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Page 1: 16ª Edição - O Espectro

16ª Edição - 27 Novembro 2014 Núcleo de Ciência Política ISCSP - UL

Papa Francisco no Parlamento Europeu © VEJA pág7

Europa, estagnação ou descolagem?

pág8

A crise de confiança na zona eu-

ro parece finalmente ter termi-

nado. Hoje, já não se fala da de-

sestruturação da zona euro, (…)

e apesar das possantes tensões

socias (…) não se admitem cená-

rios de guerra como se chega-

ram a equacionar.

Tu não és quem dizes ser (crónica)

Zizek e o Advento do Apartheid Global pág5 pág3

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Page 2: 16ª Edição - O Espectro

POLÍTICA INTERNA

02 | O ESPECTRO 27 NOVEMBRO 2014 www.facebook.com/OEspectro

Tu não és quem dizes ser

Rui Sousa

Na segunda-feira o inédito aconteceu. Um novo concorrente entrou na Casa dos Segredos, um género de Big Brother político mas com "factos" en-cobertos, para quem desconhece o concei-to. Esta Casa tem anos e anos. Condiciona a opinião pública, con-dena culpados e iliba inocentes. Por vezes esta última frase bara-lha-se e troca a ordem do predicado. Na Cai-xa mais famosa do pa-ís, os portugueses pu-deram assistir à entra-da do concorrente mais mediático, com o segredo mais bem es-condido e o país pa-rou, vibrou ou entris-teceu. Algo somente comparável à madru-gada de 84 atraves-sando o Atlântico até Los Angeles. Dentro da Casa, vários con-correntes escolhidos

pela produção vivem, socializam e aprovei-tam para recordar memórias antigas. O lote é vasto e passível de análise sociológi-ca. O ex- presidente de clube desportivo amante do futebol inglês mas com atrac-ção fatal perante o capital. O gestor de fortunas que apre-senta uma excelente relação com bancos comerciais e que, no futuro, pretende

abrir um lar para ido-sos. Um homem for-te da banca que fez da influência nome do meio. O DDT, efi-caz no combate aos mosquitos irritantes e com eficiente acção na limpeza adjacen-te. O histórico ban-queiro que arrastou consigo mais gente do que todos os ban-didos portugueses em acção na Costa da Caparica. O homem que na letra D da sec-ção "cores" do jogo do STOP nunca se esquece da palavra dourados. O autarca adorado pela sua po-pulação, com forte amor ao fisco que recentemente saiu

do espaço e voltou à vida activa. Fez do desporto um hábito de vida. Alto nível. O poder político assiste e insiste em enviar avionetas com mensa-gens claras: “O que é da justiça não é da po-litica.” A Voz cabe à Comuni-cação Social como não poderia deixar de ser. Apesar das paredes altas, o SOL continua-rá a brilhar e o Correio chegará aos especta-dores pela Manhã aclamando as boas novas. Resta um cená-rio mental. Custa-me a acreditar que Carlos Alexandre seja a Tere-sa Guilherme.

José Sócrates © JN

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27 NOVEMBRO 2014 www.facebook.com/OEspectro

O ESPECTRO | 03

És uma rã competente?

Gonçalo Lima

perceber de que aldeia vêm os gov-ernantes que os rep-resentam? Não se trata exclusivamente de saber que crimes cometeram, mas de saber também da competência e idoneidade para rep-resentar quem seja. Contudo, algo é bem provável: virem da mesma aldeia de quem os elege. Não há-de faltar quem defenda a im-portância da idonei-dade moral de um indivíduo para ser eleito para um cargo público. Mas ning-uém garantirá, po-rém, a idoneidade moral dos indivíduos que elegem o seu representante. Já sa-bemos: a velha histó-ria dos interesses privados a sub-verterem os interess-es públicos. A

verdade é que a elite governativa não deixa de ser influen-ciada pela população que, de uma forma ou de outra, a elege enquanto repre-sentante. E quando a população se exalta com os escândalos e crimes dos suposta-mente idóneos rep-resentantes numa urgência de justicial-ismo de praça públi-ca, é ao espelho que se está a olhar. São a desconfiança e o cli-entelismo que estão

embrenhados na so-ciedade, não são nec-essariamente os agentes políticos que os promovem. O mais recente caso de José Sócrates é

bem ilustrativo desta realidade. É na figura inegavelmente carismática do sujeito que, a comunidade política, encontra a expiação de todos os seus pecados. O circo está montado e o povo aplaude. Se não for pela incompetên-cia da sua governação, será pelo seu carácter que o político é julga-do. Julgar Sócrates, a priori, é resolver uma parte da história, co-mo que um alívio co-lectivo. Se o ex-

primeiro-ministro for efectivamente conde-nado, não será pela detenção de um crimi-noso que os media rejubilarão mas pela primeira detenção de

em parceria com o NAE

Num filme do realiza-dor Werner Herzog, “O Enigma de Kaspar Hauser”, um professor de lógica, a certa altu-ra, põe um problema ao ingénuo Kaspar. Colocado numa bifur-cação, os caminhos levariam a duas aldeias. Numa delas apenas se dizia verdade, na outra apenas se praticava a não tão nobre arte da mentira. Não sabia, porém, o viajante, qual dos caminhos levava a qual das aldeias. Vindo de um dos caminhos, surge um homem ao qual o viajante tem direito a apenas fazer uma pergunta de modo a saber de qual das aldeias vinha. Qual teria de ser a pergun-ta? De facto, qual a pergunta que devem colocar os povos para

José Sócrates © BEIRA.PT

POLÍTICA INTERNA

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04 | O ESPECTRO 27 NOVEMBRO 2014

nicos. Por outro lado, os políticos não devem ser tidos co-mo ícones e muito menos como reservas de morali-dade de um povo. A ignorância desta real-idade é prejudicial para a democracia. A sua idoneidade moral é tão determinada pelos costumes como a de qualquer outro cidadão. O único fac-tor de diferenciação deveria ser o efectivo desinteresse do polí-

tico pelo poder. Mas alguém acredita mes-mo nisso? Voltemos agora ao problema lógico do

um ex-líder da Nação: como se a con-firmação do seu mau carácter fosse a justifi-cação suficiente para a sua incompetência governativa. Se não for condenado pela Justiça, já foi porém por tudo o resto. Co-mo não se poderá jul-gar pelas provas, jul-gar-se-á pelo carácter. Quero com isto dizer que a figura do políti-co é isso mesmo, uma imagem essencial-mente construída pe-los meios de comuni-cação social. A distân-cia cada vez maior en-tre a elite política e o cidadão-comum é in-termediada pela falta de comunicação entre ambos. E quem medeia essa comuni-cação são, precis-amente, os media. Logo, quem constrói o carácter dos políticos é a comunicação so-cial. Será mesmo esse o factor determinante de uma boa ou má governação? No caso das empresas que controlam a comuni-cação, sim, desde que dê espectáculo.

É neste espírito de hipocrisia pública, que Miguel Macedo se demite por uma alegada associação com um suspeito de crime. Desconfia-se do carácter e da sua idoneidade moral. Porém, Nuno Crato mantém-se firme na posição, quando foi efectivamente re-sponsável por ter provocado graves danos no decorrer da vida escolar de vários alunos e professores. Dois pesos e duas medidas: autoconde-na-se um por uma presumível afectação da sua imagem, man-tém-se o outro por demonstrada incom-petência. A meu ver, os políti-cos, tal como outros detentores de cargos públicos, devem ser tidos como decisores, compe-tentes e imparciais na defesa da causa pública, no contexto da sua inevitável par-cialidade ideológica - daí os elegermos e não delegarmos o poder a meros téc-

início. Desvenda o professor de lógica ao pobre Kaspar que por meio de uma pergun-ta em dupla negação se desmascararia o mentiroso. Mas ex-istiria uma pergunta mais simples: “És uma rã?” Se respondesse que sim, saberíamos que mentia. Como sa-ber, todavia, quais os políticos de descon-fiar? Perguntar-lhes-íamos porventura as suas intenções. Mas de câmaras e micro-

fones apontados, será mesmo essa a questão fulcral?

Miguel Macedo © LUSA

em parceria com o NAE

POLÍTICA INTERNA

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REPORTAGEM

27 NOVEMBRO 2014 www.facebook.com/OEspectro

O ESPECTRO | 05

Zizek e o Advento do Apartheid Global

Rui Coelho

No passado fim-de-semana o popular filósofo esloveno, Slavoj Zizek, esteve no Porto onde, a convite da Faculdade de Belas Artes, foi orador destacado de um colóquio intitulado “The Freedom of a Forced Choice”.

Oferecendo a sua opinião sobre o partido espanhol Podemos, Zizek manifestou o seu apoio pelo fenómeno, evidenciando a importancia da distinção entre uma esquerda radical e o

velho reformismo centrista que persegue o sonho utópico de um capitalismo mais humano e sustentável. O principal obstáculo que, para o filósofo, enfrenta qualquer projeto político radical, é a atual tendência do capitalismo global para gradualmente reforçar os seus mecanismos autoritários. Para Zizek, as políticas de

austeridade vividas em Portugal devem ser entendidas neste contexto de “chinificação” das economias ditas desenvolvidas. Tal autoritarismo não é, de todo, incompatível com o vasto leque de liberdades individuais gozadas no país na medida em que, estas, são parte integrante do teatro consumista, desprovidas de qualquer potencial subversivo. Continuando por este

Slavoj Zizek © PORTO.PT

Page 6: 16ª Edição - O Espectro

COLUNA EX LIBRIS

Crack Capitalism

John Holloway (2010)

Rui Coelho

Guerra, destruição ambiental, miséria, genocídio das populações indígenas... Quase todos concordamos que o mundo onde vivemos é marcadamente injusto, mas como muda-lo? Inúmeros pensadores se têm ocupado dessa questão e uma das mais recentes propostas é desenvolvida em “Crack Capitalism”, a última obra do teórico autonomista, John Holloway. Doutorado em ciência política, Holloway é um influente teórico da corrente libertária do marxismo, conhecida como autonomismo. O seu

pensamento aproxima-se muito de abordagens políticas como a dos Zapatistas ou do movimento alterglobalista. “Crack Capitalism” continua o discurso da obra “Mudar o Mundo sem Tomar o Poder”, onde o autor argumenta que o potencial revolucionário reside nas ruas e não em projectos de conquista do aparelho de Estado. Neste mais recente trabalho, Holloway aproxima-se da concepção foucaultiana de poder, defendendo que todas as relações sociais são um campo de batalha e a luta pela dignidade

passa por um confronto constante com a dominação no quotidiano. Oferecendo um olhar fresco sobre a possibilidade de emancipação, a obra de Holloway demonstra como a melhor teoria política nunca é aquela que se mantém fiel a dogmas do século XIX, mas antes a que é construida, a cada momento, nas ruas, de baixo para cima.

06 | O ESPECTRO 27 NOVEMBRO 2014 www.facebook.com/OEspectro

caminho de reforço autoritário, vão-se criando, na perspetiva do pensador, as condições para uma sociedade de apartheid global, onde o chamado “primeiro mundo” se constitua uma fortaleza violentamente patrulhada dentro da qual se goza de um liberalismo perverso, no qual tudo é possível, desde que, nada mude. Neste cenário, o aparente privilégio dos países ricos é sustentado pelas vítimas do regime de apartheid global: explorados, colonizados, imigrantes, e outros miseráveis que constituem a multidão dos invisíveis. São estas as negras previsões do filósofo marxista para a nossa civilização: um mundo condenado a ser agente do seu próprio colapso ambiental, social e político.

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POLÍTICA EXTERNA

A Política da Religião

Tiago Santos

O dia 25 de Novembro de 2014 ficará marca-do para a história da União Europeia, da Europa e do Cristianis-mo, sendo o dia em que, passados 26 anos, a figura mais al-ta da Igreja Católica, o Papa, visitou o esplen-dor máximo da demo-cracia desta institui-ção, o Parlamento Eu-ropeu. A última visita de um sumo pontífice a este órgão, data do já lon-gínquo ano de 1988, foi João Paulo II que ali discursou perante uma Europa ainda di-vidia pelo Muro e as-solada pela Guerra Fria. Naquela Europa, a Igreja deveria ter na sua posse o poder aglutinador que a polí-tica continuamente violava. A separação ideológica era de tal forma gravosa, que se verificava a existência de dois povos, duas civilizações no Velho

Continente, sendo por isso de uma im-portância simbólica gritante aquela visita de João Paulo II. Hoje, a Europa não se encontra dividida, a sua população tem vindo a integrar-se no trilho de um futu-ro povo europeu e, ainda, os Estados en-contram-se cada vez mais próximos. Esta proximidade está, desde sempre, pre-destinada e consa-grada nos Direitos Fundamentais da União Europeia. Esta integração vem tam-bém dar seguimento ao património cultu-ral e religioso comum aos povos da Europa, cuja preservação é fulcral para a prosse-cução do projecto europeu. É neste campo que se pode avaliar o simbolismo da visita papal ao Parlamento Europeu. O Papa

Francisco, consciente das dificuldades sen-tidas pelos cidadãos europeus durante os últimos cinco anos, fruto da crise que paira sobre a Europa, dirigiu-se a estes, en-dereçando-lhes “Uma mensagem de esperança assente na confiança de que as dificuldades podem

revelar-se, fortemen-te, promotoras de unidade, para vencer todos os medos que a Europa – juntamen-te com o mundo in-teiro – está a atraves-sar. Esperança no Se-nhor que transforma o mal em bem e a morte em vida.” Foi com esta expres-são que o Papa Fran-cisco apelou à união

no seio da União. À solidariedade! Mas mesmo apelando a esta proximidade entre os cidadãos, o Papa reconhece e cri-tica directamente os políticos europeus pe-lo afastamento, cada vez maior, entre as instituições e as pes-soas. É este afasta-mento que conduz

posteriormente a uma descrença na União Europeia, traduzida na abstenção gritante que se revelou nas eleições para o Parla-mento. Percorrendo todo o discurso do papa en-contram-se repetidas chamadas de atenção face ao papel do Ho-mem na política, des-de logo pela

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O ESPECTRO | 07

Papa Francisco © SAPO.PT

Page 8: 16ª Edição - O Espectro

“instrumentalização” deste. O Papa Francis-co apela aqui ao res-peito pela dignidade da pessoa humana, mais um dos valores fundamentais da Uni-ão Europeia. Para dar resposta a este apelo a União, e o conjunto dos seus Estados-Membros, devem ga-rantir que o projecto prossegue e não finda, devem ainda estender a sua actuação a Esta-dos onde este respei-to parece, dentro dos limites da Europa, ser violado sem que algo seja feito contra, co-mo acontece na Ucrâ-nia. A política e a religião há muito que são rea-lidades distintas. O Estado europeu é, por norma, laico. Ainda assim, e respeitando os valores fundamen-tais da União Euro-peia, o património re-ligioso comum aos po-vos deve ser protegi-do e fomentado. Nu-ma crise que é tam-bém de valores, esta intervenção do papa e a simbologia que acar-reta devem ser inter-

pretadas e valoriza-das por aqueles que, no seio das institui-ções, conduzem a política e as políticas comunitárias. Afirmo assim que foi um verdadeiro dis-curso político que o líder da Igreja apre-sentou ao Parlamen-to, aos eurodeputa-dos e aos cidadãos europeus, lembrando todos, sem excepção, de que a Europa, pa-ra continuar no cami-nho que tem traçado, não se pode afastar dos valores sobre os quais se fundou. Tal como o próprio disse “Esta contribui-ção não constitui um perigo para a laicida-de dos Estados e pa-ra a independência das instituições da União, mas um enri-quecimento. Assim no-lo indicam os ide-ais que a formaram desde o início, tais como a paz, a subsi-diariedade e a solida-riedade mútua, um humanismo centrado no respeito pela dig-nidade da pessoa.”

Europa, estagnação ou descolagem?

João Rodrigues

POLÍTICA EXTERNA

A crise de confiança na zona euro parece finalmente ter termi-nado. Hoje, já não se fala da desestrutura-ção da zona euro, já não se equaciona a saída dos países peri-féricos da União Eu-ropeia e apesar das possantes tensões socias, bem ilustra-das na subida nas sondagens de parti-dos de extrema-direita, não se admi-tem cenários de guerra como se che-garam a equacionar. Contudo, é ainda ce-do para falar de recu-peração económica e os riscos de uma sú-bita quebra de confi-ança e retorno ao passado recente per-manecem no ar. A zona euro enfrenta ainda taxas de cresci-mento anémicas, ta-xas de inflação peri-gosamente baixas e

nem as taxas de juro directoras em míni-mos históricos pare-cem animar significati-vamente o investi-mento e a procura. Se numa primeira fase da crise os países perifé-ricos foram a principal causa de instabilida-de, neste momento são as duas maiores economias da Zona Euro que impedem a “descolagem” e que atiram o ritmo de re-cuperação para o mí-nimo de 16 meses. A Alemanha cresceu 0,1% no último tri-mestre, a França 0,3%. A inflação, por sua vez, situou-se nos 0,4%. As expectativas de crescimento de Ou-tono apontam para um crescimento fraco, pelo que, os riscos de estagnação ou reces-são se mantêm bem vivos. Para ultrapassar os

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riscos inerentes a este cenário, o Banco Cen-tral Europeu compro-meteu-se a fazer os possíveis para voltar a colocar a inflação “perto mas abaixo dos 2%”. Os mercados re-agiram bem ao refor-ço de posição tomado por Mario Draghi: os prémios de risco para

a dívida soberana dos países da zona euro diminuiu, os índices bolsistas valorizaram e a cotação do euro fa-ce ao dólar diminuiu 0,8%. A baixa inflação, ao ser interpretada como um sinal de fraca pro-

cura interna, está a prejudicar a confian-ça dos investidores, pelo que, a actuação do banco central é nesta fase crucial mas não suficiente. A recuperação da Zona Euro está dependen-te da reanimação dos dois principais gigan-tes europeus, contu-

do, os germânicos continuam reticentes em estimular a eco-nomia através da po-lítica fiscal enquanto a França enfrenta pe-lo quarto ano conse-cutivo um défice or-çamental crescente e acima do limite de

3%. A situação gaule-sa é particularmente preocupante porque o incumprimento pressiona o executivo a encetar reformas estruturais profundas que consequente-mente podem ter um impacto negativo no crescimento. O cenário está longe

de ser animador e alguns economistas de renome, como Jo-seph Stiglitz, alertam que a Europa arrisca-se a ter uma “década perdida” semelhante à japonesa, lutando contra a estagnação e a deflação e com

taxas de desemprego bastante superiores. A combinação de fra-co crescimento, pouca inflação, dívidas sobe-ranas perigosamente altas e riscos exóge-nos como a tensão no leste europeu, debili-tam a estabilidade e a recuperação europeia, aumentando expo-nencialmente o risco de se incorrer nova-mente numa crise idêntica à passada. A Europa arrisca-se a perder relevância mundial em termos políticos e económi-cos, ao perder terreno para os BRICS, cujas dinâmicas de cresci-mento continuam ro-bustas. É essencial que os líderes euro-peus tomem celere-mente as medidas ne-cessárias para o relan-çamento económico. Em jogo estão não só as condições de vida e a concretização dos ideais europeus, mas também o risco de se-cundarização no cená-rio político mundial, perante a expectável bipolarização entre EUA e China.

POLÍTICA EXTERNA

27 NOVEMBRO 2014 www.facebook.com/OEspectro

O ESPECTRO | 09

Joseph Stiglitz © JORNAL GGN

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Propriedade do Núcleo de Ciência Política ISCSP - UL Coordenador: Isa Rafael | Co-coordenador: André Cabral | Revisores: André Cabral e Beatriz Bagarrão | Design: Isa Rafael | Plataformas de Comunicação: Daniela Nascimento, João Cunha

e João Silva | Cartaz Cultural: Isa Rafael

www.facebook.com/OEspectro [email protected]

CARTAZ CULTURAL

19h30 - 04h00

Vários locais

Cinema S. Jorge, Palácio Foz,

Vodafone Bus I e II

40€ (preço único para os 2 dias)

VODAFONE

MEXEFEST

2014

10 | O ESPECTRO 27 NOVEMBRO 2014 www.facebook.com/OEspectro

todos as segundas de

NOVEMBRO e DEZEMBRO

5 às 6

OFICINA DE

ESCRITA CRIATIVA

E LITERÁRIA I

Segundas-feiras: 18h - 20h

Biblioteca de S. Jorge de Arroios

Rua Passos Manuel, 20, 1º

1150-260 Lisboa

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até 31 DEZEMBRO

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Quintas-feiras: 20h45 - 22h

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Preços sob consulta

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