18 a 20 junho 2011

46
18 a 20/06/2011 112 XIX

Upload: clipping-ministerio-publico-de-minas-gerais

Post on 30-Mar-2016

216 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Clipping Digital

TRANSCRIPT

Page 1: 18 a 20 Junho 2011

18 a 20/06/2011112XIX

Page 2: 18 a 20 Junho 2011

O TEMPO - P. 8 - 18.06.2011Decisão. Juíza determina o fim do pagamento das aposentadorias

Liminar suspende pensões de ex-governadores de MG

01

Page 3: 18 a 20 Junho 2011

fOlha dE sP - P. a6 - 20.06.2011

EsTadO dE Minas - P. 5 - 19.06.2011

02

Page 4: 18 a 20 Junho 2011

hOjE EM dia - P. 3 - 18.06.2011

03

Page 5: 18 a 20 Junho 2011

O TEMPO - P.05 - 18.06.2011

04

Page 6: 18 a 20 Junho 2011

COnT... O TEMPO - P. 5- 18.06.2011

05

Page 7: 18 a 20 Junho 2011

hOjE EM dia - P. 2 - 20.06.2011

06

Page 8: 18 a 20 Junho 2011

COnT... hOjE EM dia - P. 2 - 20.06.2011

07

Page 9: 18 a 20 Junho 2011

EsTadO dE Minas - P. 8 - 18.06.2011

hOjE EM dia - P. 3 - 20.06.2011 - infO.COM

08

Page 10: 18 a 20 Junho 2011

TÂMARA TEIXEIRA

O Ministério da Agricultura suspendeu on-tem as atividades de duas empresas acusadas de produzir leite adulterado em Minas Gerais. A operação Ouro Branco II contou com o apoio da Polícia Federal (PF) e culminou com o fecha-mento da Cooperativa dos Produtores de Leite de Leopoldina, na Zona da Mata, e da Novamix Industrial e Comercial de Alimentos, em Cam-po Belo, na região Centro-Oeste.

Os fabricantes são responsáveis, respecti-vamente, pelas marcas Lac e Fazenda Mineira, comercializadas em todo o Estado.

Análises realizadas pelo Laboratório Nacio-nal Agropecuário (Lanagro) apontaram a exis-tência de água, açúcar e sal no leite tipo UHT longa vida integral. A adulteração tinha como objetivo aumentar a produção dos laticínios.

Segundo o delegado Ricardo Ruiz, a polí-cia colheu três amostras dos leites Lac e Fazen-da Mineira em supermercados de Leopoldina, após ter recebido uma denúncia anônima.

O resultado de duas delas apontava as irre-gularidades. “Com isso, pedimos autorização da Justiça para ir às empresas e colher material, o que foi feito hoje (ontem)”, disse.

No local, a polícia colheu leite que estava sendo produzido e também parte do produto que já estava embalado. Dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos, e ninguém foi pre-so. Ainda de acordo com o delegado, os funcio-nários da empresa de Leopoldina confirmaram a alteração no leite.

O promotor de Defesa do Consumidor de Leopoldina, Sérgio Soares, irá pedir, na próxi-ma segunda-feira, que os dois lotes adulterados sejam retirados do comércio.

Dependendo do resultado da análise do ma-terial colhido ontem, as empresas podem ser fe-chadas definitivamente. “Vou pedir a aplicação de multa. O valor não está definido, pois depen-de do faturamento das empresas”.PrEjuízO

De acordo com o professor de tecnologia em inspeção de leite e derivados da Universida-de Federal de Minas Gerais (UFMG) Marcelo Resende de Souza, alguns fabricantes utilizam o sal para mascarar o acréscimo de água no leite.

“Quando isso ocorre, o leite tem o seu ponto de congelamento alterado, por isso, adicionam o cloreto para disfarçar a fraude”, esclarece. Os

diretores das empresas não foram encontrados para comentar a operação. (Com Cláudia Giú-za)

alerta

Consumo pode causar doenças, diz especialista

De acordo com a nutricionista Marcela Reis, a presença de água no leite e seus deriva-dos reduz o valor nutritivo do produto. Segundo a especialista, a ingestão da mercadoria adulte-rada por longos períodos pode desenvolver do-enças ligadas à queda de vitamina D e de cálcio, como raquitismo e osteoporose.

“O excesso de sal no organismo, por outro lado, altera a pressão arterial. Pessoas com die-tas restritivas não poderiam ingerir esse leite”, esclarece Marcela.

Para o professor de tecnologia em inspeção de leite e derivados da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Marcelo Resende de Souza, o consumidor deve desconfiar quando o preço de uma determinada marca de leite estiver muito abaixo do valor praticado por outra em-presa. “O preço atraente pode ser sinal de leite com qualidade duvidosa”, alerta.PrOCOn

Segundo o promotor de Defesa do Consu-midor de Leopoldina, Sérgio Soares, os consu-midores que se sentirem lesados devem procu-rar o Procon de seu município ou podem entrar com um processo na Justiça comum.

“As pessoas foram enganadas. Elas com-praram o leite com uma composição, mas, na verdade, levaram outro produto”, afirmou. (CG/TT)

Ação anterior prendeu 27 suspeitos

O nome da operação Ouro Branco II é uma referência a uma outra ação da Polícia Federal (PF). Em 2007, 27 pessoas foram presas nos municípios de Uberaba, no Triângulo, e Passos, no Sul de Minas. Na época, duas cooperativas foram acusadas de adulterar leite longa vida de várias marcas.

A quadrilha, de acordo com as investiga-ções, utilizava produtos como água oxigenada, citrato de sódio e até mesmo soda cáustica para aumentar o prazo de validade dos produtos. (TT)

O TEMPO - P. 32 - 18.06.2011 adulterado

PF flagra leite fraudado em MinasAnálises revelaram açúcar, sal e água em dois lotes, que continuam à venda

09

Page 11: 18 a 20 Junho 2011

O TEMPO - P. 6 - 18.06.2011

10

Page 12: 18 a 20 Junho 2011

O TEMPO - P. 6 - 18.06.2011

11

Page 13: 18 a 20 Junho 2011

EsTadO dE Minas - P.6 - 20.06.2011

12

Page 14: 18 a 20 Junho 2011

EsTadO dE Minas - P. 18 - 20.06.2011

13

Page 15: 18 a 20 Junho 2011

EsTadO dE Minas - P. 5 - 18.06.2011

hOjE EM dia -P. 3 - 18.06.2011

ElEiÇÕEsProcuradoria entra com 257 representações contra doadores irregulares

MP mira doações ilegais

14

Page 16: 18 a 20 Junho 2011

EsTadO dE Minas - P. 12 - 19.06.2011

15

Page 17: 18 a 20 Junho 2011

COnT... EsTadO dE Minas - P. 12 19.06.2011

hOjE EM dia - P. 4 - 19.06.2011

16

Page 18: 18 a 20 Junho 2011

EsTadO dE Minas -. P. 5 - 18.06.2011

Márcio FagundesO TJMG está à véspera de de-

cisão histórica. A instituição poderá ter os seus rumos decididos sobera-namente pela maioria dos desembar-gadores, em iniciativa inédita. Por convocação de seu presidente, Cláu-dio Costa, o tribunal pleno se reunirá amanhã, extraordinariamente, para apreciar a proposta de delegação de poderes ao seu órgão especial, ali de-nominado Corte Superior.

A sessão foi convocada a pedido de 89 desembargadores. O corres-pondente a mais de dois terços do total de 130 integrantes. No reque-rimento, é defendida a tese de que a Emenda Constitucional nº 45, de 2004, promoveu alteração no inc. IX do art. 93 da Constituição Federal, de forma a transformar o órgão espe-cial dos tribunais não mais em subs-tituto automático do tribunal pleno, mas em órgão que atuará nas tarefas delegadas pela maioria dos desem-bargadores.

Após a mesma Emenda nº 45/04, que extinguiu o Tribunal de Alçada

de MG, o Tribunal de Justiça passou a ter 120 membros e, depois, com a criação de mais duas Câmaras, este número se elevou para 130. Porém, desde então, nunca houve a convoca-ção do pleno para decidir as compe-tências que não mais serão delegadas à Corte Superior.

A última barreira jurídica para ser superada seria a Constituição Estadual, que acabou alterada pela Emenda nº 84, aprovada em dezem-bro de 2010.

Na reunião desta segunda-feira, de acordo com o requerimento, de-verá ser votada proposta para que o tribunal pleno passe, entre outras tarefas, a eleger desembargadores e juízes de Direito para integrarem o Tribunal Regional Eleitoral; a ela-borar lista tríplice de advogados e membros do Ministério Público para comporem o quinto constitucio-nal dos tribunais; e a aprovar o re-gimento interno, que contém toda a organização e procedimentos da ins-tituição. Por isto, equiparado a uma verdadeira “Constituição”.

hOjE EM dia - P. 2 - 19.06.2011

Novos rumos no TJMG

17

Page 19: 18 a 20 Junho 2011

EsTadO dE Minas - P. 4 - 20.06.2011

18

Page 20: 18 a 20 Junho 2011

COnT... EsTadO dE Minas - P. 4 - 20.06.2011

hOjE EM dia - P. 3 - 20.06.2011

Um negócio entre “compadres”

Justiça afasta 34 prefeitos eleitos no pleito de 2008Compra de voto, abuso de poder, conduta vedada a agente público e gasto ilícito são os principais crimes

19

Page 21: 18 a 20 Junho 2011

COnT... hOjE EM dia - P. 3 - 20.06.2011

20

Page 22: 18 a 20 Junho 2011

COnT... hOjE EM dia - P. 3 - 20.06.2011

21

Page 23: 18 a 20 Junho 2011

COnT... hOjE EM dia - P. 3 - 20.06.2011

22

Page 24: 18 a 20 Junho 2011

Leonardo Augusto e Alice Maciel Alessandra Mello Curso de informática, ônibus para velório, formatura, festa de ca-

samento e até orientação espiritual. Serviços distintos encontrados de graça e em um só lugar: na Câmara de Belo Horizonte. Vereadores da capital operam uma ampla rede de organizações não governamentais (ONGs) e associações para fornecimento ou intermediação de cursos profissionalizantes, assessoria religiosa e transporte de moradores dos bairros onde são votados que pode ser acessada por um telefonema ou uma visita ao Parlamento municipal.

Extrapolando a função constitucional de legislar e fiscalizar o Poder Executivo, os parlamentares orientam servidores dos gabinetes a encaminhar para as entidades que criaram os pedidos pelos serviços que chegam à Câmara. No sistema, de típico assistencialismo disfar-çado de boa ação, eles chegam a usar assessores pagos pelo Poder Legislativo municipal como funcionários da ONG ou associação que criaram.

Depois de contato nos gabinetes da Câmara, a reportagem do Estado de Minas gravou conversas com representantes dos vereadores nos escritórios políticos que mantêm nos bairros. Os assessores des-crevem os serviços fornecidos pelas entidades e garantem que todo o sistema é bancado pelos parlamentares. Ao serem entrevistados por repórteres que se identificaram como funcionários do jornal, no en-tanto, todos afirmam que o funcionamento das ONGs e associações ocorre por doações e voluntariado.

O gabinete do vereador Cabo Júlio (PMDB) é o campeão em serviços. Além de oferecer de graça cursos de informática, artesanato, dança, luta, inglês, balé, grafite e transporte, o peemedebista ainda abre o seu escritório de representação parlamentar, no Barreiro de Cima, nos fins de semana, para festas com banda ao vivo. Neste espa-ço, que é bancado com dinheiro da verba indenizatória, – só de alu-guel o vereador gasta R$ 1,5 mil por mês –, também são realizados os cursos de informática e artesanato. As outras atividades são oferecidas na organização não governamental Projeto Generosidade e Amor em Mutirão (GAM), apoiada por Cabo Júlio.

Para se inscrever no curso de informática é preciso apenas dar o nome, endereço e telefone, como ocorre com todas as ONGs e as-sociações de outros vereadores. Depois disso, o interessado entra em uma lista de espera e aguarda a ligação da funcionária do gabinete. Os cursos são três vezes por semana e têm duração de uma hora. “ Tudo é gratuito. É o vereador quem paga”, disse a assessora do escritório que atendeu a reportagem. No fim do curso, o vereador promove uma confraternização para os alunos e familiares, com direito a entrega de diploma assinado pelo próprio Cabo Júlio.

Nas festas patrocinadas pelo vereador, atualmente suspensas, os brindes são generosos. Todos os agraciados nas últimas festas foram fotografados ao lado do vereador exibindo cafeteiras, chapinhas, bar-beadores, torradeiras e conjunto de panelas. As fotos estão em um site do vereador destinado a divulgar suas “ações sociais”. Além das festas dentro do gabinete parlamentar, vizinhos do local contam que Cabo Júlio, de vez em quando, também fecha a rua para fazer um agrado para a comunidade. “Ele costuma dar brindes aos seus elei-tores em datas comemorativas, como Dia das Mães e Natal”, contou um vizinho. disQuE-COnsElhO

O vereador Divino Pereira (PMN), uniu a igreja que fundou, chamada Comunidade Nova Vida, no Bairro Santa Terezinha, Região Norte de Belo Horizonte, com o escritório político e a associação que criou, a Vem Viver, que oferece cursos e uma espécie de “disque con-selho”, chamado Televida. Problemas no casamento, no trabalho ou

falta de dinheiro são direcionados a um pastor. “Se o caso for muito grave, a gente pede para que venha até aqui”, diz a atendente. Na fachada da igreja, que funciona ao lado da associação, uma placa diz: “Cura interior e crescimento emocional”.

No gabinete do vereador, as informações são de que a entidade já chegou a fornecer cursos para crianças, mas o serviço está parado. “Já o trabalho com os idosos está a pleno vapor”, diz a assessora, que pede e-mail e telefone para enviar informações sobre a associação do vereador/pastor.

Uma visita à ONG Cidadania, braço assistencialista do verea-dor Preto (DEM), revela a necessidade que os parlamentares de Belo Horizonte têm de conectar o mandato a uma instituição de “apoio social”. Depois de três anos funcionando em um galpão na Avenida Silva Lobo, na Região Oeste da cidade, o vereador tenta encontrar um imóvel na Vila Leonina, no Aglomerado Morro das Pedras, na mesma região, para onde a ONG será transferida. A avaliação é de que o galpão está longe demais do “público-alvo”. A sede fica a cerca de 1,5 quilômetro das prováveis futuras instalações. A ONG, hoje pra-ticamente às moscas, oferece cursos de informática básica, bordado, cabeleireiro, canto, violão e manicure.VElÓriO

Fazendo jus ao seu nome político, o vereador Paulinho Moto-rista (PSC) é conhecido na região do Aglomerado da Serra, zona Sul da capital mineira, pelos serviços de transporte oferecidos de graça à população de sua base eleitoral. O eleitor só precisa ligar para o gabi-nete do vereador e agendar com a assessora Fernanda. Para velórios e transporte de crianças de escolas e creches do aglomerado, o serviço, feito com um ônibus, é de graça. Para festas e eventos nos fins de semana é preciso pagar o salário do motorista. A gasolina é por conta do vereador. Mas não é fácil conseguir uma data, já que a demanda é grande e a agenda está sempre cheia.Os diÁlOGOs

A reportagem, sem se identificar, gravou conversa com funcio-nários dos escritórios parlamentares do vereador

Cabo Júlio (PMDB), no Barreiro de Cima, e Toninho da Vila Pinho (PTdoB), na Vila Pinho. A assessora do gabinete do peeme-debista falou sobre os cursos gratuitos oferecidos pelo parlamentar e garantiu que quem paga é ele. No “gabinete comunitário” de Toninho, onde também funciona uma ONG, o funcionário ofereceu um ônibus para levar “o povo para velório, casamento e festas”, além de cursos profissionalizantes, de informática e de inglês, todos gratuitos.

Escritório de Toninho da Vila Pinho Repórter – Fiquei sabendo que o vereador ajuda com funerais. O

pai de uma tia adotiva está com problema e a gente não tem dinheiro, ele está quase morrendo.

Funcionário – Você queria uma ajuda financeira, remédio, o que é?

Repórter – Pode ser ajuda financeira. Falaram também que ele ajuda com ambulância.

Funcionário – Ambulância a gente não tem. Nós temos um ôni-bus que leva o povo para cemitério, velório, para festa, para casamen-to. Entendeu? (…..)

Repórter – E o vereador dá uma ajuda de remédio ou para fazer o funeral?

Funcionário – Não, só o ônibus. Sabe por quê? Antigamente, os vereadores faziam isso. Davam tijolo, telha, areia, cimento, pedra, ajudavam. Só que hoje é proibido eles fazerem isso. Tem gente do próprio bairro que é investigador de outros vereadores. (…) Tem pes-soas que engordam de ver o vereador entrar por esses canos. Só que hoje não pode fazer isso. Ele sabe disso e não faz. Agora, por exem-

lEGislaTiVO

Balcão de serviços para atrair eleitorVereadores de BH extrapolam sua função de legislar e investem no assistencialismo ao oferecer gratuitamente cursos profissionalizantes, transporte e até assessoria religiosa

EsTadO dE Minas – P. 3 E 4 - 19.06.2011

23

Page 25: 18 a 20 Junho 2011

plo, os cursos que ele oferece são de graça. É ele quem paga. Ele paga os professores do bolso dele. O ônibus a gente leva, pega seu pessoal. Ou pega na porta da sua casa ou do velório. E leva para o cemitério. Espera o sepultamento, pega o pessoal e leva para onde você quiser.

Repórter – E os cursos? São cursos de quê? (….)Funcionário – Se você for fazer o curso profissionalizante, tem

um pacote. É um curso só. Auxiliar administrativo, auxiliar financei-ro, departamento pessoal, marketing pessoal, que é aquele negócio de propaganda né, marketing empresarial, empreendedorismo, con-sultoria, secretário. Tudo é uma coisa só. No curso de informática tem internet, Windows, Word, Excel e digitação. No inglês tem a conver-sação, que você aprende a falar em inglês e a gramática em inglês. Por enquanto são três. Agora abriu também uma unidade no Independên-cia, para quem mora lá perto, tem lá uma ONG igual a esta aqui dos cursos. (…)

Funcionário – Você às vezes pode me ligar e eu não estar aqui, estar lá na Câmara Municipal. Porque eu fico assim. Ele me manda para qualquer lugar. Nem sempre eu estou aqui.

Escritório de Cabo júlioRepórter – Me mudei para o bairro há pouco tempo e estou que-

rendo saber sobre o curso de informática.Funcionária – O curso de informática é o básico. A gente tem três

vezes na semana: segunda, quarta e sexta, uma hora durante o dia. Repórter – O que eu preciso para fazer a inscrição? Já posso

fazer agora?Funcionária – Pode.Repórter – Tem que pagar?Funcionária – Não, é gratuito. (…..)Repórter – O que mais vocês têm de curso?Funcionária – Temos o curso de artesanato uma vez por mês du-

rante uma semana. (…)Repórter – É gratuito?Funcionária – Totalmente. Repórter – O vereador que paga?Funcionária – É.Repórter – Os cursos funcionam aqui mesmo?Funcionária – É aqui mesmo.Repórter – Quantas pessoas por turma?Funcionária – Um por computador.Repórter – Quantos computadores?Funcionária – São sete computadores. Repórter – O que mais tem aqui? O pessoal fala que vocês ofe-

recem muitas coisas. Funcionária – Tem essa ONG aqui que é lá no Barreiro de Baixo.

O Cabo Júlio também apoia essa ONG. E lá tem vários cursos. Tem dança, tem curso de inglês também.

Repórter – O vereador que paga os cursos da ONG também?Funcionária – É. (…..)Repórter – O pessoal do salão me falou que aqui tem umas festas

também. Eu quero saber quando vai ser a próxima.Funcionária – Nós vamos ter reunião na semana que vem. Na

semana que vem que a gente vai falar se a gente vai continuar, se não. Nós fizemos a festa aqui em janeiro.

Câmara banca assessoresReportagem do Estado de Minas flagra funcionários de gabinetes trabalhando em associações e organizações não governamentais

criadas por vereadores ou que prestam serviço para elesLeonardo Augusto e Alice Maciel Alessandra Mello Assessores pagos pela Câmara de Belo Horizonte trabalham

como funcionários nas organizações não governamentais (ONGs) e instituições assistencialistas criadas pelos vereadores ou que traba-lham para eles. A reportagem do Estado de Minas flagrou um asses-sor técnico de Divino Pereira (PMN) trabalhando na Associação Vem

Viver, mantida pelo parlamentar ao lado da Igreja Nova Vida, que fundou no Bairro Santa Terezinha, Região Norte de Belo Horizonte. O servidor público Evandro Correia, de 28 anos, conversou com a repor-tagem por volta das 14h30 de quinta-feira e confirmou que trabalha no gabinete do vereador.

O servidor conhecido apenas por William, que trabalha no gabi-nete do vereador Gunda (PSL), também é funcionário de associação mantida pelo parlamentar. A informação é do professor de informática Anderson de Souza, que leciona na entidade Balanço Social, mantida por Gunda no Bairro Lindeia, no Barreiro, que oferece cursos de in-formática. Segundo o professor, William dirige a instituição e trabalha na área de comunicação do vereador na Câmara.

Cabo Júlio (PMDB) também usa funcionários do gabinete para administrar os cursos e dar aulas para seus eleitores. A coordenadora dos cursos, Lúcia Helena, e o professor de informática Rafael Wallace Braga são pagos com recursos da Câmara. Outra funcionária de seu gabinete, Gisele Brandão, também já deu aulas nos cursos do verea-dor.

No mesmo endereço onde funciona o escritório parlamentar do vereador Toninho da Vila Pinho (PTdoB), também no Barreiro, fun-ciona a ONG Valorizar. O funcionário que dá informações sobre o gabinete também responde pelos serviços da ONG. É ele quem faz as inscrições nos cursos oferecidos. “Você às vezes pode me ligar e eu não estar aqui, estar lá na Câmara Municipal. Ele me manda para qualquer lugar”, disse Godinho, sem saber que estava falando com a imprensa.

Toninho negou que Godinho trabalhe na ONG Valorizar. “São lojas diferentes, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra”, ressaltou. Segundo ele, Godinho, lotado na Câmara Municipal, é voluntário da ONG. “Ele não trabalha lá quando está em serviço na Câmara”, justificou. O vereador disse que o ônibus é do escritório parlamentar, mas os cursos fazem parte da ONG. “ Esta ONG é uma parceria com o deputado federal Luis Tibé”, acrescentou.

A assessoria de comunicação do vereador Gunda nega que a instituição seja do vereador. Segundo informou a assessoria do par-lamentar, que não foi localizado em seu gabinete para dar entrevistas, ele é um dos idealizadores e apoiadores do Balanço Social, que é um projeto e não uma organização não governamental.‘COinCidÊnCia’

O vereador Divino Pereira também negou que um funcionário da Câmara contratado por seu gabinete trabalhe na associação Vem Viver. Segundo ele, Evandro foi localizado ontem pela reportagem na sede da associação por mera coincidência. “Ele foi lá separar um material de doação que vamos mandar para o Vale do Jequitinhonha”, explicou o vereador. O vereador afirma que o Vem Viver é um projeto que ele apoiava antes de ser vereador, mas que está sendo desativado por falta de apoio financeiro. Ele afirma que a sala aonde funciona o projeto foi cedida pela Igreja Nova Vida e que é usada atualmente só para reuniões da terceira idade e para os atendimentos para assuntos pastorais feitos por ele duas vezes por semana. “Tomei prejuízo vindo para a política. Ganho muito menos e não posso ajudar mais ninguém, pois os empresários que apoiavam o nosso projeto acham que vere-ador ganha bem e não precisa de ajuda”, reclamou o vereador, que garante não ser candidato à reeleição na eleição do ano que vem.

Cabo Júlio confirmou que funcionários lotados no seu gabine-te dão os cursos no escritório parlamentar no Barreiro. “O aluguel é pago com dinheiro público porque os vereadores têm direito a ter o escritório parlamentar para divulgar e discutir seu trabalho na comu-nidade, mas os serviços e as festas sou eu quem paga”, acrescentou. Segundo ele, as atividades são suspensas em ano eleitoral.

lEGislaTiVO

Festa entre as benessesLeonardo Augusto e Alice Maciel - Alessandra Mello

COnT... EsTadO dE Minas – P. 3 E 4 - 19.06.2011

24

Page 26: 18 a 20 Junho 2011

Nem só da distribuição de cursos profissionalizantes e velórios sobrevivem eleitoralmente os vereadores da capital mineira. Eles tam-bém são chegados em uma festa. O vereador Cabo Júlio patrocina bailes no Barreiro, sua principal base eleitoral, com direito a brindes e música. A bebida e a comida sáo por conta do eleitor. O vereador Gunda também é famoso na mesma região pelas festas apoiadas por ele. Quem promove os eventos é a organização Balanço Social.

O vereador Toninho da Vila Pinho também promove festas na comunidade do Barreiro. Uma delas, um arraial neste fim de semana. As faixas convidando as pessoas para a festa junina estão por todo o bairro. Nelas está escrito: “Apoio vereador Toninho da Vila Pinho”. Uma mulher que mora há 20 anos na região disse que o parlamentar sempre promove festas e que aproveita para pedir votos. O vereador disse que dá apenas apoio para divulgação. “A Vila Pinho é uma co-munidade muito carente. Nu nem participo desses eventos. Sou evan-gélico e não gosto muito. Prefiro ir à igreja”.

O vereador Pablito (PTC) também promoveu uma festa para a população do Bairro Pindorama, Região Noroeste da capital, no mês passado. Todas as mães tinham direito a brindes, alguns deles forneci-dos pelo gabinete do vereador. Logo na chegada, todas ganhavam um número inscrito no verso de um panfleto com a foto de Pablito, que não participou do evento, mas estava representado por um funcionária de seu gabinete.

Aos domingos, o vereador Paulinho Motorista (PSL) patrocina um pagode na Praça Duque de Caxias, no Bairro Santa Tereza. Em abril, o vereador Heleno (PHS) apoiou uma festa de comemoração dos 65 anos de um time de futebol amador da cidade. A comemora-ção, realizada em uma quadra no Bairro Sagrada Família, contou com a participação do vereador, que distribuiu camisas para os veteranos do time.

No Dia das Mães, o vereador Geraldo Félix (PMDB) aproveitou a homenagem e prestou contas de seu mandato em um evento promo-vido no Bairro Bom Jesus, Região Noroeste. E ainda distribuiu brin-des de valor elevado para a população, como micro-ondas e outros eletrodomésticos. Por causa disso, ele agora é alvo de uma investiga-ção aberta pelo Ministério Público para avaliar se o evento caracte-rizou abuso de poder econômico ou compra de votos. A distribuição de qualquer brinde ou vantagem ao eleitor em ano de campanha pode ser caracterizada como compra de voto, de acordo com o Ministério Público Eleito.

Curral para se perpetuar no poderLeonardo Augusto e Alice Maciel Alessandra Mello O assistencialismo transforma os vereadores em agenciadores

de servidores e não em legisladores e é o principal responsável pela sucessivas reeleições de quem adota essa prática. A análise é do so-ciólogo e ex-secretário de Planejamento de Teresopólis (RJ) Sandro Gripp. Ele á autor de um estudo do Observatório de Políticas Urbanas e Gestão Municipal da Universidade Federal do Rio de Janeiro sobre o assistencialismo nas câmaras municipais da região metropolitana fluminense.

Para o pesquisador, não há dúvida que as práticas assistencialis-tas são as principais responsáveis pela formação dos %u201Ccurrais eleitorais, que contribuem para a perpetuação dos vereadores no poder. Segundo ele, isso não é restrito ao estado do Rio de Janeiro, mas sim fenômeno típico da cultura política brasileira, como o coronelismo e o clientelismo. CEsse trabalho dos vereadores feito por meio de centros sociais, organizações não governamentais e outras entidades do gê-nero tem um impacto profundo na eleição e reeleição dos vereadores. Nosso trabalho cruzou as estatísticas de votação com o raio de atuação dos vereadores e foi possível perceber claramente o sucesso dessa prá-tica.Ele afirma que o vereador que realmente desempenha seu papel de legislador geralmente tem uma votação pulverizada em toda a ci-

dade e não concentrada somente em sua área de atuação social, que é como eles chamam os serviços prestados para a população.

Sandro Gripp também afirma que, na maioria das vezes, os vere-adores que oferecem para a população serviços de ambulância, cursos profissionalizantes, medicamentos e toda sorte de benesses atuam no vácuo do Estado.CNo lugar de levar o Estado para a população, eles aproveitam a ausência do Estado para formar seus currais eleitorais e se perpetuar no poder.Para o sociólogo, é extremamente difícil com-bater esse assistencialismo, pois a oferta de serviços só é considerada ilegal em anos de campanha eleitoral. Mas é claro que essa distribui-ção de benesses é um artifício para obter a simpatia do eleitor e seu voto na próxima eleição.

Jorge Gontijo/EM/D.A Press No Barreiro de Cima, o escritório de Cabo Júlio, campeão dos serviços, oferece cursos de informática e artesanato gratuitos

Beto Novaes/EM/D.A Press Na ONG Balanço Social, mantida por Gunda, o coordenador é contratado do vereador na Câmara, segundo um professor

Jorge Gontijo/EM/D.A Press Na faixa, o apoio do vereador Toninho Pinheiro ao Arraiá da Praça Formosa, na Vila Pinho, programado para este fim de semana

Jorge Gontijo/EM/D.A Press

Em maio, Geraldo

Félix aproveitou a ho-menagem ao Dia das Mães para prestar contas de seu mandato e distri-buir brindes

Jorge Gontijo/EM/D.A Press

Ônibus de Pau-linho Motorista, que leva %u201Co povo para cemitério, veló-rio, para festa, para casamento%u201D, circula pela Av. do Contorno

COnT... EsTadO dE Minas – P. 3 E 4 - 19.06.2011

25

Page 27: 18 a 20 Junho 2011

EsTadO dE Minas - P. 15 - 18.06.2011

26

Page 28: 18 a 20 Junho 2011

Deputados querem ouvir a versão do goleiro Bruno sobre o esquema de extorsão que estaria sendo planejado para tirá-lo da cadeia. Na pró-xima quarta-feira, parlamentares da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia irão à Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana, para saber o que o jogador tem a dizer sobre uma visita que teria recebido da juíza Maria José Starling, acusada de participar do plano para soltar o goleiro em troca de R$ 1,5 milhão.

Na denúncia feita à comissão, no último dia 10, a noiva de Bruno, a dentista Ingrid Oliveira, revelou que caberia à magistrada conceder a liberdade a partir de um habeas corpus impetrado pelo advogado Robson Pinheiro, também acusado de envolvimento no esquema. O advogado, que atuou na defesa de Bruno por dois meses, nega as acusações.

Ingrid Oliveira não participou ontem da audiência onde apresentaria o vídeo, feito em um hotel, em que o advogado apareceria detalhando como a soltura comprada iria acontecer. Minutos antes do início da ses-são, o advogado Cláudio Dalledone, que atualmente defende o goleiro, ligou para os deputados e disse que, por medo, Ingrid decidiu não parti-cipar da audiência.

A dentista teria passado a ser alvo de ameaças desde que revelou o esquema. Ela denuncia um policial civil, identificado como Leandro, como autor das intimidações. O deputado Durval Ângelo (PT), que pre-side a comissão, suspeita que a ida da juíza ao presídio tenha ocorrido às escondidas, por isso não foram encontrados registros que confirmam a entrada dela na penitenciária.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) negou que a magistrada tenha se encontrado com o goleiro. Segun-do a assessoria, todas as visitas aos detentos são registradas. Bruno está preso no local desde julho do ano passado, quando foi acusado de mandar matar a ex-namorada Eliza Samudio, que cobrava dele o reconhecimento da paternidade do filho, Bruninho, hoje com 1 ano e 3 meses.

O advogado da juíza, Getúlio Queiroz, classificou como levianas as denúncias contra Maria Starling. A magistrada tem sido insistentemente procurada pela reportagem de O TEMPO, mas não retorna as ligações.

Em e-mails, dentista mantém o noivo informado do escândaloPor meio de e-mails enviados ao advogado Cláudio Dalledone, a

dentista Ingrid Oliveira tem informado o noivo sobre o escândalo envol-

vendo a soltura negociada. Em uma das mensagens, de fevereiro deste ano, Ingrid pede ao noivo que fique calmo e explica por que tomou a decisão de não compactuar com o esquema, supostamente proposto pelo advogado Robson Pinheiro.

“Foi uma decisão unânime, de pessoas que só querem o seu bem. Sei que sua liberdade não tem preço, mas quero que saiba que estou dando o melhor de mim”, diz ela numa carta.

Nas mensagens, recheadas de declarações de amor, a noiva do golei-ro deixa claro o envolvimento da juíza Maria José Starling no esquema e fala das suspeitas de que a soltura poderia não ser concretizada, conforme prometido. (NO)

Provas - Perícia vai recuperar vídeoA Comissão de Direitos Humanos da Assembleia vai solicitar à Po-

lícia Civil que faça uma perícia no vídeo em que o advogado Robson Pinheiro aparece dando detalhes de como seria a cobrança da propina e posterior soltura de Bruno. O objetivo, segundo o deputado Durval Ânge-lo, é identificar o áudio que não aponta, com clareza, o teor da conversa.

Nas imagens, segundo o parlamentar, aparecem ainda o atual advo-gado do jogador, Cláudio Dalledone, o sócio dele, Patrick Berriel, e uma quarta pessoa, que não foi possível ser identificada. O material teria sido feito com uma câmera escondida.

Durval Ângelo conta que assistiu às imagens. Segundo ele, é possível perceber, por meio de leitura labial, que o advogado Robson Pinheiro cita a proposta de cobrança de propina aos dois colegas de profissão. Pinheiro ainda teria apresentado aos outros advogados um contrato que garantiria a soltura de Bruno em um prazo de 48 horas. “Ficam claras as propostas dele (Pinheiro) de libertar o goleiro mediante o pagamento”, disse.

O vídeo seria apresentado ontem na audiência pública, porém as imagens não chegaram à comissão, conforme prometido pela noiva do goleiro, Ingrid Oliveira. A previsão é que o vídeo esteja com a comissão até a semana que vem.

A comissão também vai enviar o vídeo à Universidade de São Paulo (USP) para que seja feita a recuperação do áudio. Ministério Público Estadual (MPE), Tribunal de Justiça e Corregedoria da Polícia Civil tam-bém receberão cópias. (NO)

O TEMPO - P. 30 - 18.06.2011 na fonte

Deputados querem a versão de Bruno sobre a extorsão Noiva do jogador desiste de mostrar provas e diz que está com medo

27

Page 29: 18 a 20 Junho 2011

EsTadO dE Minas - P. 22 - 18.06.2011

fOlha dE sP - P. C12 - 18.06.2011

Juíza é suspeita de extorsão contra Bruno, diz deputado

CasO BrunO

Assembleia quer ouvir goleiro sobre denúncias

28

Page 30: 18 a 20 Junho 2011

O TEMPO - P. 8 - 18.06.2011

29

Page 31: 18 a 20 Junho 2011

O GlOBO - P. 3 E 4 - 19.06.2011

30

Page 32: 18 a 20 Junho 2011

COnT... O GlOBO - P. 3 E 4 - 19.06.2011

31

Page 33: 18 a 20 Junho 2011

COnT... O GlOBO - P. 3 E 4 - 19.06.2011

32

Page 34: 18 a 20 Junho 2011

COnT... O GlOBO - P. 3 E 4 - 19.06.2011Sem pudor, bancas exibem revistas eróticas

hOjE EM dia - P. 19 -18.06.2011

33

Page 35: 18 a 20 Junho 2011

isTO é - P. 60 - 15.06.2011

34

Page 36: 18 a 20 Junho 2011

O TEMPO - P. 22 E 23 - 20.06.2011

35

Page 37: 18 a 20 Junho 2011

Portaria

Número de servidores por delegacia é desrespeitado

COnT... O TEMPO - P. 22 E 23 - 20.06.2011

36

Page 38: 18 a 20 Junho 2011

COnT... O TEMPO - P. 22 E 23 - 20.06.2011

37

Page 39: 18 a 20 Junho 2011

EsTadO dE Minas - P. 21 - 20.06.2011

38

Page 40: 18 a 20 Junho 2011

EsTadO dE Minas - P. 3 - 20.06.2011

Izabelle Torres e Alana Rizzo Brasília – Parlamentares que carregam no currí-

culo acusações de terem cometido improbidade ad-ministrativa poderão se beneficiar de um projeto de lei já aprovado no Senado e que agora depende ape-nas do aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. A proposta prevê prazo de prescri-ção de 10 anos a partir da prática do crime e tem sido discutida publicamente como uma ajuda no combate à impunidade. A contradição entre o que é dito e o que vai ocorrer está no fato de pelo menos 49 de-putados responderem a processos do tempo em que foram gestores e quase a metade deles se livrará das acusações caso o projeto vire lei. A outra parte ganha tempo para protelar com recursos e garantir que os casos não tenham desfecho antes do prazo.

Na lista de beneficiados estão, por exemplo, o ex-governador Anthony Garotinho (PR-RJ), que acumu-la oito processos por improbidade da época em que comandou o governo fluminense. Três deles pres-creveriam com a nova lei. Em situação semelhante, embora com bem menos acusações nas costas, está a também ex-governadora fluminense Benedita da Silva (PT). As duas ações que ainda tramitam contra ela que tratam da prática de improbidade perderiam a validade no próximo ano, de acordo com o texto do projeto, já que os supostos crimes teriam sido come-tidos em 2002. “Tem coisas, como em um caso de ca-lamidade, que não dá para se omitir ou ignorar. Daí, ficamos sujeitos a esse tipo de ação. Por causa dos excessos de recursos, parece que vamos passar a vida respondendo a esse tipo de acusação”, diz ela.

Quem lidera a lista de processados por improbi-dade é o deputado mineiro João Magalhães (PMDB). São nada menos do que 39 ações contra ele trami-tando atualmente na Justiça Federal. Se a mudança da legislação sobre improbidade for aprovada, o par-lamentar pode usar os artifícios legais para adiar o desfecho da ação até que os 10 anos dos atos sejam concluídos. A maioria das acusações que pesam con-tra ele é de 2005.

Ao deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) tam-bém interessa a conclusão do projeto. Ele responde a uma ação movida pelo Ministério Público na época em que era secretário de Agricultura da Paraíba, em 1998. O Tribunal de Contas da União (TCU) julgou o caso e inocentou o parlamentar, mas o MP seguiu com a ação na Justiça Federal. Como a interpretação sobre o prazo prescricional do crime de improbidade

é variável de acordo com as regras em vigor, os pro-cessos contra ele seguem sem obstáculos de tempo. Se a nova lei for aprovada, Ribeiro se livra da acusa-ção automaticamente. “Acho que de alguma forma a lei tem de mudar. Não podemos passar a vida respon-dendo a acusações que são motivadas, na maioria das vezes, por intrigas políticas e por nossos opositores. Esse meu caso é um exemplo claro de que não há mais acusações e mesmo assim apareço na lista de quem é acusado. Todo mundo que atua como gestor está propício a um processo desse tipo”, diz o parla-mentar.

Explicações Defensor da proposta em tramitação é também o deputado André Zacharow (PMDB-PR). Ele é um dos acusados de improbidade administrativa em um processo iniciado em 2001, quando deixou o comando do Centro Internacional de Tecnologia de Software, em Curitiba. Segundo o Ministério Públi-co, ele foi um dos responsáveis por um contrato frau-dulento assinado pelo órgão. O parlamentar alega que já tinha deixado o cargo quando as supostas irregu-laridades foram cometidas e diz que a forma como o crime de improbidade é tratado no Brasil massacra os gestores, que passam a vida respondendo e tendo de se explicar. “Não participei de nada referente a esse contrato e mesmo assim fui acusado. Já me expliquei e apesar de passados 10 anos, ainda estou no proces-so. Isso é um desgaste desnecessário”, diz ele.

Na opinião do deputado Carlaile Pedrosa (PSDB-MG), as modificações na legislação devem se preocu-par com os excessos e com as brechas deixadas para que qualquer inimigo político possa atacar um gestor. “É muito difícil alguém passar por um cargo de gestor e não ser acusado de improbidade em algum momen-to. O problema é que tem ex-prefeito respondendo a acusações durante 20 anos. Isso é absurdo”, opina ele, que foi denunciado em cinco processos diferen-tes durante o tempo em que foi prefeito de Betim.

Tramitação A proposta foi aprovada na semana passada pela Comissão de Trabalho, de Administra-ção e Serviço Público da Câmara. Agora, segue para a Comissão de Constituição e Justiça da Casa, onde terá caráter conclusivo. A proposta já foi aprovada pelo Senado. O Projeto de Lei do Senado estabelece prazo único de prescrição fixado em 10 anos para os crimes de improbidade administrativa, contados da data do ato. A legislação atual não estabelece prazo uniforme para propor ação de improbidade contra agentes públicos.

impunidade

Bonde da improbidade beneficia 49 deputadosProjeto de lei já aprovado no Senado e em tramitação na Câmara prevê a prescrição em 10 anos dos crimes

contra os cofres públicos. Parlamentar mineiro é o campeão em processos

39

Page 41: 18 a 20 Junho 2011

COnT...EsTadO dE Minas - P. 3 - 20.06.2011

40

réus beneficiados Se a proposta que define a prescrição para o crime de

improbidade administrativa para 10 anos for concluída, mui-tos deputados serão atingidos por ela. Veja abaixo a lista de quem já foi denunciado à Justiça

- ABELARDO CAMARINHA (PSB-SP) - ADEMIR CAMILO (PDT-MG) - AGUINALDO RIBEIRO (PP-PB) - HELENO SILVA (PRB-SE) -ALCEU MOREIRA (PMDB/RS) -ANDRE MOURA (PSC-SE) -ANDRE VARGAS (PT-PR) -ANDRÉ ZACHAROW (PMSV-PR) - ANTHONY GAROTINHO (PR-RJ) - ARTHUR LIRA (PP-AL) - ASSIS CARVALHO (PT-PI) - BENEDITA DA SILVA (PT-RJ) - CARLAILE PEDROSA (PSDB-MG) - CARLOS MAGNO (PP-RO) - CELIA ROCHA (PTB-AL) - EDSON EZEQUIEL (PMDB-RJ) - EDUARDO CUNHA (PMDB-RJ) - ESPERIDIÃO AMIN (PP-SC) - FERNANDO JORDÃO (PMDB-RJ) - HELENO SILVA (PRB-SE) - HENRIQUE FONTANA (PT-RS) - HOMERO PEREIRA (PR-MT)

- HUGO LEAL (PSC-RJ) - HUGO NAPOLEÃO (DEM-PI) - JAIRO ATAÍDE (DEM-MG) - JÂNIO NATAL (PRP-BA) - JAFFERSON CAMPOS (PSB-SP) - JOÃO MAGALHÃES (PMDB-MG) - JOÃO PAULO CUNHA (PT-SP) - LEONARDO QUINTÃO (PMDB-MG) - LINCOLN PORTELA (PR-MG) - LINDOMAR GARÇON (PV-RO) - LIRA MAIA (DEM-PA) - NATAN DONADON (PMDB-RO) - NELSON BORNIER (PMDB-RJ) - NEWTON LIMA (PT-SP) - PADRE TON (PT-RO) - PAULO MALUF (PP-SP) - PAULO PEREIRA DA SILVA (PDF-SP) - PEDRO UCZAI (PT-SC) - RENATO MOLLING (PP-RS) - RONALDO BEBEDET (PMDB-SC) - SABINO CASTELO BRANCO (PTB-AM) - SILAS CÂMARA (PSC-AM) - SOLANGE ALMEIDA (PMDB-RJ) - TERESA SURITA (PMDB-RR) - VALDIVINO DE OLIVEIRA (PSDB-GO) - VENDER LOUBET (PT-MS) - WASHINGTON REIS (PMDB-RJ)

Page 42: 18 a 20 Junho 2011

O EsTadO dE sP - P. C4 - 20.06.2011

41

Page 43: 18 a 20 Junho 2011

ValOr ECOnÔMiCO - sP - P. 16 E 17 - 20.06.2011

Seguradora já vende cobertura anti-bullyingEm linha com as discussões públicas sobre como prevenir violência nas escolas, Ace lança cobertura cobra o problema

42

Page 44: 18 a 20 Junho 2011

COnT... ValOr ECOnÔMiCO - sP - P. 16 E 17 - 20.06.2011

O TEMPO - P. 16 - 20.06.2011

43

Page 45: 18 a 20 Junho 2011

O Código de Processo Penal (CPP) acaba de ser refor-mado pela Lei 12.403/11. Embora no período de discussão da reforma tenha voltado à baila a questão da prisão especial, neste particular foi mantido “tudo como dantes no quartel d’Abrantes”: os deputados federais decidiram não mexer no instituto, rejeitando a proposta advinda do Senado. O texto senatorial, ao contrário do que se andou falando, não extin-guia a prisão especial, mas robustecia seu potencial discri-minatório, já que delegava à autoridade policial ou judicial o arbítrio para indicar casuisticamente aqueles que fariam jus ao cárcere diferenciado.

Mas será que em nossa fase de maturidade constitucio-nal e democrática é legítimo que persista o instituto da prisão especial? A expressão todos são iguais perante a lei (artigo 5º da Constituição) traduz enunciado básico a qualquer re-gime que se pretenda democrático, mesmo não sendo autor-realizável no mundo fático. E essa notória não coincidência entre o dever-ser (ditado pela ordem constitucional) e o ser (encontrado na vida real) indica que o tratamento isonômico dispensado às pessoas dependa mais da atividade do Estado-executivo e do Estado-judiciário do que da igualdade formal a ser promovida pela função legislativa.

Em boa medida, porém, a própria lei pode ser fonte de desigualdade substancial. Para fins da efetiva igualdade,

Para que (m) serve a prisão especial? não basta que se tome a expressão igualdade perante a lei apenas em relação ao trato concreto dos inte-resses interpessoais. Mais que isso: para a igualdade de fato é essencial que a própria norma seja produzi-da com a noção de isonomia intro-jetada tanto em seu material gené-tico como em seus objetivos subja-centes. Assim, além da igualdade perante a lei, é importante que se tenha em conta a efetiva igualda-de na própria lei. A relativização somente é cabível face à presen-ça de fatores legítimos de discri-minação, uma vez que, na esteira do célebre enunciado aristotélico, um ordenamento jurídico de boa qualidade deve procurar induzir o (re)equilíbrio entre os desiguais, propiciando tratamento igualitário aos iguais e desigual aos desiguais na medida de suas desigualdades.

Lamentavelmente, em espe-cial quanto à legislação penal, o princípio da igualdade segue sen-do apenas um mito. Sobejam fato-res discriminantes desarrazoados, ilegítimos e imorais, encontradi-ços desde a definição dos delitos e das penas, passando pela execução das prisões e medidas cautelares, chegando, enfim, ao desenrolar da execução penal e à reintegração do egresso à sociedade. São de fácil detecção – basta que se queira ver – desvios propositais em relação ao ideal isonômico. As normas penais desigualitárias, produzidas sob justificativas apenas aparen-tes, constituem precisamente o primeiro mecanismo a selecionar os destinatários do sistema penal. Por outra: a lei sucumbe à lógica de dominação em suas projeções social, econômica, política e cultu-ral do país, reproduzindo-a.

O instituto da prisão espe-cial revela exemplo eloquente de blindagem àqueles não mirados originariamente pela pretendida seleção criminalizante. É pratica-mente uma assunção oficial de que o sistema penal não se destina a alcançar os membros dos diversos segmentos da elite nacional (cul-tural, econômica e do serviço pú-blico). Na verdade, não se trata de prisão especial, mas sim de preso especial. O instituto é como uma camada de teflon que o sistema de

seleção legal aplica em certas pes-soas para que nelas não se grude a etiqueta de “bandido” ou “margi-nal” reservada ao barnabé.

Embora a prisão especial te-nha cabimento somente na fase de investigação ou do processo, por-tanto, antes da condenação defi-nitiva, o instituto assume especial dimensão quando contextualizado num universo carcerário em que a metade de seu contingente é forma-da por presos provisórios (muitas vezes misturados aos presos con-denados, contrariando o que deter-mina a lei). Em relação ao cárcere provisório, talvez o único fator válido de discriminação corretiva diga respeito à proteção à saúde (e integridade física) dos que estejam em especial situação de vulnera-bilidade junto aos demais presos, entre eles os profissionais da per-secução penal. Mas isso não quer dizer que essas pessoas mereçam desfrutar de acomodações qualita-tivamente melhores, mais confor-táveis, enfim, com mais regalias e privilégios. Deveria significar, apenas, que existe a necessidade de separação dos demais presos; eventualmente, até a alocação em acomodações individuais.

A verdade é que, nos termos da lei, a custódia cautelar deveria sempre se dar em local próprio, separado dos que já cumprem pe-nas definitivas. O ideal seria haver iguais condições a todo e qualquer preso provisório, e não apenas àqueles distinguidos pelo’ status cultural (diplomados em curso superior) ou pela força política diferenciada que sua instituição profissional amealhou junto ao legislador (profissionais liberais, políticos, religiosos, oficiais mili-tares, professores, vigilantes, sin-dicalistas, pilotos e outros).

Enquanto não houver o efetivo avanço legislativo sobre a matéria, resta instigar o Supremo Tribunal Federal (STF), responsável maior pela jurisdição constitucional, a induzir a equalização do sistema com base no ideal de igualdade, de modo a ajustar o foco do aparelho estatal a seu objetivo fundamen-tal, qual seja, a construção de uma sociedade verdadeiramente livre, justa e solidária.

EsTadO dE Minas - P. 01 - dirEiTO & jusiTÇa - 20.06.2011

44

Page 46: 18 a 20 Junho 2011

éPOCa - P. 49 - 20.06.2011

45