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XXI 31 18/02/2013 Superintendência de Comunicação Integrada CLIPPING Nesta edição: Clipping Geral Meio Ambiente Procon-MG Saúde Destaques: Ministério Público escolhe indicado - p. 01 STJ enquadra o uso de “grampos” nos processos - p. 10 MMX ameaça “enxugar” fonte de água da RMBH - P. 12

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Clipping Geral e Espec. Eletrônico

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XXI

31

18/02/2013

Superintendência de Comunicação Integrada

CLIPPINGNesta edição:

Clipping GeralMeio Ambiente

Procon-MGSaúde

Destaques:

Ministério Público escolhe indicado - p. 01

STJ enquadra o uso de “grampos” nos processos - p. 10

MMX ameaça “enxugar” fonte de água da RMBH - P. 12

metro - mg - p. 03 - 18.02.2013

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Brasília. A passagem da Lei de Acesso à Informação pelo Congresso inspirou projetos recentemente apresentados por de-putados e senadores. Em 2012, ano que a lei entrou em vigor, triplicou o número de proposições que abordam mecanismos de transparência de órgãos públicos ou formas de acesso a dados do governo, assuntos raramente lembrados até então.

No ano passado, 18 projetos de lei ou Propostas de Emendas à Constituição (PECs) foram apresentados - cinco no Senado e 13 na Câmara. O número é pequeno diante dos cerca de 2.600 textos protocolados nas duas Casas, mas mostra que o tema já não passa despercebido.Em 2008, por exemplo, um ano antes de o projeto da Lei de Acesso entrar na pauta da Câmara, apenas duas matérias relacionadas ao tema foram apresentadas. Em 2012, das 18 propo-

sições, dez foram consideradas relevantes para garantir o acesso a informações na avaliação de especialistas.

O deputado Jesus Rodrigues (PT-PI) propôs normas específi-cas para a divulgação de atos dos governos estaduais e municipais, detalhamento ainda não previsto na legislação atual.

Os partidos que mais apresentaram projetos foram o PT (6), o PMDB (4) e o PSB (2). Todos ainda estão em tramitação. Sete dos 18 projetos sugerem mais rigor na publicidade dos gastos dos governos com publicidade e ONGs.

Autor de um deles, o deputado Mendes Thame (PSDB-SP) propõe alteração na chamada Lei de Licitações para incluir a obri-gatoriedade de publicação de contratos firmados por órgãos públi-cos também na internet, e não somente no “Diário Oficial”.

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Brasília. Levantamento realizado pelo Supremo Tribunal Fe-deral (STF) mostra que mais de 425 mil processos judiciais estão parados em 14 tribunais do país à espera de decisões da Suprema Corte. Os dados foram atualizados em janeiro deste ano e fazem parte das estatísticas sobre ações que tiveram repercussão geral reconhecida.

Quando um tema alvo de muitos questionamentos judiciais chega ao Supremo, a Corte pode definir que há repercussão geral, ou seja, que a decisão tomada pelo plenário deve ser seguida nas instâncias inferiores. Com isso, os processos sobre o assunto ficam sobrestados (paralisados) até que o STF decida.

Na próxima quarta-feira, o Supremo volta a analisar proces-sos com repercussão geral. Durante todo o segundo semestre de 2012, o tribunal esteve dedicado ao processo do mensalão.Estão na pauta da próxima sessão o processo que pede a validade da

revisão da aposentadoria e outro que definirá de quem é a compe-tência para julgar processos sobre previdência privada.

Segundo o ministro Marco Aurélio Mello, a definição de pro-cessos desse tipo é uma preocupação para o tribunal. “Processos versando sobre a mesma matéria nos tribunais do país estão so-brestados, e as partes aguardando decisão do Supremo”, destacou Marco Aurélio.

previdência é prioridadeBrasília. Dos 425.199 processos parados nos 14 tribunais,

cerca de 500 se referem à aposentadoria. Outras 9.700 ações abor-dam a competência de tribunais sobre a previdência privada.

Nesta semana, o Supremo pode julgar um recurso da Funda-ção Petrobras de Seguridade Social que questiona a competência do Tribunal Superior do Trabalho para decidir sobre a previdência privada.

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Balanço

Projetos propõem mais rigor para a Lei de Acesso

retomada - Lentidão da Suprema Corte paralisa 425 mil processos

Tribunais de todo o país aguardam do STF decisões de repercussão geralSupremo Tribunal Federal volta ao trabalho com pauta repleta

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o estado do maranhão/ imirante - onLine | poLêmica | ma - 18 de fevereiro de 2013associação do ministério publico

‘Não somos inimigos da polícia, mas defendemos a parceria nas investigações’

Afirmação é do presidente da Ampem, José Augusto Cutrim, que conclama imprensa e sociedade para discussão da PEC 37.

SÃO LUÍS - Promotores e procuradores maranhenses se re-únem na manhã desta segunda-feira (18), para avaliar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 37de 2011, que garante inves-tigação criminal à polícia. De autoria do deputado Lourival Men-des (PtdoB-MA), a PEC acrescenta um parágrafo ao artigo 144 da Constituição Federal, estabelecendo que a apuração das infrações penais sera competência privativa das polícias federal e civil. A PEC foi aprovada pela Câmara dos Deputados, em novembro do ano passado.

A PEC causou descontentamento aos promotores e procura-dores de todo o país que se mobilizam para chamar atenção da sociedade. Em São Luís, a reunião ocorre com a presença da im-prensa, na sede da Associação do Ministério Público do Maranhão (Ampem).

Em entrevista à rádio Mirante AM, o presidente da Associa-ção do Ministério Público do Estado do Maranhão (Ampem), José Augusto Cutrim, destacou a importância do Ministério Público

nas investigações criminais. Disse, ainda, que é importante que o assunto seja levado ao conhecimento da sociedade para que ela possa decidir.

- O Ministério Público não é contra o trabalho de investiga-ção da polícia. Nós somos parceiros da polícia. Defendemos ape-nas que as investigações sejam feitas em conjunto para dar mais fluidez e maior transparência. O que na verdade está se colocando, não é só tirar o poder do MP, mas o do Banco Central, a CPI e a própria imprensa. Todos ficarão proíbidos de investigar. Estamos aqui (hoje) para discutir de forma séria e equilibrada essa questão. E convocamos à imprensa para que ela seja o elo para que o nosso movimento sobre essa emenda constitucional tenha o envolvimen-to da sociedade - defende.

O presidente da Ampem garantiu que a luta da categoria não se resume a essa reunião. Os promotores e procuradores voltam a se reunir em março, em São Luís. Em abril, o assunto será discuti-do por promotores e procuradores de todo o país em Brasília.

FABIANO MAISON-NAVE ENVIADO ESPE-CIAL A FLORIANÓPOLIS

O morro do Horácio, na região central de Florianó-polis, em pouco se asseme-lha às favelas de São Paulo e Rio. Sem barracos, tem asfalto e transporte público, embora sofra com o forne-cimento de água, que chega encanada.

Mas é ali o ponto mais crítico do narcotráfico na capital catarinense, vítima, nos últimos anos, do próprio sucesso como destino turís-tico e como cidade com alta qualidade de vida acima da média nacional.

A partir dos anos 1990, Florianópolis ganhou proje-ção nacional, atraindo no-vos moradores e turistas. O resultado foi que, em duas décadas, a população quase duplicou, passando de 225 mil para 433 mil habitantes, diz o IBGE. No Carnaval, passaram por lá mais de 450 mil pessoas.

“A cidade não pode con-tinuar crescendo a qualquer custo”, sob pena de a vida “se tornar inviável”, disse recentemente o novo pre-feito de Florianópolis (SC), Cesar Souza Junior (PSD).

O crescimento da po-pulação carcerária tem sido ainda mais explosivo -164% em 2012 em relação a 2003, a maioria por drogas.

Dos vários traficantes do Horácio atrás das grades,

o mais notório é Rodrigo Oliveira, 34, o Rodrigo da Pedra, apontado como um dos líderes do PGC (Pri-meiro Grupo Catarinense), a maior facção criminosa do Estado, que estaria por trás da onda de atentados de 2012 e deste ano. Ele nega envolvimento.

O promotor Alexandre Graziotin, que coordena um grupo de combate ao crime organizado, calcula que o PCG tenha cerca de 2.000 integrantes nas 49 unidades prisionais do Estado. Segun-do ele, o grupo se baseou no modelo de atuação e organi-zação do paulista PCC (Pri-meiro Comando da Capital).

Responsável pelo poli-ciamento da maior parte de Florianópolis, o tenente-co-ronel da PM Araújo Gomes atribui a escalada do tráfico de drogas à desigualdade.

“Há muita criança que ouve a mãe falar da lancha do patrão, quando a sua re-alidade é muito distante. Há quem veja no tráfico uma forma de ascender social-mente.”

No Horácio, parte de um complexo de morros com 30 mil pessoas, o nar-cotráfico surgiu nos anos 1980 e não parou de crescer. Na década de 1990, passou a concentrar o tráfico de coca-ína no Estado. Foi alvo de 19 operações policiais nos últi-mos dois meses, o que não impediu que carros de luxo

continuem subindo o morro para comprar droga, segun-do moradores.

Mas o tráfico não é fei-to apenas por membros de comunidades pobres, afirma Francisco Ferreira, um dos mais respeitados advogados criminalistas do Estado e que tem Rodrigo da Pedra entre os clientes. “De uns seis anos pra cá, houve um aumento de pessoas de clas-se média e média alta envol-vidas com o tráfico de ecs-tasy, skank e LSD.”novo ataQUe

A onda de violência chegou ontem ao 19° dia com 107 ocorrências em 34 cidades, segundo a PM. O único ataque novo foi regis-trado em Tubarão (a 131 km de Florianópolis), onde cri-minosos tentaram queimar o carro de um policial militar.

Ontem, com apoio da Força Nacional de Seguran-ça, foram montadas barrei-ras policiais nos principais acessos a Santa Catarina.

As medidas mais enér-gicas do governo do Estado até o momento foram a trans-ferência de 40 criminosos a presídios federais -feitas no sábado de madrugada- e a prisão de 25 pessoas “peças-chave” na articulação dos ataques, segundo a polícia.infográfico:

Instituto Sangari, IDH, Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público, Deap e IBGE

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Renata Mariz

Brasília – Mais uma arma contra a violência doméstica, a responsabilização financeira dos agressores, começa a se tornar realidade no país. Saiu a primeira sentença judicial do Brasil con-denando um homicida enquadrado na Lei Maria da Penha a reembolsar o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pelos valores gastos pela União no pagamento da pensão devida aos dois filhos menores da mãe assassinada.

O alvo da ação é Hélio Beckmann, que está preso por matar, com 11 facadas, a ex-mulher Marta Iraci Rezende da Silva. Ela tinha 40 anos na época do crime, em 2009, ocorrido em Teutô-nia, a cerca de 100 quilômetros de Porto Alegre. A Previdência projetou em R$ 89.115,30 os de-sembolsos já feitos a título de pensão somados às parcelas que ainda serão pagas mensalmente até que os filhos da vítima completem 21 anos. Mas a defesa de Beckmann conseguiu diminuir a quantia devida. Ele terá de pagar 20% do mon-tante, cerca de R$ 18 mil, segundo sentença ex-pedida em 1º de fevereiro pela Justiça Federal do Rio Grande do Sul.

Apesar da diminuição drástica do valor pleiteado pelo INSS, que ajuizou a ação contra Beckmann, tanto o governo quanto especialis-tas na área de defesa dos direitos da mulher co-memoram a decisão. Advogada e assessora do Centro Feminista da Estudos e Assessoria (Cfe-mea), Luana Basílio destaca o impacto “sim-bólico e cultural” da decisão. “Não é o valor em si o aspecto mais importante, mas o reco-nhecimento da obrigação de ressarcir o Estado. Isso abre um precedente importante para novas ações”, afirma.

Jorge Luiz Garcez Souza, advogado de Be-ckmann, afirma que vai recorrer da decisão. “Se a mulher fazia o recolhimento previdenciário, é dever do INSS pagar, não do meu cliente. Além disso, ainda será julgado recurso em relação à condenação criminal, pois pedimos anulação do júri e insistimos na tese da legítima defesa”, diz Garcez.

A argumentação, entretanto, não convenceu o juiz Rafael Wolff. Ele assinalou, no relatório

que acompanha a sentença, que o “laudo de ne-cropsia demonstra a existência de 11 facadas profundas, o que comprova um ataque movi-do por ódio, e não um infortúnio decorrente do exercício de legítima defesa”.

Juizados Auxiliar da Comissão de Acesso à Justiça e Cidadania do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a juíza Luciane Bortoleto reco-nhece as dificuldades ainda presentes na aplica-ção da Lei Maria da Penha, sancionada há seis anos. Levantamento do CNJ em fase de con-clusão mostra, por exemplo, que o Brasil conta apenas com 63 juizados especializados em vio-lência contra a mulher.

São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal se destacam com uma boa cobertura de juizados, segundo Luciane. “No restante do país ainda fal-ta avançar”, afirma a juíza, sem detalhar núme-ros. Há juizados não exclusivos – que atendem outras áreas específicas, como as agressões con-tra idosos e crianças, além da violência contra a mulher – e os criminais comuns, que processam qualquer ação desse tipo. “Ter um juizado ex-clusivo significa ter uma equipe psicossocial, e isso faz toda a diferença. Cria-se um ambiente melhor de atendimento, levando credibilidade e encorajando mais mulheres a procurar ajuda”, diz Luciane.

De acordo com o Mapa da Violência, o número de mortes de mulheres por agressão passou de 1.353 em 1980 para 4.297 em 2010 – aumento de 217%. A taxa de óbitos por 100 mil mulheres saltou de 2,3 para 4,4 no mesmo período. O estudo mostrou ainda que 68% das vítimas morreram em casa, o que sinaliza o ele-vado grau de violência doméstica.

Mais ações A Advocacia Geral da União (AGU) informou, por meio da assessoria de imprensa, que aguardava a primeira decisão judicial nesse sentido para entrar com novos processos de ressarcimento contra agressores de mulheres – o que deve ocorrer ainda no primei-ro semestre deste ano. Prejuízo para ser cobrado é o que não falta, já que o INSS estima em R$ 30 milhões os gastos anuais com pensões por morte e auxílios-doença gerados pela violência doméstica no Brasil.

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Sentença cobra a fatura de violência doméstica Homem que matou a ex-mulher é condenado a reembolsar gastos do INSS com pensão aos filhos

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Mateus Parreiras e Luiz RibeiroSão Gonçalo do Abaeté, Três Marias e Januária – De um dia

para o outro, a pescadora Maria Rosilene de Souza, de 40 anos, percebeu erupções em áreas sensíveis do corpo, como as axilas e a virilha. “Fiquei com a pele toda irritada e apareceram feridas. Depois, apareceram em outras pessoas que vivem na beira do Rio São Francisco”, conta. A mulher conseguiu se tratar do problema em Belo Horizonte graças à ajuda da associação dos pescadores de São Gonçalo do Abaeté, que aponta a poluição industrial como uma das responsáveis pela intoxicação de moradores e peixes na região. A avaliação de que a indústria contribui para piorar a quali-dade da água é confirmada por especialistas e por relatório oficial sobre o mais importante rio de Minas.

Como mostrou ontem o Estado de Minas, a mais recente análise do Instituto Mineiro de Gestão Águas (Igam) apontou que oito (57%) dos 15 pontos de monitoramento do Rio São Francisco apresentavam níveis de agentes poluidores acima do tolerado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Os poluentes considerados mais tóxicos foram encontrados justamente na área de 20 quilômetros em que atua diariamente a pescadora Maria Ro-silene, entre a barragem do Lago de Três Marias e o município vizinho de São Gonçalo do Abaeté, na Região Central de Minas.

Há dois índices ruins apontados pelo relatório do Igam na região de Três Marias e São Gonçalo do Abaeté. Próximo à ponte da BR-040 sobre o Rio São Francisco foram detectadas violações dos níveis de coliformes fecais: estão 400% acima do limite esta-belecido pelo Conama. Nesse caso, o Igam indica o lançamento de esgoto doméstico como vilão. Mas no trecho de monitoramen-to seguinte, na foz do Rio Abaeté, a 19 quilômetros da ponte, há vestígios de contaminação das águas pela indústria. Nesse ponto, o Igam registrou níveis de sulfetos 4.400% maiores do que o máxi-mo permitido. Para se ter ideia, o Conama estima que o limite para esse tipo de substância seja de 0,002 miligrama por litro de água. No trecho que antecede a foz do Rio Abaeté, a concentração salta para 8,8 miligramas por litro.

Contaminação Sulfetos são combinações de enxofre com ou-tros elementos químicos, em geral metais pesados, como chumbo e zinco. “Encontrar sulfetos na água é uma violação muito séria, a mais grave em todo o rio”, alerta o biólogo Rafael Resck, mestre em ecologia aquática, consultor em recuperação de ecossistemas e responsável por levantamentos no curso d’água para a Cemig. Em-bora tenha apontado o lançamento de esgoto doméstico como cau-sa do alto índice de coliformes fecais perto de Três Marias, o Igam não especificou que fonte pode ser responsável pela contaminação por sulfetos. O biólogo Rafael Resck diz que a alta concentração é decorrente de atividade industrial.

“Sulfetos são indicadores diretos de poluição industrial. Efluentes de esgotos contêm sulfetos, mas em quantidade peque-na. Para atingir um nível desses em um rio volumoso como o São Francisco, é indicador de uso industrial”, afirma Resck. Paulo dos Santos Pompeu, coordenador do Laboratório de Ecologia de Peixes da Universidade Federal de Lavras (Ufla), acrescenta que “sulfetos são usados de maneira associada a vários tipos de miné-rio. Quando se remove o metal, o sulfeto é um dos resíduos dessa produção”.

Os dois especialistas alertam que a quantidade de sulfetos apontada pelo relatório do Igam é ameaça aos peixes e aos seres humanos. “Nessa concentração encontrada pelo Igam, os sulfetos

chegam a matar peixes e a contaminar o homem”, afirma Rafael Resck. “Os sulfetos agem principalmente no potencial de hidrogê-nio (pH), tornando a água mais ácida e inóspita para a vida aquáti-ca”, emenda Paulo dos Santos Pompeu.

Cobre em alta concentraçãoA alta concentração de sulfetos não é o único problema re-

lacionado a atividades industriais apontado pelo mais recente re-latório do Instituto Mineiro de Águas sobre a qualidade da água do Rio São Francisco. Na cidade de Januária, no Norte de Minas, onde é frequente o lançamento de esgotos domésticos na rede plu-vial e em ligações clandestinas que atingem o Rio São Francisco, foram detectadas concentrações de cobre 31% superiores ao máxi-mo permitido pela legislação. A violação é atribuída a atividades industriais. Segundo o biólogo Rafael Resck, é comum indústrias e curtumes aproveitarem para “camuflar” seus efluentes e lançá-los em meio aos dejetos sanitários. O cobre pode acarretar lesões ao fígado humano e é nocivo aos peixes, causando coagulação do muco das brânquias e matando os animais por asfixia.

Há também afluentes do Rio São Francisco em situação crí-tica. No Rio Borrachudo, que corta a cidade de Tiros, no Alto Pa-ranaíba, a 365 quilômetros de Belo Horizonte, representantes do Instituto Estadual de Florestas (IEF) apontaram que a mineração e garimpos clandestinos contribuem, com lançamento de rejei-tos, para a alta concentração de sulfetos. Segundo o o relatório do Igam, o índice na região está 900% acima do limite do Conama. Além disso, o instituto detectou também violações para fenois, da ordem de 33% acima do limite. Esse composto é um ácido que re-sulta de atividades siderúrgicas e industriais potencialmente tóxico ao homem, organismos aquáticos e micro-organismos. É conside-rado substância cancerígena.

A pescadora Maria de Souza, de São Gonçalo do Abaeté, teve irritação na pele e culpa poluição industrial (leandro couri/em/d.a press)

A pescadora Maria de Souza, de São Gonçalo do Abaeté, teve irritação na pele e culpa poluição industrial

Sustento contaminado Pescadores do Rio São Francisco ou afluentes denunciam que poluição afeta atividade

O pescador Zezinho Lourenço de Lima mostra saída de esgo-tos em Manga: %u201CA cada ano, situação piora%u201D , diz (solon queiroz/esp.em/d.a press)

O pescador Zezinho Lourenço de Lima mostra saída de esgo-tos em Manga: cada ano, situação piora , diz

Manga, Pirapora e São Francisco – Do seu casebre baixo e de madeira na ilha rodeada pelas águas rápidas do Rio São Francisco, os pescadores Valeriano Nunes, de 56 anos, Adão Dias, de 54, e Luiz Carlos Gonçalves, de 36, observam mais um grande surubim descer boiando a correnteza. “Vinte quilos, no mínimo”, arriscam. Num barco, perto do peixe, o cheiro forte e o inchaço demons-tram que está em estado de decomposição, indicando que não morreu por ali. “Há uns cinco anos isso ficou comum. Ve-mos descer até 10 surubins mortos”, reclama Adão, morador do município de São Francisco, no Norte de Minas “Pescar um grande desses é difícil. A poluição mata antes de a gente conseguir fisgar”, completa.

A diminuição dos cardumes no Rio São Francisco é uma das questões enfrentadas na bacia. Pescadores susten-

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a morte Lenta do veLho chico - Mistura perigosa Relatório sobre qualidade da água do São Francisco indica concentração acima do permitido de poluentes

em áreas industriais, violação apontada por especialistas como a mais grave no rio

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tam que a morte dos peixes vem se repetindo e relacionam o problema à poluição das águas. “Já vi surubim de 20 quilos morto no rio. E os peixes continuam morrendo”, diz o pes-cador João Augusto Rodrigues dos Santos, de 58, de Pirapo-ra, também no Norte do estado. “O rio já teve muito peixe. Com o passar dos anos, diminuíram por causa da poluição”, acredita Wilson Pereira da Silva, outro pescador da cidade. Em Pirapora, a reportagem do EM localizou pelo menos duas manilhas que lançam poluição diretamente no leito do Rio São Francisco, situadas próximo ao distrito industrial do município.

O biólogo Patrick Valim, que trabalha para o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Pirapora, sustenta que, pela legislação, quando recebem ou renovam as licen-ças ambientais, as indústrias da cidade se comprometem a tratar seus resíduos. “As indústrias só podem jogar efluentes no São Francisco se fizerem o devido tratamento. Elas são fiscalizadas pelos órgãos ambientais”, diz Valim.

Em Manga, pescadores também denunciam problemas. “Acho que as futuras gerações não vão poder ver peixe nes-se rio. A cada ano a situação piora”, diz Zezinho Lourenço de Lima, residente na ilha do Pau Preto. Último município mineiro banhado pelo Rio São Francisco, Manga acaba re-cebendo o que já foi descarregado no Velho Chico ao longo de seu curso por Minas. Trabalhadores da região, como Le-onardo Novais, dizem que esgotos da cidade, que incluem rejeitos de atividades de comércio, são lançados no rio por meio da rede pluvial.

Sem registros oficiais Apesar dos relatos de pescadores sobre a mortandade de peixes ao longo do Rio São Fran-cisco, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desen-volvimento Sustentável (Semad) afirma não registrar denún-cias de morte de peixes no Rio São Francisco desde 2011 – embora reconheça que a mortandade ficou mais frequente a partir de 2005. A Cemig, no entanto, que opera a barragem de Três Marias, admite que espécimes morreram de causas ainda não determinadas no curso do rio, depois do barra-mento, entre os dias 18 e 23 de janeiro deste ano.

“Equipes de limnólogos (especialistas que estudam re-servatórios) da Cemig estão realizando amostragens físico-químicas para confirmar o evento e o resultado deve fornecer evidências do que está acontecendo” informou a companhia energética por meio de nota. A hipótese levantada pela Ce-mig, no entanto, é de que os animais aquáticos tenham mor-rido “em consequência de a água que passa pelas turbinas e sai no rio abaixo da barragem apresentar baixas concentra-ções de oxigênio dissolvido”, afirma a nota da empresa.

A Semad afirma que vem agindo no monitoramento das possíveis fontes poluidoras ao longo do rio e que para isso foi criada uma “rede de cooperação interinstitucional em pesquisas e ações relacionadas à mortandade de peixes e ao monitoramento ambiental na bacia do Alto e Médio São Francisco.” O grupo é formado por estudiosos, pesquisado-res, representantes do estado, Ministério Público e de outros estados, além da Prefeitura de Três Marias.

Com respeito à Votorantim Metais, a pasta informou que

a empresa citada “já foi multada e se adequou”, mas indicou que há “outros fatores que também causam ou contribuem (para a mortandade dos peixes), como agrotóxicos, chuva, inversão térmica no reservatório, entre outros”.

Surubim perto da cidade de São Francisco: cena co-mum, dizem pescadores (leandro couri/em/d.a press)

Surubim perto da cidade de São Francisco: cena co-mum, dizem pescadores

enquanto isso...…aterro preocupa em Lagoa da prata

De um lado, a cidade de Lagoa da Prata, uma das que mar-geiam o Rio São Francisco, no Centro-Oeste mineiro, exibe um moderno aterro sanitário que é modelo de preservação para as ci-dades vizinhas. Mas, ao lado dessa estrutura, líquidos espessos e espumas verdes vazam de um monte coberto de grama a poucos metros de estradas e de mananciais que abastecem o Rio São Fran-cisco. O chorume, nome dado ao líquido concentrado que mina do lixo compactado, pode tornar impuras águas subterrâneas e até contribuir para a suspensão do abastecimento de mananciais. A situação foi flagrada no antigo aterro controlado, que encerrou as atividades em 2008, após informações do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e da Polícia Militar de Meio Ambiente (PMMA). De acordo com a secretaria de Meio Ambiente de Lagoa da Prata, o problema não era de conhecimento da prefeitura e será averi-guado.

Pescadores reclamam de indústriaMateus Parreiras e Luiz RibeiroDiante de casos de intoxicação de moradores e peixes,

pescadores de São Gonçalo do Abaeté, na Região Central do estado, dizem ter redobrado a atenção com as atividades da Votorantim Metais, antiga Companhia Mineira de Metais (CMM), única indústria de grande porte que faz lançamen-tos no Rio São Francisco entre Três Marias e São Gonçalo do Abaeté. A planta em Três Marias usa sulfetos no processo de produção de zinco e de ácido sulfúrico.

“Estamos atentos porque a morte dos peixes acaba com nosso sustento. No fim do ano passado, por exemplo, vimos caminhões transportando material contaminado na estrada da CMM”, diz o presidente da Associação dos Pescadores de São Gonçalo do Abaeté, Moisés Cirino Nunes dos San-tos. “O que derramava (dos caminhões) poderia chegar ao rio com as chuvas e, por ser concentrado, poderia matar pei-xes como o surubim e o dourado”, acrescenta.

A Votorantim Metais garante que cumpre as obrigações ambientais e que seu complexo industrial em Três Marias nada tem a ver com a contaminação no Velho Chico. “Não existe relação entre o percentual de sulfeto encontrado pelo Igam no Rio São Francisco e nossas operações. Realizamos o monitoramento de efluentes, com análises feitas por la-boratório credenciado pelos órgãos ambientais, e não foi verificada a presença de sulfeto em nossos efluentes”, afir-ma o gerente-geral de Sustentabilidade da empresa, Ricardo Barbosa. Ele também negou que tenha ocorrido contamina-ção devido a problema no transporte de materiais para novo depósito. “Houve denúncia, mas uma análise constatou que não houve impacto.”

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Marinella CastroAo sair de um restaurante em Belo Horizonte, a conta-

dora S. V. esbarrou seu carro em outro veículo, danificando o automóvel. A polícia foi chamada ao local e a consumidora aceitou se submeter ao exame de sangue exigido pela Lei Seca. Apesar de o teste clínico realizado pelo médico perito ter atestado que a motorista tinha sobriedade para dirigir, o resultado do exame de sangue apontou que a concentração de álcool no organismo estava acima do limite permitido pela lei. Com a prova de fogo positiva, a seguradora não pagou pelo conserto do automóvel e o prejuízo foi integral-mente para a conta da consumidora.

Com o acirramento da Lei Seca, que não permite qual-quer ingestão de bebida alcoólica, a exclusão de coberturas deve ser intensificada pelo mercado do seguros de automó-veis. Como beber e dirigir é crime, o consumidor alcooli-zado perde o direito em seu contrato. Antes, o complicado para as seguradoras era conseguir provas que relacionassem o álcool ao agravamento do risco de acidentes. Era comum o consumidor recorrer à Justiça e ter a cobertura garantida. “Agora, além do bafômetro e do exame de sangue, existe a prova testemunhal, em que o nexo causal entre a bebida e o acidente fica comprovado. Não há cobertura para aqueles que agravam o risco. A lei não permite a ingestão de qual-quer teor alcoólico”, defende Neival Freitas, diretor-executi-vo da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg).

Mas o debate não para por aí. A Proteste Associação de Consumidores reforça que as regras de exclusão devem estar claras e explícitas para o consumidor de seguros de automó-veis. Fechando o cerco, a instituição considera ainda que a Lei Seca poderá criar espaço para frear o ritmo acelerado dos reajustes dos contratos, aliviando o peso da proteção no bolso do consumidor.

A Proteste já pensa em levar a questão à Superinten-dência de Seguros Privados (Susep). “No momento, estamos avaliando a questão, estudando as estatísticas, e posterior-mente podemos sugerir à Susep uma análise nesse sentido. Com a queda do número de acidentes e a redução do risco, não haveria motivos para os reajustes em progressão geo-métrica”, aponta Maria Inês Dolci, diretora institucional da associação.aUmentos

O percentual de reajustes do setor é baseado na car-teira de riscos da seguradora e supera a inflação, variando entre 10% e 15% ao ano, frente ao indicador oficial – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (PICA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –, que no ano passado fechou em 5,84%. Entre janeiro e no-vembro do ano passado, os seguros de automóveis cresceram 16,2% frente ao mesmo período do ano anterior, atingindo o faturamento de R$ 22,3 bilhões. O movimento financeiro do

setor de automóveis é o mais alto entre os seguros gerais.Sem revelar percentuais, que podem variar de acordo

com a região e até mesmo com o perfil do condutor, o diretor executivo da Fenseg diz que as duas maiores contribuições na formação do peso do seguro são os acidentes e o índice de furtos e roubos. Apesar de dizer que uma força o efeito positivo da outra, se a redução de acidentes for constada por um período seguido de pelo menos três meses, constatando uma tendência, os preços do seguro vão cair.

Designer gráfico, Marcelo Távora desembolsa por ano cerca de R$ 1,2 mil pelo seguro de seu carro, ano 2009. “É bem caro. Por ano, pago cerca de 4% do valor do automó-vel.” Ele não acredita que a Lei Seca vá refrescar o bolso do consumidor. “Os índices de acidentes estão caindo, mas ainda pontualmente. Existem também outros fatores, como a frequência com que o motorista utiliza o carro, que eleva muito o preço do seguro. Não acredito que as empresas vão reduzir os valores cobrados em função dos resultados da Lei Seca.”JUstiÇa

O vice-presidente da Federação Nacional dos Correto-res de Seguros (Fenacor), Roberto Barbosa, não considera que a redução da violência no trânsito vai ter efeito no valor das apólices. “Não acredito em redução de preços, o máxi-mo que pode ocorrer é uma estabilização.” Barbosa também considera que um dos efeitos imediatos da Lei Seca será uma enxurrada de ações na Justiça. Segundo ele, as seguradoras nunca pagaram coberturas no caso de embriaguez, mas ha-via dificuldade em provar o fato. “Mesmo a questão tendo se tornado mais simples agora, a prova testemunhal é frágil, passível de questionamentos. A questão terá de ser pacifica-da pelos tribunais superiores por meio de jurisprudências.”

Especialista em direito do consumidor, Bruno Burga-relli diz que a negativa de cobertura no caso de embriaguez é legal desde que haja a cláusula no contrato. “Que deve estar expressa de forma bem clara e legível, nos termos do Códi-go de Defesa do Consumidor (CDC).” Segundo o Procon Assembleia, entre as principais reclamações relacionadas às seguradoras está a negativa de cobertura, dúvidas sobre as cláusulas do contrato, além da demora no pagamento de da-nos e outras despesas.

o QUe diZ o cÓdigoArt. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços

devem assegurar informações corretas, claras, precisas, os-tensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumi-dores.

Fonte: Código de Defesa do Consumidor (CDC)

estado de minas - mg - on Line - 18.02.2013consUmidor

Sem seguro na Lei Seca Legislação que proíbe dirigir embriagado dá provas para seguradora. Motorista pode ficar sem a carteira, ser multado e não ter direito a cobertura em caso de acidentes

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A despeito do imenso pro-blema social que causará e do caos que provocará no Siste-ma Único de Saúde (SUS), um eventual colapso das Santas Casas e dos hospitais filantró-picos decorrente de dificulda-des financeiras crescentes não surpreenderá quem acompanha a situação da saúde pública no País.

Trata-se de um problema antigo, de causas perfeitamente diagnosticadas, e que se agrava a cada dia, mas para o qual as autoridades responsáveis - em boa parte por comodismo - não deram e continuam a não dar a atenção que merece. O preço que o País terá de pagar, caso os problemas se agravem a ponto de a situação se tornar insus-tentável num futuro próximo, certamente será maior do que o custo de uma solução racional, que ainda é possível adotar.

A Constituição estabeleceu que a saúde é um direito fun-damental do cidadão e, para garanti-lo, sem dispor de estru-tura própria suficiente para isso, o Estado brasileiro estabeleceu o que deveria ser uma parceria com as instituições filantrópi-cas. Estas responderam bem à proposta de parceria e, por isso, sua presença nas operações do SUS é cada vez maior.

Em 2004, por exemplo, os hospitais públicos respondiam por 41,4% das internações pelo SUS, os hospitais privados sem fins lucrativos (Santas Casas e instituições filantrópicas), por 39,9% e os privados lucrativos, por 18,7%. Por causa da remu-neração inadequada dos servi-

ços, os hospitais particulares reduziram sua participação para 10,2% do total das internações em 2011, de acordo com dados do Ministério da Saúde utiliza-dos no relatório da subcomissão especial da Comissão de Segu-ridade Social e Família da Câ-mara dos Deputados, que discu-tiu o problema. Em contraparti-da, aumentou a participação dos hospitais públicos e dos priva-dos não lucrativos, para, respec-tivamente, 45,0% e 44,8%.

Hoje, as Santas Casas e os hospitais filantrópicos têm a mesma importância dos hospi-tais públicos no atendimento aos pacientes do SUS. Os dados recentes mostram também o que poderia acontecer no sistema público de saúde caso as Santas Casas deixassem de operar por absoluta incapacidade financei-ra.

A crise nas finanças das Santas Casas é conhecida há vários anos, e, sem medidas adequadas por parte dos respon-sáveis pelos programas de saú-de pública, só piora. Em 2005, a dívida dessas instituições era estimada em R$ 1,8 bilhão, em 2009 saltou para R$ 5,9 bilhões e, em 2011, alcançou R$ 11,2 bilhões, de acordo com o rela-tório da subcomissão forma-da na Câmara dos Deputados. Mantido o ritmo de crescimento anual desse período, de cerca de 35% ao ano em valores nomi-nais, deve ter alcançado R$ 15 bilhões no fim do ano passado (os dados consolidados ainda não foram divulgados).

O simples exame dos custos dos serviços prestados pelas en-

tidades filantrópicas ao SUS em 2011 e da receita com os servi-ços prestados não deixa dúvidas quanto à causa do crescimento da dívida. Em 2011, essas enti-dades gastaram R$ 14,7 bilhões com os serviços, mas sua remu-neração, pelo SUS, ficou em R$ 9,6 bilhões. Isso quer dizer que o pagamento do SUS cobre apenas 65% dos gastos desses hospitais. Só em 2011 (não há dados para 2012), o déficit foi de R$ 5,1 bilhões. A defasagem é maior para procedimentos considerados de média comple-xidade.

Reportagem do jornal O Globo (10/2) mostra que, sem recursos financeiros, hospitais têm adiado cirurgias, enfrentam ameaças de greve, carecem de materiais e chegam a suspender suas operações.

Essenciais para o SUS, as Santas Casas são insubstituíveis em muitas comunidades. Do to-tal de 2,1 mil estabelecimentos hospitalares sem fins lucrativos, 56% estão em cidades com até 30 mil habitantes e são o único hospital em quase mil cidades.

Evitar o agravamento de sua crise exige o reajuste ime-diato da tabela de pagamento do SUS para cerca de 100 procedi-mentos, mas, até agora, não há previsão do governo para a cor-reção desses valores, reconhe-ceu o secretário de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães. O governo abriu uma linha de cré-dito no BNDES para esses hos-pitais, mas, já muito endivida-dos, eles temem contrair novas dívidas. Sua saúde financeira aproxima-se do ponto crítico.

o estado de s.paULo - on Line - 18 de fevereiro de 2013

Santas Casas asfixiadas

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