastlico, e corresponde presso na mesma artria, no

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momento em que o corao est relaxado aps uma contrao. Hipertenso Arterial (Presso alta) no apresenta nenhum sintoma especifico mesmo as dores de cabea, sangramento pelo nariz, tonturas, falta de ar e outros, nem sempre so causados por ela. Esta Inimiga Silenciosa aumenta o risco do individuo ter um infarto do miocrdio, acidente vascular cerebral (derrame), insuficincia cardaca, insuficincia renal e comprometimento da viso por leses na retina. Principalmente, quando estiver associada ao fumo, colesterol elevado, diabetes, obesidade, sedentarismo e estresse. Hipotenso arterial (Presso Baixa) a diminuio dos valores da presso arterial (sstole e distole), acompanhada de sintomas decorrentes desta queda. Entre os sintomas podem ocorrer tonturas, desmaios, confuso mental e alteraes visuais. Em se tratando de pessoas adultas, quando os nveis da mxima (sistlica) esto abaixo de 90 mm Hg a presso do sangue nas artrias pode ser insuficiente para manter a irrigao dos tecidos, podendo ocorrer uma situao denominada de choque. A diminuio da presso arterial, denominada de hipotenso postural, acontece quando as pessoas mudam subitamente a posio do corpo (ex.: agachado levantar-se subitamente), sentindo tonturas ou a viso turva, chegando a oscilar o corpo ou mesmo a cair, a sensao passa em alguns segundos. Isso nem sempre significa doena, principalmente, em pessoas no condicionadas fisicamente.

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A grande maioria dos indivduos que afirmam ou acreditam ter a presso baixa costumam faz-lo por se sentirem cansados, apticos, sonolentos, sem vontade para agir, fugindo do trabalho ou de responsabilidades, sem desejo sexual, acordando mais cansado do que estavam antes ir dormir. Estas manifestaes so mais provavelmente sintomas de depresso. Tabela de Valores Mdios Normais de Presso ArterialIDADE EM ANOS 4 6 10 12 16 Adulto Idoso PRESSO ARTERIAL EM MMHG 85/60 95/62 100/65 108/67 118/75 120/80 140-160/90-100

Fonte: Disponvel em http://www.virtual.epm.br/material/tis/curr-med/temas/ med5/med5t42000/has/diag.htm Acessado em 12 de set. 2010.

Exemplos de instrumentos para aferir a PA: Informaes Tcnicas do Esfigmomanmetro AnerideO esfigmomanmetro Aneride Premium verificado e aprovado pelo INMETRO, representando alta qualidade em aparelhos de presso analgicos. indicado para a medio da presso arterial sangunea e permite o controle da hipertenso tanto em ambientes hospitalares quanto em ambientes domsticos

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Inflagem manual Desinflagem manual Mediomanual

Diponivel em: http://www.extra.com.br/BelezaSaude/MedidoresdePressao/GlicomedAparelho-de-Pressao-Glicomed-Aneroide-Premium-Colorido-6663.html? utm_source=uolshopping&utm_medium=comparadorpreco&utm_campaign =Beleza---Saude_Medidores-de-Pressao#detalhes acessado em: 05 de Nov. 2010.

Informaes Tcnicas do Estetoscpio Glicomed Rappaport Premium O Estetoscpio Rappaport Premium indicado para a ausculta crdio-respiratria no invasiva do organismo. Ele completo, com tubo duplo para ausculta mais precisa e inclui olivas e diafragmas para converso em diferentes formas de uso. um aparelho de uso mdico que requer treinamento e prtica para o uso correto.

Disponivel em: http://www.extra.com.br/BelezaSaude/Estetoscopios/Glicomed-EstetoscopioGlicomed-Rappaport-Premium-Azul-6668.html acessado em 05 de Nov. 2010.

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b) Batimentos Cardacos (FC) Freqncia Cardaca pode ser definida como sendo o nmero de batimentos cardacos contados num minuto. tambm denominada de pulsao, sendo utilizada como um indicador para monitorar a adaptao fisiolgica e intensidade

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de esforo. Por isso, o seu monitoramento constitui-se como um importante componente na avaliao da aptido cardiovascular e dos programas de exerccios. Alguns fatores que podem afetar o ritmo da FC normal (BARBIERI, 2002), so: Temperatura corporal: aumenta o nmero de batimentos por minutos (BPM); Posio do corpo: deitado ou imerso na gua a FC mais baixa do que em p; Hora do dia: pela manh mais lenta; no final da tarde e noite, mais rpida; Idade: diminui da infncia meia idade e aumenta na idade avanada; Sexo: as mulheres tm 5 a 10 BPM a mais que os homens; Exerccios: os moderados aumentam de 20 a 30 BPM (retornando aproximadamente aps 2 min.); Estimulao simptica (dor, ansiedade, medo, raiva): provoca taquicardia (ritmo acelerado); Estimulao parassimptica (intoxicao, sncope, presso intracraniana): bradicardia (ritmo lento);

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Demanda de oxignio (febre alta, choque, hipxia, anemia grave): taquicardia; Arritmias cardacas (pulso radial < pulso apical); Arritmias sinusais: nas crianas e adultos jovens, o BPM pode se elevar no pico da inspirao respiratria e diminuir na expirao; Estado de nimo: quanto mais tenso tiver o indivduo, mais alta ser a sua FC; Quem fuma ou ingere bebida com cafena tem a FC aumentada.

A freqncia cardaca pode ser medida por meio de monitores da freqncia, ou cardiofrequencmetros, ou pulsmetros ou freqencmetros (relgios que possuem uma fita torcica com sensores e transmissores que indicam os batimentos cardacos) ou manualmente, colocando-se os dedos indicador e mdio da mo direita na artria radial (regio do pulso direito, na direo do polegar). Contar as pulsaes durante 15 segundos e multiplicar por 4, para indicar os batimentos cardacos em 1 minuto. Quanto mais baixo for o batimento cardaco, tanto em repouso como em exerccio, menos esforo o corao ter de realizar em determinada atividade. Em pessoas sedentrias, a freqncia cardaca, tanto em repouso como durante o exerccio, diminui aps 6 a 8 semanas de treino. Batimentos Cardacos em Adultos

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NMERO 60 a 80 < 60 >100 100 - 150 > 150

INTERPRETAO Normal Lento (bradicardia) Rpido (taquicardia) Emergncia (acidentado) Procurar Mdico rpido

Fonte: Esforo Fsico. Disponvel em: < http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/ergo5.htm> acessado em 13 de set. 2010.

5. Avaliao cardiorrespiratria: avalia a capacidade de sustentar uma atividade fsica onde ocorram ajustes hemodinmicos (no sangue), cardacos e respiratrios, por um perodo longo onde a energia seja provinda do metabolismo aerbio. Nesses testes verifica-se o VO2 mximo ou submximo (quantidade que o indivduo utiliza de oxignio em um esforo fsico). So determinadas as zonas de batimentos cardacos nas quais o avaliado deva se exercitar, mantendo com isso uma margem de segurana e eficcia muito maior nas atividades desempenhadas. Vrios so os mtodos para a verificao dessa valncia fsica, os quais podem ser realizados em bicicleta ergomtrica, esteiras ergomtricas, bancos (degraus) e pista de atletismo. Populaes que necessitam de cuidados especiais ou supresso do teste:

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Indivduos com problemas cardacos diagnosticados (portadores de marca passo, arritmia controladas, cardiopatias cianticas, etc.; Obesos (acentuados e mrbidos); Anmicos graves; Portadores de doenas neuromusculares, musculoesquelticas, articulares, neuropsicolgicas, etc.; Hipertensos severos (diastlica acima de 110 mmHg); Usurios de medicamentos betabloquedores, alteradores do SNC, etc.; Portadores de problemas pulmonares graves alteradas pela atividade fsica intensa. Sinais que precisam ser observados durante e aps o

teste: Ritmo respiratrio, Dispnia dificuldade para respirar; Coordenao dos movimentos; Cianose ou pa