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19 Congresso de Iniciação Científica

ESTUDO SOBRE TEMAS E CONTEXTOS QUE RECOBREM O CAMPO PSICOSSOCIAL,PUBLICADOS EM FONTES SECUNDÁRIAS, NOS ÚLTIMOS 10 ANOS

Autor(es)

VINICIUS FURLAN

Orientador(es)

MARIÁ APARECIDA PELISSARI

Apoio Financeiro

FAPIC/UNIMEP

1. Introdução

Em resposta à crise que a Psicologia Social se encontrava na década 70, um movimento de revisão crítica, coordenado por Silvia T.M. Lane, culminou na criação da ABRAPSO Associação Brasileira de Psicologia Social - em 1980. Nesses termos, a PsicologiaSocial, foi pioneira nos estudos e práticas sobre a importância das condições históricas, objetivas e subjetivas, para a constituição dasrelações entre os indivíduos e a sociedade. Realçar a articulação da prática de pesquisa e de intervenção psicossocial compromissadasignificou, nas décadas de 70, 80 e 90, o engajamento dos psicólogos sociais em práticas profissionais orientadas politicamente paraas lutas de democratização do país e enfrentamento de problemas que diziam respeito às condições de vida e organização das classespopulares (REBOREDO,1998). A afirmação toda psicologia é social sintetiza a imprescindível relação que a psicologia socialassumiu com a psicologia, não no sentido de reduzir as especificidades conceituais de cada área de sua atuação, mas demarcando, apartir de cada especificidade, a natureza histórico-social do ser humano (LANE, 1984, p.20). Desde a sua criação, a ABRAPSO setornou o principal marco de referências da Psicologia Social Brasileira, sinalizando direções em que esta área repousa suas reflexões,realiza suas pesquisas e suas práticas. Isso impulsionou a Psicologia Social no Brasil e estabeleceu campos de referências parareflexões sobre acontecimentos macro-estruturais na relação com o debate científico e acadêmico da formação e atuação profissionais.As publicações passaram a retratar a psicologia social e os problemas brasileiros tais como: violência, movimentos populares,psicologia comunitária, processos grupais, identidade, exploração do trabalho, política e direitos humanos. Isso evidenciava que adireção dada era acatada em práticas de pesquisa e tentativas de ações profissionais. A partir dos anos 1990, as pesquisas e estudospassaram a ser também identificados com uma psicologia social na América Latina, também conhecida como paradigmalatino-americano com diversas e grandes referências de trabalhos que abrangem as questões teóricas, metodológicas e éticas para aatuação do psicólogo social. (LANE & SAWAIA, 1994). Tendo como recorte a produção acadêmico-científica nos últimos 10 anos,partilhamos da indagação: A psicologia social não será um epifenômeno que tende a desaparecer com a maturidade da Psicologia edas demais ciências sociais e humanas? (REBOREDO, 1998). Essa indagação incentivou a produção desta pesquisa que teve osseguintes objetivos.

2. Objetivos

(1) Identificar os temas tratados na Revista Psicologia e Sociedade e nos Anais dos Encontros Nacionais no período de 2000 a 2010

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inclusive; (2) Identificar e examinar os contextos presentes nas mesmas publicações; e (3) Descrever, analisar e apresentar osignificado dos resultados.

3. Desenvolvimento

Para cumprir os objetivos acima mencionados optou-se por pesquisa de caráter exploratório porque ela permite apropriar-se de umadiversidade de conhecimentos presentes em fontes bibliográficas de modo a proporcionar maior familiaridade com o problema emquestão. Tendo por aceito que a ABRAPSO se tornou a Associação oficial da Psicologia Social no país, escolheu-se, como fonte osartigos e resumos, publicados na Revista Psicologia e Sociedade e os resumos dos Anais dos Encontros Nacionais. Para umapesquisa assim foi necessário, primeiramente, reunir os fascículos impressos disponíveis e acessar o site oficial da ABRAPSO paracompletar a seleção do período determinado. O único documento não pesquisado foram os Anais do Encontro Nacional de 2005, nãodisponível nem em site, nem impresso. Quanto à natureza da reflexão, distinguiu-se, nas mesmas fontes, o que se tratava de reflexãoteórica elaborada sem dados de pesquisa das reflexões realizadas com amparo de dados de pesquisas, sejam elas da graduação, dedissertações, teses pós-doutorais e/ou cotejamentos e articulações com outras áreas do conhecimento científico. Adotou-se que temaé o assunto no qual repousa toda a reflexão, ou a proposição que se quer provar, ou ainda o motivo sobre o qual se desenvolve acomposição do texto. Para coletar os dados dos artigos das revistas elaborou-se a seguinte categorização: temas clássicos; temasnão-clássicos e temas emergentes. Já no caso dos Anais optou-se pelos eixos temáticos do Encontro Nacional de 2009. Firmou-se oentendimento de contexto como sendo o ambiente social ou situação dentro da qual ocorre algo; campo de atuação e as circunstânciasenvolvidas no delineamento do tema. Procurou-se nesta definição incluir enquadres que compartilham natureza similar. Assimconsiderando, chegou-se ao seguinte: A1. Reflexão Teórica com Pesquisa; A2. Reflexão Teórica sem Pesquisa; B. ContextoEducacional; C. Contexto Organizacional e do Trabalho; D. Contexto Comunitário; E. Contexto Midiático e das Tecnologias deInformação; F. Contexto Clínico e da Saúde; G. Contexto Sócio-Político-Cultural; H. Contexto Epistemológico; I. Contexto dasPolíticas e Projetos Sociais; J. Contexto das Cidades, Territórios e Ambientes. Partindo da leitura dos resumos e dos resumosexpandidos, o momento seguinte foi destinado a sistematizar os temas e contextos encontrados. Isso, por sua vez, possibilitouconstruir tabelas representativas, bem como gráficos correspondentes. Esses se converteram na prévia descrição dos resultados, quepreparou a análise e a interpretação, sempre considerando as bases que fundamentaram a pesquisa e um limite de generalizaçãopertinente ao universo pesquisado.

4. Resultado e Discussão

Ao longo do período considerado, 2000-2010 inclusive, foram encontrados e trabalhados 33 números da Revista Psicologia eSociedade composta por 11 volumes, totalizando 418 artigos. Do mesmo modo, foram encontrados 2.047 trabalhos nos 04 Anais dosEncontros Nacionais. Percebe-se claramente que as reflexões teóricas apoiadas por dados de pesquisa totalizam praticamente 70% detoda a produção no universo pesquisado. Por sua vez a produção sem pesquisa ocupa 30% da totalidade do mesmo universo.Importante reafirmar aqui que a significativa presença de estudos apoiados por dados de pesquisa não necessariamente os eleva àcondição de alta consistência teórica e epistemológica. O inverso também deve ser considerado (ver anexo 1). Nota-se também altapredominância de estudos relacionados ao contexto Sócio-Político-Cultural 28%; os contextos Clínicos e de Saúde e Educacionalaparecem na sequência representando 20% e 19%, respectivamente. O contexto Organizacional e do Trabalho representa 9% daprodução; os contextos Comunitários e de Reflexão Epistemológica, possuem, ambos 7%. Com 5% da produção estão os contextosdas Políticas e Projetos Sociais e Midiáticos e das Tecnologias da Informação; e representando 2% emerge o contexto das Cidades,Territórios e Ambientes (ver anexo 2). Diante da categorização utilizada com relação aos temas encontrou-se alto, médio e baixopercentual de ocorrência nos temas clássicos, não-clássicos e emergentes, respectivamente. O baixo percentual dos temas emergentesapontam para estudos inovadores, como por exemplo, aqueles referentes às Cidades e Territórios de Existência. Da mesma maneiracom relação aos contextos é expressiva a produção inserida no contexto Sócio-Político-Cultural que acolhe trabalhos referentes àgarantia de direitos humanos, processos de democratização, reflexões sobre psicologia política, estudos culturais sobre etnia eracismo. Grupos, instituições e movimentos sociais, violência social, violência doméstica e física, questões de gênero, religião,subjetividade e reflexões sobre a conjuntura política e econômica do país estão aqui considerados na recorrência desse contexto que osabriga. Outras produções expressivas e equivalentes situam-se no contexto da Saúde e no contexto Educacional. As produções noscontextos das Organizações do Trabalho e da Psicologia Comunitária e os estudos Epistemológicos assemelham-se quantitativamente,em temas e contextos, ao longo desse período e não estão em expansão. Emergem os contextos das Políticas Públicas, dos ProjetosSociais, Midiático e das Tecnologias da Informação, e os estudos sobre as Cidades, os Ambientes e Territórios de Existências. Assimpôde-se registrar que temas clássicos, temas não-clássicos e temas emergentes encontram-se demarcados por contextos que expressamengajamento sócio-político-cultural; expressam preocupações com as demandas da atual conjuntura nas áreas da saúde, da educação,das organizações do trabalho, da comunidade, das epistemologias, dos projetos sociais, das TICs, e das cidades e territórios daexistência. Isto pode significar que temas e contextos se co-definem ou mesmo se constituem numa relação de reciprocidade.

5. Considerações Finais

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Os dados descritos, analisados e interpretados - resguardados o limite e valor do universo pesquisado e o objetivo do projeto -possibilitam considerar que a resposta àquela questão não é positiva, ou seja, a Psicologia Social não se configura como umepifenômeno e em termos de resultados gerais, foi encontrada grande abrangência, difusão e expansão do campo que conservaespecificidade e abriga migrações internas e externas à Psicologia. Permanecem identificáveis e demarcados os estudos e práticascríticas que conferem à psicologia social um sentido crítico e compromisso ético-político visando transformações das condiçõeshistóricas forjadoras de subjetividades e consciências, compromissados com a conquista de direitos humanos. Esses convivem comoutros estudos adaptados que respondem às demandas conjunturais atuais, sem as perspectivas sócio-históricas e culturais. Importaressalvar que como esta pesquisa foi realizada a partir de material oficial da ABRAPSO, lidou-se, com os artigos publicados. Daí queé preciso registrar que, certamente, há psicologia social fora da ABRAPSO, sobretudo se pensarmos que as linhas editoriais tambémorientam escolhas e recusas. Por fim, pode-se dizer que os resultados encontrados têm abrangência e significado, e evidenciam orecobrimento do campo dando visibilidade e materialidade à intenção do projeto.

Referências Bibliográficas

BIANCIARDI, M. Complejidad Del concepto de contexto. In:http://win.associazio ncullturaeepisteme.com/articoli/complejidad_concepto_de_contexto_(Bianciardi).pdf. Acesso em: 17 de março de 2011. BONFIM, E.M. Notas sobre Psicologia Social e Comunitária no Brasil. Psicologia e Sociedade, Belo Horizonte: ABRAPSO, 1989. ENCONTRONACIONAL DA ABRAPSO. ABRAPSO, Anais, de 2001 a 2009. GIL, A. C. Métodos e Técnicas de pesquisa social. São Paulo, Ed.Atlas, 2009. 6ª edição 2ª reimpressão. KOCH, I. G. V. A coerência textual. São Paulo, Ed. Cortez, 1990. ______. Desvendando ossegredos do texto. São Paulo, Ed. Cortez, 2003. LANE, S.T.M., SAWAIA. B.B(Orgs.) Avanços da Psicologia Social na Américalatina. In: Novas Veredas da Psicologia Social. São Paulo. Ed. Brasiliense/ Educ, 1994. LANE, S. T. M. A psicologia social e umanova concepção de homem para a psicologia. In. LANE, S. T. M. e CODO, W. Psicologia Social: o homem em movimento. SãoPaulo, Ed. Brasiliense, 1984. REBOREDO, L. A. Curso e Percurso da Psicologia Social. Texto apresentado na Mesa RedondaPsicologia Social: um possível lugar no mosaico dos saberes psicológicos. Bauru, UNESP. Outubro, 1998. REVISTA PSICOLOGIAE SOCIEDADE. ABRAPSO, v. 12, 2000 ao v. 22, 2010.Anexos

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