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CEI - MPF 1ª RODADA 24/07/2014 www.cursocei.com facebook.com/cursocei Página - 1 1ª RODADA CEI - MPF PREPARATÓRIO PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 24/07/2014 Círculo de Estudos pela Internet www.cursocei.com facebook.com/cursocei

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CEI - MPF1ª RODADA 24/07/2014

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1ª RODADA

CEI - MPFPREPARATÓRIO PARA O

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

24/07/2014

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CORPO DOCENTE

Renan Paes – mediador das matérias Direito Constitucional e Metodologia Jurídica e Direito Penal.Procurador da República em Monteiro/PB (aprovado em 2° lugar no 26° CPR). Especialista em Direito Constitucional. Juiz de Direito do Estado de São Paulo (2012/2013). Analista Processual do Ministério Público Federal, com lotação na Procuradoria Geral da República (2008/2012). Técnico Administrativo do Ministério Público Federal (2007/2008). Bolsista do Instituto Inte-ramericano de Direitos Humanos (2008). Graduado em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (2007). Aprovado nos concursos de Juiz de Direito do Estado de São Paulo, Promotor de Justiça do Estado da Paraíba, Procurador do Estado de Pernambuco, dentre outros das carreiras de analista, técnico e procurador municipal.

Aldo Costa – mediador das matérias Direitos Humanos, Direito Internacional Público e Privado.Procurador da República (27° CPR). Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo (1999), com habilitação em Direito Penal e Criminologia. Pós-graduado pelas Universidades de Buenos Aires (2004) e Valência (2007). Foi professor substituto da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (2002-2006), docente da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas (2009), pesquisador visitante no Max-Planck-Institut für ausländisches und internationales Strafrecht (2007) e ad-vogado (2000-2010). Exerceu os cargos de conselheiro da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (2002), assessor especial do Ministro da Justiça (2010-2011) e de assessor de ministro do Supremo Tribunal Federal (2013-2014).

Paulo Santiago – mediador das matérias Direito Eleitoral, Direito Administrativo e Direito Ambiental.Procurador da República (27° CPR).Procurador Regional Eleitoral no Amapá. Representante da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal no Estado do Amapá. Mestre em Direito Público, Especialista em Direito do Estado e Bacharel em Direito pela Universidade Federal da Bahia. Ex-Professor de Direito Administrativo da Universidade Federal da Ba-hia. Ex-Procurador do Estado de Pernambuco. Aprovado em diversos concursos e seleções: Ministério Público Federal (2013), Advocacia Geral da União (2013), Defensoria Pública do Estado da Bahia (2010), Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco (2009), Advocacia da Petrobras (2012), do Banco do Nordeste (2011) e da EMBASA (2009).

Bruno Barros – mediador das matérias Direito Tributário, Direito Financeiro e Processo Penal.Procurador da República em Campina Grande/PB. Procurador do Município de Recife (2009 a 2012). Pós-Graduado em Direito Público. Aprovado nos concursos de Procurador do Município de Recife (1°lugar), Procurador do Estado de Alagoas (3º lugar), Advogado da União e Procurador da República (6º Lugar no 25°CPR). Editor do http://blogdobrunobarros.blogspot.com.

João Paulo Lordelo – mediador das matérias Direito Econômico, Direito do Consumidor, Direito Civil e Processo Civil.Procurador da República (aprovado em 1° lugar no 27°CPR). Ex-Defensor Público Federal. Aprovado em diversos concursos e seleções: Técnico Administrativo da Universidade Federal da Bahia, Técnico Administrativo do Ministério Público do Estado da Bahia, Técnico Administrativo e Analista Judicial do Tribunal Regional Eleitoral do Estado da Bahia, Procurador do Estado de Pernambuco, Defensor Público Federal (7ª colocação final, tendo obtido a 1ª colocação na primeira fase), Mestrado em Direito Público – Área de Concentração: Teoria do Processo e Tutela de Direitos (1ª colocação), Juiz de Direito do Estado da Bahia (1ª colocação na primeira fase), Procurador da República (1ª colocação na classificação geral). É graduado e mestre em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia e especialista em Direito do Estado. Editor do website: http://www.joaolordelo.com.

COORDENADOR DO CURSO CEI-MPFJOÃO PAULO LORDELO - [email protected]

COORDENADOR-GERAL DO CEICAIO PAIVA - [email protected]

Defensor Público Federal, titular do 2º Ofício Criminal da DPU/Manaus, unidade em que é Chefe-Substituto. Membro do GT – Grupo de Trabalho da DPU sobre presos. Especialista em Ciências Criminais. Exerceu o cargo de assessor de juiz de direito (2010-2013). Fundador do CEI. Editor do site www.oprocesso.com.

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INSTRUÇÕES GERAIS

1. O objetivo principal do CEI é promover uma simulação máxima da “prova real”, mas, para que isso aconteça, precisamos da colaboração de vocês. A principal instrução, aqui, é para que quando forem redigir as respostas das questões dissertativas ou elaborar a peça judicial, fiquem à vontade para pesquisar o quanto puderem/quiserem sobre os temas tratados. Porém, no momento de redigir a resposta/peça, estejam a sós com a legislação seca. Por essa razão, evitem citar número de decisões, transcrever trecho de doutrina etc.

2. Todos os alunos do Curso recebem o “Espelho de Correção” (material que contém o gabarito comentado das questões dissertativas e da peça judicial + as melhores respostas/peças dos alunos), inclusive aqueles que optarem por não participarem ativamente submetendo suas respostas/peças para correção individualizada.

3. Para que o Curso seja dinâmico e possamos, todos, nos organizar, não iremos tolerar (salvo casos excepcionais) atraso no envio das respostas/peças para correção individualizada. Atentem-se para identificar perfeitamente qual o e-mail do mediador responsável pelo questionamento!

4. O funcionamento do Curso compreende, conforme divulgado no site do CEI (www.cursocei.com), basicamente, rodadas de 10 em 10 dias, de modo que, a partir do dia em que receber o material, o aluno tem 10 dias para enviar as suas respostas/peças para correção. Exemplo: o material da primeira rodada é enviado no dia 24/07, tendo o aluno, portanto, até o dia 03/08 para submeter ao mediador as suas respostas/peças para a correção individualizada.

Estarei sempre à disposição para dúvidas e questionamentos.Caio Paiva – Coordenador Geral do CEI

E-mail: [email protected]

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO Treine os seus conhecimentos e depois, à frente, confira o seu desempenho lendo os comentários dos mediadores sobre os enunciados.

GRUPO I

DIREITO CONSTITUCIONAL E METODOLOGIA JURÍDICA

1. Assinale a alternativa incorreta, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal:

a) Acordos ou convênios que podem gerar encargos ou compromissos gravosos ao pat-rimônio estadual podem ser submetidos à autorização da Assembleia Legislativa sem que haja ofensa ao princípio da separação de poderes.

b) Afronta os princípios constitucionais da harmonia e independência entre os Poderes e da liberdade de locomoção norma estadual que exige previa licença da Assembleia Legislativa para que o governador e o vice-governador possam ausentar-se do País por qualquer prazo.

c) A garantia constitucional da imunidade parlamentar, em sentido material, representa um instrumento vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo, somente protegendo o membro do Congresso Nacional quando este exerça a liberdade de opinião no contexto do exercício do mandato e dentro do recinto da própria Casa legislativa.

d) A CPI possui legitimidade, no decorrer das investigações, para decretar quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de pessoas investigadas. No entanto, além da aprovação da que-bra pelo voto dos membros da comissão, há necessidade de fundamentação concreta para a restrição ao direito de intimidade.

2. Acerca do Poder Constituinte, assinale a alternativa incorreta:

a) Ao contrário das normas infraconstitucionais, a Constituição não retira o seu fundamento de validade de um diploma jurídico que lhe seja superior, mas se firma pela vontade das for-ças determinantes da sociedade, que a precede.

b) A Constituição Federal atual, que foi promulgada em 5 de outubro de 1988, revogou por completo a Constituição anterior, não excepcionando a vigência temporária de qualquer dis-positivo da Lei Maior de 1967/69.

c) Segundo o STF, não se pode invocar direitos adquiridos contra a Constituição. Isso porque o poder constituinte tem a prerrogativa de atingir efeitos futuros de fatos passados, que e o que se chama de retroatividade mínima.

d) A proibição de alterar o art. 60, § 4º da Constituição Federal, que enumera as cláusulas pe-treas, limitações materiais ao poder constituinte reformador, pode ser entendida como uma cláusula petrea implícita.

3. Acerca dos metodos e princípios de hermenêutica constitucional, assinale a alternativa correta:

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a) A tópica desenvolvida por Theodor Viehweg se caracterizou como uma tecnica de pensar o problema e atraves de debates e descoberta de argumentos relevantes e persuasivos, contri-buir para solucioná-lo satisfatoriamente. Daí a sua função precipuamente instrumental.

b) Para Häberle, embora participem potencialmente da interpretação constitucional todas as forças da comunidade política, e possível estabelecer um numerus clausus de interpretes constitucionais.

c) De acordo com Müller, o direito e a realidade são esferas incomunicáveis entre si. Assim não e necessário observar a praxis jurídica para elaborar o processo estruturado de interpretação.

d) De acordo com o método científico-espiritual de interpretação, capitaneado por Heideger e Gadamer, tem-se a ideia de Constituição como instrumento de integração e de ordenação jurídica do Estado e da dinâmica vital em que se desenvolve a vida estatal.

PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

4. No tocante às limitações extraordinárias ao exercício dos direitos humanos, é correto afirmar que:

a) as limitações comuns ao exercício de direitos humanos e as extraordinárias, na forma de derrogações, são categorias distintas de limitação.

b) a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos não prevê nenhuma derrogação das obrigações legais.

c) o conceito de emergência previsto no art. 27(1) da Convenção Americana de Direitos Hu-manos assemelha-se aos inseridos nos arts. 15(1) da Convenção Europeia de Direitos Huma-nos e 4(1) do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos.

d) a suspensão de garantias implica uma suspensão temporária do Estado de direito.

5. A teoria da proteção indireta (“indirect protection”) ou da proteção por ricochete (“par rico-chete”:

a) não e aplicável aos processos cooperacionais no sistema europeu de direitos humanos.

b) veda as decisões discricionárias do Estado em uma extradição.

c) deve ser balanceada com as necessidades de proteção da sociedade contra o terrorismo.

d) implica a avaliação subjetiva do Estado requerente.

DIREITO ELEITORAL

6. O RECURSO CONTRA A EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA:

I – Pode ser interposto no prazo de 15 (quinze) dias contados da diplomação, nos casos de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegi-

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bilidade.

II – Deverá ser interposto, nas eleições gerais, perante o Tribunal Superior Eleitoral.

III – Conforme jurisprudência recentemente consolidada no Tribunal Superior Eleitoral, não e cabível nos casos de falsidade, fraude, coação, abuso de poder, conduta ou propaganda ve-dada e captação ilícita de sufrágio.

IV – Não tem efeito suspensivo, mas o candidato diplomado poderá exercer o mandato em toda sua plenitude ate decisão do Tribunal Superior.

São verdadeiras as afirmações:

a) I e III.

b) I e IV.

c) II e IV.

d) III e IV.

7. Sobre as condições de elegibilidade, aponte a alternativa incorreta:

a) Desde que assegurada reciprocidade, aos cidadãos portugueses com residência perman-ente no Brasil e assegurado o gozo dos mesmos direitos políticos dos brasileiros naturaliza-dos; desse modo, e possível a um cidadão português o registro de candidatura para o cargo de governador de estado.

b) Os militares são inalistáveis e, portanto, inelegíveis.

c) O conceito de domicílio eleitoral e mais amplo que o de domicílio civil; em virtude disso, o funcionário público poderá manter seu domicílio eleitoral sem que se configure fraude, mesmo tendo domicílio necessário no município de exercício.

d) A filiação partidária pode ser comprovada por outros meios idôneos, ainda que o nome do filiado não conste na lista encaminhada pelo partido à Justiça Eleitoral e que, em virtude dessa omissão, a filiação não esteja registrada no sistema eletrônico do TSE.

8. Sobre os instrumentos de democracia participativa:

a) A incorporação, subdivisão ou desmembramento de um estado depende da edição de Lei Complementar com consequente aprovação, mediante referendo, da população diretamente interessada.

b) É competência exclusiva da Câmara dos Deputados a convocação de Plebiscito ou Refer-endo.

c) Não e cabível a iniciativa popular de projeto de Lei que trate de materia reservada à Lei Com-plementar, ressalvada a possibilidade de sua subscrição por membro do Congresso Nacional.

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d) A ação popular somente pode ser ajuizada por cidadão brasileiro, assim entendido como o nacional em pleno gozo dos direitos políticos.

GRUPO II

DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO AMBIENTAL

9. O regime jurídico dos contratos administrativos:

a) Outorga à Administração a prerrogativa de rescindi-los ou alterá-los unilateralmente, des-de que se indenize o particular para preservar o equilíbrio econômico-financeiro.

b) Impõe forma escrita, sendo sempre vedada a celebração de contratos verbal com a Admin-istração.

c) Considera imprescindível a realização de um procedimento prévio de licitação ou justifica-ção de dispensa ou inexigibilidade.

d) Os faz dotados de cláusulas exorbitantes, por meio das quais se garante à Administração a prerrogativa de negociar com o vencedor do certame a definição do objeto e regime de execução.

10. No tocante ao controle da administração pública:

a) No Brasil, adotou-se o sistema francês, em que há preponderância do controle judicial da administração, consagrado pela Constituição na cláusula da inafastabilidade da jurisdição.

b) Embora esteja sujeita ao controle jurisdicional, à Administração se garantiu o poder de au-totutela, em virtude do qual e possível a anulação dos atos administrativos ilegais, desde que não sejam objeto de litígio.

c) Ao Tribunal de Contas da União compete a fiscalização da aplicação de recursos federais, inclusive aqueles repassados mediante convênio para órgãos e entidades da administração estadual, municipal e distrital; no execício de sua fiscalização, o Tribunal de Contas da União pode apreciar a constitucionalidade de leis e atos normativos.

d) A Controladoria-Geral da União e um órgão de controle interno ao qual incumbe a revisão de atos de gestão quando constatada irregularidade insanável.

11. No tocante aos instrumentos econômicos da política nacional do meio ambiente:

I. A servidão ambiental e um instrumento por meio do qual o proprietário institui restrição ao uso ou à exploração da vegetação de uma área por prazo determinado de pelo menos 15 (quinze) anos.

II. A servidão ambiental não poderá incidir sobre a área de reserva legal mínima exigida e implicará restrição equivalente ou superior àquela que lhe for imposta.

III. O Procurador-Geral da República ajuizou Ação Direta de inconstitucionalidade em face de

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dispositivo da Lei nº 12.651/12 (Novo Código Florestal) que admitiu o cômputo das Áreas de Preservação Permanente na área de servidão ambiental.

IV. A área de servidão ambiental pode ser convertida em Cota de Reserva Ambiental – CRA, servindo como título que pode ser transferido, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito público ou privado para fins de compensação de Reserva Legal de imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado.

Estão certas as alternativas:

a) I e II.

b) II e III.

c) II e IV.

d) III e IV.

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO

12. Indique a opção certa, de acordo com as regras do CTN:

a) A obrigação tributária principal constitui uma obrigação de fazer.

b) A obrigação tributária acessória e dependente da obrigação principal, de modo que, inex-istindo esta, não subsistirá aquela.

c) A obrigaçao tributária principal decorre da lei em sentido estrito, enquanto que a obriga-ção acessória decorre da legislação tributária.

d) Sujeito ativo da obrigação e a pessoa jurídica, de direito público ou privado, titular da com-petência para exigir o seu cumprimento.

13. Sobre a legislação tributária:

a) A lei ordinária pode instituir qualquer tributo previsto na Constituição Federal.

b) As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas não possuem qualquer relevância jurídica para o contribuinte.

c) Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.

d) Interpreta-se extensivamente a legislação tributária que disponha sobre isenção.

14. Sobre emprestimos compulsórios:

a) São considerados, pela doutrina, tributos da natureza dos impostos.

b) A sua instituição compete a qualquer um dos entes federativos, mediante lei complementar.

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c) Alem das hipóteses previstas na Constituição Federal, segundo a doutrina, ainda está vi-gente o emprestimo compulsório citado no art. 15, III, CTN.

d) A circunstância de a receita decorrente dos emprestimos dever ser futuramente restituída não descaracteriza a sua condição de tributo.

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

15. O código de Lieber:

a) foi a primeira tentativa de codificação do direito da guerra terrestre e a base principal de elaboração do Direito de Genebra, relativo à limitação dos meios e metodos de combate, bem como de tratados posteriores.

b) foi a primeira tentativa de codificação do direito da guerra terrestre e a base principal de elaboração do Direito da Haia, relativo à proteção das vítimas da guerra, bem como de trata-dos posteriores.

c) traz, de forma direta ou indireta, as regras referentes aos meios de combate: proporciona-lidade, distinção e necessidade militar.

d) traz, de forma direta ou indireta, os princípios de condução de hostilidades: proporcionali-dade, distinção e necessidade militar.

16. O mecanismo internacionl:

a) e responsável pelas funções residuais da Corte Internacional de Justiça.

b) e responsável pelas funções residuais do Tribunal Penal Internacional para Ruanda.

c) e responsável pelas funções residuais do Tribunal Especial de Sierra Leoa.

d) e responsável pelas funções residuais do Tribunal Internacional Penal.

17. De acordo com a corte internacional de justiça no julgamento de 27 de janeiro de 2014 no caso “Disputa Marítima“ (Peru v. Chile) é incorreto afirmar:

a) a Declaração de Santiago de 1952 possui natureza jurídica de tratado internacional.

b) as regras de interpretação de tratados previstas nos artigos 31 e 32 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados não são aplicáveis aos tratados internacionais anteriores àquele acordo internacional.

c) a exigência geral para o estabelecimento de uma fronteira marítima e a necessidade de obter uma solução equitativa, cuja metodologia apropriada envolve o traçado provisório de uma linha de equidistância, a análise de circunstâncias capazes de justificar um ajustamento dessa linha, bem como da eventual desproporção entre os quinhões alcançados e o cumpri-mento das linhas costeiras dos Estados.

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d) a delimitação da zona econômica exclusiva entre Estados com costas adjacentes, prevista no art. 74, parágrafo 1 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), reflete uma norma de direito consuetudinário internacional.

18. O decreto nº 7.606, que regulamento no ordenamento jurídico brasileiro a resolução nº 1.989, de 17 de junho de 2013, do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU):

a) não obriga as autoridades brasileiras, no âmbito de suas respectivas atribuições, a impedir o trânsito, em seu território, de indivíduos associados à Al-Qaeda.

b) estabelece que o Estado-membro que vier a propor uma inclusão na lista de indivíduos e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo deverá tornar pública a condição de propositor.

c) estipula uma revisão de todos os nomes constantes da lista de indivíduos e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo que não tenham sido revistos em cinco anos ou mais.

d) autoriza os Estados-membros das Nações Unidas a apresentarem pedidos de exclusão da lista de indivíduos e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo em nome de entidade à Ouvidoria.

GRUPO III

DIREITO ECONÔMICO E DO CONSUMIDOR

19. A respeito do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, assinale a alternativa correta:

a) A Lei n. 12.529/2011 estabelece apenas medidas de repressão às infrações contra a ordem econômica, não dispondo sobre medidas preventivas, tendo em vista o respeito à livre inicia-tiva, consistente em um dos princípios gerais da atividade econômica.

b) O Procurador-Geral da República, ouvido o Conselho Superior, designará membro do Ministerio Público Federal para emitir parecer nos processos administrativos para imposição de sanções administrativas por infrações à ordem econômica, de ofício ou a requerimento do Conselheiro-Relator.

c) Os bens jurídicos tutelados pela Lei n. 12.529/2011 são titularizados apenas por agentes econômicos.

d) Também oficia junto ao CADE, além do Ministério Público, uma Procuradoria Federal es-pecializada, responsável por prestar assessoramento e consultoria, sendo-lhe vedada a repre-sentação judicial do órgão.

20. A estrutura organizacional do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e consti-tuída dos seguintes órgãos:

a) Ministerio Público Federal, Procuradoria Federal e Tribunal Administrativo.

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b) Procuradoria Federal e Tribunal Administrativo.

c) Superintendência-Geral, Tribunal Administrativo de Defesa Econômica e Departamento de Estudos Econômicos.

d) Nenhuma das respostas acima.

21. A respeito do conceito jurídico de consumidor, assinale a alternativa correta:

a) O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem jurisprudência consolidada adotando a teoria fi-nalista ou subjetiva. Assim, para o STJ, o conceito de consumidor não se aplica, em nenhuma hipótese, no caso em que o produto ou serviço e contratado para implementação de ativi-dade econômica, já que não estaria configurado o destinatário final da relação de consumo.

b) A jurisprudência do STJ tem mitigado a teoria finalista nos casos em que ficar comprovada a condição de hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da pessoa jurídica.

c) A teoria maximalista ou objetiva sustenta que consumidor e a pessoa (física ou jurídica) destinatária fática e econômica do produto ou serviço.

d) De acordo com a teoria subjetiva ou finalista, consumidor é a pessoa física ou jurídica que adquire o produto como destinatário fático final, podendo empregá-lo na sua atividade econômica com objetivo de lucro ou não.

DIREITO CIVIL

22. Assinale a alternativa incorreta:

a) O fato de ser possuidor direto na condição de promitente-comprador de imóvel, em princípio, não impede que este adquira a propriedade do bem por usucapião, uma vez que e possível a transformação do caráter originário daquela posse, de não própria, para própria.

b) Segundo entendimento do STJ, a posse precária não pode ser convalidada.

c) Posse violenta e a que se adquire por ato de força (moral ou física). Posse clandestina, por seu turno, e a posse que se adquire atraves às ocultas em relação ao seu legítimo titular.

d) Segundo entendimento majoritário, foi adotada no Brasil a teoria objetiva de Jhering. Con-tudo, há algumas concessões para a teoria subjetiva.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

23. A respeito da ação rescisória, assinale a alternativa correta.

a) Não e cabível ação rescisória contra decisões meramente terminativas.

b) Não se admite ação rescisória contra sentença citra petita.

c) É cabível ação rescisória no âmbito dos juizados federais.

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d) Conforme entendimento do STJ, não cabe rescisória por violação de súmula.

24. Sobre o processo de execução, assinale a alternativa incorreta:

a) O oferecimento de bens à penhora, ainda que de depósito de dinheiro, não impede a apli-cação da multa de 10% do art. 475-J do CPC.

b) Na hipótese de o executado ser representado por curador especial em virtude de citação ficta, não há necessidade de intimação para a fluência do prazo estabelecido no art. 475-J do CPC.

c) A penhora de dinheiro e a fiança bancária não possuem o mesmo status, de modo que a constrição sobre o primeiro não pode ser livremente substituída pela garantia fidejussória.

d) Assim como ocorre na exceção de pre-executividade, a garantia do juízo não e pressuposto para o processamento da impugnação ao cumprimento de sentença (art. 475-J, § 1º, do CPC).

GRUPO IV

DIREITO PENAL

25. Acerca do crime de lavagem de dinheiro, julgue as alternativas e aponte a alternativa incor-reta:

a) De acordo com a política de compliance estabelecida pela redação atual da lei de combate à lavagem de dinheiro, as pessoas físicas e jurídicas indicadas na legislação devem adotar políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu porte e volume de opera-ções, que lhes permitam atender as determinações dos órgãos de controle.

b) Sujeitam-se ao dever de comunicar operações financeiras suspeitas todas as pessoas físi-cas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não: a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira; a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial; a custódia, emissão, dis-tribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores mo-biliários.

c) As pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis também estão sujeitas às obrigações de identificação de clientes, ma-nutenção de registros e comunicação de operações financeiras aos órgãos de controle.

d) Os cadastros e registros mantidos pelas instituições obrigadas pela lei de combate à lava-gem de ativos deverão ser conservados durante o período máximo de cinco anos a partir do encerramento da conta ou da conclusão da transação.

26. Acerca da lei penal no tempo, assinale a alternativa correta:

a) O princípio da irretroatividade da lei penal limita-se às normas penais de caráter material,

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entre as quais se incluem aquelas relativas às medidas de segurança, que integram a seara do direito penal material.

b) Para a orientação atual do STJ, no delito de tráfico ilícito de entorpecentes, é possível re-alizar a combinação entre a lei nova (causa de diminuição) e a lei antiga (pena-base menor) a fim de encontrar a situação mais favorável ao réu.

c) No Código Penal não há previsão legal de exceção ao princípio da irretroatividade da lei penal mais benéfica.

d) Em materia de lei penal no tempo, adota-se a teoria do resultado, ou seja, considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do re-sultado.

27. Acerca dos crimes contra a saúde pública e os relacionados à remoção e transplante de órgãos, assinale a alternativa correta:

a) O crime de endemia consiste na propagação de germes patogênicos e tem como sujeito ativo qualquer pessoa.

b) Nos crimes relacionados à remoção e transplante de órgãos não há tipo penal de menor potencial ofensivo.

c) O crime de omissão de notificação de doença caracteriza-se como próprio e de perigo concreto.

d) O crime de envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicina destinada a consumo não e crime hediondo.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

28. Indique a alternativa incorreta:

a) O prazo para conclusão de Inquerito Policial que apure crime federal será de 15 dias pror-rogáveis por mais 15 dias, por decisão fundamentada do Juiz, em caso de investigado preso.

b) Entendendo pela incompetência absoluta do Juízo perante o qual oficia, o Procurador de-verá manifestar-se pela remessa do Inquerito ao Juízo competente, tendo esta manifestação sido denominada pela doutrina de arquivamento indireto.

c) Considere que o funcionário público ofendido em sua honra, em razão de acusações atrela-das ao exercício de sua função, representou ao Ministerio Público para apuração do caso. Se o MP promover o arquivamento, ele poderá ajuizar a Queixa-crime, desde que já não tenha sido extinta a punibilidade.

d) Segundo a orientação doutrinária e jurisprudencial dominante, o investigado não está obrigado a participar da reconstituição do crime, em atenção ao princípo do nemo tenetur si detegere.

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29. A respeito da competência penal, assinale a alternativa correta:

a) Havendo a expansão da Justiça Federal, com a criação de uma nova Vara Federal no interior do Estado, deverão ser remetidos a ela todos os processos penais referentes aos Municípios de sua área de abrangência, não se aplicando a perpetuatio jurisdicionis.

b) Havendo a criação de uma Vara Especializada, deverão ser remetidos a ela todos os pro-cessos penais referentes à sua materia exclusiva, não se aplicando a perpetuatio jurisdicionis.

c) Segundo a jurisprudência do STJ, a competência territorial, no processo penal, e de caráter absoluto, razão pela qual pode ser suscitada em qualquer momento.

d) A jurisprudência atual do STF e do STJ entende ser nulo o julgamento proferido por Turma de Tribunal composta, majoritariamente, por Juízes convocados.

30. A Transação Penal e um instituto despenalizador previsto na Lei n. 9.099/95. Acerca desse tema, assinale o item correto:

a) Segundo o entendimento jurisprudencial majoritário, trata-se de direito subjetivo do in-vestigado, de modo que, em caso de recusa de sua oferta pelo MP, o Juiz poderá formular a proposta.

b) Na esteira do entendimento doutrinário prevalecente, trata-se de exceção ao princípio da indisponibilidade, a denominada “indisponibilidade mitigada”

c) A jurisprudência do STF admite o cabimento da transação, se a condenação definitiva so-frida pelo investigado já tiver produzido seus efeitos há mais de cinco anos.

d) Na hipótese de concurso de crimes, para fins de análise do cabimento, ou não, da transa-ção, deve-se desconsiderar eventuais acrescimos ou exasperações decorrentes do concurso.

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

GRUPO I

MEDIADOR: RENAN PAES

DIREITO CONSTITUCIONAL E METODOLOGIA JURÍDICA

1. Assinale a alternativa incorreta, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal:

a) Acordos ou convênios que podem gerar encargos ou compromissos gravosos ao pat-rimônio estadual podem ser submetidos à autorização da Assembleia Legislativa sem que haja ofensa ao princípio da separação de poderes.

b) Afronta os princípios constitucionais da harmonia e independência entre os Poderes e da liberdade de locomoção norma estadual que exige previa licença da Assembleia Legislativa para que o governador e o vice-governador possam ausentar-se do País por qualquer prazo.

c) A garantia constitucional da imunidade parlamentar, em sentido material, representa um instrumento vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo, somente protegendo o membro do Congresso Nacional quando este exerça a liberdade de opinião no contexto do exercício do mandato e dentro do recinto da própria Casa legislativa.

d) A CPI possui legitimidade, no decorrer das investigações, para decretar quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de pessoas investigadas. No entanto, além da aprovação da que-bra pelo voto dos membros da comissão, há necessidade de fundamentação concreta para a restrição ao direito de intimidade.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 1.b e 24.b.

COMENTÁRIO

Nas questões de Direito Constitucional sempre haverá cobrança de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Por isso, além da regular leitura dos Informativos, é importante ter sempre em mãos a excelente compilação “A Constituição e o Supremo”, organizada pelo STF, onde se mescla o texto da Constituição Federal e a principal jurisprudência da Suprema Corte. A leitura, ainda que pontual, é essencial, principalmente na parte de direitos e garantias fundamentais e processo constitucional. Sugiro, outrossim, dar um “ctrl + f” na palavra-chave “NOVO”. Assim, o estudante poderá identificar sempre as novidades inseridas recentemente na compilação.

Link: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/publicacaoPublicacaoTematica/anexo/constituicao.zip

A alternativa “a” está correta, de acordo com o julgamento da ADI 331. O relator, Min. Gilmar Mendes, exalta, em seu voto, o “laboratório” que pode se tornar o poder constituinte estadual, trazendo experiências que, desde dentro dos parâmetros da Constituição Federal (princípio da simetria), podem ser proveitosas para a democracia. Seguem os excertos do voto e a ementa:

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“(...) o requerente alega que o art. 49, I, da CF, ao prever competência exclusiva do Congresso Nacional, restringe-se ao poder de resolver acordos ou tratados internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Por outro lado, o dispositivo estadual vai além, prevendo o poder de autorizar e resolver empréstimos, acordos e convênios que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio estadual. (...) no caso em análise, não verifico inobservância local, pois a Constituição estadual apenas complementou o Texto Federal. Nesse sistema de complementariedade, tenho que o Texto Federal pode até mesmo ser influenciado, em possível poder constituinte reformador, pelas experiências das Constituições estaduais. E preciso dar espaço a oficinas e experimentos no âmbito do poder constituinte estadual. (...) No caso, a inovação da Constituição paraibana não atenta contra os marcos fundamentais da Carta Magna, mas, antes, procura tornar ainda mais efetivos os comandos constitucionais do equilíbrio entre os poderes e do controle republicano dos compromissos públicos.” (ADI 331, voto do rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 3-4-2014, Plenário, DJE de 2-5-2014.).

“Ação direta de inconstitucionalidade. Inciso XXII do art. 54 da Constituição do Estado da Paraíba. Competência privativa da Assembleia Legislativa para autorizar e resolver definitivamente acordos e convênios. Alegada ofensa ao princípio da simetria. Acordos ou convênios que podem gerar encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio estadual podem ser submetidos à autorização do legislativo local, sem violar o princípio da separação dos poderes. Ação direta julgada improcedente.” (ADI 331, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 03/04/2014, DJe-082 DIVULG 30-04-2014 PUBLIC 02-05-2014 EMENT VOL-02728-01 PP-00001).

A assertiva “b” também está correta. É que, de acordo com o princípio da simetria, até é possível que a norma estadual estabeleça a exigência de autorização do legislativo estadual para o chefe do Executivo sair do país. No entanto, há que se observar a limitação da Constituição Federal quanto ao prazo, que é superior a 15 dias (Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo). Segue trecho do respectivo voto:

“Afronta os princípios constitucionais da harmonia e independência entre os Poderes e da liberdade de locomoção norma estadual que exige previa licença da Assembleia Legislativa para que o governador e o vice-governador possam ausentar-se do País por qualquer prazo. Espécie de autorização que, segundo o modelo federal, somente se justifica quando o afastamento exceder a quinze dias. Aplicação do princípio da simetria.” (ADI 738, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 13-11-2002, Plenario, DJ de 7-2-2003.) No mesmo sentido: RE 317.574, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 1o-12-2010, Plenario, DJE de 1o-2-2011; ADI 307, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 13-2-2008, Plenario, DJE de 1o-7-2009; ADI 775-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-10-1992, Plenário, DJ de 1o- 12-2006.

A alternativa “c” está incorreta. A imunidade do parlamentar no sentido material, que engloba suas opiniões,

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palavras e votos, afasta a tipicidade penal desde que proferidas em contexto que seja relacionado ao exercício do mandato, ainda que fora do recinto da casa legislativa. Segue abaixo trecho de inconfundível voto do Min. Celso de Mello:

“A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53, caput) – que representa um instrumento vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo – somente protege o membro do Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial (locus) em que este exerça a liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da propria Casa legislativa), nas hipoteses específicas em que as suas manifestações guardem conexão com o desempenho da função legislativa (pratica in officio) ou tenham sido proferidas em razão dela (pratica propter officium), eis que a superveniente promulgação da EC 35/2001 não ampliou, em sede penal, a abrangência tutelar da clausula da inviolabilidade. A prerrogativa indisponível da imunidade material – que constitui garantia inerente ao desempenho da função parlamentar (não traduzindo, por isso mesmo, qualquer privilégio de ordem pessoal) – não se estende a palavras, nem a manifestações do congressista, que se revelem estranhas ao exercício, por ele, do mandato legislativo. A clausula constitucional da inviolabilidade (CF, art. 53, caput), para legitimamente proteger o parlamentar, supõe a existência do necessario nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a pratica inerente ao ofício congressional, de outro. Doutrina. Precedentes.” (Inq 1.024-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 21-11-2002, Plenario, DJ de 4-3-2005.) No mesmo sentido: Inq 2.915, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 9-5-2013, Plenario, DJE de 31-5-2013; Inq 2.874-AgR, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 20-6-2012, Plenário, DJE de 1o-2-2013; Inq 2.332-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 10-2-2011, Plenário, DJE de 1o-3-2011.

A assertiva “d” está correta. É preciso atentar para o fato de que a CPI, por ser revestida de poderes de certo modo equivalentes aos de uma autoridade judiciária, deve suportar os mesmos ônus, principalmente o da argumentação e fundamentação. Assim, não basta que a CPI aprove, por maioria de votos, o pedido de quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico. É preciso que tal decisão seja concretamente fundamentada, sob pena ser anulada judicialmente:

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO - QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO, FISCAL E TELEFÔNICO - AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE FATOS CONCRETOS - FUNDAMENTAÇÃO GENERICA - INADMISSIBILIDADE - CONTROLE JURISDICIONAL - POSSIBILIDADE - CONSEQÜENTE INVALIDAÇÃO DO ATO DE “DISCLOSURE” - INOCORRÊNCIA, EM TAL HIPÓTESE, DE TRANSGRESSÃO AO POSTULADO DA SEPARAÇÃO DE PODERES - MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO. A QUEBRA DE SIGILO - QUE SE APÓIA EM FUNDAMENTOS GENERICOS E QUE NÃO INDICA FATOS CONCRETOS E PRECISOS REFERENTES À PESSOA SOB INVESTIGAÇÃO - CONSTITUI ATO EIVADO DE NULIDADE. - A quebra do sigilo inerente aos registros bancarios, fiscais e telefônicos, por traduzir medida de carater excepcional, revela-se incompatível com o ordenamento constitucional, quando fundada em deliberações emanadas de CPI cujo suporte decisorio apoia-

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se em formulações genéricas, destituídas da necessaria e específica indicação de causa provavel, que se qualifica como pressuposto legitimador da ruptura, por parte do Estado, da esfera de intimidade a todos garantida pela Constituição da República. Precedentes. Doutrina. O CONTROLE JURISDICIONAL DE ABUSOS PRATICADOS POR COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. - O Supremo Tribunal Federal, quando intervém para assegurar as franquias constitucionais e para garantir a integridade e a supremacia da Constituição, neutralizando, desse modo, abusos cometidos por Comissão Parlamentar de Inquérito, desempenha, de maneira plenamente legítima, as atribuições que lhe conferiu a propria Carta da República. O regular exercício da função jurisdicional, nesse contexto, porque vocacionado a fazer prevalecer a autoridade da Constituição, não transgride o princípio da separação de poderes. Doutrina. Precedentes.

(MS 25668, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 23/03/2006, DJ 04-08-2006 PP-00027 EMENT VOL-02240-03 PP-00410 RTJ VOL-00200-02 PP-00778 RCJ v. 20, n. 129, 2006, p. 55-66).

GABARITO: LETRA “C”

2. Acerca do Poder Constituinte, assinale a alternativa incorreta:

a) Ao contrário das normas infraconstitucionais, a Constituição não retira o seu fundamento de validade de um diploma jurídico que lhe seja superior, mas se firma pela vontade das for-ças determinantes da sociedade, que a precede.

b) A Constituição Federal atual, que foi promulgada em 5 de outubro de 1988, revogou por completo a Constituição anterior, não excepcionando a vigência temporária de qualquer dis-positivo da Lei Maior de 1967/69.

c) Segundo o STF, não se pode invocar direitos adquiridos contra a Constituição. Isso porque o poder constituinte tem a prerrogativa de atingir efeitos futuros de fatos passados, que e o que se chama de retroatividade mínima.

d) A proibição de alterar o art. 60, § 4º da Constituição Federal, que enumera as cláusulas pe-treas, limitações materiais ao poder constituinte reformador, pode ser entendida como uma cláusula petrea implícita.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 5.a e 6.a.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” é a alternativa correta.

A assertiva “b” está incorreta, uma vez que há uma exceção. No art. 34 do ADCT da CF/88 restou estabelecido que: “O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a

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redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores”. Assim, a CF/88 conviveu, por curto período, com a vigência temporária de dispositivos da Constituição anterior relacionados ao sistema tributário.

A assertiva “c” está correta. Os direitos adquiridos não são oponíveis à Constituição principalmente pelo fato de o Poder Constituinte ser inicial, juridicamente ilimitado e incondicionado. Nesse sentido, assim se manifesta a doutrina quanto ao tema:

“Reconhece-se como típico das normas do poder constituinte originario serem elas dotadas de eficacia retroativa mínima, ja que se entende como proprio dessas normas atingir efeitos futuros de fatos passados. As normas do poder constituinte originario podem, excepcionalmente, ter eficacia retroativa média (alcançar prestações vencidas anteriormente a essas normas e não pagas) ou maxima (alcançar fatos consumados no passado), mas para que opere com a retroatividade média ou maxima, o proposito do constituinte deve ser expresso. E nesse sentido que se diz, hoje, que não ha direito adquirido contra a Constituição.” (MENDES, Gilmar Ferreira. et al. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 211).

A assertiva “d” está correta. Ora, se o art. 60, §4º da CF/88 estabelece as limitações materiais ao poder constituinte reformador, é imperativo lógico que a redação de tal dispositivo não pode ser alterada e nem suprimida. Em razão disso, temos uma cláusula pétrea implícita no texto constitucional.

GABARITO: LETRA “B”

3. Acerca dos metodos e princípios de hermenêutica constitucional, assinale a alternativa correta:

a) A tópica desenvolvida por Theodor Viehweg se caracterizou como uma tecnica de pensar o problema e atraves de debates e descoberta de argumentos relevantes e persuasivos, contri-buir para solucioná-lo satisfatoriamente. Daí a sua função precipuamente instrumental.

b) Para Häberle, embora participem potencialmente da interpretação constitucional todas as forças da comunidade política, e possível estabelecer um numerus clausus de interpretes constitucionais.

c) De acordo com Müller, o direito e a realidade são esferas incomunicáveis entre si. Assim não e necessário observar a praxis jurídica para elaborar o processo estruturado de interpretação.

d) De acordo com o método científico-espiritual de interpretação, capitaneado por Heideger e Gadamer, tem-se a ideia de Constituição como instrumento de integração e de ordenação jurídica do Estado e da dinâmica vital em que se desenvolve a vida estatal.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 10.a.

COMENTÁRIO

A alternativa “a” está correta. É exatamente esse o núcleo essencial do pensamento de Viehweg. A assertiva “b” está incorreta na medida em que atribui a Peter Häberle a afirmação de ser possível estabelecer limitação de intérpretes constitucionais. O pensamento do jurista é exatamente o oposto, no sentido

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de que todos os grupos (cidadãos, órgãos estatais, entes privados) estão autorizados a participar da “sociedade aberta de intérpretes da Constituição”.

A alternativa “c” está incorreta. Müller entendia que se deve compreender a concretização da norma como um “processo estruturado”. Para ele, “o texto de uma prescrição jurídica é tão somente a cabeça do iceberg. No seio da montanha de gelo, na parte mais baixa, recôndita e profunda, porém invisível, é que se deve procurar a essência da normalidade, feita dos fatos e relações de natureza estatal e social.” (BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 504). Por isso, para o autor alemão, “o Direito e a realidade não são esferas incomunicáveis nem categorias autônomas subsistentes por si mesmas. O âmbito da norma é fator que fundamenta a normatividade. Não é simples soma de fatos, mas conjunto de elementos estruturais retirados da realidade social.” (BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 506).

A alternativa “d” está errada pois, embora a descrição esteja adequada ao método científico-espiritual, Heideger e Gadamer foram expoentes do método normativo-estruturante de interpretação. O principal jurista relacionado ao método científico-espiritual é Rudolf Smend.

GABARITO: LETRA “A”

MEDIADOR: ALDO COSTA

PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

4. No tocante às limitações extraordinárias ao exercício dos direitos humanos, é correto afirmar que:

a) as limitações comuns ao exercício de direitos humanos e as extraordinárias, na forma de derrogações, são categorias distintas de limitação.

b) a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos não prevê nenhuma derrogação das obrigações legais.

c) o conceito de emergência previsto no art. 27(1) da Convenção Americana de Direitos Hu-manos assemelha-se aos inseridos nos arts. 15(1) da Convenção Europeia de Direitos Huma-nos e 4(1) do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos.

d) a suspensão de garantias implica uma suspensão temporária do Estado de direito.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 6.a.

COMENTÁRIO

Os Estados podem impor limitações ao gozo de alguns direitos, tais como o direito de liberdade de expressão, associação e reunião para certos propósitos legítimos. Tais limitações são denominadas limitações “comuns”, já que podem ser impostas permanentemente em tempos normais. As derrogações, por outro lado, são criadas especialmente para situações críticas, que exigem a introdução de medidas

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extraordinárias. As limitações comuns ao exercício de direitos humanos e as limitações extraordinárias, na forma de derrogações, não formam categorias distintas de limitação, e sim um contínuo jurídico (cf. Direitos Humanos na Administração da Justiça, §16-5). O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (art. 4º) e as Convenções Americana e Européia sobre Direitos Humanos (arts. 27 e 15) autorizam os Estados-membros, em certas situações emergenciais, a derrogar algumas obrigações legais, mediante o atendimento de requisitos estritos, formais e substantivos. Já a Carta Africana sobre Direitos Humanos não contém dispositivo semelhante. Notem, ademais, que o conceito de emergência inserto no art. 27(1) do Pacto de São José distingue-se do que referido nos instrumentos universal e europeu: ao invés de aludir à ameaça “à existência da nação”, autoriza derrogações “em caso de guerra, de perigo público ou de outra emergência que ameace a independência ou a segurança do Estado-parte”. No mais, as únicas diferenças entre o conceito de emergência inserido no art. 15(1) da Convenção Européia e o inserido no Artigo 4(1) do Pacto Internacional é que o primeiro também faz menção à “guerra” e o verbo figura no gerúndio (“ameaçando”), e não no presente do indicativo (“que ameaça”). Cumpre assinalar, ainda, que o direito de derrogar não implica suspensão do Estado de direito, conforme anotou a Corte Interamericana de Direitos Humanos ao apreciar o caso “Habeas Corpus” em Situações de Emergência (Sentença de 30 de janeiro de 1987, Série A, n. 8, p. 40, par. 24). Por todo o exposto, é possível assinalar o equívoco das afirmações constantes dos itens (a), (c) e (d), bem como o acerto da assertiva veiculada por meio do item (b) da questão.

GABARITO: LETRA “B”

5. A teoria da proteção indireta (“indirect protection”) ou da proteção por ricochete (“par rico-chete”:

a) não e aplicável aos processos cooperacionais no sistema europeu de direitos humanos.

b) veda as decisões discricionárias do Estado em uma extradição.

c) deve ser balanceada com as necessidades de proteção da sociedade contra o terrorismo.

d) implica a avaliação subjetiva do Estado requerente.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 3.b.

COMENTÁRIO

A aludida doutrina é abordada com destaque no livro da examinadora de Proteção Internacional de Direitos Humanos do 27o CPR (Denise Neves Abade, “Direitos fundamentais na cooperação jurídica internacional”, Saraiva, 2013, pp. 130-145). Conforme expõe, “a proteção indireta (“indirect protection”) ou proteção por ricochete (“par ricochet” [...]) consiste na exigência de que direitos previstos na Convenção Europeia de Direitos Humanos sejam observados pelos Estados terceiros ao receber pessoas que estavam sob a jurisdição de algum Estado europeu contratante da Convenção”. Em síntese, “não pode o Estado expulsar ou extraditar um ser humano sob sua jurisdição para outro Estado, no qual haja o risco fundado de que sofra tais tratamentos odiosos” (p. 135). O Estado requerido, assim, deve “avaliar subjetivamente as

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condições de direitos humanos específicas do Estado requerente para não violar a Convenção Europeia de Direitos Humanos” (p. 141). Correta, portanto, a assertiva contida no item (d). A formulação encontrada no item (a) está equivocada porque basta que o Estado tenha se comprometido a cumprir a Convenção que esta incidirá imediatamente sobre os pleitos cooperacionais [...] exigindo-se que o Estado requerente – mesmo que não seja um Estado contratante – não viole os direitos nela previstos (p. 143). Por outro lado, “não há vedação às decisões discricionárias do Estado em uma extradição, mas impede-se que a decisão estatal gere a violação a outros direitos (como o de não sofrer tratamento desumano) estes sim garantidos pela Convenção Europeia de Direitos Humanos” (pp. 130-131). Errado, portanto o que consignado no item (b). Por fim, há equívoco no argumento do item (c), rechaçado pelo Tribunal Europeu por ocasião do julgamento do caso Chahal v. Reino Unido. Para a Corte, o dever do Estado de zelar pela segurança de sua sociedade não pode ser feito a qualquer custo, colocando pessoas sob o risco de tortura, tratamento desumano, execução extrajudicial ou desaparecimento forçado.

GABARITO: LETRA “D”

MEDIADOR: PAULO SANTIAGO

DIREITO ELEITORAL

6. O RECURSO CONTRA A EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA:

I – Pode ser interposto no prazo de 15 (quinze) dias contados da diplomação, nos casos de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegi-bilidade.

II – Deverá ser interposto, nas eleições gerais, perante o Tribunal Superior Eleitoral.

III – Conforme jurisprudência recentemente consolidada no Tribunal Superior Eleitoral, não e cabível nos casos de falsidade, fraude, coação, abuso de poder, conduta ou propaganda ve-dada e captação ilícita de sufrágio.

IV – Não tem efeito suspensivo, mas o candidato diplomado poderá exercer o mandato em toda sua plenitude ate decisão do Tribunal Superior.

São verdadeiras as afirmações:

a) I e III.

b) I e IV.

c) II e IV.

d) III e IV.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 7.b.

COMENTÁRIO

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I – Pode ser interposto no prazo de 15 (quinze) dias contados da diplomação, nos casos de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegibilidade.

Falsa. O prazo para a interposição do RCED é de 3 (três) dias, contados da diplomação; é muito comum confundir o RCED com a AIME, cujo prazo é de 15 (quinze) dias.

II – Deverá ser interposto, nas eleições gerais, perante o Tribunal Superior Eleitoral.

Falsa. Apesar de ser julgado pelo TSE, o RCED é interposto perante o presidente do TRE. É dizer, o processamento adotado é típico de recurso ordinário (269 e seguintes do CE), embora o procedimento judicial se inaugure com o recurso.

III – Conforme jurisprudência recentemente consolidada no Tribunal Superior Eleitoral, não é cabível nos casos de falsidade, fraude, coação, abuso de poder, conduta ou propaganda vedada e captação ilícita de sufrágio.

Verdadeira. No julgamento do RCED 884/PI, o TSE declarou a inconstitucionalidade do art. 262, IV do Código Eleitoral, que dispunha: “O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos seguintes casos: IV - concessão ou denegação do diploma em manifesta contradição com a prova dos autos, nas hipóteses do art. 222 desta Lei, e do art. 41-A da Lei no 9.504, de 30 de setembro de 1997. (Redação dada pela Lei nº 9.840, de 28.9.1999)”.

Obs1. Trata-se de declaração de inconstitucionalidade e não de “não recepção”, uma vez que, mesmo sendo o CE anterior à CF, o dispositivo havia sido inserido por uma lei de 1999.

Obs2. A partir desse entendimento, os RCED que haviam sido interpostos com base no CE, 262, IV foram convertidos em AIME. Isso porque o fundamento da inconstitucionalidade é exatamente que a matéria descrita seria relativa a AIME, por disposição do art. 14, §10 da CF.

Obs3. O dispositivo foi revogado pela minirreforma eleitoral, que não vai valer para 2014 por causa da anterioridade anual (CF, 16). Mas o entendimento já está sendo aplicado e os próprios relatores já estão devolvendo os RCED como AIME para os TRE – tenho uma em fase de instrução aqui.

IV – Não tem efeito suspensivo, mas o candidato diplomado poderá exercer o mandato em toda sua plenitude até decisão do Tribunal Superior.

Verdadeira. A ausência de efeito suspensivo dos recursos foi prevista pelo art. 257 do CE. Mas há uma regra específica para o RCED, prevista no art. 216 do CE: “Enquanto o Tribunal Superior não decidir o recurso interposto contra a expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda a sua plenitude”. Desse modo, se, de um lado, é verdadeiro que o RCED não tem efeito suspensivo; de outro, os recursos manejados em face de uma decisão do TRE serão dotados desse efeito, em virtude de expressa a previsão de que a cassação do diploma somente terá eficácia após decisão do Tribunal Superior.

GABARITO: LETRA “D”

7. Sobre as condições de elegibilidade, aponte a alternativa incorreta:

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a) Desde que assegurada reciprocidade, aos cidadãos portugueses com residência perman-ente no Brasil e assegurado o gozo dos mesmos direitos políticos dos brasileiros naturaliza-dos; desse modo, e possível a um cidadão português o registro de candidatura para o cargo de governador de estado.

b) Os militares são inalistáveis e, portanto, inelegíveis.

c) O conceito de domicílio eleitoral e mais amplo que o de domicílio civil; em virtude disso, o funcionário público poderá manter seu domicílio eleitoral sem que se configure fraude, mesmo tendo domicílio necessário no município de exercício.

d) A filiação partidária pode ser comprovada por outros meios idôneos, ainda que o nome do filiado não conste na lista encaminhada pelo partido à Justiça Eleitoral e que, em virtude dessa omissão, a filiação não esteja registrada no sistema eletrônico do TSE.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 6.b.

COMENTÁRIO

a) Desde que assegurada reciprocidade, aos cidadãos portugueses com residência permanente no Brasil é assegurado o gozo dos mesmos direitos políticos dos brasileiros naturalizados; desse modo, é possível a um cidadão português o registro de candidatura para o cargo de governador de estado.

Correta. Nos termos do art. 12, §1º da CF, “aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição”. Desse modo, garante-se aos portugueses direitos semelhantes àqueles garantidos aos brasileiros naturalizados. Trata-se da situação de “quase-nacionalidade”. Isso permite que cidadãos portugueses se candidatem a cargos eletivos não privativos de brasileiro nato, como o de governador de estado.

b) Os militares são inalistáveis e, portanto, inelegíveis.

Errada. Nos termos do art. 14, §2º da CF, os conscritos não podem se alistar “durante o período do serviço militar obrigatório”. Desse modo, apenas nessas hipóteses os militares estarão com o exercício dos direitos políticos suspensos. Já os militares de carreira exercem plenamente sua capacidade eleitoral ativa e passiva, nos termos do art. 14, §8º da CF.

c) O conceito de domicílio eleitoral é mais amplo que o de domicílio civil; em virtude disso, o funcionário público poderá manter seu domicílio eleitoral sem que se configure fraude, mesmo tendo domicílio necessário no município de exercício.

Correta. O conceito de domicílio eleitoral previsto no art. 42, Parágrafo único do CE é amplo: “Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas”. Em caso de mudança de domicílio, o eleitor deve requerer sua transferência (55, CE). Entretanto, poderá o eleitor preservar seu domicílio eleitoral quando mantiver relações sociais e comunitárias no local anterior; trata-se do domicílio afetivo,

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muito comum em casos de servidores públicos que são lotados ou removidos para município diverso.

d) A filiação partidária pode ser comprovada por outros meios idôneos, ainda que o nome do filiado não conste na lista encaminhada pelo partido à Justiça Eleitoral e que, em virtude dessa omissão, a filiação não esteja registrada no sistema eletrônico do TSE.

Correta. Trata-se de entendimento sumulado pelo TSE (sum. 20): A falta do nome do filiado ao partido na lista por este encaminhada à Justiça Eleitoral, nos termos do art. 19 da Lei nº 9.096, de 19.9.95, pode ser suprida por outros elementos de prova de oportuna filiação.

GABARITO: LETRA “B”

8. Sobre os instrumentos de democracia participativa:

a) A incorporação, subdivisão ou desmembramento de um estado depende da edição de Lei Complementar com consequente aprovação, mediante referendo, da população diretamente interessada.

b) É competência exclusiva da Câmara dos Deputados a convocação de Plebiscito ou Refer-endo.

c) Não e cabível a iniciativa popular de projeto de Lei que trate de materia reservada à Lei Complementar, ressalvada a possibilidade de sua subscrição por membro do Congresso Na-cional.

d) A ação popular somente pode ser ajuizada por cidadão brasileiro, assim entendido como o nacional em pleno gozo dos direitos políticos.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 2.b.

COMENTÁRIO

a) A incorporação, subdivisão ou desmembramento de um estado depende da edição de Lei Complementar com consequente aprovação, mediante referendo, da população diretamente interessada.

Errada. A aprovação é prévia, dando-se por plebiscito.

b) É competência exclusiva da Câmara dos Deputados a convocação de Plebiscito ou Referendo.

Errada. A referida competência é do Congresso Nacional.

c) Não é cabível a iniciativa popular de projeto de Lei que trate de matéria reservada à Lei Complementar, ressalvada a possibilidade de sua subscrição por membro do Congresso Nacional.

Errada. Não há restrição à matéria tratada no projeto de lei de iniciativa popular, que, inclusive, não poderá ser rejeitado por vício de forma (13, §2º, 9.709/98). Discute-se na doutrina a possibilidade de Projeto de Emenda à Constituição de iniciativa popular, sendo majoritária a corrente que não admite. Lembre-se: a Ficha Limpa foi de iniciativa popular e é LC (135).

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d) A ação popular somente pode ser ajuizada por cidadão brasileiro, assim entendido como o nacional em pleno gozo dos direitos políticos.

Correta. A condição de cidadão é expressamente exigida pelo art. 5º, LXIII da CF. Já a Lei de Ação Popular define que “a prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda” (1º, §3º – LAP). Desse modo, há consenso doutrinário de que somente os cidadãos em gozo dos direitos políticos poderão ajuizar ação popular.

GABARITO: LETRA “D”

GRUPO II

MEDIADOR: PAULO SANTIAGO

DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO AMBIENTAL

9. O regime jurídico dos contratos administrativos:

a) Outorga à Administração a prerrogativa de rescindi-los ou alterá-los unilateralmente, des-de que se indenize o particular para preservar o equilíbrio econômico-financeiro.

b) Impõe forma escrita, sendo sempre vedada a celebração de contratos verbal com a Admin-istração.

c) Considera imprescindível a realização de um procedimento prévio de licitação ou justifica-ção de dispensa ou inexigibilidade.

d) Os faz dotados de cláusulas exorbitantes, por meio das quais se garante à Administração a prerrogativa de negociar com o vencedor do certame a definição do objeto e regime de execução.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 6.b.

COMENTÁRIO

a) Outorga à Administração a prerrogativa de rescindi-los ou alterá-los unilateralmente, desde que se indenize o particular para preservar o equilíbrio econômico-financeiro.

Errada. Somente a rescisão por culpa da Administração ou por interesse público implicam indenização ao particular. Nos casos de rescisão unilateral por qualquer das formas de inadimplemento, deverá o contratado indenizar a Administração pelos danos causados.

b) Impõe forma escrita, sendo sempre vedada a celebração de contratos verbal com a Administração.

Errada. A regra é a vedação da celebração de contratos verbais. Mas há permissão legal para que tais ajustes sejam reconhecidos válidos quando se tratar “de pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea “a” desta Lei (limite da dispensa por valor), feitas em regime de adiantamento” (60, único –

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8.666/93).

c) Considera imprescindível a realização de um procedimento prévio de licitação ou justificação de dispensa ou inexigibilidade.

Correta. O art. 37, XXI da CF impõe a realização de licitação para a contratação com o poder público, ressalvadas as hipóteses especificadas na lei, a saber, dispensa ou inexigibilidade de licitação.

d) Os faz dotados de cláusulas exorbitantes, por meio das quais se garante à Administração a prerrogativa de negociar com o vencedor do certame a definição do objeto e regime de execução.

Errada. As cláusulas exorbitantes garantem à Administração as prerrogativas de fiscalização, alteração e rescisão unilateral do contrato administrativo. Quanto ao objeto e ao regime de execução, estes devem compor o edital de licitação, de modo que não é dado à administração negociá-los com o vencedor. Há modalidades que permitem a negociação do preço com o vencedor. Isso não exclui a possibilidade de alteração unilateral ou consensual (com o já contratado) do contrato, desde que haja interesse público e se respeite o limite legal; mas a definição do objeto e do regime de execução é anterior à abertura do certame.

GABARITO: LETRA “C”

10. No tocante ao controle da administração pública:

a) No Brasil, adotou-se o sistema francês, em que há preponderância do controle judicial da administração, consagrado pela Constituição na cláusula da inafastabilidade da jurisdição.

b) Embora esteja sujeita ao controle jurisdicional, à Administração se garantiu o poder de au-totutela, em virtude do qual e possível a anulação dos atos administrativos ilegais, desde que não sejam objeto de litígio.

c) Ao Tribunal de Contas da União compete a fiscalização da aplicação de recursos federais, inclusive aqueles repassados mediante convênio para órgãos e entidades da administração estadual, municipal e distrital; no execício de sua fiscalização, o Tribunal de Contas da União pode apreciar a constitucionalidade de leis e atos normativos.

d) A Controladoria-Geral da União e um órgão de controle interno ao qual incumbe a revisão de atos de gestão quando constatada irregularidade insanável.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 8.b.

COMENTÁRIO

a) No Brasil, adotou-se o sistema francês, em que há preponderância do controle judicial da administração, consagrado pela Constituição na cláusula da inafastabilidade da jurisdição.

Errada. Esse é o sistema inglês ou de jurisdição única. O sistema francês ou dual é aquele que consagra um “contencioso administrativo” com preponderância e insuscetível de revisão pelo poder judiciário, como

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as decisões do conselho de estado daquele país.

b) Embora esteja sujeita ao controle jurisdicional, à Administração se garantiu o poder de autotutela, em virtude do qual é possível a anulação dos atos administrativos ilegais, desde que não sejam objeto de litígio.

Errada. Ainda quando o ato tenha sido submetido a controle judicial, poderá a Administração revê-lo, anulando-o e reconhecendo a procedência do pedido.

c) Ao Tribunal de Contas da União compete a fiscalização da aplicação de recursos federais, inclusive aqueles repassados mediante convênio para órgãos e entidades da administração estadual, municipal e distrital; no execício de sua fiscalização, o Tribunal de Contas da União pode apreciar a constitucionalidade de leis e atos normativos.

Correta. O TCU pode apreciar a constitucionalidade desde que incidentalmente, a teor da súmula 347 do STF. Não é dado à corte de contas, contudo, suspender a eficácia de ato normativo, pois se trataria de controle abstrato, de competência exclusiva do STF.

d) A Controladoria-Geral da União é um órgão de controle interno ao qual incumbe a revisão de atos de gestão quando constatada irregularidade insanável.

Errada. A Controladoria-Geral da União não tem competência revisional. Seus relatórios são a base para a revisão do ato pela autoridade competente ou superior. Ademais, as fiscalizações da CGU instrumentalizam a responsabilização dos gestores nas esferas administrativa, penal, civil e de improbidade administrativa.

GABARITO: LETRA “C”

11. No tocante aos instrumentos econômicos da política nacional do meio ambiente:

I. A servidão ambiental e um instrumento por meio do qual o proprietário institui restrição ao uso ou à exploração da vegetação de uma área por prazo determinado de pelo menos 15 (quinze) anos.

II. A servidão ambiental não poderá incidir sobre a área de reserva legal mínima exigida e implicará restrição equivalente ou superior àquela que lhe for imposta.

III. O Procurador-Geral da República ajuizou Ação Direta de inconstitucionalidade em face de dispositivo da Lei nº 12.651/12 (Novo Código Florestal) que admitiu o cômputo das Áreas de Preservação Permanente na área de servidão ambiental.

IV. A área de servidão ambiental pode ser convertida em Cota de Reserva Ambiental – CRA, servindo como título que pode ser transferido, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito público ou privado para fins de compensação de Reserva Legal de imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado.

Estão certas as alternativas:

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a) I e II.

b) II e III.

c) II e IV.

d) III e IV.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 8.c.

COMENTÁRIO

I – A servidão ambiental é um instrumento por meio do qual o proprietário institui restrição ao uso ou à exploração da vegetação de uma área por prazo determinado de pelo menos 15 (quinze) anos.

Falsa. A servidão também poderá ser perpétua. Quando for temporária, o prazo será determinado e o mínimo efetivamente é de 15 (quinze) anos.

Lei da PNMA (6.938/81)

Art. 9o-B. A servidão ambiental podera ser onerosa ou gratuita, temporaria ou perpétua. (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012). § 1o O prazo mínimo da servidão ambiental temporaria é de 15 (quinze) anos.

II – A servidão ambiental não poderá incidir sobre a área de reserva legal mínima exigida e implicará restrição equivalente ou superior àquela que lhe for imposta.

Verdadeira.

Lei da PNMA (6.938/81)

9º-A, § 2o - A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exigida. § 3o - A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da area sob servidão ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal.

III – O Procurador-Geral da República ajuizou Ação Direta de inconstitucionalidade em face de dispositivo da Lei nº 12.651/12 (Novo Código Florestal) que admitiu o cômputo das Áreas de Preservação Permanente na área de servidão ambiental.

Falsa. A ADI nº 4901 foi ajuizada pelo PGR questionando o cômputo das APP em Reserva Legal. As APP não são contadas nas áreas de servidão ambiental.

Lei da PNMA (6.938/81) 9º-A, § 2o - A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exigida.

IV – A área de servidão ambiental pode ser convertida em Cota de Reserva Ambiental – CRA, servindo como título que pode ser transferido, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito público ou privado para fins de compensação de Reserva Legal de imóvel rural situado no mesmo

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bioma da área à qual o título está vinculado.

Verdadeira.

Art. 44. E instituída a Cota de Reserva Ambiental - CRA, título nominativo representativo de area com vegetação nativa, existente ou em processo de recuperação:

I - sob regime de servidão ambiental, instituída na forma do art. 9o-A da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981;

Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito público ou privado, mediante termo assinado pelo titular da CRA e pelo adquirente.

§ 2o A CRA so pode ser utilizada para compensar Reserva Legal de imovel rural situado no mesmo bioma da area à qual o título esta vinculado.

GABARITO: LETRA “C”

MEDIADOR: BRUNO BARROS

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO

12. Indique a opção certa, de acordo com as regras do CTN:

a) A obrigação tributária principal constitui uma obrigação de fazer.

b) A obrigação tributária acessória e dependente da obrigação principal, de modo que, inex-istindo esta, não subsistirá aquela.

c) A obrigaçao tributária principal decorre da lei em sentido estrito, enquanto que a obriga-ção acessória decorre da legislação tributária.

d) Sujeito ativo da obrigação e a pessoa jurídica, de direito público ou privado, titular da com-petência para exigir o seu cumprimento.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 1.b.

COMENTÁRIO

A obrigação tributária é dividida em principal e acessória. A obrigação tributária principal diz respeito ao pagamento da prestação pecuniária decorrente do tributo e das multas correspondentes, enquanto que as obrigações acessórias referem-se a comportamentos positivos ou negativos em prol da arredacação e fiscalização fazendária, a saber:

Art. 113. A obrigação tributaria é principal ou acessoria.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniaria e extingue-se juntamente com o

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crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessoria decorre da legislação tributaria e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessoria, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniaria.

Portanto, a obrigação principal é uma obrigação de dar (=pagar), e não de fazer, o que torna falsa a alternativa “a”.

Por outro lado, embora receba o nome de obrigação acessória, o que poderia levar à conclusão, na esteira da lição civilista, de que “o acessório segue o principal”, tal relação não tem aplicação na seara tributária, sendo perfeitamente possível, por exemplo, a existência da obrigação acessória sem a existência da obrigação principal, tal como ocorre em relação às entidades sem fins lucrativos que gozam de imunidade. Ou seja, elas não pagam impostos (obrigação principal), mas remanescem as obrigações acessórias, que permitem, inclusive, fiscalizar se os requisitos necessários à imunidade estão sendo atendidos.

Nesse sentido, destacamos:

“Aqui não valem as lições dos civilistas, no sentido de que a existência da coisa acessoria pressupõe a da coisa principal. Em direito tributario, existem varios exemplos de obrigações acessorias que independem da existência da obrigação principal. Um excelente exemplo de tal situação é o art. 14, III, do CTN (…) As relações de acessoriedade, em direito tributario, consiste no fato deq ue as obrigações acessorias existem no interesse da fiscalização ou arrecadação de tributos, ou seja, são criadas com o objetivo de facilitar o cumprimento da obrigação tributaria principal, bem como de possibilitar a comprovação deste cumprimento (fiscalização). Assim, a declaração do imposto de renda facilita o calculo do montante a ser recolhido e possibilita a verificação, por parte do Fisco, da correção do procedimento adotado pelo contribuinte.” (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributario Esquematizado. 2. ed. São Paulo: Método, 2008. p. 275).

Assim, o item “b” está errado.

De mais a mais, a obrigação tributária principal decorre da lei em sentido estrito, pois, em virtude do princípio da legalidade, somente a lei pode instituir tributo. Porém, a obrigação tributária acessória pode decorrer da legislação tributária, conforme previsto no §2º acima mencionado, ou seja, normas administrativo-fiscais podem regulamentar o tema.

Assim, o item “c” está certo.

Por fim, o sujeito ativo da relação tributária é o ente federativo que tem competência para instituir o tributo. Tratando-se de tributo, somente os entes federativos, isto é, pessoas jurídicas de direito público, têm legitimidade para criar e instituir os tributos, inexistindo hipótese de instituição de tributo por pessoa jurídica de direito privado, razão pela qual o item “d” é falso.

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GABARITO: LETRA “C”

13. Sobre a legislação tributária:

a) A lei ordinária pode instituir qualquer tributo previsto na Constituição Federal.

b) As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas não possuem qualquer relevância jurídica para o contribuinte.

c) Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.

d) Interpreta-se extensivamente a legislação tributária que disponha sobre isenção.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 7.a.

COMENTÁRIO

Regra geral, compete à lei ordinária instituir os tributos previstos na Constituição. No entanto, há determinadas espécies tributárias que necessariamente precisam ser instituídos mediante lei complementar, tal como empréstimo compulsório (art. 148), impostos residuais (art. 154, I) e contribuições sociais residuais (art. 195, §4º). Dessa forma, o item “a” está errado.

Em seguida, cumpre transcrever o art. 100, CTN:

Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos:

I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas.

II - as decisões dos orgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficacia normativa.

III - as praticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas.

IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Paragrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetario da base de calculo do tributo.

Vê-se, então, no parágrafo único, que a observância das “práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas” exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo”, de modo que as práticas reiteradamente adotadas pela administração têm, sim, relevância jurídica. Portanto, o item “b” está falso.

Outrossim, segundo o CTN, o fato gerador do IPTU pode ser a propriedade, o domínio útil ou a posse do bem, senão vejamos:

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e

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territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imovel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

Nessa linha de raciocínio, o STJ pacificou entendimento de competir à legislação municipal estabelecer, dentro deste parâmetro, o sujeito passivo do tributo, a saber:

399. Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.

Assim, o item “c” está correto.

Por fim, conforme pontuado pelo art. 111,CTN, a interpretação das normas tributárias, em determinadas situações, deve ser realizada de forma literal, sendo uma delas as hipóteses de isenção, a saber:

Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributaria que disponha sobre:

I - suspensão ou exclusão do crédito tributario;

II - outorga de isenção;

III - dispensa do cumprimento de obrigações tributarias acessorias.

Portanto, o item “d” está errado, pois a interpretação é literal, e não extensiva.

GABARITO: LETRA “C”

14. Sobre emprestimos compulsórios:

a) São considerados, pela doutrina, tributos da natureza dos impostos.

b) A sua instituição compete a qualquer um dos entes federativos, mediante lei complemen-tar.

c) Alem das hipóteses previstas na Constituição Federal, segundo a doutrina, ainda está vi-gente o emprestimo compulsório citado no art. 15, III, CTN.

d) A circunstância de a receita decorrente dos emprestimos dever ser futuramente restituída não descaracteriza a sua condição de tributo.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 4.c.

COMENTÁRIO

O art. 148, CF, dispõe sobre a figura dos empréstimos compulsórios, a saber:

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsorios:

I - para atender a despesas extraordinarias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência.

II - no caso de investimento público de carater urgente e de relevante interesse

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nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”.

Paragrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsorio sera vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Dele, extraem-se as seguintes conclusões:

i) E tributo de competência privativa da União.

ii) So podem ser instituídos mediante Lei Complementar.

iii) Caracteriza espécie de tributo, a despeito do fato de a receita ter que ser restituída, pois a figura do empréstimo adequa-se, com precisão, ao conceito previsto no art. 3º, CTN, que não estabelece qualquer previsão sobre a necessidade da definitivadade dos recursos obtidos. Além disso, a espécie restou inserida na Constituição, na seção referente aos princípios gerais do sistema tributario nacional.

iv) Caracteriza hipotese autônoma de tributo, e não modalidade de imposto ou taxa. E importante ter em mente que, diferentemente dos impostos e taxas, que se diferenciam pela natureza da hipotese de incidência (tributo vinculado ou não-vinculado), o empréstimo compulsorio pode ter, como fato gerador, tanto uma ação particular quanto uma estatal, desde que presentes as circunstâncias que legitimam a sua instituição. Isto é, trata-se de tributo de arrecadação vinculada, mas pode ser tributo vinculado ou não-vinculado.

De outro giro, vale salientar que a hipótese elencada no art. 15, III, CTN, qual seja, “conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo”, não foi recepcionada pela Constituição Federal, só sendo admitida a instituição de empréstimos compulsórios nas hipóteses taxativamente citadas no art. 148, CF.

A partir das informações acima enumeradas, observa-se que o item correto é a letra “d”.

GABARITO: LETRA “D”

MEDIADOR: ALDO COSTA

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

15. O código de Lieber:

a) foi a primeira tentativa de codificação do direito da guerra terrestre e a base principal de elaboração do Direito de Genebra, relativo à limitação dos meios e metodos de combate, bem como de tratados posteriores.

b) foi a primeira tentativa de codificação do direito da guerra terrestre e a base principal de elaboração do Direito da Haia, relativo à proteção das vítimas da guerra, bem como de trata-dos posteriores.

c) traz, de forma direta ou indireta, as regras referentes aos meios de combate: proporciona-lidade, distinção e necessidade militar.

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d) traz, de forma direta ou indireta, os princípios de condução de hostilidades: proporcionali-dade, distinção e necessidade militar.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 12.a.

COMENTÁRIO

O Código de Lieber foi objeto de questionamento pelo examinador de direito internacional público do 26º CPR. Na prova oral, indagou em que consistia. Pois bem. Preparadas durante a guerra civil dos Estados Unidos por Francis Lieber, então professor do Columbia College, em Nova York, essas instruções foram revisadas por um grupo de militares e, posteriormente, promulgadas como decreto pelo Presidente Abraham Lincoln. Refletem, em boa parte, as leis e os costumes de guerra existentes à época. O aludido regulamento influenciou a ulterior codificação das leis da guerra. Estimulou, ainda, a adoção, por outros países, de regulamentos similares. Originou, por fim, o projeto de codificação internacional de leis de guerra apresentado na Conferência de Bruxelas de 1874 e estimulou a adoção das Convenções da Haia de 1899 e 1907 (cf. D. Schindler e J. Toman, “The Laws of Armed Conflicts”, Martinus Nihjoff Publisher, 1988, pp. 3-23). Agora que já sabemos de que trata o Código Lieber, passemos à análise das assertivas da questão. O item (a) está duplamente errado. Em primeiro lugar, porque o Código de Lieber não foi a base do Direito de Genebra, e sim do Direito da Haia (cf. Clarita Costa Maia, “Estados Unidos e o Direito Internacional dos Conflitos Armados: a negação da herança de Lieber”, Meridiano 47, n. 46, 2004, pp. 2-4). Em segundo lugar, porque o Direito de Genebra diz respeito à proteção das vítimas da guerra, e não à limitação dos meios e métodos de combate. O Direito da Haia, esse sim, refere-se à limitação dos meios e métodos de combate. Daí também estar o item (b) errado. Errado, ainda, o item (c). As instruções trazem, de forma direta ou indireta, os princípios de condução de hostilidades e não aqueles referentes aos meios de combate. Os primeiros foram refinados na Declaração de São Petersburgo e consistem na necessidade militar (os beligerantes só podem usar a quantidade de força necessária para dominar o inimigo, não para aniquilá-lo), na humanidade (os tipos e os níveis de violência que são desnecessários para subjugar o oponente não são permitidos) e a proporcionalidade (auto-explicativo). Esses princípios permanecem válidos e fazem parte do direito consuetudinário. Confiram com os artigos 22 e 23 da Convenção (IV) sobre as Leis e os Costumes da Guerra Terrestre e seu Anexo: Regulamentações sobre as Leis e os Costumes da Guerra Terrestre, adotados na Haia, em 1907. Por fim, as normas que proíbem ou restringem o uso de certas armas e métodos de combate são informadas, mas não se confundem com os princípios de condução de hostilidades. Por todo o exposto, a única formulação correta é a que está contida no item (d).

GABARITO: LETRA “D”

16. O Mecanismo Internacional:

a) e responsável pelas funções residuais da Corte Internacional de Justiça.

b) e responsável pelas funções residuais do Tribunal Penal Internacional para Ruanda.

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c) e responsável pelas funções residuais do Tribunal Especial de Sierra Leoa.

d) e responsável pelas funções residuais do Tribunal Internacional Penal.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 11.a.

COMENTÁRIO

Eis mais uma questão relacionada com um tema que foi objeto de indagação em provas orais do CPR, desta vez pela examinadora de direito internacional público do 27o. Para respondê-la, é preciso saber que o Conselho de Segurança das Nações Unidas criou, por meio da Resolução 1966 (2010), uma estrutura denominada Mecanismo Internacional Residual (“Mecanismo”), a quem encarregou de assumir e concluir as tarefas restantes do Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR) e do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPIY). Pequena e transitória, funcionará por um período inicial de quatro anos a partir de 1o de julho de 2012 (subdivisão do TPIR, com sede em Arusha) e 1o de julho de 2013 (subdivisão do TPIY, com sede na Haia). Para fins do concurso, é importante ter em conta que, embora o Órgão siga desempenhando as funções do TPRIR e do TPIY durante o período de funcionamento, não está autorizado a formalizar novas acusações, excetuadas aquelas dirigidas contra pessoas que interfiram em sua administração, que venham a cometer desacato contra os respectivos membros ou, ainda, que nele venham a prestar falso testemunho. Ante o exposto, a única formulação correta é a que está contida no item (b).

GABARITO: LETRA “B”

17. De acordo com a corte internacional de justiça no julgamento de 27 de janeiro de 2014 no caso “Disputa Marítima“ (Peru v. Chile), é incorreto afirmar:

a) a Declaração de Santiago de 1952 possui natureza jurídica de tratado internacional.

b) as regras de interpretação de tratados previstas nos artigos 31 e 32 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados não são aplicáveis aos tratados internacionais anteriores àquele acordo internacional.

c) a exigência geral para o estabelecimento de uma fronteira marítima e a necessidade de obter uma solução equitativa, cuja metodologia apropriada envolve o traçado provisório de uma linha de equidistância, a análise de circunstâncias capazes de justificar um ajustamento dessa linha, bem como da eventual desproporção entre os quinhões alcançados e o cumpri-mento das linhas costeiras dos Estados.

d) a delimitação da zona econômica exclusiva entre Estados com costas adjacentes, prevista no art. 74, parágrafo 1 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), reflete uma norma de direito consuetudinário internacional.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 18.c.

COMENTÁRIO

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Tendo em conta a cobrança no 25º, no 26º e no 27º CPR de casos da jurisprudência internacional, elaborei a questão visando antecipar os aspectos jurídicos tratados neste recente e polêmico julgamento da Corte Internacional de Justiça. A espécie revela demanda a envolver a demarcação da fronteira marítima entre o Perú e o Chile. Na óptica peruana, os limites marítimos entre os dois países nunca foram especificados. Para o Chile, os espaços marítimos dos países foram delimitados por meio da Declaração de Santiago, de 1952, entre outros acordos. Instada a se manifestar, a Corte assentou constituir o acordo um tratado internacional (par. 48), de molde a vincular as partes signatárias do documento. O fez analisando a prática dos Estados envolvidos, isto é, “quaisquer atos ou declarações de um Estado a partir dos quais possam ser deduzidas suas opiniões accerca do direito costumeiro” (Michael Akehurst, “Custom as a source of International Law”, British Yearbook of International Law, 1975, n. 47, p. 10). Valeu-se, também, das regras de interpretação previstas nos artigos 31 e 32 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, as quais entendeu aplicáveis aos tratados internacionais anteriores àquele acordo internacional (par. 57) Reafirmou, no pronunciamento, a metodologia que costuma utilizar (vide os casos Nicarágua v. Colômbia e Romênia v. Ucrânia) para alcançar a solução equitativa a que se refere o art. 74(1) da Convenção de Montego Bay de 1982. Consignou, ainda, que os conceitos de zona econômica exclusiva e de plataforma continental eram desconhecidos do direito internacional ao tempo em que firmada a Declaração de Santiago (par. 116), muito embora posteriormente a delimitação daqueles institutos viesse a fazer parte do direito consuetudinário internacional (par. 179). Em resumo, no problema formalizado, somente a afirmação contida no item (b) não pode ser considerada correta.

GABARITO: LETRA “B”

18. O decreto nº 7.606, que regulamento no ordenamento jurídico brasileiro a resolução nº 1.989, de 17 de junho de 2013, do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU):

a) não obriga as autoridades brasileiras, no âmbito de suas respectivas atribuições, a impedir o trânsito, em seu território, de indivíduos associados à Al-Qaeda.

b) estabelece que o Estado-membro que vier a propor uma inclusão na lista de indivíduos e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo deverá tornar pública a condição de propositor.

c) estipula uma revisão de todos os nomes constantes da lista de indivíduos e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo que não tenham sido revistos em cinco anos ou mais.

d) autoriza os Estados-membros das Nações Unidas a apresentarem pedidos de exclusão da lista de indivíduos e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo em nome de entidade à Ouvidoria.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 14.a.

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COMENTÁRIO

O conteúdo do Decreto nº 7.606/2011, que dispõe sobre a execução no território nacional da Resolução 1989 (2011), do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que trata de sanções contra indivíduos, grupos, empreendimentos e entidades da Al-Qaeda e a ela associados foi questionado pela examinadora de direito internacional público do 27º CPR, por ocasião da prova oral. Indagou-se, em suma, se o candidato tinha conhecimento da existência de uma lista de indivíduos e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo mantida pelas Nações Unidas e qual o procedimento para processar os pedidos de exclusão dessa relação. A resposta à primeira indagação é afirmativa: a lista em questão foi estabelecida pelo Conselho de Segurança, por meio das Resoluções 1267 (1999) e 1333 (2000). Já o procedimento para a exclusão de nomes da lista encontra-se descrito no Anexo II da Resolução 1989 (2011), anexada ao mencionado Decreto, cujo art. 1º obriga as autoridades brasileiras a adotar, dentre outras providências, as seguintes: congelar fundos, ativos financeiros ou outros recursos econômicos desses indivíduos, grupos, empreendimentos e entidades, impedir a entrada no Território Nacional ou o trânsito através dele de tais indivíduos, e a impedir o fornecimento, venda ou transferência a tais indivíduos, grupos, empreendimentos e entidades, de armas e materiais correlatos de todos os tipos. A relação, por si só, indica o equívoco do que veio a ser consignado no item (a) da questão. Há erro também na afirmação constante do item (b), pois ao proporem uma inclusão na lista de indivíduos e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo, os Estados-membros, podem, ou não, tornar pública a condição de propositor, conforme dispõe o nº 14 da Resolução. A assertiva contida no item (c) também não está certa pelo simples fato de ser trienal e não quinquenal o prazo da revisão nela referida. Confiram com o nº 40 do documento. Correto está o que asseverado no item (d), havendo recomendação nesse sentido no preâmbulo do mencionado Anexo II. Cumpre ressaltar que a Ouvidoria a que alude a formulação foi criada pela Resolução 1904 (2009) do Conselho de Segurança e tem como função receber, de uma maneira independente e imparcial, pedidos dos que desejam ser excluídos da relação. O Órgão, ademais, está impedido de buscar ou receber instruções de qualquer governo e deve apresentar ao Comitê estabelecido pela Resolução 1267 (1999), também do Conselho de Segurança, observações e recomendações sobre a manutenção ou exclusão de nomes da lista.

GABARITO: LETRA “D”

GRUPO III

MEDIADOR: JOÃO PAULO LORDELO

DIREITO ECONÔMICO E DO CONSUMIDOR

19. A respeito do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, assinale a alternativa correta:

a) A Lei n. 12.529/2011 estabelece apenas medidas de repressão às infrações contra a ordem econômica, não dispondo sobre medidas preventivas, tendo em vista o respeito à livre inicia-tiva, consistente em um dos princípios gerais da atividade econômica.

b) O Procurador-Geral da República, ouvido o Conselho Superior, designará membro do

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Ministerio Público Federal para emitir parecer nos processos administrativos para imposição de sanções administrativas por infrações à ordem econômica, de ofício ou a requerimento do Conselheiro-Relator.

c) Os bens jurídicos tutelados pela Lei n. 12.529/2011 são titularizados apenas por agentes econômicos.

d) Também oficia junto ao CADE, além do Ministério Público, uma Procuradoria Federal es-pecializada, responsável por prestar assessoramento e consultoria, sendo-lhe vedada a repre-sentação judicial do órgão.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 9.a.

COMENTÁRIO

O ponto em comento é muito explorado em questões objetivas, exigindo do candidato, nesta fase, ao menos, o domínio da literalidade da lei e de noções básicas sobre assunto.

(A) A Lei n. 12.529/2011 estabelece apenas medidas de repressão às infrações contra a ordem econômica, não dispondo sobre medidas preventivas, tendo em vista o respeito à livre iniciativa, consistente em um dos princípios gerais da atividade econômica.

Cuida-se de questão que aborda temas muito comuns em provas de Direito Econômico. A alternativa está incorreta, por dois motivos: 1) a Lei n. 12.529/2011 também se ocupa de medidas preventivas, como dispõe o caput do seu art. 1°; 2) nos termos do art. 170, caput, da Constituição Federal, a livre iniciativa não é princípio geral, mas fundamento da atividade econômica. Tais informações foram recentemente cobradas na prova oral do último concurso para Procurador da República.

(B) O Procurador-Geral da República, ouvido o Conselho Superior, designará membro do Ministério Público Federal para emitir parecer nos processos administrativos para imposição de sanções administrativas por infrações à ordem econômica, de ofício ou a requerimento do Conselheiro-Relator.

A alternativa está correta e reproduz a literalidade do art. 20. da Lei n. 12.529/2011, devendo ser assinalada pelo candidato.

(C) Os bens jurídicos tutelados pela Lei n. 12.529/2011 são titularizados apenas por agentes econômicos.

A alternativa está incorreta, pois, segundo o art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 12.529/2011, os bens jurídicos tutelados são titularizados pela coletividade.

(D) Também oficia junto ao CADE, além do Ministério Público, uma Procuradoria Federal especializada, responsável por prestar assessoramento e consultoria, sendo-lhe vedada a representação judicial do órgão.

A alternativa está incorreta. De acordo com o art. 15, II, cabe à Procuradoria Federal também a atividade de representação judicial do CADE.

GABARITO: LETRA “B”

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20. A estrutura organizacional do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e consti-tuída dos seguintes órgãos:

a) Ministerio Público Federal, Procuradoria Federal e Tribunal Administrativo.

b) Procuradoria Federal e Tribunal Administrativo.

c) Superintendência-Geral, Tribunal Administrativo de Defesa Econômica e Departamento de Estudos Econômicos.

d) Nenhuma das respostas acima.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 9.a.

COMENTÁRIO

A questão em comento também já foi explorada em pergunta na prova oral do 26° concurso, sendo bastante simples. Bastaria ao candidato a leitura do art. 5° da Lei n. 12.529/2011, sendo a alternativa C a correta:

Art. 5O O Cade é constituído pelos seguintes orgãos:

I - Tribunal Administrativo de Defesa Econômica;

II - Superintendência-Geral; e

III - Departamento de Estudos Econômicos.

GABARITO: LETRA “C”

21. A respeito do conceito jurídico de consumidor, assinale a alternativa correta:

a) O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem jurisprudência consolidada adotando a teoria fi-nalista ou subjetiva. Assim, para o STJ, o conceito de consumidor não se aplica, em nenhuma hipótese, no caso em que o produto ou serviço e contratado para implementação de ativi-dade econômica, já que não estaria configurado o destinatário final da relação de consumo.

b) A jurisprudência do STJ tem mitigado a teoria finalista nos casos em que ficar comprovada a condição de hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da pessoa jurídica.

c) A teoria maximalista ou objetiva sustenta que consumidor e a pessoa (física ou jurídica) destinatária fática e econômica do produto ou serviço.

d) De acordo com a teoria subjetiva ou finalista, consumidor é a pessoa física ou jurídica que adquire o produto como destinatário fático final, podendo empregá-lo na sua atividade econômica com objetivo de lucro ou não.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 1.b, 2.b, 5.b.

COMENTÁRIO

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O tema em questão tem sido recorrente em questões de concursos, sendo alvo de diversos precedentes judiciais no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ). É preciso estar atento!

O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) conceitua o consumidor em três momentos distintos:

• Art. 2°, caput (regramento geral): prevê que consumidor “é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatario final”.

• Art. 2º, paragrafo único: equipara a consumidor “a coletividade de pessoas, ainda que indeterminaveis, que haja intervindo nas relações de consumo”.

• Art. 17: equipara a consumidor todas as vítimas de defeitos do produto ou do serviço.

O grande questionamento reside em saber o que se entende por “destinatário final”, a que alude o CDC, em seu art. 2º, caput. Sobre esse ponto, há basicamente duas teorias.

Para a teoria finalista, subjetiva ou teleológica, consumidor é a pessoa (física ou jurídica) destinatária do produto ou serviço, sob os aspectos fático e econômico. Ou seja, é aquele que retira definitivamente de circulação do mercado o produto ou serviço do mercado, utilizando-o sem reintegrá-lo na cadeia econômica. Em outras palavras, o consumidor, para a teoria subjetiva ou finalista, retira o bem de circulação do mercado.

Por seu turno, defende a teoria maximalista ou objetiva que consumidor é a pessoa física ou jurídica que adquire o produto como destinatário fático final, podendo empregá-lo na sua atividade econômica com objetivo de lucro ou não, desde que não o repasse para outrem.

Com efeito, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem jurisprudência consolidada adotando a teoria finalista ou subjetiva. Assim, para o STJ, o conceito de consumidor não se aplica no caso em que o produto ou serviço é contratado para implementação de atividade econômica, já que não estaria configurado o destinatário final da relação de consumo.

Mas atente: o STJ tem mitigado a teoria finalista nos casos em que ficar comprovada a condição de hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da pessoa jurídica. Assim, pequenos empresários e taxistas, por exemplo, podem ser considerados consumidores num litígio contra uma grande empresa de seguros. Confira:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. CÓDIGO DEDEFESA DO CONSUMIDOR. INCIDÊNCIA. TEORIA FINALISTA. DESTINATÁRIO FINAL. NÃO ENQUADRAMENTO. VULNERABILIDADE. AUSÊNCIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. RECURSO ESPECIAL. SÚMULA 7/STJ.

2. Consoante jurisprudência desta Corte, o Codigo de Defesa do Consumidor não se aplica no caso em que o produto ou serviço é contratado para implementação de atividade econômica, ja que não estaria configurado o destinatario final da relação de consumo (teoria finalista ou subjetiva).

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3. Esta Corte tem mitigado a aplicação da teoria finalista quando ficar comprovada a condição de hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da pessoa jurídica.

4. Tendo o Tribunal de origem assentado que a parte agravante não é destinataria final do serviço, tampouco hipossuficiente, é inviavel a pretensão deduzida no apelo especial, uma vez que demanda o reexame do conjunto fatico-probatorio dos autos, o que se sabe vedado em sede de recurso especial, a teor da Súmula 7 desta Corte.

5. Agravo regimental a que se nega provimento.

EDcl no Ag 1371143/PR, Relator(a): Ministro RAUL ARAÚJO (1143), T4 - QUARTA TURMA, DJe 17/04/2013.

GABARITO: LETRA “B”

MEDIADOR: JOÃO PAULO LORDELO

DIREITO CIVIL

22. Assinale a alternativa incorreta:

a) O fato de ser possuidor direto na condição de promitente-comprador de imóvel, em princípio, não impede que este adquira a propriedade do bem por usucapião, uma vez que e possível a transformação do caráter originário daquela posse, de não própria, para própria.

b) Segundo entendimento do STJ, a posse precária não pode ser convalidada.

c) Posse violenta e a que se adquire por ato de força (moral ou física). Posse clandestina, por seu turno, e a posse que se adquire atraves às ocultas em relação ao seu legítimo titular.

d) Segundo entendimento majoritário, foi adotada no Brasil a teoria objetiva de Jhering. Con-tudo, há algumas concessões para a teoria subjetiva.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 2.c.

COMENTÁRIO

(A) O fato de ser possuidor direto na condição de promitente-comprador de imóvel, em princípio, não impede que este adquira a propriedade do bem por usucapião, uma vez que é possível a transformação do caráter originário daquela posse, de não própria, para própria.

A alternativa está correta, conforme precedente clássico do STJ, decidido no ano de 2004:

REsp 143976 / GO, Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA, Data do Julgamento: 06/04/2004, Data da Publicação/Fonte: DJ 14/06/2004 p. 221

USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA. PROMESSA DE VENDA E COMPRA. TRANSMUTAÇÃO DA POSSE, DE NÃO PRÓPRIA PARA PRÓPRIA. ADMISSIBILIDADE.

– “O fato de ser possuidor direto na condição de promitente-comprador de imovel,

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em princípio, não impede que este adquira a propriedade do bem por usucapião, uma vez que é possível a transformação do carater originario daquela posse, de não propria, para propria” (REsp nº 220.200-SP). Recurso especial não conhecido.

(B) Segundo entendimento do STJ, a posse precária não pode ser convalidada.

Conforme entendimento doutrinário, precária é a posse “obtida com abuso de confiança ou de direito. Tem forma assemelhada ao crime de estelionato ou apropriação indébita, sendo também denominada esbulho pacífico. Ex.: locatário de um bem móvel que não devolve o veículo no final do contrato” (TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 2. Ed. São Paulo: Ed. Método, 2012, p. 811).

Pergunta-se: a posse injusta pode ser convalidada?

• 1ª corrente (classica): As posses violenta e clandestina podem ser convalidadas, excepcionando-se a regra segundo a qual a posse é mantida com o mesmo caráter com que foi adquirida. Ja a posse precaria JAMAIS se converte em posse justa, seja pela vontade, ação do possuidor ou decurso do tempo (pois ela representa abuso de confiança). Para essa corrente classica, o art. 1.208, ao prever que “não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância” impede a convalidação da posse precaria, que nunca poderia gerar usucapião. E com base nessa corrente que alguns juízes não aceitam a usucapião de imovel da Caixa no SFH.

• 2ª corrente (moderna – majoritaria): Para essa corrente, qualquer posse injusta pode ser convalidada, apos a cessão dos atos (de violência/clandestinidade). Essa cessão não deve ser presumida com base no período de 1 ano e dia, devendo ser analisado cada caso. A posse precaria também pode ser convalidada, desde que haja alteração substancial na causa (ex.: locatario que se nega a devolver). Neste caso, contudo, se houver mera permissão, não é possível a usucapião. E o que dispõe o Enunciado 301 do CJF/STJ:

Enunciado 301 do CJF/STJ. E possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipotese de exercício em nome proprio dos atos possessorios.

Incorreta, portanto, a alternativa, devendo ser assinalada.

(C) Posse violenta é a que se adquire por ato de força (moral ou física). Posse clandestina, por seu turno, é a posse que se adquire através às ocultas em relação ao seu legítimo titular.

Segundo entendimento doutrinário, a posse violenta “é a obtida por meio de esbulho, por força física ou violência moral”, enquanto a posse clandestina “é a obtida às escondidas, de forma oculta, à surdina, na calada da noite” (TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 2. Ed. São Paulo: Ed. Método, 2012, p. 811).

Correta, portanto, a alternativa.

(D) Segundo entendimento majoritário, foi adotada no Brasil a teoria objetiva de Jhering. Contudo, há algumas concessões para a teoria subjetiva.

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Segundo entendimento majoritário, “é forçoso concluir que o CC/2002, a exemplo do seu antecessor, adotou parcialmente a teoria objetivista de Ihering, pelo que consta do seu art. 1.196” (TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 2. Ed. São Paulo: Ed. Método, 2012, p. 804). Confira-se:

Art. 1.196 do CC. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade [Jhering].

Apesar disso, a teoria subjetiva (que exige, para a configuração da posse, o aspecto subjetivo da intenção de ter a coisa como dano) influencia determinados pontos, a exemplo do instituto da usucapião, que exige o animus domini.

Correta, portanto, a alternativa.

GABARITO: LETRA “B”

MEDIADOR: JOÃO PAULO LORDELO

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

23. A respeito da ação rescisória, assinale a alternativa correta.

a) Não e cabível ação rescisória contra decisões meramente terminativas.

b) Não se admite ação rescisória contra sentença citra petita.

c) É cabível ação rescisória no âmbito dos juizados federais.

d) Conforme entendimento do STJ, não cabe rescisória por violação de súmula.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 15.b.

COMENTÁRIO

(A) Não é cabível ação rescisória contra sentenças meramente terminativas.

O cabimento de ações rescisórias em sentenças meramente terminativas – ou seja, aquelas em que não há resolução de mérito – sempre foi tema polêmico na doutrina e na jurisprudência. Vejamos a sua evolução doutrinaria:

1º Momento: Tradicionalmente, NÃO se admitia ação rescisoria de decisão terminativa, pois não há coisa julgada material.

Pontes de Miranda, historicamente, sempre defendeu rescisoria de decisões terminativas, de forma isolada.

2º Momento: Entende que é possível rescisoria no caso da sentença terminativa que impede a repropositura da demanda (sentença com base no art. 267, V do CPC, que extingue o processo por LITISPENDÊNCIA, PEREMPÇÃO ou COISA JULGADA).

Essa sentença produz um efeito semelhante ao da coisa julgada material, o que

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ensejou a dúvida: não seria cabível, nestes casos, o ajuizamento de ação rescisoria? As últimas manifestações doutrinarias são todas no sentido de ser possível rescindir essa sentença, pois embora elas não julguem o mérito, impedem a repropositura da ação.

3º Momento: Tendência atual - Hoje, a doutrina ja vislumbra ir além, entendendo que haveria outros casos de sentença terminativa que também impediriam a repropositura da ação (interpretação extensiva do art. 268, abrangendo também os incisos I, IV, VI e VII do art. 267). Assim, outras decisões terminativas poderiam ser rescindíveis. Ex: todas as decisões que se baseassem em defeito do processo.

Nesse sentido, a 2ª Turma do STJ decidiu, em outubro de 2012, pelo cabimento da ação rescisória para desconstituir sentenças terminativas, o que torna a assertiva em comento incorreta.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA TERMINATIVA.

E CABÍVEL O AJUIZAMENTO DE AÇÃO RESCISÓRIA PARA DESCONSTITUIR TANTO O PROVIMENTO JUDICIAL QUE RESOLVE O MERITO QUANTO AQUELE QUE APENAS EXTINGUE O FEITO SEM RESOLUÇÃO DE MERITO. A redação do art. 485, caput, do CPC, ao mencionar “sentença de mérito” o fez com impropriedade técnica, referindo-se, na verdade, a “sentença definitiva”, não excluindo os casos onde se extingue o processo sem resolução de mérito. De toda sentença terminativa, ainda que não seja de mérito, irradiam-se efeitos declaratorios, constitutivos, condenatorios, mandamentais e executivos. Se o interesse do autor reside em atacar um desses efeitos, sendo impossível renovar a ação e não havendo mais recurso cabível em razão do trânsito em julgado (coisa julgada formal), o caso é de ação rescisoria, havendo que ser verificado o enquadramento nas hipoteses descritas nos incisos do art. 485, do CPC. O equívoco cometido na redação do referido artigo, o foi na compreensão de que os processos extintos sem resolução do mérito (à exceção daqueles em que se acolheu a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada, art. 267, V) poderiam ser renovados, na forma do art. 268, do CPC, daí que não haveria interesse de agir em ação rescisoria movida contra sentença ou acordão que não fosse de mérito. No entanto, sabe-se que a renovação da ação não permite rediscutir todos os efeitos produzidos pela ação anteriormente extinta. Exemplo disso esta no proprio art. 268, do CPC, que condiciona o despacho da nova inicial à prova do pagamento ou do deposito das custas e dos honorarios de advogado. Para estes casos, onde não houve sentença ou acordão de mérito, o único remédio é a ação rescisoria. REsp 1.217.321-SC, Rel. originario Min. Herman Benjamin, Rel. para acordão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/10/2012.

(B) Não se admite ação rescisória contra sentença citra petita.

Entende-se por sentença citra petita decisão omissa, seja porque deixa de examinar um fundamento relevante, seja porque deixa de examinar um pedido. Quanto à sentença que deixa de examinar um pedido, por se tratar de decisão inexistente, não cabe rescisória (não há o que ser rescindido). Quanto à sentença que deixa de examinar um fundamento relevante, por outro lado, cabe ação rescisória, pois a

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decisão é existente (embora nula).

Nesse sentido deve ser interpretada a OJ 41 do SDI/II do TST:

OJ-SDI II-41 do TST. AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA “CITRA PETITA”. CABIMENTO.

Revelando-se a sentença “citra petita”, o vício processual vulnera os arts. 128 e 460 do CPC, tornando-a passível de desconstituição, ainda que não opostos embargos declaratorios.

(C) É cabível ação rescisória no âmbito dos juizados especiais.

NÃO CABE rescisoria das decisões proferidas em Juizados Especiais Estaduais, por previsão do art. 59 da lei 9.099/95 (“Art. 59. Não se admitira ação rescisoria nas causas sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei).

(D) Conforme entendimento do STJ, não cabe rescisória por violação de súmula.

De fato, o Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no sentido de não ser cabível ação rescisória por violação de súmula. É a alternativa correta, conforme precedente abaixo descrito:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CABIMENTO DE AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLAÇÃO DE SÚMULA.

Não cabe ação rescisoria contra violação de súmula. Conforme o art. 485, V, do CPC a sentença pode ser rescindida quando violar literal disposição de lei, hipotese que não abrange a contrariedade à súmula. Assim, não ha previsão legislativa para o ajuizamento de ação rescisoria sob o argumento de violação de súmula. Precedentes citados: REsp 154.924-DF, DJ 29/10/2001, AR 2.777-SP, DJe 3/2/2010. AR 4.112-SC, Min. Rel. Marco Aurélio Bellizze, julgada em 28/11/2012.

GABARITO: LETRA “D”

24. Sobre o processo de execução, assinale a alternativa incorreta:

a) O oferecimento de bens à penhora, ainda que de depósito de dinheiro, não impede a apli-cação da multa de 10% do art. 475-J do CPC.

b) Na hipótese de o executado ser representado por curador especial em virtude de citação ficta, não há necessidade de intimação para a fluência do prazo estabelecido no art. 475-J do CPC.

c) A penhora de dinheiro e a fiança bancária não possuem o mesmo status, de modo que a constrição sobre o primeiro não pode ser livremente substituída pela garantia fidejussória.

d) Assim como ocorre na exceção de pre-executividade, a garantia do juízo não e pressuposto para o processamento da impugnação ao cumprimento de sentença (art. 475-J, § 1º, do CPC).

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 10.c.

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COMENTÁRIO

(A) O oferecimento de bens à penhora, ainda que de depósito de dinheiro, não impede a aplicação da multa de 10% do art. 475-J do CPC.

Conforme entendimento jurisprudencial, o único meio de afastar a multa do art. 475-J é REALIZANDO O PAGAMENTO. Ou seja: o oferecimento de bens à penhora, ainda que de depósito de dinheiro, não impede a aplicação da multa de 10%. Isso porque pagar é satisfazer; penhorar é garantir o juízo.

Assim sendo, a alternativa está correta. Nesse sentido, decidiu o STJ em jun/jul de 2012:

IMPUGNAÇÃO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. MULTA. INTENÇÃO. PAGAMENTO. RESP 1.175.763-RS. Para que não haja a incidência da multa prevista no art. 475-J do CPC, no percentual de dez por cento sobre o valor da condenação, é necessario que o devedor deposite a quantia devida em juízo, com a finalidade de pagar o seu débito, permitindo ao credor o imediato levantamento do valor. Por outro lado, se o devedor depositar judicialmente a quantia devida com o escopo de garantir o juízo, para que possa discutir o seu débito em sede de impugnação de cumprimento de sentença, não havera o afastamento da multa, pois o credor não podera levantar o dinheiro depositado até o deslinde da questão.

(B) Na hipótese de o executado ser representado por curador especial em virtude de citação ficta, não há necessidade de intimação para a fluência do prazo estabelecido no art. 475-J do CPC.

Em outubro de 2011, no informativo n. 485, a terceira turma do STJ, mudando entendimento anterior, decidiu que, na hipótese de o executado ser representado por curador especial em virtude de citação ficta, não há necessidade de intimação para a fluência do prazo estabelecido no art. 475-J do CPC. É o que prevalece. Assim, correta a alternativa.

REsp 1.189.608-SP. PROCESSUAL CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. INÍCIO DO PRAZO PARA O CUMPRIMENTO VOLUNTÁRIO DA DECISÃO. REU REVEL, CITADO FICTAMENTE. INTIMAÇÃO PARA A FLUÊNCIA DO PRAZO ESTABELECIDO NO ART. 475-J DO CPC. DESNECESSIDADE.

1. A Corte Especial firmou o entendimento de que o prazo estabelecido no art. 475-J do CPC flui a partir do primeiro dia útil seguinte à data da publicação de intimação do devedor na pessoa de seu advogado. A Corte afirmou que não ha no CPC regra que determine a intimação pessoal do executado para o cumprimento da sentença, devendo, portanto, incidir a regra geral no sentido de que o devedor deve ser intimado na pessoa dos seus advogados por meio do Diário da Justiça (arts. 234 e 238 do CPC) .

7. Na hipotese de o executado ser representado por curador especial em virtude de citação ficta, não ha necessidade de intimação para a fluência do prazo estabelecido no art. 475-J do CPC.

(C) A penhora de dinheiro e a fiança bancária não possuem o mesmo status, de modo que a constrição

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sobre o primeiro não pode ser livremente substituída pela garantia fidejussória.

A assertiva está correta, conforme entendimento consolidado do STJ:

AgRg no AREsp 260781 / MG, T2 - SEGUNDA TURMA, DJe 10/05/2013

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. EXECUÇÃO FISCAL. SUBSTITUIÇÃO DA PENHORA DE DINHEIRO POR FIANÇA BANCÁRIA.

1. A Seção de Direito Público do STJ, nos Embargos de Divergência no Recurso Especial 1.077.039/RJ, uniformizou a orientação de que a penhora de dinheiro e a fiança bancaria não possuem o mesmo status, de modo que a constrição sobre o primeiro não pode ser livremente substituída pela garantia fidejussoria.

(D) Assim como ocorre na exceção de pré-executividade, a garantia do juízo não é pressuposto para o processamento da impugnação ao cumprimento de sentença (art. 475-J, § 1º, do CPC).

Após longa discussão doutrinária, o STJ consolidou o entendimento no sentido de que, diferentemente do que ocorre na exceção de pré-executividade, a garantia do juízo é sim pressuposto para o processamento da impugnação ao cumprimento de sentença. Confira-se:

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. IMPUGNAÇÃO. GARANTIA DO JUÍZO.

A garantia do juízo é pressuposto para o processamento da impugnação ao cumprimento de sentença (art. 475-J, § 1º, do CPC). E que, como esse dispositivo prevê a impugnação posterior à lavratura do auto de penhora e avaliação, conclui-se pela exigência de garantia do juízo anterior ao oferecimento da impugnação. Tal exegese é respaldada pelo disposto no inciso III do art. 475-L do CPC, que admite como uma das matérias a ser alegada por meio da impugnação a penhora incorreta ou avaliação errônea, que deve, assim, preceder à impugnação. O Min. Relator salientou que, vistas tais regras em conjunto, observa-se que a impugnação ofertada pelo devedor não sera apreciada antes do bloqueio de valores do executado que, eventualmente, deixar de indicar bens à penhora, como forma de garantir o juízo. Mas, caso o devedor prefira não esperar a penhora de seus bens ou mesmo o bloqueio de seus ativos financeiros, deve, para tanto, efetuar o deposito do valor exequendo, para, então, insurgir-se contra o montante exigido pelo credor. Precedente citado: REsp 972.812-RJ, DJe 12/12/2008. REsp 1.195.929-SP, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 24/4/2012.

Cuida-se, portanto, da alternativa incorreta. Logo, deveria ser assinalada pelo candidato.

GABARITO: LETRA “D”

GRUPO IV

MEDIADOR: RENAN PAES

DIREITO PENAL

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25. Acerca do crime de lavagem de dinheiro, julgue as alternativas e aponte a alternativa incor-reta:

a) De acordo com a política de compliance estabelecida pela redação atual da lei de combate à lavagem de dinheiro, as pessoas físicas e jurídicas indicadas na legislação devem adotar políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu porte e volume de opera-ções, que lhes permitam atender as determinações dos órgãos de controle.

b) Sujeitam-se ao dever de comunicar operações financeiras suspeitas todas as pessoas físi-cas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não: a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira; a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial; a custódia, emissão, dis-tribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores mo-biliários.

c) As pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis também estão sujeitas às obrigações de identificação de clientes, ma-nutenção de registros e comunicação de operações financeiras aos órgãos de controle.

d) Os cadastros e registros mantidos pelas instituições obrigadas pela lei de combate à lava-gem de ativos deverão ser conservados durante o período máximo de cinco anos a partir do encerramento da conta ou da conclusão da transação.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 15.c.

COMENTÁRIO

Prestar bastante atenção às inovações legislativas trazidas ao tema pela Lei nº 12.683/2012, que alterou a Lei nº 9.613/98.

A assertiva “a” está correta. Compliance é o dever de agir de acordo com uma regra ou instrução interna. É termo amplamente utilizado no jargão financeiro e está relacionado ao dever de cooperação das instituições para combater a lavagem de ativos. O dever indicado na alternativa está previsto no art. 10, inciso III, da Lei nº 9.613/98.

A alternativa “b” está correta, a teor do art. 9º da Lei nº 9.613/98.

A alternativa “c” está correta, a teor do art. 9º, parágrafo único, inciso X, da Lei nº 9.613/98.

A alternativa “d” está incorreta, pois, conforme art. 10, § 2º, da Lei nº 9.613/98, tais cadastros devem ser mantidos pelo prazo mínimo de cinco anos.

GABARITO: LETRA “D”

26. Acerca da lei penal no tempo, assinale a alternativa correta:

a) O princípio da irretroatividade da lei penal limita-se às normas penais de caráter material,

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entre as quais se incluem aquelas relativas às medidas de segurança, que integram a seara do direito penal material.

b) Para a orientação atual do STJ, no delito de tráfico ilícito de entorpecentes, é possível re-alizar a combinação entre a lei nova (causa de diminuição) e a lei antiga (pena-base menor) a fim de encontrar a situação mais favorável ao réu.

c) No Código Penal não há previsão legal de exceção ao princípio da irretroatividade da lei penal mais benéfica.

d) Em materia de lei penal no tempo, adota-se a teoria do resultado, ou seja, considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do re-sultado.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 5.a.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está correta. Nesse sentido a doutrina (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Volume I. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 184) e jurisprudência (STJ. HC 13.054/SP. Rel. Min. Gilson Dipp. DJ 14.10.2002).

A assertiva “b” está errada. Súmula 501/STJ: “É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.”.

A alternativa “c” está incorreta, uma vez que o art. 3º do Código Penal prevê expressamente a ultra-atividade das leis excepcionais ou temporárias.

A alternativa “d” está incorreta, pois é a teoria da atividade a adotada na Lei Penal (art. 4º do Código Penal).

GABARITO: LETRA “A”

27. Acerca dos crimes contra a saúde pública e os relacionados à remoção e transplante de órgãos, assinale a alternativa correta:

a) O crime de endemia consiste na propagação de germes patogênicos e tem como sujeito ativo qualquer pessoa.

b) Nos crimes relacionados à remoção e transplante de órgãos não há tipo penal de menor potencial ofensivo.

c) O crime de omissão de notificação de doença caracteriza-se como próprio e de perigo concreto.

d) O crime de envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicina destinada a consumo não e crime hediondo.

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Pontos do Regulamento do 27º CPR: 20.c.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. Em verdade, o tipo penal previsto no art. 267 do Código Penal é o de epidemia, que difere de endemia. A epidemia é uma doença que acomete, em curto espaço de tempo e em determinado lugar, várias pessoas. A endemia, por sua vez, é uma enfermidade que existe, com frequência, em determinado lugar, atingindo número indeterminado de pessoas (NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. São Paulo: RT, 2013. p. 1076).

A assertiva “b” está incorreta. Na Lei nº 9.434/97, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, estão tipificados também crimes de menor potencial ofensivo, com pena máxima de 2 anos de detenção e reclusão (arts. 17 a 20).

A assertiva “c” está incorreta. O crime de omissão de notificação de doença, previsto no art. 269 do Código Penal, é próprio, pois demanda sujeito ativo especial, que é o médico (“Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória”). No entanto, é delito de perigo comum abstrato. Assim, o perigo é presumido por lei, não sendo necessário comprovar risco concreto para a configuração do tipo.

A assertiva “d” está correta. Embora inicialmente inserido no rol de crimes hediondos, o delito tipificado no art. 270 do Código Penal foi retirado em alteração legislativa posterior.

GABARITO: LETRA “D”

MEDIADOR: BRUNO BARROS

DIREITO PROCESSUAL PENAL

28. Indique a alternativa incorreta:

a) O prazo para conclusão de Inquerito Policial que apure crime federal será de 15 dias pror-rogáveis por mais 15 dias, por decisão fundamentada do Juiz, em caso de investigado preso.

b) Entendendo pela incompetência absoluta do Juízo perante o qual oficia, o Procurador de-verá manifestar-se pela remessa do Inquerito ao Juízo competente, tendo esta manifestação sido denominada pela doutrina de arquivamento indireto.

c) Considere que o funcionário público ofendido em sua honra, em razão de acusações atrela-das ao exercício de sua função, representou ao Ministerio Público para apuração do caso. Se o MP promover o arquivamento, ele poderá ajuizar a Queixa-crime, desde que já não tenha sido extinta a punibilidade.

d) Segundo a orientação doutrinária e jurisprudencial dominante, o investigado não está obrigado a participar da reconstituição do crime, em atenção ao princípo do nemo tenetur si detegere.

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Pontos do Regulamento do 27º CPR: 4.a, 6.a.

COMENTÁRIO

O tema Inquérito Policial é, sem dúvidas, um dos mais cobrados nas provas objetivas do MPF, razão pela qual merece um estudo mais cuidadoso.

Regra geral, o Inquérito tem prazo de 30 dias para conclusão, se o investigado estiver solto, e 10 dias, se ele estiver preso. Porém, há prazos diferenciados em legislações específicas, conforme tabela abaixo:

Prazos de conclusão do Inquérito Policial:

PRAZOS INVESTIGADO SOLTO INVESTIGADO PRESOREGRA GERAL 30 dias 10 dias (art. 10, CPP)

JUSTIÇA FEDERAL 30 dias 15 dias + 15 dias (art. 66, Lei n. 5010/66)LEI DE DROGAS 90 + 90 dias (art. 51, Lei n. 11.343/06) 30 + 30 dias (art. 51, Lei n. 11.343/06)

Portanto, o item “a” está correto, pois há prazo específico para o Inquérito Policial que tramite na Justiça Federal.

Por outro lado, ao receber os autos do Inquérito Policial, o membro do MP poderá verificar hipótese de incompetência absoluta ou territorial. Por exemplo, o Procurador da República pode não identificar hipótese de incidência da competência da Justiça Federal (art. 109, CF).

Em tais casos, deverá o membro do MP manifestar-se, em Juízo, pugnando pelo declínio de competência, a fim de que os autos sejam remetidos ao Juízo competente. Se o Juízo concordar, não há maiores problemas. Porém, se o Juízo não concordar, o que acontecerá? Ele não pode simplesmente determinar ao membro do MP que ofereça Denúncia, afinal, a titularidade da Ação Penal é do Ministério Público.

Nessa linha de raciocínio, a doutrina desenvolveu a tese de que a manifestação do MP no sentido da incompetência do Juízo perante o qual oficia, configura, indiretamente, uma promoção de arquivamento, de maneira que, discordando deste posicionamento, o Juízo deve aplicar, por analogia, a regra do art. 28, CPP, encaminhando os autos ao Procurador Geral de Justiça ou à 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF.

Portanto, correto o item “b”.

O item “c” diz respeito à natureza da Ação Penal em casos de crimes contra a honra praticado em desfavor de funcionário público e relacionado às suas atribuições legais. Sobre este tema, o STF editou a Súmula n. 714, a saber:

“E concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções”.

Ocorre que, a bem da verdade, não se trata de legitimidade concorrente, no sentido de que um ou outro (MP ou ofendido) poderia ajuizar a Ação Penal, mas sim legitimidade alternativa, isto é, ou um ou o outro,

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de forma excludente.

Nesse sentido, sinaliza Renato Brasileiro que “de acordo com o próprio Supremo, se o funcionário público ofendido em sua honra apresenta representação ao Ministério Público, optando, pois, pela ação penal pública condicionada à representação, estaria preclusa a instauração penal de iniciativa privada, já que, em tal hipótese, o Ministério Público estaria definitivamente investido na legitimação para a causa” (STF, Inq 1.939).

Em outras palavras, o funcionário público poderá optar entre ajuizar a Queixa-crime ou formular Representação ao Ministério Público. Contudo, uma vez havendo Representação, não mais terá legitimidade para ajuizar a Queixa-crime, ainda que o MP promova o arquivamento dos autos.

Assim, o item “c” é falso.

Por fim, é verdadeiro o item “d”. Com efeito, o STF já teve oportunidade de pronunciar-se sobre a não-obrigatoriedade do investigado participar de atos de reconstituição do crime, em atenção ao princípio da proibição da produção de provas contra si mesmo.

Nesse sentido, destacamos:

E M E N T A: “HABEAS CORPUS” - DENEGAÇÃO DE MEDIDA LIMINAR - SÚMULA 691/STF - SITUAÇÃO EXCEPCIONAL QUE AFASTA, NO CASO, A RESTRIÇÃO SUMULAR - RETARDAMENTO EXCESSIVO (UM ANO E 2 MESES) DO JULGAMENTO, PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, DO MERITO DO “WRIT” LÁ IMPETRADO - PRISÃO CAUTELAR DECRETADA COM FUNDAMENTO NA GRAVIDADE OBJETIVA DO CRIME E NA RECUSA DA PACIENTE EM RESPONDER AO INTERROGATÓRIO JUDICIAL A QUE FOI SUBMETIDA - INCOMPATIBILIDADE DESSES FUNDAMENTOS COM OS CRITERIOS FIRMADOS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM TEMA DE PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE INDIVIDUAL - DIREITO DO INDICIADO/REU AO SILÊNCIO - DIREITO, QUE TAMBEM LHE ASSISTE, DE NÃO SER CONSTRANGIDO A PRODUZIR PROVAS CONTRA SI PRÓPRIO - DECISÃO QUE, AO DESRESPEITAR ESSA PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL, DECRETA A PRISÃO PREVENTIVA DA ACUSADA - INADMISSIBILIDADE - NECESSIDADE DE RESPEITO E OBSERVÂNCIA, POR PARTE DE MAGISTRADOS, TRIBUNAIS E ÓRGÃOS DE PERSECUÇÃO PENAL, DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ASSEGURADOS A QUALQUER INVESTIGADO, INDICIADO OU REU - “HABEAS CORPUS” CONCEDIDO DE OFÍCIO. ABRANGÊNCIA DA CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DO “DUE PROCESS OF LAW”, QUE COMPREENDE, DENTRE AS DIVERSAS PRERROGATIVAS DE ORDEM JURÍDICA QUE A COMPÕEM, O DIREITO CONTRA A AUTOINCRIMINAÇÃO. - A garantia constitucional do “due process of law” abrange, em seu conteúdo material, elementos essenciais à sua propria configuração, dentre os quais avultam, por sua inquestionavel importância, as seguintes prerrogativas: (a) direito ao processo (garantia de acesso ao Poder Judiciario); (b) direito à citação e ao conhecimento prévio do teor da acusação; (c) direito a um julgamento público e célere, sem dilações indevidas; (d) direito ao contraditorio e à plenitude de defesa (direito à autodefesa e à defesa técnica); (e) direito de não ser processado e julgado com base em leis “ex post

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facto”; (f) direito à igualdade entre as partes (paridade de armas e de tratamento processual); (g) direito de não ser investigado, acusado processado ou condenado com fundamento exclusivo em provas revestidas de ilicitude, quer se trate de ilicitude originaria, quer se cuide de ilicitude derivada (RHC 90.376/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 93.050/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO); (h) direito ao benefício da gratuidade; (i) direito à observância do princípio do juiz natural; (j) direito à prova; (l) direito de ser presumido inocente (ADPF 144/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO) e, em consequência, de não ser tratado, pelos agentes do Estado, como se culpado fosse, antes do trânsito em julgado de eventual sentença penal condenatoria (RTJ 176/805-806, Rel. Min. CELSO DE MELLO); e (m) direito de não se autoincriminar nem de ser constrangido a produzir provas contra si proprio (HC 69.026/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 77.135/SP, Rel. Min. ILMAR GALVÃO - HC 83.096/RJ, Rel. Min. ELLEN GRACIE - HC 94.016/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). (...) Aquele que sofre persecução penal instaurada pelo Estado tem, dentre outras prerrogativas basicas, (a) o direito de permanecer em silêncio, (b) o direito de não ser compelido a produzir elementos de incriminação contra si proprio nem de ser constrangido a apresentar provas que lhe comprometam a defesa e (c) o direito de se recusar a participar, ativa ou passivamente, de procedimentos probatorios que lhe possam afetar a esfera jurídica, tais como a reprodução simulada (reconstituição) do evento delituoso e o fornecimento de padrões graficos ou de padrões vocais para efeito de perícia criminal (HC 96.219-MC/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). (...). - (STF, HC99289, Rel. Min. Celso de Mello, p. 04/08/11).

Ora, sabe-se que, em um sistema acusatório, há, além da divisão das atribuições de acusar, defender e julgar, a precisa definição do comportamento de cada uma das partes na gestão da prova, ou seja, quem tem a obrigação de provar determinado fato. Nesse passo, a partir da constatação de que o investigado é sujeito de direitos – e não objeto de prova - cabe ao Estado-acusador providenciar as provas necessárias ao oferecimento da Denúncia e posterior condenação, não sendo admissível compelir o investigado/réu a produzir ou colaborar com a produção de provas em seu desfavor.

GABARITO: LETRA “C”

29. A respeito da competência penal, assinale a alternativa correta:

a) Havendo a expansão da Justiça Federal, com a criação de uma nova Vara Federal no interior do Estado, deverão ser remetidos a ela todos os processos penais referentes aos Municípios de sua área de abrangência, não se aplicando a perpetuatio jurisdicionis.

b) Havendo a criação de uma Vara Especializada, deverão ser remetidos a ela todos os pro-cessos penais referentes à sua materia exclusiva, não se aplicando a perpetuatio jurisdicionis.

c) Segundo a jurisprudência do STJ, a competência territorial, no processo penal, e de caráter absoluto, razão pela qual pode ser suscitada em qualquer momento.

d) A jurisprudência atual do STF e do STJ entende ser nulo o julgamento proferido por Turma de Tribunal composta, majoritariamente, por Juízes convocados.

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Pontos do Regulamento do 27º CPR: 10.b, 11.a.

COMENTÁRIO

Nos últimos anos, a Justiça Federal – e, consequentemente, o Ministério Público Federal -, passou por um rápido e profundo processo de interiorização, a partir da criação de Varas Federais em Municípios do interior dos Estados. Hoje, sabe-se que há Vara Federal em Municípios com população de 40, 50 mil habitantes.

Nesse passo, surge o problema de saber o que acontece com os processos que tramitam em uma Vara Federal da capital do Estado que dizem respeito a Município submetido à área jurisdicional da nova Vara Federal do interior deste Estado. Devem permanecer na capital ou, pelo contrário, devem ser encaminhados para o interior?

A jurisprudência pátria concluiu que, tratando-se de competência territorial – e, portanto, de natureza relativa – tem aplicação a regra da perpetuatio jurisdicionis (art. 87, CPC), e, por isso, os processos devem permanecer na Vara Federal originária.

Vejamos:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. CRIAÇÃO DE NOVA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA COM JURISDIÇÃO SOBRE O MUNICÍPIO ONDE OCORREU O CRIME. PRESERVAÇÃO DA COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DA AÇÃO PENAL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PERPETUATIO JURISDICTIONIS. PRECEDENTES. (…) 3. Aplica-se ao processo penal, de acordo com o art. 3º desse diploma legal, o disposto no art. 87 do Codigo de Processo Civil, segundo o qual se determina a competência no momento em que a ação é proposta, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o orgão judiciario ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia. 4. A criação de vara federal no local em que ocorrida a infração não implica a incompetência superveniente do juízo a que, até então, competia processar e julgar o processo.(...) (STJ, HC246383, Rel. Min. Og Fernandes, p. 20/08/13).

O item “a” está errado.

Hipótese parecida, mas com consequências bastante distintas, é a criação de Vara Federal Especializada. Por exemplo, há Estados que possuem Varas Especializadas em Lavagem de Dinheiro, crimes contra o sistema financeiro etc... Assim, se uma Ação Penal referente a um crime financeiro é distribuída livremente perante uma Vara Federal e, posteriormente, uma outra Vara torna-se exclusiva sobre aquela matéria, o que deve acontecer? O processo permanece na Vara comum ou vai para a Vara Especializada?

O participante deve atentar-se para a circunstância de que as Varas são especializadas em razão da matéria, e a competência em razão da matéria é de natureza absoluta. Portanto, nessas hipóteses, é de ser afastado o art. 87, CPC, não se aplicando o princípio da perpetuatio jurisdicionis, de modo que os autos deverão, sim, ser remetidos à Vara Especializada:

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AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. ART. 75 DO CPP. REDISTRIBUIÇÃO DOS AUTOS PARA VARA ESPECIALIZADA EM MATERIA CRIMINAL. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. VIOLAÇÃO DO ART. 212 DO CPP. NÃO OCORRÊNCIA. INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS. INVERSÃO DA ORDEM. NÃO DEMONSTRAÇÃO DO PREJUÍZO. AUSÊNCIA DE NULIDADE. FIXAÇÃO DO REGIME MAIS GRAVOSO. GRAVIDADE CONCRETA DO DELITO. DECISÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. ACÓRDÃO EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DA CORTE. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO IMPROVIDO. 1. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a remessa do processo ao juiz competente, diante da criação de Vara Especializada em matéria criminal, não implica ofensa ao princípio do juiz natural, não havendo que se falar em perpetuatio jurisdicionis, pois a competência, na hipotese, é absoluta.(...) (STJ, AgRg no Resp 1434434, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, p. 12/06/14).

O item “b” é verdadeiro.

De outro giro, em que pese entendimento doutrinário em sentido contrário, ou seja, no sentido de que a competência penal territorial tem natureza absoluta, certo é que a jurisprudência do STJ é pacífica quanto ao caráter relativo dessa competência, de maneira que deve ser arguida oportunamente, sob pena de preclusão, senão vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA. ALEGAÇÃO DE INEPCIA DA DENÚNCIA. EXERCÍCIO DA AMPLA DEFESA GARANTIDO. PEÇA ACUSATÓRIA QUE PREENCHE OS REQUISITOS PREVISTOS NO ART. 41 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. QUESTÃO JÁ ANALISADA POR ESTA CORTE EM SEDE DE HABEAS CORPUS. INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL. PRECLUSÃO. NULIDADE MATERIAL DA SENTENÇA POR AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. QUESTÃO DE MERITO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE ACOLHEU PRELIMINAR DEFENSIVA E DETERMINOU O RETORNO DOS AUTOS PARA O JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU AVALIAR O CABIMENTO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. DECISÃO MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO DESPROVIDO. (…) 4. A incompetência territorial é matéria que gera nulidade relativa, portanto, deve ser arguida em momento oportuno. Na hipotese, vê-se que em razão da inércia da defesa restou operada a preclusão, prorrogando-se a competência inicialmente firmada. (…) (STJ, AgRg no Resp 1265395, Rel. Min. Laurita Vaz, p. 31/03/14).

Assim, o item “c” está errado.

Por derradeiro, após algumas divergências jurisprudenciais, a jurisprudência do STF e do STJ restou firmada na vertente de que não há nulidade no fato de o julgamento ter sido proferido por uma Turma ou Câmara de Tribunal composta, em sua maioria, por Juízes convocados, desde que convocados de acordo com os procedimentos legais, a saber:

EMENTA Habeas corpus. Constitucional. Recurso de apelação julgado por turma

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composta integralmente por juízes convocados. Nulidade. Alegada ofensa ao princípio do juiz natural. Não ocorrência. Precedentes da Corte. Ordem denegada. 1. O princípio do juiz natural não apenas veda a instituição de tribunais e juízos de exceção, mas também impõe que as causas sejam processadas e julgadas por orgão jurisdicional previamente determinado, a partir de critérios constitucionais de repartição taxativa de competência, excluída qualquer alternativa à discricionariedade. 2. A convocação de juízes de primeiro grau de jurisdição para substituir desembargadores não malfere o princípio constitucional do juiz natural, autorizado no âmbito da Justiça paulista pela Lei Complementar estadual nº 646/90. Não se vislumbra, no ato de designação do juiz convocado, nenhum traço de discricionariedade capaz de comprometer a imparcialidade da decisão que vier a ser exarada pelo orgão colegiado competente. 3. Habeas corpus denegado. (STF, HC110925, Rel. Min. Dias Toffoli, p. 11/05/12).

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. OFENSA AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. ÓRGÃO JULGADOR COMPOSTO POR JUÍZES CONVOCADOS. AUSÊNCIA DE NULIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO DE ARGUMENTOS NOVOS PARA INVALIDAR A DECISÃO AGRAVADA. MANUTENÇÃO POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. (...) 2. Ha firme compreensão jurisprudencial no sentido de que não ocorre violação do princípio do juiz natural quando o orgão julgador é composto, na sua maioria, por juízes convocados. (...) (STJ, AgRg no HC 282982, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, p. 14/04/14).

O item “d”, então, também está errado.

GABARITO: LETRA “B”

30. A Transação Penal e um instituto despenalizador previsto na Lei n. 9.099/95. Acerca desse tema, assinale o item correto:

a) Segundo o entendimento jurisprudencial majoritário, trata-se de direito subjetivo do in-vestigado, de modo que, em caso de recusa de sua oferta pelo MP, o Juiz poderá formular a proposta.

b) Na esteira do entendimento doutrinário prevalecente, trata-se de exceção ao princípio da indisponibilidade, a denominada “indisponibilidade mitigada”

c) A jurisprudência do STF admite o cabimento da transação, se a condenação definitiva so-frida pelo investigado já tiver produzido seus efeitos há mais de cinco anos.

d) Na hipótese de concurso de crimes, para fins de análise do cabimento, ou não, da transa-ção, deve-se desconsiderar eventuais acrescimos ou exasperações decorrentes do concurso.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 13.b.

COMENTÁRIO

A Transação Penal é um dos institutos processuais mais relevantes na prática forense penal, razão pela qual também é alvo comum de questões de concursos públicos, sobretudo concursos para o Ministério

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Público.

A despeito de certos entendimentos doutrinários e até jurisprudenciais em sentido diverso, não há dúvidas de que a jurisprudência amplamente majoritária defende que a Transação não é direito subjetivo do autor do fato, mas sim poder-dever do MP, que poderá, analisando as circunstâncias do caso concreto e os requisitos legais, formular a proposta.

Dessa forma, se o Juiz entende ser cabível a Transação, mas o membro do MP não a formula, jamais poderá o Juiz formulá-la, devendo, na verdade, aplicar, por analogia, o art. 28, CPP, e submeter às instâncias superiores do MP a decisão a respeito do oferecimento, ou não, da proposta.

Nesse sentido:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. QUEIXA. INJÚRIA. TRANSAÇÃO PENAL. AÇÃO PENAL PRIVADA. POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE DO QUERELANTE. JUSTA CAUSA EVIDENCIADA. RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA. I - A transação penal, assim como a suspensão condicional do processo, não se trata de direito público subjetivo do acusado, mas sim de poder-dever do Ministério Público (Precedentes desta e. Corte e do c. Supremo Tribunal Federal). (STJ, Apn 634, Rel. Min.Felix Fischer, p. 03/04/12).

Portanto, o item “a” está errado.

De outra banda, segundo a doutrina pátria, a Transação constitui exceção ao princípio da obrigatoriedade da Ação Penal, uma vez que, ainda que presentes os elementos necessários ao oferecimento da Denúncia, o MP poderá formular a Transação. Comumente, passou-se a falar em “obrigatoriedade mitigada”.

Perceba-se, entretanto, que a assertiva fala em exceção ao princípio da indisponibilidade – e não obrigatoriedade -, segundo o qual o MP não pode desistir da Ação Penal. A exceção ao princípio da indisponibilidade é a suspensão condicional do processo, outro instituto despenalizador trazido pela Lei n. 9.099/95 (art. 89).

Portanto, o item “b” está errado.

Prosseguindo, transcreveremos o art. 76, da Lei n. 9.099/95, com a intenção de destacar os requisitos legais necessários ao cabimento da Transação:

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público podera propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

(...)

§ 2º Não se admitira a proposta se ficar comprovado:

I - ter sido o autor da infração condenado, pela pratica de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;

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II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;

III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessaria e suficiente a adoção da medida.

Vê-se, então, que um dos requisitos legais é que o autor do fato não tenho sido condenado definitivamente a pena privativa de liberdade.

Daí surge a indagação: Então, mesmo depois de 10, 15 anos do cumprimento da pena ou da extinção dos efeitos da condenação por qualquer que seja a razão, o sujeito não poderá ser beneficiado pela Transação?

O STF entendeu que este requisito deve ser interpretado em conjunto com a regra da reincidência penal, ou seja, se os efeitos da reincidência permanecem por apenas cinco anos (art. 64, I, CP), este prazo também deve ser utilizado como parâmetro para permitir, ou não, a Transação com autor do fato condenado definitivamente, a saber:

EMENTA: PROCESSO CRIMINAL. Suspensão condicional. Transação penal. Admissibilidade. Maus antecedentes. Descaracterização. Reincidência. Condenação anterior. Pena cumprida ha mais de 5 (cinco) anos. Impedimento inexistente. HC deferido. Inteligência dos arts. 76, § 2º, III, e 89 da Lei nº 9.099/95. Aplicação analogica do art. 64, I, do CP. O limite temporal de cinco anos, previsto no art. 64, I, do Codigo Penal, aplica-se, por analogia, aos requisitos da transação penal e da suspensão condicional do processo (STF, HC86646, Rel. Min. Cezar Peluso, p. 09/06/06).

Portanto, o item “c” está verdadeiro.

Por fim, quando há concursos de crimes, os seus efeitos sobre a sanção penal devem ser considerados para fins de análise da extrapolação, ou não, do limite de dois anos da pena (infração de menor potencial ofensivo):

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIMES DO ART. 55 DA LEI N.º 9.605/98 E DO ART. 2.º DA LEI N.º 8.176/91, C.C. ART. 70 DO CÓDIGO PENAL. OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. PRESCINDIBILIDADE DO INDICIAMENTO FORMAL. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL, POR SUPOSTA FALTA DE JUSTA CAUSA. SUPERVENIENTE SENTENÇA CONDENATÓRIA. PREJUDICIALIDADE DA TESE. APLICAÇÃO DA TRANSAÇÃO PENAL OU SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. CONCURSO DE CRIMES. NECESSIDADE DO SOMATÓRIA DAS INFRAÇÕES PENAIS. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. INOCORRÊNCIA. RECURSO PARCIALMENTE PREJUDICADO E, NO MAIS, NÃO PROVIDO. (…) 3. Em concurso material de crimes, a transação penal e/ou a suspensão condicional do processo somente têm cabimento quanto o somatorio das penas em abstratos das infrações penais não ultrapassarem os limites legais, de 02 anos, no maximo, e de 01 ano, no mínimo, respectivamente. Inteligência da Súmula n.º 243/STJ. (…) (STJ,

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RHC 40495, Rel. Min. Laurita Vaz, p. 03/02/14).

Assim, em caso de concurso material, devem ser somadas as penas máximas abstratamente previstas, para verificar se extrapolam, ou não, o limite de dois anos. Nas hipóteses de concurso formal ou continuidade delitiva, à pena máxima deve ser acrescido o percentual máximo de aumento decorrente do concurso, a fim de realizar tal análise.

Ante o exposto, o item “d” está errado.

GABARITO: LETRA “C”

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QUESTÕES DISSERTATIVAS

MEDIADOR: BRUNO BARROS

PROCESSO PENAL

Competência em razão da prerrogativa de foro. Perpetuatio jurisdicionis. A renúncia e suas impli-cações. (Máximo de 20 linhas).

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 10.b.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, ate o dia 03/08: [email protected]

MEDIADOR: ALDO COSTA

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

Explique em que consiste a teoria dos efeitos. (Máximo de 35 linhas. O que ultrapassar não será considerado).

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 17.b.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, ate o dia 03/08: [email protected]

DISSERTAÇÃOSem limite de linhas.

MEDIADOR: JOÃO PAULO LORDELO

DIREITO CIVIL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL

1) Em janeiro de 2010, membros da comunidade remanescente de território quilombola Serra do Bem, localizada em Barreiras-BA, procuraram o Ministerio Público Federal na cidade, narrando a situação de perigo a que estão sujeitos. Registraram que a área onde residem há mais de 50 (cinquenta) anos foi doada pelo Estado da Bahia, em 2007, à União, que lá pretende instalar um alojamento militar. Por conta disso, a comunidade vem sofrendo ameaças constantes dos milita-res, sendo surpreendida com a presença de tratores prontos para derrubar as casas dos morador-es, acusados de ocuparem irregularmente as terras, bem como o templo religioso que mantêm.

Em sede administrativa, o MPF expediu ofício à União, para que prestasse esclarecimentos. Esta, por intermedio da AGU, respondeu que: a) embora ciente do auto-reconhecimento da comuni-

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dade como remanescente de território quilombola perante a Fundação Palmares, não a reconhece como tal; b) o auto-reconhecimento não é suficiente, nem o critério adequado para qualificar a referida comunidade como remanescente de quilombo; c) existe procedimento administrativo no INCRA, instaurado a partir de requerimento de membros da própria comunidade, datado de 2002, objetivando a titulação das terras, mas ainda em fase inicial, paralisado e sem previsão de conclusão; d) a construção do alojamento militar atende a interesse público superior, sendo pos-sível o realojamento da comunidade em uma outra região, caso haja interesse.

Diante das circunstâncias, elabore a peça processual adequada à tutela adequada dos interesses da comunidade ameaçada, tocando nos seguintes pontos: a) competência da Justiça Federal; b) regime de proteção das comunidades quilombolas, em diferenciação às comunidades indígenas; c) validade ou não do criterio de auto-reconhecimento das comunidades quilombolas; d) normas internacionais que regulamentem o tema; e) medida a ser tomada em relação ao procedimento administrativo em curso.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 2.c, 9.c, 19.b.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, ate o dia 03/08: [email protected]