16675 - holismo, homeopatia, alquimia - uma sincronicidade para a cura - mÃria de amorim

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  • SUMRIO

    Prefcio ...................................................................................... 9

    Introduo ............................................................................... 13

    Parte um / Na trajetria do tempo Captulo 1 Desvelando conexes ............................................. 25

    Capitulo 2 O padro da vida..................................................... 39

    Parte dois / Montando o quebra-cabea Captulo 3 Definindo os fatores de auto-organizao .............. 47

    Captulo 4 Os centros consensuais de conscincia................... 53

    Captulo 5 Os modelos de desordem - a ordem estratificada................ 81

    Captulo 6 Os condensados de Bose-Einstein .......................... 87

    Captulo 7 Os fatores de auto-organizao............................... 93

    Parte trs / A perspectiva de uma nova compreenso Captulo 8 As leis da cura ...................................................... 109

    Captulo 9 Representaes internas da enfermidade .............. 127

    Capitulo 10 Salto quntico: uma experincia possvel........... 153

    Captulo 11 A sincronicidade como sentido de cura.............. 167

    Parte quatro / Os fatos Captulo 12 Uma abordagem casustica ................................. 183

    Captulo 13 Compartilhando testemunhos ............................. 189

    Agradecimentos...................................................................... 225

    Eplogo ................................................................................... 231 Bibliografia complementar .................................................... 235

    Manda ChuvaSello

  • PREFCIO

    E... Era uma vez - o novo?

    A experincia mais bonita que se pode ter a do misterioso...

    Aquele para quem esta emoo uma estranha, quem j no

    pode pausar para admirar e maravilhar-se,

    como se estivesse morto.

    ALBERT EINSTEIN

    E... Era uma vez - nossas ondas colapsaram-se, encontraram-se; e da surgiu uma tentativa desesperada de abrir espao cada vez maior para a vida, para um despertar novo, de um futuro novo, que j velho.

    Naquela tarde de dezembro caloroso, levando minha filha na esperana de ajuda, no poderia imaginar que uma nova etapa de minha vida comeava numa tocante sincronicidade. - E... Era uma vez - uma sincronicidade to prxima da necessidade de saber, aprender coisas to velhas e to novas, que a agarro vorazmente. Confesso que me fascinei por sua calma, ateno, humildade, seu nariz esticado, sua pele lisa, seu olhar e sua escrita atenta, seu rosto com suas marcas, acolhedor aos meus mistrios e apelos. E... Era uma vez houve na participao um encontro. Uma corrente passa entre ela e mim, ento um dilogo silencioso comea e sinto vacilar minhas velhas certezas. E... Era uma vez algum que foi capaz de emocionar com o seu saber.

    E...Era uma vez eu - que at ento o que sabia sobre outros saberes mdicos, que no fossem os saberes mdicos tradicionais, era aleatrio - comecei a fazer um balano e passei a conhecer o pensamento oriental, as prticas ligadas sade, Fsica Quntica e Homeopatia. Ento, com o meu corao na mo, comecei a dar vazo minha intuio, a no ter medo de parecer loucura, e comecei a ter uma outra relao com o mundo, que eu jamais havia me permitido - no ter medo do sentido, do intuitivo.

    O trabalho desenvolvido por Mria no mgica ou limitado somente s pessoas sensveis; mas, sim, a possibilidade de cada um descobrir dentro de si sua capacidade real de sensibilidade, capaz de funcionar como rede de transmisso corpo-mente. Claro que Mria tem uma paixo sem medida em relao ao outro - e isso facilita a sua ao.

    E... Era uma vez uma rede de acolhimento. Sim, de acolhimento ao paciente que lhe chega para iniciar um verdadeiro resgate rumo sua reestruturao de vida, sade como um processo criativo. Ter sade ser criativo.

    O trabalho de Mria vem nos trazer esperana. Seu estudo epistemolgico baseia-se num modelo terico e experimental, comprovando a existncia de um biocampo passvel de auto-organizao, que pode ser orientado adequadamente para a cura. E este trabalho mostra-nos um universo de percepes que perpassam vrias pocas. Por isto holstico, porque sntese, porque fator de auto-organizao, porque o que Hahnemann postulou como Simillimum.

    E... Era uma vez - este livro como um apelo, um convite a criarmos uma forma de retraar e re-inventar a vida, o mundo, como redescoberta de fontes interiores de paz, alegria e bem-estar, experimentando diretamente a transcendente interconexo com a vida.

  • E... Era uma vez - a conscincia de que o nosso corao no apenas uma mquina de bombear, mas, fundamentalmente, consiste em um corao emocional, psicolgico e essencialmente espiritual. E, posso dizer, este trabalho reflete essa conscincia.

    Assim, abra seu corao. Pois, somos verdadeiramente criaturas, cuja essncia nos convida, a todo momento, a tocar e a sentir. Que este livro possa tocar voc. E que, da mesma forma, voc possa sentir seu crescimento, sua transformao interior, sem possibilidade de retorno aos velhos padres.

    E assim vamos seguindo... Erguendo novas redes. Descobrindo as teias desta vida. Assimilando e sorvendo, aos pequenos goles, este trabalho. Saboreando, pargrafo por pargrafo, novos preceitos que geram, em nosso ser, a percepo da necessidade de se criarem pontes de vida, redes interligadas, efetivamente sustentadas pela chama acesa de nossos coraes.

    Fao ento ao Deus da vida a minha prece: vida nossa de cada dia, nos dai hoje... pessoas como Mria, que a cada momento nos possibilitam o acesso ao nosso prprio renascimento.

    E... Era uma vez

    Bertine Carlos Bezerra

    Me de Jlio e de Joana

  • INTRODUO

    O universo fsico parece ser um holograma gigantesco

    estando cada parte no todo e o todo em cada parte.

    KEN WILBER

    Nos dias de hoje consenso emergente que toda a natureza consiste de campos contnuos de um cosmos pleno de energia. Vivenciamos, a partir de nossa percepo consciente, um mundo compartimentado, um mundo de efeitos que, no paradigma atual, vem abrindo, em alguns segmentos cientficos, uma conscincia da necessidade de penetrarmos no Universo das causas e na expresso da totalidade.

    Este o tempo de uma retomada consciente em direo ao que sabemos ser inquestionvel.

    Uma nova epistemologia para este Universo participativo requer sntese e dados experimentais que comprovem o princpio da correspondncia e da complementaridade entre as dimenses sutis e materiais da existncia.

    No mbito da Medicina, esses dados experimentais so rigidamente cobrados, e todo o processo de pesquisa no campo da energia tem sido abortado cientificamente, no se levando em conta os milhares de relatos, em todo mundo, de curas realizadas atravs de uma abordagem energtica.

    No obstante, na Fsica Quntica e na Biologia, este paradigma atual sobre os campos de energia tem sido amplamente aceito e divulgado, promovendo um avano significativo na conscincia deste cosmo vivo que nos enlaa. Resume o fsico Amit Goswami: o realismo materialista que hoje predomina na Medicina postula um Universo sem qualquer significado espiritual, material, vazio e solitrio. Em resumo, vivemos em crise, no tanto uma crise de f, mas uma crise de confuso. Como foi que chegamos a este deplorvel estado? Quando aceitamos o materialismo como a denominada viso de mundo.

    Se a Medicina oficial, que tem como misso primordial cuidar dos seres em sua totalidade, nega ostensivamente o essencial, o fator determinante de todos os dramas que ela pretende resolver, pertinente concluir que a resultante desse processo seria o espetculo dramtico das inverses a que assistimos na sociedade atual.

    proporo que essa Medicina no admite em sua base os fundamentos do domnio quntico, reflete-se em sua teraputica a ausncia de uma percepo integrativa. Resulta dessa viso uma atuao supressiva sobre os campos interativos, um descaso cujo preo tem sido caro para os seres que pagam com suas vidas e sua sade a compensao que a energia infalivelmente cobra, baseada nas leis de causa e efeito.

    Evidencia-se, ento, que a Medicina aloptica marcha num processo de crescente fragmentao, fixada e dogmatizada numa viso mecanicista, orientada para o uso macio da tecnologia, e margem de toda concepo sistmica da vida. Como dizia Morris Berman, esta viso materialista do mundo exilou-nos do mundo encantado em que vivamos no passado e condenou-nos a um mundo aliengena.

    Assim como a cincia investigou sobre as leis que governam a matria, da mesma forma, partindo de uma viso reducionista, negou o acesso compreenso dos processos intrnsecos interativos, que governam os campos da criao. A questo que esses processos do mundo implcito seguem atuando, independentes da abrangncia de nossa percepo e, quando no devidamente respeitados, promovem desequilbrio, instabilidade nos sistemas interligados, dissociaes nas inter-relaes com o meio, doenas e toda sorte de distores.

    Curar sem a viso da totalidade significa suprimir. A supresso resulta em um aprofundamento do desequilbrio, indicando que a distoro caminha em direo ao centro do Ser, partindo do fsico rumo

  • aos campos emocional e mental. Isso explica a insanidade que grassa no mundo nos dias de hoje, decorrente da atuao sistemtica de quimioterpicos, cada vez mais potentes e eficazes em bloquear a expresso desse campo interno.

    A arte de curar , antes de tudo, a arte de perceber, de estar atento aos dois lados da dimenso da realidade. Dar-se conta, como postulava David Bohm, de que este mundo, a que assistimos manifesto ou da ordem explcita, deriva de um nvel mais profundo que s podemos conhecer indiretamente, denominado de mundo da ordem implcita. Essa conscincia no implica negar toda a tecnologia que atingimos, mas saber adequ-la aos movimentos internos desta essncia inteligente que nos habita. Procurar compreender e respeitar as ordenanas desses padres intrnsecos representa o bero da tica mdica.

    Atualmente, quando analisamos as manchetes mundiais, apontando para o rascunho do genoma, e para todo um projeto que visa, em ultima instncia, a uma organizao no nvel dos genes, damo-nos conta, dentro de uma correta viso sistmica, de que os cientistas desse projeto, na realidade, no esto lendo o livro da vida, mas apenas o disquete da vida. Essa viso da totalidade sistmica estabelece que qualquer modificao no genoma, mesmo em nvel molecular, significa ainda uma atuao no mundo explcito, no mundo transcrito a partir de uma matriz original e criadora.

    Faz-se necessria a compreenso de que as relaes criativas da vida se processam nessa matriz criativa, representada pelas partculas elementares geradoras de conscincia, pelo mundo implcito, tal como definido por David Bohm. Dessa forma, as correes futuras no nvel do genoma, sem considerar as interconexes com essa matriz criativa, geraro dissonncia entre as duas dimenses da realidade. E, certamente, essa dissonncia trar desordens e mutaes posteriores em relao aos padres estabelecidos aleatoriamente pelos programas genticos.

    Isso sem falar na implicao tica desses programas. Lembram o pesadelo nazista das polticas da eugenia contra portadores de genes ligados a doenas e caractersticas fsicas e mentais indesejveis e permitem a discriminao por parte de seguradores e empregadores. Esse pacote de programas, que ainda inclui a possibilidade de alterar fetos em tero, evitando doenas, visto com desconfiana por alguns cientistas. O especialista de biotecnologia Lee Silver, da Universidade de Princeton, por exemplo, afirma que a era dos bebs sob medida tambm poder marcar o surgimento de subclasses genticas.

    A Fsica Quntica assinala, em todos os relatos, a busca de teorias unificadas, o sinergismo dentro de uma concepo sistmica da vida. Segundo o fsico Ervin Laszlo, a viso estabelecida da cincia est se tornando opaca e, embora as cincias naturais estejam mais avanadas do que nunca, esto longe de terem solucionado todos os mistrios e compreendido tudo que se pode compreender sobre o mundo experimentado. Ervin Laszlo afirma ainda que, ao contrrio, a imagem confiante de meados do sculo est desaparecendo: reas inteiras esto faltando, como se algum tivesse retirado algumas peas do quebra-cabea e tivesse montado o resto.

    De fato, algumas peas importantes foram desprezadas e no consideradas sob o julgamento de serem ilusrias ou extracientficas. E hoje nos damos conta da necessidade desses elos. Faltam dados importantes. Como em um filme cortado, fomos privados de questes fundamentais no dilogo existencial. A gravidade da questo repousa no fato de que, no nosso filme atual, as personagens esto vivendo um drama de graves propores, desconhecendo-se as causas e os significados profundos que esta realidade impe.

    Observa-se, por conta disso, uma tendncia em alguns setores cientficos de analisar todo o conhecimento passado, no sentido de averiguar onde ocorreram os cortes, que dados foram omitidos, que conhecimento nos foi negado pela viso analtico-cartesiana do mundo. , antes de tudo, um tempo de reviso e de reavaliao de todos os conceitos e postulados, um tempo de descoberta de elos coerentes, que nos permitam decifrar o conhecimento das antigas Tradies, sob a nova luz da Holstica.

    Dentre as antigas Tradies, situa-se, de forma destacada, a Alquimia e seus estudos Hermticos, como reduto de um conhecimento totalmente desprezado pela cincia oficial, apesar de ter sido constelada por homens significativos na histria da Medicina, da Qumica e da Astrofsica. Torna-se ento necessria uma abertura que transcenda todo o preconceito imposto por diversas faces no

  • passado, a fim de que ocorra uma justa avaliao da questo, que ateste, em ltima instncia, o verdadeiro sentido da conscincia cientfica.

    Na anlise mais apurada do conhecimento hermtico, observa-se que analisavam profundamente todos os aspectos do mundo da ordem implcita, que chamavam de alma. Entendiam a alma como a matriz de todo o processo formativo, a matriz criativa, sendo a Alquimia por base definida como o processo de transformao da alma.

    O Selo de Salomo, que contm os sinais representativos dos quatro elementos da natureza, era tambm aplicado alma. Neste simbolismo, os quatro elementos da natureza so reduzidos por processos anmicos de contrao, para apenas dois elementos: o fogo (U) e a gua (V), o casal alqumico do ativo e do passivo - a mesma oposio encontrada posteriormente em vrios grupos de elementos. O Selo de Salomo (@) representa a grande sntese no nvel da alma, a comunho e a transmutao dos elementos envolvidos, de maneira que sua gua se torna slida e seu fogo no queima, um elemento incorpora o outro. o tringulo que abraa o tringulo.

    A cincia hoje conhece quatro tipos de campos universais: o gravitacional, o eletromagntico e os campos nucleares forte e fraco. De acordo com o campo das grandes teorias unificadas (GUTs) da nova Fsica, esses so os nicos campos e foras universais que existem. No entanto, um quinto campo j postulado pelos pesquisadores de vanguarda, nos domnios da Fsica e da Biologia.

    Na Fsica, Laurence Beynam descreveu oito caractersticas desse quinto campo. Ele pode ser observado no calor, na eletricidade, no magnetismo e nas reaes qumicas, embora seja diferente de todos eles; preenche todo o espao e permeia todas as coisas; refratado por metais e absorvido por tecidos orgnicos; sinrgico, tendo um efeito organizador negentrpico; todas as mudanas observadas nos objetos so precedidas por ele, cuja densidade varia na proporo inversa da distncia; retm ainda os padres de conexo dos objetos como se configuravam no passado.

    A Biologia tambm postulou um quinto campo, para compreender como as formas admiravelmente ordenadas na natureza viva foram produzidas. Segundo Laszlo, vrios bilogos sugeriram que, somado ao programa bioqumico e aos programas genticos, um campo de tipo especificamente biolgico tem de ser ativo no organismo.

    Alexander Gurwitsch postulou um campo morfogentico (gerador de forma), buscando dados observados na embriognese, onde o papel das clulas individuais no determinado nem por suas propriedades nem por suas relaes com as clulas vizinhas, mas por um fator que envolve todo o sistema. Ele postulou que o sistema gerado pelos campos de foras particulares de clulas individuais seria envolvido por um amplo campo de fora no material, afirmando, posteriormente, que o no material poderia ser traduzido para uma linguagem da Fsica.

    Mais recentemente, bilogos como Brian Goodwin postulam que todas as formas da natureza viva se desenvolvem quando os campos biolgicos atuam sobre unidades orgnicas existentes. O biocampo a unidade bsica da forma e da organizao dos sistemas vivos. Segundo Brian, molculas e clulas so apenas unidades de composio. A vida se desenvolve, de acordo com Goodwin, na interface entre o organismo e seu meio ambiente, numa dana sagrada, gerada pela interao entre os organismos vivos e o campo que os envolve.

    Seria ento a alma, que os alquimistas denominavam de matria-prima do mundo, esse biocampo, esse fator de interconexo na natureza, responsvel pela expresso desse holocampo universal?

    O conhecimento Hermtico indicava as leis universais que determinavam as interaes nesse campo e analisava, a partir dessas premissas, os processos necessrios para a cura. Da mesma forma, esses estudos apontavam para uma interconexo de ressonncia entre determinados metais e uma condio estrutural sutil dos seres vivos. Trabalhavam experimentalmente uma elaborao energtica desses elementos atravs da transmutao pelo fogo, processos estes que, por no terem sido devidamente investigados e compreendidos, foram tidos como algo do domnio das bruxas.

    Samuel Hahnemann, o criador da Homeopatia, definiu um processo semelhante de liberao de energia, atravs da transmutao de determinados elementos pela gua, mtodo igualmente hoje

  • questionado pelo establishment cientfico, que, como no consegue explicar a existncia de um princpio curativo numa diluio acima do nmero de Avogadro, preferiu coloc-lo como algo pertinente aos domnios da f.

    Define-se, dentro de uma viso reducionista tecnicista clssica, que os resultados inexplicveis simplesmente no existem, apesar das evidncias nos dados experimentais. No entanto, quando no contexto aloptico no se consegue explicar o bug que ocorre na sade de um indivduo altamente suprimido, diz-se que a causa idioptica, ou que o problema de fundo emocional, como se o fundo emocional fosse algo no pertinente Medicina.

    Envia-se, ento, o paciente ao terapeuta. Hoje, esse profissional deveria ter um reconhecimento especial entre todos os profissionais de sade. Pois, acolhe aquele ser totalmente suprimido e fragmentado, e inicia um verdadeiro resgate rumo sua reestruturao interna. Vemos a outra inverso porque, na realidade, a verdadeira funo da Medicina organizar o campo energtico do indivduo, de forma a retirar os obstculos para a ascenso da conscincia. A sade , apenas, uma conseqncia natural do processo.

    Sendo assim, a terapia deveria ser indicada, inclusive para todos, como um caminho necessrio elaborao do processo de individuao do ser rumo sua plenitude, e no unicamente com o intuito de resgatar do inferno interior os indivduos vitimados pelas sucessivas supresses ao longo da vida, encargo que lhe foi imposto nos dias atuais.

    Hahnemann deu-nos, como exemplo e modelo, essa viso de amplitude da Medicina, no cuidado pela conscincia e nos propsitos do ser frente sua existncia. Foi, antes de tudo, um terapeuta da alma e, na sua poca, um navegador solitrio deste mundo implcito, que, de forma nica, alcanou compreender. Conseguiu acessar a atual viso holstica, que engloba este mundo implcito numa dimenso que exige inteireza e totalidade.

    As Leis Homeopticas de cura, formuladas por Hahnemann, denotam a mesma inteno e fonte de conhecimento, se comparadas s leis de cura abordadas pelos mestres alqumicos. Faltou Homeopatia apenas uma pesquisa mais detalhada desses estudos, no sentido de encontrar, no mbito homeoptico, a perspectiva de um fator sinrgico que definisse, na sua teraputica, o mapeamento desse mundo implcito, j conhecido pelas antigas Tradies Hermticas.

    A pedra filosofal representava um resumo, um coeficiente, uma sntese de elementos capazes de criar uma dinmica viva nos seres, reportando possibilidade de uma real transmutao interna. Dentro desse contexto, vem sendo postulada por vrios fsicos qunticos e bilogos contemporneos a existncia de um padro intrnseco de auto-organizao nos seres vivos; hiptese que resume a proposta inicial da pedra filosofal dos mestres alqumicos.

    Hahnemann definiu esse fator de organizao atravs do que chamava de simillimum, um medicamento homeoptico que, pela lei dos semelhantes, combinaria de forma idntica com a totalidade dos sintomas do indivduo em questo. A bem da verdade, os relatos de cura, a partir do sal elaborado pelos mestres alqumicos, so bastante semelhantes ao proposto pelo simillimum de Hahnemann, at mesmo o seu aspecto um gro de arroz - era semelhante aos clssicos glbulos homeopticos. Tambm bastante semelhante o que se espera da evoluo do paciente nos quadros agudos e crnicos, transcendendo, no nvel da lgica, a possibilidade de uma mera coincidncia.

    Laszlo sustenta que estamos na iminncia de uma revoluo cientfica, cuja principal caracterstica a interao de uma srie de descobertas, dentro de uma moldura terica altamente unificada, simples e abstrata. Segundo ele, isso nos trar uma compreenso mais coerente, integrada e consistente da realidade, dando nfase a uma viso de totalidade.

    A proposta desse estudo epistemolgico baseia-se num modelo terico e experimental que comprova a existncia de um biocampo passvel de auto-organizao, que pode ser orientado adequadamente para a cura de padres mrbidos, obedecendo-se a regras traadas pelo conhecimento profundo dos padres intrnsecos, abordado pela Tradio Alqumica. Traa um paralelo entre Animismo e

  • Holismo - mostrando que uma teoria, na realidade, representa uma viso atualizada da outra - visando, em ultima instncia, compor o holograma necessrio compreenso e obteno dos elementos fundamentais neutralizao dos padres mrbidos.

    Nesse aspecto, a doena analisada como um produto de padres internos dissociados, representando, na realidade, o substrato do descuido, o grande grito de alarme de uma inteligncia profunda clamando pela inteireza. De fato, os antigos hermetistas ensinavam que o essencial no seria apenas a cura de doenas, mas, antes de tudo, o cuidado pela conscincia. Se esse cuidado, esse sentido, negligenciado, como acontece nos dias atuais, surgem os miasmas ou lixos energticos, derivados de uma conscincia dissociada.

    O desequilbrio sempre assinalado primeiramente nos campos sutis do indivduo, refletindo-se em uma mudana inicial nos padres de pensamentos, sentimentos e emoes. Os padres sutis no restaurados promovem instabilidade e desequilbrio, seguem tocando seus alarmes cada vez mais estridentes e terminam por materializar-se no nvel fsico, com o intuito dramtico de buscar a sua auto-correo. E hoje, pelo predomnio do paradigma racional-analtico-cartesiano, encontramos a humanidade queixosa de uma infinidade de doenas crnicas, como um lixo sem fim - o lixo observado no nvel ecolgico, atmico, social, que reflete, em ltima instncia, a resultante desse substrato interior dissociado.

    A questo primordial no se enquadra apenas em uma viso preventiva da Medicina, porque ainda assim estaramos direcionados apenas para a sade fsica e emocional. Enquadra-se, sim, em uma viso de responsabilidade da Medicina frente aos destinos destas almas espirituais que chegam a este mundo, em busca de evoluo e amplitude de conscincia. Creio que o mdico deva ter essa viso diante de cada ser que recebe, de cada indivduo que lhe enviado pelo Grande Mistrio, num encontro que deveria resultar em um possvel acesso desse ser dimenso numinosa da existncia.

    Curar dar condies ao Alquimista interno de cada um, no sentido de encontrar as ferramentas e as energias necessrias para compor sua autotransformao e cura. Processo que, quando assistido na prtica pelo mdico, retrata uma transformao na manifestao de tantas dimenses internas, que atesta invariavelmente assistncia a um ser essencialmente espiritual. Dessa forma, aquele de quem cuidamos nos lembra a cada instante Quem Somos e Quem Ele . Verdadeiramente segue sendo essa conscincia a representao do grande sentido da cura e da transformao entre os seres.

    Os mdicos atualmente testemunham, diante deste quadro em que a humanidade se encontra, todos os limites do desespero e loucura que os seres humanos podem comportar. Esto na linha de frente da agonia e, paradoxalmente, poderiam e deveriam estar na linha de frente da contemplao plena, se a dimenso implcita fosse observada. O zelo pela conscincia um testemunho possvel e ser o testemunho da Medicina nos tempos que viro, reservando aos mdicos um reencontro com o Arqutipo interno que a arte mdica sustenta em sua essncia, a fora Arquetpica outrora disponvel aos mestres Alqumicos.

    A idia abrir um modelo hologrfico da Medicina, atravs de um mapeamento dos padres de auto-organizao, dos modelos de desordem e das teias vivas que este padro de rede intrnseca comporta. Enquadrar os parmetros de interao como fluxo, ritmo, ressonncia, sincronicidade e flexibilidade. Analisar os caminhos possveis de fixao da conscincia em relao aos centros consensuais dinmicos do corpo. Estudar os fatores que permitem os saltos qunticos, gerando as experincias de pico que acessam as dimenses criativas da existncia.

    Isso requer uma investigao das representaes internas das enfermidades, seus fatores intrnsecos determinantes, a compreenso de nossas percepes distorcidas a partir do nosso self separado, e onde este self consciente se enquadra na responsabilidade e causa das doenas. Na realidade, busca-se definir, num apanhado holstico, o que os alquimistas concebiam como fator de sntese, que Hahnemann postulou como simillimum e os Fsicos qunticos denominam de fator de auto-organizao.

    Esse fator representa um elo verdadeiro num universo de percepes que atravessaram vrias pocas. como a mesma msica cantada em tempos diferentes, tempos to diferentes que a msica sempre tida como nova, cada vez que algum pensa que a inventa. Na realidade, estamos sempre

  • reeditando a mesma cano atravs dos tempos e geraes, sob novos paradigmas e conceitos, mas definindo-a mediante a mesma sintonia interna.

    A proposta o encontro dessa melodia no nvel desses elementos estudados detalhadamente pelos Hermetistas, que representam as sete notas da natureza, as quais permitem ressoar em cada ser o numinoso que o habita. Esse era o nico sentido dessa melodia em todos os tempos, e quem tiver a graa de ouvi-la saber, no mais profundo de sua alma, que essa uma msica para todas as artes, para todos os seres e para todas as causas.

  • CAPTULO 1

    DESVELANDO CONEXES

    H um tempo para tudo,

    e h mesmo um tempo

    para que os tempos se reencontrem.

    Jacques Bergier Conhecem-se mais de cem mil obras ou manuscritos alqumicos, compondo uma vasta literatura, qual se consagraram espritos de categoria, homens importantes e honestos, que comprovam de forma inquestionvel a adeso a fatos e a realidades experimentais, atravs de um conhecimento que, por razes estranhas ao entendimento, nunca foi explorado cientificamente. inconcebvel admitir que nunca houve uma equipe de criptgrafos, historiadores, fsicos, bilogos, qumicos, lingistas ou cientistas matemticos, que tivesse se reunido em torno desta biblioteca alqumica completa, com a misso de verificar o que existe de verdadeiro nos velhos tratados. Possivelmente, nesses cem mil livros esto contidos alguns segredos da energia e da matria e o que se estima que civilizaes passadas tenham sido inclusive vitimadas pelo mau uso desse conhecimento. Em relao a isso, Fredric Soddy afirma em Linterpretacion du Radium: Penso que existiram no passado civilizaes que tiveram conhecimento da energia do tomo e que uma m aplicao dessa energia as destruiu totalmente. Isso explica o segredo que os alquimistas faziam em torno do processo, tornando os textos muitas vezes indecifrveis para os que no estavam familiarizados com seus smbolos e representaes. Como disse, certa vez, Jacques Bergier num prefcio: Se existe um processo que permite fabricar bombas de hidrognio num fogo de cozinha, francamente prefervel que este processo no seja revelado. De fato, o fascnio de penetrar no universo alqumico e suas representaes envolve mistrio, desvelos de imagens subjetivas e interpretaes que se traduzem no s como um desafio em relao ao conhecimento em si, mas tambm como exigncia necessria transcen-dncia de barreiras criadas por nossos prprios preconceitos. As crenas supersticiosas - impostas principalmente pelos telogos da Idade Mdia que combatiam a Doutrina Secreta a ferro, fogo, pelourinho, forca e cruz - assim como a profunda represso, atualmente mantida pelo pensamento racionalista, terminaram por gerar um estigma que o mundo cientfico at hoje no conseguiu transpor, dificultando uma real investigao de todo esse conhecimento. De todos os fragmentos ocultos dessa cincia, nenhum foi to zelosamente guardado quanto os fragmentos Hermticos, transmitidos ao longo dos sculos, desde o tempo em que foram estabelecidos por Hermes Trismegisto (Trismegisto significa O trs vezes grande, O grande entre os grandes). Pai da Cincia Oculta, da Astrologia e da Alquimia, Hermes viveu no antigo Egito, tendo sido contemporneo de Abrao, e seu instrutor, se for verdadeira a lenda. Aps a sua morte no Egito, fizeram-no um de seus deuses, sob o nome de Thoth. Os egpcios reverenciaram-no por muitos sculos

  • como o mensageiro dos deuses. Na Grcia, foi reverenciado como Hermes, o deus da sabedoria e, em todos os pases antigos, como Fonte de Sabedoria. Foram atribudas a Hermes mais de 2000 obras. Estes estudos Hermticos detinham como supremo significado o conhecimento das inter-relaes existenciais, a viso de que tudo est contido em tudo, de que todas as coisas provm de uma matriz nica e universal, um campo formativo que chamavam de alma ou matria-prima do mundo. Deixavam claro, em seus relatos, que a alma ou matriz formativa estabelecia o sentido de todo o processo alqumico. Relacionavam a alma dos seres alma de cada elemento da natureza, j que consideravam as correspondncias entre todas as coisas. Desde tempos remotos, essa Doutrina bsica do Hermetismo, conhecida como Caibalion, foi transmitida de mestre a discpulo, mas o significado exato perdeuse ao longo da histria. Na coleo de mximas, axiomas e preceitos contidos no Caibalion, encontra-se um especial relato acerca das Leis Universais postuladas por Hermes, todas reconhecidas e atestadas pela Fsica atual, dentro de uma nova concepo holstica. Essas Leis so definidas em sete princpios fundamentais:

    I - O Princpio do Mentalismo: O Todo Mente; o Universo Mental.

    II - O Princpio da Correspondncia: O que est em cima como o que est embaixo, e o que est embaixo como o que est em cima.

    III - O Princpio da Vibrao: Nada est parado; tudo se move; tudo vibra.

    IV - O Princpio da Polaridade: Tudo Duplo; tudo tem plos; tudo tem o seu oposto; o igual e o desigual so a mesma coisa; os opostos so idnticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades so meias verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados.

    V - O Princpio de Ritmo: Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas mars; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilaes compensadas; a medida do movimento direita a medida do movimento esquerda; o ritmo a compensao.

    VI - O Princpio de Causa e Efeito: Toda a causa tem seu Efeito, todo o Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso simplesmente um nome dado a uma lei no reconhecida; h muitos planos de causalidade, porm nada escapa Lei.

    VII - O Princpio do Gnero: O Gnero est em tudo; tudo tem o seu princpio masculino e feminino; o gnero se manifesta em todos os planos.

    O presente estudo sugere uma epistemologia dentro de um mapeamento comparativo entre essas Leis Universais dos antigos Hermetistas e os fundamentos do pensamento sistmico contemporneo. Dentro desta anlise, evidencia-se a comprovao dos princpios da polaridade, ritmo, vibrao, textualmente comprovados nos domnios da Fsica Quntica atual. O princpio da correspondncia, hoje, citado de forma abrangente pelos fsicos em freqentes comparaes entre as diferentes dimenses da realidade. Por exemplo, a conscincia da continuidade dos campos entre as partculas elementares e as galxias confirma o que os Hermetistas postulavam: Assim no microcosmos, como no macrocosmos. O princpio do gnero tambm encontrou seu reconhecimento cientfico na concepo atual dos conceitos de complementaridade, evocando, na realidade, as mesmas interpretaes bsicas dos antigos axiomas.

  • Da mesma forma, o princpio que afirma ser o Universo mental foi comprovado recentemente pelos neurocientistas Humberto Maturana e Francisco Varela. Atravs da teoria de Santiago, comprovaram ser o processo da vida um processo essencialmente cognitivo ou mental, o que ser descrito posteriormente. No entanto, o princpio ainda polmico para a atualidade o da Causa e Efeito. Os alquimistas afirmavam que as incertezas observadas nos experimentos qunticos no provm de eventos aleatrios como parecem aos olhos do observador no instante da medio. Mas obedecem a uma cadeia de causas, onde um evento mantm um elo precedente na grande cadeia ordenada de eventos, que influir, por sua vez, no resultado do experimento, atravs do observador em questo. Segundo esse raciocnio, o observador porta em seu biocampo todo um Universo de cadeias de causas, capaz de influenciar a medio do experimento, atravs da interao entre os dois campos intrnsecos: o do observador em questo e o das partculas elementares envolvidas no processo. Afinal de contas, consenso que tudo vibra e interage por ressonncia na natureza, e as interconexes destes campos contnuos evocam, em ltima instncia, a linguagem essencial da vida. Se a realidade fundamental em si essencialmente indeterminada, como atestou Heisenberg, porque a cadeia de causas desconhecida para o observador, que analisa apenas o mundo da ordem explcita. E isso ocorre porque essa cadeia de causas se relaciona ao mundo implcito que s pode ser definido de forma indireta, tal como estabelecido por David Bohm. Portanto, ao que parece, o Princpio da Incerteza de Heisenberg, numa viso Hermtica, estabelece a incerteza em relao ao desconhecimento das causas, isto , a incerteza como um conceito interpretado unicamente pelo observador, que desconhece a abrangncia do mundo implcito. Dessa maneira, os estudos alqumicos afirmavam que o acaso a interpretao dada a um evento cujas causas no foram reconhecidas ou percebidas na expresso da totalidade. David Bohm postulou que atravs da ao do potencial quntico, a totalidade do mundo manifestado deriva da ordem implcita, como uma subtotalidade explcita de formas estveis e recorrentes. Como todas as coisas so unidas na ordem implcita, no existe mais a possibilidade de qualquer evento ao acaso na natureza. Tudo o que acontece na ordem explcita expresso da ordem do reino implcito. Os quarks quanto as galxias, os organismos e os tomos, todos so parte da ordem subjacente ao mundo da observao e da experincia. Se a viso da Fsica contempornea estabelece que a natureza consiste da interao de campos contnuos, perguntamo-nos de que forma poderia existir possibilidade para o acaso ou eventos aleatrios? Dessa forma, esse estudo vem demonstrar, atravs de dados experimentais, que toda a sincronicidade necessria para o processo criativo depende diretamente de uma atuao consciente auto-organizadora, atravs de uma cadeia de causas inseridas numa dimenso implcita, dando como resultante uma cadeia de eventos sincrnicos, que constroem todo o mapeamento criativo necessrio individuao. Por essas razes, a Lei de Causa e Efeito no implica necessariamente determinismo, pois as experincias de pico e os insights conscientes so capazes de provocar o rompimento dessa cadeia de causas, abrindo espao para a mudana criativa na trajetria existencial. A esse processo os alquimistas chamavam de a Grande Obra. Outro axioma Hermtico, discutido pela cincia atual, afirma:

    Enquanto Tudo est no Todo, tambm verdade que O Todo est em Tudo. Aquele que compreende realmente esta verdade alcanou o grande conhecimento.

    - O CAIBALION -

  • Para Bohm, como para seus antecessores Whitehead e Teilhard de Chardin, essa viso da realidade como processo o leva a considerar a presena de propriedades protoconscientes, no nvel da fsica das partculas. Sabe-se que, de alguma forma desconhecida, um eltron ou fton (ou qualquer outra partcula elementar), parece saber sobre as mudanas em seu ambiente, aparentemente reagindo de acordo com elas. Isso se torna o que se considera de mais misterioso nos domnios da observao. Bohm afirmava que essas propriedades sbias das partculas elementares poderiam ser comparadas a bailarinos obedecendo a uma partitura musical. A partitura seria um banco de informaes comum a todos e que orienta cada um dos danarinos medida que executam seus passos. Conforme descrito por Bohm, essa partilha de informaes, esse saber mtuo que o eltron apresenta no s em relao ao seu prprio pacote de ondas, mas tambm informao latente na situao como um todo, incluindo os outros eltrons, instrumentos usados e os observadores, aponta para uma percepo consciente elementar da parte do eltron. De fato, esta teoria do Pampsiquismo tingiu o pensamento de pessoas diferentes em tempos diferentes, como Parmnides e Herclito, Spinoza e Bohm, atestando, atravs da observao, essa mxima da tradio Alqumica. importante notar que essas Leis e preceitos Hermticos foram preservados ao longo dos sculos por homens notveis, independente de suas raas ou credos, tendo essa condio sido possvel, pelo fato desse conhecimento atuar alm do que a Teologia e a tica pudessem explicar. Compreendiam a integrao entre todas as coisas e guardavam os princpios do pensamento animista, que tratava toda a natureza como viva. A concepo animista retratava tudo como pertencente a uma grande corrente unificada e completa, que se estendia do homem at as menores partculas da matria inanimada, sintetizando a metfora da Grande Corrente do Ser. Cabe aqui perguntar como a Alquimia, com toda a sua carga mitolgica, pode ter sido aceita por religies monotestas: Cristianismo, Judasmo e Islamismo? Deve-se buscar a explicao nas idias cosmolgicas prprias da Alquimia, que se referem tanto natureza externa, metlica ou simplesmente mineral, como tambm natureza interna. So infindveis os testemunhos de poetas romnticos e de homens pertinentes ao domnio cientifico da poca, relatando a observao de experimentos cientficos e comprovaes de curas. Jacques Bergier cita como exemplo Newton, que tambm acreditava na existncia de uma cadeia de iniciados que se alastrava no tempo at uma antiguidade muito remota e que teriam conhecido os segredos das transmutaes e da desintegrao da matria. Eis o que Newton escreveu:

    A maneira pela qual o mercrio pode ser assim impregnado foi mantida em segredo por aqueles que sabiam, e constitui provavelmente um acesso para qualquer coisa de mais nobre do que a fabricao do ouro e que no pode ser comunicada sem que o mundo corra um imenso perigo, caso os escritos de Hermes digam a verdade.

    E mais adiante Newton escreve: Existem outros grandes mistrios alm da transmutao dos metais, se os grandes mestres no se gabam. S eles conhecem estes segredos. E de outro feito afirmou: Se subi to alto, porque estava sobre os ombros de gigantes. Encontram-se, amide, testemunhos como o de Goethe, que relatou, em seu oitavo livro de Poesia e Verdade, o que o levou a iniciar seus estudos alqumicos. Goethe retornou a Leipzig seriamente enfermo, em setembro de 1768, e sua enfermidade se agravou rapidamente. Seu tratamento foi confiado a um iniciado Hermetista, sobre o qual Goethe escreve:

    O mdico, um homem estranho, de olhar sutil, de trato agradvel, porm por outro lado, difcil de penetrar, havia adquirido uma reputao muito particular no circulo piedoso.

  • Ativo e pleno de atenes, era reconfortante para os enfermos, porm, havia sobretudo aumentado a sua clientela, aportando o favor de mostrar s escondidas alguns remdios misteriosos que havia ele mesmo preparado e dos quais ningum deveria falar, pois estava rigorosamente proibido entre ns a preparao de nossos prprios medicamentos. Mostrava-se menos secreto com alguns ps, provavelmente digestivos; porm, do importante Sal, que no deveria ser empregado a no ser em caso de extremo perigo, s se falava entre os fiis, embora ningum tivesse nunca visto este Sal, nem experimentado seu efeito. Para provocar e afirmar a f de seus enfermos na existncia possvel de um tal remdio universal, o mdico recomendava aos pacientes que lhe pareciam dotados de certa abertura, certas obras de mstica e de qumica alqumica, levando-os a entender que, pelo estudo destes livros, poderia a prpria pessoa adquirir este tesouro, o que era por outra parte tanto mais necessrio quanto que, por razes sobretudo morais, era difcil transmitir o segredo de sua preparao. Mais ainda assim, para compreender, preparar e utilizar esta Grande Obra, haveria de se conhecer a Natureza em todas as suas relaes secretas, j que no se tratava de uma coisa particular, seno de um princpio universal, que podia, por outra parte, obter-se sob formas e aspectos diversos.

    Entretanto, uma durssima prova me aguardava: pois uma digesto transtornada, se pode inclusive dizer que destruda em certos momentos, provocou sintomas tais que fui tomado pela angustia, crendo perder a vida, e nenhum dos remdios empregados queria j atuar. Na angustia extrema, minha me, no desespero, agarrou com uma extraordinria violncia o citado mdico, para for-lo a decidir-se na liberao do remdio universal. Aps uma larga resistncia, acabou por retornar sua casa tarde da noite, para voltar a passo apressado com uma pequena redoma de sal, cristalina e seca, que foi dissolvida em gua e engolida pelo enfermo. O produto tinha um gosto nitidamente alcalino. Logo aps ter sido absorvida, se manifestou um alvio. A partir deste instante, o curso da enfermidade mudou e se produziu uma melhoria progressiva. No posso expressar at que ponto reafirmou a f em nosso mdico e aumentou nosso zelo de possuir um tal tesouro.

    Sobre a Grande Obra de que nos fala Goethe, o adepto Fulcanelli, na dcada de 50, relata pessoalmente a Bergier o seguinte:

    Pedis-me para resumir, em quatro minutos, quatro mil anos de filosofia e os esforos de toda a minha vida. Pedis-me, alm disso, para traduzir em linguagem clara conceitos para os quais a linguagem clara no feita. Apesar de tudo posso dizer-vos o seguinte: no ignorais que, na cincia oficial em progresso, o papel do observador se torna cada vez mais importante. A relatividade, o princpio da incerteza mostram-nos at que ponto o observador de hoje intervm nos fenmenos. O segredo da alquimia o seguinte: existe um meio de manipular a matria e a energia de maneira a produzir aquilo que os cientistas contemporneos chamariam de campo de fora. Esse campo de fora age sobre o observador e coloca-o numa situao de privilgio em face do Universo. Desse ponto privilegiado ele tem acesso realidade que o espao e o tempo, a matria e a energia habitualmente nos dissimulam. aquilo que chamamos a Grande Obra.

    Os alquimistas, na preparao do Sal descrito por Goethe, afirmavam utilizar no processo uma gua que deveria passar milhares de vezes pela destilao, tcnica inmeras vezes ridicularizada por historiadores que afirmavam ser essa elaborao demencial. No entanto, por meio desta tcnica descrita pelos alquimistas, hoje reconhecida como a fuso da zona, que se prepara o germnio e o silcio puro dos transistores. Citamos ainda alguns adeptos notveis que enriqueceram o nosso conhecimento do real: Alberto Magno (1193-1280) J conseguiu preparar a potassa caustica. Foi o primeiro a descrever a composio qumica do cinabre, do alvaiade e do mnio. Raimundo Llio (1235-1315) J preparou o bicarbonato de potssio.

  • Teofrasto Paracelso (1493-1541) J um dos mais controvertidos e misteriosos mdicos e filsofos do passado. Tornou-se famoso por criticar abertamente Galeno, Avicena, Rhazza e outros cujas obras queimou publicamente. Foi muito perseguido pelo clero e por seus colegas devido s suas idias revolucionrias, no se rendendo ao esprito dominante da poca. Suas pesquisas com a Alquimia abriram caminho para a doutrina dos medicamentos especficos, e seus trabalhos levaram introduo do chumbo, enxofre, ferro, zinco e arsnico na qumica farmacutica. Giambatistta della Porta (1541-1615) J preparou o xido de estanho. Joo Baptista Van Helmont (1577-1644) J descobriu a existncia dos gases. Basile Valentin (do qual ningum jamais soube a verdadeira identidade) J descobriu no sculo XVII o cido sulfrico e o cido clordrico. Brandt (falecido em 1692) J descobriu o fsforo. Joahann Friedrich Boetticher (1682-1719) J foi o primeiro europeu a fazer a porcelana. Blaise Vigenre (1523-1596) J descobriu o cido benzico. Breton (1722) J em seu trabalho Clefs de la Philosophie Spagyrique, fala do magnetismo de maneira inteligente e, freqentemente, antecipa a respeito das descobertas modernas. Fora dos domnios da Alquimia, encontramos, da mesma forma, e compartilhando do mesmo princpio, Aristteles, o primeiro bilogo da tradio ocidental. Postulava que o propsito interior denominado por ele como entelquia, fora vital ou fluxo de energia, determinava dentro dos seres um princpio formativo ou organizador. Nomeava esse princpio de psique, alma ou tambm entelquia (en - que significa interior e telos que significa finalidades aquilo que tem suas prprias finalidades internas). Acreditava que a forma no tinha existncia separada, mas era imanente matria. Por volta do sculo XVII, surge o vitalismo, como desenvolvimento da teoria animista da natureza, que se manteve dominante na Europa antes da revoluo mecanicista. Neste contexto, surge a Homeopatia com Hahnemann, definindo as leis de cura sob os desgnios da similitude, dando incio ao seu postulado em cima da experimentao no homem so. O vitalismo no mais tratava toda a natureza como viva, confinando a vida apenas aos organismos biolgicos, sustentando que os organismos vivos so animados e organizados por almas imateriais, fatores vitais, impulsos formativos ou entelquias. O vitalismo, neste ponto, gerou uma ciso entre os seres vivos e o restante da natureza, abrindo espao para a Fsica mecanicista, cuja teoria nega a existncia de qualquer diferena essencial entre organismos vivos e organismos mortos, ou matria inanimada em geral. A Fsica mecanicista considera os organismos vivos como mquinas inanimadas, e sob o governo das leis da natureza que se referem aos domnios da Fsica e da Qumica. No reconhece o princpio organizador intrnseco e no material dos seres vivos, considerando que tudo emerge de interaes fsicas e qumicas complexas, cujo processo de compreenso permanece ainda obscuro.

  • O mecanicismo, no entanto, no consegue explicar a propositi-vidade dos organismos vivos, que, na observao detalhada, experimentam um impulso interno que os direciona ao crescimento e a um profundo instinto de sobrevivncia. Os vitalistas atribuam essas caractersticas automotivadoras dos organismos s suas almas ou princpios vitais. Os mecanicistas, como negaram a existncia dessas entidades, no final do sculo XIX, buscaram reinventar substitutos para o princpio vital organizador atravs de programas genticos, atribuindo tal papel aos genes. Negaram, assim, a existncia dos fatores vitais, por uma questo de princpios, pois tais fatores, considerados sobrevivncias supersticiosas do animismo, no teriam lugar no discurso cientfico. Assim, esse princpio foi atribudo aos genes (que consistem em molculas de ADN), tendo-se dado a eles toda uma conotao de almas moleculares com propriedades da vida e da mente. No entanto, nas dcadas de 60 e 70, bilogos moleculares comearam a cair em desiluso. E em uma conferncia de 1984, o bilogo Sidney Brenner proferiu as seguintes palavras do pensamento corrente:

    No comeo, dizia-se que a resposta compreenso do desenvolvimento estava para surgir de um conhecimento dos mecanismos moleculares de controle encerrados no gene. Duvido que algum ainda acredite nisto. Os mecanismos moleculares parecem tediosamente simples, e eles no nos dizem o que queremos saber. Temos de descobrir os princpios de acordo com os quais so organizados.

    Brenner colocou que essa organizao deveria no ser entendida a partir de um programa gentico, mas em termos de representaes internas ou descries internas. Ento, nos ltimos trezentos anos em nossa cultura, a concepo predominante era de que o corpo humano no passava de uma mquina, fragmentada para anlise detalhada de cada uma das suas partes. O corpo e a mente encontravam-se desconectados, doena no passava de uma disfuno de mecanismos biolgicos e sade era definida como ausncia de doena. Por volta da dcada de 1920, surge uma nova teoria - holstica, organsmica ou sistmica -, cuja abordagem tenta transcender a controvrsia: vitalismo e mecanicismo. Essa nova concepo vem eclipsando, lentamente, a concepo mecanicista reducionista e, segundo o bilogo Rupert Sheldrake, a nova abordagem no v mais o universo como uma mquina, mas como um sistema vivo. De fato, a teoria holstica considera toda a natureza como viva e, neste ponto, representa uma viso atualizada do animismo pr-mecanicista. Ento, tudo considerado como organismo, os tomos, as molculas e os cristais, estes ltimos no mais constitudos de matria como nas velhas teorias atmicas, mas, como a Fsica moderna tem demonstrado, so estruturas de atividades, com padres de atividade energtica, que ocorrem no interior de campos. Essa nova concepo holstica enfatiza a inter-relao e a interdependncia essencial a todos os fenmenos e procura entender a natureza segundo seus processos dinmicos e estruturais. Coloca o organismo vivo como um sistema auto-organizador, definindo que sua ordem em estrutura e funo no imposta pelo meio ambiente, mas estabelecida pelo prprio sistema. Dentro dessa concepo, a doena seria a conseqncia do desequilbrio e desarmonia, ou mesmo da falta de integrao. Como afirma Fritjof Capra: Ser saudvel significa, portanto, estar em sincronia consigo mesmo - fsica e mentalmente - e tambm com o mundo circundante. Quando uma pessoa no est em sincronia, o mais provvel que ocorra uma doena.

  • De acordo com Laszlo, um novo retrato do universo est emergindo, um retrato altamente unificado, onde as partculas e foras do universo se originam de uma nica fora supergrande unificada. Afirma ainda no existirem foras e coisas separadas na natureza, apenas conjunto de eventos em interao, com caractersticas diferenciadas. Os fsicos qunticos, hoje, apontam para uma teoria unificada de tudo, capaz de integrar o conhecimento cientifico da natureza fsica, com aquele da natureza viva, e ambos com o mundo da mente e da conscincia. Essa teoria de tudo (theory of everything - TOE) teria como funo primordial abrir um espao de coerncia entre a viso cientifica do mundo atual e a anlise entre os mundos da ordem implcita e explcita. Parece, portanto, que se religam pouco a pouco as velhas e sbias pontes, rumo a um s tempo, que constela, na realidade, as mesmas razes fundamentais na compreenso do processo da existncia.

  • CAPTULO 2

    O PADRO DA VIDA

    Empobrecer no possuir o Todo.

    FRITJOF CAPRA Em todos os segmentos cientficos contemporneos, a natureza analisada como uma interao de campos contnuos de energia. O novo paradigma, na compreenso dos sistemas vivos, foi delineado a partir da emergncia de uma nova e poderosa concepo: a de auto-organizao. Quem primeiro empregou o termo foi Immanuel Kant, considerado freqentemente o maior dos filsofos modernos. Idealista, Kant separava o mundo fenomnico do mundo das coisas-em-si. Considerava a natureza dotada de propsito; e os organismos vivos, totalidades auto-reprodutoras e auto-organizadoras. Para que o fenmeno de auto-organizao seja compreendido, em primeiro lugar, torna-se necessrio focalizar a importncia do padro. A idia do padro de organizao - configurao de relaes caractersticas de um sistema em particular - tornou-se questo de importncia fundamental do pensamento sistmico na compreenso dos sistemas vivos. O estudo e a concepo de padro levam-nos s fases remotas da histria, comeando com os Alquimistas e a filosofia Hermtica, seguindo-se de Aristteles, dos pitagricos na Grcia e dos poetas romnticos, todos eclipsados pela era mecanicista, com o estudo das substncias e a nfase em uma viso material e reducionista da existncia. Na cincia do sculo XX, esta conscincia quanto importncia dos padres intrnsecos emergiu, vigorosamente, atravs da perspectiva holstica, ou sistmica, que cria uma nova maneira de pensar ou o pensamento sistmico. O pensamento sistmico requer, em ltima instncia, uma viso de contexto, isto , os fenmenos no devem mais ser analisados de forma isolada, e sim pertinentes ao contexto em que esto inseridos. Deriva desse pensamento uma teoria mais abrangente dos sistemas vivos, avaliando de forma integrativa as duas abordagens: o estudo da substncia (estrutura) e o estudo da forma (padro). As substncias, por um lado, so avaliadas em termos de peso e medida; e os padres, por seus mapeamentos. A concepo de importncia fundamental em nossa poca, dentro do pensamento sistmico da Ciberntica, significa a idia de um padro de auto-organizao, que representa a configurao de relaes caractersticas de um sistema em particular. Na teoria emergente dos sistemas vivos, o processo da vida est descrito como a incorporao contnua de um padro de organizao autopoitico, em uma estrutura dissipativa fsica. Esse processo foi identificado pelos neurocientistas Humberto Maturana e Francisco Varela como processo cognitivo, porque sintetiza toda a atividade organizadora dos sistemas vivos, em todos os nveis de vida, configurando-se como processo mental. A vida, assim, definida experimentalmente como um processo, e todas as interaes de um organismo vivo - planta, animal e seres humanos - com o seu meio ambiente passam a ser interaes cognitivas ou mentais.

  • A teoria de cognio de Santiago, postulada por Maturana e Varela, originou-se do estudo das redes neurais. Por conseguinte, a definio da vida como um processo de cognio estende-se muito alm da mente racional, pois inclui percepo, ao, emoo e todo o processo da vida. Nos seres humanos, envolve a linguagem, o pensamento conceitual e todos os atributos da conscincia humana. Dessa maneira, o processo mental torna-se imanente matria, em todos os nveis de vida. Mente e matria no surgem mais como duas entidades separadas, mas representam, simplesmente, diferentes aspectos e dimenses do mesmo fenmeno de vida. Fritjof Capra afirma: descrever o processo cognitivo como o sopro da vida uma perfeita metfora. A teoria de Santiago a confirmao cientfica do primeiro princpio da Filosofia Hermtica dos antigos mestres alqumicos: O Todo Mente; o Universo Mental - O Caibalion - Princpio expresso por Hermes Trismegisto. Dentro desse contexto, vem sendo postulado, por vrios fsicos qunticos e bilogos contemporneos, a existncia de um biocampo ou fator intrnseco de auto-organizao. Este padro de organizao torna-se comum a todos os seres vivos, o que significa que qualquer sistema vivo exibe um padro de rede capaz de organizao. Os componentes dessas redes apresentam-se entrelaados em um dilogo interativo e criativo, demonstrando que o todo representa mais do que a soma das partes. Cada uma das partes, isoladamente, no reflete a dimenso interativa que o todo proporciona e, exatamente por isso, no existe hierarquia nessas redes de vida. Essa concepo foi formalizada na Fsica por Geoffrey Chew, em sua filosofia bootstrap na dcada de 70, ao afirmar que nenhuma das propriedades de qualquer parte desta teia dinmica mais fundamental que outra, e que s a consistncia global de suas relaes determina a estrutura de toda a teia. Por outro lado, o fsico Fritjof Capra fala-nos da energia vital em termos da cincia moderna, na medida em que no se trata de uma substncia, mas de uma medida de atividade de padres dinmicos. Portanto, para entendermos cientificamente os modelos da Medicina Energtica, devemos nos concentrar em conceitos de fluxo, flutuao, vibraes, ritmo, ressonncia e sincronicidade, inteiramente compatveis com a moderna concepo sistmica de vida. Afirma, ainda, que os corpos ou substncias sutis so, na realidade, padres dinmicos de auto-organizao. Este novo paradigma de uma totalidade abrangente obriga-nos a um srio questionamento sobre as teorias vitalistas que, em suma, abriram uma diviso entre mente e corpo, incorporando, de certa maneira, a mesma diviso cartesiana do mecanicismo. A nica diferena que os vitalistas admitiam a existncia de um princpio imaterial nos seres vivos, deixando o resto da natureza aos cuidados da Fsica Mecanicista e seu corolrio de interpretaes reducionistas e materialistas. Samuel Hahnemann postulou a concepo do simillimum , na realidade, dentro de uma viso sistmica, na qual entendia a importncia de se obter um fator que englobasse a totalidade dos sintomas do indivduo. A fragmentao gerada pelo vitalismo desvinculou Hahnemann da possibilidade de acesso ao conhecimento Hermtico Alqumico que, dentro do pensamento animista, concebia o Universo como uno em essncia. Tal unidade era definida numa cosmologia abrangente, que relacionava determinados metais com uma condio estrutural sutil dos seres vivos. O pensamento Vitalista rompeu o elo que unia, fundamentalmente, a Homeopatia s suas prprias razes ideolgicas, o que gerou uma teraputica voltada para uma infinidade de elementos, cuja especificidade se tornou obstculo para a sua sustentabilidade e seu reconhecimento frente ao mundo cientfico. No entanto, a genialidade de Hahnemann era impar. Embora estivesse inserido em um contexto vitalista, conseguiu captar a idia do simillimum dentro de uma viso

  • sistmica preconizada, atualmente, pela Fsica Quntica. Alm disso, atravs da dinamizao homeoptica, elaborou um novo mtodo de acesso aos padres intrnsecos do ser, no mais usando o fogo como os antigos alquimistas, mas a gua. Desta forma, no reconheceu ser ele mesmo o primeiro Alquimista de um novo elemento. Em vrios depoimentos, Hahnemann coloca, honestamente, a dificuldade real em se obter o simillimum, como um elemento seguro e definitivo, abrindo alguns questionamentos importantes, como os seguintes relatos, extrados de seu livro Doenas crnicas :

    I - No caso em que eram renovados os problemas que pareciam ter sido solucionados, o remdio que da primeira vez havia sido til mostrava-se menos til e, se repetido novamente, ajudava ainda menos. A ento, talvez mesmo sob o efeito do remdio homeoptico que parecesse mais apropriado, e mesmo no caso em que o modo de vida fosse bastante correto, surgiam novos sintomas da doena que s inadequada ou imperfeitamente que podiam ser removidos; de fato, estes novos sintomas s vezes no melhoravam em nada, especialmente quando algum obstculo (fatores emocionais, climticos, dietticos ou acidentes) impediam a recuperao.

    II - Mas, em geral, aps repetidas tentativas de vencer a doena que aparecia numa forma sempre ligeiramente modificada, surgiam queixas residuais que os medicamentos homeopticos at ento, experimentados, conquanto no fossem poucos, tinham que deixar no erradicadas, de fato muitas vezes no diminudas.

    III - Apesar de todos os esforos do mdico homeopata, a doena crnica no conseguia seno ser um pouco retardada em seu progresso, piorando de ano para ano.

    IV - Por que ento esta fora vital, influenciada eficientemente pelo medicamento homeoptico, no consegue produzir recuperao alguma que seja verdadeira e permanente nestas molstias crnicas mesmo com a ajuda dos remdios homeopticos que melhor cobrem os atuais sintomas, enquanto esta mesma fora, que criada para o restabe-lecimento do nosso organismo permanece, no obstante, to infatigvel e exitosamente ativa, completando a recuperao inclusive em doenas agudas graves? O que existe para impedir isto?

    V - Este fato indicou-me a primeira pista, a de que o mdico homeopata com um caso crnico deste teor e mesmo em todos os casos de doena crnica, no deve somente combater a doena que se apresenta ante os seus olhos, no devendo consider-la ou trat-la como se fosse uma doena bem definida a ser rpida e permanentemente destruda e curada pelos remdios homeopticos comuns, mas sim, que ir sempre encontrar apenas um fragmento separado de uma doena original mais profundamente localizada.

    VI - Por conseguinte, ele deve primeiro descobrir tanto quanto possvel a extenso total de todos os acidentes e sintomas que pertenam molstia primitiva desconhecida, antes que possa esperar descobrir um ou mais medicamentos que consigam homeopaticamente cobrir a totalidade da doena original, por meio de seus sintomas peculiares. Atravs deste mtodo, ele poder ento ser vitoriosamente capaz de curar e de eliminar a molstia em toda sua extenso e, conseqentemente, tambm suas ramificaes em separado, ou seja, todos os fragmentos de uma doena que aparecem em tantas e to variadas formas.

    A dificuldade reside naquilo que os primeiros pensadores sistmicos reconheciam com muita clareza, que implica a existncia de diferentes nveis de complexidade em um mesmo sistema, com diferentes tipos de leis operando a cada nvel. Certamente, esta concepo da complexidade organizada tornou-se o prprio assunto da abordagem sistmica atual. Em cada nvel de complexidade, os fenmenos observados exibem propriedades que no exibem no nvel inferior. As propriedades sistmicas de um determinado nvel so denominadas de propriedades emergentes, uma vez que emergem neste nvel em particular. Alm do

  • mais, esses padres no devem ser entendidos como probabilidades de coisas, mas de interconexes. Hahnemann torna evidente, nos questionamentos acima, a necessidade de se descobrir a extenso total de todos os acidentes e sintomas pertencentes molstia primitiva desconhecida. Se traarmos um paralelo com a Fsica Quntica, observa-se que ele se deu conta do que hoje conhecido como modelos de desordem, denominando de molstia primitiva desconhecida os diversos modelos de desordem que compem um sistema de rede. Identificou as diversas ordens de complexidades inter-relacionadas, abrindo, tambm, a possibilidade desse quesito necessitar de mais de um medicamento para ser preenchido. J no pargrafo V, citado anteriormente, Hahnemann relata a questo das propriedades emergentes que derivam de um substrato profundo, aflorando ora um padro, ora outro, atestando a lcida observao clnica das redes entrelaadas, bem como a necessidade de se ir alm do fator emergente expresso naquele momento. Define, neste mesmo pargrafo, que a totalidade sintomatolgica no corresponde totalidade dos sintomas emergentes, mas sim abrangncia de todos os modelos de desordem. Nos primeiros pargrafos transcritos, aponta a dificuldade de tratar as doenas crnicas, descrevendo a ineficincia do mesmo medicamento usado na prescrio anterior, em relao aos novos sintomas que surgem no indivduo. Isso perfeitamente explicado, medida que entendemos que cada medicamento homeoptico cobre um modelo de desordem especfico e, como esses derivam de novas interconexes da rede, o mesmo medicamento j no cobre mais o novo quadro sintomatolgico que aparece. Da mesma maneira, Hahnemann confirma a abordagem dos modelos de desordem, quando afirma a rpida e eficaz ao do medicamento homeoptico nos quadros agudos, que expressam propriedades emergentes e, como tais, podem ser corrigidos especificamente pela lei dos semelhantes. Este estudo epistemolgico teve, ento, sua origem em alguns questionamentos bsicos: Como e de que forma estariam representados os padres de rede nos seres vivos? Que modelos de desordem estariam inseridos no processo? Qual seria o mapeamento dessa ordem estratificada, isto , desses diversos nveis de complexidades? Que elementos da natureza estariam participando dessa rede, gerando interconexes que se superpem, exibindo novas e criativas representaes?

  • CAPTULO 3

    DEFININDO OS FATORES DE AUTO-ORGANIZAO

    Este processo de pesquisa, baseado nas premissas apontadas, teve incio h 15 anos, numa escalada, muitas vezes desafiante, em torno do encontro de elementos e explicaes, capazes de preencher todas as perspectivas que o sistema exige como um padro de auto-organizao. Os ensaios clnicos deram partida para uma profunda investigao no Universo Alqumico, reduto de uma infinidade de elementos que, originalmente, eram relacionados aos processos intrnsecos da natureza. Este era o desafio: desvendar, nas entrelinhas dos diversos tratados, as pistas necessrias para fechar o grande quebra-cabea que englobasse a totalidade deste padro sistmico. Os testemunhos Alqumicos deixavam claro que, efetivamente, conheciam muito bem este padro de rede, j que todos os substratos que preparavam exprimiam uma abordagem da totalidade. Os trs princpios originais, ou melhor, as substncias originais, que esto na base de todo o universo das representaes alqumicas, chamam-se Mercurius, Sulphur e Sal. A Alquimia ensina que todo o universo material tem sua origem nesses elementos e, segundo um corpo tenha recebido mais ou menos dessas energias, se torna mais ou menos voltil, refratrio ou combustvel. Essa trindade encontra-se representada em todas as pocas e em diferentes culturas, expressando o mesmo contedo. Na Astrologia, como princpios do cardinal, mutvel e fixo, smbolos anlogos do feminino, do masculino e da criana. Na Mitologia Egpcia, como Osris, ris e Hrus. Na Fsica Quntica, como os trs critrios fundamentais para os seres vivos: estrutura, padro e processo. No Tantrismo Indiano, a polaridade de gnero substituda por diferentes princpios como trindades de deusas e deuses por exemplo, a trindade de Brahma, o criador, onde encontramos Shiva, representante do fluxo csmico de energia; Vishnu, o preservador, representante dos campos organizadores da natureza; e Brahma, a unidade criativa que inclui os outros dois. O Mercrio considerado pelos Alquimistas como a chave do Universo. Por essa razo resulta to predominante em todos os livros de Alquimia. Diziam que, se um homem fosse capaz de decompor totalmente um glbulo de mercrio, entenderia, tambm, como se criou o mundo. Esse enunciado baseia-se na Lei Alqumica como no macrocosmo assim no microcosmo, comprovada cientificamente por Tourad, ganhador do Prmio Nobel sobre a natureza eltrica da matria e seu modo de agrupamento. O Mercrio corresponde fora geradora da matria, simbolizando o passivo, o yin, a alma, o feminino, o mnstruo (menstruun) presente no sangue e no smen. , por outro lado, considerado a quintessncia de todas as coisas, o esprito universal ou Spiritus mundi. Encontram-se representaes do Mercrio nos Tratados Hermticos, a mido aparecendo sob a forma de Hermes com seu caduceo, configurando o mensageiro dos deuses, que faz circular as foras entre o cu e a terra. O seu aspecto dinmico est na fora ativa da essncia solar ou masculina, representada pelo enxofre ou Sulphur - o ativo, o esprito, o masculino, o formativo, o yang, o que produz combusto, simbolizando a vontade, a palavra e a ateno .

  • O Mercrio simboliza o drago alado, que desce das esferas superiores, sobre o drago terrestre sem asas, representado pelo Sulphur. Ento, devoram-se mutuamente, transformando o voltil em fixo e o fixo em voltil. Esta simbologia, do tringulo que abraa o tringulo, considerada o mais significativo smbolo alqumico, porque dessa unio liberada uma qualidade de energia, chamada de duplo fogo seco e mgico - o Alkahest. A partir dessa energia, obtinham um sal conhecido como Sal Sapientiae. Todo o segredo alqumico relacionava-se ao processo de obteno desse sal, resultante da juno dos dois elementos. No entanto, para que houvesse essa juno, era necessrio um suporte fsico, o campo onde seria travada a luta. Esse campo, representado pelo Natrum muriaticum, o sal que representa o corpo - o veculo de suporte da encarnao para o esprito - , esttico, neutro, a permanente cinza que serve para promover a interao de todos os processos. Evidenciava-se o fato de que do encontro desses elementos se obtinha uma determinada qualidade de substrato, com propriedades sutis para a transmutao de elementos. Foram assim iniciadas as primeiras experimentaes homeopticas, com resultados que comeavam a se aproximar de um padro mais unificado. Aps um longo tempo de experimentao, definiu-se com preciso que a ordem desses elementos era exatamente a ordem colocada nos textos alqumicos: primeiro o metal ou elemento yin, representado pelo Mercurius Sol; em seguida, sua interface yang, representada por Sulphur; e, por fim, o sal representando o elemento neutro que permite a interao dos demais elementos, o Natrum Muriaticum. O questionamento seguinte seria verificar em que segmentos paralelos esses elementos estariam relacionados no contexto humano. Para isso, dispunha-se, por um lado, nas matrias mdicas homeopticas, da experimentao desses elementos no homem so e, por outro lado, de toda uma investigao relacionada aos centros consensuais de conscincia ou chakras. Ao se elaborar um estudo comparativo dos trs elementos em relao matria homeoptica, abrindo um paralelo com o estudo dos centros dinmicos do corpo, tornou-se evidente a relao do Mercurius com o chakra larngeo, do Sulphur com o terceiro chakra ou plexo solar e, do Natrum muriaticum com o quarto chakra ou cardaco. O mapeamento desse padro sistmico ia sendo desvendado, no sentido de que a existncia de sete centros consensuais de conscincia indicaria ser este o nmero de elementos implicados no processo, e de que, ao se tratar de um padro fundamentado em princpios alqumicos, o elemento Ouro obviamente deveria estar includo no contexto da equao. Refazendo a anlise comparativa da Homeopatia com os centros dinmicos de conscincia, o Aurum metallicum, com seus dados experimentais no homem so, apresentava um padro idntico ao descrito como caracterstico do segundo chakra ou umbilical, que representa o centro da vida. Nesse padro de rede que se configurava, cada grupo de elementos deveria obedecer s polaridades universais do yin e do yang, iniciando-se o processo sempre a partir do metal - o plo feminino, matriz original de todos os processos cognitivos -, entrando em seguida seu sal correspondente, representante do masculino. O mapeamento final do padro apontava para um modelo composto de trs pares de elementos, estabelecendo a relao do feminino e do masculino e definindo os seis centros consensuais de conscincia, e um stimo elemento central, que representaria o prprio corpo. Esse seria o elemento de apoio para que todo o processo cognitivo pudesse se desenvolver, representado pelo centro dinmico

  • do corao, e teria como elemento o Natrum muriaticum. Para a obteno do mapeamento completo, faltavam os dois arcanos relacionados aos chakras da cabea e o sal correspondente ao primeiro centro consensual de conscincia. O mdico Alexander Von Bernus, em seu livro Alquimia e Medicina, configura o Antimonium crudum como particularmente significativo, porque contm a representao simblica da terra oculta. Afirma que, na lei da Homeopatia Csmica, este lobo cinzento, insignificante em sua aparncia, um dos remdios cuja eficcia est entre as mais extensas de que dispe a humanidade. O lobo cinzento a representao da glndula pituitria, de cor acinzentada que, como veremos no estudo dos centros dinmicos, se relaciona ao Antimonium crudum, por sua vez, relacionado ao sexto chakra, no qual o homem experimenta a dimenso do Eu Sou. Segundo Rudolf Steiner, se consegussemos abstrair tudo que introduzido a partir do exterior, o homem seria ele mesmo Antimonium. Basile Valentin, em sua obra consagrada ao Antimonium, Carro triunfal do Antimonium, afirma: O Antimonium um sujeito do qual se pode fabricar uma farmcia inteira, pois contm um vomitivo, um purgativo, um depurativo, um sudativo e um diurtico; um solvente e coagulante; um blsamo, ungento e emplasto, em suma, pode ser aplicado em todos os estados com mximo usufruto. um mestre de todas as enfermidades, um protetor da natureza humana. Na farmacopia homeoptica, o sal que se combina com o Antimonium crudum o Kali carbonicum, cuja patogenesia homeoptica se enquadra com a fisiologia do stimo chakra. Era chamado Sal tartari, e Von Helmont escreve a este respeito: verdadeiramente muito surpreendente ver tudo que o sal de trtaro chega a fazer sozinho quando se torna voltil, pois expulsa todas as impurezas dos canais. Basile Valentim acrescenta, sobre o sal tartrico, a propriedade de ativar a secreo urinria, a purificao do sangue, a eliminao da hidropisia e de clculos. No mbito homeoptico, o Kali Carbonicum, conhecido como o pssaro sem asas, indica a condio de dependncia desse elemento com o Antimonium, que simboliza suas asas e a real possibilidade para o grande vo do ser rumo transcendncia. O ltimo elemento codificado com a ajuda da Medicina Ayurveda foi o Ammonium muriaticum, sal correspondente ao Aurum metallicum, cuja patogenesia homeoptica corresponde ao descrito nos estudos sobre o primeiro centro de energia, ou chakra bsico. A experimentao dessa primeira etapa consumiu alguns anos, reportando, como resposta da observao clnica, resultados cada vez mais prximos do simillimum de Hahnemann. Alguns parmetros, porm, como ritmo e fluxo desses elementos ao longo da coluna vertebral, necessitavam de reviso, o que consumiu mais alguns anos em busca de ressonncia e sincronicidade.

  • CAPTULO 4

    OS CENTROS CONSENSUAIS DE CONSCINCIA E OS SETE ELEMENTOS

    Trazer para o campo experimental elementos de um padro unificado requer uma observao sistemtica de todas as implicaes nos sistemas que operam em interconexo. Os estudos referentes aos centros consensuais de conscincia, definidos por vrios sistemas e tradies, apresentam alguma discordncia apenas na preciso exata da localizao. Para uns, um determinado centro consensual est localizado mais direita, ou um pouco mais acima, do que o suposto por outro autor. No entanto, a fisiologia, a integrao dos sistemas envolvidos e o aspecto psquico implicado em cada rea de atuao desses centros apresentam coerncia e similitude nos incontveis estudos realizados sobre o assunto, orientados por diversas tradies. Os centros consensuais de conscincia, conceituados como centros de atividade dinmica de padres intrnsecos determinados, relacionam-se com o sistema nervoso autnomo. Chakra, uma palavra snscrita, significa crculo e movimento relacionados diretamente com todo o processo cognitivo ou o processo da vida. A questo levantada por todas as tradies conhecidas a ativao sincronizada desses centros de energia, com a finalidade no s de equilibrar a energia de todos os rgos fsicos e sistemas, como tambm de gerar um fluxo de energia ao longo da coluna vertebral, possibilitando saltos qunticos no nvel da conscincia individual. Esse conceito foi comprovado atualmente pela Fsica, pelo neurocientista Francisco Varela, ao afirmar que a experincia consciente primria comum a todos os vertebrados superiores no est localizada numa parte especifica do crebro, nem pode ser identificada em estruturas neurais especficas. Ela a manifestao de um processo cognitivo particular, uma sincronizao transitria de circuitos neurais que oscilam ritmicamente. O fato de que os circuitos neurais tendem a oscilar ritmicamente bem conhecido dos neurocientistas, e pesquisas recentes tm mostrado que essas oscilaes no esto restritas ao crtex cerebral, mas ocorrem em vrios nveis do sistema nervoso. Segundo a fsica Danah Zohar, nossa conscincia possui a caracterstica da unidade contnua, estabelecendo, em si mesma, a necessidade de se manter coesa, para que a nossa experincia tambm assim se mantenha. Descreve um mecanismo biolgico, denominado de condensados de Bose-Einstein, que ser explicitado adiante. Tal mecanismo - j descrito a primeira vez pelo Dr. Herbert Frhlich, da Liverpool University - demonstra o processo pelo qual os neurnios so realinhados e, em ltima instncia, atesta o mecanismo de ao do medicamento homeoptico. interessante perceber a leitura sincrnica dos sete chakras com as sete notas de uma oitava musical, os sete planetas principais, as sete cores do espectro e os sete tipos de desejo (segurana, procriao, longevidade, participao, conhecimento, auto-realizao e unio). Por outro lado, a experimentao homeoptica no homem so, ao longo de mais de um sculo, presenteou a humanidade com uma patogenesia, que apresenta uma coletnea de todos os sintomas fsicos, emocionais e psquicos determinados por esses elementos. Isso significa que ganhamos parmetros de comparao, para uma observao sistemtica do que acontece no nvel dos padres de rede. Graas ao trabalho dedicado de geraes de homeopatas, encontramos hoje uma viso do campo de atuao de cada um desses elementos, o que nos possibilita um

  • estudo comparativo dos centros consensuais de conscincia, com base na clnica mdica.

  • 1- MOOLADHARA OU PRIMEIRO CENTRO CONSENSUAL DE CONSCINCIA

    Seu nome significa fundao. Localiza-se no plexo plvico, a regio entre o nus e os genitais, na base da espinha dorsal. representado pelo planeta Marte. Aspecto primordial da inocncia, da segurana bsica, abrigo e alimento. Representa o elemento terra, sendo simbolizado como o ltus, cujas quatro ptalas de cor rubra escarlate indicam a ressonncia desse centro com o plano fsico do ser.

    Na Tradio Chinesa, este centro liga-se ao mundo dos infernos. O plexo nervoso relacionado ao Muladhara o coccgeo, cuja glndula correspondente o glomo coccgeo, conhecido s vezes por corpo coccgeo. Essa glndula, descrita a primeira vez pelo anatomista Luschkas (1820-1875), situa-se perto da extremidade do cccix, na base da coluna vertebral, tendo cerca de dois centmetros e meio de dimetro, e sua funo ainda no est bem documentada

    Nele reside a Kundalini, a serpente enrolada, que representa o puro desejo e que, quando desperta, atua como uma conexo essencial, religando o microcosmo humano ao macrocosmo.

    Segundo Mona Lisa Schulz, M.D., Ph.D., que realizou uma pesquisa profunda acerca dos centros consensuais de conscincia no comportamento e nas patologias humanas, o primeiro centro emocional contm lembranas localizadas no sangue e nos ossos, no sistema imunolgico, na coluna vertebral e nos quadris. As vivncias emocionais e as lembranas armazenadas neste centro prendem-se s questes relacionadas famlia, segurana fsica, ao apoio no mundo, ao desamparo e ao desalento. Suas observaes apontaram para o significado, tambm, do yin e do yang nestas projees - o yang representa o poder, os sentimentos de fora emocional e o yin, a nossa vulnerabilidade que influencia o nosso sentido de comunidade.

    A Fsica, hoje, comprova a inter-relao desses campos femininos e masculinos, que estabelecem um dilogo interativo e contnuo, responsvel pelo processo criativo da natureza. O padro masculino formado pelos Frmions. Esses se combinam para dar a matria (eltrons, prtons e nutrons) e exibem funes de onda que podem se sobrepor um pouco, mas nunca inteiramente. So essencialmente anti-

  • sociais e sempre individuais em alguma medida. A interface feminina representada pelas partculas tipo Bsons (ftons e ftons virtuais, as partculas W+,W- e Z0), partculas de relacionamento. Segundo Danah Zohar, so as partculas portadoras da fora, essencialmente gregrias, que sustm a unidade do Universo. Suas funes de onda podem se sobrepor a tal ponto, que elas se fundem inteiramente, compartilhando suas identidades, abrindo mo de qualquer direito individualidade.

    Os bsons, os antecessores primrios da conscincia, constituem as unidades fundamentais de todas as foras da natureza - interao nuclear forte e fraca, eletromagntica e gravitacional e so responsveis pela coeso do mundo material. Os frmions, as unidades constitutivas do mundo material, apresentam uma caracterstica mais rgida e preferem se isolar. Assim, na ausncia de bsons, os frmions dificilmente se uniriam para formar qualquer coisa, e, na ausncia de frmions, os bsons no teriam nada com que se relacionar, nada com que pudessem se estruturar e se ordenar a partir de sua coerncia mais interna. Ambos esto envolvidos em uma relao cognitiva, inseparvel e criativa.

    O equilbrio entre as foras eletromagnticas, provenientes desses dois campos, determinar as alteraes descritas e observadas no nvel da conscincia dos indivduos. O padro de poder, descrito pela Dra. Mona Lisa Schulz, demonstra ento a fora eletromagntica predominante no plo yang, relacionando-se, portanto, ao plo masculino, aos frmions. O padro descrito como vulnerabilidade relaciona-se fora eletromagntica predominando no campo yin, representando o feminino, os bsons.

    A polaridade yang nesse primeiro centro consensual determinaria o poder, a independncia, a engenhosidade, o destemor e a confiana, a sensao de estar seguro e garantido no mundo. No entanto, o excesso de poder traria o isolamento e a sensao de estar inteiramente s no mundo; o destemor em demasia poderia levar imprudncia, ou o excesso de confiana poderia levar perda de discernimento no convvio social.

    O equilbrio entre estes dois plos o padro esperado, j que a polaridade yin deste centro de energia constela um saudvel sentido de vulnerabilidade. Aponta para um forte sentido de comunidade, com a devida e justa permisso de dependermos dos demais quando necessrio, de aceitarmos a ajuda alheia, de sentirmos medo e de no confiarmos indiscriminadamente em qualquer um. O padro esperado seria, ento, um equilbrio entre poder e vulnerabilidade, entre o yin e o yang., entre a fora eletromagntica dos campos ordenados pelas partculas bsons e frmions.

    Avaliando dentro dessa coerncia a perfeita projeo entre o microcosmo das partculas e as inter-relaes com nossos padres de conscincia, este holograma estabelece sistemas de diferentes graus, inseridos uns nos outros, compondo a totalidade da existncia. O princpio das correspondncias dos textos Hermticos afirmava desde a Antigidade: O que est em cima como o que est embaixo, e o que est embaixo como o que est em cima. O Caibalion

    Surge, destarte, a observao dessa lei feita por inmeros bilogos e fsicos contemporneos, entre eles David Bohm, em Quantum Theory:

    J o momento de nos perguntarmos se a estreita analogia entre os processos qunticos e nossas experincias interiores e processos de pensamento mera coincidncia (...) a impressionante analogia, ponto por ponto, entre processo de pensamento e processo quntico, sugeriria que uma hiptese ligando estes dois, pode muito bem ser frutfera. Se tal hiptese puder algum dia ser comprovada, explicaria, de forma natural, muitos aspectos de nosso pensar.

    As lembranas ou emoes traumticas nos primeiros anos de vida determinaro uma fixao da conscincia neste nvel, impedindo que o processo siga em direo individuao e plenitude do ser. Dra. Schulz afirma: A famlia, um sentido de comunidade, fundamentalmente importante para a sade de nossos corpos. A interao social desempenha um papel vital na regulao cotidiana dos sistemas de nossos corpos. Se voc se isolar, perde os reguladores metablicos que esto presentes quando interage com o grupo, ento, seus ritmos sua vida, segundo parece - vo para o espao.

    Normalmente, a criana de um a sete anos age com as motivaes do primeiro chakra. A terra vista como uma nova experincia. Ela deve assegurar todo o aprendizado e a conquista deste mundo novo, assim como incorporar os padres bsicos de comportamento para a sua prpria sobrevivncia fsica. De acordo com Harish Johari, o principal problema da criana e do adulto, agindo com a motivao do primeiro chakra, o comportamento violento baseado na insegurana. A perda da

  • segurana faria o indivduo tomado pelo medo lutar cegamente como um animal acuado. So ainda includas neste contexto, a iluso, a ira, a avidez, a desiluso, a avareza e a sensualidade.

    O indivduo, tendo a conscincia fixada nesse chakra, ter como motivao bsica alcanar a segurana monetria. A ateno linear e segue uma nica direo. Neste nvel de conscincia, necessitar dormir de dez a doze horas por noite e sobre o ventre. A matria mdica homeoptica aponta claramente para Ammonium muriaticum como o elemento catalisador deste centro de energia.

    James Tyler Kent, em sua Matria Mdica, afirma que h poucos sintomas mentais seguros, obtidos na experimentao deste medicamento, confirmando que o Ammonium muriaticum atua, na realidade, num centro energtico de natureza mais instintiva do que emocional .

    De acordo com Dora Gelder Kunz, estudiosa dos campos de energia humanos, foram feitas rigorosas investigaes histricas, no sendo encontradas doenas relacionadas a este centro.

    Uma avaliao da experimentao homeoptica, com medicamentos que apresentem modelos de desordem compatveis com o padro do primeiro centro consensual, s se mostraria fidedigna, em termos de sintomas emocionais e mentais, se fosse realizada em crianas abaixo de sete anos, ou em pessoas cujo nvel de conscincia criasse uma ressonncia com este centro de energia. A partir do momento em que a conscincia verdadeiramente sublima uma determinada vivncia, no h mais como estar vulnervel a este mesmo padro. Da se explica a pobreza de sintomas na experimentao de alguns medicamentos homeopticos: em adultos, no comum encontrarmos um indivduo disposto a uma experimentao voluntria, com seus padres de conscincia fixados neste centro; em crianas abaixo de sete anos, h a impossibilidade de experimentao, o que dificulta uma real ressonncia do elemento com o padro examinado na experimentao.

    Onde se localiza a conscincia do homem, a est o homem. Na realidade, o Ammonium muriaticum, por ressonncia, consegue interagir perfeitamente com os cdigos de nossa representao interna, relacionados ao centro consensual bsico e, se a conscincia estiver neste nvel, ela ser trabalhada neste nvel. Se j tiver transcendido aos nveis superiores, nada ser tocado, simplesmente porque no existe nenhum modelo de desordem aberto e disponvel para ser trabalhado nesta dimenso de conscincia.

    2- SWADHISTAN OU CHAKRA SACRAL

    Seu nome significa lugar de morada do ser ou sede de Si e localiza-se na regio plvica e lombar, abrangendo os rgos reprodutores femininos e masculinos, o aparelho urinrio, rins, bexiga, a regio gastrintestinal inferior e a musculatura da regio lombar. Seu planeta Jpiter e representa o reino vegetal. Determina no ser humano a criatividade, sendo o centro gerador da sexualidade, procriao, sensualidade ertica e da busca do prazer.

    simbolizado pelo ltus de seis ptalas vermelhas, tendo um crculo branco central que representa seu elemento csmico, a gua. Segundo Arthur Avalon, existem associadas s suas seis ptalas, cuja cor predominante o vermelho, seis writti ou estados de conscincia: credulidade, desconfiana, desprezo, iluso, falso conhecimento e desumanidade.

    A gua simboliza a essncia da vida e, na Alquimia, o ouro representa esta essncia, o universo de todos os desejos. O esforo das pessoas do chakra sacral est voltado para o equilbrio entre o mundo sem e o mundo com, razo pela qual denominado, na Tradio Chinesa, mundo dos famintos. Nos padres normais, uma pessoa entre os oito e quatorze anos age com a motivao desse chakra. E dorme entre oito e dez horas por noite, em posio fetal. As glndulas relacionadas a esse chakra so as gnadas e seu plexo vitalizador o sacro.

    Aqui, o pequeno ser descobre a imensido do mundo com suas possibilidades e anseia por autonomia, apesar de no ter ainda certeza de sua capacidade e independncia. Atravs deste veculo

  • experimentamos nossa vida emocional: sentimentos, relacionamentos e impulsos, e expanso da personalidade.

    As lembranas e as emoes armazenadas no nvel deste centro dinmico relacionam-se com o impulso na vida e o modo como abordamos aquilo que desejamos no mundo, gerando um conflito fundamental da autonomia, por um lado, e da vergonha ou dvida, por outro. Refere-se ao modo como administramos os nossos relacionamentos, ao processo de deixar a famlia e de nos estabelecermos como indivduos autnomos.

    A anlise de Mona Lisa descreve como impulsos de poder (yang) neste centro energtico: o ativo, desinibido, direto e dinmico. Na vulnerabilidade: o passivo, inibido, indireto e o que aguarda os acontecimentos. Nos relacionamentos, o poder determinaria a independncia, a condio de ser imprescindvel para os outros, de receber mais do que doar, as fronteiras bem definidas, a asser