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SAÚDE E SEGURANNÇA DO TRABALHADOR | CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS 839 POLICIA MILITAR DA PARAÍBA | CENTRO DE DUCAÇÃO Sumário Apresentação................................................................................................................................................. 843 Saúde física e psicológica no trabalho.......................................................................................................... 844 Estresse ocupacional do policial ................................................................................................................... 844 Mecanismos de alívio ou vazão do estresse ................................................................................................. 845 Cuidado com LER e DORT.............................................................................................................................. 846 Dicas para evitar lesões ............................................................................................................................. 847 Transtornos mentais e comportamentais ..................................................................................................... 848 Lista de Transtornos Mentais e Comportamentais - Portaria/MS N.° 1.339/1999 ..................................... 849 Alcoolismo crônico ........................................................................................................................................ 849 Episódios depressivos.................................................................................................................................... 850 Estado de estresse pós-traumático............................................................................................................... 850 Sintomas para diagnóstico: ........................................................................................................................... 851 Neurastenia (inclui síndrome de fadiga) ....................................................................................................... 851 Outros transtornos neuróticos especificados ............................................................................................... 852 Transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores não orgânicos ................................................................... 852 Sensação de estar acabado (síndrome de burn-out) ........................................................................................ 852 Doenças e controle........................................................................................................................................ 853 Hipertensão arterial ...................................................................................................................................... 853 Para controlar a hipertensão é preciso mudar o estilo de vida. Veja: ...................................................... 853 Diabetes ......................................................................................................................................................... 854 Os tipos de diabetes .................................................................................................................................. 854 A realidade dos trabalhadores de segurança pública ................................................................................... 854 Tratamento de uma doença relacionada ao trabalho .............................................................................. 855

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Sumário Apresentação ................................................................................................................................................. 843

Saúde física e psicológica no trabalho .......................................................................................................... 844

Estresse ocupacional do policial ................................................................................................................... 844

Mecanismos de alívio ou vazão do estresse ................................................................................................. 845

Cuidado com LER e DORT.............................................................................................................................. 846

Dicas para evitar lesões ............................................................................................................................. 847

Transtornos mentais e comportamentais ..................................................................................................... 848

Lista de Transtornos Mentais e Comportamentais - Portaria/MS N.° 1.339/1999 ..................................... 849

Alcoolismo crônico ........................................................................................................................................ 849

Episódios depressivos .................................................................................................................................... 850

Estado de estresse pós-traumático ............................................................................................................... 850

Sintomas para diagnóstico: ........................................................................................................................... 851

Neurastenia (inclui síndrome de fadiga) ....................................................................................................... 851

Outros transtornos neuróticos especificados ............................................................................................... 852

Transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores não orgânicos ................................................................... 852

Sensação de estar acabado (síndrome de burn-out) ........................................................................................ 852

Doenças e controle ........................................................................................................................................ 853

Hipertensão arterial ...................................................................................................................................... 853

Para controlar a hipertensão é preciso mudar o estilo de vida. Veja: ...................................................... 853

Diabetes ......................................................................................................................................................... 854

Os tipos de diabetes .................................................................................................................................. 854

A realidade dos trabalhadores de segurança pública ................................................................................... 854

Tratamento de uma doença relacionada ao trabalho .............................................................................. 855

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Segurança no Trabalho .................................................................................................................................. 855

Acidentes do Trabalho ................................................................................................................................... 856

Equipamento de Proteção Individual ............................................................................................................ 857

Luvas .......................................................................................................................................................... 857

Colete Balístico .......................................................................................................................................... 857

Arma e coldre ............................................................................................................................................ 857

Capacete Policial ........................................................................................................................................ 858

Protetor Auricular ...................................................................................................................................... 858

Algemas ..................................................................................................................................................... 858

Prevenção e Controle de Riscos ................................................................................................................ 858

Riscos Técnicos .......................................................................................................................................... 859

Prevenção contra o incêndio ........................................................................................................................ 859

Todos os locais de trabalho deverão possuir: ......................................................................................... 859

Dicas de segurança .................................................................................................................................... 860

Máscara ..................................................................................................................................................... 860

Ergonomia nos Quartéis e Seções ................................................................................................................. 860

Responsabilidade nos acidentes do trabalho ............................................................................................... 861

Legitimidade para representar o acidentado perante à autoridade policial ................................................ 861

Providências da autoridade policial na investigação do acidente do trabalho ........................................... 861

Referências Bibliográficas .............................................................................................................................. 865

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Adaptação baseada no Manual elaborado pelo

Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas - Sindpol

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Apresentação

A saúde é um direito fundamental previsto na Constituição Federal e também abrange as condições de vida no trabalho. Essas condições incluem os aspectos de bem-estar, da garantia da saúde e segurança física, mental, social e da capacitação para realizar tarefas com segurança e bom uso da energia pessoal. Para que haja saúde no contexto do trabalho, há que ser preservado esse leque de situações. O estresse, muitas vezes relegado a uma condição mais simples de afetação de saúde, na verdade é um verdadeiro vilão. Em princípio ele não é uma doença, é apenas a preparação do organismo para lidar com as situações da vida no dia a dia, mas o excesso do estresse é que pode resultar em consequências danosas e ameaçadoras ao adequado funcionamento do organismo humano. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirma que o estresse profissional é uma das maiores ameaças à saúde deste século. Nesse contexto o trabalhador sofre muito, em especial os que atuam em funções normalmente propensas a situações de tensão, a exemplo dos profissionais de segurança pública. A atividade policial é uma das que mais sofrem de estresse decorrente das funções inerentes ao cargo, pois o uso da arma de fogo, a frequente intervenção dos profissionais em situações críticas, a sobrecarga de atividades, os momentos de sobressaltos e pressão, o grande risco de vida leva-os a viver sob intensa angústia. As circunstâncias vividas pelos policiais são complexas e desgastantes, exigem resposta rápida, controle de emoções e muitas vezes faltam recursos materiais e tecnológicos necessários à realização do trabalho ou estes são disponibilizados de forma precária. Foi devido a essa preocupação com a saúde e a segurança do profissional de segurança pública que foi preparado esse material informativo, cujo objetivo é esclarecer o assunto e mostrar ao trabalhador policial como sua saúde pode ser afetada por problemas no trabalho e como isso pode ser evitado.

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Saúde física e psicológica no trabalho

O trabalho ocupa parte significativa do tempo de nossas vidas, pois grande parte do número de horas do dia é dedicada à atividade laboral e isso termina por influenciar toda a nossa vida fora do ambiente em que trabalhamos, incluindo relacionamentos com familiares,companheiros e amigos. O trabalho também é um lugar importante de investimento afetivo das pessoas, muitos trabalhadores constroem relações afetivas com a atividade que desenvolve, com o ambiente e com os companheiros de trabalho. Por isso, há o reconhecimento do papel do trabalho na determinação do agravamento e evolução da saúde ou do adoecimento dos trabalhadores, não apenas no aspecto físico, mas também no âmbito psicológico. Boa parte da vida do profissional de segurança pública é dedicada ao trabalho, portanto, as atividades policiais são complexas, o ambiente por muitas vezes é estressante e as cobranças são inúmeras. Trabalhar em Segurança Pública e Defesa Social por si só já é um risco à saúde do indivíduo, visto que essas profissões são consideradas “perigosas”. O policial trabalha com vários tipos de limitações, na maior parte das vezes ligadas às questões humana e material. Geralmente é um profissional que trabalha no pico do estresse por ter que cuidar e proteger os outros, mas não tem quem cuide dele e quem o proteja, porém, é uma pessoa que sofre as mesmas necessidades, os mesmos anseios e portanto, merece e deve ser cuidado e ter o seu direito à saúde e qualidade de vida providenciado pelo Estado. Além dos males físicos, ao se falar da saúde do profissional de segurança pública, há que se levar em consideração também o que interfere negativamente no seu aspecto psicológico, pois o estado emocional desse profissional reflete, inclusive, na sua situação física. A professora de Educação Física Débora Toledo Viana, que trabalha e pesquisa sobre a saúde do profissional de segurança pública, em estudo recente, destacou que: “O policial trabalha entre a crueldade e a bondade, o ódio e o amor, a vingança e o perdão, a punição e a impunidade, a injustiça e o direito, a dor e a alegria, a prisão e a liberdade, a discriminação e a igualdade. Vive em eterna contradição.” Essa contradição citada, pode causar uma desestruturação emocional no policial, inclusive o adoecendo.

Estresse ocupacional do policial

O estresse ocupacional é a condição mental e física que afeta a produtividade, a eficácia, a saúde pessoal e a qualidade do trabalho. Refere-se às situações em que o trabalhador percebe seu ambiente de trabalho como ameaçador para suas necessidades de realização pessoal e profissional e/ou a sua saúde física ou mental.

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A interação do trabalhador com o trabalho e com o ambiente de trabalho pode ficar comprometida à medida em que este ambiente contenha demandas excessivas ou não disponha de recursos adequados para o exercício profissional.

Falta de perspectiva de crescimento; Monotonia; Tarefas repetitivas ou desinteressantes; Excesso de trabalho; Tarefas realizadas em condições inadequadas; Interferência do trabalho na vida particular do trabalhador; Insegurança no trabalho; Sensação de insuficiência profissional; Frustrações; Depressão; Desavenças e conflitos; Liderança autoritária; Execução de tarefas sobre pressão;

Excesso de trabalho.

O estresse ocupacional é um dos grandes causadores das doenças que mais provocam afastamento do trabalho, tais como: doenças cardiovasculares, hipertensão, afecções mus- culoesqueléticas, úlcera péptica, doenças inflamatórias intestinais, desordens da coluna, ombro e pescoço, absenteísmo, cefaleia, problemas gástricos, desordens do sono, irritabilidade, perda de concentração, LER/DORT e baixa resistência imunológica. Causa também exaustão física, falta de atenção e deficiência de concentração, sendo um dos maiores responsáveis por acidentes de trabalho.

Mecanismos de alívio ou vazão do estresse

Reconhecer limites: Aceitar que não pode, por si próprio, resolver um problema que está além do controle pessoal. Compartilhar o estresse: Conversar a respeito das preocupações que causam a sensação estressante. Praticar exercícios: Reduzir a pressão com exercícios ou atividades físicas e esportivas. Como uma das formas de reduzir o estresse. Reservar um tempo para a diversão: O lazer pode ser tão importante para a saúde quanto as condições necessárias ao trabalho ou um medicamento. A diversão faz parte de uma vida saudável. Alimentar-se bem: Dentre as doenças relacionadas ao estresse estão as doenças do trato gastrointestinal, portanto, para combater o estresse também é preciso uma mudança nos hábitos alimentares e a busca por um estilo de vida mais saudável. Uma alimentação equilibrada e a prática de exercício físico ajudam bastante. Dormir bem: Durante o sono, nosso organismo produz hormônios como a melatonina. A queda desse hormônio é um dos fatores do envelhecimento precoce, da insônia, do cansaço contínuo, da depressão, entre outros problemas.

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Quando estamos estressados e dormimos mal, o corpo aumenta os radicais livres que debilitam nosso sistema imunológico, fazendo com que sejam consumidos mais nutrientes em busca do equilíbrio.

Cuidado com LER e DORT

LER e DORT são as siglas para Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, sendo doenças caracterizadas pelo desgaste de estruturas do sistema musculoesquelético que atingem várias categorias profissionais. Diferentemente do que ocorre com doenças não ocupacionais, as doenças relacionadas ao trabalho têm implicações legais que atingem a vida dos pacientes. O seu reconhecimento é regido por normas e legislações específicas a fim de garantir a saúde e os direitos do trabalhador. A LER é uma lesão causada pelo desempenho de atividade repetitiva e contínua. É relacionada com a atividade da pessoa e também pode ser entendida como uma doença ocupacional. Ela ocorre sempre que houver incom- patibilidade entre os requisitos físicos da atividade ou tarefa e a capacidade física do corpo humano. As L E R / D O R T também s ã o associadas a riscos ergonômicos que podem ser encontrados em ocupações diversas: esforço físico intenso, posturas desconfortáveis, pressão mecânica localizada sobre algum segmento, vibrações, temperaturas extremas, movimentos repetitivos e trabalho muscularestático. Muitos desses distúrbios são associados a demandas físicas excessivas e decorrem de deficiência de equipamentos, ferramentas e métodos de trabalho. A digitação intensiva é uma das causas mais comuns da incidência da LER. A estruturação do trabalho pode ter impactos diferentes em indivíduos expostos a situações laborais semelhantes, sendo a explicação para esse fato associada aos fatores psicossociais do trabalho. Os fatores psicossociais são definidos como as percepções subjetivas que o trabalhador tem dos fatores da organização do trabalho, como as repercussões individuais relativas à carreira, à carga e ao ritmo de trabalho. Se a percepção for negativa, podem-se observar reações geradoras de problemas físicos, como a tensão muscular ou a produção elevada de catecolaminas e hidrocortisona. Pausa É preciso proporcionar um alívio para os grupos musculares que estão sendo mais exigidos. A recuperação de fadiga com o estabelecimento de pausas durante a jornada de trabalho, com intervalos entre as jornadas ou com redução da jornada diária de trabalho, é um importante elemento para a prevenção de distúrbios osteomusculares e de acidentes de trabalho ainda que haja discussão e dissenso sobre tempos e a forma de estabelecer as pausas. É fundamental que, no cumprimento de suas funções, os trabalhadores tenham seus limites respeitados e que esse espaço compartilhado por todos seja entendido como um espaço de todos, e que a parcela de saber e as características de cada um possam ser expressas, ouvidas e relevadas quando operações forem estabelecidas, tudo isso a fim de evitar as doenças do trabalho.

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As queixas mais comuns do portador de LER - DORT são :

Dor localizada, irradiada ou generalizada; Desconforto; Fadiga; Sensação de peso; Formigamento;

Dormência; Sensação de diminuição de força; Inchaço; Enrijecimento muscular; Choques nos membros; Falta de firmeza nas mãos.

Dicas para evitar lesões

A cada 25 minutos de trabalho de digitação, deve ser feita uma parada de 5 minutos; A cada uma hora de digitação, deve-se sair da cadeira e movimentar-se; Beber água regularmente ao longo do dia; Ao digitar, manter as plantas dos pés totalmente apoiadas no chão e ter uma postura adequada, com ombros relaxados, pulsos retos e costas apoiadas no encosto da cadeira; Manter um ângulo reto entre as costas e o assento de sua cadeira; A cadeira deve ser do tipo ajustável para a altura em relação à mesa de trabalho, e o encosto deve prover suporte integral para suas costas. O assento da cadeira deve se ajustar à pessoa e nunca deverá tocar a parte interna de seus joelhos, pois se isto ocorrer poderá afetar a circulação do sangue nas pernas. O apoio de braços para cadeira é ergonomicamente questionável, no entanto, se desejá-los, certifique-se de que os apoios não estão muito próximos ou muito afastados; muito baixos ou muito altos; Não utilizar apoio de pulso durante a digitação, pois se assim o fizer estará correndo o risco de provocar compressão nos nervos do pulso (túnel do carpo); a digitação deve ser feita com os pulsos ligeiramente levantados. Os apoios de pulso são projetados para permitir o repouso confortável do pulso durante as "pausas"; O monitor do computador deve estar a uma distancia mínima de 50 e máxima de 70 centímetros, ou de maneira prática a uma distância equivalente ao comprimento de seu braço. A regulagem da altura da tela deve ser tal que se situe entre 15 e 30 graus abaixo de sua linha reta de visão.

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PREVENÇÃO: Sendo assim, antes de julgarmos aqueles nossos colegas afastados pelos Transtornos Mentais relacionados ao trabalho, devemos nos lembrar de que qualquer um pode passar a sofrer desses males. Para prevenir esse problema no ambiente de trabalho, devemos construir políticas que iniciem uma avaliação criteriosa dos setores e pessoas que necessitam de intervenção, identificando os principais problemas e coletando indicadores dos fatores de grupos de risco. A partir deste ponto, é importante que seja feito um bom diagnóstico, com entrevistas individuais e testes psicológicos, além de campanhas educativas e informativas.

Transtornos mentais e comportamentais

Alguns estudos têm estabelecido claramente a relação entre trabalho e desgastes à saúde mental. Como desgastes, incluem-se o mal-estar e a tensão no trabalho. É notório que o autoritarismo, o estresse, a tensão, as pressões e a carência de pessoal e material ocorrem diariamente na relação de trabalho dos profissionais de segurança pública. É importante entender que estes elementos não são naturais e que o quadro pode se agravar e trazer perda e redução da capacidade para o trabalho. Além da repercussão sobre a saúde mental, esses elementos interferem na organização do trabalho com reflexos e consequências no cotidiano extra trabalho, nos modos de viver, na família e em todas as relações humanas. Os transtornos mentais e comportamentais podem produzir invalidez temporária ou permanente para o trabalho e geram sentimento de impotência, de incapacidade em relação ao futuro, dificuldade em lidar com a “invisibilidade” da doença e com preconceito dos colegas de trabalho, da família e de outros profissionais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo inteiro mais de 400 milhões de pessoas são afetadas por transtornos mentais ou comportamentais, com 23 milhões somente no Brasil. Por essa razão, os problemas de saúde mental já ocupam cinco posições no ranking das dez principais causas de incapacidade para o trabalho e representam um fenômeno mundial. O Ministério da Saúde estima que cerca de 9% da população geral, em todas as faixas etárias, necessita de cuidados em saúde mental, na forma de consulta médico-psicológica, em função de transtornos mentais considerados leves. Além disso, cerca de 3% da população geral, em todas as faixas etárias, necessita de cuidados contínuos em saúde mental, em função de transtornos mentais severos e persistentes (psicoses, neuroses graves etc.). Em um universo cada vez mais caótico em que as pessoas têm menos tempo para cuidar da sua qualidade de vida e em que se passa mais tempo no local de trabalho do que em casa, nada mais natural que os ditos Transtornos Mentais relacionados ao trabalho acometam uma parcela significativa da população. Segundo pesquisa realizada por uma equipe médica da USP (Universidade de São Paulo), especializada em medicina do trabalho, um ambiente de trabalho que oferece pouco apoio social, altos níveis de cobranças, baixo controle sobre as tarefas e recompensas insuficientes são as principais causas de afastamentos de profissionais. Por outro lado, além da pressão e da falta de condições laborais, a má remuneração e a falta de recompensa fidedigna à dedicação do trabalhador são fatores que estimulam um quadro de problemas mentais, acompanhado de possíveis ameaças e de assédio moral. A violência no local de trabalho é outro forte fator gerador de distúrbios mentais.

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Quando as relações interpessoais são negativas e de baixo nível de consideração e confiança, a probabilidade do ambiente ser estressante e negativo aumenta.

Lista de Transtornos Mentais e Comportamentais -

Portaria/MS N.° 1.339/1999

Demência em outras doenças Demência é conceituada como síndrome, geralmente crônica e progressiva, devido a uma patologia encefálica, de caráter adquirido, na qual se verificam diversas deficiências das funções corticais superiores, incluindo: memória, pensamento, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprender, linguagem e julgamento. Pode estar associada a inúmeras doenças que atingem primária ou secundariamente o cérebro, entre elas, epilepsia, alcoolismo, hipotireoidismo adquirido e lúpus eritematoso sistêmico. Transtorno cognitivo leve O comprometimento cognitivo leve (ou CCL) é um quadro que pode trazer prejuízos à memória, à capacidade de raciocínio e a outras capacidades neurológicas. Delirium, não-sobreposto à demência Delirium é uma síndrome caracterizada por rebaixamento do nível de consciência com distúrbio da orientação (no tempo e no espaço) e da atenção (hipovigilância e hipotenacidade), associada ao comprometimento global das funções cognitivas. Geralmente, o delirium tem um início súbito (em horas ou dias), um curso breve e flutuante e uma melhora rápida assim que o fator causador é identificado e corrigido. Transtorno orgânico de personalidade Transtorno mental orgânico ou Transtorno orgânico de personalidade sintomático não especificado é conceituado como a alteração de Este agrupamento compreende uma personalidade e do comportamento que série de transtornos mentais reunidos aparece como um transtorno tendo em comum uma etiologia concomitante ou residual de uma doença, demonstrável tal como doença ou lesão lesão ou disfunção cerebral ou outra disfunção cerebral.

Alcoolismo crônico

O alcoolismo se refere a um modo crônico e continuado de usar bebidas alcoólicas, caracterizado pelo descontrole periódico deste tipo de ingestão. A perturbação do controle de ingestão de álcool caracteriza-se por ser contínua ou periódica e por distorções do pensamento, caracteristicamente a negação. O trabalho é considerado um dos fatores psicossociais de risco para o alcoolismo crônico, pode ser desencadeado devido a uma prática "defensiva" (como meio de inclusão no grupo), ou como a forma de viabilizar o próprio trabalho, em decorrência dos efeitos farmacológicos próprios do álcool (calmante, estimulante, relaxante, indutor do sono e anestésico). Entre as profissões mais acometidas por esse tipo de problema destaca-se a de policial.

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O alcoolismo crônico pode estar associado com o aparecimento de delírio, demência, demência induzida pelo álcool, transtorno amnésico induzido pelo álcool e transtorno psicótico induzido pelo álcool.

Quadro clínico pode ser diagnosticado por:

Forte desejo ou compulsão de consumir álcool em situações de forte tensão presente ou gerada pelo trabalho;

Comprometimento da capacidade de controlar o comportamento de uso da substância; Abstinência quando o uso do álcool é reduzido ou interrompido; Tolerância aos efeitos da substância; Redução ou abandono de importantes prazeres ou interesses alternativos por causa do uso do álcool.

TRATAMENTO PREVENÇÃO

O tratamento do alcoolismo crônico envolve múltiplas estratégias terapêuticas que implicam muitas vezes, em mudanças na situação de trabalho. Abordagem multidisciplinar com psicoterapia, farmacológico, grupos de ajuda mútua, recursos de centro de atenção diária.

Inserir programas que identificam, nas situações de trabalho e do cotidiano da vida, os aspectos organizacionais e ambientais relacionados ao risco alcoólico, procurando implementar ações para transformá-los.

Episódios depressivos

Os episódios depressivos caracterizam-se por humor triste, perda do Interesse e prazer nas atividades cotidianas, sendo comum uma sensação de fadiga aumentada. O paciente pode se queixar de dificuldade de concentração, pode apresentar baixa autoestima e autoconfiança, desesperança, ideias de culpa e inutilidade; visões pessimistas do futuro e ideias suicidas. Geralmente, o sono encontra-se perturbado, corriqueiramente por insônia. A pessoa se queixa de diminuição do apetite, geralmente com perda de peso. Sintomas de ansiedade são muito frequentes. A angústia tende a ser tipicamente mais intensa pela manhã. As alterações da psicomotricidade podem variar da lentidão à agitação.

Estado de estresse pós-traumático

O transtorno do estresse pós- traumático (TEPT) é um distúrbio da ansiedade caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas físicos, psíquicos e emocionais em decorrência de o portador ter sido vítima ou testemunha de atos violentos ou de situações traumáticas que, em geral, representaram ameaça à sua vida ou à vida de terceiros.

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Quando se recorda do fato, ele revive o episódio, como se estivesse ocorrendo naquele momento e com a mesma sensação de dor e sofrimento. Essa recordação desencadeia alterações neurofisiológicas e mentais. É um transtorno prevalente, crônico, incapacitante, resistente ao tratamento e pouco diagnosticado. Está associado ao alcoolismo, suicídio, insatisfação no trabalho, absenteísmo e aposentadoria precoce. O manual do Ministério da Saúde é enfático ao dizer que a prevenção do estado de estresse pós-traumático relacionado ao trabalho envolve uma complexa rede de medidas de prevenção de acidentes, segurança e promoção de condições de trabalho, incluindo condições organizacionais de trabalho que respeitem a subjetividade dos trabalhadores. As pessoas em situação de estresse pós- traumático necessitam de uma atenção cuidadosa, pois o impacto da experiência pode afetar a qualidade de diversos aspectos de sua vida dali em diante. É necessário a intervenção profissional para que a pessoa possa superar a situação e continuar seu processo de vida de modo mais saudável.

Sintomas para diagnóstico:

Principais sintomas que pode auxiliar no diagnóstico: - Recordações como flashbacks ou sonhos constantes do fato traumático; - Extrema dificuldade de responder aos estímulos do ambiente; - Necessidade de afastamento social ou falta de vontade de realizar atividades que eram prazerosas antes do episódio traumático; - Comportamento marcado pelo medo e fuga de situações ou locais que lembrem a situação traumática; - Crises dramáticas e agudas de medo, pânico ou agressão desencadeadas por estímulos que despertam recordação do fato traumatizante; - Impossibilidade de relaxar, estar sempre excessivamente atento; - Insônia; - Depressão e ansiedade; Uso excessivo de álcool e outras drogas, podendo ser ansiolítica para reduzir a ansiedade ou indutores de sono para evitar a insônia.

Neurastenia (inclui síndrome de fadiga)

A característica mais marcante da síndrome de fadiga relacionada ao trabalho é a presença de fadiga constante, acumulada ao longo de meses ou anos em situações de trabalho em que não há oportunidade de se obter descanso necessário e suficiente. A fadiga é referida pelo paciente como sendo constante, como acordar cansado, simultaneamente física e mentalmente, caracterizando uma fadiga geral. Outras manifestações importantes são: má qualidade do sono, dificuldade de aprofundar o sono, despertares frequentes durante a noite, especificamente insônia inicial, dificuldade para adormecer, irritabilidade, falta de paciência e desânimo. Outros sintomas que podem fazer parte da síndrome são: dores de cabeça, dores musculares (geralmente nos músculos mais utilizados no trabalho), perda do apetite e mal-estar geral.

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Outros transtornos neuróticos especificados

O grupo “outros transtornos neuróticos especificados” inclui transtornos mistos de comportamento, crenças e emoções que têm uma associação estreita com uma determinada cultura. A categoria neurose profissional é definida como uma afecção psicógena persistente, na qual os sintomas são expressão simbólica de um conflito psíquico, cujo desenvolvimento encontra- se vinculado a uma determinada situação organizacional ou profissional. A neurose profissional apresenta três formas clínicas: Neurose Profissional Atual: neurose traumática, reativa a um trauma atual. Psiconeurose Profissional: quando uma dada situação de trabalho funciona como desencadeante, reativando conflitos que permaneciam no inconsciente. Neurose de Excelência: desenvolvida a partir de certas situações organizacionais que conduzem a processos de estafa em pessoas que investem intensamente seus esforços e ideais em determinada atividade.

Transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores não orgânicos

O transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores não orgânicos é definido como uma perda de sincronia entre o ciclo vigília-sono do indivíduo e o ciclo vigília- sono socialmente estabelecido como normal, resultando em queixas de insônia, interrupção precoce do sono ou de sonolência excessiva. O transtorno do ciclo vigília-sono relacionado ao trabalho pode ser incluído nessa categoria, uma vez que, por definição, é determinado pela jornada de trabalho à noite em regime fixo ou pela alternância de horários diurnos, vespertinos e/ou noturnos, em regime de revezamento de turnos.

Sensação de estar acabado (síndrome de burn-out)

A sensação de estar acabado ou síndrome do esgotamento profissional é um tipo de resposta prolongada a estressores emocionais e interpessoais crônicos no trabalho. Tem sido descrita como resultante da vivência profissional em um contexto de relações sociais complexas. O trabalhador que antes era muito envolvido afetivamente com o seu trabalho, desgasta-se e, em um dado momento, desiste e perde a energia. A síndrome de esgotamento profissional é composta por três elementos centrais: Exaustão emocional - sentimentos de desgaste emocional e esvaziamento afetivo; Despersonalização - reação negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do público que deveria receber os serviços ou cuidados; Diminuição do envolvimento pessoal no trabalho - sentimento de diminuição de competência e de sucesso no trabalho.

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Doenças e controle

A profissão de risco, como a dos policiais, carrega uma alta carga de estresse. Por isso, obser va-se com frequência alta taxa de alcoolismo, de doenças emocionais e de tabagismo, o que aumenta a chance de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Essas doenças representam a primeira causa de morte na faixa a partir de 40 anos. Os principais fatores de riscos das doenças cardiovasculares são controláveis: Diabetes melito: pode ser controlado com dieta e medicamentos. Hipertensão arterial sistêmica (HAS): pode ser controlada com dieta adequada, exercícios e uso de medicamentos conforme a necessidade. Dislipidemia (elevação de gordura do sangue – colesterol e triglicerídeos): pode ser controlada com dieta, exercício e medicações apropriadas. Sedentarismo e obesidade: podem ser combatidos com programas de exercícios simples como caminhada, ginástica e com dietas adequadas.

Hipertensão arterial

O coração funciona como uma bomba que faz o sangue circular em todo o corpo. Quando está relaxado, ele se enche de sangue trazido pelas veias e, quando se contrai, “empurra” o sangue para as artérias. As artérias oferecem certa resistência a essa circulação de sangue, e é isso que gera a pressão arterial. O coração precisa vencer essa pressão, fazendo mais força para que o sangue possa circular e chegar a todos os órgãos do corpo. A hipertensão arterial ocorre devido a fatores genéticos e biológicos. Dentre os quais, o consumo exagerado de sal na alimentação, a falta de exercícios físicos, a incapacidade de relaxar, a dificuldade de lidar com o estresse, o uso de alguns medicamentos e a obesidade aumentam o risco do indivíduo se tornar hipertenso. Sintomas

Desconfortos como dor de cabeça, formigamento das mãos e hemorragia nasal só ocorrem em situações muito graves ou quando a pressão alta já perdurou por muito tempo. Esse quadro pode desencadear complicações sérias, como enfarte, derrames, problemas dos rins. Uma maneira de identificar a pressão alta é verificá-la regularmente. Deve ter valores inferiores a 140x90 mmHg (14 por 9) confirmado em, no mínimo, duas mensurações. Nos casos de risco, como diabetes e doença renal, o recomendado é que a pressão arterial seja inferior a 130x80 mmHg (13 por 8).

Para controlar a hipertensão é preciso mudar o estilo de vida. Veja:

Mantenha o peso adequado; e, se necessário, mude a alimentação; Não abuse do sal. A dica é utilizar outros temperos que ressaltam o sabor dos alimentos; Pratique atividade física;

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Aproveite momentos de lazer para relaxar; Para aqueles que fumam, a recomendação é abandonar o fumo; Evite o consumo de bebida alcoólica; Evite alimentos gordurosos.

Diabetes

O diabetes é uma enfermidade que provoca o aumento da quantidade de açúcar (glicose) no sangue por falta absoluta ou relativa de insulina. O ser humano transforma grande parte dos alimentos ingeridos em glicose. Essa glicose é transportada no sangue até as células, nas quais será usada como fonte de energia. Para facilitar esse transporte, o corpo humano produz uma substância chamada insulina. Quando se tem diabete, o corpo não produz insulina ou não produz o suficiente, ou ainda a insulina produzida não funciona adequadamente. Daí o aumento da quantidade de glicose no sangue. Sintomas Cansaço, perda de peso, sede, necessidade frequente de urinar e visão turva. Com o tempo, podem surgir sérios problemas nos olhos - levando até a cegueira -, nos nervos, no coração, nos pés, nas artérias e nas veias.

Os tipos de diabetes:

Diabete do tipo I – A falta de insulina ou sua produção insuficiente pelo corpo obriga a pessoa a aplicar insulina. Diabete do tipo II – Pessoas que produzem insulina que não funciona de forma adequada. É exigido alimentação adequada, exercícios físicos, controle de peso e, em alguns casos, medicamentos que ajudam no controle da diabete.

A realidade dos trabalhadores de segurança pública

A realidade vivida pelos trabalhadores da segurança pública com relação às condições de saúde e segurança no trabalho é desanimadora. É necessário que os órgãos policiais tomem a iniciativa junto às esferas superiores do Poder Público para a elaboração de uma política eficaz e permanente, objetivando atacar, na sua origem, as fontes de pressão, causadoras de doenças vinculadas especialmente à saúde mental dos policiais. Os problemas de saúde causam o absenteísmo e este faz com que instituições tenham uma redução substancial no efetivo disponível para o atendimento das suas demandas e, consequente, a população também acaba sofrendo os reflexos de todo esse processo.

Principais elementos associados a um trabalho mais saudável

Controle do ritmo de trabalho pelo(a) próprio(a) trabalhador(a); o Enriquecimento das tarefas, não permitindo um trabalho fragmentado;

Eliminação das horas extras;

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Aumento do número de pausas durante a jornada de trabalho; Adequação ergonômica dos mobiliários e equipamentos do posto de trabalho; Ambiente de trabalho com temperatura, ruído e iluminação adequados ao bem estar dos(as)

trabalhadores(as); Desenvolvimento de atividade de trabalho que recuperem a potencialidade intelectual do

trabalhador(a) e garantam espaço para a criatividade; Desenvolvimento de sistemas de orientação e incentivo aos trabalhadores; Melhoria das relações de trabalho entre colegas e chefias; Aperfeiçoamento profissional; Redução da divisão hierárquica do trabalho; Eliminação do autoritarismo nas relações de trabalho, dentre outros aspectos.

Tratamento de uma doença relacionada ao trabalho

No início dos primeiros sintomas, o(a) profissional de segurança pública deve procurar um médico de sua confiança, que possa, durante a consulta clínica, recuperar sua história de trabalho para dialogar sobre os sintomas, quando e como começou, onde e como se trabalha. Após a avaliação médica, havendo suspeita e/ou comprovação da doença como relacionada ao trabalho, o médico deve fazer um laudo detalhado especificando essa relação (nexo casual). O médico deve também fornecer um atestado médico para afastamento do trabalho até a melhora dos sintomas, propor mudanças na organização do trabalho e solicitar a notificação da doença como Acidente em Serviço, no órgão de origem do trabalhador. Como o tratamento do transtorno à saúde relacionado ao trabalho, em geral, requer longos períodos para a plena reabilitação dos(as) policiais, é de suma relevância que seja abordada numa perspectiva interdisciplinar, com a participação de outros profissionais da saúde, tais como fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, enfermeiro, assistente social, psicólogo, entre outros. Tratamentos complementares como a acupuntura,a R P G (Reeducação Postural Global), ginástica laboral e a massoterapia também podem ser indicados. Durante o tratamento é importante evitar a exposição aos fatores no trabalho que causaram o adoecimento. Por isso, é muito importante que o(a) trabalhador(a) se afaste da sua função ou a exerça de outro jeito, assim os resultados do tratamento serão melhores.

Segurança no Trabalho

A Segurança no Trabalho corresponde ao conjunto de ciências e tecnologias que tem por objetivo proteger o trabalhador em seu ambiente de trabalho, buscando minimizar e/ou evitar acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Assim, dentre as principais atividades da segurança do trabalho, podemos citar a prevenção

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de acidentes, a promoção da saúde e a prevenção de incêndios. Pelo artigo 19 da Lei n° 8.213/91, dos Planos de Benefícios da Previdência Social, o "acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço do empresa ou exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. De 390.422 acidentes contabilizados, em 2011 pelo MTE, 25% corresponderam a acidentes com profissionais da área de segurança. As áreas do corpo mais atingidas são mãos, palmas ou dedos (1/3 dos acidentes). A maioria tem causa na má integração entre policial, tarefa e ambiente de trabalho, sendo, portanto, fundamental uma boa adequação do ambiente com as tarefas (incluindo organização e planejamento prévio do local de acordo com a missão) e o máximo respeito às normas de segurança. Como base para implementação das medidas de segurança, as empresas brasileiras inclusive as instituições públicas, são obrigadas dentre outras práticas a realizar o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), que objetiva preservar a saúde e integridade do trabalhador por meio da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle de riscos ambientais existentes ou passíveis de ocorrer; além de fornecer gratuitamente equipamentos individuais e coletivos de proteção (EPI e EPC) de acordo com o risco de cada tarefa desenvolvida, bem como orientar, treinar e fiscalizar o uso correto, para que atinjam o fim de proteger a saúde e integridade física do trabalhador da exposição a agentes físicos, químicos e biológicos presentes no ambiente. A melhor maneira de evitar acidente é a prática de conduta prevencionista, entendida como a ação de evitar ou diminuir os riscos profissionais por meio de uma série de medidas tomadas em todas as fases do trabalho, eliminando na fonte as causas dos acidentes.

Acidentes do Trabalho

Em seu conceito devem estar presentes a subtaneidade da causa (o que não foi programado) e o resultado imediato, ao contrário das doenças que possuem progressividade. O ponto de distinção básico é que na doença profissional o fator determinante é a atividade, enquanto na doença do trabalho a relevância está nas condições sem que a atividade é exercida. A lei considera que o empregado encontra-se no exercício do trabalho quando ele está nos períodos destinados à refeição ou descanso ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este. Logo, será acidente do trabalho o ocorrido nesses períodos. Doenças do trabalho - Chamadas mesopatias - são aquelas que não têm no trabalho sua causa única ou exclusiva. A doença resulta de condições especiais em que o trabalho é executado (pneumopatias, tuberculose, bronquites, sinusite etc.). As condições excepcionais ou especiais do trabalho determinam a quebra da resistência

orgânica fazendo eclodir ou agravar a doença. Doenças profissionais ou tecnopatias - Têm no trabalho a sua causa única, eficiente por sua própria natureza, ou seja, a insalubridade. São doenças típicas de algumas atividades (silicose, leucopenia, tenossinovite etc.).

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Equipamento de Proteção Individual

Na Polícia, o uso do equipamento de proteção individual (EPI) é de grande importância e sua utilização é vital, devendo ser utilizado em qualquer lugar em que o policial desempenhe suas funções. Numa operação, o Policial deverá observar o tipo de calçado que será utilizado. Jamais deverá ser usar calçado aberto ou de tiras. De preferência deverá optar por coturno meio cano, pois são confortáveis, leves e resistentes. Não pode o policial relaxar no que diz respeito aos óculos de segurança. Recomenda-se, os de lentes endurecidas, resistentes aos impactos e que proteja dos raios solares.

Luvas

As luvas, mesmo em regiões quentes, como o Nordeste, devem ser usadas no manuseio com arma longa. Já para uma revista domiciliar, a luva apropriada é a do tipo cirúrgica, pois, quando o policial realiza uma revista durante a busca e apreensão não deixará sobre os móveis e utensílios as suas digitais.

Colete Balístico

O Policial em momento algum poderá deixar de proteger seu corpo. Se o Policial encontra-se num confronto, um dos mais importantes equipamentos é o colete balístico. Para o correto uso desse equipamento, é necessário observar algumas recomendações:

O prazo de vencimento do refil do colete; Se a classificação é adequada para uso policial; O tamanho do colete; Se é destinado ao sexo masculino ou feminino; Se o refil não está deformado pelo uso e/ou armazenamento

inadequado; Se o velcro ainda tem aderência; Os coletes quando não utilizados, devem ser pendurados com auxílio de cabides, com o objetivo de

evitar rugas e deformações, podendo causar perda de proteção; Nunca devem ser deixados sobre bancos de viaturas, expostos diretamente ao sol; Nunca ser guardado enquanto está úmido em consequência de uma lavagem ou da transpiração, a

fim de evitar o aparecimento de mofo.

Arma e coldre

A arma é um instrumento de trabalho e de proteção.

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Tem que estar em perfeita condição de uso, e as munições na validade. O coldre possui a função operacional no momento da retenção do armamento com respectivo travamento, durante o saque ou no recoldreamento durante o momento da ação policial.

Capacete Policial

Ainda perdura o mito de que o uso do capacete em operações policiais é destinado exclusivamente aos militares. Com o passar do tempo, não só as Forças Armadas e Forças Auxiliares sentiram a necessidade do uso do capacete de aço quando da realização das operações. As Polícias Judiciárias do Brasil logo perceberam que o uso deste EPI é importante, principalmente quando há confrontos em regiões de grotas e morros, pois, se bem ajustado e em perfeito estado de uso, poderá salvar vidas.

Protetor Auricular

A audição deve ser bem cuidada seja no stand, ou na vida normal do Policial, pois estamos em um mundo ruidoso. Não podemos vê-los, porém sabemos que os sons inconvenientes estão presentes em nossas vidas. No ambiente de trabalho, a exposição é frequente aos ruídos de alta intensidade, vão abruptamente em alguns casos, ou gradativamente em outros, reduzindo nossa habilidade auditiva por meio de um processo irreversível.

Algemas

São utilizadas para imobilização e condução de pessoas que estão sob a proteção do Policial. Se utilizada de forma incorreta, ou seja, quando se algema uma pessoa com as mãos para a frente, elas poderão ser utilizadas como armas contra o Policial, numa tentativa de estrangulamento.

Prevenção e Controle de Riscos

Podemos definir a ameaça ou risco na Segurança Pública como um evento capaz de produzir perdas reais e mensuráveis por um padrão comum, definido pela instituição, podendo ser desde a vida de um policial ao desgaste da imagem dela perante o público.

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É importante ressaltar que o risco sempre estará presente, podendo haver baixo ou alto nível de perigo, dependendo das medidas de segurança existentes. Os riscos humanos são aqueles provenientes da ação direta, voluntária ou involuntária dos policiais.

Riscos Técnicos

Os riscos técnicos são os oriundos da falha de equipamentos combinado com a falha humana, como consequência direta explosões e incêndios, a exemplo da explosão da Divisão Especial de Investigação e Capturas (DEIC) em Maceió, que vitimou policiais civis. Origens dos riscos técnicos: má manutenção, má utilização, armazenamento indevido de materiais explosivos e inflamáveis e falha técnica. Viaturas

Em geral, as polícias brasileiras utilizam veículos comuns, que são adaptados ao serviço sem a devida preocupação com a principal máquina, o ser humano. Principalmente o policial que é transportado nos bancos traseiros, logo de imediato, sofre com dores nas costas e nas articulações. Obedecendo as Resoluções do CONTRAN nº 409, 413, 435/13 e 472/14; e as normas de segurança, é preciso que o policial possua o curso Condutores de Veículos de Emergência – CVE.

Prevenção contra o incêndio

Independentemente do tamanho e proporção que atinge, um incêndio sempre traz prejuízos materiais e pessoais. A prevenção é sempre a melhor escolha. A maioria dos incêndios ocorridos em instituições de segurança resulta diretamente da má utilização e/ou conservação das instalações elétricas. Cabe ao responsável pela segurança orgânica levantar as áreas consideradas críticas, ou com maior probabilidade para ocorrência de tais eventos. Na área da informática, os riscos técnicos são, também, oriundos da falha de equipamento e dos improvisos, tendo como consequência direta, além de incêndio e explosões, interrupções, oscilações elétricas, falha de climatização, umidade etc.

Todos os locais de trabalho deverão possuir:

Proteção contra incêndio; Saídas suficientes para a rápida retirada do pessoal em serviço, em caso de incêndio; Equipamento suficiente para combater o fogo em seu início;

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Pessoas preparadas para uso correto de equipamentos contra incêndio. A largura mínima das aberturas de saída deverá ser de 1,20m; O sentido de abertura da porta não poderá ser para o interior do local de trabalho; Todas as escadas, plataformas e patamares deverão ser feitos com materiais incombustíveis e resistentes ao fogo.

Dicas de segurança

Não fume próximo a produtos inflamáveis; Cuide bem da manutenção da rede elétrica; Respeite a sinalização indicativa de combate e ação em casos de incêndios; Não obstrua o acesso aos corredores de passagem de emergência e escadas; Não fume próximo a produtos inflamáveis; Não sobrecarregue as tomadas; Substitua os extintores avariados; Mantenha os extintores com carga de água longe dos equipamentos; energizados e produtos

químicos in- flamáveis; Mantenha os materiais combustíveis em local seguro; Não improvise, na dúvida procure opinião especializada. Nunca obstrua o acesso aos extintores.

Lembre-se: Os primeiros minutos são os mais importantes no combate a incêndio, quanto mais demorar em combater, maior a chance de que ele fique incontrolável.

Máscara

A máscara respiratória é equipamento de proteção individual indispensável. Sua utilização promove a separação de diversas partículas nocivas ao corpo humano, tal como vapores orgânicos, fumaças e gases potencialmente maléficos à saúde. O uso é apropriado aos locais de crime em ambiente que não há ventilação ou precária passagem de pessoas.

Ergonomia nos Quartéis e Seções

Os policiais que laboram nos quartéis e seções, muito têm reclamado de dores, principalmente nas costas. Mas as tendinites têm sido campeãs em afastamentos para tratamento de saúde. Na maioria dos setores, os móveis são improvisados, não se adequando às necessidades exigidas pela NR-17, ocasionando o crescimento do exército de policiais com dores nas costas.

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O mais grave é que apenas 28% das polícias brasileiras oferecem aos seus policiais a prática da ginástica laboral.

Responsabilidade nos acidentes do trabalho

Quando ocorre um acidente do trabalho, o fato tem repercussões no âmbito penal, civil, previdenciário e trabalhista, respondendo cada um que para ele concorra, na medida de sua participação.

Legitimidade para representar o acidentado perante à autoridade policial

O próprio acidentado, se puder se locomover até o distrito ou delegacia; Seus familiares: pai, mãe, irmão, esposa o qualquer outro parente que possa assumir a responsabilidade pela comunicação do acidente quando o acidentado estiver impossibilitado de fazê-lo; Um colega de trabalho; Os sindicatos de classe.

Providências da autoridade policial na investigação do acidente do

trabalho

Registrar a ocorrência, fazendo constar no histórico minucioso relato dos fatos, devendo ainda requisitar as imprescindíveis perícias junto ao IC e IML. Quando da elaboração da requisição para exame de corpo de delito ou necroscópico, mencionar no histórico a natureza do acidente e as circunstâncias em que se verificou. Comparecer ao local dos fatos. Se possível, acompanhar as perícias, entrevistar testemunhas. Quando da oitiva da vítima, questioná-la sobre: Se estão sendo submetidos a exame médico periódico. Se estão sendo devidamente treinados. Se é comum o desvio de função. Turno e horário de trabalho. Se a vítima do acidente era qualificada para exercer aquelas funções. Se a vítima do acidente recebeu assistência médica. Qual o tempo de experiência da vítima na função. Se anteriormente a vítima sofreu acidentes semelhantes, quais as medidas tomadas pela instituição para prevenir a reincidência. Se existiam medidas ou equipamentos de segurança que não foram utilizados, e que poderiam evitar o acidente.

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Medidas para a melhoria das condições de saúde e segurança do trabalho Criação, no ambiente de trabalho, de serviços de assistência psicossocial, constituídos por equipes multidisciplinares de médicos, enfermeiros, psicólogos, sociólogos, odontólogos, assistentes sociais e psiquiatras, com vistas à recuperação dos policiais, especialmente dos portadores de depressão e dependentes de substâncias químicas. Prover as condições básicas de atendimento à saúde do trabalhador e de seus dependentes. Criar uma cultura de prevenção no ambiente de trabalho e organizar sistema integrado para o monitoramento e a ambientais, de saúde e de segurança do trabalho. Respeitar a jornada semanal de trabalho de 40 horas. Fornecer equipamentos de trabalho condizentes com a função (armamento, viaturas, coletes, vestuário, comunicação, proteção individual e coletiva), observando os aspectos de conforto e segurança, bem como adequar as instalações físicas às atividades de segurança pública, inclusive do ponto de vista sanitário. Instituir uma política governamental que garanta assistência aos familiares dos policiais em caso de óbito em serviço, além de possibilitar a estes a contratação de seguro de vida junto às seguradoras. Oferecer assistência jurídica do Estado, nos casos de incidentes em razão de serviço. Garantir um piso salarial, condizente avaliação das condições destinado a facilitar a aquisição de moradia e a retirar os policiais que moram em áreas de risco. Revisar os regulamentos disciplinares, bem como o sistema organizacional dos órgãos de segurança, adequando-os à ordem democrática vigente. Reestruturar as carreiras, de modo a oferecer aos policiais um sistema que propicie aos mesmos ingressarem pela base e alcançar cargos de comando, como forma de resgate de autoestima e aumento de produtividade. Revisar a grade curricular dos cursos de formação das academias de polícia, com a inclusão de disciplinas que abordem saúde e segurança do trabalho, relações humanas, direitos humanos e gerenciamento de crises. Incrementar programas de treinamento e reciclagem de policiais, com a profissão. Criar um programa habitacional

Principais artigos sobre saúde no Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Paraíba

LEI No. 3.909, DE 14 DE JULHO DE 1977 (DOE de 20/07/77) TÍTULO III DOS DIREITOS E DAS PRERROGATIVAS DOS POLICIAIS MILITARES CAPÍTULO I DOS DIREITOS SEÇÃO III DAS FÉRIAS E OUTROS AFASTAMENTOS TEMPORÁRIOS DO SERVIÇO SEÇÃO IV DAS LICENÇAS

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Art. 64 - A licença é a autorização para, afastamento total do serviço, em caráter temporário concedida ao policial militar, obedecidas às disposições legais e regulamentares. Parágrafo 1º - A licença pode ser: a) especial; b) para tratar de interesse particular; c) para tratar de saúde de pessoa da família; e d) para tratamento de saúde própria. (*) Ver decreto nº. 6017, de 20/02/76. Parágrafo 2º - A remuneração do policial-militar, quando no gozo de qualquer das licenças constantes no parágrafo anterior, será regulada em legislação peculiar. (*)Ver Lei nº. 4.410, de 12/08/82; Art. 65 - A licença especial é a autorização para,afastamento total do serviço, relativa a cada decênio de tempo de efetivo serviço prestado, concedida ao policial militar que a requerer, sem que implique qualquer restrição para sua carreira. Parágrafo 1º - A licença especial tem a duração de 06 (seis) meses, podendo ser parcelados em 02 (dois) ou 03 (três) meses por ano civil, quando solicitado pelo interessado e julgado conveniente pelo Comandante-Geral da Corporação. Parágrafo 2º - O período de licença especial não interrompe a contagem do tempo de efetivo serviço. Parágrafo 3º - Os períodos de licença especial não gozadas pelo policial-militar são computados em dobro para fins exclusivos de contagem de tempo para a passagem para a inatividade. Parágrafo 4º - A licença especial não é prejudicada pelo gozo anterior de qualquer licença para tratamento de saúde e para que sejam cumpridos atos de serviço, bem como não anula o direito àquelas licenças. Parágrafo 5º - Uma vez concedida a licença especial, o policial militar será exonerado do cargo ou dispensado do exercício das funções que exercee ficará a disposição do órgão de pessoal da Polícia Militar. Parágrafo 6º - A concessão de licença especial é regulada pelo Comandante-Geral da Polícia Militar, de acordo com o interesse do serviço. Art. 66 - A licença para tratar de interesse particular é a autorização para o afastamento total do serviço, concedido ao policial-militar com mais de 10 (dez) anos de efetivo serviço, que a requerer com aquela finalidade. Parágrafo 1º - A licença será concedida, com prejuízo de remuneração e da contagem de tempo de efetivo serviço. Parágrafo 2º - A concessão de licença para tratar de interesse particular é regulada pelo Comandante-Geral da Policia Militar, de acordo com o interesse do serviço. TÍTULO IV DAS DISPOSIÇÕES DIVERSAS CAPÍTULO I DAS SITUAÇÕES ESPECIAIS

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SEÇÃO I DA AGREGAÇÃO Art. 75 - A agregação é a situação na qual o policial militar da ativa-deixa de ocupar vaga na escala hierárquica do seu Quadro, nela permanecendo sem número. Parágrafo 1º - O policial militar deve ser agregado quando: b) aguardar transferência "ex-officio" para a reserva remunerada, por ter sido enquadrado em quaisquer dos requisitos que a motivam; e III. Haver ultrapassado 01 (um) ano contínuo de licença para tratamento de saúde própria; IV - Haver ultrapassado 06 (seis) meses contínuos de licença para tratar de interesse particular; V - Haver ultrapassado 06 (seis) meses contínuos de licença para tratamento de pessoa da família; CAPÍTULO II Do Tempo de Serviço Art. 121 - Tempo de efetivo serviço é o espaço de tempo computado dia a dia, entre a data de inclusão e a data limite estabelecida para a contagem ou data de desligamento do serviço ativo, mesmo que tal espaço de tempo seja parcelado. Art. 122 - "Anos de Serviço" é a expressão que designa o tempo de efetivo serviço a que se- refere o artigo 121 e seus parágrafos, com os seguintes acréscimos: Parágrafo 4º - Não é computável para efeito algum, o tempo: a) Que ultrapassar de 01 (um) ano, contínua ou não, em licença para tratamento de saúde de pessoa da família; Art. 123 - 0 tempo que a policial militar viero passar do exercício de suas funções, em conseqüência de ferimentos recebidos em acidente quando em serviço, na manutenção da ordem pública ou de moléstia adquirida no exercício de qualquer função policial-militar, será computado como se ele o tivesse passado no exercício daquelas funções. CAPITULO IV DAS RECOMPENSAS E DAS DISPENSAS DE SERVIÇO Art. 130 - As recompensas constituem reconhecimentos dos bons serviços prestados pelos policiais militares. Parágrafo 1º - São recompensas policiais militares: a) ...; b) ...; c) ...; e d) dispensa do serviço. Art. 131 - As dispensas do serviço são autorizações concedidas aos policiais militares para afastamento total do serviço, em caráter temporário:

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I - ...; II - ...; e III - em decorrência de prescrição médica. Parágrafo Único - As dispensas do serviço serão concedidas com a remuneração integral e computadas como tempo de serviço efetivo.

Referências Bibliográficas

DIAS, E.C. Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados ao Trabalho. In: Dias EC, ALMEIDA IM, et al. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Editora MS, DF, 2001: 161 – 194. LEITE, R. A. e TESSELE, Edison. Proposta para elaboração de uma política governamental de saúde e segurança do trabalho nas instituições policiais. 2004. SANTOS, L. B. Transtornos Mentais relacionados ao trabalho: é tão incomum assim? Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Espaço e Saúde, 2013. Cartilha ‘‘Do que adoecem os(as) trabalhadores (as) do judiciário?’’ Sindjus-AL, 2011. Organização Mundial da Saúde. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas; 1997. Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). Regulamento dos benefícios da previdência social. Decreto nº 2172 de 05/03/1997. Ministério da Saúde. Lista de doenças relacionadas ao trabalho. Brasília: Ministério da Saúde; 2000. Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. Academia de Polícia Civil de Alagoas – Apocal. Curso de Formação de Agente de Polícia, Escrivão de Polícia e Delegado de Polícia. Instrutores: Adjer Fernandes, Jackson Cabral e Socorro Alécio. 2013/2014. Lei Nr. 3.909, de 14 de julho de 1977. Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Paraíba. Publicado em DOE datado de 20/07/77.