16324236 apostila de introducao ao estudo do direito

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    Introduo ao Direito Aula 01 17-02-2009

    Noes Gerais:- O Mundo da Natureza e O Mundo da Cultura

    - O que Direito?- Qual a finalidade do Direito?- Acepes da palavra Direito- Direito Natural x Direito Positivo- Direito Objetivo e Direito Subjetivo- Ordem Jurdica

    O Mundo da Natureza e O Mundo da Cultura

    Podemos considerar a realidade sob duas formas distintas, quais sejam: oMundo da Natureza e o Mundo da Cultura.

    Mundo da Natureza tudo aquilo que nos foi dado. Existe independente da atividade

    humana.Trata-se de realidade natural. Aqui existem as leis fsico-matemticas que

    so regidas pelo princpio da causalidade, ou seja, so leis cegas aos valores.So meramente indicativas.

    Ex: a Terra um planeta.

    Princpio da causalidade: na natureza nada ocorre por acaso. Cadafenmeno tem sua explicao em uma causa determinante. Esse princpiocorresponde ao nexo existente entre a causa e o efeito de um fenmeno.

    Mundo da Cultura tudo aquilo que vem sendo construdo pelo homem ao longo da

    histria.Trata-se de realidade humano-cultural-histrica. aqui que se situa o DIREITO.O homem produz as leis culturais, que so normas imperativas dever

    ser. Ex: O homem deve ser honesto.O pai e a me devem alimentar seus filhos.O devedor deve pagar o credor.No se deve matar ningum.

    O homem planeja e constri seu mundo de acordo com seus ideais.Tem liberdade criadora.Humaniza a natureza.O DIREITO faz parte dessa humanizao, que foi criado para regular e

    possibilitar a convivncia e as relaes humanas, ou seja A GARANTIA DECOEXISTNCIA.

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    O que Direito?

    Conceito 01: Conjunto de normas/leis estabelecidas por um podersoberano, que disciplinam a vida social de um povo (Dicionrio Aurlio)

    Conceito 02: O Direito processo de adaptao social, que consiste emse estabelecerem regras de conduta, cuja incidncia independente da adesodaqueles a que a incidncia da regra jurdica possa interessar. (Pontes deMiranda)

    Qual a finalidade do Direito?

    O Direito est em funo da vida social. A sua finalidade a defavorecer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais, que

    uma das bases do progresso da sociedade (Paulo Nader)

    O Direito prope-se a promover os alicerces da convivncia pacfica epromissora. Essa a finalidade do conjunto de normas jurdicas impostas pelasociedade a si mesma, atravs do Estado, para manter a ordem e coordenar osinteresses individuais e coletivos (Joo Batista Nunes Coelho)

    Finalidade bsica COEXISTNCIA PACFICA

    Mxima em Direito:

    NINGUM PODE ALEGAR DESCONHECIMENTO DALEI (art.3, do Decreto-Lei n 4657/42)

    O fim atribudo ao Direito no o de criar uma ordemideal, mas uma ordem real de convivncia.

    Thomas Hobbes (1588-1679)

    Acepes da palavra Direito

    Direito = referncia Cincia do DireitoEx: Fulano aluno de Direito. (aqui, Direito no significa normas de

    conduta social, mas sim a cincia que estuda o Direito).

    Cincia do Direito = setor do conhecimento humano que investiga esistematiza os conhecimentos jurdicos.

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    Direito Natural e Direito Positivo

    So duas realidades distintas.

    Direito Natural: revela ao legislador os princpios fundamentais de

    proteo ao homem que forosamente devero ser consagrados pela legislaoa fim de que se obtenha um ordenamento jurdico justo.

    O Direito Natural no escrito, no criado pela sociedade e nem formulado pelo Estado. um Direito espontneo que se origina na naturezasocial do homem e que revelado pela experincia e razo. Princpios decarter universal e imutveis. Ex: direito vida, direito liberdade.

    Direito Positivo: o Direito institucionalizado pelo Estado. a ordemjurdica obrigatria em determinado tempo e lugar. Ex: Cdigo Civil, CdigoPenal.

    Direito Objetivo e Direito Subjetivo

    No so realidades distintas, mas dois lados do mesmo objeto.

    Direito Objetivo: o Direito norma de organizao social.Jus norma agendiEx: Cdigo Civil, Cdigo Penal.

    Direito Subjetivo: corresponde s possibilidades ou poderes de agir que aordem jurdica garante a algum.

    Jus faculta agendiEx: Fulano tem direito indenizao por danos morais.

    A PARTIR DO CONHECIMENTO DO DIREITO OBJETIVO QUEDEDUZIMOS O DIREITO SUBJETIVO.

    Ordem Jurdica

    a expresso que coloca em destaque uma das qualidades essenciais doDireito Positivo, que a de agrupar normas que se ajustam entre si e formamum todo harmnico e coerente de preceitos.

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    Introduo ao DireitoAula 2

    Ementa:- Noes gerais de Norma Jurdica- Diferenas entre Direito, Moral, Regras de Trato Social e Religio

    Noo geral de Norma Jurdica

    O estudo da norma jurdica de fundamental importncia, porque serefere substncia prpria do Direito objetivo.

    Conhecer o Direito conhecer as normas jurdicas em seu encadeamento

    lgico e sistemtico. As normas ou regras jurdicas esto para o Direito de umpovo, assim como as clulas para um organismo vivo.

    Para promover a ordem social, o Direito objetivo deve ser prtico, ouseja, relevar-se mediante normas orientadoras das condutas interindividuais.

    No suficiente, para se alcanar o equilbrio da sociedade, que oshomens estejam dispostos prtica da justia; necessrio que se indique afrmula da justia que satisfaa a sociedade em determinado momentohistrico.

    A norma jurdica exerce justamente esse papel de ser o instrumento dedefinio da conduta exigida pelo Estado. (Paulo Nader, p.83)

    - diferena entre norma jurdica, regra e lei:

    As expresses norma e regra jurdicas so sinnimas, apesar de algunsautores reservarem a denominao regra para o setor da tcnica e, outros para omundo natural. (Paulo Nader, p. 83)

    Distino h entre norma jurdica e lei.

    LEI: apenas uma das formas de expresso das normas, que semanifestam tambm pelo Direito costumeiro e, em alguns pases pela

    jurisprudncia. (Paulo Nader, p.83)

    A norma pode ser : uma leiInstruo normativaPortariaDecreto

    A lei espcie de norma (gnero).

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    - conceito de norma jurdica:

    As normas jurdicas so esquemas que fornecem modelo de condutas,tendo em vista os valores da coletividade. (Miguel Reale)

    A norma contm um comando geral e abstrato, isto , vale para umapluralidade de casos indeterminados. (Ronaldo Poletti)

    NORMA JURDICA A CONDUTA EXIGIDA OU O MODELOIMPOSTO DE ORGANIZAO SOCIAL. (Paulo Nader, p.83)

    - conceito de lei:

    A lei a forma moderna de produo do Direito Positivo. ato doPoder Legislativo, que estabelece normas de acordo com os interesses sociais.As vantagens que a lei oferece do ponto de vista da segurana jurdica fazemtolervel um coeficiente mnimo de distores na elaborao do Direitoobjetivo. (Paulo Nader, p.146)

    Lei em sentido amplo: uma referncia genrica que atinge a leipropriamente, medida provisria1 e ao decreto2.

    Lei em sentido estrito: lei o preceito comum e obrigatrio, emanadodo Poder Legislativo, no mbito de sua competncia.

    Diferena entre Direito, Moral, Regras de Trato Social e Religio

    1 Criada pela Constituio Federal de 1988, a medida provisria ato de competncia do Presidente daRepblica, que poder edit-la na hiptese de relevncia e urgncia, excluda a permisso constitucionalsobre matria afeta nacionalidade, cidadania, direitos polticos, partidos polticos, Direito Eleitoral,Penal, Processual Penal e Processual Civil, entre outros assuntos, conforme prev o art. 62 da EmendaConstitucional n 32, de 11 de setembro de 2001. Caso no logre a converso em lei dentro do prazo de60 dias da publicao, a medida provisria perder seu carter obrigatrio, com efeitos retroativos aoincio de sua vigncia. Ocorrendo essa hiptese, o Congresso Nacional dever disciplinar as relaessociais afetadas pelas medidas provisrias rejeitadas.

    2 Os atos normais de competncia do Chefe do Executivo Presidente da Repblica, Governador deEstado, Prefeito Municipal so baixados mediante simples decreto. A validade destes no exige oreferendo do Poder Legislativo.

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    Por muito tempo, a Religio exerceu domnio absoluto sobre as coisashumanas. A falta de conhecimento era suprida pela f.

    As crenas religiosas formulavam as explicaes necessrias a tudo queacontecia. O Direito era considerado expresso da vontade divina.

    Nos orculos os sacerdotes recebiam de Deus as leis e os cdigos. Ex:Cdigo de Hamurabi, 2000 a.C legislao mesopotmica.

    Quem possua o domnio sobre o conhecimento jurdico era a classesacerdotal. Durante a Idade Mdia, existiam os juzos de Deus que sefundavam na crena de que Deus acompanhava os julgamentos e interferia na

    justia. Ex: a as decises ou ordlias eram um jogo de sorte ou azar.3(Santa Inquisio)

    Foi apenas no sculo XVIII que ocorreu a separao entre o Direito e aReligio, na Frana pr- Revoluo Francesa.

    Dto x Religio = a causa final de ambos integra a idia do BEM, que no Dto a justia.

    #

    Direito ReligioCoexistncia harmnica e Atingir a

    justiaFinalidade de orientar os homens na

    busca e conquista da felicidade eternaConcebe a justia dentro de um valorsocial estipulado na norma jurdica

    Justia em sentido amplo com relaoaos deveres do homem com Deus

    A sano jurdica atinge a liberdade(priso) ou o patrimnio

    A sano limita-se ao plano espiritual

    Norma jurdica Estabelece uma escala de valores a sercultivada e dispe a conduta. Ex: 10mandamentos

    Convivncia pacfica Instrumento de harmonia esolidariedade entre os homens(caridade)

    1 # Estrutural: Alteridade essencial,pois a idia do prximo umelemento necessrio ao Dto

    Alteridade no essencial, pois odilogo do homem com Deus - bem

    2 # Estrutural: tem por meta asegurana a partir da certezaordenadora

    Aqui revelada a fraqueza e ainsegurana humana questestranscendentais

    (Paulo Nader, p. 34)

    3 Um exemplo de ordlia a prova da cruz por ela, quando algum fosse morto em rixa, escolhiam-sesete rixadores, que eram levados frente de um altar. Sobre este punham-se duas varinhas, uma das quaismarcada com uma cruz, e ambas envolvidas em pano. Em seguida tirava-se uma delas: se saa a que no

    tinha marca, era sinal de que o assassino no estava entre os sete. Se, ao contrrio, saa a assinalada,conclua-se que o homicida era um dos presentes. Repetia-se a experincia em relao a cada um deles,at sair a vara com a cruz, que se supunha apontar o criminoso.

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    A norma religiosa dada unilateralmente pela divindade e tem o poderde coero interna pela fora conferida crena. (Joo Batista Nunes Coelho)

    Vivemos num ESTADO LEIGO-LAICO (sem religio), totalmenteseparado da Igreja Catlica Romana, que foi nossa religio oficial poca doImprio, mas nem por isso podem as leis e demais manifestaes do DtoDEIXAR DE CONSIDERAR O SENTIMENTO RELIGIOSO do povo, e noapenas o Cristianismo, mas tambm outras religies. Por outro lado, o Dto nopode deixar de considerar os ATEUS E AQUELES DESINTERESSADOS PELOVALOR DA SANTIDADE. (Ronaldo Poletti, p.102)

    Direito e Moral

    Trata-se de uma diferenciao muito interessante que vem sendodiscutida desde a Antiguidade pelos grandes filsofos.

    Sua importncia tal, que h no curso de Direito uma disciplina apenasvoltada a essa discusso, a Filosofia do Direito.

    Dto e Moral so instrumentos de controle social que se complementam einfluenciam. O Dto fortemente influenciado pela moral, de quem recebevaliosa substancia.

    O Dto diferente da moral porque se contenta com a legalidade,enquanto a moral exige no somente o comportamento externo, mas umamoralidade, isto , um agir derivado da obrigao. O que h uma diversidadede motivos.

    Direito # MoralTem origem no Estado Origem nos costumes e valores coercitivo (ex:priso) Externamente apenas coercitiva internamenteBilateral, nasce de um acordo devontades

    Unilateral, apenas dada ao indivduo. um ato de liberdade

    Sano j prefixada em lei Sano incerta e sofrida peloindivduo na reprovao de seu atopela sociedade, amigos, parentes meio social

    Obriga independente da vontade daspessoas

    As pessoas agem por vontade prpria

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    Direito e Regras de Trato Social

    Direito # Regras de Trato SocialCoexistncia harmnica, busca pela

    justia

    So amortecedoras do convvio social.

    Ex: regras de cortesia, etiqueta,protocolo, cerimnias, moda,linguagem, boa educao,companheirismo, amizade, etc

    Tem origem no Estado Incidem na maneira como o homem seapresenta perante seu semelhante.Visa aparncia. Ex: Bom dia!Obrigada!Sua finalidade proporcionar umambiente de bem-estar aos membrosda coletividade. um aprimoramentedas relaes humanas.

    Bilateral e Coercitivo Unilaterais e incoercveis ningumtem o poder de exigir o seucumprimento.

    Sano prefixada em lei A sano incerta e consiste nareprovao, censura, crticas sociais.

    H isonomia em relao sano. Ex:por classes sociais e nveis de cultura,ex: vestimenta, linguagem.

    RESUMO

    Direito Moral R. de Trato Social ReligioQuanto obrigatoriedade:

    Bilateral Unilateral Unilateral Unilateral

    Quanto origem:Estado Costume evalores

    Costume evalores

    Costume evalores dadoutrina religiosa

    Quanto sano:

    CoercvelIncoercvel Incoercvel Incoercvel

    Quanto aplicao dasano:

    Prefixada na lei

    Difusa Difusa Geralmenteprefixada

    Quanto finalidade:

    coexistncia esegurana

    Melhorar ohomem para agirsegundo o justo, obom, o certo

    Melhorar oconvvio social

    Atingir afelicidade eterna

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    O mundo do Direito Mundo da Cultura

    Enquanto as leis naturais so universais, imutveis, inviolveis e semanifestam com o carter de absoluta isonomia, as leis jurdicas revestem-se deoutros predicados:

    a) O Direito Positivo no universal , pois varia no tempo e no espao, a fimde expressar a experincia de um povo, manifesta em seus costumes,cultura e desenvolvimento em geral.

    b) O Direito no imutvel , pois um processo de adaptao social. medida que se operam mudanas sociais, o Direito deve apresentar-sesob novas formas e contedos.

    c) Apesar de o Direito ser obrigatrio e possuir coercibilidade, no dispede meios para impedir a violao de seus preceitos. Os mecanismossociais de segurana por mais aperfeioados que sejam, revelam-seimpotentes para impedir as diversas praticas de ilcito.

    d) No Direito, o princpio da isonomia, segundo o qual todos so iguaisperante a lei, no possui a eficcia absoluta que existe no mundo danatureza. Se, do ponto de vista terico, a isonomia da lei princpio devalidade absoluta, no campo das aplicaes prticas o absoluto setransforma em relativo, por fora de mltiplos fatores de distores.

    e) Enquanto as leis da natureza so regidas pelo princpio da causalidade, oDireito regido pelo principio da finalidade, segundo o qual a idia defim a ser alcanado responsvel pelo fenmeno jurdico.

    f) A ordem natural das coisas obra do Criador, enquanto o DireitoPositivo obra humana.

    g) Os objetos naturais so neutros em relao aos valores, enquanto que oDireito um processo que visa a realizao dos valores.

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    Introduo ao DireitoAula 03 e 04

    Ementa:- O que Moral; - Ordem Jurdica; - Noes histricas do Direito Romano- Direito Pblico e Direito Privado; - Sistemas jurdicos; - Codificao

    MORAL

    (texto com base na obra Direito, Justia, Virtude Moral e Razo de MoacyrMotta da Silva, Editora Juru, 2003)

    O QUE MORAL Segundo: Plato, Aristteles, Hobbes, Kant, Hegel, Scheler e Hartmann.

    1- PLATO: (Atenas, 428 a.C 348 a.C ) PENSAMENTO ANTIGOBusca explicar a noo de justia a partir de 3 categorias:a) virtude moral; b) virtude poltica; c) razo

    A concepo da palavra virtude, busca a idia de bem e bom. Tem 2categorias:

    a) virtude tcnica: tarefas voltadas ao ofcio, aprendidas pela educao eexperincia. Ex: navegador, mdico, sapateiro, msico.

    b) virtude intelectual: b.1) moral, b.2) poltica

    Virtude Moral e Virtude Poltica, so unidade moral do homem.As duas buscam garantir a ordem jurdica. So vistas como formas de

    alcanar o progresso do homem. So expresso do bem, considerado oelemento de maior valor do homem.

    BEM = enquanto utilizada a razo e o conhecimento na busca pelaverdade. a razo que faz o homem distinguir entre o bem e o mal.

    VIRTUDE MORAL:Designa forma de vida justa e honrada.

    Regra de convivncia em sociedade balizada pela honra e justia.Tem incio na famlia aqui so construdos os princpios da VM.Ex: respeito pela famlia, obedincia hierrquica, cidado x Estado. a boa vontade que nasce no homem a partir da educao voltada a esse

    fim. o aperfeioamento que vocaciona o homem ao bem.

    VIRTUDE POLTICA:Segundo a teoria da educao, o ensino de princpios, de condutas

    destinadas a formar o cidado para a administrao do Estado.=ADMINISTRAR O ESTADO COM JUSTIA=

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    2 ARISTTELES: (Macednia, 384 a.C 322 a.C ) P. ANTIGO

    So duas as formas de excelncia (Virtude): a)intelectual ; b)moral.

    EXCELNCIA INTELECTUAL:

    Nasce da instruo, experincia e tempo.H pessoas que so boas por natureza, pelo hbito ou pelo ensino

    enquanto educao que ensina o bom, o til, a garantia da ordem e a justia.

    EXCELNCIA MORAL:Nasce do hbito, dos costumes, da inteligncia de discernir entre o bem

    e o mal. concretizada atravs da ao humana que deve buscar o bem atravsda utilidade. A ao, os meios e os fins devem ser morais, para que a ao sejaconsiderada MORAL.

    O maior bem da EM a justia. O homem, ser racional, desenvolve aidia do bem, do justo e passa a formar uma tbua de valores ticos.

    3 THOMAZ HOBBES: (Inglaterra 1588 1679) Pensamento Moderno

    Obra: O Leviat influncia de Plato e Aristteles.

    Hobbes teoriza a categoria virtude em 2 ambitos:

    a)intelectual: natural (experincia) e adquirido (educao)

    b) moral: funda-se na vontade do esprito para a realizao do bem emsentido universal.

    Na filosofia moral a PAZ constitui o bem maior a que o homem aspira.A PAZ encontrada atravs da prtica da justia, humildade, perdo,

    prudncia, coragem, amor, etc).Fundamentos: educao o maior bem moral de um povo. Assume o

    sentido de solidariedade, de amor ao prximo. Educar os membros dasociedade a fim de constituir uma sociedade justa. Prudncia e misericrdiacomo forma livre e consciente de agir moral correspondem idia do bem.

    A ausncia da moral em sociedade, predispe o homem ganncia, ingratido, arrogncia, ao orgulho e a outras iniqidades.

    Nenhuma teoria moral se sustenta com desrespeito dignidade,considerada um dos valores supremos da pessoa humana. O homem constitui ocentro de todas as esferas de valores. Os valores morais e espirituais encontram-se na escala mais elevada dos valores do homem.

    O valor moral nasce da experincia, do talento de discernimento.

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    4 KANT: (Prssia, 1724 1804) Pensamento moderno

    O estudo da moral desenvolve-se em 2 mbitos:a) antropologia moral: cincia do homem. Ser humano como agente moral;b) metafsica moral: conhecimento racional da moral

    ANTROPOLOGIA MORAL :Tem o homem como centro da atenomoral. V a natureza humana com uma tendncia para o mal por causa dasubjetividade do ser, causada pela ausncia de fora moral, fraqueza,fragilidade humana. Teoriza a educao como meio para construir-se aconscincia moral entre os homens.

    METAFSICA MORAL: Nem todo o conhecimento nasce da experincia ,ao contrrio de Plato, Aristteles e Hobbes.

    H um conhecimento que independe de impresses subjetivas, denatureza individual. o conhecimento puro, a priori.

    Moral = razo pura, razo universal e no particular.

    Age de maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como napessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como um fim e nuncacomo um meio. O imperativo categrico volta-se para o sentido tico como guiapara a sociedade poltica.

    tica: a cincia que investiga a conduta livre, consciente e responsvel dohomem.

    A tica representa parte da filosofia que tem por objetivo os valores que

    orientam o comportamento humano em suas relaes existenciais. O conceitode tica volta-se para um sentido universal. A tica constitui pauta de valoresque se estruturam em harmonia com a sociedade. Todo valor tem porfundamento o dever ser criado pela razo como condio necessria euniversal destinado a regular o modo de agir ou deixar de agir.

    O direito positivo representa a capacidade do ser humano determinar-separa viver em sociedade poltica organizada pela uso da razo. (leis)

    5 HEGEL: (Alemanha, 1770 1831) Pensamento Moderno

    Em relao aos demais, tem viso multidisciplinar.Viveu durante a 1 Revoluo Industrial. Na Alemanha ocorria o fim dadominao francesa de Napoleo Bonaparte, Tratado de Viena, idias deliberdade e nacionalismo que o inspiraram a teorizar os fundamentos daMoralidade Objetiva = Eticidade idias marcadas pelo pensamento de Kant.

    Eticidade= corresponde vida tica de um povo fundado na idia deliberdade. O ser despoja-se de si para integrar-se ao meio social. O conceito nose completa apenas com a idia do bem. necessria a passagem da vontadesubjetiva livre para a vontade objetiva, como dado real concreto. O ser assumedeveres ticos perante a sociedade.

    Hegel elege 3 instituies que do partida M.OBJ: famlia, sociedadecivil e Estado.

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    6 SCHELER: (Alemanha 1878 1928) Pensamento Moderno

    Max Scheler integra a corrente filosfica dos pensadores que investigamos problemas ticos, morais, religiosos e sociais sob o ponto de vistafenomenolgico. Estuda os valores como expresses do ser, imanentes das

    emoes das experincias, das manifestaes dos sentidos.Categorias: virtude, valor e humanismo.

    Investiga manifestaes emocionais a partir da experincia.Fenomenologia o mtodo destinado a interpretar a natureza humana,particularmente as emoes.

    Os valores ticos, os valores morais constituem dados da realidadehumana. a experincia emocional que dita o valor no sentido positivo ounegativo.

    A idia de virtude denota qualidade inerente ao homem do ngulomoral. A maior expresso da virtude apia-se no amor, vontade interior que seencontra em potencia em todo ser humano e funda-se na solidariedade humana que viabiliza a vida em sociedade.

    O dio, rancor, ressentimento provocam a destruio dos valores ticos emorais.

    Enquanto Hegel procura interpretar a historia da humanidade comoprocesso racional do homem, Scheler teoriza a histria do homem como

    processo de sentimento, do humanismo. inspirao em Plato o homem amedida de todas as coisas.

    7 HARTMANN: (Alemanha 1882 1950) Pensamento moderno

    Busca compreender o valor moral e a razo.

    VALOR MORAL:O conceito de valor moral parece ter origem na conscincia do ser

    espiritual, como fenmeno de Natureza existencial. O ser espiritual elege o

    valor moral a partir de sua realidade histrica. Trata-se de juzo de valor que oser desenvolve como processo existencial.

    Hartmann utiliza parte da teoria moral de Kant ao vincular o conceito devalor moral aos fundamentos da razo.

    Aceita a concepo atravs da qual o ser espiritual em sua trajetriahistrica constri pelo conhecimento novos valores porem sem o carter dodever ser. Foca o agir no sentido do bem na escala mais elevada.

    RAZO:Esse conceito apia-se no conhecimento do ser. A razo como faculdade

    do intelecto opera como a memria, a imaginao. Constitui a razo a balizaque orienta os impulsos, as emoes, sejam no sentido positivo ou negativo.

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    NOES DE DIREITO ROMANO:

    (introduo para entender sistemas jurdicos, diferena entre Dto Pblico e Dto Privadoe fontes do Direito)

    (Obra base: Direito Civil, Parte Geral. Silvio de Salvo Venosa. 5 ed. 2005. Ed. Atlas.So Paulo)

    Conceito de Direito Romano: o complexo de normas jurdicas quevigorou em Roma e nos pases dominados pelos romanos h mais ou menos2000 anos.

    O Dto Romano nunca morreu. Suas instituies revelaram-se como uma artecompleta e uma cincia perfeita. Sempre almejou uma cultura jurdica superior.

    Finalidade do estudo: dar ao iniciante do curso de Dto fundamentosprincipais do Dto em geral.

    Ao pesquisar as origens do nosso Dto inevitavelmente retornamos sfontes romanas.

    Os Estados de direito ocidental, como o Brasil, herdaram sua estrutura jurdica do Dto romano. No existe nenhuma legislao to antiga maisconhecida que a romana.

    3 importncias fundamentais do estudo:a) importncia histricab) modelo jurdico desenvolvimento do raciocnio jurdicoc) seu maior valor est no fato de ter causado profunda revoluo no

    pensamento jurdico chegando a ser como o prprio cristianismo umfundamento bsico da civilizao moderna.

    FASES DO DIREITO ROMANO:

    a) perodo rgio: da data convencional da fundao de Roma (754 aC) ata expulso dos reis em 510 aC;

    b)perodo da Repblica: de 510 aC at a instaurao do Principado comOtaviano Augusto em 27 aC;

    c) perodo do Principado: de Augusto at o imperador Diocleciano 27aC a 284 dC;

    d) perodo da Monarquia Absoluta: de Diocleciano at a morte deJustiniano em 565 dC.

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    a) perodo rgio: da data convencional da fundao de Roma (754 aC)at a expulso dos reis em 510 aC.

    Fase essencialmente legendria.Roma era formada por trabalhadores do campo que viviam da cultura do

    solo e da criao de animais.O regime familiar era patriarcal, sob a chefia de um pater famlias

    possua poder absoluto no meio familiar.Perante a sociedade, o rei exercia papel na justia criminal.FONTES de Dto: costumes e as leges regiae: impostos, servio militar,

    servio eleitoral, voto.Nessa poca Roma inicia suas conquistas.

    b)perodo da Repblica: de 510 aC at a instaurao do Principado comOtaviano Augusto em 27 aC.

    A realeza teria terminado de forma violenta.O poder passado a dois dirigentes ou cnsules Senado ganha

    importncia poltica.Os plebeus conseguem a criao do tribuni plebis e posteriormente a

    codificao do dto ate ento costumeiro.A lei das XII Tbuas surge entre um conflito da plebe e o patriciado. a

    primeira noticia de dto escrito. Traz no seu contedo embries de modernosinstitutos de Dto Civil e Penal. 450 aC

    c) perodo do Principado: de Augusto at o imperador Diocleciano 27aC a 284 dC.

    Perodo de maior poderio de Roma.O monarca assume poderes soberanos.FONTES de dto : costumes, leis, editos dos magistrados.

    d) perodo da Monarquia Absoluta: de Diocleciano at a morte de

    Justiniano em 565 dC.O centro de interesses do imprio desloca-se para Constantinopla.Burocracia toma conta de todas as instituies. (herana)O imperador passa a deter todos os poderes.A legislao em geral comum aos dois imprios. FONTE: as

    constituies imperiais.Distingue-se uma evoluo interna no Dto Romano dividindo-o em ius

    civile e ius gentium.

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    IUS CIVILEO romano prtico e submete-se lei na medida de sua utilidade. A

    utilidade para o esprito romano a fonte verdadeira e suficiente para justificaro direito.

    Os pontfices, juristas cannicos interpretam o direito divino FAZ. Osjuristas leigos vo interpretar o direito dos homens IUS.

    Compreendia tanto o Dto Pblico como o Dto privado.Entende-se que o dto no infalvel nem imutvel devendo atender s

    necessidades sociais. Predomina o formalismo.Fontes: costumes e a lei das XII Tabuas.Roma parte para a lei escrita quando percebe que a incerteza do costume

    j no satisfaz a suas necessidades.Nunca a codificao foi responsvel por uma estagnao no direito.

    IUS GENTIUM

    O ius civile convinha a uma cidade de estreitos confins. medida que o estado romano trava contato com outros povos,

    aumentando os contatos com estrangeiros, o excessivo formalismo do iuscivile torna-se insuficiente e inconveniente.

    Roma deixa de ser uma cidade essencialmente agrcola para tornar-se umcentro de atividade comercial.

    Surge um dto mais elstico apropriado aos estrangeiros e ao comrcio -+- um dto internacional.

    Esse sistema tinha muita relao com o direito natural inspirado no bom,justo e eqitativo.

    Com o ius gentium o ius civile ameniza-se, torna-se menosformalstico.

    O centro poltico do imprio transfere-se ao Oriente (Constantinopla)enquanto Roma cai nas mos dos brbaros.

    CODIFICAO DE JUSTINIANO

    Uma obra importante imposta por um governante esclarecido e feitapor verdadeiros juristas.

    A obra legislativa de Justiniano no entra em vigor no Ocidente devidoao isolamento desde do imprio do Oriente e ao fracasso de Justiniano emreconquistar os territrios invadidos pelos germnicos.

    Essa codificao compreende 4 obras: O CDIGO (CODEX), ODIGESTO, AS INSTITUTAS E AS NOVELAS.

    Sua grandeza reside no fato de ser a ltima criao da cincia jurdicaromana. Sua importncia to grande para o dto moderno como o foi a Lei dasXII Tbuas para o direito antigo.

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    CDIGO CODEXFeito em 2 anos. obrigatrio como lei do imprio.Comea com uma invocao a Cristo. Fontes do dto. Dto de asilo.

    Funes dos agentes imperiais. Processo. Dto privado. Dto penal. Dtoadministrativo e Dto fiscal.

    DIGESTO obra mais completa que o Cdigo e ofereceu maiores dificuldades em

    sua elaborao.Nunca houve um trabalho assim antes.Codificou e reuniu todo o dto clssico.

    INSTITUTASSo um breve manual de estudo.

    NOVELASA maioria foi editada em lngua grega e contm reformas fundamentais

    como no direito hereditrio e no direito matrimonial.

    A compilao torna-se uma ponte que liga o direito contemporneo aoDireito romano clssico, j que o sistema dos povos romano-germnicos nelabaseado.

    No sculo XIX surge na Alemanha uma proposta de restituir a verdade

    histrica do Dto Romano, com Savigny, reencontrando a universalidade doDto Romano.

    DIREITO CIVIL BRASILEIRO E DIREITO ROMANO

    A histria de nosso dto est ligada a Portugal, que por sua vezrecepcionou o Dto Romano, assim como Frana, Alemanha, Espanha, Itlia eqse todos os pases do Ocidente.

    Em Portugal, temos: 1446 Ordenaes Afonsinas

    Incio do sc. XVI Ordenaes Manuelinas1603 Ordenaes FilipinasCdigo Civil 1867

    Brasil Colonial: a legislao portuguesa com base no dto romano teveincidncia at 1916 com a promulgao do Cdigo Civil.

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    Segundo Paulo Nader, em Introduo ao Estudo do Direito, 30 ed, 2008:1. Teoria Monista de Hans Kelsen:Todas as formas de produo jurdica se apiam na vontade do Estado,

    inclusive os negcios jurdicos firmados entre os particulares, que apenasrealizam a individualizao de uma norma geral. Todo o dto pblico.

    2. Teorias Dualistas: teorias substancialistas e teorias formalistas:

    2.1 TEORIAS SUBSTANCIALISTAS: (contedo)

    2.1.1 Teoria do Interesse em jogo : (ULPIANO) denominada clssica ouromana, a mais antiga. O dto pblico o que se liga ao interessedo Estado Romano. Privado o que corresponde utilidade dosparticulares. Motivos que levaram os romanos a essadiferenciao: a) a necessidade de separao entre as coisas do reie as do Estado; b) vontade de conceder algum dto aosestrangeiros.

    2.1.2 Teoria do fim : (SAVIGNY E STAHL) tem por base a finalidade danorma jurdica. Quando o dto tem o Estado como fim e osindivduos ocupam lugar secundrio caracteriza-se o dto pblico.Quando as normas tm por finalidade o indivduo e o Estadoapenas figura como meio, o dto privado.Esse critrio tambm no satisfaz. Ex: se o Estado adquirir umbem imvel. Trata-se de legislao civil de dto privado e nopblico s pq o Estado uma das partes no contrato.

    2.2 TEORIAS FORMALISTAS: (forma)

    2.2.1 Teoria do titular da ao: (THON) Se a iniciativa da ao competeao Estado o dto pblico; se a movimentao judicial for dacompetncia dos particulares o dto privado.FALHA: h normas de dto pblico que sendo violadas a ao ficana dependncia da iniciativa privada.

    2.2.2 Teoria das normas distributivas e adaptativas : (KORKOUNOV) oDireito uma faculdade de se servir a algum bem. A utilizaodos objetos se faz por distribuio ou por adaptao. O dtoprivado distributivo e o pblico adaptativo. Os bens que nopodem ser distributivos, ex: um rio navegvel, impem seuaproveitamento mediante adaptao.FALHA: inadequao ao Dto Penal a sano tem carterdistributivo mas de mbito pblico.

    2.2.3 Teoria da natureza da relao jurdica: (A MAIS EM VOGA)Quando a relao for de coordenao, isto , quando o vnculo seder entre particulares num mesmo plano de igualdade, a normaser de dto privado. Quando o poder pblico participa da relao

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    jurdica impondo sua vontade, a relao jurdica ser desubordinao e a norma de dto pblico.

    SISTEMAS JURDICOS

    Toda sociedade poltica possui seu prprio ordenamento jurdico. Neleh um conjunto de normas ditadas para ter vigncia sobre essa determinadasociedade. Nem sempre, porm, a sociedade poltica juridicamente ordenadaem Estado ter o mesmo ordenamento jurdico.

    Ao iniciante do estudo do Dto importante conhecer a diversidade deordenamentos jurdicos.

    Sistema jurdico: um agrupamento de ordenamentos unidos por umconjunto de elementos comuns, tanto pelo regulamento da vida em sociedadecomo pela existncia de instituies jurdicas e administrativas semelhantes.

    Ordenamentos de um mesmo sistema jurdico partem dos mesmospressupostos filosficos e sociais, dos mesmos conceitos e tcnicas, embora comadaptaes s situaes que lhes so particulares.

    O estudante de Direito deve estar em condies de situar o Direito de seupas dentro dos vrios sistemas existentes, da mesma forma que deveenquadrar sua nao em um contexto histrico.

    Sistemas jurdicos do mundo contemporneo:-ROMANO-GERMNICO-COMMON LAW

    -SOCIALISTAS-FILOSFICOS OU RELIGIOSOS

    ------------------------------------------------------------------------------------------------

    ROMANO-GERMNICO

    As normas surgem vinculadas a preocupaes de justia e moral.Predomina a lei como fonte de direito.

    O Direito Civil a base de todo o Dto.

    Os herdeiros desse sistema sos os herdeiros do Direito Romano.Estende-se da Amrica Latina a uma grande parte da frica e a pases doextremo Oriente como o Japo.

    Fala-se do surgimento do sistema romano-germnico a partir do sculoXIII, pois antes o direito feudal era assistemtico.

    Esse sistema se fundou exclusivamente sobre uma comunidade decultura, sem qualquer conotao de significado poltico, ao contrrio doCommon Law.

    Cristianismo x Direito Romano = O Cristianismo entendia que o DtoRomano era pago. Santo Toms de Aquino, no sc. XIII convenceu o

    Cristianismo que os princpios do justo e eqitativo do Dto. Romanoamoldavam-se perfeitamente religio crist.

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    At ento, nas Universidades era estudado o CORPUS JURIS de Justiniano. Porm, surgiu uma corrente inovadora, denominada Escola deDireito Natural, que introduz a noo dos direitos subjetivos que inexiste natradio romana.

    Essa Escola defende ainda a existncia de uma direito perene,permanente, imutvel, comum a todos os povos => influenciou o ramo pblicoe no privado permaneceu o estilo da tradio romana.

    Os princpios mais apontados no Dto Natural so: direito vida, liberdade, participao na vida social, unio entre os seres para a criao daprole, igualdade de oportunidades.

    O motivo fundamental que canaliza o pensamento do Direito Natural apermanente aspirao de justia que acompanha o homem.

    Direito Japons - segue o modelo ocidental romano. CC de 1898 segueos rumos do CC Alemo. A partir de 1945 h influncia do dto americano sobreas normas pblicas.

    COMMON LAW

    Inglaterra, EUA, Canad.Foi elaborado com base no direito costumeiro e hoje baseado em

    decises judiciais. As solues e o prprio direito so casusticos.

    Inglaterra: precedentes judiciais. Direito comum a toda a Inglaterra.Existe lei e desempenha papel importante. So particularizadas e no gerais.

    EUA: #s com a InglaterraAqui h o federalismo, h um dto federal e um dto dos EstadosH hierarquia entre a Constituio Federal e as Estaduais, a Corte

    Suprema Federal a guardi final da CF.As situaes de dto bancrio e trabalhismo so diferentes.Cada Estado conta com sua prpria estrutura judiciria.O estudo feito atravs do case method. H muitos cdigos.

    SOCIALISTAS

    Esse sistema esfacelou-se juntamente com o desaparecimento da UnioSovitica e do muro de Berlim. Antes pertenciam ao sistema romano-germnico.

    Parte da revoluo comunista de 1917. Os revolucionrios impunhamuma nova ordem determinada pelo marxismo-leninismo. Queriam transformartotalmente a sociedade, para que as idias de Estado e Direito desaparecem.

    O direito buscava afastar-se de todas as normas que no entender dosrevolucionrios seriam burguesas pr capitalistas.

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    A finalidade com a nova ordem seria acabar com a misria e acriminalidade, extinguindo as classes sociais.

    Devem ser suprimidas as classes sociais por meio da proibio dapropriedade privada dos meios de produo, colocando-se esses meios disposio da coletividade.

    Entendiam que o dto era uma forma de opresso.A lei continua como fonte fundamental do dto sovitico mas interpretada

    conforme os interesses e orientaes da poltica dos governantes.Esse ideal mostrou inatingvel.

    FILOSFICOS OU RELIGIOSOS

    So independentes entre si e no agrupam em uma unidade de direitosnacionais.

    O mais importante o sistema de Direito Muulmano que no propriamente direito de Estado algum, mas refere-se aos Estados ligados religio maometana. Em virtude da religio pretender substituir o Direito, maisque um sistema jurdico, um conjunto de normas relativas s relaeshumanas.

    A concepo islmica de uma sociedade teocrtica em que o Estadoapenas se justifica para servir a religio.

    A principal fonte do Direito muulmano o Coro, livro sagrado dosrabes + Sunna (tradio), Idjima (consentimento universal dos muulmanos) eQuiys (analogia).

    Da mesma forma o direito hindu. o direito de todos os pases dosudeste asitico que aderiram ao hinduismo.

    Direito Chins - sua concepo bem diferente do dto ocidental. O Dtoapenas desempenha funo secundria. O ideal chins que cada um sesubmeta a seu superior natural: jovem ao velho; filho ao pai.

    Considera a promulgao de leis como algo mau em si mesmo porque osindivduos ao conhecerem essas leis passam a entender-se com direito e tendema prevalecer-se dos mesmos, abandonando as normas tradicionais dehonestidade e moral que so as nicas que devem orientar a sua conduta.

    CODIFICAO

    Aps transformar os costumes em leis, o legislador parte para umaambio mais elevada: reunir em texto nico e conexo todo o Direito em vigor.Trata-se da criao de um CDIGO.

    Uniformizar o dto privado foi ambio de quase todos os governantesdesde Hamurabi, Justiniano e Napoleo.

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    Cada poca histrica tem seu momento para determinadas realizaes.As codificaes s surgem quando o Direito de um povo est amadurecido. ODireito um contnuo e permanente acumular de experincias. CDIGOALGUM SURGE DO NADA!

    Cdigos da Antiguidade:

    Cdigo de Hamurabi: 2000 a.C.Foi a ordenao que o rei da Mesopotmia deu ao seu povo. Dotado de

    grande sentido de justia. Separava o ordenamento jurdico do setor da Moral eda Religio. Consagrou a pena de talio.

    Legislao Mosaica: +- 1200 a.CMoiss foi o grande condutor do povo hebreu, livrou-o da opresso

    egpcia, fundou sua religio e seu dto. A legislao acha-se reunida noPentateuco, um dos cdigos mais importantes da Antiguidade e divide-se nosseguintes livros: Gnesis, xodo, Levdico, Nmeros e Deuteronmio.

    O ncleo desse dto formado pelo Declogo que Moiss teria recebidode Deus no Monte Sinai. de ndole humanitria e possua pena de talio.

    Lei das XII Tbuas: 500 aCFoi a 1 importante lei romana. Plebeus x Patrcios. (ver Dto Romano)

    Cdigo de Manu: sc. II a.C a sc. II d.CFoi a legislao antiga da ndia que reunia preceitos de ordem jurdica,

    religiosa, moral e poltica.Elaborado pela classe sacerdotal- diviso de castas. Injusto e obscuro.

    Alcoro: sc. VII o livro religioso e jurdico dos muulmanos. Ditado por AL a Maom.

    Possui complementao interpretativa: Sunna (costumes do profeta Maom),Ichma (consentimento unnime da comunidade muulmana) e quyas (analogiae equidade).

    Com a evoluo histrica o cdigo foi ficando cada vez mais distanciadoda realidade. Porem, sendo obra de Al, apenas este pode reformul-lo. Aindaem vigor, estabelece severas penalidades em relao ao jogo, bebida, roubo,alm de situar a mulher em condio inferior ao homem.

    Cdigos Modernos:

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    Cdigo de Napoleo: 1804 Cdigo Civil FrancsIndividualista, inspirado nas institutas de Justiniano dto romano e

    dto costumeiro. Formou o pensamento jurdico dos sc. XIX e XX. Hoje odiploma encontra-se alterado, mas conserva sua estrutura original.

    Cdigo Alemo: 1900Marco espetacular no dto civil do nosso sistema. Savigny Escola

    Histrica do Dto: elaborou uma doutrina jurdica alem sobre os fundamentosdo dto romano. Tcnico. Influenciou os CC japons e chins.

    Cdigo Suo 1907, superior ao alemo por ter aliado qualidadescientficas-tcnicas com clareza.

    Cdigo Italiano 1865 e revisto em 1942, unificou o dto civil e comercial.

    Cdigo Portugus 1967 clareza e grande influncia italiana.

    Cdigo Civil Brasileiro 1916 e 2002CC-1916: o anteprojeto foi de autoria do jurista Clovis Bevilaqua. considerado de alto nvel cientfico e tcnico. Esta includo entre os

    principais cdigos do incio do sc. XX. Sofreu influncia dos CC francs,portugus, alemo, italiano.

    Aps 2 dcadas de sua vigncia, iniciaram-se as tentativas dereformulao.

    1941: anteprojeto do C. das obrigaes1965: anteprojeto do CC Orlando Gomes e Caio Mario da Silva1969: o Governo Federal convida Miguel Reale para elaborar o

    anteprojeto do CC.1988: Constituio Federal10-01-2002: promulgado o CC (projeto de 69 com adequaes CF-88).

    Entrou em vigncia 1 ano aps sua promulgao. Princpios fundamentais:eticidade, sociabilidade e operabilidade.

    Introduo ao DireitoAula 05, 06 e 07.

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    Fontes do Direito:

    A expresso fontes do Direito tem dois sentidos:1- origem histrica;2 diferentes maneiras de realizao do Direito.

    Aqui, utilizamos os aspecto de fonte criadora do Direito.

    Referem-se criao do Direito. a forma pela qual as normas jurdicassurgem no mundo do Direito.

    No incio da evoluo social, antes mesmo de surgir a escrita, a principal

    fonte do Direito era os costumes.Posteriormente, a lei ganha foros de fonte principal.

    Sob esses dois aspectos, decorrem os dois principais sistemas jurdicosatuais: o Common Law e o romano-germnico.

    A lei de Introduo ao Cdigo Civil, Decreto-lei n 4.657, de 4-9-42), queno simplesmente uma introduo ao Cdigo Civil, mas a todo ordenamento

    jurdico brasileiro, apresenta em seu artigo 4, como fontes de direito: a lei, aanalogia, os costumes e os princpios gerais de direito.

    FONTES DIRETAS: as que de per si possuem fora suficiente para gerara regra jurdica, tbm denominadas fontes imediatas, primrias ou formais.

    Ex: a lei e o costume

    FONTES INDIRETAS: so as fontes mediatas ou secundrias, que notm a fora das primeiras, mas esclarecem os espritos dos aplicadores da lei eservem de precioso substrato para a compreenso e aplicao global do Direito.

    Ex: a doutrina, a jurisprudncia, a analogia, os princpios gerais dedireito e a equidade. SO ESTRATGIAS PARA A APLICAO DO

    DIREITO.

    => So fontes do nosso Direito:LEICOSTUMES

    JURISPRUDNCIADOUTRINA JURDICAPROCEDIMENTOS DE INTEGRAO:ANALOGIA

    PRINCPIOS GERAIS DE DIREITOEQUIDADE

    Lei =>> Fonte Direta

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    So os fatos que precisam ser regulamentados. A lei a fonte direta eimediata do Direito.

    COSTUMESJURISPRUDNCIA ---------------------------------->> fontes indiretasDOUTRINA JURDICAPROCEDIMENTOS DE INTEGRAO: ANALOGIA

    PRINCPIOS GERAIS DE DIREITOEQUIDADE

    ----------------------------------------- LEI ---------------------------------------------------

    Lei a forma moderna de produo do Direito Positivo. ato do poderlegislativo que estabelece normas de acordo com os interesses sociais.

    Conceito: uma regra geral de direito, abstrata e permanente,dotada de sano, expressa pela vontade de uma autoridade competente,de cunho obrigatrio e de forma escrita.

    GERAL = porque no se distingue a um caso particular, mas a um

    nmero indeterminado de pessoas. dirigida a todos os casos que se colocamem sua tipicidade. Da generalidade da norma jurdica deduzimos o princpio daisonomia da lei, segundo o qual todos so iguais perante a lei.

    Da generalidade da lei, decorre que abstrata e permanente.

    ABSTRATA: porque regula uma situao jurdica abstrata. O legisladortem em mira condutas sociais futuras a serem alcanadas pela lei. Visando aatingir o maior numero possvel de situaes, a norma jurdica abstrata,regulando os casos dentro do seu denominador comum e no de forma

    casustica.

    PERMANENTE: existe o sentido de a lei reger todos os casos aplicveisindefinidamente, at ser revogada, ou seja, deixar de ser obrigatria. (ver leistemporrias).

    EMANA DE UM PODER COMPETENTE: em regra geral cabe aoLegislativo.

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    SANO: o elemento constrangedor. Obriga o indivduo a fazer o quea lei determina. Pode ser direta ou indireta. No direito penal direta, pois olegislador obriga a no matar e impem uma pena a quem praticar o crime dehomicdio. J no direito privado indireta, ex: se para um contrato for exigida apresena de 2 testemunhas, sua ausncia poder acarretar a anulao docontrato, se for do interesse de uma das partes.

    De nada adianta a lei ser obrigatria se no houver uma reprimenda aseu no-cumprimento.

    FORA OBRIGATRIA: decorrente dos princpios de justia e dopoder do legislador.

    ESCRITA: porque da nossa tradio romano-germnica.

    BILATERALIDADE: o Dto existe sempre vinculando duas ou maispessoas, atribuindo poder a uma parte e impondo dever outra.

    Bilateralidade significa que a norma jurdica possui dois lados: umrepresentado pelo direito subjetivo e outro pelo dever jurdico.

    Em toda relao jurdica h sempre um sujeito ativo, portador de dtosubjetivo e um sujeito passivo, que possui o dever jurdico.

    Coao e Sano no se confundem.Coao = uma reserva de fora a servio do Direito.Sano = medida punitiva para a hiptese de violao da norma.

    Classificao das Leis: (Ronaldo Poletti)

    a) quanto ao sistema a que pertencem:-nacionais : so as normas que fazem parte do ordenamento jurdico de

    um Estado.-estrangeiras: em face do Direito Internacional Privado, possvel que

    uma norma jurdica tenha aplicao alm do territrio do Estado que a criou.

    Quando em uma relao jurdica existente em um Estado, for aplicvel a norma jurdica prpria de outro Estado, ter-se- configurada a norma jurdicaestrangeira.

    - Direito uniforme: quando dois ou mais Estados resolvem, medianteum tratado, adotar internamente uma legislao padro.

    b) quanto fonte:- legislativas: so as normas jurdicas escritas, corporificadas nas leis,

    medidas provisrias, decretos.

    -consuetudinrias: so as normas no-escritas, elaboradasespontaneamente pela sociedade. Para que uma prtica social se caracterize

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    costumeira, necessita ser reiterada, constante e uniforme, alm de achar-seenraizada na conscincia popular como regra obrigatria.

    - jurisprudenciais: so as normas criadas pelos tribunais. No sistema detradio romano-germnica, ao qual se filia o nosso Direito, a jurisprudnciano considerada como fonte formal do Dto. No sistema do Common Law,adotado pela Inglaterra e EUA, os precedentes judiciais tem fora normativa.

    c) quanto aos diversos mbitos de validez:mbito espacial de validez:- Gerais: so as que se aplicam em todo o territrio nacional. (So sempre

    federais)-Locais: as que se destinam apenas a parte do territrio do Estado.

    (Podem ser federais, estaduais ou municipais)

    mbito temporal de validez:- de vigncia por prazo indeterminado: quando o tempo de vigncia no

    prefixado.- de vigncia por prazo determinado: ocorre com menos frequncia, mas

    h leis que vm com seu prazo de durao prefixado.

    mbito pessoal de validez:- genricas: a generalidade uma caracterstica das normas jurdicas e

    significa que os preceitos se dirigem a todos que se acham na mesma situaojurdica.

    - individualizadas: designam ou facultam a um ou a vrios membros damesma classe, individualmente determinados.

    d) quanto hierarquia:- constitucionais: originais da Constituio Federal ou de Emendas.

    Condicionam a validade de todas as outras normas e tem o poder de revog-las.Assim, qualquer norma jurdica de categoria diversa, anterior ou posterior constitucional, no ter validade caso contrarie as disposies desta.

    - complementares: na ordem jurdica brasileira h normas que selocalizam em leis complementares Constituio e se situam hierarquicamenteentre as constitucionais e as ordinrias. A aprovao de normascomplementares se d de acordo com o art.69 da CF, por maioria absoluta.

    - ordinrias: localizam-se nas leis, medidas provisrias, leis delegadas.- regulamentares: esto contidas nos decretos.- individualizadas: testamentos, sentenas judiciais, contratos, etc.

    e) quanto sano:- perfeitas: quando prev a nulidade do ato, na hiptese de sua violao.- mais do que perfeitas: quando prev alm da nulidade, uma pena para

    os casos de violao.- menos do que perfeita: determina apenas penalidade quando

    descumprida.

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    - imperfeita: quando no considera nulo ou anulvel o ato que acontraria, nem comina castigo aos infratores.

    f) quanto qualidade:- positivas: permitem a ao ou omisso.- negativas: as que probem a ao ou omisso.

    g) quanto s relaes de complementao:- primrias: so as normas cujo sentido complementado por outras, que

    recebem o nome de secundrias.- secundrias: so das seguintes espcies a) de iniciao, durao e

    extino da vigncia; b) declarativas ou explicativas; c) permissivas;d)interpretativas; e)sancionadoras.

    h) quanto s relaes com a vontade das partes:

    - taxativas: resguardam interesses fundamentais da sociedade e por issoobrigam independente da vontade das partes.

    - dispositivas: dizem respeito apenas aos interesses dos particulares,admitem a no-adoo de seus preceitos, desde que por vontade expressa daspartes interessadas.

    A formao da lei Do processo legislativo:

    estabelecido na CF e de desdobra nas seguintes etapas:

    Apresentao do projetoExame das comisses, Discusso e aprovaoRevisoSanoPromulgao ePublicao

    I - INICIATIVA DA LEI: art.61 da CF, a iniciativa compete: A qualquer membro ou comisso da Cam. Dos Deputados, do

    Senado Federal ou do Congresso Nacional; Ao Presidente da Repblica; * Ao Supremo Tribunal Federal; Aos Tribunais Superiores; Ao Procurador-Geral da Repblica e Aos cidados

    * Presidente da Repblica em 2 modalidades: 1- encaminhar o projeto emregime normal, 2- solicitar urgncia na apreciao do projeto.

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    II EXAME PELAS COMISSES TCNICAS, DISCUSSO EAPROVAO:

    Uma vez apresentado, o projeto passa por comisses parlamentaresvinculados conforme o assunto.

    Passado pelo crivo das comisses competentes vai ao plenrio paradiscusso e votao.

    No regime bicameral como o nosso, o projeto deve ser aprovado pelas 2casas.

    III REVISO DO PROJETO:

    O projeto pode ser apresentado na Cmara ou no Senado. Iniciado naCmara o Senado funcionar como Casa Revisora e vice-versa.

    QUANDO o projeto for encaminhado pelo Presidente da Repblica, STF,Tribunais superiores, primeiramente vai para a CMARA.

    Se a casa revisora aprova, vai ao Presidente da Repblica para sano,promulgao e publicao.

    Se a casa revisora rejeitar, ser arquivado.Se apresentar emenda, volta casa de origem para apreciao, no

    admitida a emenda, arquivado.

    IV SANO:

    Consiste na concordncia do Chefe do Executivo com o projeto aprovadono Legislativo.

    ato da alada exclusiva do Poder Executivo: Presidente da Repblica,Governador Estadual e Prefeito Municipal.

    Presidente: 15 dias para sancionar ou vetar. a sano pode ser tcita: qdoo prazo escoa sem manifestao ou expressa: qdo declara concordncia noprazo.

    se VETAR, o Congresso Nacional tem 30 dias para apreciar.Para REJEITAR O VETO: CN deve ter voto da maioria absoluta dos

    deputados e senadores.

    Vencido o prazo sem deliberao: o projeto entrar na ordem do dia dasesso seguinte e em regime prioritrio.

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    V PROMULGAO: (existncia da lei)

    A lei passa a existir com a promulgao, que ato do Chefe doExecutivo. a declarao formal da existncia da lei.

    Rejeitado o veto, ser o projeto encaminhado presidncia parapromulgao em 48h.

    No ocorrendo, o ao competir ao presidente do Senado Federal em 48h.

    No ocorrendo, cabe ao vice presidente do Senado.

    VI PUBLICAO: (vigncia da lei)

    indispensvel para que a lei entre em vigor e dever ser feita por rgooficial. A conseqncia natural da vigncia da lei sua obrigatoriedade, quedimana do carter imperativo do Direito.

    Em face do significado da lei para o equilbrio social, vigora o princpio:Art.3 da LICC: ningum se escusa a cumprir a lei alegando que no a

    conhece.

    Aplicao da Lei:

    A aplicao da lei apresenta vrias etapas:

    1- Diagnose do fato: o levantamento e estudo dos acontecimentos queaguardam a aplicao da lei. O juiz considera a narrativa das partes, examina asprovas e firma um diagnstico qto matria de fato.

    2- Diagnose do direito: verifica-se se existe alguma lei que disciplina osfatos em questo.

    3- Crtica formal: conhecidos os fatos e verificada a existncia da lei,cumpre ao juiz examinar se a lei se reveste de todos os requisitos formais.

    4- Crtica substancial: o juiz verifica a validade e a efetividade da lei. Se constitucional, etc.

    5- Interpretao da lei: com a definio dos fatos, certificada a existnciada lei disciplinadora e a validade formal e substancial desta, cabe agora ao juizconhecer o esprito da lei, ou seja, interpret-la. Revelar o sentido e o alcance dalei.

    6- Aplicao da lei: ou seja, a sentena judicial.

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    ------------------------------------ Costumes ----------------------------------------------

    Na atualidade o costume tem pouca expressividade como rgogerador do Direito. Enquanto a lei um processo intelectual que se baseia em

    fatos e expressa a opinio do Estado, o costume uma prtica gerada de formaespontnea pelas foras sociais. Sua formao lenta.

    Podemos conceituar costume como sendo um conjunto de normas deconduta social, criadas espontaneamente pelo povo, atravs do uso reiterado,uniforme e que gera a certeza de obrigatoriedade, reconhecidas e impostas peloEstado.

    Apesar do costume ser a expresso mais legtima e autntica do Direito,pois produto voluntrio das relaes de vida, no atende mais aos anseios de

    segurana jurdica. O direito codificado favorece mais a certeza do Direito doque as normas costumeiras. justamente essa circunstncia que d lei umasuperioridade sobre o costume.

    Lei CostumeAutor Poder Legislativo PovoForma Escrita OralObrigatoriedade Vigncia - promulgao A partir da efetividadeCriao Reflexiva EspontneaPositividade Validade que aspira

    efetividadeEfetividade que aspiravalidade

    Condies de Validade Cumprimento de formase respeito hierarquiadas fontes

    Ser admitido como fontee respeito hierarquiadas fontes

    Legitimidade Quando traduz oscostumes e valoressociais

    Presumida

    Elemento: repetio constante e uniforme de uma prtica social.

    Valor: Lei a principal fonte do Direito, mas entre ns h certo valorcostumes de direito comercial, direito trabalhista, internacional pblico.

    JAMAIS ser aplicado no Direito Penal : no h crime nem pena sem leianterior.

    Prova: art.337 do CPC quem alegar dever provar por documento,testemunha, vistoria, certides, fichrios comerciais etc.

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    Espcies:secundum legem (qdo corresponde lei. o costume interpretativo,

    pois expressando o sentido da lei a prtica social consagra um tipo de aplicaoda norma. J foi erigido em lei, portanto perde a caracterstica de costumepropriamente dito),

    praeter legem (qdo h lacuna na lei, consta no art.4 da LICC, um dosrecursos de que se serve ao juiz quando a lei for omissa) e

    contra legem(qdo a prtica social contraria as normas de dto escrito. Alei suprema no podendo se reconhecer validade a um costume contra a leipois isso gera instabilidade jurdica) j houve casos!.

    ------------------------------------------ Jurisprudncia ---------------------------------

    No Direito Antigo, jurisprudncia significava a sabedoria dos prudentes,os sbios do Dto ou, mesmo a Cincia do Direito.

    Modernamente significa o conjunto de decises dos tribunais, ou umasrie de decises similares sobre uma mesma matria.

    Em seu contnuo labor de julgar, os tribunais desenvolvem a anlise dodireito, registrando na prtica, as diferentes hipteses de incidncia das normas

    jurdicas. Sem o escopo de inovar, essa atividade oferece importantecontribuio experincia jurdica.

    Ao revelar o sentido e alcance das leis, o Poder Judicirio beneficia aordem jurdica, tornando-a mais definida, mais clara e mais acessvel aoconhecimento.

    Para bem se conhecer o Direito que efetivamente rege as relaes scias,no basta apenas conhecer a lei, indispensvel o estudo das decises judiciaisdos tribunais.

    Entre a jurisprudncia e o costume h semelhanas e alguns pontos dedistino.

    Jurisprudncia e Costume:

    ==A formao de ambos exige a pluralidade de prtica: enquanto ocostuma necessita da repetio de um ato pelo povo, a jurisprudncia requeruma srie de decises judiciais sobre determinada matria de Direito.

    ## enquanto o costume obra de uma coletividade a jurisprudncia produto de um setor da organizao social;

    ##Costume criado no relacionamento comum entre as pessoas e ajurisprudncia forma-se diante de conflitos que so julgados pelos tribunais;

    ## o costume criao espontnea, enquanto a jurisprudncia criaointelectual, reflexiva.

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    O grau de liberdade dos juzes

    Quanto margem de liberdade a ser atribuda ao Judicirio, a doutrinaregistra trs propostas:

    1- A livre estimao:Norteada pelo idealismo de justia esta corrente preconizou ampla

    liberdade aos juzes que poderiam aplicar o dto com base nos princpios deequidade.

    Buscam possibilitar a justia do caso concreto independentemente doditame legal Ex: direito alternativo

    Visando tornar o direito positivo mais racional e adequado aos valoresticos, oprincpio da razoabilidade e proporcionalidade pelo qual as normas jurdicasdevem ser entendidas como frmulas lgicas e justas para a realizao dedeterminados fins, tem sido atualmente consagrada pela doutrina e pelos juzes.

    2- Limitao subsuno:Aqui o juiz opera apenas com os critrios rgidos das normas jurdicas,

    com esquemas lgicos, sem possibilidade de contribuir com a sua experincia,na adaptao do ordenamento realidade emergente.

    Com essa orientao se evitaria o subjetivismo e o arbtrio nosjulgamentos, ao mesmo tempo em que se preservaria a integridade dos cdigos.

    3- Complementao coerente e dependente do preceito:

    Como um ponto de equilbrio entre os dois radicalismos acima, estaconstitui a posio mais aceita e que reconhece a necessidade de se conciliaremos interesses de segurana jurdica pelo respeito ao direito vigente, com umindispensvel margem de liberdade aos juzes.

    A Jurisprudncia cria o Direito ?

    Para o Common Law a jurisprudncia constitui uma importante formade expresso do Direito. Ao fundamentar uma pretenso judicial, os advogados

    indicam uma srie de sentenas ou acrdos prolatados pelos tribunais compertinncia ao caso enfocado.

    Para os ordenamentos do sistema romano-germnico, prevalece oentendimento de que o papel da jurisprudncia limita-se a revelar o dtopreexistente.

    - Smula Vinculante.

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    -------------------------------DOUTRINA JURDICA---------------------------------

    Conceito: A doutrina jurdica compe-se de estudos e teorias, desenvolvidospelos juristas, com o objetivo de sistematizar e interpretar as normas vigentes e de

    conceber novos institutos jurdicos, reclamados pelo momento histrico.(PauloNader)

    A doutrina jurdica considerada como um fator de conservao daorganizao social, por fornecer suporte cientfico ao Direito que estrutura einforma s instituies e aos rgos da sociedade.

    O cientista do Direito, que indaga o desconhecido, para cumprir o seupapel, necessita reunir algumas qualidades:

    - independncia;- autoridade cientfica;- responsabilidade.

    Funes da doutrina

    1- Formao das leis;2- interpretao do Direito Positivo;3- crtica aos institutos vigentes.

    Influncia da doutrina no mundo jurdico

    A Cincia do Direito proporciona resultados prticos no setor dalegislao, dos costumes, na atividade judicial e no ensino do Direito.

    A doutrina se desenvolve apenas no plano terico, oferecendo valiosossubsdios ao legislador, na elaborao dos documentos legislativos.

    Se ao legislador compete a atualizao do Direito Positivo, a tarefa deinvestigar os princpios e institutos necessrios prpria dos juristas.

    A atividade doutrinria de sistematizao e interpretao das normasjurdicas beneficia o trabalho dos advogados, juzes, promotores.

    A influncia da obra dos juristas se torna mais palpvel e decisiva no

    tocante ao ensino do Direito nas universidades.

    A doutrina como fonte indireta do Direito

    Ao submeter o Dto Positivo a uma anlise crtica e ao conceber novosconceitos e institutos, a doutrina favorece o trabalho do legislador e assume acondio de fonte indireta do Direito.

    Os estudos cientficos, reveladores do Direito vigente e de suastendncias, no obrigam os juzes.

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    Argumento de autoridade

    O argumento ab auctoritate consiste na cotao de opiniesdoutrinrias, como fundamento de uma tese jurdica que se desenvolve,normalmente perante a justia.

    Ao atuar nos pretrios, em defesa de seus clientes, o advogado deveempregar todos os elementos ticos disponveis para induzir o julgamento sconcluses que lhe so favorveis.

    A citao doutrinria deve ser feita de forma razovel, sem excesso e comoportunidade.

    O advogado deve procurar convencer com base em suas tcnicas deinterpretao, tomando como referncia o Direito Positivo.

    A doutrina no obriga os juzes, porm mais fcil para o causdico etambm para o magistrado que, receoso de errar, prefere ficar com a

    jurisprudncia dominante e com os autores de projeo.

    ------------------------------------ANALOGIA--------------------------------------------

    Noes de integrao e lacunas da lei

    A integrao um processo de preenchimento de lacunas, existentes nalei, por elementos que a prpria legislao oferece ou por princpios jurdicos,

    mediante operao lgica e juzos de valores.

    A integrao se processa pela analogia e princpios gerais de Direito.

    A lacuna se caracteriza no s quando a lei completamente omissa emrelao ao caso, mas igualmente quando o legislador deixa o assunto a critriodo julgador.

    As falhas ou lacunas que os cdigos apresentam no revelam,forosamente incompetncia do legislador, nem atraso da cincia.

    A integrao da lei no se confunde com as fontes formais, nem com osprocessos de interpretao do Dto.

    Os elementos de integrao no constituem fontes formais porque noformulam diretamente a norma jurdica, apenas orientam o aplicador paralocaliz-las.

    A pesquisa dos meios de integrao no atividade de interpretao,porque no se ocupa em definir o sentido e o alcance da lei.

    Uma vez assentada a disposio aplicvel, a sim se desenvolve ainterpretao.

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    O postulado da plenitude da ordem jurdica

    Se h divergncia doutrinrias quanto s lacunas jurdicas, do ponto devista prtico vigora opostulado da plenitude da ordem jurdica, pelo qual o Direito

    Positivo pleno de respostas e solues para todas as questes que surgem nomeio social.

    Por mais inusitado e imprevisvel que seja o caso, desde que submetido apreciao judicial, deve ser julgado luz do Direito vigente.

    princpio consagrado universalmente que os juzes no podem deixarde julgar, alegando inexistncia de normas aplicveis ou que esto obscuras.

    Se o magistrado pudesse abandonar uma causa, sob qualquerfundamento, a segurana jurdica estaria comprometida.

    Diz o art. 126 do CPC: o juiz no se exime de sentenciar ou despachar

    alegando lacuna ou obscuridade da lei.Diz o art. 4 da LICC: quando a lei for omissa, o juiz decidir o caso de acordo

    com a analogia, os costumes e os princpios gerais de direito.

    Conceito de analogia

    Analogia um recurso tcnico que consiste em se aplicar, a uma hipteseno-prevista pelo legislador, a soluo por ele apresentada para um outrahiptese, fundamentalmente semelhante no-prevista.

    Para haver analogia necessrio que ocorra semelhana no essencial eidentidade de motivos entre as duas hipteses: a prevista e a no prevista.

    Fundamento

    Na necessidade que o legislador possui de dar harmonia e coerncia aosistema jurdico, a analogia tem o seu fundamento.

    O Direito Natural atravs de seus princpios basilares, que preconizaigual tratamento para situaes em que haja identidade de motivos ou razes,tbm d fundamento analogia.

    A analogia pressupe uma grande percepo e um profundo sentimentotico do aplicador do Direito.

    Ex: A lei civil no prev, especificamente a ineficcia de um legado,quando o beneficirio deixa de cumprir encargo estabelecido em testamento. Ostribunais, todavia, assim vem decidindo, aplicando, por analogia, o disposto no

    art. 562 do CC-2002, que permite a revogao da doao onerosa por inexecuode encargo.

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    Analogia e interpretao extensiva

    Apesar de procedimentos distintos, muitas vezes so confundidos.

    Na interpretao extensiva, amplia-se a significao das palavras atfaz-las coincidir com o esprito da lei; com a analogia no ocorre isso, pois oaplicador no luta contra a insuficincia de um dispositivo, mas com a ausnciade dispositivos.

    ---------------------------------PRINCPIOS GERAIS DE DIREITO-----------------------

    Diante de uma situao ftica, os sujeitos de direito, necessitandoconhecer os padres jurdicos que disciplinam a matria, devem consultar, em

    primeiro plano, a lei.Se a lei no oferecer a soluo, seja por um dispositivo especfico, seja por

    analogia, verifica-se se existem normas consuetudinrias.Na ausncia de lei, analogia e costume, o preceito orientador h de ser

    descoberto mediante os princpios gerais de direito.

    Conceito

    So postulados que fundamentam o sistema jurdico de modo geral, embora nonecessariamente estejam explicitados no direito positivo. (Joo Batista Nunes

    Coelho)

    Funes

    1- na elaborao das leis2- na aplicao do Direito

    ---------------------------------------EQUIDADE-----------------------------------------

    a deciso baseada no senso de justia do julgador. meio supletivo para seencontrar o equilbrio entre a norma, o fato que ela rege e o valor correspondente. Aequidade faz encontrar o direito relativo ao caso concreto. (Joo Batista NunesCoelho)

    Algumas normas h que se ajustam inteiramente ao caso prtico, sem anecessidade de qualquer adaptao; outras h, porm, que se revelam rigorosaspara o caso especfico. Nesse momento, ento, surge a equidade, que oadaptar a norma jurdica geral e abstrata s condies do caso concreto.

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    Equidade a justia do caso particular concreto. No caridade nemmisericrdia. Nem fonte criadora do Dto, mas apenas sbio critrio quedesenvolve o esprito das leis projetando-o ao caso concreto.

    Leva em conta o que h de particular em cada relao.

    No direito brasileiro a equidade est prevista no art. 8 da CLT, quedetermina sua aplicao na falta de disposies legais ou contratuais.

    A LICC omissa, mas o CPC no art. 127 dispe que o juiz s decidir porequidade nos casos previstos em lei.

    O CC-2002 quando fala sobre indenizao- pargrafo nico do art. 944 autoriza o juiz a reduzir equitativamente a indenizao na hiptese de excessivadesproporo entre a gravidade da culpa e do dano.

    Igualmente o autoriza a fixar o valor da indenizao equitativamentequando a vtima no puder comprovar prejuzo material (art. 953, pargrafonico)

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    Introduo ao Direito (Obra: Lei de Introduo ao Cdigo Civil Brasileiro. MariaHelena Diniz, 13 ed, Saraiva, 2007)

    LEI DE INTRODUO AO CDIGO CIVIL (LICC)DECRETO-LEI N 4657, DE 04-09-1942

    Importncia:

    A LICC trata de normas sobre a aplicabilidade das leis em geral, dando-lhe autonomia de lei destacada.

    um complexo de disposies preliminares que antecedem o Cdigo

    Civil. inspirada no modelo alemo. Porm, no parte integrante do CC, nem lei introdutria do mesmo.

    to-somente uma lei para tornar possvel uma mais fcil aplicao dasleis em geral.

    uma lei de introduo s leis.Abrange: princpios determinativos da aplicabilidade das normas;

    questes de hermenutica jurdica; normas de direito internacional.Arts. 1 ao 6: normas emanadas do esprito da Constituio Federal.Arts. 7 ao 19: diretrizes para soluo dos conflitos na lei e no espao.

    Anlise Terico-Cientfica da LICC:

    Art. 1 Salvo disposio contrria, a lei comea a vigorar em todo o pas45 dias depois de oficialmente publicada.

    Trata do incio da obrigatoriedade da LEI.

    Relembrar as etapas do Processo Legislativo:INICIATIVADISCUSSODELIBERAOSANOPROMULGAO: Executivo autentica a lei -> existncia da leiPUBLICAO: no Dirio Oficial -> obrigatoriedade da lei

    vacatio legis: perodo que decorre do dia da publicao da lei dataem que entra em vigncia, durante o qual vigora a anterior sobre o mesmoassunto.

    Contagem de prazo de vigncia da lei:

    Conta-se o dies a quo (dia da publicao)Incui-se o dies ad quem (ltimo dia)

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    Ex: Lei A, publicada em 02-01 para vigorar em 15 dias.1 dia: 02-01ltimo dia: 16-01 Vigora em 17-01 (ou, 02 + 15 = 17)Se, o dies ad quem cair em feriado ou domingo, no se considerar

    prorrogado o prazo at o dia til seguinte por no se tratar de cumprimento deobrigao.

    1 Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira,quando admitida, se inicia trs meses depois de oficialmente publicada.

    Trata da entrada em vigor da lei brasileira no estrangeiro, obriga pasesestrangeiros no que se refere s atribuies dos ministros, embaixadores,cnsules e demais funcionrios de nossa representao diplomtica.

    2 - no tem mais aplicao.

    3 Se, antes de entrar em vigor, ocorrer nova publicao de seu texto,destinada a correo, o prazo deste artigo e dos pargrafos anteriorescomear a correr da nova publicao.

    4 As correes a texto de lei j em vigor consideram-se lei nova.

    Art. 2 No se destinando vigncia temporria, a lei ter vigor at queoutra a modifique ou revogue. Trata da vigncia temporal da norma.

    1 A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare,quando seja com ela incompatvel ou quando regule inteiramente a matriade que tratava a lei anterior. Trata das formas de revogao.

    Revogao: tornar sem efeito uma norma, retirando suaobrigatoriedade.

    2 espcies -> 1) ab-rogao: supresso total da norma 2) derrogao: apenas uma parte da norma

    Podem ser de 2 formas -> a) expressa: quando declara a extinob)tcita: quando incompatvel ou quandoregule inteiramente matria de que tratava a leianterior.

    2 A lei nova, que estabelea disposies gerais ou especiais a par dasj existentes, no revoga nem modifica a lei anterior.

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    3 Salvo disposio em contrrio, a lei revogada no se restaura por tera lei revogadora perdido a vigncia. REPRISTINAO: s ocorre porexpresso!

    Art. 3 Ningum se escusa de cumprir a lei, alegando que no aconhece. GARANTIA DE EFICCIA GLOBAL DA ORDEM JURDICA

    A norma obrigatria para todos, mesmo para os que a ignoram, porqueassim o exige o interesse pblico.

    A lei, depois de publicada, decorrido, se houver, o prazo de vacatiolegis, tornar-se- obrigatria para todos, sendo inescusvel o erro e aignorncia. Porque o direito uma das condies de existncia da sociedade, hnecessidade social de tornar as leis obrigatrias.

    Lei publicada => presuno de que todos a conhecem (fico jurdica) ou,convenincia de que seja conhecida (segurana jurdica).

    LOGO, o magistrado no poder eximir-se de sentenciar, alegando queno conhece a lei.

    PORM, quando for provado que houve ERRO DE DIREITO, e este foicausa determinante, motivo nico e principal a determinar a vontade nacelebrao de um negcio jurdico (ex: contrato), pode haver anulao.

    Erro de Direito: novidade do Cdigo Civil de 2002. aquele relativo existncia de uma norma jurdica, supondo-se, por

    exemplo, que ela esteja em vigor quando, na verdade, foi revogada.O agente emite uma declarao de vontade no pressuposto falso de queprocede conforme a lei.

    Ex: A efetiva compra e venda internacional de mercadoria X sem saberque a sua exportao estava legalmente proibida. Como o erro de direito foi omotivo determinante do ato negocial pode-se pleitear a anulao do negcio

    jurdico (contrato), sem que se pretenda descumprir a norma jurdica.

    ERRO DE DIREITO # DE IGNORNCIA DA LEIO erro de direito vicia o consentimento da parte (art. 139, III do CC). H

    falso conhecimento na sua compreenso equivocada e na sua interpretaoerrnea. De qualquer maneira, para ANULAR o negcio, necessrio que esseerro tenha sido o motivo nico e principal a determinar a vontade das partes,NO PODENDO RECAIR SOBRE NORMA COGENTE OU DE ORDEMPBLICA, mas to-somente sobre normas dispositivas, sujeitas ao livre acordodas partes.

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    Art. 4 Quando a lei for omissa, o juiz decidir o caso de acordo com aanalogia, os costumes e os princpios gerais de direito.

    MECANISMOS DE INTEGRAO DE NORMAS EM CASO DELACUNAS.

    Essa permisso de desenvolver o direito compete aos aplicadores sempreque se apresentar uma lacuna, pois devem integr-la, criando uma normaindividual, dentro dos limites permitidos pelo direito (esprito doordenamento)

    LACUNAS: 1. existncia2. constatao3. preenchimento

    Existncia das lacunas:

    O direito uma realidade dinmica, que est em movimento,acompanhando as relaes humanas, modificando-as, adaptando-as s novasexigncias e necessidades da vida, inserindo-se na histria, brotando docontexto cultural.

    Logo, as normas por mais completas que sejam, so apenas uma parte dodireito.

    O direito deve ser considerado sob o prima dinmico, em constantemutao, sendo assim, lacunoso.

    LACUNAS -> espcies:1) Normativa: quando h ausncia de norma sobre determinado caso2) Ontolgica: h norma mas no corresponde aos fatos sociais3) Axiolgica: ausncia de norma justa, existe a norma, mas aplicada ao

    caso a soluo ser insatisfatria.

    A teoria das LACUNAS tem dupla funo: 1- fixar os limites para asdecises dos magistrados (juzes) demonstrando o que se deve entender porsistema jurdico; 2- justificar a atividade do Poder Legislativo.

    Constatao e Preencimento:

    A) Identificao da lacuna /constatao : a constatao e o preenchimentoso aspectos correlatos, porm independentes. O preenchimentopressupe a constatao, e esta, os meios de colmatao. Soindependentes porque pode haver constatao de lacunas cujo sentido

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    ultrapasse os limites de preenchimento (ex: Poder Legislativo) e porque opreenchimento, salvo disposio expressa, no impede a sua constataoem novos casos.

    B) Meios supletivos das lacunas :ANALOGIA -> aplicar a um caso no contemplado de modo direto ouespecfico por uma norma jurdica, uma lei que prev hiptese distinta, massemelhante ao fato no previsto. Fundamento: igualdade jurdica,semelhana de razo-lgico. Pressupostos para aplicao analgica: 1- que ocaso sub judice no esteja previsto em norma jurdica; 2- que o caso nocontemplado tenha com o previsto pelo menos uma relao de semelhana;3- que o elemento identidade entre os casos no seja qualquer um, mas simfundamental ou de fato que levou o legislador a elaborar o dispositivo queestabelece a situao a qual se quer comparar a norma no contemplada.Ter de haver uma verdadeira e real semelhana e a mesma razo entreambas as situaes.

    COSTUME -> fonte supletiva, decorrente da prtica dos interessados, dostribunais e dos doutrinadores. (ver material sobre FONTES DE DIREITO)

    PRINCPIOS GERAIS DO DIREITO -> so cnones que foram ditadospelo elaborador da norma, explcita ou implicitamente, sendo que, nestaltima hiptese, esto contidos de forma imanente no ordenamento jurdico.So diretrizes para integrao de lacunas a fim de buscar uma soluo

    razovel. Ex: Explcito: Art. 5, II, da CF: princpio da legalidade: ningumser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude delei. Implcito: contidos no sistema jurdico civil: moralidade, igualdade dedireitos e deveres, proibio de locupletamento ilcito, funo social dapropriedade, boa-f presumida e m-f provada, as obrigaes contradasdevem ser cumpridas, etc.

    EQUIDADE -> se no houver analogia, costumes e princpios gerais dodireito, o juiz deve recorrer equidade. o poder conferido ao magistradopara revelar o direito latente, apesar de interferir na elaborao de normas

    jurdicas gerais ou de leis, traando diretivas ao comportamento do rgojudicante ao aplic-las.

    Art. 5 Na aplicao da lei, o juiz atender aos fins sociais a que ela sedirige e s exigncias do bem comum. CRITRIOS DE HERMENUTICA E INTERPRETAO.

    Fim social: no h lei que no contenha uma finalidade social imediata. Oprincpio da finalidade da lei norteia toda a tarefa interpretativa. A aplicao dalei seguir a marcha dos fenmenos sociais, receber, continuamente, vida einspirao do meio ambiente e poder produzir a maior soma possvel deenergia jurdica.

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    Bem comum: conceito amplo, complexo, que depende da filosofiapoltica e jurdica adotada. Todo ato interpretativo dever fundar-se no objetivodo bem comum, que respeita o indivduo e a coletividade mediante um perfeitoequilbrio to necessrio ao direito. O bem comum consiste na preservao dosvalores positivos vigentes na sociedade que do sustento a determinada ordem

    jurdica.Introduo ao Direito

    TCNICA JURDICA

    Tcnica (contedo formal e substancial) espcies:-elaborao (tcnica legislativa)-interpretao (hermenutica)-aplicao (silogismo)

    1. O ELEMENTO TCNICO DO DIREITO

    1.1 Conceito de Tcnica

    Na incessante atividade de converso do saber terico em prtico, ohomem cria o mundo da cultura.

    Para alcanar os fins que deseja, necessita utilizar um conjunto de meiose recursos adequados, ou seja, empregar a tcnica.

    Cincia e tcnica se aliam para atender aos interesses humanos.

    Enquanto a cincia se dirige ao conhecimento humano, a tcnica dirige-se atividade humana.

    A tcnica, de um modo geral, neutra em relao aos valores. Pode tantoser empregada para promover os elevados interesses do gnero humano,quanto para destru-lo.

    desejvel que as duas andem juntas: a cincia indicando O QUE e a

    tcnica COMO.O saber que apenas se situa no plano da abstrao e no se projeta sobrea experincia humana revela-se estril.

    O mundo da cultura, composto por realizaes humanas, tambm omundo da tcnica.

    1.2 Conceito e significado da tcnica jurdica

    Para que o Direito cumpra a finalidade de prover o meio social de

    segurana e justia, indispensvel que, paralelamente ao seu desenvolvimentofilosfico e cientfico, avance tambm no campo da tcnica.

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    Tcnica jurdica o conjunto de meios e de procedimentos que tornam prtica eefetiva a norma jurdica.

    1.3 ESPCIES DE TCNICA JURDICA (elaborao, interpretao e aplicao)

    1.3.1) ELABORAO (ato legislativo tcnica legislativa processo legislativo).

    A denominao tcnica legislativa envolve:a) processo legislativo;b) apresentao formal ec) apresentao material do ato legislativo.

    b)- APRESENTAO FORMAL DOS ATOS LEGISLATIVOS:

    Conceituao: diz respeito estrutura do ato, so as seguintes:

    b.1)-prembulo: rene apenas os elementos necessrios identificao doato legislativo. Compem-se dos seguintes elementos:

    b.1.1) epgrafe: contm a indicao da espcie ou natureza do ato, o seu

    numero de ordem e a data em que foi assinado. Lei, decreto, medida provisria.Ex: Lei n 11.419, de 19 de dezembro de 2006.

    b.1.2) rubrica ou ementa: define o assunto disciplinado pelo ato.Ex: Decreto-Lei n 1681, de 07.05.79, altera a alnea i, do item III, do

    art.13, da Lei n 4.452, de 05 de novembro de 1964.

    b.1.3) autoria ou fundamento legal da autoridade: ao indicar a espcie do ato,a epgrafe indiretamente consigna a autoria; no o faz porm, de modocompleto, pois no esclarece se a lei ou decreto de mbito federal, estadual ou

    municipal.Ex: Poder Executivo: O Presidente da Repblica, no uso de suas

    atribuies que lhe confere o item IV do art. 81 da CF.....Poder Legislativo: O Presidente da Repblica fao saber que o

    Congresso Nacional decreta......

    b.1.4) causas justificativas: s eventualmente se recorre a esse elementopelo qual o legislador declara as razes que o levaram a editar o ato.

    Ex: so os considerandos (o Decreto-Lei n 1098, de 25 de maro de 1970,que alterou os limites do mar territorial do Brasil para duzentas milhas

    martimas de largura: considerando que o interesse especial do Estado

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    costeiro......) e as exposies de motivos ( elaborada pelos prprios autores deanteprojetos e cdigos.)

    b.1.5) ordem de execuo ou mandado de cumprimento: a parte com que seencerra o prembulo e que se identifica por uma frmula imperativa, quedetermina o cumprimento do complexo normativo que a seguir apresentado.

    Ex: Fao saber ou Congresso Nacional decreta e eu sanciono...

    b.2) corpo ou texto: a parte substancial do ato.

    b.3) disposies complementares: podem ser:b.3.1) preliminares: antecedem s regras principais e tm a finalidade de

    fornecer esclarecimentos prvios, como a localizao da lei no tempo e noespao, os objetivos do ato legislativo, definies de alguns termos e outrasdistines bsicas);

    b.3.2)gerais e finais: regulam questes materiais da lei, eb.3.3) transitrias: regulam situaes passageiras.

    b.4) clusulas de vigncia e de revogao:b.4.1) a primeira consiste na referncia data em que o ato se tornar

    obrigatrio. Normalmente entre em vigor na data de sua publicao .Ex: esta lei entrar em vigor na data de sua publicao .Pode ocorrer a vacatio legis em outros casos, ou seja, o intervalo que

    medeia a data da publicao e o incio da vigncia.

    b.4.2) A clusula de revogao consiste na clusula que a lei faz aos atoslegislativos que perdero a sua vigncia.

    Ex:ficam revogadas as disposies em contrrio.

    b.5) fecho: indica o local e a data da assinatura, bem como os anos queso passados da Independncia e da Proclamao da Repblica.

    Ex: Braslia, 21 de julho de 2004; 182 da Independncia e 115 daRepblica.

    b.6) assinatura: garante a sua autenticidade.

    b.7) referenda: no plano federal consiste no fato dos ministros de Estadoacompanharem a assinatura presidencial. Atualmente no essencial, mas praxe.

    c) DA APRESENTAO MATERIAL DOS ATOS LEGISLATIVS:

    c.1) Artigos: unidade bsica para a apresentao, diviso ouagrupamento de assuntos.

    Os 9 primeiros pela seqncia ordinal e os demais cardinal.Quando o artigo dividido em pargrafos, o caput o principal.

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    - Pargrafo: - Inciso, alnea e item:

    Agrupamentos dos artigos:Os artigos formam a seo ou subseo; As subsees formam as sees

    As sees formam o captulo; Os captulos formam o ttuloOs ttulos formam o livro; Os livros formam aparteAspartes formam o cdigo.1.3.2) INTERPRETAO: Revela o significado das expresses jurdicas.

    Os principais meios empregados so:gramatical, lgico, histrico e sistemtico.***4

    1.3.3) APLICAO DO DIREITO:A tcnica de aplicao tem por finalidade a orientao dos juzes e

    administradores, na tarefa de julgar.No se limita simples aplicao das normas aos casos concretos, mas

    compreende os meios de apurao das provas e pressupe o conhecimento datcnica de interpretao.Tradicionalmente a aplicao do Direito considerada um silogismo:

    premissa maior a norma jurdica, premissa menor o fato e concluso asentena.

    Restringir a deciso a um silogismo um erro grave, pois implica reduzira atividade do juiz a um automatismo de enquadrar fatos e normas.

    Porm, vale ressaltar que o silogismo somente estruturado aps a apuraodos fatos e a compreenso do direito.

    1.4) Contedo da tcnica jurdica: (formais e substanciais)

    1.4.1)