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Os orixás (do iorubá Òrìsà, Oricha em castelhano, Orisha em inglês e alemão) são as divindades da religião tradicional dos iorubás (também chamados nagôs no Brasil e lucumis em Cuba) e dos cultos afro-brasileiros (candomblé) e afro-cubanos (santería) dela derivados ou por ela influenciados (como a umbanda). Segundo Pierre Fatumbi Verger, o orixá seria, em princípio, um ancestral divinizado que, em vida, estabelecera vínculos que lhe garantiam um controle sobre certas forças da natureza, como o trovão, o vento, as águas doces ou salgadas, ou então assegurando- lhe a possibilidade de exercer atividades como a caça, o trabalho em metais ou o conhecimento das plantas. O axé, poder do ancestral-orixá teria, após sua morte, a faculdade de encarnar-se momentaneamente em um de seus descendentes durante um fenômeno de possessão por ele provocado. A passagem da vida terrestre à condição de orixá desses seres excepcionais, possuidores de um axé poderos, produz-se, em geral, em um momento de paixão, cujas lendas conservaram a lembrança. Na África, o orixá, ancestral divinizado, é um bem de família, transmitido pela linhagem paterna. Os chefes das grandes famílias, os balés, delegam a responsabilidade do culto ao orixá familiar a um ou uma alaaxé, guardião ou guardiã do poder do deus, que dele cuidam ajudados pelos eleguns, possuídos pelos orixás em certas circunstâncias. O culto de cada orixá está ligado originalmente ao povo de certa cidade- estado ou território - Xangô a Oyó, Iemanjá à região de Egbá, Euá a Egbado, Ogum a Ekiti e Ondô, Oxum a Ijexá e Ijebu, Erinlé a Ilobu, Logunedé a Ilexá, Oxalá a Ifé, subdividido em Oxalufã em Ifan e Oxaguiã em Ejigbó etc. Ao migrarem, as famílias levavam seu culto a outras comunidades iorubas e seus sacerdotes asseguravam o culto a todo o grupo. No Novo Mundo, os orixás e seu culto tomaram uma feição mais pessoal. Quando o ioruba era transportado pelos negreiros para o Brasil, seu orixá tomava um caráter iindividual, ligado à sorte pessoal do escravo, separado de seu grupo familiar. A qualidade das relações entre um indivíduo e seu orixá é, portanto, diferente na África e no Brasil. Na África, as cerimônias de adoração são asseguradas por sacerdotes designados e os outros membros do grupo só têm o dever de contribuir materialmente, respeitar as proibições alimentares e outras ligadas ao único orixá cultuado em seu grupo. No Brasil, cada um deve assegurar pessoalmente as exgências do orixá, tendo, porém, a possibilidade de encontrar no terreiro o meio onde inserir-se e um pai ou mãe-de-santo capaz de guiá-lo em suas obrigações. Existem múltiplos orixás pessoais em cada terreiro, cultuados não só por descendentes de iorubás, como também por outras etnias, inclusive brancos e mestiços. O orixá perdeu o caráter de ancestral que volta a encarnar- se em um dos seus descendentes e tornou-se um guia que escolhe seus "filhos" e "filhas" de acordo com seu temperamento e biotipo, freqüentemente de acordo com as tendências secretas e reprimidas que se exprimem no arquétipo do orixá. Diz-se, ainda, que cada indivíduo possui dois orixás, um mais aparente, aquele que pode provocar crises de possessão, outro mais discreto, "assentado", fixado, acalmado, mas que ainda assim influencia o comportamento.

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Os orixás (do iorubá Òrìsà, Oricha em castelhano, Orisha em inglês e alemão) são as

divindades da religião tradicional dos iorubás (também chamados nagôs no Brasil e

lucumis em Cuba) e dos cultos afro-brasileiros (candomblé) e afro-cubanos (santería)

dela derivados ou por ela influenciados (como a umbanda).

Segundo Pierre Fatumbi Verger, o orixá seria, em princípio, um ancestral divinizado

que, em vida, estabelecera vínculos que lhe garantiam um controle sobre certas forças

da natureza, como o trovão, o vento, as águas doces ou salgadas, ou então assegurando-

lhe a possibilidade de exercer atividades como a caça, o trabalho em metais ou o

conhecimento das plantas. O axé, poder do ancestral-orixá teria, após sua morte, a

faculdade de encarnar-se momentaneamente em um de seus descendentes durante um

fenômeno de possessão por ele provocado. A passagem da vida terrestre à condição de

orixá desses seres excepcionais, possuidores de um axé poderos, produz-se, em geral,

em um momento de paixão, cujas lendas conservaram a lembrança.

Na África, o orixá, ancestral divinizado, é um bem de família, transmitido pela

linhagem paterna. Os chefes das grandes famílias, os balés, delegam a responsabilidade

do culto ao orixá familiar a um ou uma alaaxé, guardião ou guardiã do poder do deus,

que dele cuidam ajudados pelos eleguns, possuídos pelos orixás em certas

circunstâncias. O culto de cada orixá está ligado originalmente ao povo de certa cidade-

estado ou território - Xangô a Oyó, Iemanjá à região de Egbá, Euá a Egbado, Ogum a

Ekiti e Ondô, Oxum a Ijexá e Ijebu, Erinlé a Ilobu, Logunedé a Ilexá, Oxalá a Ifé,

subdividido em Oxalufã em Ifan e Oxaguiã em Ejigbó etc. Ao migrarem, as famílias

levavam seu culto a outras comunidades iorubas e seus sacerdotes asseguravam o culto

a todo o grupo.

No Novo Mundo, os orixás e seu culto tomaram uma feição mais pessoal. Quando o

ioruba era transportado pelos negreiros para o Brasil, seu orixá tomava um caráter

iindividual, ligado à sorte pessoal do escravo, separado de seu grupo familiar.

A qualidade das relações entre um indivíduo e seu orixá é, portanto, diferente na África

e no Brasil. Na África, as cerimônias de adoração são asseguradas por sacerdotes

designados e os outros membros do grupo só têm o dever de contribuir materialmente,

respeitar as proibições alimentares e outras ligadas ao único orixá cultuado em seu

grupo.

No Brasil, cada um deve assegurar pessoalmente as exgências do orixá, tendo, porém, a

possibilidade de encontrar no terreiro o meio onde inserir-se e um pai ou mãe-de-santo

capaz de guiá-lo em suas obrigações. Existem múltiplos orixás pessoais em cada

terreiro, cultuados não só por descendentes de iorubás, como também por outras etnias,

inclusive brancos e mestiços. O orixá perdeu o caráter de ancestral que volta a encarnar-

se em um dos seus descendentes e tornou-se um guia que escolhe seus "filhos" e "filhas"

de acordo com seu temperamento e biotipo, freqüentemente de acordo com as

tendências secretas e reprimidas que se exprimem no arquétipo do orixá. Diz-se, ainda,

que cada indivíduo possui dois orixás, um mais aparente, aquele que pode provocar

crises de possessão, outro mais discreto, "assentado", fixado, acalmado, mas que ainda

assim influencia o comportamento.

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Índice

[mostrar]

Panteão Editar

Segundo Verger, não existe, no território iorubá, um panteão dos orixás bem

hierarquizado, único e idêntico. Orixás que ocupam uma posição dominante em alguns

lugares estão totalmente ausentes em outros. O culto de Xangô, que ocupa o primeiro

lugar em Oyó, é oficialmente inexistente em Ifé, onde um deus local, Oramfé, está em

seu lugar com o poder do trovão. Oxum, cujo culto é marcante na região de Ijexá, é

ausente em Egbá e Iemanjá, soberana nesta região, é desconhecida na primeira.

No Brasil, há uma maior sistematização e um certo número de orixás é reconhecido por

todos os terreiros, embora outros sejam menos conhecidos e alguns orixás importantes

na África sejam aqui totalmente ignorados. Desde a entrada da roda-de-santo no

barracão, todos os papéis religiosos são vividos intensamente, numa atuação sincrônica

cujos elementos ordenadores são dados pelo xirê, que é a estrutura que organiza a

entrada das cantigas e danças ao som do ritmo dedicado a cada orixá, cujo transe é

previsto neste momento.

Assim que o orixá "vira", outros papéis são imediatamente acionados: a ekede, que deve

acompanhá-lo, vesti-lo, secar-lhe o suor do rosto e dançar com ele; o pai-de-santo, que

deve receber a reverência do orixá; o dos alabês, que devem saber o quê, e de que modo,

deve ser tocado para este orixá etc. Além de ser uma estrutura seqüencial ordenadora

das cantigas (louvações), o xirê denota também a concepção cosmológica do grupo,

funcionando como elemento que "costura" a atuação dos personagens religiosos em

função dos papéis e dos momentos adequados à sua representação. Na ordenação,

costumeira do candomblé kêtu, primeiro toca-se para Exu (porque ele é o intermediário

entre os homens e os orixás, entre o mundo do além e o da terra, para que não perturbe

os trabalhos com seu lado malévolo e para que agencie a boa vontade dos orixás que

serão invocados no culto); depois para Ogum (porque é o dono dos caminhos e dos

metais e sem ele e suas invenções da faca e da enxada o sacrifício aos orixás e o

trabalho na terra estariam impedidos), Oxóssi (porque é irmão de Ogum e porque

também está ligado à sobrevivência através da caça e da pesca), Obaluaiê (porque é o

orixá da cura das doenças, ou aqueles que as traz), Ossãe (dono das folhas que curam,

daí sua ligação com Obaluaiê e também porque nada se faz sem folhas no candomblé),

Oxumaré (por sua ligação com Xangô, como escravo deste e como aquele que faz a

ligação entre o céu (nuvens) e a terra), Xangô (deus do trovão e do fogo, trazido por

Oxumarê), Oxum (esposa favorita de Xangô), Logunedé (o filho de Oxum, mas com

Oxóssi), Iansã (que no mito criou Logunedé juntamente com Ogum quando Oxum o

abandonou); Obá (tida em muitas casas como irmã de Iansã e a terceira mulher de

Xangô), Nanã (a mais velha das iabás - orixás femininos), Iemanjá (a dona das cabeças

e mulher de Oxalá) e, finalmente, Oxalá, o senhor de toda a criação.

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Há ainda alguns orixás que não costumam ser incorporados, ou o são raramente, mas

são regularmente homenageados no candomblé de outras maneiras: Euá, irmã de

Oxumaré e esposa de Obaluaiê, cujo complexo ritual foi esquecido no Brasil; Olocum,

mãe de Iemanjá; Iroco, homenageado na forma de uma árvore; Ibêji, protetor dos

gêmeos e das crianças; e Orunmilá, o orixá da adivinhação que só se manifesta pelo

oráculo do Ifá, um rito complexo que exige um longo treinamento e no Brasil foi

praticamente esquecido e substituído por métodos mais simples, intermediados por

Oxum ou Exu.

De importância equivalente aos orixás, mas considerados e cultuados inteiramente à

parte, embora apareçam a seu lado nos mitos iorubás, são os Eguns, espíritos dos

ancestrais masculinos e manifestação de Iku, a morte, e Iyami Oxorongá, manifestação

coletiva dos ancestrais femininos que tomam a forma de bruxas capazes de se

transformar em pássaros.

Sincretismo Editar

As primeiras menções às religiões africanas no Brasil são de 1680, por ocasião das

pesquisas da Inquisição, mas faziam alusões ao culto africano, com sacrifícios de

animais, danças extáticas e partilha de refeições. É difícil precisar o momento em que o

sincretismo se estabeleceu. Em 1890, quando Nina Rodrigues pesquisou o tema, ainda

estava em formação e a equivalência entre orixás e santos católicos era flutuante e

variável de terreiro para terreiro.

O processo parece ter-se baseado, de maneira geral, sobre detalhes de estampas

religiosas que poderiam lembrar certas características dos deuses africanos. São

Jerônimo, por exemplo, foi assimilado a Xangô por causa de estampas que o mostravam

com um leão docilmente deitado a seus pés, pois o leão é símbolo de realeza entre os

iorubás. São Lázaro, coberto de feridas e abscessos, foi naturalmente equiparado a

Obaluaê, deus da varíola. Santa Bárbara, segundo a lenda cristã, foi sacrificada pelo pai

devido à sua conversão ao cristianismo e ele foi fulminado por um raio; por isso, ela é

associada para se pedir proteção contra raios e tempestades e foi assimilada a Iansã. Em

Cuba, e também em alguns terreiros brasileiros no tempo de Nina Rodrigues, o trovão

fazia Santa Bárbara ser assimilada a Xangô, apesar da diferença de sexo.

Oxalá, o orixá mais respeitado, foi identificado a Jesus Cristo. Nanã Buruku, a mais

idosa das divindades das águas, foi comparada a Sant'Ana, mãe da Virgem Maria e esta,

como mãe do Deus cristão, a Iemanjá, mãe de numerosos outros orixás. Na Bahia, São

Jorge, que mata um dragão na maioria das estampas, foi assimilado a Oxóssi, o caçador;

no Rio de Janeiro, a Ogum, deus da guerra e da metalurgia, pois carrega armas e

armadura de ferro.

Na Bahia, é Santo Antônio que é assimilado a Ogum, o deus da guerra, por uma

tradição peculiar à cidade de Salvador. Em 1595 uma imagem sua foi maltratada por

protestantes. Estes foram capturados e viram dar à praia a imagem, que tinham jogado

ao mar. Pela vitória contra os inimigos luteranos, o santo foi alistado no Forte da Barra,

com direito a soldo. Em 1705, foi promovido a capitão e, na II Guerra Mundial, a major.

A partir das últimas décadas do século XX, a valorização da pureza das raízes africanas

pelos antropólogos que estudavam o candomblé e depois pelos próprios adeptos

Page 4: 159678069-Orixas-Sonia.pdf

promoveu um movimento de expurgo do sincretismo do ritual e da linguagem dessa

religião. Assim como o hábito de chamar os orixás por nomes de santos começou a ser

abandonado, as imagens católicas começaram a desaparecer ser substituídas nos

terreiros por representações de caráter mais africano. Já na umbanda, o sincretismo

continua ativo, mas hoje se estende também a outras influências religiosas e esotéricas,

inclusive anjos, deuses pagãos e divindades orientais.

Também se estabeleceu a equivalência, ou mesmo identidade, dos orixás iorubás com

divindades africanas de outras etnias que têm seu culto no Brasil, como os voduns do

culto jeje (fon) e os inquices dos cultos bantos.

Correspondências usuais entre orixás, santos, voduns e

inquices Editar

orixá santo

na Bahia

santo

no Rio de

Janeiro

vodum

jeje

inquice

congo ou

angola

Exu O Diabo Santo Antônio

(13 de Junho) Legbá

Bombogira

(masc.)

Panjira

(fem.)

Ogum Santo Antônio

(13 de junho) São Jorge

(23 de abril) Gu Roximucumbi

Oxóssi São Jorge

(23 de abril)

Erinlé

São Sebastião

(20 de janeiro) Aguê

Kibuco

Motolombo

Xapanã,

Obaluaiê ou Omolu

Obaluaiê: São Roque

(16 de agosto)

Omolu: São Lázaro

(17 de dezembro)

São Lázaro

(17 de dezembro) Azoani ou

Sakpatá Kingongo

Ossãe Santo Onofre

(12 de junho) São Benedito

(5 de outubro) - Katendê

Oxumaré São Bartolomeu

(24 de agosto) - Dan

Hongolo (masc.)

Angoroméa (fem.)

Xangô

Xangô: São Jerônimo

(30 de setembro)

Dadá: Cristo Rei

(Domingo

anterior ao

1º domingo

do Advento)

Aganju: São José

(19 de março)

Oraniã Airá: São Pedro

(29 de junho)

Xangô: São Jerônimo

(30 de setembro)

Xangô Obomi: São

João

(24 de junho)

Sobô, Badê

ou Heviosso Zaze

Oxum Nª.Srª. das

Candeias

(2 de fevereiro)

Nª.Srª. da

Conceição

(8 de dezembro)

Aziri

Tobóssi Kissimbi

Logunedé Santo Expedito

(19 de abril)

ou São Miguel (29 de

- - Gongobira

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setembro)

Iansã ou Oiá

Santa Bárbara

(4 de dezembro) Santa Bárbara

(4 de dezembro) - Kaiongo

Obá Sta. Catarina

(25 de novembro) Sta. Joana D'Arc

(30 de maio) - -

Nanã Sant'Ana

(26 de julho) Sant'Ana

(26 de julho) - Rodialonga

Iemanjá Nª.Srª. da

Conceição

(8 de dezembro)

Nª.Srª. da

Glória

(15 de Agosto) Aziri Kaia Danda Lunga

Oxalá ou

Obatalá

N. Senhor

do Bonfim

(2º domingo

depois do

dia de Reis)

Oxalufã

Oxaguiã

Odudua

Ocô

Oxalufã: Deus Pai

Oxaguiã:Jesus Cristo

(25 de dezembro)

Olissara ou Lissá

Lembá Dilê

Ibêji São Cosme e

São Damião

(27 de setembro)

São Cosme e

São Damião

(27 de setembro) - Nvunji

Iroco São Francisco

(4 de outubro) - Loco Tempo

Euá Nª.Srª.

das Neves Nª.Srª. de

Monte Serrat - -

Olocum - - Aziri Kaia -

Orunmilá ou Ifá

Santíssimo

Sacramento

(1º domingo

de julho)

- Fá -

Orixás em Cuba Editar

Em Cuba, os orixás são cultuados no ramo mais importante da santería, conhecido

como La Regla de Ocha. Dentro desta está incluido, como um ramo, La Regla de Ifá,

referente à prática de adivinhação.

Segundo Nei Lopes, os orixás cultuados na Regla de Ocha são os seguintes:

Orixás da criação do mundo e dos seres viventes: o Olófin, o aspecto criador por excelência, causa e razão de todas as coisas,

personificação da divindade que se relaciona diretamente com os orixás e os humanos. Como ato preliminar da criação, criou Olodumare para dominar os espaços e Olorún para dominar a energia.

o Olodumare, o Universo com todos os seus elementos, a manifestação material e espiritual de tudo quanto existe na Natureza.

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o Olorún, o Ser Supremo, a força vital e energia impulsionadora do Universo, manifestada pelo Sol que aquece e ilumina.

o Odudua, pai de todos os lucumis, representa os mistérios e segredos da morte.

o Boromú, que vive nos desertos, representa os ossos, o que resta do ser humano após a morte. Esposo de Euá.

o Obatalá é o criador da Terra e escultor dos seres humanos, dono de tudo o que é branco, da cabeça, dos pensamentos e dos sonhos.

o Oké é o orixá dos morros e montanhas, bem como de tudo o que é elevado e alto.

o Ogán é o secretário de Odudua, dono da enxada, e forma uma trindade com Ogbón e Ogboni. É o orixá da inveja, avareza e egoísmo.

o Ori ou Eri é o orixá pessoal, representando o espírito que mora na cabeça do ser humano.

Orixás guardiões, responsáveis pela guarda dos indivíduos e de suas casas: o Ikú, a morte, que vem buscar o humano quando é chegado seu dia e Olófin

pede a sua cabeça. o Egun, que representa o conjunto dos espíritos dos mortos e está sob o poder

de Odudua. o Eleguá, orixá que detém as chaves do destino, abrindo e fechando a porta à

desgraça ou à felicidade e manifestando-se por mais de duzentos avatares, qualidades ou caminhos.

o Ogún, dono dos minerais, montanhas e ferramentas e patrono de todos os que trabalham com o ferro.

o Ochósi, patrono dos que têm problemas com a justiça, mago, adivinho, guerreiro, caçador e pescador.

o Ósun, mensageiro de Obatalá e Olófin e sustentáculo dos poderes divinatórios e Orunmilá.

Orixás da natureza: o Osáin, dono da natureza, principalmente da flora. o Aja e Aroni, orixás ligados a Osáin e às plantas medicinais. o Orichaoko, orixá da terra, da agricultura e das colheitas. o Iroko, orixá da ceiba, bastão de Olófin. o Ochumare, orixá do arco-íris, serpente colorida que surge no céu como sinal

de bênção. Orixás da maternidade:

o Yemayá, mãe da vida e de todos os orixás. o Dada Baldone, protetor dos recém nascidos e das crianças que nascem com os

cabelos muito crespos ou encaracolados. Uma de suas qualidades é Obañeñe. o Ibeyis, protetores dos gêmeos, macho e fêmea, filhos de Changó e Ochún,

criados por Yemayá. o Kori Kotó, orixá feminino da fertilidade e da procriação, protetora das crianças

que nascem predestinadas. Orixás das águas:

o Ochún, mulher de Changó, amiga íntima de Eleguá, é o orixá da feminilidade, símbolo da coqueteria, da graça e da sexualidade femininas.

o Inle, patrono da medicina, protetor dos médicos, dono dos rios e amigo inseparável de Abatá.

o Ologun Edé, filho de Inle e Ochún. o Olokum, dono do oceano, metade homem, metade peixe. o Olosá, irmã e mulher de Olokum, dona dos lagos e lagoas.

Orixás do fogo:

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o Aganyú Solá, um gigante, divindade da terra seca, dos desertos e dos vulcões, protetor dos caminhantes.

o Changó, orixá do fogo, do raio, do trovão e da guerra, mas também da dança, da música e da beleza masculina.

o Ogué, companheiro de Changó, protetor de todos os animais com chifre. o Oroiña, manifestação do fogo universal, o centro incandescente do globo

terrestre, onde nascem os vulcões e os terremotos. Orixás da adivinhação:

o Orumilá ou Orunlá, orixá da adivinhação, reverenciado no culto de Ifá. o Chugudú, uma espécie de Exu, só invocado em ocasiões muito especiais. o Orungan, orixá do meio-dia.

Orixás da saúde e da morte: o Oyá Iansá, dona dos raios, dos temporais e dos ventos, de caráter voluntarioso

e violento. É também dona do cemitério. Além de ter grande poder sobre os eguns, domina os quatro ventos juntamente com Eleguá, Orunlá e Obatalá.

o Oba, orixá guerreira, ligada aos mortos. Também é guardiã das tumbas dos cemitérios e símbolo da fidelidade conjugal.

o Euá, outro orixá feminino dos cemitérios, encarregada de entregar os cadáveres a Oya Iansá. Esposa de Boromú. Orixá de grande respeitabilidade, na sua presença ninguém pode desnudar-se, falar alto ou comportar-se de maneira rude.

o Naná Burucu é a divindade misteriosa e terrível que vive e forma de serpente em mananciais, rios e pântanos.

o Babalú Ayé, orixá da varíola, da lepra, das doenças venéreas e das afecções de pele em geral.

o Ajé Chaluga, orixá da saúde, das primeiras riquezas e da sorte.

Orixás na Umbanda Editar

Na Umbanda, os orixás tomam um caráter mais abstrato do que nos mitos iorubás ou no

Candomblé. São identificados com as sete radiações, energias ou "linhas de vibração"

emanadas pelo Deus supremo, Oludumaré ou Olorum, correspondentes a sete planos

espirituais supostamente presentes em toda parte. São concebidos como aspectos da

divindade suprema, de maneira mais ou menos análoga à concepção do Deus cristão

como constituído de três pessoas.

Três dessas linhas - Oxalá, Xangô e Ogum - reúnem a maioria dos chamados caboclos,

enquanto a maioria das caboclas está relacionadas à linha de Iemanjá, cujos integrantes

são também conhecidos como "povo d'água". A linha de Oxóssi inclui principalmente

caboclos, mas também algumas caboclas. A linha de Yori, reúne os erês ou espíritos

infantis; e a linha de Yorimá, os pretos-velhos e pretas-velhas. Yori e Yorimá, nomes

inexistentes na tradição iorubá, foram cunhados em 1956 por Woodrow Wilson da

Matta e Silva ou "Yapacani" (1917-1988), na primeira edição do seu livro Umbanda de

Todos Nós e são às vezes identificados por outros autores com Ibêji e com Omolu,

respectivamente.

Além disso, cada uma dessas linhas reúne também exus, o "povo da rua", sendo que os

exus femininos ou pombagiras são agrupados (assim como as caboclas) na linha de

Iemanjá. Chama-se de Umbanda o trabalho ritual com as entidades das falanges e de

Quimbanda com as entidades das legiões, mas não se trata de duas religiões ou seitas

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diferentes: ambas pertencem ao mesmo sistema de crenças (geralmente denominado

simplesmente "Umbanda") e são freqüentemente praticadas nas mesmas tendas ou

terreiros, pelos mesmos pais-de-santo ou mães-de-santo.

Cada uma dessas sete linhas se subdivide em uma legião formada por sete falanges de

caboclos, erês ou pretos-velhos e outra legião formada por sete falanges de exus. Cada

falange também é vista como uma "vibração", sob as quais se agrupam milhares de

espíritos propriamente ditos, às vezes identificados com os eguns do candomblé,

espíritos que não se reencarnam, mas trabalham em harmonia com os orixás e são

incorporados pelos pais-de-santo e mães-de-santo, ao passo que os orixás propriamente

ditos nunca são incorporados. A primeira falange de cada legião exprime a linha em sua

forma mais "pura" e seu líder é considerado também o líder de toda a legião. Cada uma

das outras legiões representa uma conexão com alguma das outras linhas e tem algo da

linha em relação à qual é tida como "intermediária".

Os orixás ou "orixás maiores" da Umbanda, portanto, constituem mais uma chave de

classificação desses espíritos do que entidades com mito e personalidade próprias. O

falangeiro, espírito principal e suposto líder de cada falange (que pode ser um caboclo,

preto-velho, exu etc.) é às vezes considerado um "orixá menor". Líderes de sub-falanges

(sete para cada falange) também podem ser considerados "orixás menores", enquanto os

de hierarquia inferior são chamados "guias" e os que estão abaixo deles de "protetores".

Como há sete graus na hierarquia e cada um se subdivide em sete, chega-se a um total

de 49 orixás menores (1º, 2º e 3º graus), 2.401 guias (4º grau) e 823.543 protetores (5º,

6º e 7º graus). Abaixo destes, segundo alguns, estão os "capangueiros".

Alguns terreiros contam uma oitava linha, "Linha do Oriente", ou a colocam no lugar da

linha de Yori. Trata-se de uma linha que abrange espíritos de "sábios do Oriente",

hindus, árabes, chineses, e mesmo romanos, gauleses, incas, astecas e médicos e

cirurgiões da cultura ocidental moderna e seria chefiada por São João Batista. Reúne, na

prática, todos os espíritos e entidades que não se originam da cultura popular brasileira.

Em Matta e Silva, esses espíritos estão integrados na primeira linha, a de Oxalá.

Pertencem às linhas tradicionais, por outro lado, todos os negros e africanos (pretos-

velhos), o "povo da rua" urbano e marginal (exus e pombagiras), crianças brasileiras

(erês), indigenas brasileiros (caboclos) e personagens diversos da cultura popular

brasileira (boiadeiros, baianos, marinheiros e ciganos, geralmente classificados também

como "caboclos").

A tabela abaixo resume uma entre outras possíveis classificações de orixás na

Umbanda, baseada em Matta e Silva. É popular entre os umbandistas, mas ante a grande

variedade de interpretações que existe entre diferentes tendas e terreiros, não pode ser

considerada canônica. É apenas um exemplo da lógica classificatória da

umbanda/quimbanda.

Organização das Falanges

Linha Astro e Conceito Falanges e Umbanda Quimbanda

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(Orixá) Arcanjo Intermediários

Oxalá

Legião

Sol

Gabriel Paz

1ª Falange - Oxalá

2ª Falange - Ogum

3ª Falange - Oxóssi

4ª Falange - Xangô

5ª Falange - Yorimá

6ª Falange - Yori

7ª Falange - Iemanjá

1ª Caboclo Urubatão

2ª Caboclo Guaraci

3ª Caboclo Guarani

4ª Caboclo Aimoré

5ª Caboclo Tupi 6ª Caboclo

Ubiratã 7ª Caboclo

Ubirajara

1ª Exu Sete Encruzilhadas

2ª Exu Sete Poeiras

3ª Exu Sete Cruzes

4ª Exu Sete Chaves

5ª Exu Sete Pembas

6ª Exu Sete Capas

7ª Exu Sete Ventanias

Ogum

Legião

Marte

Samuel Vitória

1ª Falange - Ogum

2ª Falange - Oxalá

3ª Falange - Oxóssi

4ª Falange - Xangô

5ª Falange - Yori

6ª Falange - Yorimá

7ª Falange - Iemanjá

1ª Caboclo Ogum da Lei

2ª Caboclo Ogum Matinada

3ª Caboclo Ogum Rompe-Mato

4ª Caboclo Ogum Beira-Mar

5ª Caboclo Ogum Malê

6ª Caboclo Ogum Megê

7ª Caboclo Ogum Iara

1ª Exu Tranca-Ruas das Almas

2ª Exu Tira-Teimas

3ª Exu Veludo 4ª Exu Arranca-

Toco 5ª Exu Porteira 6ª Exu Limpa-

Trilho 7ª Exu Tranca-

Gira

Oxóssi

Legião

Vênus

Ismael Cura

1ª Falange - Oxóssi

2ª Falange - Ogum

3ª Falange - Oxalá

4ª Falange - Xangô

5ª Falange - Yori

6ª Falange - Yorimá

7ª Falange - Iemanjá

1ª Caboclo Arranca-Toco

2ª Caboclo Araribóia

3ª Caboclo Arruda

4ª Caboclo Cobra-Coral

5ª Caboclo Tupinambá

6ª Cabocla Jurema

7ª Caboclo Pena-Branca

1ª Exu Marabô 2ª Exu Pemba 3ª Exu Campina

ou dos Rios 4ª Exu da Capa

Preta 5ª Exu Lonã 6ª Exu Bauru 7ª Exu das

Matas

Xangô

Júpiter

Miguel Justiça

1ª Falange - Xangô

2ª Falange -

1ª Caboclo Xangô Caô

2ª Caboclo

1ª Exu Gira-Mundo

2ª Exu

Page 10: 159678069-Orixas-Sonia.pdf

Legião Oxalá 3ª Falange -

Oxóssi 4ª Falange -

Xangô 5ª Falange -

Yorimá 6ª Falange -

Yori 7ª Falange -

Iemanjá

Xangô Pedra-Branca

3ª Caboclo Xangô Agodô

4ª Caboclo Xangô Sete-Montanhas

5ª Caboclo Xangô Sete-Cachoeiras

6ª Caboclo Xangô Pedra-Preta

7ª Caboclo Xangô Sete-Pedreiras

Mangueira 3ª Exu Pedreira 4ª Exu

Corcunda 5ª Exu Calunga 6ª Exu Meia-

Noite 7ª Exu Ventania

Yorimá

Legião

Saturno

Yramael Sabedoria

1ª Falange - Yorimá

2ª Falange - Oxalá

3ª Falange - Oxóssi

4ª Falange - Ogum

5ª Falange - Xangô

6ª Falange - Yori

7ª Falange - Iemanjá

1ª Pai Guiné 2ª Pai Tomé 3ª Pai Joaquim 4ª Pai Benedito 5ª Vovó Maria

Conga 6ª Pai Congo

d´Aruanda 7ª Pai Arruda

1ª Exu Pinga-Fogo

2ª Exu Come-Fogo

3ª Exu Bara (Elegbara)

4ª Exu Alebá (Elegbara)

5ª Exu Caveira 6ª Exu do Lodo 7ª Exu Brasa

Yori

Legião

Mercúrio

Yoriel Pureza

1ª Falange - Yori

2ª Falange - Oxalá

3ª Falange - Oxóssi

4ª Falange - Ogum

5ª Falange - Xangô

6ª Falange - Yorimá

7ª Falange - Iemanjá

1ª Tupãzinho 2ª Ori 3ª Damião 4ª Iari 5ª Doum 6ª Cosme 7ª Iariri

1ª Exu Tiriri 2ª Exu

Toquinho 3ª Exu

Manguinho 4ª Exu Ganga 5ª Exu Lalu 6ª Exu

Veludinho 7ª Exu Mirim

Iemanjá

Legião

Lua

Rafael Amor

1ª Falange - Iemanjá

2ª Falange - Oxalá

3ª Falange - Oxóssi

4ª Falange -

1ª Cabocla Iara 2ª Cabocla

Estrela do Mar 3ª Cabocla

Indaiá 4ª Cabocla do

Mar

1ª Exu Pombagira Rainha

2ª Exu Carangola

3ª Exu Nanguê 4ª Exu Maria

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Ogum 5ª Falange -

Xangô 6ª Falange -

Yorimá 7ª Falange -

Yori

5ª Cabocla Iansã

6ª Cabocla Nanã Burucum

7ª Cabocla Oxum

Padilha 5ª Exu Maré

(Oxumaré) 6ª Exu Gererê 7ª Exu do Mar

Umbanda com Quatorze Orixás Editar

Uma interpretação mais recente atribui dois orixás a cada linha da Umbanda,

representando seus aspectos ativo e passivo, ou feminino e masculino, chegando a um

total de quatorze orixás.

O seguinte esquema é da Fraternidade Confraria da Luz [1]

Linha Par Vibracional

Oxalá Odudua

Ogum Obá

Oxóssi Ossãe

Xangô Iansã

Yori Oxum

Yorimá Nanã

Iemanjá Oxumaré

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O esquema abaixo corresponde ao de As sete linhas de Umbanda de Rubens Saraceni [2]

:

Linha Pólo Ativo Pólo Passivo

Primeira Oxalá Oiá

Segunda Oxum Oxumaré

Terceira Oxóssi Obá

Quarta Xangô Iansã

Quinta Ogum Egunitá

Sexta Obaluaiê Nanã

Sétima Iemanjá Omolu

Notas Editar

1. ↑ "As Sete Linhas da Umbanda" [1]

2. ↑ Blog de SM-Umbanda e Anjos[2]

Referências Editar

Pierre Fatumbi Verger, Orixás: deuses iorubás na África e no Novo Mundo, São

Paulo: Corrupio, 1981

Nei Lopes, Kitábu: o livro do saber e do espírito negro-africanos, Rio de

Janeiro: Senac, 2005

Rita Amaral, "Povo-de-santo, Povo de Festa: a centralidade da festa de

candomblé como potência estruturante da religião", em Os Urbanitas, ano 1,

vol. 1, nº 1 [3]

Rita Amaral & Vagner Gonçalves da Silva, "Cantar para subir - um estudo

antropológico da música ritual no candomblé paulista" [4]

Woodrow Wilson da Matta e Silva, Mistérios e Práticas da Lei de Umbanda,

Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1981

Umbanda racional: sincretismo [5]

Umbanda menor: sincretismo [6]

Thiago Luiz Ferreira Miranda, "O Canto do Sabiá e o Pio da Coral" em

Estudando a Umbanda [7]

O que são e quais são as 7 Linhas de Umbanda [8]

Arcanjos e Orixás [9]

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Os Orixás

Os Orixás não são Deuses como muitas pessoas podem conceber como em

outras religiões, mas sim Divindades criadas por um único Deus: Olorun

(dentro da corrente Nagô) ou Zamby (dentro da corrente Bantu e das

correntes sincréticas).

Na UMBANDA (de uma maneira geral, pois existem variações referentes às

diversas ramificações existentes), os Orixás são cultuados como divindades

de um plano astral superior, ARUANDA, que na Terra representam às

forças da natureza (muitas vezes confundindo-se a força da natureza com o

próprio Orixá):

Exu: o mensageiro, o ponto de contato entre os Orixás e os seres humanos;

Oxalá: o senhor da força, o senhor do poder da vida.

Oxum: as águas doces;

Iemanjá: a rainha dos peixes das águas salgadas;

Iansã: os ventos, chuvas fortes, os relâmpagos;

Xangô: a força do trovão e o fogo provocado pelos relâmpagos quando (diz

uma lenda que "sem Iansã, Xangô não faz fogo ... ") chegam 'a Terra;

Ogum ou Ogun: senhor dos caminhos; os desbravador dos caminhos; senhor

do ferro;

Oxossí: o Orixá Odé, o Orixá caçador, senhor da fartura 'a mesa, senhor da

caça;

Ossãe: o Orixá das folhas e, sem folhas, nada é possível na Umbada ou no

Candomblé; o dono, preservador, das matas e florestas, das folhas

medicinais, das ervas de culto;

Obá: a guerreiro, a força da libertade;

Nanã: senhora do lodo, das águas lodosas da junção entre o rio e o mar,

fonte de vida, e também senhora da morte;

Obaluayê: "O dono da Terra, o Senhor da Terra"; o Orixá das doenças,

senhor dos mortos (pois conta uma lenda que Obaluayê foi o único Orixá que

dominou a morte, Iku); é aquele que tira a doença, mas também aquele que

dá a doença.

Oxumaré: é o Orixá do arco-íris, um dos pontos de ligação entre o Aye (a

Terra) e o Orun (o Céu); também representa a fartura, o bem estar.

Page 15: 159678069-Orixas-Sonia.pdf

A cada Orixá está associada uma personalidade e um comportamento diante

do mundo e com seus filhos, os quais, são seus protegidos e uma parte das

emanações do próprio Orixá, presentes no Orí ou Camatuê (Cabeça) desses

filhos.

Orixá, dentro do culto Umbandista (de uma maneira geral) não são

incorporados (não se incorpora o fogo de Xangô, os ventos de Iansã, as

águas doces de Oxum ...). O que se vê dentro dos vários terreiros, centros,

tendas etc, são os Falangeiros dos Orixás (ou também conhecidos como

encantados); ou seja, Espíritos (não reencarnacionais) de grande força

espiritual (de grande Luz, como alguns gostam de falar) que trabalham sob

as Ordens de um determinado Orixá.

Os Falangeiros são os representantes dos Orixás, e, em muitos casos, a

essência dos próprios Orixas manifestada nos médiuns, pois sua força é a

emanação pura dos Orixás (ou como alguns dizem: são a vibração virginal dos

Orixás). Sendo assim, eles podem incorporar nos médiuns, em seus “cavalos”,

e mostram sua presença e sua força em nome de um Orixá. Porém, são

frágeis (o médium pode perder sua sintonia muito facilmente) e exigem

muito dos médiuns, não podendo permanecer por muito tempo em Terra.

Podemos utilizar como exemplos de falangeiros:

Ogum

Falangeiros de Ogum

Ogum Beira-Mar

Ogum Megê

Ogum Sete Ondas

Ogum Sete Espadas

Ogum Iara

Ogum Matinata

Ogum Rompe-Mato

Em algumas ramificações da Religião de Umbanda (nas Umbandas de

Caboclo, Umbanda branca, Umbanda esotéria e nas Umbandas voltadas ao

Espiritismo ou Kardecismo) que não trabalham diretamente com os Orixás ,

na forma de Falangeiros de Orixás (não estão ligados a uma corrente

africana), o trabalho com os Orixás é feito com os Guias (Espíritos

reencarnacionais, pois já tiveram vida corpórea) chamados "Capangueiros de

Page 16: 159678069-Orixas-Sonia.pdf

Orixás", ou seja, são Guias (entidades que falam, bebem, fumam, dão

consultas ...) que vêm na vibração ou emanação daquele Orixá. Na maioria

das vezes, são Caboclos que cumprem essa função e carregam o nome do

Orixá junto ao deles, como:

Caboclo Ogum Iara;

Caboclo Ogum Sete Espadas;

Caboclo Ogum Beira-mar;

Caboclo Xangô das Matas;

Caboclo Xangô Sete Pedreiras ...

Existem casos (talvez por isso cause tanta confusão) que os médiuns não

colocam a palavra caboclo na frente do nome do Capangueiro, e acaba saindo

Ogum Iara, Ogum Sete Espadas, em vez de Caboclo Ogum Iara, Caboclo

Ogum Sete Espadas ... Isso confunde as pessoas e elas acabam achando que

estão trabalhando com um Orixá, que o Orixá bebe, fuma, dá consultas etc.

Porém, o que está se manifestando alí (com grande força e beleza), são

Guias, são os Capangueiros.

Então como diferenciar os Falangeiros dos Orixás e os Guias Capangueiros

dos Orixás?

É simples. Os Falangeiros dos Orixás não falam, não bebem, não fumam (na

grande maioria dos casos), não dão consultas, e estão vinculados à casas de

corrente Africana (casas de Umbanda com fundamentos como feitura,

camarinha, boris, obrigações, oferendas, cortes ...). Trabalham na

harmonização do terreiro, afastando cargas e no desenvolvimento e

equilíbrio dos médiuns. Já os Guias Capangueiros dos Orixás dão consultas,

fumam, bebem, e falam (interagem) com os assistenciados (e as casas em

que trabalham, em sua grande maioria, não estão vinculados à corrente

Africana diretamente).

Só lembrando que todos os guias (Pretos-velhos, Caboclos, Crianças,

Boiadeiros, Marinheiros, Baianos, Exus / Pombogiras, ...) trabalham sob as

ordem de um Orixá e também podem ser considerados como "Capangueiros".

A diferença entre eles e os Guias Capangueiros dos Orixás é que eles não

carregam em seus nomes o próprio nome do Orixá de trabalho.

Dentro da cultura Afro-brasileira é considerada a existência de uma “vida

passada na Terra”, na qual os Orixás teriam entrado em contato direto com

os seres humanos, aos quais passaram ensinamentos diretos e se mostraram

em forma humana.

Page 17: 159678069-Orixas-Sonia.pdf

Essa teria sido uma época muito distante na qual o ser humano necessitava

da presença física dos Orixás (um estado presencial em forma humana), pois

o ser humano ainda se encontrava em um estágio muito primitivo, tanto

materialmente como espiritualmente.

Após passarem seus ensinamento voltaram à Aruanda, mas deixaram na

Terra sua essência e representatividade nas forças da natureza.

Em algumas correntes Umbandistas ditas sincréticas há a associações entre

Oxalá e Jesus Cristo, entre Santo Antônio e Exu, entre Santa Bárbara e

Iansão, entre São Jorge e Ogum ... E isso acabaou virando "uma simbiose

Espiritual, uma apropriação simbólica", em que a imagem do Santo Católico

apenas representa um Orixá, mas não é o Orixá; é apenas um símbolo, uma

referência material e a apropriação da data de comemoração do Santo para

se louvar o Orixá. Entendendo assim, que não se "baixa" São Jorge em umo

terreiro, não se baixa Santa Bárbara, mas sim, o Orixá, que é representado

com a imagem do Santo.

Em alguns terreiros de Umbanda a associação sincrética (não em todos)

acabau virando transmutação religiosa. Esses terreiros de Umbanda

acreditam que Oxalá é Jesus e utilizam toda uma forma doutrinária voltada

ao Cristianismo. Uns até utilizam a Bíblia e, outros, o Evangelho Segundo o

Espiritismo em sua doutrina e estudos. Daí acabou surgindo as correntes

que se auto denominam como "Umbanda Cristã" ou "Umbandista Cristã".

Os Orixás e seus dias de comemoração (sincretismo Afro-Católico):

Orixá Sincretizado Como: Comemoração

Exu* Santo Antônio 13 de Junho

Iansã Santa Barbara 4 de Dezembro

Iemanjá Nossa Senhora da Glória 15 de Agosto

Nanã Nossa Senhora de Sant'Anna 26 de Julho

Oba Joana d'Arc 30 de Maio

Obaluayê São Roque 16 de Agosto

Ogum

São Jorge 23 de Abril

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Oxalá Jesus Cristo 25 de Dezembro

Omulu São Lázaro 17 de Dezembro

Oxossi São Sebastião 20 de Janeiro

Oxum Nossa Senhora da Conceição 8 de deDezembro

Oxumaré São Bartolomeu 24 de Agosto

Xangô São Jerônimo 30 de Setembro

* O Orixá Exu não é sincretizado como o Diabo Judaico-Cristão. Exu não é Diabo e nunca foi. Isso foi uma invenção doentia que ainda macula o bom nome da religião de Umbanda.

A UMBANDA é dividida em linhas. Cada uma delas com um chefe, um Orixá

que a comanda. E cada linha é dividida em falanges:

As 7 Linhas das Umbanda:

As linhas representão os grupamentos dos Orixás e seus falangeiros que

atuam dentro da Umbanda.

Não existe uma ortodoxia dentro da Umbanda. Assim, existem diversas

representações das 7 linhas, e, em algumas correntes, já citam a

possibilidade de existirem não 7, mas 9 linhas, ou mesmo 14 linhas.

Existe um concenso de 5 linhas fixas (Oxalá, Xangô, Ogum, Yemanjá e

Oxossi) e duas linhas variáveis que serão ocupadas de acordo com os

fundamentos doutrinários oriundos de cada forma doutrinária de Umbanda.

Dentro do trabalho da "Umbanda de pretos-velhos", as linhas assim estão

dispostas:

Linha

Orixás

componentes à

linha

Falangeiros ou

falange

subordinada

Linha de Oxalá Todos os Orixás

Guias Flangeiros de

Oxalá, guias mais

comuns: Pretos-

Velhos, Caboclos e

Crianças.

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Linha de Iemanjá ou

Yemanjá

Oxum, Nanã, Obá e

Oxumaré

Marinheiros,

Sereias, Ondinas,

Caboclos de

Iemanjá,

Falangeiros do

Orixá Iemanjá,

Guias Falangeiros

de Iemanjá.

Linha de Xangô Iansã

Falangeiros do

Orixá Xangô, Guias

Falangeiros do

Orixá

Xang,Caboclos de

Xangô, falange do

Oriente.

Guias mais comuns:

Caboclos e Baianos.

Linha de Ogum

Falangeiros do

Orixá Ogum, Guias

Falangeiros do

Orixá Ogum,

Falangeiros em

geral.

Linha de Oxossi

Falangeiros do

Orixá Oxossi,

Guias Falangeiros

do Orixá Oxossi,

Falangeiros em

geral, guias mais

comuns: Caboclos,

Baoiadeiros e

Baianos.

Linha de Almas ou

Pretos-Velhos

(Linha Africana ou dos

Ancestrais -

Babalorixás, Yalorixás,

Sacerdotes diversos)

Interagem com a

Linha do Orixá

Omulu.

Pretos-velhos.

Linha de Omulu Obaluayê Pretos-velhos e

Caboclos,

Page 20: 159678069-Orixas-Sonia.pdf

curadores e

mandingueiros,

Exus e Pombogiras.

Outras linhas conhecidas em outras ramificações da Umbanda:

Linha

Linha de Oxalá

Linha de Iemanjá ou

Yemanjá

Linha de Xangô

Linha de Ogum

Linha de Oxossi

Linha de Yorimá (ou

Omulu)

Linha de Yori (Crianças)

Ramificação mais comum de sua utilização: Umbanda esotérica, algumas

Umbandas brancas, algumas Umbandas populares.

Linha

Linha de Oxalá

Linha de Iemanjá ou

Yemanjá

Linha de Xangô

Linha de Ogum

Linha de Oxossi

Linha de São Cipriano

(Pretos-velhos)

Linha de Oriente

Ramificação mais comum de sua utilização: algumas Umbandas brancas,

algumas Umbandas populares.

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As falanges dentro das Linhas

As falanges são formadas por grupos de características iguais chamados

guias, assim temos os seguintes grupamentos dentro da Umbanda:

Pretos-velhos

Caboclos

Crianças

Boiadeiros

Marinheiros

Exus

Outras falanges trabalhadas em outras ramificações da Umbanda:

Baianos

Ciganos

Orientais

Mineiros

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Orixás são elementos da natureza, cada orixá representa uma força da

natureza.

Quando cultuamos nossos orixás, cultuamos também as forças elementares

oriundas da água, da terra, do ar, do fogo, etc. Essas forças em equilíbrio

produzem uma enorme energia (asé), que nos auxilia em nosso dia a dia,

ajudando para que nosso destino se torne cada vez mais favorável.

Sendo assim, quando dizemos que adoramos deuses, nós nos referimos a

estarmos adorando as forças da natureza, forças essas pertencentes a criação do grande pai. Pai esse

conhecido por nós como "Ólorun"ou Olodumaré (Deus supremo).

No Brasil, erroneamente, diz-se que Oxalá é o pai maior. Na verdade, Oxalá é um dos mais velhos, Orixá

Fun Fun* (Nota: quando nos referirmos a Ifá/Iyami, a fim de não criar confusões, pedimos que visitem o

nosso portal Matriz Afro para ter esclarecimentos mais abrangente e técnicos sobre a senhoridade e

Cronologia) Orisála por ser sincretizado no Brasil com Jesus Cristo, é cultuado como "Orisá maior", no

Brasil o mais respeitado e o mais velho entre os Orixás.

A grande maioria das nações africanas anterior a era cristã, conheciam a existência de Ólorun como

grande criador, ser fundamental.

Acreditamos que nosso Deus "é o todo". E o todo é a natureza e seus integrantes, (animais,

vegetais, homens, planetas, etc.)

Nota: Olorun está acima da vaidade pessoal e de religiões que buscam sempre monopolizar o seu

poder.

Nosso Deus jamais pune seus filhos tão pouco condena-os a fogueira eterna, também nunca os entregou

ao seu maior inimigo (Satanás) após cometer erros divinos chamado de pecados eternos, nosso deus não

destrói países e não aniquila civilizações de filhos amados por ciúmes quando não adorado, amado ou

seguido...

Como pai, jamais deixaria de perdoar meus filhos, tão pouco condenaria-os ao extermínio por erros que

cometem ou possam cometer.

O verdadeiro pai perdoa, ensina, ama e protege seus filhos.

Portanto nosso deus é um pai mais perfeito que qualquer outro pai...

Como já havíamos comentado, nosso panteão nada mais é que a junção das energias de todo os

elementos da natureza, cada elemento e força da natureza é por nós representado por um Orixá...

Aprendemos a sentir e manipular essas energias individualmente através de cada Orixá, os seguidores

iniciados(iyawos) sobre a influência de um Orixá, específico,detém mais energia do seu influente que os

filhos de outros Orixás.

Exemplo: Os filhos de Ossain possuem mais energia voltada para as curas e plantas do que os filhos de

Ogun que possuem por sua vez, detém mais energia voltado a armas, metais, ferramentas, etc.

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Em resumo, quase todos os Orixás tiveram uma curta passagem pelo nosso mundo, sendo muitos

ancestrais divinizados que após fatos heróicos ou divinos, e por possuerem energia extrema, maior que a

capacidade humana poderia suportar, encantaram-se e/ou retornaram ao Orun (céu), deixando para nós,

segredos e ensinamentos, encurtando a ligação do material ao espiritual. Ligação essa, que nós

preservamos e usamos não só para nós, mas também para as pessoas que nos procuram, mesmo sem

ter ligações diretas com a religião. Essas ligações são em sua grande maioria revelados por IFÁ, cujo

veremos na parte relacionado a Odús.

Em nossa religião, é fundamental a integração com a natureza, pois quanto maior o contato com a

natureza, maior será seu desenvolvimento, sua energia, seu asé e portanto, maior será o cordão (elo) de

ligação com seu Orixá aproximando mais de olorum(Deus criador/construtor de todo o universo).

Orixá significa também o caminho que nos guia em determinados pontos de nossas vidas, caminhos

revelados por Ifá onde se faz necessário o devido culto para que os que dele pertencem seguir e

equilibrar sua energia durante o tempo que permanecerá no aiye (terra).

Entre todos Orixás, salientamos o de maior e incontestável importância que é ORI, seu Deus pessoal, sua

identidade, sua conciência viva e presente, que antes de tudo deve ser muito bem cuidada, alimentada e

equilibrada para que se possa ter a consiência e o o equilíbrio mental para possuir ou ser conduzido na

Energia pura de Orixá

(Orisá).

Finalizando: energia = natureza; natureza = Orixá; Orixá = caminho.

Texto Obanise

Finalizando: energia = natureza; natureza = orixá; orixá = caminho.