187793366 apostila radiologia veterinaria

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    Prof. Msc. ROBRIO MACDO DE OLIVEIRA

    Radiologia Veterinria

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    CONCEITOS BSICOS EM RADIOLOGIA

    1 - HISTRICO

    No dia 8 de novembro de 1895, no Instituto de Fsica da Universidade de

    Wrzburg, na Baviera, WILHELM CONRAD ROENTGEN (1845-1923)

    descobriu um novo tipo de radiao e a ela denominou de Radiao X ouRaio

    X.

    Roentgen estudava o comportamento dos raios catdicos trabalhando

    com uma ampola desenvolvida por William Crookes. Nessa ampola, a qual era

    de vidro e continha, no seu interior, gs, ao se gerar uma diferena de potencial

    eltrico ocorria uma movimentao de eltrons, carga eltrica negativa, que se

    encontravam no Ctodo, ou Catdio, em direo ao nodo, ou Andio, carga

    eltrica positiva. Nesse deslocamento dos eltrons, Roentgen observou que

    alguns se chocavam contra as paredes da ampola e que desse choque havia a

    produo de um tipo de radiao que tornava fluorescente um carto pintado

    com platinocianeto de brio usado nas pesquisas dos raios catdicos mesmo

    quando a ampola estivesse envolta por um grosso papel negro. No laboratrio

    haviam filmes fotogrficos e, sobre um deles, sua esposa, inadvertidamente,

    colocou sua mo. O filme ao ser revelado mostrou nitidamente as estruturas

    internas (ossos) da mo da esposa de Roentgen.

    Fig. 1 - Representao esquemtica de uma

    ampola de Crookes.

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    Em 28 de dezembro de 1895 Roentgen submeteu sua descoberta

    Sociedade de Fsica e Cincias Mdicas da Universidade de Wrzburg atravsde um paper (10 pginas) intitulado eber eine Neue Art von Strahlen (Uma

    nova forma de radiao), tendo o mesmo sido aprovado e passado a fazer

    parte dos Anais da Sociedade ainda no ano de 1895.

    Em 1901, a Fundao Nobel reconhecendo a importncia dessa

    descoberta para o avano e desenvolvimento das cincias mdicas criou o

    Prmio Nobel de Fsica e Roentgen foi o primeiro fsico a receb-lo nesse

    mesmo ano.

    A primeira radiografia de um animal foi realizada em 1896 por Josef Eder,

    em Viena. Richard Eberlein, mdico veterinrio ingls, publicou, em 1897, o

    primeiro Atlas Radiogrfico canino.

    2O QUE RADIOLOGIA

    Radiologia o ramo das cincias mdicas que se utiliza das radiaes

    descobertas por Roentgen para auxiliar no diagnstico e tratar diversas

    enfermidades. Quando se restringe ao campo do diagnstico ela, juntamente

    com outras especializaes mdicas (Ultrassonografia, Tomografia

    Computadorizada, Ressonncia Magntica, Medicina Nuclear) forma o que se

    convencionou denominar de Meios Auxiliares de Diagnstico por Imagem .

    importante enfatizar que a Radiologia um Meio Auxiliar deDiagnstico e desta maneira suas informaes devem ser examinadas de

    forma conjunta com a histria clnica do paciente, com os sinais clnicos, com o

    exame fsico, com os exames laboratoriais e com outros exames possveis de

    serem realizados. Por si s a Radiologia apenas contribui, muitas vezes de

    maneira decisiva, para o diagnstico. No sua funo elaborar o diagnstico

    e sim auxiliar no elaborao dele.

    3 - OS RAIOS X

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    Os Raios so radiaes eletromagnticas, as que no possuem massa, e

    deste espectro tambm fazem parte as ondas do rdio, microondas, raios

    infravermelhos, luz visvel, raios ultravioletas, raios gamas, entre outras. Elas

    Tais radiaes diferem entre si pelo comprimento de onda (distncia entre

    uma partcula numa determinada onda e a sua correspondente na onda

    seguinte, representada pela letra grega lambda - ), pela freqncia (nmero

    de ciclos por segundo de uma radiao eletromagntica) e pela energia

    (capacidade da radiao de produzir trabalho).

    O comprimento de onda das Radiaes X varia entre 100 e 0,01 ,

    sendo que para o radiodiagnstico a variao est na faixa entre 0,5 - 0,4 dependendo da quilovoltagem (Kv) a ser empregada.

    4 - A PRODUO DAS RADIAES X

    Inicialmente, Roentgen produzia as Radiaes X em ampolas criadas porW. Crookes porm esse tipo de equipamento no permitia que houvesse um

    controle efetivo sobre a quantidade e a intensidade das radiaes emitidas.

    Em 1913, William Coolidge, fsico ingls, criou um novo tipo de ampola

    que permitia controlar a quantidade e a qualidade dos Raios X e essa ampola,

    com poucas alteraes, ainda o principal equipamento usado nos aparelhos

    de Raios X.

    A ampola de Coolidge, que apresenta vcuo total no seu interior, devidro e est envolvida por uma carapaa de metal, geralmente o chumbo, que

    possui uma abertura por onde emana o feixe til de radiaes X.

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    Fig. 2 - Representao esquemtica de uma

    ampola de Coolidge.

    Para a produo das radiaes X so necessrios trs elementos

    bsicos: uma fonte de eltrons, um local de impacto e uma diferena de

    potencial eltrico entre eles.

    Em uma das extremidades da ampola localiza-se um filamento de

    tungstnio em espiral que, quando aquecido atravs de uma corrente eltrica

    de baixa voltagem, medida em miliamperes (mA), produz uma determinada

    quantidade de eltrons (carga eltrica negativa) que daro origem as

    Radiaes X. Esta extremidade, que possui carga eltrica negativa,

    denominada de CATDIO ouCTODO.

    Na extremidade oposta encontramos um bloco, geralmente de tungstnio,

    denominada de ANDIOou NODO, que pode ser fixo ou giratrio, e possui

    carga eltrica positiva. No ponto central deste banco encontramos uma rea

    bastante resistente denominada de Ponto Focalou Alvo.

    Ao se aplicar uma diferena de potencial eltrico entre as duas

    extremidades, atravs de em circuito de alta voltagem, medido em

    quilovoltagem (Kv), faz-se com que os eltrons se desloquem em alta

    velocidade desde o catdio em direo ao andio, se chocando violentamente

    contra o Ponto Focal. O impacto faz com que a energia dos eltrons se

    transforme em Raios X ( 2%), calor ( 95%) e em outras formas de energia.

    5 - MILIAMPERAGEM

    O filamento de tungstnio que se encontra no catdio ao ser esquentado

    cria ao seu redor uma quantidade de eltrons que ao serem deslocados pela

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    diferena de potencial iro produzir uma quantidade proporcional de radiaes

    X. Essa quantidade de eltrons criadas ao redor do catdio corresponde

    medida eltrica denominada de MILIAMPERAGEM (mA).

    A produo dessas radiaes X alm de estar relacionada com o

    nmero de eltrons emitidos est, tambm, diretamente relacionada com o

    tempo que estar ocorrendo a diferena de potencial. Esse tempo, geralmente,

    um segundo.

    Dessa forma, a quantidade de raios X requerida para a obteno de

    uma radiografia indicada pelo produto da miliamperagem pelo tempo de

    exposio e expressa em miliamperes/segundo (mAs)

    Assim sendo, a miliamperagem corresponde a quantidade de radiaes

    X obtidas num determinado espao de tempo.

    6 -QUILOVOLTAGEM

    A intensidade da diferena de potencial aplicada no interior da ampola vai

    interferir diretamente na velocidade de deslocamento dos eltrons desde os

    catdio at o andio e, portanto, na intensidade do choque e na energia

    liberada por ele. Assim sendo, os raios X que se formaro tero comprimento

    de onda varivel de acordo com a intensidade do impacto dos eltrons contra o

    alvo. A diferena de potencial produzida por um circuito eltrico de alta

    voltagem eltrica e expressa em QUILOVOLTSou QUILOVOLTAGEM (kv),

    que tambm conhecida como a fora de penetrao dos raios X.

    Como visto, a intensidade da diferena de potencial interfere no

    comprimento de onda das radiaes X que se formaro. Quanto maior a

    diferena de potencial aplicada menor ser o comprimento de onda e maior

    ser o poder de penetrao.

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    O poder de patogenicidade das radiaes X tambm est diretamente

    relacionado com o seu comprimento de onda. Quanto maior o comprimento de

    onda menorser o seu poder de penetrao nos tecidos orgnicos e, portanto,

    maioro seu grau de patogenicidade.

    Os raios X usados para fins de radiodiagnstico comumente possuem um

    comprimento de onda que varia entre 80 a 100 kv (= 0,4 ) que um

    comprimento de onda curto e no apresenta alto grau de patogenicidade. Estas

    radiaes so chamadas de RADIAES DURAS.

    As radiaes com comprimento de onda que variam entre 40 a 60 kv (=

    0,5 )possuem um comprimento de onda longo, so altamente patognicas e

    so chamadas de RADIAES MOLES.

    Comprimentos de onda que variam entre 60 a 80 kv (= 0,45 ) do

    origem as chamadas RADIAES INTERMEDIRIAS que tambm

    apresentam um grau de patogenicidade menor que o das radiaes moles e

    no devem ser usadas na prtica diria. Acima de 100 kv temos as

    denominadas RADIAES ULTRA DURAS que so geralmente usadas naindstria.

    7PROPRIEDADES DOS RAIOS X

    Os raios X possuem inmeras propriedades, porm para fins de

    radiodiagnstico so importantes as seguintes:

    Propagam-se com a mesma velocidade da luz e sempre em linha reta;

    Por no possurem carga eltrica no so desviados nem por campos

    eltricos nem por campos magnticos;

    Produzem ionizao (formao de ons) por onde passam;

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    Por no possurem massa, so capazes de atravessar corpos

    espessos;

    Ao incidirem sobre substancias como platino cianeto de brio, sulfato

    de zinco, tungstato de cdmio, tornam-nas fluorescentes;

    So capazes de sensibilizar os filmes fotogrficos e os radiogrficos.

    Uma das propriedades mais importante das radiaes X e que deve

    sempre estar presente no cotidiano dos profissionais veterinrios a de que os

    raios so capazes causar modificaes nas clulas vivas produzindo alteraes

    somticas (interferindo no equilbrio qumico celular) e/ou genticas(interferindo diretamente na cadeia do DNA, rompendo-a).

    8O FEIXE DE RAIOS X

    Ao se chocarem contra o andio, os eltrons, alm de produzirem calor,do origem a infinidade de raios X que emergem da ampola sob a forma de um

    feixe, cnico, denominado de FEIXE PRIMRIO. Os raios que compe este

    Feixe possuem comprimento de onda varivel e se difundem de forma

    divergente, sendo ento necessrio limitar o seu campo de ao atravs de

    cones e/ou diafragmas. A este Feixe Primrio, para fins de proteo contra as

    radiaes, somente deve ficar exposto o paciente e o pessoal tcnico que

    esteja com equipamentos de proteo (luvas, avental, etc.). O ponto exato

    onde ocorre o choque dos eltrons contra o andio denomina-se de Ponto

    Focal.

    Compondo o Feixe Primrio existe um nico raio X que ocupa exatamente

    a posio central e que incide sobre a pelcula radiogrfica formando com ela

    um ngulo de 90. A essa radiao se d a denominao de RAIO CENTRAL.

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    Fig. 3Representao do Feixe Primrio de radiaes X

    e do Raio Central (indicado pela seta).

    O Raio Central entre todos os raios X do Feixe Primrio o nico que no

    causa distoro na imagem registrada radiologicamente. Por esta razo o Raio

    Central deve sempre incidir exatamente sobre a rea ou rgo de interesse

    clnico. Exemplificando: em casos suspeitos de luxao de patela o Raio

    Central deve incidir exatamente sobre essa estrutura ssea e no sobre a

    regio epifisiria distal do fmur ou sobre a regio epifisiria proximal da tbia.Algumas radiaes X do Feixe Primrio quando interagem com objeto

    sujeito ao exame radiogrfico transferem ao tomo do objeto toda a sua

    energia e ocorre a produo de novas radiaes X. Essas novas radiaes X

    so denominadas de RADIAES SECUNDRIAS ou DIFUSAS, que se

    difundem em todas as direes e possuem comprimento de onda maior que as

    originais, portanto, com menor poder de penetrao. Em razo de seu

    comprimento de onda, as Radiaes Secundrias so altamente patognicas econtra elas devemos nos precaver.

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    Fig. 4Representao esquemtica das Radiaes Secundrias

    (linhas pontilhadas).

    Outras radiaes X do Feixe Primrio ao incidirem na estrutura sujeita ao

    exame apenas desviam de sua trajetria mantendo o seu comprimento de onda

    original. So as denominadas

    RADIAES DISPERSAS.

    Alguns raios do Feixe Primrio ao incidirem sobre o objeto cedem apenas

    uma parte de sua energia ao tomos do objeto e continuam sua trajetria com

    um comprimento de onda maior. Esse fenmeno denominado de EFEITO

    COMPTON.

    O poder de definio das radiaes do feixe primrio desigual quando

    emergem da ampola e essa variao definida pela angulao do alvo no

    andio. O Raio Central possui um poder de resoluo de 100%. A medida que

    os raios se afastam do Raio Central em direo ao andio o poder de

    resoluo decresce imediatamente. O inverso se d nos raios que esto para o

    lado do catdio, inicialmente h um acrscimo para depois haver a reduo do

    poder de resoluo.

    O fenmeno acima descrito denominado de EFEITO ANDICO e a

    partir de sua utilizao podemos ter radiografias mais uniformes, ao

    colocarmos a regio de maior espessura sempre para o lado do catdio.

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    Fig. 5Representao esquemtica do Efeito Andico.

    9A IMAGEM RADIOGRFICA

    As chapas radiogrficas nada mais so que negativos fotogrficos de

    estruturas orgnicas internas e, portanto, um dos principais objetivos dos

    exames radiolgicos a obteno de imagens fieis da estrutura radiografada,

    permitindo, assim, uma avaliao criteriosa e consistente do objeto sujeito ao

    exame radiolgico.

    9.1A FORMAO DA IMAGEM RADIOGRFICA

    A imagem radiogrfica, o objetivo primordial da Radiologia, conseguida

    atravs de, pelo menos, duas reaes: uma fsica e outra qumica.

    A reao fsica determina a formao da imagem pela sensibilizao dos

    cristais halides dos sais de prata, dissolvidos na gelatina que recobre ambas

    faces dos filme radiogrficos, pelas Radiaes X. Esta sensibilizao

    transforma estes cristais halgenos em prata metlica a imagem formada,

    invisvel a olho nu, denominada de Imagem Latente.

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    Ao se iniciar o processo da revelao do filme radiogrfico iniciam-se

    diversas reaes qumicas que culminam na transformao dos gros de sais

    de prata sensibilizados em prata metlica negra, que ao final do processo,

    formar a denominada Imagem Visvel que ser avaliada para fins de

    radiodiagnstico.

    9.2ALGUNS FATORES QUE INTERFEREM NA FORMAO DA IMAGEM

    Diversos so os fatores que podem interferir na formao de uma imagem

    radiogrfica de qualidade. Neste trabalho, que no se dedica formao detcnicos em radiologia e, sim, capacitao para avaliao radiolgica,

    daremos nfase a alguns destes fatores que se no lhes for dada toda a

    ateno corremos o risco de termos exames radiolgicos sem nenhuma

    validade a para interpretao das possveis alteraes orgnicas.

    9.2.1 - DISTNCIA ENTRE O OBJETO E O FILME RADIOGRFICO

    Para que tenhamos uma imagem que reproduza com exatido a estrutura

    radiografada necessrio que esta esteja em ntimo contato como o filme

    radiogrfico.

    Em muitas ocasies fazer-se com que a estrutura radiografada fique junta

    ao filme radiogrfico uma tarefa impossvel devido as trs dimenses dos

    objetos de estudo em Medicina Veterinria. Assim sendo, para que a imagem

    formada tenha dimenses o mais prximo possvel da estrutura radiografada

    torna-se obrigatrio posicionar-se o animal de maneira que a estrutura a ser

    radiografada esteja prxima ao chassi radiogrfico. Exemplificando, caso se

    deseja radiografar o rim direito de um paciente este dever ser colocado em

    dois posicionamentos para que se atinja o objetivo desejado: a) decbito lateral

    direito e b) decbito dorsal.

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    Fig. 6 - Representao esquemtica da distncia objetofilme.

    A e B representam as imagens dos objetos A e B.

    9.2.2DISTNCIA ENTRE O PONTO FOCAL E O FILME (DFF)

    A distncia entre o Ponto Focal, localizado no interior da ampola geradora

    de radiaes X, e o Filme radiogrfico outro fator que se no observado comrigor acarretar uma imagem no condizente com a realidade.A distncia

    recomendada para a grande maioria das estruturas orgnicas de 100 cm

    exceo feita s radiografias cardacas que, em razo do posicionamento

    oblquo do rgo no interior da cavidade torcica, de 120-150 cm

    dependendo do tipo de trax do paciente.

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    Fig. 7Representao esquemtica do efeito da distncia

    do Ponto FocalFilme. Observe o aumento da imagem

    do objeto quando de uma DFF igual a 30 cm.

    9.2.3PARALELISMO ENTRE O OBJETO E O FILME RADIOGRFICO

    Para que tenhamos imagens o mais prximo possvel da realidade, no

    que diz respeito a reproduo das dimenses do objeto, necessrio que ele

    seja posicionado de forma paralela com o filme radiogrfico. Em algumas

    ocasies isto no ser possvel devido a diversos fatores (posicionamento do

    rgo no interior das cavidades, manipulao do paciente, graus de leso do

    paciente, etc.) e providncias no posicionamento, na distncia entre o Ponto

    Focal e o Filme, entre outras, devero ser tomadas.

    Fig. 8Esquema representativo do efeito da falta de paralelismo entre o objeto

    e o filme radiogrfico.

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    Observe a diminuio da imagem na representao B.

    9.2.4IMOBILIDADE DO OBJETO SUJEITO AO EXAME RADIOLGICO

    A imobilidade do objeto sujeito ao exame radiogrfico um dos principais

    fatores que interferem na qualidade das chapas radiogrficas, pois a

    movimentao durante a tomada radiogrfica far que tenhamos uma imagem

    com um detalhamento comprometido.

    Na prtica veterinria tendo em vista que trabalhamos com seres

    irracionais somos obrigados a lanar mo da conteno do paciente, quepoder ser medicamentosa (sedativos/ tranquilizantes/anestsicos) ou manual.

    A conteno medicamentosa tem como vantagens, permitir a

    manipulao do paciente de maneira mais fcil, rpida e prevenir contra

    agresses, porm aumenta os custos do exame e pode causar transtornos

    indesejveis (choque anestsico). Tendo em vista a segurana que os agentes

    medicamentosos atualmente apresentam, a conteno medicamentosa

    amplamente prefervel em relao a manual. Esta por sua vez mais difcil,

    mais demorada e no restringe totalmente os movimentos dos pacientes.

    Os movimentos involuntrios (cardio-respiratrios) so fatores que

    interferem na obteno das radiografias e em Veterinria ainda no dispomos

    de meios seguros para anul-los. Para minimiz-los, devemos sempre usar o

    menor tempo de exposio que nos permita nossa aparelhagem.

    10CARACTERSTICAS RADIOLGICAS DOS TECIDOS ORGNICOS

    Para que seja possvel concretizar um radiodiagnstico necessrio que

    a imagem seja uma reproduo fiel do objeto radiografado, isto possua um

    excelente detalhamento, reproduza as densidades encontradas no objeto e

    possua uma escala apropriada de contraste radiolgico.

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    10.1DETALHE RADIOGRFICO

    Detalhe radiogrfico o grau de definio com que as linhas estruturais

    e de contorno do objeto se apresentam na imagem radiogrfica. Este

    detalhamento de vital importncia na interpretao dos exames radiogrficos

    pois diversas enfermidades apresentam como uma de suas caractersticas a

    perda das linhas de contorno ou estruturais das estruturas orgnicas. Entre os

    fatores que interferem na obteno de imagens com um detalhamentodesejado podemos citar: a imobilidade do paciente, a distncia entre o objeto e

    o filme, a utilizao de ecrans e grades antidifusoras, correo dos fatores de

    exposio radiolgica e o processo de revelao das pelculas radiogrficas.

    10.2DENSIDADES RADIOLGICAS ou RADIODENSIDADES

    Densidades radiolgicas ou Radiodensidades dizem respeito a

    tonalidade com que as estruturas orgnicas se apresentam nas radiografias.

    Est determinada pela quantidade de radiaes que o objeto impede de

    progredir em direo ao filme radiogrfico e, por consequncia, com a

    intensidade com que os gro de prata so sensibilizados pelas as radiaes X.

    A densidade radiolgica varia de acordo com o tempo de exposio, a

    miliamperagem, a quilovoltagem, a espessura do objeto radiografado, entre

    outros fatores.

    A tonalidade das estruturas radiografadas pode variar desde o branco

    (transparente) at o negro, existindo neste intervalo diversas tonalidades de

    cinza. Esta variao est ligada diretamente ao peso atmico das dos

    elementos que constituem os objetos radiografados. Os objetos formados com

    elementos de alto peso atmico, como por exemplo o chumbo cujo o nmero

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    atmico 82 e usado como um meio de proteo contra as radiaes,

    dificultam a passagem dos Raios X (absorvem as radiaes), no permitindo a

    sensibilizao da prata e, logo, se apresentam com as tonalidades mais claras

    nas radiografias. No outro extremo em relao ao chumbo est o ar ambiente

    que no oferece nenhuma restrio a passagem das radiaes, permitindo a

    sensibilizao dos sais de prata com toda a intensidade. Radiologicamente se

    apresentam com as tonalidades escuras das chapas radiogrficas.

    NMERO ATMICO DE ELEMENTOS DE INTERESSE RADIOLGICO

    ESTRUTURAELEMENTO N ATMICO

    TECIDOS MOLESHidrognio 01

    Gs Carbnico 06

    Nitrognio 07

    Oxignio 08

    Mdia Tecido Mole06

    TECIDO SSEO Clcio

    20

    Fsforo15

    Mdia Tecido sseo14

    Emulso Fotogrfica Bromo35

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    Prata47

    Meios de Contraste Iodo53

    Brio56

    Alvo da Ampola Tungstnio74

    Meios de Proteo Chumbo82

    As densidades radiolgicas bsicas so: metlica, ssea, de tecido mole

    ou de lquidos, de gordura e gasosa.

    Metlic a ss ea Tec ido mole Gordura Gasosa

    Fig. 9Esquema representativo das densidades radiolgicas.

    As estruturas orgnicas quando radiografadas em razo de suas

    densidades teciduais podem adquirir diversas tonalidades radiogrficas e

    podem ser divididas em estruturas Radiopacas e estruturas Radiolucentes.

    Estes conceitos de Radiopacidade e Radiolucncia sempre devem ser

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    relacionados entre si e entre as imagens que se apresentam adjacentes entre

    si, porm os OSSOS so as estruturas orgnicas RADIOPACAS por excelncia

    e os PULMES, por conterem ar, so as estruturas orgnicas

    RADIOLUCENTES por excelncia.

    A disposio dos rgos no interior das cavidades corporais fazem que a

    tonalidades radiogrficas se alterem pela sobreposio dos mesmos. Quando

    temos a sobreposio de dois elementos da mesma densidade tecidual (ex.:

    dois ossos sobrepostos) a alterao da tonalide se d pelo chamado Efeito de

    Adio, acarretando aumento na densidade e no contraste radiolgico e

    diminuio do detalhe. Quando a sobreposio ocorre entre duas estruturas dedensidades teciduais (ex.: sobreposio pulmonar com as costelas) diferentes

    a alterao se d pelo Efeito de Subtrao, ocorrendo diminuio do

    contraste e do detalhe e aumento da densidade radiolgico.

    10.3CONTRASTE RADIOLGICO

    Contraste radiolgico definido como a diferena numrica entre a

    relao logartmica de duas densidades adjacentes. Em termos prticos, a

    diferena entre as densidades radiolgicas das partes ou das estruturas

    radiografadas. Pode-se afirmar que o Contraste a diferena entre o preto, as

    diversas tonalidades de cinza e o branco.

    Entre os fatores que interferem no Contraste a quilovoltagem (Kv) o

    mais significante, variando de maneira inversamente proporcional a esta. As

    radiaes secundrias e o processo de revelao tambm influem no Contrate

    radiolgico.

    11TCNICA RADIOGRFICA

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    A obteno de boas radiografias pressupe o uso de regimes

    radiolgicos apropriados, com a adequada penetrao das radiaes, para a

    sensibilizao dos filmes radiogrficos.

    Dois fatores so fundamentais para a definio do regime radiolgico: a

    regio a ser radiografada e a sua espessura. A partir desses dois elementos,

    podemos definir os fatores de exposio [quilovoltagem (Kv), miliamperagem

    (mA) e o tempo de exposio(s)] a partir da seguinte frmula matemtica:

    Kv = E x 2 + cf

    onde:

    Kv = quilovoltagem;

    E = espessura da regio,

    cf = constante do filme (sempre igual a 20).

    Uma vez conhecida a Kv, podemos chegar a mA, pois:

    para OSSOSa mA ser igual a Kv;

    para VIAS AREASa mA ser 1/10 da Kv, e

    para RGOS ABDOMINAISe CORAOa mA ser o dobro da Kv.

    O tempo de exposio para essa frmula ser sempre de 1

    SEGUNDO.

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    Atravs dessa frmula conhecemos o regime radiolgico a ser

    usado, porm o regime indicado poder no ser o correto sob o ponto de vista

    de proteo tanto do operador como do paciente pois poderemos obter

    radiaes moles (40 a 60 Kv) ou intermedirias (6080 Kv). Quando isso

    ocorrer ser necessrio uma adaptao do regime para que se use as

    radiaes duras (80100 Kv). A adaptao ser conseguida atravs do

    seguinte artifcio: somando-se 10 a Kv e se dividindo a mA pela metade,

    mantendo-se o tempo de 1 segundo.

    Exemplificando:

    Necessita-se radiografar um canino que sofreu atropelamento e h

    suspeita de fratura do femur direito. Medindo-se a espessura da regio

    encontrou-se, em razo do edema, a regio mede 10 cm.

    Estrutura a ser radiografada: femur de um canino

    Espessura da regio: 10 cm.

    Ao aplicarmos a frmula, teremos:

    Kv = E x 2 + cf

    Kv = 10 x 2 + 20

    Kv = 40

    FEMUR osso longo, portanto: mA = Kv e o tempo de exposio igual a

    1 segundo.

    Assim teremos:

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    Kv = 40

    mA = 40

    Tempo de exposio = 1 segundo.

    O valor encontrado para a Kv corresponde a faixa de radiaes moles

    (patognicas). Portanto deve-se buscar as radiaes duras. Como fazer ?

    Aplicando o artifcio da soma e diviso.

    KvmA

    Tempo de Exposio

    40 (radiao mole)40 1 segundo

    50 (radiao mole)20 1 segundo

    60 (radiao intermediria) 10 1 segundo

    70 (radiao intermediria)5 1 segundo

    80 (radiao dura)2,5 1 segundo

    90 (radiao dura)1,25 1 segundo

    Pelos clculos acima, o exame radiolgico poderia usar os regimes

    apresentados em negrito. A qualidade radiogrfica de qualquer um dos regimes

    obtidos ser a mesma, o que est preservado proteo contra as radiaes

    do pessoal envolvido e do paciente.

    Porm o tempo de exposio um tempo extremamente longo sob o

    ponto de vista radiolgico em Med. Veterinria pois o paciente neste espao de

    tempo pode movimentar-se e inutilizar o exame radiogrfico. Assim sendo,

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    seremos, novamente, fazer uma adaptao do tempo para dcimos ou

    centsimos de segundos.

    Em alguns aparelhos geradores de radiaes X, mais sofisticados e

    permitem que se reduza o tempo de exposio e se utilize miliamperagem e

    quilovoltagem compatveis com a reduo, porm esses aparelhos so caros e

    no muito utilizados pela maioria dos Mdicos Veterinrios que utilizam,

    geralmente, os chamados aparelhos portteis. Nestes aparelhos a Kv e mA so

    acopladas e h variao do tempo de exposio.

    Com a finalidade didtica, exemplificaremos tomando por base o aparelho

    FNX 85.

    Este aparelho apresenta-se com os seguintes regimes:

    Tempo de Exposio (em segundos):

    0,1 0,15 0,25, - 0,4 0,6 0,8 1,0 1,5 2,0 3, 0 - 4,0 6,0

    Com 25 mA temos acopladas as seguintes Kv, no tempo de 1 segundo:

    40 - 50 - 55

    Com 20 mA temos acopladas as seguintes Kv, no tempo de 1 segundo:

    60 - 65 - 70

    Com 15 mA temos acopladas as seguintes KV, no tempo de 1 segundo:

    75 - 80 - 85

    Para o exemplo dado anteriormente, radiografia do co com suspeita de

    fratura do femur, os regime encontrado foi: 80 Kv, 2,5 mA com tempo de

    exposio de 1 segundo.

    Caso estivssemos trabalhando com um aparelho FNX 85 teramos que

    80 Kv est acoplado com 15 mA em 1 segundo. No caso o regime estipulado

    pelo aparelho ultrapassa a necessidade para uma radiografia de qualidade. O

    regime necessrio alcanado pela aplicao de uma regra de tr6es simples.

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    15 mA 1 seg

    2,5 mA x segundos

    Logo

    x = 2,5 x 1

    15

    x = 0,16 segundos

    Ento, no FNX 85, seria usado o seguinte regime:

    Kv = 80

    mA = 15

    Tempo de exposio: 0,16 segundos

    12PROJEES RADIOLGICAS

    O registro radiolgico, a imagem, a representao bidimensional

    (comprimento e largura) de uma estrutura tridimensional (comprimento, largura

    e profundidade) e, em assim sendo, ele no condiz inteiramente com a

    realidade. Para superar essa deficincia e para que se tenha um exame

    radiolgico seguro obrigatrio a realizao de, pelo menos, duas projees

    radiolgicas e que elas sejam perpendiculares entre si. A no observncia

    desse princpio ocasiona graves erros de interpretao e, portanto, laudos

    radiolgicos totalmente errneos.

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    Fig. 10Esquema representativo da importncia da realizao dos

    estudos radiogrficos com, no mnimo, duas projees radiolgicas

    perpendiculares entre si.

    Fig. 11 - Radiografia Lateral da regio torcica de um canino.

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    Fig. 12Radiografia ventro dorsal (VD)

    da regio torcica de um canino.

    Como regra geral, devemos posicionar os pacientes de forma mais

    anatmica possvel e quando a espessura no muito significativa, como por

    exemplo nos exames patelares de caninos, podemos usar a projeo que d

    mais conforto para o paciente.

    So usados dois termos sendo que o primeiro indica qual a face pela qual

    o feixe dos raios X penetram no corpo do paciente e o segundo aquela pelo

    qual ele emerge, onde est colocado o filme radiolgico.

    Apresentaremos inicialmente as projees radiolgicas para pequenos

    animais e, posteriormente, as utilizadas em eqinos uma vez que nesta

    espcie somos obrigados a realizar uma srie de projees para uma completa

    explorao radiolgicas das articulaes dos membros, dividindo-as em

    BSICASe ACESSRIAS.

    PEQUENOS ANIMAIS - BSICAS

    VENTRODORSAL (VD)os raios X penetram pelo ventre e emergem

    pelo dorso do paciente. O paciente, na maioria das ocasies, est em

    decbito dorsal.

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    DORSOVENTRAL (DV)os raios X penetram pelo dorso e saem pelo

    ventre do paciente. O decbito do paciente o ventral.

    LATERAL DIREITA (Lat. D) as radiaes X incidem pela parede

    lateral direita e emergem pela parede lateral esquerda. O decbito o

    lateral esquerdo.

    LATERAL ESQUERDA (Lat. E) - as radiaes X incidem pela parede

    lateral esquerda e emergem pela parede lateral direita. O decbito o

    lateral direito.

    Alguns autores utilizam a nomenclatura para as projees Laterais a

    terminao Ltero Lateral, especificando se Direita ou Esquerda. Tal fato

    deve-se em razo de que podemos realizar projees Laterais com obliqidade

    com o objetivo de tornar mais pronunciado uma determinada regio de um

    rgo ou um acidente anatmico sseo. A obliqidade pode se dar no sentido

    cranial ou no sentido caudal. Para que no haja confuso aconselhvel que

    as projees Laterais Oblquas sejam consideradas projees diferenciadas

    das Laterais, com abreviaes prprias, e que sejam usadas como projees

    acessrias. Assim teremos: Lateral Oblqua Direita Anterior ou Cranial(Lat.

    ODA ou LODCr) as radiaes X penetram pela parede lateral direita com

    obliqidade no sentido crneo-caudal, Lateral Oblqua Direita Posterior ou

    Caudal (Lat. ODP ou LODCa) as radiaes X penetram pela parede lateral

    direita com obliqidade no sentido caudo-craneal, Lateral Oblqua Esquerda

    Anterior ou Cranial (Lat. OEA ou LOECr) as radiaes X penetram pela

    parede lateral esquerda com obliqidade no sentido crneo-caudal e Lateral

    Oblqua Esquerda Posterior ou Caudal(Lat. OEP ou LOECa) as radiaes X

    penetram pela parede lateral esquerda com obliqidade no sentido caudo-

    craneal.

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    ANTERO-POSTERIOR (AP) usada para designar as projees

    radiolgicas utilizadas para os estudos dos membros dos animais. As

    radiaes penetram pela face anterior e emergem pela face posterior

    dos membros. Alguns autores utilizam esta nomenclatura para os

    exames que se realizam da poro proximal at o carpo ou tarso,

    utilizando a designao DORSO-PALMAR/PLANTAR (D-P) para os

    exames radiolgicos das pores distais dos membros dos animais.

    PSTERO-ANTERIOR (PA) - usada para designar as projees

    radiolgicas utilizadas para os estudos dos membros dos animais. As

    radiaes penetram pela face posterior e emergem pela face anterior

    dos membros. Alguns autores utilizam esta nomenclatura para os

    exames que se realizam da poro proximal at o carpo ou tarso,

    utilizando a designao PALMO/PLANTAR-DORSAL (P-D) para os

    exames radiolgicos das pores distais dos membros dos animais.

    LTERO-MEDIAL (LM) usada para designar os estudos

    radiogrficos realizados nos membros dos animais nos quais as

    radiaes penetram pela face lateral (externa) e emergem na face

    medial (interna) dos membros.

    MDIO-LATERAL (ML) - usada para designar os estudos

    radiogrficos realizados nos membros dos animais nos quais as

    radiaes penetram pela face medial (interna) e emergem na face

    lateral (externa) dos membros.

    PEQUENOS ANIMAIS - ACESSRIAS

    Em alguns exames radiolgicos somos obrigados a posicionar o paciente

    de maneira especial pois estas projees ajudaro a interpretao radiolgica.

    Tais projees so chamadas de ACESSRIAS e o seu uso no dispensa a

    utilizao das projees bsicas. As projees oblquas, vistas anteriormente,

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    so algumas das projees radiolgicas acessrias. As outras, de maior

    importncia so:

    LATERAL ou MEDIAL FLEXIONADA projeo prpria para o

    estudo radiolgico das articulaes localizadas nos membros dos

    pacientes. A flexo da articulao deve obedecer os seus limites

    fisiolgicos, no podendo ocorrer uma hiper-flexo articular.

    RADIOGRAFIA de STRESS so aquelas em que a articulao que

    est sendo estudada est no mximo de um de seus movimentos

    articulares. So cinco (5) as manobras bsicas para se provocar o

    stress articular: trao, rotao, foras em sentido contrrio, com o

    auxlio de um basto e hiperflexo/hiperextenso. Essas manobras

    devem ser realizadas com o mximo cuidado para no agravar a leso

    existente. Para estes exames recomendado que se realize a(s)

    manobra(s) de stress a ser usada antes da tomada radiogrfica com a

    finalidade de se verificar o grau de resistncia do paciente em relao

    aos deslocamentos articulares. Quando o animal acusa resistncia a

    aplicao mnima das foras, no se recomenda-se o uso destes

    exames radiolgicos. Quando o animal permite a aplicao das foras

    deve-se usar sedativos/tranqilizantes/anestsicos tendo em vista que

    se trata de tcnica muito dolorosa.

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    Fig. 13Foras para causar as manobras de stress articular, onde:

    1Trao 2Rotao 3Foras em sentido contrrio

    4Com auxlio de um basto 5Hiperflexo/Hiperextenso

    FROG LEGtrata-se de um posicionamento acessrio que permite o

    estudo da articulao coxo-femural dos animais de pequeno porte.

    Atravs dessa projeo no aconselhvel o exame radiolgico da

    articulao com a finalidade de interpretao para Displasia Coxo-

    femural. Seu principal uso para as avaliaes de pequenos

    deslocamentos da articulao. Para a sua realizao posiciona-se o

    paciente, anestesiado, em decbito dorsal, portanto uma projeo VD,

    incidindo o Raio Central exatamente num ponto intermedirio de uma

    linha imaginria que liga as duas cabeas femurais deixando-se que

    os membros, num movimento de abduo, se aproximem do filme

    radiogrfico por ao da fora da gravidade.

    RADIOGRAFIAS POSTURAIS so projees Laterais, VD e DV

    nas quais o paciente est colocado em estao, no caso das Laterais,

    ou ,ento, ereto pelos membros, no caso da VD e da DV. So

    utilizadas para otimizar a interface entre lquidos/gases, podendo estes

    estarem livres em alguma cavidade corprea (ex.: hidrotrax,

    pneumotrax, ascite) ou confinados em algum rgo oco (ex. dilatao

    gstrica aguda). Estes estudos radiogrficos tambm apresentam

    grande utilidade para a interpretao exata das deformaes dos

    membros pois os mesmos estaro suportando o peso do paciente.Nestes casos as projees devero ser AP, PA, Lat. e Medial.

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    Fig. 14Representao da projeo postural lateral em estao.

    Fig. 15Representao da projeo postural,

    VD com o paciente ereto pelos membros torcicos.

    EQINOS

    A maioria dos exames radiolgicos em eqinos so realizados para

    estudos de alteraes sseas que se localizam nos membros e no segmento

    cervical da coluna vertebral. As demais regies devido a espessura exigem

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    aparelhos potentes e de alto custo financeiro, o que inviabiliza a utilizao

    deste meio auxiliar de diagnstico na rotina veterinria.

    O estudo radiolgico dos membros dos eqinos exigem a realizao dediversas projees radiogrficas porm o princpio fundamental de se realizar

    duas projees perpendiculares entre si est mantido. Uma vez realizadas e

    avaliadas estas duas incidncias se que parte para a realizao das demais

    projees, muitas delas obedecendo angulaes especficas para a incidncia

    do Raio Central. A realizao de 5,6 ou mias projees so freqentes nos

    exames radiogrficos de eqinos.

    A terminologia das projees radiolgicas varivel, mudando de acordo

    com o autor, de acordo com o pas do autor e, muitas vezes, dentro de um

    mesmo pas podemos encontrar denominaes diferenciadas.

    Para esta espcie no dividiremos as projees em bsicas e acessrias

    e, sim , indicaremos as projees necessrias para o estudo dos diversos

    ossos e articulaes dos membros torcicos e plvicos.

    A Figura 13 mostra um eqino com os diversos termos utilizados para

    denominar as projees radiogrficas.

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    Fig. 16Esquema representativo dos diversos termos utilizados nas projees

    radiolgicas, onde :

    1Dorsal

    2Ventral

    3Rostral4Cranial/Anterior:

    Desde a articulao escpulo-umeral (encontro)

    at a articulao carpiana (joelho)

    5Caudal/Posterior:

    Desde o codilho (axila) at a articulao carpiana (joelho)

    6Dorsal/Anterior:

    Desde a articulao carpiana (joelho) at sola do p.7Palmar/Posterior:

    Desde a articulao carpiana (joelho) at a 3 falange.

    8Cranial/Anterior:

    Desde a articulao femur-tibio-patelar (joelho anatmico)

    at a articulao tarsiana (jarrete)

    9Caudal/Posterior

    Na face posterior do membro na altura da articulao do joelho anatmico

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    at o jarrete.

    10Dorsal/Anterior

    Desde o jarrete at a sola do p, pela face anterior do membro.

    11Plantar/Posterior

    Desde o jarrete at a sola do p, pela face posterior do membro.

    12Proximal

    Desde a articulao carpiana (joelho) e da tarsiana (jarrete0 em direo ao

    dorso do animal.

    Usada para definir os ngulos a serem usados.

    13 - Distal

    Desde a articulao carpiana (joelho) e da tarsiana (jarrete) em direo ao

    cho..

    Usada para definir os ngulos a serem usados.

    As diversas projees radiogrficas usadas para os exames de membros

    de eqinos se encontram bem descritas na literatura, porm, para os

    interessados nesta rea, recomendamos o livro A GUIDE TO EQUINE FIELD

    RADIOGRAPHY escrito por Barbara J. Watrous e publicado pela Veterinary

    Learning Systems Co., Inc., Trenton, NJ, EUA, por sua abrangncia,

    profundidade e simplicidade.

    13MATERIAIS e EQUIPAMENTOS RADIOGRFICOS

    13.1FILME ou PELCULA RADIOGRFICA

    O filme ou pelcula radiogrfica, semelhante ao filme fotogrfico,

    composto de uma lmina de poliester recoberta em ambas as faces por umaemulso gelatinosa impregnada por cristais de prata finamente dispersos.

    Esses cristais quando sensibilizados por uma energia radiante tornam-se

    susceptveis s transformaes qumicas que iro ocorrer durante o processo

    de revelao.

    As dimenses das pelculas radiogrficas mais usadas em Medicina

    veterinria so 13 x18 cm, 18 x 24 cm, 24 x 30 cm, 30 x 40 cm e 40 x 15 cm.

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    Fig. 17Corte transversal de um filme radiogrfico.

    13.2CHASSI ou CASSETE

    Chassi, ou cassete, uma caixa de metal totalmente vedada e que em

    uma de suas faces de alumnio (baixo nmero atmico) o que permite apassagem dos raios X. usada para abrigar no seu interior o filme radiogrfico

    e os crans.

    13.3CRANS ou TELAS INTENSIFICADORAS

    A impregnao dos cristais de prata pelas radiaes X requer um tempo

    relativamente longo e isso inconveniente pois permite a movimentao do

    paciente, inviabilizando a imagem radiogrfica. Para diminuir o tempo deexposio e tornar a imagem qualitativamente melhor aconselhado o uso de

    crans ou Telas Intensificadoras.

    Os crans consistem de uma base de plstico impregnada por cristais de

    tungstato de clcio que so colocados dentro do chassi, ficando em ntimo

    contato com o filme radiogrfico em seus dois lados.

    13.4 - GRADE ANTIDIFUSORA

    Os raios X ao interagirem com a estrutura radiografada emitem novas

    radiaes X, denominadas de radiaes secundrias, que diminuem o

    Detalhe radiogrfico. Para superar essa deficincia so usadas as chamadas

    grades antidifusoras.

    As grades antidifusoras so finas placas (2-4 mm) constitudas de finas

    lminas de chumbo intercaladas por um material radiolucente (plstico) que

    atuam como um filtro absorvendo as radiaes secundrias. So colocadas

    Emulso gelatinosa com cristais de prata dispersos

    Base de poliester

    Emulso gelatinosa com cristais de prata dispersos

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    entre o objeto a ser radiografado e o filme radiogrfico (dentro ou fora do

    chassi). Algumas so estacionrias e outras, por fazerem parte da mesa

    radiogrfica, nesse caso podem ser denominadas de bucky ou potter bucky,

    podem apresentar movimentos.

    Fig. 18Esquema representativo da funo das grades antidifusoras.

    13.5 - NEGATOSCPIO

    o equipamento radiolgico usado para a avaliao das chapas

    radiogrficas. Constitui-se de uma caixa de metal com um visor de acrlico

    translcido e com iluminao fria em seu interior.

    13.6 - CALHAS

    Posicionar perfeitamente um paciente para o exame radiogrfico uma

    das tarefas difcil, por isso que se aconselha a utilizao de calhas. Nos

    exames radiogrficos para o estudo de Displasia Coxofemoral o uso desse

    equipamento praticamente indispensvel.

    As calhas podem ser de madeira, de plstico e, a melhor, de acrlico.

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    13.7 - SACOS e BLOCOS DE POSICIONAMENTO

    Para auxiliar no posicionamento dos pacientes podemos usar sacos com

    areia no seu interior e, tambm, blocos de isopor cortados em diversasangulaes.

    14 - PROCESSO DE REVELAO/FIXAO DOS FILMES

    RADIOGRFICOS

    O processo de revelao/fixao, um processo exclusivamente qumico,

    das radiografias a ltima etapa do exame radiolgico antes da interpretao

    das imagens obtidas. Esse processo pode ser manual ou mecnico. Na prtica

    veterinria mais comum a revelao manual em razo do custo de uma

    reveladora automtica bem como em razo do nmero de filmes que so

    revelados diariamente que no muito grande que compense a relao custo-

    benefcio.

    O processo de revelao, tanto manual como mecnico, composto,

    sequencialmente, por quatro estgios: a revelao, a lavagem, a fixao e a

    secagem. Quando manual os trs primeiros estgios devem ser executados

    dentro da cmara escuraque um ambiente totalmente vedado. No interior da

    cmara escura tambm ocorre o carregamento e descarregamento dos

    chassis.

    Durante o estgio de revelao os cristais de prata sensibilizados pelos

    raios X se transformam em cristais de prata metlica negra, cuja a intensidadede colorao depender da intensidade com que as radiaes X atingem o

    filme radiogrfico. Durante o estgio de fixao as pores de prata no

    sensibilizada sero retiradas da emulso gelatinosa e a sensibilizada ser

    fixada nessa emulso.

    15 - PROTEO RADIOLGICA e DOSIMETRIA

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    Os Raios X desde sua descoberta vm sendo utilizados largamente na

    rea mdica e ao longo destes anos ficaram bem definidos os efeitos deletrios

    que eles podem causar as clulas de um organismo quando com elas

    interagem. Estes efeitos se manifestam pelo acmulo de radiaes retidas no

    organismo e, na maior parte das leses, so irreversveis. Tendo em vista tal

    situao que existem leis que regem o uso dos Raios X e determinam uma

    srie de medidas para a proteo tanto do pessoal operacional como dos

    pacientes.

    As radiaes X podem causar trs tipos de efeitos biolgicos, a saber:

    a) EFEITO SOMTICO: leva a um processo inflamatrio, retarda

    o crescimento celular e causa lise tecidual. Geralmente

    superficial e pode ser tratado adequadamente.

    b) EFEITO GENTICO: ao atuar diretamente na cadeia do DNA,

    rompendo-a, cria novos cdigos genticos e aumenta o ndice

    de mutaes genticas, podendo produzir anormalidades em

    futuras geraes.c) EFEITO CARCINOGNICO: vem a ser uma conseqncia do

    efeito gentico por exposies prolongadas temporalmente

    aos Raios X.

    Entre as alteraes mais comuns cauisadas pelas radiaes X, citamos

    a) LESES SUPERFICIAIS

    Radiodermatite

    Epilao

    b) LESES HEMATOPOITICAS

    Linfopenia

    Leucopenia

    Anemia

    Leucemia

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    Reduo na taxa de anticorpos

    c) LESES CARCINOGNCIAS

    Carcinomas

    Sarcomas

    Osteossarcomas

    d) LESES GENTICAS

    Mutaes genticas

    Aberraes cromossmicas

    e) OUTRAS LESES

    Catarata

    Esterilizao, parcial ou total

    Em Medicina Veterinria muito comum os profissionais negligenciarem o

    uso de equipamentos que permitem uma efetiva proteo contra as radiaes

    X. Em recentes pesquisas realizadas na Inglaterra ficou constatado que os

    Veterinrios possuem um potencial de exposio as radiaes, portanto de

    absoro de Raios X, muito maior que Mdicos e Dentistas em razo do tipo de

    paciente com que tratamos. Desta forma, indispensvel que tenhamos

    sempre presente a necessidade de utilizarmos todos os equipamentos e

    prticas de proteo contra as radiaes X.

    15.1EQUIPAMENTOS DE PROTEO

    Os equipamentos indispensveis para qualquer servio radiolgicos so:

    aventais, luvas, biombos, vidros, colares protetores da tireide que possuem

    uma camada pumblfera. Tais equipamentos so encontrados comercialmente.

    Nas salas onde se realizam os exames radiolgicos as paredes devem

    ser recobertas at, pelo menos, 1 metro e meio com uma camada de chumbo

    com espessura mnima de 0,5 cm.

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    15.2PRTICAS DE PROTEO CONTRA AS RADIAES

    Com o intuto de minimizar ao mximo o risco de exposio aos Raios X,

    as seguintes precaues devem ser tomadas: Avaliar se o exame radiolgico realmente necessrio;

    Decidir se a melhor conteno do paciente a medicamentosa ou a

    manual. Neste particular no deve entrar em considerao os custos

    de uma conteno medicamentosa;

    Colimar o feixe de raios X atravs de cones e/ou diafragmas;

    Dirigir, sempre que possvel, o feixe primrio das radiaes em direo

    ao cho; Diminuir ao mximo o tempo de exposio;

    Procurar usar a menor mA e a maior Kv possveis;

    Quando da conteno manual, solicitar aos proprietrios que auxiliem;

    Distanciar-se, no mnimo, 2 metros da fonte de radiao;

    Os equipamentos de proteo no devem apresentar rachaduras por

    onde as radiaes possam se infiltrar;

    Nunca emitir radiaes de forma desnecessria;

    NO PERMITIR A PRESENA DE GESTANTES E CRIANAS NO

    LOCAL DURANTE A REALIZAO DOS EXAMES

    RADIOLGICOS;

    NO RADIOGRAFAR GESTANTES QUE NO TENHAM

    ULTRAPASSADO O TERO INICIAL DO PERODO GESTACIONAL,

    e

    Usar sempre o dosmetro.

    O controle do uso de radiaes, no Brasil, est sob a responsabilidade da

    Comisso Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e qualquer servio de

    Radiologia deve estar registrado neste rgo.

    O controle da absoro das radiaes X feito atravs de um

    equipamento denominado de dosmetro e este equipamento deve ser enviado

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    mensalmente para o CNEN para a aferio da quantidade de radiaes

    absorvidas no perodo.

    A unidade usada para exprimir as doses biolgicas resultantes daexposio s radiaes ionizantes denominada de rem(roentgen-equivalent-

    man) e existe uma Dose Mxima Permitida (DMP). Para o corpo, como um

    todo, a DMP de 0,1 rem/semana ou 5 rem/ano. Quando h ultrapassagem da

    DMP o pessoal que trabalha com radiaes X devem ser afastadas

    imediatamente do servio por um considervel perodo de tempo (geralmente

    no inferior a 6 meses).

    RADIOLOGIA RENAL

    ASPECTOS RADIOLGICOS NORMAIS

    Os rins so rgos pares que tm como principais funes a secreo

    da urina, a regulao da concentrao hdrica e salina do organismo e aremoo de substncias estranhas presentes na corrente sangnea.

    Estruturalmente, os rins esto formados pela crtex, pela medula, pela pelve e

    pelo hilo renal que, por possurem igual densidade radiolgica, no se

    diferenciam entre si nos exames radiolgicos simples, entretanto sero

    visualizadas quando do emprego de tcnicas radiogrficas contrastadas

    atravs de meios de contraste radiopacos, tambm chamados de meios de

    contraste positivos.

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    Fig. 10 - Esquema representativo da estrutura renal.

    Os rins se localizam um de cada lado da coluna vertebral,

    retroperitonealmente, na regio sublombar, palpveis atravs da paredeabdominal, so relativamente grandes e esto protegidos pelas vrtebras,

    costelas e msculos lombares.

    O rim direito no est sujeito a variaes significativas em seu posicionamento

    e, em caninos sadios, seu polo cranial est localizado ao nvel da ltima

    vrtebra torcica (T13) ou da primeira lombar (L1), inserido na depresso

    profunda do fgado, se relaciona, caudo dorsalmente, com os msculos

    sublombares e, caudo ventralmente, com o ramo direito do pncreas e oduodeno.

    O rim esquerdo, mais sujeito a variaes de posicionamento, em caninos

    sadios tem o seu polo cranial localizado ao nvel da segunda ou terceira

    vrtebras lombares ( L2 - 3). Cranialmente est em contato com o estmago e

    com a extremidade esquerda do pncreas, caudal e ventralmente com o colo

    descendente e dorsalmente com os msculos sublombares.

    Em felinos o polo cranial do rim direito est situado ao nvel da primeira at a

    quarta vrtebra lombar (L1 - 4) enquanto que o do rim esquerdo se situa ao nvel

    da segunda at a quinta vrtebra lombar (L2 - 5). As relaes topogrficas dos

    rins de felinos so praticamente as mesmas observadas nos caninos, porm

    apresentam-se bem mais mveis do que nos ces.

    Nos estudos radiolgicos Laterais do abdome de animais normais, tanto em

    ces como em gatos, o polo cranial do rim esquerdo estar sobreposicionado

    DIVERTCULO RENAL

    CORTEX RENAL

    MEDULA RENAL

    CPSULA RENAL

    GORDURA PERI RENAL

    PELVE RENAL

    ARTERIA RENAL

    VEIA RENAL

    URETER

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    ao polo caudal do rim direito e nas projees VentroDorsal (VD), o rim

    esquerdo encontra-se mais afastado da coluna vertebral que o rim direito.

    Fig. 12 - Representao esquemtica da localizao dos rins numa projeo

    VentroDorsal (VD)

    Fig. 13 - Urografia Excretora demonstrando a localizao dos rins na projeo

    VentroDorsal (VD).

    Fig. 14 - Representao esquemtica da localizao renal, numa projeo

    Lateral (Lat).

    E

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    Fig. 15 - Urografia Excretora demonstrando o posicionamento renal na projeo

    ltero lateral (Lat).

    RADIOLOGIA URETERAL

    ASPECTOS RADIOLGICOS NORMAIS

    Os ureteres so estruturas fibromusculares ocas que conectam os rins, a partir

    da pelve, com a bexiga, onde se inserem no trgono vesical. Em animais

    normais o seu dimetro distendido de 0,6 a 0,9 mm e, em ces de porte

    mdio, seu comprimento varia entre 12 a 16 cm.

    Ao exame radiolgico simples, os ureteres so imperceptveis e, para a sua

    avaliao, necessrio o emprego de tcnicas radiolgicas contrastadas.

    Quando da avaliao ureteral atravs da Urografia Excretora, tcnica

    radiolgica contrastada, deve-se ter presente que os ureteres apresentamperistaltismo para a conduo da urina e, portanto, podem ser observadas

    falhas no delineamento do rgo.

    As projees bsicas para o estudo radiolgico dos ureteres so as Laterais -

    esquerda ou direita - e a VentroDorsal. Como no caso do estudo renal, essas

    projees tambm podem ser realizadas com obliqidade, aps a avaliao

    atravs das projees bsicas.

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    Fig. 40 - Urografia Excretora, projeo lateral (Lat).

    Observar reas em que no h contraste devido ao peristaltismo.

    Fig. 41 - Urografia Excretora, projeo VentroDorsal (VD).

    Observar reas em que no h contraste devido ao peristaltismo.

    RADIOLOGIA DA BEXIGA

    ASPECTOS RADIOLGICOS NORMAIS

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    A bexiga um rgo musculomembranoso, oco e distendvel localizado na

    poro caudal do abdomem e que tem como funo primordial armazenar a

    urina produzida pelos rins.

    Normalmente, a bexiga possui a forma de uma pera invertida e podemos divid-

    la em trs regies: vrtice, sua regio cranial, corpo, a intermediria e colo, a

    caudal. A forma pode estar alterada em funo de processos, fisiolgicos ou

    patolgicos, que se desenvolvem na prpria bexiga ou em rgos adjacentes e

    que exercem presso sobre a mesma.

    Fig. 48 - Esquema representativo da bexiga numa projeo Lateral, onde:

    avrtice

    bcorpo

    ccolo

    dprstata

    ereto

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    Seu tamanho tambm varivel e est na dependncia da quantidade de urina

    armazenada. Segundo Miller; Christensen, Evans (1964), em um co normal,

    com aproximadamente 12 quilos, a bexiga pode medir cerca de 17,5 cm de

    dimetro e 18 cm de comprimento quando repleta e, quando contrada, 2 cm de

    dimetro e 3,2 cm de comprimento, sendo capaz de capaz de armazenar cerca

    de 100 a 120 ml sem haver uma distenso exagerada do rgo.

    As projees radiolgicas de eleio para a avaliao da bexiga so as

    Laterais - esquerda ou direita - e a VentroDorsal, sendo obrigatrio, como em

    todos os exames radiolgicos, a realizao de, no mnimo, 2 projees

    radiolgicas e que sejam perpendiculares entre si. D-se preferncia aprojeo VentroDorsal em relao a dorso ventral porque facilita a manipulao

    do paciente e, tambm, a sua conteno mais eficaz. Em alguns casos,

    principalmente quando o rgo se encontra repleto, ou suspeita de ruptura ou,

    ainda, na presena de ascite, recomendvel a realizao do exame na

    projeo lateral com o paciente em estao.

    Radiologicamente, a bexiga quando vazia imperceptvel ao exame radiolgico

    simples e, quando com contedo, apresenta-se com a densidade caracterstica

    de lquidos.

    O estudo radiolgico da bexiga inclui, alm dos exames simples, a realizao

    de tcnicas radiolgicas contrastadas denominadas de Cistografia, na qual

    utilizado meio de contraste radiopaco (positivo), Pneumocistografia, com meio

    de contraste radiolucente (negativo)e Cistografia de Duplo Contraste, onde os

    meios de contraste radiopaco e radiolucente so usados concomitantemente.

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    Fig. 51 - Pneumocistografia.

    Fig. 52 - Cistografia de duplo contraste.

    RADIOLOGIA DO SISTEMA GENITAL MASCULINO

    CONSIDERAES GERAIS

    Os rgos genitais masculinos, e suas patologias, no apresentam

    grande interesse sob o ponto de vista radiolgico uma vez que podem ser

    avaliados com maior preciso atravs de outros meios auxiliares de

    diagnstico, porm imagens fornecidas pelas alteraes da prstata, glndula

    acessria do sistema genital masculino, fazem com que o exame radiolgico se

    torne um dos principais meios auxiliares para o diagnstico das enfermidades

    prostticas. A uretra, rgo do sistema urinrio que tambm desempenha

    funes genitais nos machos, j teve suas alteraes estudadas quando dos

    aspectos radiolgicos do sistema urinrio e o osso peniano ser tratado na

    radiologia ssea.

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    PRSTATA

    A prstata uma glndula bilobulada, mpar e est localizada no limite da

    cavidade abdominal e a plvica, entre a bexiga e a uretra, cicundando a juno

    desses rgos. Sua funo a produo do lquido seminal que serve como

    meio de transporte e suporte para os espermatozides durante a ejaculao.

    O tamanho da prstata varivel com a raa, o tamanho e o peso

    corporal do animal. Em animais saudveis, seu tamanho maior cerca de 1,5vezes o tamanho do corpo de uma vrtebra lombar e em condies de

    normalidade no desloca nem o clon nem a bexiga de suas posies normais.

    No homem e nos caninos, por ao da testosterona, h um crescimento

    fisiolgico da prstata com o envelhecimento.

    O estudo radiolgico da prstata realizado atravs das projees

    Laterais e VentroDorsal da regio caudal abdominal. As sobreposies que

    ocorrem nos exames radiolgicos ventro dorsais dificultam a visualizao

    prosttica e, geralmente, nas projees Laterais obtemos informaes mais

    consistentes, mas isso no dispensa a realizao do exame radiolgico nas

    duas projees perpendiculares entre si. Radiografias em projees obliquas,

    laterais e ventro dorsais, podem, muitas vezes, serem necessrias para um

    radiodiagnstico mais acurado.

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    Fig. 69 - Esquema representativo da imagem da Prstata numa radiografia

    lateral.

    RADIOLOGIA DO SISTEMA GENITAL FEMININO

    INTRODU O

    O maior interesse da Radiologia envolvendo o Sistema Genital Feminino

    est ligado aos rgos com localizao abdominal e, entre esses, em especialo tero. Os rgos que permitem o seu acesso externo so avaliados de modo

    mais eficaz por outros meios auxiliares de diagnstico.

    Atualmente outros meios auxiliares de diagnstico, como por exemplo a

    Ultra Sonografia, para muitas alteraes uterinas fornecem dados mais

    conclusivos que o exame radiolgico. A Radiologia tem a sua maior

    contribuio nos nas fases finais da gestao, no parto e suas complicaes e,

    por esse motivo, que daremos nfase, nesse trabalho, a essas alteraes.

    PROJEES RADIOLGICAS

    Para o exame radiolgico dos rgos genitais necessrio a realizao

    de, no mnimo, duas projees radiolgicas perpendiculares entre si. D-se

    preferncia para as projees Laterais e VentroDorsal. Em muitas ocasies

    ser necessrio a realizao dessas projees com obliqidade.

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    Na maioria dos exames, as projees Laterais fornecem dados mais

    conclusivos que a VentroDorsal pois nessa as sobreposies que ocorrem

    normalmente entre os rgos abdominais dificultam a interpretao. Porm

    isso no excluiu a necessidade da realizao das duas projees, pois ambas

    se complementam entre si.

    TERO

    O tero o rgo genital feminino que apresenta maior interesse sob o

    ponto de vista radiolgico. Est localizado na regio caudal do abdome e

    consiste de 2 cornos, corpo e cervix. Em razo de seu tamanho e da sua

    densidade radiolgica ele no visualizado nos estudos radiolgicos simples

    de fmeas normais e que no estejam gestando. Seu tamanho e forma podem

    variar consideravelmente em razo da idade, do porte, e do nmero de

    gestaes ocorridas. Mesmo que esteja aumentado de volume, fisiolgica ou

    patologicamente, sua deteco radiolgica ser dificultada quando a bexiga

    estiver distendida ou houver contedo fecal nas alas intestinais.

    As projees radiolgicas para o estudo do tero so as Laterais e a

    VentroDorsal. As Laterais apresentam dados mais consistentes em razo de

    haver menos sobreposies que na VentroDorsal, porm tem a grande

    desvantagem de no informar o local exato da alterao. Como em qualquer

    estudo radiolgico, o radiodiagnstico s ser confivel com a avaliao das

    radiografias realizadas em ambas projees. Em algumas ocasies, para seobter informaes adicionais, ser necessrio a realizao dessas projees

    com obliqidade.

    Nas projees Laterais o tero aumentado de volume por razes no

    fisiolgicas pode ser observado entre reto e a bexiga. Quando houver

    gestao, geralmente, o tero se apresenta mais ventralmente e desloca alas

    intestinais e a bexiga no sentido cranial.

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    RADIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATRIO

    INTRODUO

    O estudo radiolgico dos rgos respiratrios tem grande importncia no

    auxlio ao diagnstico na clnica mdica de pequenos animais e, quando

    necessrio se lanar mo desse meio auxiliar de diagnstico, ele ocupa a 2

    posio em quantidade de exames, logo aps os exames realizados para o

    Sistema sseo/Articular.

    Mesmo com o avano da tecnologia e a introduo de outros meios

    auxiliares de diagnstico por imagem, a Radiologia ainda a que fornece

    melhores resultados quando se leva em conta a relao custo-benefcio. A

    utilizao de outros recursos por imagem deve ser considerada como

    procedimentos complementares e utilizados quando necessrios.

    O exame radiolgico dos rgos do Sistema Respiratrio, como de

    qualquer outro Sistema, no deve ser considerado como substituto para

    qualquer outro tipo de exame e a sua utilizao est recomendada quando h a

    necessidade de informaes especficas ou o estabelecimento de diagnsticos

    diferenciais.

    Os rgos respiratrios so estruturas que tem por finalidade transportar

    o ar desde o exterior at os alvolos, e vice versa, para que ocorra o processo

    da respirao. Isso lhes confere a peculiaridade de serem, radiograficamente,estruturas radiolucentes. Se, por um lado, tal peculiaridade pode facilitar a

    avaliao do Sistema Respiratrio, por outro torna-a, muitas vezes, mais

    complexa. Pequenas variaes na densidade radiogrfica so sinais indicativos

    de processos patolgicos instalados nesses rgos e isso obriga que a

    interpretao radiolgica seja a mais acurada possvel. esse fator de

    complexidade devemos somar ainda outros como a profundidade torcica, a

    pouca colaborao dos pacientes para conteno e imobilizao, movimentos

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    involuntrios cardacos e respiratrios e, muitas vezes, a pouca potencialidade

    da aparelhagem radiogrfica usada em Medicina Veterinria.

    POSICIONAMENTO DO PACIENTE E PROJEES RADIOGRFICASPARA O SISTEMA RESPIRATRIO

    O estudo radiogrfico do Sistema Respiratrio em nada difere do estudo

    de outros Sistemas no que diz respeito ao nmero mnimo de projees

    radiogrficas.

    Para o exame radiogrfico dos rgos respiratrios necessrio a realizao

    de, pelo menos, duas projees radiolgicas perpendiculares entre si, podendo

    em alguns casos ser necessrio a realizao de projees complementares

    para que se tenha um exame minimamente confivel.

    Para o estudo radiogrfico da Cavidade Nasal as projees radiogrficas

    indicadas so as Laterais (Lat.), esquerda ou direita, e a Dorsoventral (DV) com

    o chassi colocado intraoralmente ou a Ventrodorsal Oblqua com uma

    angulao de 20 no sentido rostocaudal ou anteroposterior, com o paciente de

    boca aberta.

    Fig. 1 - Projeo Lateral para o exame radiolgico da cavidade nasal de

    caninos.

    Raio

    Central

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    Fig. 2 - Projeo Dorsoventral com o chassi colocado intraoralmente.

    Fig. 3 - Projeo Ventrodorsal Oblqua com angulao de 20 no sentido

    rostocaudal.

    O estudo dos Seios Paranasais, principalmente dos Seios Frontais queso avaliados mais freqentemente, realizado pelas projees Laterais,

    Ventrodorsal e Anteroposterior (rostocaudal) da cabea, sendo que na

    projeo Ventrodorsal o estudo dificultado pelas sobreposies com a

    mandbula.

    Raio

    Central

    Raio

    Central

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    Fig. 4 - Projeo Anteroposterior para o estudo dos Seios Frontais.

    A Faringe/Laringe melhor estudada nas projees Lateral (Lat.) e

    Ventrodorsal (VD) que so as mesmas para as radiografias usadas para a

    traquia no seu trajeto cervical mudando, apenas, a incidncia do Raio Central.

    A Traquia, radiologicamente, estudada nas projees Lateral (Lat.) e

    Ventrodorsal (VD) nos seus trajetos cervical e torcico. De forma

    complementar, a projeo VD oblqua deve ser realizada quando houver

    necessidade de avaliar a traquia no sobreposicionada coluna vertebral ou

    ao esterno.

    Fig. 5 - Projeo lateral para o estuda da traquia no seu trajeto cervical.

    Raio

    Central

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    Fig. 6 - Projeo Ventrodorsal para o estudo da traquia

    no seu trajeto cervical.

    O posicionamento da cabea e do pescoo nas projees Lateral

    interferem no trajeto da traquia. Quando a radiografia realizada com o

    pescoo flexionado o trajeto traqueal estar anormal com deslocamento no

    sentido dorsal. Tal posicionamento poder acarretar falsas interpretaes caso

    no seja avaliado com toda a acuidade necessria.

    Fig. 7 - Efeito do posicionamento da cabea e do pescoo no trajeto traqueal,

    na projeo lateral.

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    Fig. 8 - Radiografias laterais torcicas.

    A - Cabea e pescoo flexionados levando ao desvio traqueal.

    B - Cabea e pescoo em posio normal e traquia com trajeto normal.

    Os Pulmes so avaliados radiograficamente pelas projees Laterais,

    esquerda ou direita, e pelas projees Ventrodorsal (VD) ou Dorsoventral (DV).

    Fig. 9 - Projeo Ventrodorsal para radiografias pulmonares.

    Observar que os membros anteriores esto estendidos.

    A B

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    Fig. 10 - Projeo Dorsoventral para radiografias pulmonares.

    Observar os membros anteriores e posteriores estendidos.

    Fig. 11 - Projeo lateral para radiografias pulmonares.

    Observar que os membros anteriores e

    posteriores se encontram estendidos.

    O Raio Central para o exame pulmonar deve incidir no 5 espao intercostal (aproximadamente na borda caudal da escpula) com o pescoo estendido

    naturalmente.

    Em toda a avaliao radiolgica do Sistema Respiratrio deve ser dada

    importncia para o posicionamento dos membros anteriores que devero estar

    paralelos e estendidos cranialmente. Os membros posteriores devem estar

    estendidos caudalmente e, tambm, paralelos.

    O fase respiratria importante para o estudo radiogrfico desse

    Sistema e, como rotina, as radiografias devem ser obtidas no pice da

    inspirao uma vez que favorecem o contraste entre as estruturas respiratrias

    e as no respiratrias. A fase respiratria facilmente detectada pelo

    posicionamento do diafragma.

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    EXPIRAO

    INSPIRAO

    Fig. 12 - Posicionamento diafragmtico de acordo com a fase respiratria,

    numa projeo lateral. Observar a diferena de radiolucncia entre a fase

    inspiratria e a expiratria.

    EXPIRAO

    INSPIRAO

    Fig. 13 - Posicionamento diafragmtico de acordo com a fase respiratria,

    numa projeo ventrodorsal ou dorsoventral

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    No posicionamento do paciente para o estudo radiogrfico nas projees

    laterais indispensvel que a coluna vertebral e o esterno estejam paralelosentre si e eqidistantes do filme radiogrfico. Isso obtido com sacos de areia

    ou cunhas de isopor apropriadas para auxiliar o posicionamento do animal.

    SINAIS RADIOGRFICOS DE POSICIONAMENTO DEFICIENTE

    Projeo Lateral (Lat.)

    -Articulaes costocondrais no sobreposicionadas.

    - Arcos dorsais das costelas em nveis diferenciados em cada hemi

    torx.

    - Corpos vertebrais no visualizados individualmente.

    Projeo Ventrodorsal (VD) ou Dorsoventral (DV)

    - Coluna vertebral e esterno no sobreposicionados.

    - Assimetria das cartilagens costais.

    - Tamanho das costelas de um hemi torx diferenciado das do colateral.

    O fator mais comum de baixa qualidade em radiografias do sistema respiratrio

    a mobilidade do paciente durante a exposio radiogrfica. Esses

    movimentos podem ser voluntrios (resistncia conteno) ou involuntrios

    (movimentos respiratrios e batimentos cardacos).

    Para minimizar os efeitos adversos determinados pelos movimentos

    cardio-respiratrios o melhor mtodo a utilizao de tempos de exposio

    extremamente curtos, porm isso est condicionado as caractersticas tcnicas

    da aparelhagem usada. Muitas vezes, em Medicina Veterinria, ao aparelhos

    de Raio X so um fator restritivo para obteno de radiografias de boa

    qualidade uma vez que no permitem a utilizao de curtssimos tempos de

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    exposio (1/20 - 1/60 segundos).

    O artifcio de suspender a respirao atravs do fechamento da boca e

    das narinas pode permitir paradas respiratrias em torno de 1-2 segundos e usado rotineiramente no cotidiano clnico/radiolgico, porm tal procedimento

    traz desconforto ao paciente que, ao procurar se livrar do incmodo, pode se

    agitar ainda mais.

    Caso o tempo de exposio tenha que ser longo (1 segundo) em razo

    das caractersticas da aparelhagem (baixa mA), as exposies devem ser

    realizadas nas pausas respiratrias verificadas ao final da expirao e da

    inspirao, quando o movimento respiratrio mnimo. Mesmo que a pausa

    respiratria da inspirao seja menor que a da expirao, ela a preferida

    devido ao maior volume de ar no interior dos pulmes e as suas benficas

    conseqncias radiogrficas.

    Outro fator determinante da qualidade radiogrfica o processo de

    revelao do filme radiogrfico. Substncias velhas, temperaturas acima ou

    abaixo dos 18 C, tempo de revelao aqum ou alm do normal, falta de

    remoo dos qumicos, entre outros fatores, interferem substancialmente na

    qualidade radiogrfica.

    A combinao cran/filme e o uso de grades antidifusoras sempre

    devem ser levadas em considerao nas radiografias torcicas. Recomenda-se

    o uso de crans e filmes de alta velocidade.

    Radiografias do Sistema Respiratrio feitas com o paciente sob o efeito

    de anestsicos podem se tornar um srio erro caso no haja uma adequada

    ventilao pulmonar. Na maioria dos animais, o volume pulmonar diminui sob o

    efeito dos anestsicos e disso resulta menor quantidade de ar no interior do

    parnquima pulmonar o que torna o campo pulmonar mais denso com perda de

    detalhe e contraste.

    ASPECTOS NORMAIS

    Os seios paranasais esto localizados nos ossos maxilar, etmide e

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    frontal. Os dois primeiros no so de fcil visualizao radiolgica em razo de

    suas diminutas dimenses. Os seios frontais, grandes, so facilmente

    visualizados acima das rbitas nas projees laterais. Caracterizam-se por sua

    radiolucncia.

    Fig. 19 - Seios frontais normais, projeo lateral.

    Fig. 20 - Seios frontais normais, projeo ventrodorsal.

    Fig. 21 - Seios frontais normais, projeo anteroposterior

    RADIOLOGIA DA LARINGE / FARINGE

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    A Laringe, rgo musculocartilaginoso relativamente curto e largo, situa-

    se, nas projees Laterais, ventralmente ao Atlas e ao xis e tem suas funesligadas aos processos respiratrios e de deglutio.

    Seu exame radiolgico, cuja a imagem normal radiolucente devido ao

    ar no seu interior e imagens radiopacas em razo dos ossos hiides e

    cartilagens, melhor realizado pelas projees Laterais. Na projeo

    Ventrodorsal ela estar sobreposta as vrtebras cervicais, o que dificulta a sua

    avaliao. Radiografias Ventrodorsais oblquas devem ser realizadas quando

    houver dvidas nas projees usadas na rotina inicial, porm necessrio ter

    presente que estas projees complementares causam significativas

    distores. Para a sua avaliao consistente obrigatrio a realizao das

    projees radiolgicas perpendiculares entre si.

    Fig. 25 - Esquema representativo das relaes da Laringe durante os

    processos de respirao (A) e deglutio (B).

    A maioria das anormalidades da Laringe so melhores diagnosticadas por

    outros mtodos auxiliares ao diagnstico, na maioria dos casos. A

    investigao para deteco de corpos estranhos a que apresenta maior

    incidncia em pequenos animais, porm, muitas vezes, o radiodiagnstico

    dificultado pela imagem dos ossos hiides e pelas cartilagens. No caso de

    corpos estranhos radiolucentes o radiodiagnstico ainda mais difcil de ser

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    definido.

    Fig. 26 - Radiografia Lateral da Laringe que tem o seu trajeto delineado por

    uma sonda endotraqueal.

    RADIOLOGIA DA TRAQUIA

    ASPECTOS NORMAISA Traquia um rgo tubular que se estende desde a Laringe at o 5

    espao intercostal onde se bifurca para dar origem aos brnquios principais.

    visvel radiologicamente em razo do ar que contem no seu interior.

    As projees de rotina para a avaliao traqueal so as Laterais e as

    Ventrodorsais (VD) ou as Dorsoventrais (DV).

    Nas projees Laterais, a Traquia corre paralela s vrtebras cervicais

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    e torcicas e na altura do 5 espao intercostal curva-se ventralmente,

    bifurcando-se ao nvel da base do corao. A bifurcao traqueal, denominada

    Carina Traqueal, manifesta-se como uma regio quase circular com marcada

    radiolucncia.

    Fig. 27 - Radiografia Lateral de um co normal demonstrando a imagem da

    traquia.

    rea demarcada: Carina Traqueal.

    Nas projees VD ou DV, a Traquia ir se apresentar sobreposta as

    vrtebras, cervicais e torcicas, e ao esterno o que dificulta a sua avaliao

    radiolgica.

    O dimetro da Traquia em animais normais relativamente uniforme

    em todo o seu trajeto, ligeiramente menor que ao da Laringe. No so

    observadas variaes significativas entre as fases respiratrias.

    Em sua composio tecidual a Traquia apresenta anis cartilaginosos que em

    animais jovens no so detectados radiologicamente. Com o avano da idade

    esses anis vo mineralizando, tornando-se radiopacos, o que no caracteriza

    um processo patolgico.

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    Fig. 28 - Radiografia Lateral de um canino com 10 anos de idade.

    Observar a radiopacidade dos anis traqueais.

    RADIOLOGIA DA RVORE BRONQUIAL

    A traquia ao se bifurcar d origem aos brnquios principais, direito e

    esquerdo, que, por sua vez, se ramificam e originam os brnquios lobares.

    Cada brnquio lobar origina brnquios que ventilam reas pulmonares

    independentes, chamadas de segmentos broncopulmonares. A diviso

    bronquial se continua at que o seu dimetro se reduz para 0,5 - 1,0 mm e,nesse nvel, as placas cartilaginosas desaparecem dando origem aos

    bronquolo terminal que demarca o final da parte condutora gasosa da rvore

    bronquial. Cada bronquolo terminal se divide em 2 bronquolos respiratrios

    que se ramificam at emitirem os ductos alveolares dos quais surgem os sacos

    alveolares e os alvolos, local onde ocorre as trocas gasosas do processo

    respiratrio.

    O exame radiolgico de rotina para o estudo da rvore bronquial

    realizado pelas projees Laterais e Ventrodorsal ou Dorsoventral do trax. A

    tcnica especial para a avaliao bronquial denomina-se de Broncografia e

    realizada com meios de contraste positivos.

    Os brnquios anatomicamente esto contornados por dois vasos

    sangneos: uma artria e uma veia. Este conjunto, quando visualizado

    radiologicamente, se mostra como uma linha radiolucente (brnquio) a qual

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    corre paralelamente duas linhas radiopacas (os vasos sangneos). Quando o

    raio central incide paralelamente ao trajeto do conjunto brnquio/vasos

    teremos, radiologicamente, um crculo radiolucente rodeado de dois crculos

    radiopacos.

    Fig. 33 - Representao esquemtica da rvore bronquial.

    Fig. 34 - Representao esquemtica do conjunto brnquio/vasos sangneos,

    onde:

    1Brnquio

    2 - Vasos sangneos.

    1

    2

    2

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    Fig. 35 - Detalhe radiolgico ampliado mostrando o conjunto brnquio/vasos.

    RADIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

    INTRODUO

    Mesmo com os avanos tecnolgicos registrados nos ltimos anos na

    rea dos meios auxiliares de diagnstico por imagem e com as restries

    impostas pelos mais variados fatores, a Radiologia ainda desempenha papel

    importante no estudo das alteraes que afetam o Sistema Cardiovascular dos

    animais de pequeno porte.

    Atravs dos exames radiolgicos podemos obter informaes concretas a

    respeito da forma, da localizao, do tamanho da silhueta cardaca, bem

    como de sua relao com estruturas orgnicas adjacentes.

    Neste texto iremos abordar os aspectos radiolgicos concernentes ao

    Sistema Cardiovascular que cotidianamente so objetos de estudo dos

    profissionais em seus locais de trabalho e onde enfrentam as mais variadas

    restries para obter imagens radiolgicas capazes de fornecer dados

    substanciais para elucidar a suspeita clnica.

    FATORES QUE LIMITAM O EXAME RADIOLGICO CARDIOVASCULAR EM

    MEDICINA VETERINRIA

    Uma aparelhagem radiolgica minimamente necessria para a obteno

    de estudos radiolgicos com qualidade suficiente para a avaliao aprofundada

    do Sistema Cardiovascular um dos principais fatores limitantes dasavaliaes cardiovasculares no cotidiano dos mdicos veterinrios que se

    dedicam a clnica de animais de pequeno porte devido ao seu alto custo.

    A aparelhagem radiolgica necessria para um exame de qualidade do

    Sistema Cardiovascular deve atender aos seguintes requisitos:

    a) fornecer, no mnimo, 100 Kv a 200-300 mA;

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    b) tempo de exposio igual ou menor que 1/60 (0,016) segundos;

    c) grade antidifusora de alta resoluo com um espaamento mnimo de

    103 linhas por 2,5 cm;

    d) tnel que permita a realizao de radiografias seqenciais (5-6

    radiografias por segundo)

    e) filmes e crans de alta resoluo e de alta velocidade, e

    f) processamento acurados das chapas radiogrficas.

    FATORES A SEREM OBSERVADOS QUANDO DO EXAME RADIOLGICO

    CARDIOVASCULAR EM MEDICINA VETERINRIA

    - DISTNCIA FOCO-FILME (DFF)

    Para minimizar as distores causadas pelo posicionamento anatmico

    do corao no interior da cavidade torcica necessrio que a DFF seja de 91

    cm. Pesquisas realizadas por diversos autores comprovam que DFF igual a

    100-120 cm resultam em um aumento aproximado de 6 mm na silhueta

    cardaca e que DFF menor que a preconizada provoca aumentos ainda

    maiores, induzindo o profissional a resultados falsos e comprometedores.

    - POSICIONAMENTO DO PACIENTE

    O posicionamento do paciente, para o qual os estudos iniciaram-se em

    1904 com Moritz, seja qual for a projeo a ser usada, vital para o exame

    radiolgico cardiovascular.

    Para o posicionamento correto do paciente sempre necessrio que se

    recorra ao uso de equipamentos auxiliares (sacos de areia, blocos de isopor,

    etc.). Quando o seu estado fsico permitir, devemos trabalhar com o paciente

    sob a ao de tranqilizantes, sedativos e, at mesmo, anestsicos gerais.

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    Nos decbitos dorsal e esternal, para a obteno das projees

    DorsoVentral (DV) e VentroDorsal (VD), o esterno e a coluna vertebral devero

    estar perfeitamente sobrepostos. Desvios superiores a 5 graus inviabilizaro a

    interpretao radiolgica pelas distores que causam na imagem da silhueta

    cardaca. Nos decbitos laterais, indispensvel que a coluna vertebral e o

    esterno estejam eqidistantes do filme radiogrfico.

    Em todas as projees indicadas para o exame radiolgico cardiovascular

    indispensvel que os membros anteriores estejam estendidos em direo

    cranial para reduzir os efeitos da sobreposio da escpula e da musculatura

    da regio sobre o campo pulmonar.

    PROJEES RADIOGRFICAS

    A rotina radiogrfica recomendada para a avaliao cardiovascular no que

    diz respeito ao nmero de projees no foge a regra geral: deve ser realizada

    por meio de, no mnimo, duas projees radiogrficas e estas necessariamente

    perpendiculares entre si. Em alguns casos clnicos poderemos realizar, alm

    das obrigatrias, projees oblquas com a finalidade de ressaltar detalhes

    anatomo-radiolgicos, porm. Quando da interpretao destas radiografias,

    devemos estar atentos s distores das imagens causadas pela obliqidade.

    PROJEES LATERAIS

    Segundo alguns autores, o uso da projeo Lateral Esquerda resulta em

    menores distores para a avaliao do posicionamento cardaco e, de acordo

    com outros, a projeo Lateral Direita superior a lateral Esquerda quando se

    quer avaliar o tamanho cardaco.

    As alteraes que ocorrem na imagem da silhueta cardaca pela utilizao

    da projeo Lateral Direita (paciente em decbito lateral esquerdo) ou pelo uso

    da projeo Lateral Esquerda (paciente em decbito lateral direito) so

    mnimas e irrelevantes para a avaliao radiolgica da silhueta cardaca. Assim

    sendo, podemos optar por qualquer uma delas para ser usada como rotina

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    radiogrfica cardiovascular.

    Para a obteno de uma radiografia correta nas projees Laterais o Raio

    Central deve incidir a nvel do 4 ou 5 espao intercostal e num pontoaproximadamente eqidistante da coluna vertebral e do esterno.

    Quando o posicionamento do paciente no for perfeito para estas

    projees ocorrero considerveis distores na imagem radiolgica da carina

    traqueal, dos grandes vasos intra torcicos e do contorno da silhueta cardaca.

    Fig. 1 - Radiografia Lateral de um canino com trax profundo e estreito,

    fase inspiratria, demonstrando um silhueta cardaca normal.

    - PROJEES DORSOVENTRAL (DV) / VENTRODORSAL (VD)

    A projeo DV (paciente em decbito esternal) a de eleio para o

    estudo radiolgico cardaco. Na projeo VD (paciente em decbito dorsal) o

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    pice cardaco, que se encontra livre no interior da cavidade torcica, tende a

    sofrer um movimento de rotao por ao da fora da gravidade, acarretando

    distores da silhueta cardaca e induzindo a falsos radiodiagnsticos.

    Nos pacientes em que a correo do posicionamento no decbito esternal

    seja difcil, pela conformao torcica do paciente, pela sua no colaborao

    durante a manipulao ou por ser contra indicado o uso de

    tranqilizantes/sedativos/anestsicos, o exame radiolgico deve ser realizado

    na projeo VD, tomando-se as devidas precaues quando da interpretao

    radiolgica .

    Alguns quadros clnicos requerem a realizao de exames radiolgicos

    continuados por algum perodo. Nestes casos necessrio que todos os

    exames sejam realizados nas mesmas condies do exame inicial (projees,

    regimes radiogrficos, etc.).

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    Fig. 2 - Radiografia DV do mesmo animal da Fig. 1,

    mesma fase respiratria, demonstrando uma silhueta cardaca normal.

    VARIAES RACIAIS

    Em razo dos trs tipos de conformao torcica a