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Boletim dos ProfessoresBoletim dos Professores
ISSN 1646-0219
www.min-edu.pt
Setembro 2009
ISSN 1646-0219
www.min-edu.pt
Setembro 2009
17NmeroEspecial
Formao de professores do 1. cicloFormao de professores do 1. ciclo
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As famlias dos alunos do Centro Escolar de Barroselas Professor de Fsica, v com bons olhos este entusiasmo,
foram irremediavelmente contagiadas pelo ensino reconhecendo a importncia de as crianas terem acesso
experimental das cincias. O surto de entusiasmo foi de ao ensino experimental desde cedo: fundamental
tal ordem, que no deixou ningum imune. Pais, irmos, que os alunos se interroguem sobre o porqu das coisas,
avs e tios todos acabaram por ter de ouvir relatar que criem o desejo de aprender, que desenvolvam
e at mesmo por realizar as experincias que as crianas a vontade de saber.
tinham feito na escola.
Foram precisamente as crianas e os pais que levaram
Nem as prprias casas escaparam a tamanho rebulio, Maria de Jesus Ribeiro, professora do 1. ciclo, a continuar
transformando-se, por obra e graa dos pequenos a investir na formao em ensino experimental das
aprendizes de cientistas, em laboratrios cientficos cincias, mesmo quando as exigncias profissionais
improvisados. Num sbado, quando cheguei cozinha, pareciam difceis de conciliar com as familiares. So
deparei com uma srie de copos com terra no peitoril da os alunos que j no nos deixam voltar atrs, depois
janela utilizados para fazer a experincia da germinao, de experimentarem trabalhar desta forma. E os pais,
recorda Anabela Boaventura, me do Miguel, a frequentar apercebendo-se da evoluo dos filhos, tambm
o 2. ano. nos pedem para avanarmos, salienta esta docente.
Mas, se as crianas ficam diferentes, tornando-se
mais curiosas, observadoras, atentas e rigorosas, os
professores tambm passam por uma transformao,
alterando as suas prticas pedaggicas no dia-a-dia.
neste sentido que as professoras do Centro Escolar
de Barroselas consideram que a formao foi um ponto
de partida que lhes deu novas bases ao nvel dos
conhecimentos cientficos e do domnio do mtodo
experimental, mas que tambm veio alterar a dinmica
de grupo da equipa pedaggica.
Passmos a planificar o trabalho com as colegas,
a testar as experincias em conjunto, a partilhar os
materiais entre as salas de aula, a discutir os resultados
No dia em que o meu filho tinha cincias experimentais em equipa e a dar sugestes umas s outras, explicando
na escola, eu sabia em casa, porque ele tentava demonstrar como adaptvamos as propostas aos alunos, tendo
tudo o que tinha aprendido, recorrendo a materiais de uso em conta o ano de escolaridade, refere Maria de Jesus
corrente. E no era s em casa, quando ia a casa da av, Ribeiro.
tambm realizava as experincias para a av e os tios
verem e explicava as concluses a que tinham chegado, Para que as prticas se alterem efectivamente, Patrcia
relata esta me, com um sorriso. Costa, formadora da Escola Superior de Educao de
Viana do Castelo, considera fundamental todo este trabalho
Tambm Gaspar Rego, pai do Pedro, a frequentar que realizado pela equipa de docentes, defendendo que
o 3. ano, era desafiado pelo filho a repetir em casa o objectivo da formao no fornecer os protocolos j
as experincias realizadas na sala de aula, percorrendo feitos, prontos a utilizar, mas sim aprofundar conhecimentos,
as temticas abordadas ao longo do ano lectivo: dar sugestes e apoio para que os docentes se sintam
flutuao, dissoluo, germinao, pndulo gravtico, preparados para planificarem, concretizarem e avaliarem
pndulo elstico as actividades realizadas com os alunos.
As professoras encaram a formao como um ponto
de partida para alterar as prticas pedaggicas
O ensino experimental das cincias contagiou tudo e todos no Centro Escolar
de Barroselas, em Viana do Castelo, levando os professores a modificar prticas
na sala de aula e os alunos a ensaiar o mtodo experimental em casa, partilhando
com as famlias as actividades realizadas na escola.
Agrupamento de Escolas de Barroselas:
Quando a cincia ultrapassa os muros da escola
Agrupamento de Escolas de Vila Praia de ncora:
As contas e os nmeros da formao
A necessidade de formao h muito que era sentida. A aplicao do PFCM resulta de uma equao simples
A professora do 2. ciclo Jovina Domingues recorda que, de quatro parcelas: sesses conjuntas, aulas de
h 20 anos, a formao inicial tinha objectivos distintos acompanhamento, sesses de reflexo e sesso plenria.
dos de hoje, por isso encara com naturalidade o A soma das quatro corresponde ao trabalho desenvolvido
investimento e a actualizao cientfica e pedaggica. por formador e formandos ao longo do ano lectivo.
Para o formador Antnio Fo, as provas de aferio As primeiras consistem num trabalho de reflexo sobre
tambm fizeram sentir a necessidade de formao, prticas, e na elaborao de tarefas e contedos para a
alm de que resultados de um inqurito aplicado aos aula. Requerem um esforo de planificao e de seleco
formandos revelavam que 90 por cento nunca tinham nem sempre fcil de cumprir. Antnio Fo recorda que,
tido formao. Para Antnia Amorim, professora do no incio, todos queriam fazer tudo.
1. ciclo, havia inquietao, no havia era respostas.
Por isso, esta formao surgiu como resposta, elucida Traado um plano, a segunda fase corresponde s aulas
Celeste Barreiros, professora do mesmo ciclo de ensino. assistidas. Antnio Fo, enquanto formador do grupo,
o responsvel por esta funo, uma postura que
No Programa de Formao Contnua em Matemtica entende ser mais de acompanhamento e de ajuda
(PFCM), iniciado h quatro anos com o 1. ciclo, do que de superviso. Uma prestao bem-sucedida
Antnio Fo reala o esforo de consulta de forma e elogiada pelos colegas. Nunca sentimos a presena
a poder corresponder s necessidades de formao de um observador, nem ns nem os alunos, revela
dos formandos. Celeste Barreiros.
Ainda no mesmo dia, a este acompanhamento em sala
de aula segue-se nova sesso conjunta de reflexo.
uma oportunidade de mostrar o trabalho feito
e discutir os problemas e as dificuldades que se sentiram
na aplicao de estratgias com os alunos.
Por fim, a sesso plenria consiste no encontro final
e tem uma dimenso distrital. composta por
conferncias, seguidas de uma feira de ideias
e materiais. Os professores das diversas escolas
fazem apresentaes para os colegas, partilhando
experincias e perspectivas diferentes.
Alis, o esprito de entreajuda esteve sempre presente.
Segundo Antnio Fo, uma atitude que no se limita
troca de materiais, contempla tambm os aspectos
cientficos e pedaggicos. Uma opinio partilhada
por Jovina Domingues, que destaca cooperao, esprito
colaborativo e trabalho de equipa. Comportamentos
que Celeste Barreiros entende serem frequentes
na escola, sendo prtica comum o trabalho em conjunto
entre professores de cada nvel de escolaridade.
Como confirma Jovina Domingues, no h receio de
se exporem e existe humildade em verbalizar dvidas.
Em Viana do Castelo, o PFCM termina com uma
feira de ideias e materiais em que participam
todos os formandos
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Um formador. Um Programa de Formao Contnua em Matemtica. Quatro anos de experincia.
Quatro momentos de trabalho. Dezanove turmas do 1. ciclo, dez de 2. ciclo. Os nmeros
so muitos, mas a aritmtica simples. Na Escola EB dos 1. e 2. Ciclos de Vila Praia de ncora,
as contas fazem-se no fim e todos ficam a ganhar.
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Olhos brilhantes a acompanhar as palavras com que volta da mesa na sala da biblioteca repleta de histrias,
descreve o projecto da Escola EB 2,3 do Pinho para o Graa Coelho, Albertina Sousa e Cristiana Duro
PNEP, Luzia Oliveira, professora com 30 anos de servio, concordam com as palavras da colega. A experincia
confessa que a experincia enquanto formadora do PNEP da formao uniu o corpo docente em torno de novas
foi das melhores coisas que lhe aconteceram. metodologias e prticas pedaggicas. Esta formao foi
a que mais me entusiasmou. Queria fazer um trabalho
Inicialmente hesitante na aceitao destas funes, hoje diferente, com estratgias diferenciadas, utilizando teatro,
confessa-se rendida. O PNEP constitui uma oportunidade msica e sons, revela Graa Coelho.
de progresso na carreira, mas sobretudo muito
aliciante pela utilizao de metodologias de aprendizagem Em Pinho, a equipa decidiu-se pela utilizao