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Bertha Maakaroun Estado e sonegadores travam

uma guerra tecnológica. Diante do controle e da fiscalização eletrôni-ca, novas técnicas e softwares são desenvolvidos para enganar o fis-co. Os números são altos e estão sob o impacto da atuação conjunta do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Ordem Econômi-ca e Tributária (Caoet) do Mi-nistério Público, da Secretaria de Estado da Fazenda, da Advocacia-Geral do Estado e das polícias Mi-litar e Civil. A articulação política dessas instituições em operações contra a tecnologia da sonegação resultou, nos últimos cinco anos, em R$ 1 bilhão em autuações, além de crescimento estimado em R$ 3 bilhões na arrecadação dos setores atingidos. O acumulado nas fraudes tecnológicas desba-ratadas, correspondente a 20% da arrecadação de ICMS no ano pas-sado de R$ 26,27 bilhões, é maior do que a previsão de investimentos no Orçamento Fiscal do Estado de 2011, de R$ 3,15 bilhões, além de quase alcançar os R$ 4,8 bilhões de investimentos indicados na re-visão do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) de 2011, que conta também com recursos do Orçamento Fiscal e do Orça-mento de Investimento das Em-presas Controladas.

As tecnologias da fraude es-tão disseminadas em diversas ati-vidades econômicas e convivem ao lado de velhas práticas. No se-tor de combustíveis, há nove anos o promotor Francisco Lins do Rego Santos pagou com a vida a investigação de uma rede de dis-tribuição de gasolina adulterada.

Hoje, o problema não se relacio-na mais ao primitivo emprego do solvente para a multiplicação dos litros do combustível. A fraude agora é tributária. São emprega-dos softwares nas bombas, mais especificamente no encerrante – totalizadores de volume que re-gistram litro a litro comercializa-do. A determinada hora do dia a contabilidade é zerada. Milhares de litros já consumidos e descar-regados nos tanques ilegalmente passam ao caixa paralelo.

Os chips das bombas, progra-mados para sonegar, convivem ao lado das velhas distribuidoras “de aluguel”, comandadas por la-ranjas, que, sobretudo no setor do álcool, buscam inspiração na cida-de de Paulínea (SP). Segundo Re-nato Froés, promotor de Justiça do Caoet, e Djalma França, audi-tor fiscal, o combustível é busca-do diretamente nas usinas e, para amparar a circulação, são usados documentos emitidos pelas distri-buidoras laranjas. Não raro, com um só documento fiscal, várias viagens são realizadas. “Essas dis-tribuidoras de aluguel não reco-lhem os tributos. Operam durante um ou dois anos e fecham as por-tas, deixando o fisco sem ter como cobrar o crédito, já que os laranjas que as comandam não têm lastro para arcar com a execução fiscal”, assinala Renato Froés.

Em 2009, três operações con-juntas entre Ministério Público, Secretaria de Estado da Fazenda e polícias puseram luz sobre a so-negação tributária nos postos de gasolina. A partir daí, houve um aumento médio de arrecadação de R$ 25 milhões por mês, R$ 300 milhões ao ano, segundo estima-

tiva do secretário-adjunto da Fa-zenda, Pedro Meneguetti. “Con-siderando que a arrecadação do setor ao mês gira agora em torno de R$ 430 milhões, tínhamos, em média, uma sonegação de cerca de 6%”, considera ele. Mas o proble-ma está longe de ter sido equacio-nado no setor. No Sul e Norte de Minas há ocorrência da prática e a força-tarefa prepara novas ope-rações. “No Sul, temos suspeitas de envolvimento do PCC na aqui-sição de postos para a lavagem de dinheiro”, afirma Froés.

DISSEMINADA Se nos postos de gasolina, que

já foram alvo de diversas opera-ções contra a sonegação, o crime continua a compensar, em outros ramos de atividade a fraude tecno-lógica está disseminada. “Locali-zamos softwares fraudulentos, que promovem caixa dois na contabi-lidade, no setor de medicamentos, de restaurantes e de supermerca-dos”, afirma Djalma França. No primeiro, depois de um ano de investigações, uma operação con-junta desbaratou nova fraude. O software gerencial era intitulado Pharmacy, voltado ao mercado de varejo farmacêutico, criado pela C&S Sistemas, antecessora da Bematech S/A. A versão ilegal era comercializada até ser firmado termo de ajustamento de conduta. Por força deste, a Bematech parou de comercializar o software criado pela empresa que incorporou. “A operação foi feita, identificamos os contribuintes que estão regula-rizando a situação. Em relação à questão fiscal, autuamos os contri-buintes em R$ 120 milhões”, diz Pedro Meneguetti.

EStADo DE MINAS - P. 6 - 21.02.2011 DINHEIRo PÚBLICo

União contra sonegadoresEntidades do governo e do Judiciário aprimoram combate a fraudes e evitam

prejuízos maiores que os investimentos previstos no Orçamento de 2011

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O estado tenta alcançar o controle fiscal por meio eletrônico. Os sonegadores buscam burlar o fisco também eletronicamente. Nesse passo a passo, tenta-se de tudo. No combate, a Secretaria de Estado da Fazenda tem adotado o cruzamento das compras de cartão de crédito com os es-tabelecimentos. “No ano passado, fiscalizamos 4 mil con-tribuintes. Dez por cento deles apresentaram problemas e foram autuados em R$ 157 milhões”, explica Pedro Mene-guetti, secretário-adjunto da Fazenda.

Se a amostra de contribuintes fiscalizados fosse alea-tória, seria razoável supor que dos 310 mil cadastrados no estado, 31 mil fraudam o fisco, o que constitutiria um rom-bo próximo a R$ 1,5 bilhão ao ano. Mas a fiscalização não é aleatória. “Ela ocorre nos setores em que temos indícios de sonegação”, afirma Meneguetti.

O esforço de fiscalização da Fazenda, entretanto, en-frenta a disposição dos sonegadores por novas fórmulas e programas. Na prática, a força-tarefa de combate à sonega-ção e crimes contra a ordem tributária é fundamental para desvendar as fraudes fiscais. “O caminho para a solução de problemas fiscais é o trabalho conjunto das forças públicas de todas as esferas”, considera o governador Antonio Anas-tasia (PSDB). “Afinal, é algo que interessa a toda a socieda-de, independentemente se o governo é municipal, estadual ou federal”, acrescenta.

Coordenado por Rogério Filippetto, o Centro de Apoio Operacional de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (Caoet) mantém um laboratório de combate à corrupção e lavagem de dinheiro com profissionais especializados nas mais diferente e variadas áreas, da estatística, passando pela informática, contabilidade e administração. A promotoria e a Secretaria da Fazenda investigam. Sem a atuação con-junta, a Fazenda não conseguiria, por exemplo, autorização judicial para a quebra de sigilos telefônicos e fiscais, ne-cessários nesses processos. As polícias Civil e Militar dão apoio operacional e logístico nas operações de busca e apre-ensão.

DINHEIRo PÚBLICo - Compra no cartão fiscalizadaCoNt.... EStADo DE MINAS - P. 6 - 21.02.2011

“O principal foco das operações é a cópia do servidor das empresas. Como as fraudes estão cada vez mais elaboradas, há a necessidade de especialização dos analistas para identificar os métodos”, explica o pro-motor Renato Fróes. “Nunca atuamos sozinhos. Há sempre a articulação e integração das instituições”, acrescenta. DEVoLUÇÃo

Enquanto de um lado os promotores e o fisco identificam fraudes, a Advocacia-Geral do Estado está interessada em recuperar os créditos na Justiça. “O principal problema é que depois de autuadas, as empresas que praticam fraudes, em geral organizações criminosas, não têm lastro para arcar com a execução das autuações”, explica Onofre Alves Batista Junior, procurador-chefe da Dívida Ativa. Isso é particularmente verdade sobretudo quando no esquema de fraudes estão empresas laranjas, consti-tuídas para não recolher tributos e fechar as portas em poucos anos.

Da dívida ativa do estado, que gira em torno de R$ 28 bilhões, 10% correspondem ao que o procurador-chefe denomina de “sonegação bandi-da”, softwares instalados de forma sistemática para a manutenção de um caixa paralelo. “Cada vez mais ela cresce, ganha corpo. Os golpes com a antiga nota fiscal o fisco cercou. Hoje, resta a sonegação criminosa”, afir-ma. Para ele, o combate a fraudes é, sobretudo, uma luta para se manter a livre concorrência.

O delegado Denilson dos Reis Gomes, o auditor fiscal Djalma França, o promotor Renato Fróes e o tenente-coronel Aroldo Pinheiro em reunião na sede do MP. Articulação das instituições resultou em R$ 1 bilhão em autuações nos últimos cinco anos

Gladstone Rodrigues/EM/D.A PRESS

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Paula CarolinaNo último dia 10, o servidor público Vinicius Alencar le-

vou para a revisão dos 10 mil quilômetros, na concessionária Cia. Motors, de Brasília, o Hyundai i30, da esposa Simone Alencar. Para o modelo, conforme publicidade espalhada por grandes veículos de comunicação do Brasil, além do próprio site da Hyundai, que afirma ter preços de revisões “garantidos” para toda a linha, conforme mostrou Veículos no último dia 9, o valor da revisão dos 10 mil quilômetros (câmbio manual ou automáti-co) deveria ficar em R$ 173,32, mas foram cobrados de Vinicius bem mais de R$ 200. Como não conseguiu negociar o serviço pelo valor anunciado, ele recorreu ao serviço de atendimento ao consumidor da Hyundai, que de nada adiantou. “Falaram que a tabela é só sugestiva”, conta Vinicius.

Há pouco mais de um mês, o advogado Michael César Sil-va também teve acesso à mesma publicidade, justamente quan-do seu i30 também completava 10 mil quilômetros. “Eu já tinha ligado para todas as concessionárias de Belo Horizonte e ne-nhuma havia me passado valor menor do que R$ 300. Então, agendei na Tai, que estava mais em conta (R$ 378)”, lembra Mi-chael que, por pouco, teria pago mais do dobro do discriminado na tabela da montadora. “Coincidiu que eu já tinha agendado a revisão e estava viajando, quando vi a propaganda, que diz: ‘É o preço garantido e você não paga nada mais por isso’. Questio-nei na concessionária e eles fizeram o preço. Aliás, paguei até menos: R$170”, continua. Antes, porém, o advogado também li-gou e enviou e-mail para o serviço de atendimento ao cliente da marca, obtendo a mesma reposta dada a Vinicius: “Não podem falar que o preço é só uma sugestão. É mentira. A propaganda é enganosa ou, no mínimo, capciosa, pois te induz a comprar o carro, pensando que os preços das revisões são fixos”.PRoCEDIMENto

No início do mês, conforme publicado no último dia 9, a reportagem fez contato com todas as concessionárias de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília para saber o valor das revi-sões, tomando como base o i30. Apenas duas revendas, no Rio de Janeiro, informaram o preço tabelado. As demais ofereceram valores exorbitantes, que variaram de R$ 200 a R$ 930. Cerca de 10 dias depois, o valor voltou a ser apurado nas mesmas re-vendas, que continuaram passando valores mais altos — desta vez houve concessionária que cobrou R$ 1.062 — e alegando que a publicidade só é válida para as concessionárias de São Paulo, o que já havia sido desmentido pela própria Hyundai na reportagem anterior.

A reportagem também ligou para revendas em São Paulo, no início do mês e esta semana, e, de fato, todas informaram, sem titubear, o valor tabelado. O curioso é que, em São Paulo, as revendas Hyundai pertencem ao grupo Caoa, responsável pela importação dos veículos da marca para o Brasil. Enquanto nos demais estados há concessionárias independentes, que perten-cem a grupos diversos.ENGANoSA

De acordo com o advogado Geraldo Magela Freire, pre-sidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), o fato de a montadora atribuir

preços de revisões inferiores aos cobrados pelas concessionárias constitui publicidade enganosa, prevista no artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor (CDC): “É enganosa qualquer mo-dalidade de informação ou comunicação de caráter publicitá-rio, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, pro-priedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produ-tos e serviços”.

Ele acrescenta que o CDC estabelece os princípios da com-pleta informação e transparência, que devem reger todas as eta-pas da relação de consumo. E ainda que constitui crime a afirma-ção falsa ou enganosa ou que omite informação ao consumidor.INVEStIGAÇÃo

O promotor de justiça Marcos Tofani, da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, do Ministério Público de Minas Gerais, acrescenta que o descumprimento de oferta publicitária também está preconizado no artigo 35, podendo o consumidor “exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade”, tendo o direito a ser ressarcido em perdas e danos, caso a empresa não queira cumprir. Diante do relatado por Veículos, o promotor instaurou uma investigação e determinou a notificação da montadora para prestar informações. A Hyundai tem 10 dias para dar os escla-recimentos.HYUNDAI

Novamente consultada, a Hyundai informou que vem tra-balhando para padronizar os custos das revisões, tendo apresen-tado recentemente um novo plano de revisão, que tem validade nacional e deve ser cumprido em todas as 180 concessionárias da marca no Brasil. A Hyundai está averiguando a aplicação do menu de revisão em toda a rede e tomará as medidas necessárias em relação às lojas que por algum motivo não cumprirem os va-lores fixados na tabela. A Hyundai acrescenta que (ao contrário do afirmado pelas concessionárias na reportagem vinculada no último dia 9) a mão de obra, gratuita nas duas primeiras revi-sões, será gratuita para os serviços de 10 mil e 20 mil quilôme-tros, independentemente de o cliente ter ou não feito a antiga revisão dos 2,5 mil quilômetros.

A empresa informa, ainda, que avalia constantemente os casos de clientes que têm algum tipo de divergência em relação ao valor pago nas revisões e que tem todo interesse em solu-cionar eventuais dúvidas deles, estando disposta a avaliar todos os casos em que haja discordância. Com relação à postura da Central de Atendimento ao Cliente (0800) nos casos menciona-dos, a Hyundai afirma que constatou se tratar de fato isolado e esclarece que nas consultas referentes ao novo plano de revisão, os atendentes estão orientados a registrar as ocorrências e enca-minhar para a área de pós-vendas, que entrará em contato com o cliente. Por fim, a empresa ressalta que os preços estabelecidos no menu de revisão passaram a vigorar a partir do dia em que foram veiculados nos meios de comunicação.

Hyundai/DivulgaçãoDe acordo com a Hyundai, todas as concessionárias do país

devem seguir o plano de revisão

EStADo DE MINAS - MG - CoNAMP - 21.02.2011

MP investiga publicidade enganosaRevendas ainda ignoram preço supostamente garantido em peça publicitária. Ministério Público notifica marca a prestar esclarecimentos sobre problema relatado por Veículos

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DIáRIo Do CoMéRCIo - P. 25 - 19 A 2102.2011

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HojE EM DIA - P. 3 - ESPoRtES - 19.02.2011

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AL INFoRMA - . 2 - 21.02.2011

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EStADo DE MINAS - P. 6, 7 E 8 - 21.02.2011MAtA SECA

Polêmica por trás da Mata SecaProdutores rurais e ambientalistas do Norte de Minas travam um

grande embate em torno de legislação criada para proteger a mata atlân-tica e que foi estendida às faixas de mata seca da região. A exigência de corte zero nessas áreas protegidas limita a produção agropecuária, prin-cipalmente das propriedades de pequeno e médio porte. Se for batido o martelo e o desmatamento parcial para produção de pastagem ou ex-pansão de outras culturas acabar proibido, 200 mil empregos do campo podem ser extintos. A polêmica está em curso e o desafio é encontrar o equilíbrio entre preservação ambiental e o desenvolvimento dos negócios com gado e plantações.

Luiz Ribeiro Uma verdadeira guerra entre

a preservação ambiental e a produ-ção agropecuária está sendo travada em torno da definição de uma legis-lação para proteger a mata seca no Norte de Minas. A disputa está em campo há vários anos, desde que a mata seca se tornou imune de corte, ao ser equiparada à mata atlântica. De um lado estão as lideranças rura-listas, que afirmam que o “desmate zero” vai representar o caos econô-mico para a região, eliminando 200 mil postos de trabalho no campo. Do outro, estão os ambientalistas e órgãos públicos que atuam para que a vegetação nativa não seja mais su-primida.

“O desmate zero é um remédio para a mata atlântica e um veneno para a mata seca no Norte de Minas. Enquanto a mata atlântica tem ape-nas 11% de remanescente natural e está numa região com economia desenvolvida, a mata seca tem mais de 50% de cobertura nativa e ocorre numa região subdesenvolvida, que tem a agropecuária quase que ex-clusivamente como sua única fonte de renda”, afirma João Gustavo de Paula, diretor da Sociedade Rural de Montes Claros.

“O problema é que existe uma noção por parte dos produtores ru-rais de que somente o desmatamen-to leva o desenvolvimento ao Norte

de Minas. E as coisas não podem ser vistas dessa maneira”, observa Mario Marcos do Espírito Santo, professor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e in-tegrante da Rede Internacional Co-laborativa de Pesquisa de Florestas Tropi-Dry (matas secas), que desen-volve estudos sobre o tema no Bra-sil, México, Costa Rica, Venezuela e Cuba. O assunto está em discus-são desde 2003, quando o Instituto Estadual de Florestas (IEF) baixou uma portaria, instituindo o desmate zero nas áreas de mata seca no Nor-te do estado. Mas, diante da reação da classe produtora rural, o governo estadual recuou e a portaria foi anu-lada nove meses depois.

Em 2006, foi promulgada a Lei Federal 11.428/2006, que tornou a mata atlântica imune de corte. Na ocasião, houve uma interpretação da Secretaria de Estado de Meio Am-biente (Semad) e a lei também passou a abrangir a mata seca. Mas, diante de muita discussão e reclamações dos produtores rurais, a Advogacia Geral do Estado emitiu parecer, re-conhecendo que a lei não se aplica-va à vegetação do Norte do estado. Dois anos depois foi promulgada a Lei Estadual 17.353/2008, estabe-lecendo os limites máximos para o desmatamento no bioma do Norte de Minas em 60% (floresta primá-ria) e 70% (mata secundária), com o

limite em outros tipos de vegetação fixado em 80%. Em 21 de novem-bro daquele ano, o governo federal baixou o Decreto 6.660/2008, que definiu um mapa, expandindo área da lei da mata atlântica, que passou a abranger a mata seca.

A partir daí, a guerra ficou mais acirrada. Enquanto ambientalistas comemoraram a garantia de prote-ção ambiental, lideranças ruralistas norte-mineiras iniciaram mobiliza-ção, na tentativa de revogar a lei, sob o argumento de que a mata seca é um bioma diferente. Outra ale-gação da classe é que um estudo elaborado pela Empresa de Assis-tência Técnica Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) indica que o desmate zero vai representar o fim de 200 mil vagas de trabalho no Norte de Minas. Fruto da mobi-lização política dos produtores, em 3 de agosto do ano passado, a As-sembleia Legislativa aprovou a Lei Estadual 19.096/2010, que afasta a abrangência da Lei da mata atlântica sobre a mata seca. O projeto de lei foi apresentado pelo deputado Gil Pereira (PP), que está na Secretaria Extraordinária do Desenvolvimen-to do Norte de Minas e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Com a mudança, voltou a ser permitido o desmate de até 70% das florestas se-cundárias e de até 60% da vegetação primária.

Luiz Ribeiro/EM/D.A Press

MAtA SECA

Guerra ao desmate zeroLegislação que equipara a mata seca, no Norte de Minas, com a mata atlântica gera polêmica

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Luiz Ribeiro A guerra em torno do desmate zero da

mata seca ainda não tem tréguas. Em no-vembro, a Procuradoria-Geral de Justiça de Minas Gerais entrou com ação direta de inconstitucionalidade (Adin) contra a Lei 19.096. Em 26 de janeiro, a Corte Superior do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) confirmou a liminar do desembargador José Antonio Baía Borges, que acolheu a ação, va-lidando da lei aprovada pelos deputados esta-duais. Os ambientalistas festejaram.

No entanto, os agricultores articulam nova investida. Segundo João Gustavo de Paula, deverá ser encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma outra Adin visan-do à anulação do decreto federal que conside-rou a mata seca similar à mata atlântica. “Com o decreto foi criado um mapa que ampliou a aplicação da lei de preservação da mata atlân-tica, abrangendo a mata seca. E, pela Consti-tuição Federal, um decreto não pode aumentar a aplicação de uma lei”, sustenta o diretor da Sociedade Rural, João Gustavo. Ele disse ain-da que os produtores contam com o apoio da seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que deverá protocolar a ação no STF.

João Gustavo afirmou que as estiagens constantes enfrentadas no Norte de Minas agravam as consequências do desmate zero. O argumento dele é que, por causa das secas, os produtores – sobretudo os pequenos e médios –, por anos sucessivos, não limpam os pastos. O mato cresce e acaba alcançando a altura 3 metros e os 8 centímetros de diâmetro. A par-tir dessas medidas, de acordo com a legisla-ção, não pode mais ocorrer desmates.

“Descapitalizados, mesmo chovendo nos anos seguintes, os produtores não conseguem limpar as pastagens. Passado algum tempo, quando ele conseguir dinheiro para fazer as pastagens novamente, será impedido pela lei”, afirma o diretor da Sociedade Rural. João Gustavo lembra que os filhos dos agricultores

também são prejudicados, pois muitos deles, na divisão da herança, vão receber áreas de matas e serão impedidos de desenvolver qual-quer atividade nelas. “Somos a favor da prote-ção do meio ambiente. Mas, diante dessas cir-cunstâncias, o desmate zero vai provocar uma redução da área produtiva do Norte de Minas e impossibilitar o desenvolvimento”, afirma o líder ruralista, lembrando que a proposta da categoria é que, nas áreas de mata seca, a re-serva legal seja ampliada de 20% para 40% (vegetação primária) e de 20% para 30% nas áreas de matas secundárias (que já sofreu um corte anterior). “Achamos que isso é o ideal.”SÓ SoFRIMENto

O produtor Carlos Lúcio Pereira, de 63 anos, sofre na pele os percalços impostos pelo desmate zero nas áreas de mata seca. Ele tem uma propriedade de 144 hectares em Montes Claros, dos quais 48ha foram incorporados à fazenda depois que ele adquiriu a área de um vizinho. Ele afirma que somente 25% do terre-no estão desmatados, tomados por pastagens. Com a necessidade de formar mais pastos, há pouco mais de três anos, ele entrou com um pedido de licença para desmatar a maior parte dos 48ha que comprou. Ele gastou R$ 7 mil com custeio de serviços e pagamento de taxas ambientais.

Exigências atendidas, Carlos Lúcio es-tava certo de que conseguiria a licença. Mas foi informado por um técnico do IEF de que não pode mexer no terreno porque a vegeta-ção foi considerada como faixa de mata seca. “Eu sempre respeitei as leis ambientais. Mas, agora, acho que as pessoas que criaram essa lei (da mata seca) é que não estão respeitan-do a gente. Fiquei sem o direito de produzir e não terei como dar uma vida digna para mi-nha família”, reclama. Ele disse que precisa da exploração da área para formar pastagens e criar o seu rebanho. “Sem pasto, durante a seca, não tem como manter o gado e tirar o leite, que garante o meu sustento. O jeito vai ser vender tudo e ir embora para a cidade.”

Disputa tem novos rounds

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CoNt... EStADo DE MINAS - P. 6, 7 E 8 - 21.02.2011MAtéRIA DE CAPA

Contradições esquentam o embate em torno da definição das áreas imunes ao desmatamento no Norte de Minas

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MURALHAS DE BHMURO DE PEDRA DE MAIS DE DOIS QUILÔMETROS, ERGUIDO NOS

PRIMÓRDIOS DO ARRAIAL DO CURRAL DEL REY, GANHA ATENÇÃO ESPECIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. COMUNIDADE DEFENDE TOMBABAMENTO

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JOSÉ APARECIDO RIBEIROEspecialista em trânsito e assuntos urbanosA mídia, a polícia, a população e até o Mi-

nistério Público têm certeza de que o motorista Leonardo Farias Hilário, que não é meu paren-te, nem mesmo o conheço, é o responsável por aquele acidente horrível que ocorreu no Anel Ro-doviário de Belo Horizonte há duas semanas.

Essa certeza é fruto de uma dedução equi-vocada. Eu afirmo exatamente o contrário, com a certeza de que esse motorista é vítima e, não, réu...

Nem ele e nem os outros motoristas que se acidentaram no mesmo lugar, todos provenien-tes de outras cidades, provocaram os acidentes porque são irresponsáveis ou estavam cometendo excessos.

Aquele trecho do Anel é traiçoeiro por razões

objetivas. Encontrar um engarrafamento em uma via como aquela é algo inadmissível.

A velocidade é só um detalhe. A 96 km/h, que era o limite permitido na época (80 km/h +

20%), ou a 115 km/h, como a perícia consta-tou ser a velocidade do caminhão de Hilário, não mudaria o destino daquelas pessoas. Interessante observar que, coincidentemente, todos os moto-ristas seguiam na mesma velocidade.

Ninguém consegue parar uma carreta carre-gada com 37 toneladas subitamente. A 96 km/h ou a 115km/h, aquela carreta teria passado por cima de quem estivesse na frente dela. Isso é fato.

O que estava errado e, continua sendo, é o es-treitamento da pista que provoca engarrafamen-tos numa via que é uma autopista e, como tal, não pode ter interrupção, pelo tráfego que recebe.

o tEMPo - P. 20 - 19.02.2011O caminhoneiro não é réu, mas vítima também

PAULINA DE SOUZA SANT ANNA

Estudante de di-reito (UFMG)

Os acidentes de trânsito no Anel Ro-doviário são cons-tantes. O caso mais recente, com cinco mortes e muitos feri-dos, provocadas pelo caminhoneiro Leo-nardo Farias Hilário, está em destaque na mídia.

O caminhoneiro permaneceu preso por mais de 15 dias. No último dia 16, ob-teve liberdade provi-sória. Afinal, possui residência fixa, tra-balho estável e é réu primário. No entanto, foi determinada a sus-pensão de sua carteira

de habilitação e que ele firmasse um ter-mo de compromisso se comprometendo a comparecer às próxi-mas audiências sobre o caso. Não obstante, no mesmo dia, o de-sembargador Alberto Deodato Neto revo-gou sua liberdade provisória, apesar de o caminhoneiro não atender a nenhum dos requisitos que preveem a prisão pre-ventiva previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal.

A prisão pre-ventiva não deve ser utilizada apenas para conter o clamor da opinião pública. A ir-responsabilidade no trânsito, sem dúvida, deve ser combatida

pela sociedade, mas manter esse motoris-ta preso não é o ato mais certo.

Não adianta abarrotar as peniten-ciárias com pessoas que cometeram esse tipo de delito. A pri-são não é só punição, ela tem também ca-ráter preventivo, de regeneração do con-denado. Em nosso sistema, no entanto, o único objetivo pre-tendido com a prisão é a punição.

Não defendo que o réu não deva ser punido, nem subesti-mo o sofrimento dos parentes das vítimas, mas da forma como vem acontecendo, o problema não será resolvido.

o tEMPo - P. 22 - 20.02.2011o caso do Anel

Prender o motorista não resolverá o problema

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FLÁVIA MARTINS Y MI-GUEL

O reforço na fiscalização com a instalação de dois novos radares móveis no trecho de sete quilôme-tros na descida do bairro Betânia, no Anel Rodoviário, reduziu em 55% o núme<CW-8>ro de acidentes no lo-cal. Levantamento feito pela Polícia Militar Rodoviária (PMRv) mostra que, na comparação dos primeiros 15 dias de fevereiro com a última quin-zena de janeiro, o registro de ocor-rências caiu de nove para quatro.

Em janeiro, quando apenas um radar fazia a fiscalização no trecho, foram cinco mortes e 16 feridos. Neste mês, nos quatro desastres re-gistrados não houve vítimas, apenas danos materiais.

O balanço ainda pode ser consi-derado mais positivo principalmente porque a quantidade de veículos que trafegam no Anel aumentou com o fim das férias de janeiro. Segundo a PMRv, a partir de fevereiro há um acréscimo de pelo menos 20% no nú-mero de carros que passam pela ro-dovia. Por dia, circulam no Anel 120 mil veículos.

Para o subcomandante da PMRv, major Agnaldo Lima de Barros, o au-mento do número de radares aliado à concentração de agentes policiais no curto trecho do Anel e ao início da implantação das lombadas foram fundamentais para a queda inicial. No entanto, Barros avisa que o con-tingente que está concentrado no tre-cho desde a tragédia que matou cinco pessoas, no último dia 28, não deverá permanecer somente naquele local.

“A concentração de radares ali ajuda. Mas no futuro, se não houver obras de engenharia, os acidentes vão acontecer em outros pontos. O Anel precisa de uma intervenção geral”.PACotE

O Departamento de Infraestrutu-ra de Transportes (Dnit) anunciou on-tem que vai ampliar para 18 o núme-ro de equipamentos fixos de controle

Radares

Acidentes caem 50% no AnelNa última quinzena de janeiro foram 5 mortes; neste mês, nenhum ferido

o tEMPo - P. 25 - 19.02.2011

de velocidade no Anel. Atualmente, nove radares estão em funcionamen-to na rodovia, sendo oito lombadas e um pardal.

A expectativa do órgão federal é que mais dois dispositivos estejam em pleno funcionamento no início da próxima semana. Até o final de mar-ço, o Dnit deverá implantar outras duas lombadas na descida do Betâ-nia, subindo para seis o total de equi-pamentos no trecho.

Pesquisa

Motoristas dizem estar conscientes

Pelo menos 4.000 caminhonei-ros foram abordados na BR 040, des-de o último dia 8 de fevereiro, quan-do teve início a campanha da Con-federação Nacional dos Transportes (CNT), em parceria com o Departa-mento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), contra os abusos dos motoristas.

Ação judicialObras. O MP entrou com ação

contra Dnit, o DER e a Prefeitura de Itamonte para que os órgãos realizem melhorias na BR-354, entres os KMs 741 e 764,5. O trecho é a avenida principal de Itamonte.

Uma pesquisa feita com os con-dutores mostrou que 95% dos cami-nhões abordados passaram a trafegar a 60 km/h depois que o novo limi-te de velocidade foi anunciado pelo Dnit, no início do mês. Outros 91% dos motoristas disseram que passa-ram a circular pela faixa da direita, atendendo às orientações de segu-rança. As blitze deverão continuar o início de funcionamento dos novos radares no Anel, em março.

As abordagens educativas acon-teceram no KM 550 da rodovia, no sentido Rio de Janeiro/BH, entre os postos de combustível Chefão e Mu-tuca. (FMM)

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Pedro Rocha Franco

A partir de amanhã, veículos que transportam cargas especiais e precisam de escolta para circular têm horário de trânsito restrito no Anel Rodoviário. Das 5h às 23h eles não poderão rodar em toda a extensão da via mais movimentada de Belo Horizonte. A medida faz parte de um conjunto de novas regras que tentam frear os abusos, prin-cipalmente de caminhoneiros, depois do acidente de 28 de janeiro, em que cinco pessoas morreram numa série de batidas envolvendo 16 veículos. Ainda esta semana, o Departamento Nacional de Infraestru-tura de Transportes (Dnit) promete iniciar a instalação e aferição de radares no Anel. Ao todo, serão 18 equipamentos de fiscalização.

De acordo com o Dnit, são caracterizados como veículos de carga especial os caminhões com peso bruto total combinado superior a 45 toneladas. Ficam condicionados à obtenção de autorização especial de trânsito e somente quando se tratar de carga comprovadamente indi-visível. Ou seja, esses veículos só poderão trafegar no Anel durante a madrugada. No começo do mês, o comitê gestor já tinha estabelecido a redução da velocidade máxima permitida para caminhões e ônibus. Antes, o limite era de 70km/h, passando para 60km/h.

A assessoria de imprensa do Dnit informou que as duas novas lombadas eletrônicas vão ser ligadas no próximo fim de semana. Os dois portais já foram instalados, mas ainda é preciso que seja feita afe-rição antes do começo do funcionamento. Por enquanto, a fiscalização

na descida até o Betânia é feita por dois radares móveis da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e um aparelho do tipo pardal, situado nas proximidades da entrada da Via do Minério, além da lombada, que já funcionava no km3, no Bairro Buritis. Até o mês que vem, a empre-sa contratada pelo órgão deve pôr em operação mais sete aparelhos de fiscalização, totalizando, com isso, 18 radares no trecho de 26,5 quilômetros. Ontem, a empresa que vai operar os radares fazia traba-lhos em trecho anterior ao trevo do Bairro Buritis, onde está prevista a instalação de outro radar. Uma faixa em cada sentido ficou fecha-da durante todo o dia para preparação dos trabalhos de instalação do equipamento.

VISÃO Outra ação adotada para garantir mais segurança aos motoristas que trafegam no Anel foi o corte de árvores que poderiam atrapalhar a visão de quem cruza a via. A Prefeitura de Belo Hori-zonte já fez a poda de espécimes nas proximidades do trevo do Bair-ro Betânia. A sinalização também ganhou reforço. O principal alerta nas placas é quanto ao alto índice de acidentes no trecho e, também, indicando tratar-se de um trecho urbano, uma vez que muitos cami-nhoneiros desconhecem os riscos do Anel Rodoviário por transitar ali pela primeira vez.

Nova reunião do comitê gestor, criado para administrar o Anel Rodoviário, deve ocorrer segunda-feira. No encontro, representantes dos órgãos envolvidos vão avaliar o resultado das primeiras medidas e propor novas ações.

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EStADo D EMINAS - P. 20 - 21.02.2011

FISCALIZAÇÃo

Fim dos abusos no Anel

HoRáRIo DE PICo

Caminhões fora do Centro

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Paula Sarapu A primeira medida do Plano Mineiro de Prevenção

a Acidentes de Trânsito, que a partir de março intensifica blitzes da Lei Seca em todas as regiões do estado, nas cidades e rodovias, promete dar dor de cabeça mais in-cômoda do que a ressaca aos motoristas que insistem em dirigir depois de consumir bebidas alcoólicas. O condutor que apresentar sinais de embriaguez será indiciado por direção perigosa, ainda que se recuse a soprar o bafôme-tro, informou o coordenador de Operações Especiais do Detran/MG, delegado Ramon Sandoli. Hoje, o Comitê Gestor de Trânsito, formado por 40 órgãos e subordinado à Secretaria de Defesa Social, se reúne mais uma vez para traçar ações de prevenção a acidentes e planejar a reali-zação das blitzes da Lei Seca, que começam com teste durante o carnaval.

No ano passado, em Belo Horizonte, a Polícia Civil instaurou 984 inquéritos contra motoristas que dirigiram embriagados. Desses inquéritos, 144 tiveram vítimas e dois registraram mortes. De acordo com Sandoli, a partir de agora os motoristas embriagados serão indiciados com base na Lei de Contravenções Penais. Nesta semana, ele volta ao Rio de Janeiro, estado modelo na implantação da Lei Seca, para acompanhar as formas de autuação: ao se recusar a fazer o teste, com sinais de embriaguez ou não, o motorista é punido com multa de R$ 957,70, tem a carteira apreendida por cinco dias e responde a processo administrativo no Detran/RJ, que pode acarretar na sus-pensão do direito de dirigir. Caso percebam que o condu-tor bebeu, os agentes fazem essa observação no auto de infração e podem conduzi-lo à delegacia, para que seja autuado pelo delegado. Segundo Sandoli, Santa Catari-na também indicia motoristas na Lei de Contravenções Penais. “Queremos evitar que o motorista beba e saia di-rigindo. Temos cerca de 100 casos de embriaguez ao vo-lante por mês e em média três por dia. Daí a importância da aplicação da lei com todo o seu rigor”, afirma o dele-gado. “Se ele (o condutor) souber que vai ter a carteira apreendida e que também vai ser punido respondendo a processo na Justiça, vai pensar duas vezes. Acredito que essa medida vai inibir a combinação perigosa de bebida e volante”. PRISÃo

egundo o delegado, os condutores com suspeita de ingestão de bebida alcoólica passarão por avaliação clíni-ca e podem ser levados ao Instituto Médico Legal (IML). Caso sejam indiciados, terão de assinar termo circuns-tanciado de ocorrência e vão responder ao processo no Juizado Especial Criminal (Jecrim), por se tratar de cri-me de menor potencial ofensivo. “A falta de coordenação motora, a fala desconexa, o andar desajeitado são indícios de que o motorista bebeu. Um exame clínico pode deter-

minar isso e vai valer como prova, como diz a lei. Assim, esse condutor terá ficha na polícia e será processado”, ex-plica o delegado, lembrando que a lei prevê prisão de 15 dias a três meses e prestação de serviço comunitário.

Há ainda 951 inquéritos sobre embriaguez ao volan-te em andamento, em que falta a materialidade do crime porque a ingestão de bebidas alcoólicas não foi compro-vada pelo teste do bafômetro. Especialista em direito no trânsito, o advogado Carlos Cateb explica que a legis-lação dá ao motorista a liberdade para não fazer o teste, mas a Lei Seca também permite que outras provas sejam avaliadas para que o condutor seja punido.

“O motorista tem o direito de não soprar o bafôme-tro, mas, se há indício visual de que ele ingeriu bebida alcoólica, ele pode ser conduzido para exames clínicos. Basta que um policial perceba sinais de embriaguez e relate essa situação no boletim de ocorrência. O exame clínico também vale como prova na hora de punir o con-dutor embriagado. A lei já vigora há três anos e já estava na hora de ser aplicada. Acho muito justo que o motorista que bebeu responda por direção perigosa”, diz o especia-lista. VISItA Ao RIo

A cúpula da segurança mineira esteve no Rio de Ja-neiro há 10 dias, para conhecer a experiência bem-suce-dida da Operação Lei Seca. A visita foi uma determina-ção do governador Antonio Anastasia, preocupado com os índices de mortes no trânsito, que superam os homicí-dios em Minas Gerais. Em 2008, de acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), foram 3.848 mortes em acidentes e 3.679 assassinatos. No Rio, estado que lidera o ranking de redução de mortes no trânsito do Ministério da Saúde (-32,5%), agentes fazem 35 blitzes por semana e a lei é aplicada para todos: o último famoso a ser para-do foi o sambista Neguinho da Beija-Flor, que passou no teste do bafômetro, na madrugada de sexta-feira, e teve o carro apreendido por não ter feito vistoria em 2010. Desde o início da Operação Lei Seca no estado fluminen-se, em março de 2009, mais de 25 mil condutores foram flagrados dirigindo sob efeito de álcool. Em Minas, que está entre os últimos estados no ranking do Ministério da Saúde, somente 3.890 motoristas foram autuados nos dois primeiros anos de vigência da Lei Seca – entre 20 de junho de 2008 e 2010.

Semana passada, o secretário de Defesa Social, La-fayette Andrada, anunciou que vai intensificar as blitzes com o uso de bafômetros em Minas e o projeto piloto será no Carnaval – atualmente, são 383 e a secretaria deve comprar mais equipamentos. O secretário disse ainda que as ações serão planejadas de forma conjunta e que devem ser feitas em rodovias, estradas e vias movimentadas com concentração de bares e restaurantes.

PRoCESSo CRIMINAL

Punição dura para motorista bêbadoComitê de trânsito define hoje ações de prevenção a acidentes e blitzes nas estradas e nas

cidades, já a partir do carnaval, para enquadrar os infratores na Lei de Contravenções Penais

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EStADo DE MINAS - P.21 - 21.02.2011 PRAÇA DE GUERRA

Revolta, tensão e confronto em vila

Morador denuncia abusos de policiais

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EStADo DE MINAS - P. 7 - 21.02.2011 PoLÊMICAApartir de abril, agentes só poderão atirar depois de dar dois alertas que não representem risco de morte ao suspeito

Portaria limita uso de arma pela polícia

Civil e Militar no mesmo barco

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O Ministério Público Estadual (MPE) ofe-receu, anteontem, denúncia contra os suspeitos de matar o jogador do América Willian Morais, 19. Eles foram denunciados pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte) e, se forem condenados, podem pegar de 20 a 30 anos de prisão.

A denúncia foi recebida pela juíza Rosimere das Graças Couto no Tribunal de Justiça de Mi-nas Gerais (TJMG). Ela era responsável pelo in-quérito e encaminhou ontem a denúncia para vara criminal, responsável por julgar o crime. Segundo assessoria de imprensa do TJMG, o juiz que ficará responsável pelo caso será designado na próxima semana.

A denúncia chegou ao tribunal um dia depois da Polícia Civil concluir o inquérito, que indiciava os três suspeitos do assassinato.

Latrocínio. O crime aconteceu na madruga-da do dia 6 de fevereiro, quando jogador voltava de uma festa no bairro Santa Terezinha, região da Pampulha. Ele estava conversando com uma jo-

vem do lado de fora da festa, quando três indivídu-os tentaram roubar seu cordão de prata. O jogador tentou fugir e foi atingido por um tiro nas costas, que perfurou seu pulmão - ele morreu no local.

A jovem que estava com o jogador reconhe-ceu os três suspeitos, que foram presos em segui-da. Darisson Carlos Ferraz da Silva, 18, Daivisson Carlos Bazílio Moreira, 23, e Hebert Silva Lopes da Silva, 18, já tinham passagem pela polícia pelos crimes de tráfico de drogas e diversos assaltos. Da-risson confessou a autoria do disparo. Os três sus-peitos estão detidos no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) São Cristóvão, na região Noroeste da capital.

Willian Morais nasceu no município de Osas-co, na região metropolitana de São Paulo, e veio para o time mineiro emprestado pelo clube paulista Corinthians - ele também teve uma passagem pelo Grêmio. O meia atacante estava em Belo Horizon-te desde o dia 10 de janeiro e havia participado de três partidas pelo América. (NO)

o tEMPo - P. 27 - 19.02.2011 Crueldade

MPE denuncia assassinos de jogador do América

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RAFAEL ROCHA O Tribunal de Justiça de Minas Gerais recebeu ontem a

denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual sobre a morte do conselheiro do Cruzeiro Esporte Clube Antônio Pereira Kbça da Silva Filho. A ex-namorada de Antônio é apontada pela Polícia Civil como a mandante do crime, ocor-rido em 11 de janeiro. Ela vai responder ao processo em li-berdade.

Antônio foi morto com 11 tiros numa emboscada no bair-ro Bonfim, região Noroeste da capital. O autor dos disparos - o professor de jiu-jitsu Paulo Marcio Nascimento Cândido - foi solto ontem por volta de 1h, após decisão do juiz Guilherme Queiroz Lacerda, do 1º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette. O suspeito ficou preso por 30 dias no Centro de Remaneja-mento de Presos (Ceresp) São Cristóvão.

O magistrado que concedeu liberdade ao lutador é o mes-mo que, na última quarta-feira, permitiu a soltura de Leonar-do Farias Hilário, 24, o caminhoneiro acusado de provocar um grave acidente no Anel Rodoviário.

Segundo as investigações da Polícia Civil, o acusado teria usado uma pistola semiautomática e fugido no próprio carro, deixado nas imediações do local do crime. Ele foi preso em casa, em Venda Nova. No ato da prisão, o lutador vestia uma camisa da torcida organizada Galoucura. No entanto, a polícia descartou a possibilidade do crime ter sido motivado pela briga de torcedores rivais. A apuração apontou para um crime passional. DECISÃo

O juiz negou a conversão da prisão provisória em pre-ventiva, conforme a Polícia Civil havia pedido. No entendi-mento dele, ainda é necessário prosseguimento na análise do inquérito policial.

Segundo consta em na decisão, “as apurações na fase de instrução do processo é que irão assegurar ou não as respon-sabilidades pela morte do conselheiro”.

O magistrado entendeu, ainda, que não existem indícios de que os dois suspeitos possam dificultar as investigações e que ambos não oferecem riscos à ordem pública. O juiz deter-minou prazo de dez dias para que os réus respondam sobre os crimes aos quais são acusados.

O depoimento de duas testemunhas ao delegado Marcelo Manna, da Delegacia Especializada de Homicídios Noroeste, foi fundamental para a prisão do lutador. Na época, ambas presenciaram o crime e fizeram o reconhecimento do suspeito devido ao seu porte físico robusto. (Com Douglas Couto)

Defensor de suspeito confirma relacionamento com secretária

O advogado do lutador Paulo Márcio Nascimento Cân-dido confirmou o relacionamento de seu cliente com a secre-tária e ex-namorada de Antônio Filho. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) não divulgou o nome da mulher. Segundo o defensor Eustáquio de Lima Alves, “é possível que

o tEMPo - P. 27 - 19.02.2011 Bonfim

Ex-namorada de conselheiro teria encomendado morteApós 30 dias preso, autor dos disparos foi solto ontem por decisão judicial

tenha havido um caso há dois ou três anos”. Hoje, o sus-peito é casado.

Paulo Márcio e seu advogado continuam com a tese que apresentaram aos investigadores. Eles dizem que o suspeito não conhecia a vítima e que ele não teve nenhuma participação no assassinato. “As provas (do inquérito) são frágeis. Tenho certeza que ele será inocentado”, afirmou o advogado.

O defensor ainda reclamou do período de 30 dias em que seu cliente esteve preso. “Foi completamente desne-cessário deixar ele preso, foi um verdadeiro teatro da polí-cia”, disse. (RRo)

o crimeTiro. Segundo testemunhas, antes de atirar na vítima,

Paulo Márcio Nascimento Cândido escondia a arma em um capacete. O conselheiro foi morto após entrar em seu carro, um Citroën com placa de Belo Horizonte.

Munição. Durante as investigações, foi constatado que a arma era uma pistola

9 mm de uso exclusivo das Forças Armadas.Silêncio. Consultado, o delegado Marcelo Manna, res-

ponsável pelas investigações, preferiu não se pronunciar.HojE EM DIA - P. 18 - 19.02.2011

Suspeito de matar conselheiro é solto

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São Paulo. A polícia divulgou ontem a iden-tidade de um dos suspeitos de estuprar e matar a supervisora de vendas Vanessa Duarte, 25. Ele teve a prisão decretada no fim da semana passada e já é considerado foragido da Justiça. O corpo de Va-nessa foi encontrado em um matagal em Vargem Grande Paulista (SP), no domingo passado.

O suspeito se chama Edson Bezerra Gouveia, 35, é pardo e conhecido como Buda. O apelido surgiu por conta do excesso de peso do suspeito - mas, segundo a polícia, ele emagreceu devido ao uso de crack. Gouveia tem condenações por rou-bo, receptação, ato obsceno e atentado violento ao pudor e fugiu do regime semiaberto do presídio de Tremembé em fevereiro de 2010. Ele teve seu re-trato falado divulgado na terça-feira.

A polícia diz que chegou até o Gouveia por-que, no dia do crime, ele teria comentado com um irmão que tinha sequestrado uma mulher e feito uma “loucura”. Como ele chegou em casa transtor-

nado, o irmão procurou a polícia.Uma outra testemunha também afirmou ter

cruzado com o suspeito em uma estrada na região do crime - ela o reconheceu por foto. De acordo com essa testemunha, Gouveia estava com os olhos “esbugalhados” e tinha arranhões nos braços, o que pode indicar contato com a vítima.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Za-carias Tadros, o crime foi premeditado e o objetivo era estuprar a jovem. Ele afirmou que o suspeito monitorava e seguia Vanessa já havia algum tem-po e que ela foi sequestrada assim que deixou sua casa. Ainda de acordo com Tadros, após a prisão de um suspeito, será mais fácil localizar o outro.

Na quinta, foi divulgado retrato falado do se-gundo suspeito de assassinar a vendedora. A polí-cia também está analisando mais de nove horas de imagens captadas por câmeras das ruas de Barueri para rastrear o trajeto percorrido pelo carro de Va-nessa no dia do crime.

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NATÁLIA OLIVEIRACom o intuito de reinserir a

população carcerária na sociedade, foi lançado 1ontem o projeto Além dos Muros. O programa vai oferecer cursos gratuitos para os administra-dores das Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (Apacs) de Minas Gerais, além de capacitar profissionalmente cem detentos e criar duas unidades produtivas den-

tro de 29 Apacs.O projeto foi idealizado pela

Fundação AVSI e o Instituto Minas Pela Paz (IMPP) e recebeu R$ 400 mil da União Europeia. O vice pre-sidente da IMPP, Cledorvino Belini, acredita que a iniciativa pode mudar a vida dos detentos. “O programa transforma vidas através da criação de oportunidades e do ato de acre-ditar que as pessoas merecem uma

chance”, disse o presidente.Durante o lançamento, foi as-

sinado um protocolo de intenções entre IMPP, AVSI, Federação Bra-sileira de Assistência aos Condena-dos (FBAC), Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Secretaria de Estado de Defesa Social e Secretaria de Estado de Trabalho e Emprego - cada órgão se comprometeu a viabi-lizar e manter o projeto.

o tEMPo - P. 27 - 19.02.2011

Violência.Edson Bezerra Gouveia, 35, cumpria pena por atentado violento ao pudor

Suspeito de matar Vanessa fugiu do regime semiabertoDelegado fala em crime premeditado com o objetivo de estuprar a jovem

Reinserção

Projeto vai capacitar população carcerária

SÃO PAULO. Pela primeira vez na história brasileira, dois ex-executivos são condenados criminalmente pelo uso de infor-mação privilegiada na compra de ações. Os dois eram da Sadia: Luiz Gonzaga Murat Filho, ex-diretor financeiro, e Romano Al-celmo Fontana Filho, que integrava o conselho de administração. Murat foi condenado a um ano e nove meses de prisão e terá de pagar multa de R$ 349.711,53. Fontana foi condenado a pagar multa maior (R$ 374.940,52) e pegou um ano e cinco meses de prisão. A pena de prisão de ambos foi convertida em prestação de serviços. A lei só determina a prisão quando a pena supera quatro anos.

Em abril de 2006, os dois executivos ficaram sabendo que a

Sadia faria uma oferta pela Perdigão. Antes de o caso ser divul-gado no mercado, a dupla comprou um lote de ações na Bolsa de Nova York. Murat não chegou a lucrar com a operação porque vendeu os lotes depois que a Sadia desistiu da compra, segundo o procurador Rodrigo de Grandis. Fontana teve ganho de US$ 139.114,50 (R$ 231,5 mil, na cotação atual). Um terceiro execu-tivo, Alexandre Ponzio de Azevedo, do banco ABN-Amro, com-prou US$ 269,9 mil em papéis da Perdigão.

Ele fez um acordo com a Justiça, pelo qual prestará serviços numa entidade filantrópica e não foi condenado. Foi demitido do banco. Os três já haviam sido condenados na esfera administrati-va nos Estados Unidos e no Brasil.

Bolsa

Ex-dirigentes da Sadia têm condenação inédita no país

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Paula Sarapu A compra, por um valor irrisório, de veículo financiado

por uma concessionária ou em negociação segura pode pa-recer esperteza, mas é considerada crime para a Polícia Civil de Minas Gerais. A Delegacia de Furtos e Roubos de Auto-móveis da capital investiga há seis meses uma quadrilha es-pecializada no golpe do “carro tumulto”, termo mineiro usa-do para o carro NP (não pago) ou Finan (financiado). Acusa-dos de estelionato, os envolvidos usam dados falsos, laranjas e até documentos de mendigos ou pessoas que já morreram para financiar um veículo já com a intenção de não quitar as prestações. Pouco depois, os anúncios de carros com preço baixo se espalham pelo boca a boca e nos classificados da internet. Os veículos são revendidos a terceiros por um valor muito abaixo do mercado. Os compradores, para a polícia, cometem crime de receptação.

Há modelos variados e preços que despertam interesse, como um Honda New Civic 2007 por R$ 12 mil, uma pica-pe Hillux do ano por R$ 10 mil, um Ford Fusion com 1 mil quilômetros rodados por apenas R$ 6 mil ou ainda um Stilo completo modelo 2010/2011 pela bagatela de R$ 4 mil. Às vezes há multas, IPVA atrasado, mas o comprador consegue circular por um ou dois anos, até que a financeira acione a Justiça e seja expedido o mandado de busca e apreensão do carro. Como o veículo não será encontrado no endere-ço apresentado à época da compra, só mesmo se for parado numa blitz.

“Investigamos uma quadrilha bem organizada, que aproveita as facilidades de compra e a falta de critérios das financeiras. Eles adquirem um veículo e depois simplesmen-te não pagam o financiamento e repassam o carro por muito menos do que ele vale. Há um esquema de revenda e uso do carro até que ele apresente restrições judiciais, o que demora no mínimo um ano. Quando isso ocorre, e a gente não pega na rua, muitas vezes o veículo é abandonado ou vai parar num ferro-velho”, afirma o delegado Ramon Sandoli, que também comanda a Coordenação de Operações Especiais do Detran/MG.

Segundo o delegado, a máfia do “carro tumulto” não age só na capital e na Grande BH. Os agenciadores, que tam-bém ‘trabalham’ no varejo, como revelam as investigações da Polícia Civil e os classificados da rede, negociam carros com compradores de São Paulo, Rio de Janeiro e estados do Sul do país. “Quem procura esse tipo de facilidade sabe no que está se metendo. Ninguém é inocente. Investigamos toda a rede de funcionamento desse golpe e estamos iden-tificando os envolvidos e até os ferros-velhos. Todos nesse negócio estão praticando crimes”, diz o delegado.

Receptação Os acusados podem ser indiciados por es-telionato e uso de documentos falsos, com penas que vão de um a cinco anos de prisão para cada crime e multa. De acordo com o criminalista Raimundo Cândido Júnior, ex-

presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Minas Ge-rais (OAB/MG), os compradores também podem responder a processo judicial por receptação e correm o risco de prisão. A pena para esse crime varia de um a quatro anos de prisão e pagamento de multa.

“Tem um ditado que mostra bem a atitude desse com-prador: laranja madura na beira da estrada está bichada ou tem marimbondo no pé. Ele quer se passar por esperto, mas também comete um crime, assim como o vendedor do car-ro”, afirma o advogado.

FUSION NOVO POR R$ 6 MIL Um anunciante de Araporã, no Triângulo Mineiro, ofe-

rece um Ford Fusion 2010 por R$ 6 mil, entre outros mo-delos sempre novos. Em um dos maiores sites de vendas na internet, o vendedor lista os itens de conforto e segurança, como abertura interna do porta-malas, sensor de estaciona-mento, GPS, bancos em couro com regulagem de altura, computador de bordo, teto solar, airbags, faróis de xenon e controle de estabilidade. Na conversa, o anunciante, que já vendeu pelo site três carros nos últimos seis meses, dá todos os detalhes do esquema.

– O valor é este mesmo, R$ 6 mil?, pergunta o interes-sado.

– Isso, é Finan, tumulto, responde o vendedor. – – Estou interessado no carro, mas não conheço o

esquema. O valor me chamou a atenção. – – É tudo em nome de laranja. Você anda dois anos

até enrolar. – – Mas não pago as prestações?, questiona o compra-

dor. – – Se quiser pagar o problema é seu, mas está em

nome de uma pessoa que nem existe.– Preciso levar algum documento até a loja ou vocês

montam tudo? – – Você é da polícia? Está querendo saber demais.

Não tem loja não. É só trazer o dinheiro para mim.

Comprador sabe do riscoVendedores orientam clientes a adquirir documentos de

terceiros e a usar automóveis por pouco tempo para fugir da fiscalização. NegÓcio se espalha pelos sites de compra da internet

Paula Sarapu O pintor Pedro (nome fictício), de 45 anos, sempre deu

duro na vida para comprar e manter os dois carros velhos e a moto que usava até o ano passado. Em dezembro, porém, a vontade de ter um carro zero falou mais alto e Pedro aceitou a dica de alguns conhecidos de comprar um “carro tumulto”. Morador da zona rural de uma cidade da Região Metropo-litana de Belo Horizonte, ele procurou uma concessionária de veículos da capital e recebeu as instruções de como con-

EStELIoNAto

Golpe do carro alienadoPolícia Civil de Minas Gerais caça quadrilha responsável pela venda, por preço irrisório,

de automóveis financiados em nome de mendigos e de mortos. Compradores podem ser presos

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seguir fechar o negócio: o pintor poderia “comprar” os documentos de um usuário de crack que tivesse nome limpo e precisasse do dinheiro para sustentar o vício.

Pedro diz que é honesto e se diz arrependido de ter participado de um esquema assim. No fim do ano, ele esteve em um ponto de venda de drogas e pagou R$ 200 a um viciado para usar seus dados de CPF e identidade. O contracheque e o endereço ficaram por conta do vendedor da concessionária, que cobrou R$ 700 para agilizar os documentos com um despachante. Com um carro novo da Fiat já emplacado, que custou só R$ 900, Pedro saiu da loja com a consciência pesa-da.

“Tinha vontade de ter um carro novo, mas era muito caro para mim. Muitos conhecidos já tinham comprado carro dessa maneira e resolvi arriscar. Fui a uma concessionária indicada por um amigo e o vende-dor cobrou R$ 700 pelo carro zero financiado. Ele me disse como conseguir os documentos, que não precisa-vam ser meus. Sei que só posso rodar com o carro por um ano, mas onde moro não há muita fiscalização. De qualquer maneira, ando sempre preocupado e não pre-tendo mais fazer isso. Vou tentar vender o carro novo. Sei que consigo pelo menos R$ 8 mil nele, no tumulto também”, conta o pintor.

Ao simular interesse em uma moto Twister ver-melha, ano 2005, o Estado de Minas procurou outro anunciante, que pedia R$ 3,5 mil. O anúncio apresen-ta “moto tumulto”, descreve os débitos com multas e IPVA e ainda faz proposta de troca por um carro. Por telefone, desconfiado, o vendedor fala que há 15 pres-tações atrasadas, que a moto ainda não tem restrições de busca e apreensão e desliga rapidamente.

Um vendedor, que trabalha com picapes na Re-gião Centro-Sul da capital, oferece uma Montana preta Flex, ano 2007, por R$ 14 mil. Ele explica que o carro foi comprado por R$ 32 mil, faz algumas perguntas para tentar se certificar com quem está falando e diz que o negócio é perigoso. O vendedor garante que os documentos de 2011 estão em dia, conta que apenas 10 parcelas foram pagas do financiamento de 60 meses e insinua: “Se você não quiser continuar pagando…”. Questionado se não daria problemas à pessoa que fi-nanciou o veículo, ele responde: “Ah, dá sim. Mas o carro está em nome de terceiros e não será achado no endereço”.

Em um fórum de site especializado em venda de automóveis na internet, compradores e vendedores ne-gociam os modelos. Um homem que se identifica como JM, da cidade de Arcos, no Centro-Oeste de Minas, de-bocha do valor apresentado pela anunciante Érika, que quer vender um Fox 2008, com placa “de fora”, por R$ 10 mil. Em uma mensagem em dezembro, ele anuncia seus carros de luxo por no máximo R$ 12 mil e escre-

ve: “Queridinha, seus preços estão altos”. justiça procura 68 mil veículos em Minas

Levantamento divulgado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ/MG) mostra que, em dezembro de 2010, havia 68.684 carros com mandados de busca e apreensão no estado, sendo 21.722 na Região Metro-politana de Belo Horizonte e 12.240 deles na capital. Em comparação com o mesmo período de 2009, houve aumento de mais de 4 mil veículos com restrição judi-cial em todo o estado. Os processos abrangem desde a inadimplência de consumidores que não conseguiram pagar as dívidas e casos de estelionato a mandados ex-pedidos por outras situações criminais.

Para o presidente da Associação dos Revendedo-res de Veículos do Estado de Minas, Rodrigo Souki, o estelionato não é só um problema das financeiras. Se-gundo ele, as instituições bancárias mantêm uma rela-ção mais próxima com as concessionárias e, em caso de golpes, o prejuízo é solidário.

“Esses casos de estelionato ocorrem dentro da inadimplência, mas a nossa vigilância está maior. Sa-bemos que sistema das financeiras já acusa quando a ficha passa mais de uma vez com o mesmo CPF ou em situações onde não se consegue confirmar os da-dos do cliente. E nós também estamos mais atentos. Havia casos, por exemplo, de funcionários que diziam que vinham buscar contrato para o empresário assinar, ou filhos que queriam levar o documento para a mãe, que oficialmente pagaria o carro. Não aceitamos mais que os contratos de financiamento sejam assinados fora da loja e instalamos câmeras em todo o shopping de veículos para coibir a ação dos estelionatários, que não querem mostrar o rosto”, afirma Rodrigo.

O delegado Ramon Sandoli, coordenador de Ope-rações Especiais do Detran/MG, admite que, neste tipo de crime, é difícil chegar aos autores, mas garante que as investigações estão adiantadas. “Eles usam celular com chip comprado em jornaleiro, nome e e-mails fal-sos nos anúncios na internet e só trabalham com di-nheiro à vista, mas estamos conseguindo rastreá-los”, afirma o delegado. Segundo ele, as empresas demoram a pedir à Justiça o mandado de busca e apreensão e difi-cilmente repassam à polícia informações sobre fraudes que sofrem, o que prejudica a investigação.

Procuradas, as financeiras Santander e Itaú Uni-banco não quiseram se pronunciar. A BV Financeira in-formou que, numa carteira com 4 milhões de clientes, a inadimplência nos contratos de veículos está abaixo do mercado. Por meio de sua assessoria, o banco in-formou que os casos de golpe são inexpressivos e que, comprovando-se a fraude, como o uso de dados de ter-ceiros e documentos falsos para análise de crédito, a empresa instaura um processo e entra na Justiça com um pedido de busca e apreensão do carro.

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A juíza Vânila Cardoso André de Moraes, da 18ª Vara da Justiça Federal, em Belo Horizonte, deci-diu que a Comissão de Defesa, As-sistência e Prerrogativa da OAB de Minas Gerais não pode dar conti-nuidade a um expediente adminis-trativo aberto contra um promotor de Justiça.

Para ela, não é legítimo a OAB instaurar o expediente administra-tivo em face do promotor, “o qual, com base nas atribuições previstas na CF/88 ajuizou ação civil pública de eventuais interesses individuais homogêneos”.

Segundo a juíza, compete ao Judiciário Estadual dizer se exis-te ou não o interesse individual homogêneo que justifique o ajui-zamento da ação. A concessão da liminar foi fundamentada pelo fato do “prosseguimento do expediente administrativo por si só caracteriza, prima facie, ofensa ao princípio da independência funcional do Minis-tério Público”.

A decisão ocorreu em Man-dado de Segurança impetrado pela Associação Mineira do Ministé-rio Público (AMMP) e pelo pro-motor de Justiça da Comarca de Três Pontas, Igor Serrano Silva, contra o presidente da Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativa da OAB-MG.

O procedimento administra-tivo foi instaurado após um advo-gado representar o promotor na co-missão por entender que a atuação dele estava usurpando atribuições dos advogados locais. E ainda: que ele estava praticando o crime de advocacia administrativa.

A atuação do promotor consis-tiu em ajuizar uma Ação Civil Pú-blica de Adjudicação Compulsória contra uma empresa da cidade de Três Pontas. Segundo foi apurado em três inquéritos civis públicos, a empresa desenvolvia atividade de comercialização de terrenos irre-gularmente e com isso violava os

interesses individuais homogêneos de cidadãos da cidade.

Inconformado com essa atua-ção, o advogado representou o pro-motor junto à Ouvidoria do Minis-tério Público do Estado de Minas Gerais, o que gerou um procedi-mento administrativo na Correge-doria-Geral do Ministério Público. Contudo, como o órgão arquivou o feito, o advogado representou o promotor perante a OAB.

Ao arquivar o procedimento administrativo, a corregedora-geral do MP entendeu que o promotor era legítimo para ajuizar a Ação Cível Pública que motivou a representa-ção, com base nos artigos 81, pará-grafo único, inciso III e 82, inciso I, do Código de Defesa do Con-sumidor, que determinam, respec-tivamente, que: “a defesa coletiva será exercida quando se tratar de: III - interesses ou direitos individu-ais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum”. e “para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorren-temente: I - o Ministério Público”.

Com a representação, a Co-missão de Defesa, Assistência e Prerrogativa da OAB-MG notifi-cou o promotor para prestar escla-recimentos.

Segundo Luís Carlos Parrei-ras Abritta, advogado da AMMP e do promotor Igor Serrano Silva, por mais que a notificação não te-nha sido no sentido de obrigar o promotor a prestar esclarecimento, não cabe à OAB instaurar proce-dimento administrativo contra um promotor. “A contrário senso, é o equivalente à Corregedoria do Mi-nistério Público instaurar um pro-cedimento administrativo contra um advogado. Não faz sentido”.

Na petição inicial do Manda-do de Segurança, foi alegado que o caso em questão não era nem de se apresentar um desagravo, “única possibilidade em que seria admis-sível o trâmite de um procedimento

administrativo em desfavor de um Promotor de Justiça junto à Ordem dos Advogados do Brasil”. Isso porque não houve nenhuma ofensa a qualquer advogado.

Abritta declarou que “o pro-motor só pode ser investigado pela Corregedoria do Ministério Públi-co, à qual cabe analisar a atuação dos seus membros, especialmente quanto à questão criminal”.

Segundo Rodrigo Pacheco, presidente da Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativa da OAB-MG, a posição da comissão será, primeiramente, de acatar a ordem da 18ª Vara, e, em seguida, prestar informações à juíza buscando es-clarecer que “o objetivo da comis-são não é o de investigar o ilustre promotor. O procedimento não tem caráter sancionatório ou investi-gativo, mas, apenas de apreciar os pedidos feitos pelos advogados ins-critos na OAB-MG em relação às violações de suas prerrogativas”.

Pacheco explicou que o pro-blema poderia ter sido resolvido de outra forma, já que o procedimento era um “singelo procedimento de conhecimento” para reunir infor-mações e assim a OAB-MG avaliar se era caso de promover um desa-gravo. Nesse sentido, o presidente só recebeu o pedido de uma subse-ção, “e sem fazer juiz do de valor em relação ao fato, pedi para que o promotor se manifestasse para que eu pudesse conhecer os dois lados”.

O advogado admitiu que, ape-sar de respeitar a atitude de Silva e da AMMP, a notificação foi uma medida de preservação do próprio promotor para a OAB-MG não to-mar providências sem ouvi-lo. E que houve uma má-compreensão sobre o trabalho da comissão, que “não é de puni-lo, até porque não é competente para tanto”. Com infor-mações da Assessoria de Imprensa da Associação Mineira do Ministé-rio Público.

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OAB-MG deve suspender procedimento contra promotor

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Membros do MP contra a exclusividade Para César Mattar Jr. a proibição de promotores e procuradores atuarem fora do órgão é “prejudicial”

Diego Abreu

Insatisfeitos com a regra que proíbe membros do Ministério Público de exercer funções fora do órgão, promotores e procuradores se articulam para reverter o quadro. Eles querem a liberação para chegarem a funções de primeiro escalão nos governos estaduais. A Resolução nº 5/2006 do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) limita a atuação dos membros do MP, mas al-guns deles resolveram desafiar a norma neste começo de ano. Dentro do órgão, a maioria é favorável à liberação para que exerçam funções de qualquer natureza. Argu-mentam que não pode haver diferenciação de carreiras. A comparação se dirige aos policiais federais, que frequen-temente são requisitados para cargos no Poder Executivo, além de terem plena liberdade para se candidatar.

“Toda forma de diferenciação é prejudicial no mo-mento em que haja direitos para uns e para outros não”, argumentou o presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), César Mattar Jr.

Atualmente, pelo menos três membros do MP exer-cem cargos nos governos em desacordo com a resolução. Promotor de Justiça do Estado de São Paulo, Augusto Rossini é o atual diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Estão na mesma situação o promotor Almiro Sena, que é secretário de Justiça e Direitos Hu-manos da Bahia, e o procurador Miguel Valasquez, atual secretário adjunto de Justiça e Direitos Humanos do Rio

Grande do Sul.O veto à participação de membros do MP em cargos

públicos que não sejam da instituição foi incorporado à Constituição pela Reforma do Judiciário. No ano passa-do, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a vali-dade da resolução do CNMP ao julgar um caso em que promotores do Estado de Mato Grosso exerciam funções no Executivo local.

“O STF entendeu, como nós entendemos, que aque-les que ingressaram depois de 1988 não podem exercer atividade político-partidário nem tampouco ocupar car-gos que não sejam dos órgãos superiores do MP ou do magistério”, disse o conselheiro do CNMP Almino Afon-so. No ano passado, ao analisar uma proposta que abria brecha para promotores e procuradores disputarem as eleições, ele já havia sido contrário à pretensão.Autorizações

Em janeiro último, o conselheiro analisou uma recla-mação contra três membros do MP do Paraná que foram autorizados pelo Conselho Superior do órgão a se afas-tar de suas atribuições para assumir cargos no Executi-vo paranaense, convidados pelo governador Beto Richa (PSDB). No caso em questão, Almino Afonso autorizou que os três continuassem no governo, uma vez que todos ingressaram na carreira antes de a Constituição de 1988 ser promulgada. Situação semelhante é a do ex-diretor do Depen Airton Michels, que atualmente é secretário de Se-gurança Pública do Rio Grande do Sul. Ele chegou ao MP antes de 1988.

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Pela primeira vez, dois promotores de Justiça irão disputar a indicação para a procurador-geral de Justiça, o chefe do Mi-nistério Público Estadual. Cristiane Rosália Martins Böell e Lio Marcos Marin foram os únicos a se inscreverem para compor uma lista que, na prática, deveria ser tríplice. O prazo terminou na última quinta-feira.

Outro ineditismo na sucessão de Gerci-no Gomes Neto é de que não há procurado-res de Justiça inscritos. O presidente da As-sociação Catarinense do Ministério Público (ACMP), promotor de Justiça Andrei Cunha Amorim, da comarca de Joinville, acredita que a presença dos dois postulantes é um fato circunstancial e afasta a possibilidade de significar um conflito entre os dois graus de jurisdição do MP – há 220 promotores e 50 procuradores na instituição.

Alguns fatos curiosos marcam as car-reiras de Böell e Marin. Ambos ingressaram no MP em 1990. Os dois iniciaram as ativi-dades na comarca de Joaçaba e já ocuparam o cargo de secretário-geral do chefe do Mi-nistério Público – Marin, na gestão de José Galvani Alberton (1999-2002), e Böell, na gestão de Gercino Gomes Neto (2007-2010). Experiência não lhes falta.

Gercino foi o primeiro promotor a ocupar a procuradoria-geral, uma emenda constitucional alterou a legislação. Nos bas-tidores do MP, dizia-se que o desempenho dele à frente da instituição seria determinan-te para que promotores pudessem alçar ao cargo. A resposta veio agora.SECREtáRIA CAtARINENSE

Agricultora familiar que militou na Fe-traf-Sul, a catarinense Severine Macedo, de 28 anos, natural de Anita Garibaldi (à direi-ta), foi nomeada por Dilma Rousseff a nova secretária Nacional da Juventude, ligada à Secretaria Geral da Presidência. Severine, que também foi coordenadora nacional da Juventude do PT, teve a indicação come-morada pelo deputado Dirceu Dresch (à esquerda), que também integra a federação de trabalhadores. O parlamentar considera que o ato presidencial é uma vitória do mo-vimento sindical e social. Severine contava com o apoio de 30 entidades ligadas às de-mandas da juventude.o MAIS VotADo

É inevitável que em um processo de escolha deste porte exista o componente político, inclusive o partidário. O assunto é tratado de maneira velada no MP. O que se sabe é que, em termos de apoio, o pro-curador-geral Gercino Gomes Neto, hoje procurador de Justiça, defende o nome de Cristiane Böell, que o assessorou. Marin teria a simpatia de grupos de oposição ao

atual chefe do MP.O presidente da ACMP disse que a en-

tidade trabalhará para que o mais votado seja escolhido pelo governador. A eleição será dia 18 de março. Um dia antes, a associação promoverá um debate entre os candidatos. Os maiores desafios do futuro procurador-geral estão, de acordo com vários setores, no combate à criminalidade organizada, am-pliação do diálogo com outras instituições e na busca do equilíbrio dentro do MP.DEPoIS

O governador Raimundo Colombo preferiu oficializar os convites aos integran-tes das 24 secretarias regionais já definidas e deve fazer o anúncio via Twitter a partir da semana que vem. Será a conta-gotas, con-forme os contatos forem finalizados.

Problema mesmo está nas 12 regionais onde impera a briga dos caciques. O con-senso passa longe.SCGáS (1)

O escritório Farah, Gomes e Silva, que integra a ação em que a contratação da banca pela SCGás é questionada na Justiça, se manifestou sobre o processo, que corre em segredo de Justiça. Segundo o advogado Orlando Silva Neto, sócio do escritório, a contratação se deu por licitação em 1999, e foi vencida em novo certamente em 2002. Informa, ainda que, em 2006, a contratação foi do escritório Silva Neto Advogados e que o MP Estadual não viu irregularidade alguma na nova licitação.

Explica que não há qualquer ilegalida-de na contratação por estatais. E afirma que a ação movida na Justiça do Trabalho contra Silva Neto Advogados não obteve sentença favorável e que o valor da indisponibilidade de bens (R$ 2,5 milhões), fere a lei por não individualizar responsabilidades.SCGáS (2)

O ex-presidente da SCGás, Ivan Ran-zolin, informou à coluna que os atos a que se referem as ações trabalhista e de impro-bidade ocorreram antes de sua gestão e que ele entrou com recurso no Tribunal de Jus-tiça para não figurar como réu no processo e ter a disponibilidade dos bens restituída. Segundo Ranzolin, ele não manteve os con-tratos e determinou a contratação dos apro-vados em concurso público, pois um dos temas das ações é sobre a contratação de pessoal técnico do setor privado na estatal.

A direção da SCGás informou que to-dos os contratos firmados com o escritório de advocacia estão dentro da legalidade, tendo sido analisados pelo Ministério Pú-blico, OAB e TCE. A coluna corrige uma informação repassada de forma equivocada pela assessoria de imprensa do Ministério

Público do Trabalho de que o ex-presiden-te da SCGás, Otair Becker, havia falecido. Becker está vivo.

Criticado por não ter vida partidária, o prefeito Dário Berger resolveu que irá mudar esta imagem e participou, ontem, da reunião da executiva municipal do PMDB. Sentado à cabeceira, entre o presidente e vereador Celso Sandrini (à esquerda) e o vereador Gean Loureiro (à direita), Dário empolgou os companheiros de sigla que já acertaram a intensificação dos encontros com a presença do prefeito. A iniciativa faz parte da estratégia de Dário para recuperar o espaço político.PREPARADo

O deputado federal Esperidião Amin (PP) elabora uma Proposta de Emenda Constitucional que prevê que nenhuma po-lítica pública, seja por medida provisória ou por projeto parlamentar, venha a ser aprova-da sem conter, de forma obrigatória, diag-nóstico, objetivos quantificados e avaliação periódica. Amin explica que o conceito está presente na legística, o esforço para produ-zir leis que funcionem, e que seja na forma, no mérito, na contextualização e na consti-tucionalidade, eficazes.

Amin estará na Comissão de Constitui-ção e Justiça da Câmara por indicação do partido e também na comissão da reforma política e se diz pronto para representar o PP e dar suas contribuições.MíNIMo

Enquanto isso, Amin comemora o fato da única emenda aprovada por unanimida-de ao projeto de reajuste do salário mínimo tenha sido de sua autoria. A emenda refor-ça um dispositivo que está na lei: o moni-toramento da cesta básica e cuida do custo daquilo que integra a necessidade básica do trabalhador, segundo os especialistas.

Amin teve o voto favorável de todos os líderes de partidos. E foi cumprimentar os deputados Ivan Valente (PSOL-SP) e Chico Alencar (PSOL-RJ), que tinham as maiores resistências aos valores do mínimo em ple-nário. Esperidião Amin é o entrevistado da coluna na edição de amanhã.

“Se o poder público não encontrar uma solução rápida, a iniciativa privada vai se encarregar disso.”

ROGÉRIO PENINHA MENDONÇA,deputado federal (PMDB), sobre a possibilidade de construção de uma rodovia paralela à BR-470 e ao dizer que será uma “pedra no sapato” da presidente Dilma Rousseff se a rodovia não for dupli-cada pela União.

DIáRIo CAtARINENSE - SC - CoNAMP - 21.02.2011

Ineditismo no MP

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olho VivoTJMG suspende envio de

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