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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Luiza Prado Ricardo dos Santos RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO NO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA CURITIBA 2010

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Page 1: 151338 Relatorio de Estagio

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Luiza Prado Ricardo dos Santos

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO NO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA

CURITIBA

2010

Page 2: 151338 Relatorio de Estagio

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO NO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA

CURITIBA

2010

Page 3: 151338 Relatorio de Estagio

Luiza Prado Ricardo dos Santos

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO NO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA

CURITIBA

2010

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Medicina

Veterinária da Faculdade de Ciências e

Saúde da Universidade Tuiuti do

Paraná, como requisito parcial para a

obtenção do grau de Médica

Veterinária.

Professor Orientador: Profo M.Sc.

Manoel Lucas Javorouski

Orientador Profissional: M.Sc. James

M. Rasmussen

Page 4: 151338 Relatorio de Estagio

Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Prof ª. Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel Santos Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Profº. João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Prof ª. Ana Laura Angeli Campus Prof. Sydnei Lima Santos (Barigüi) e Reitoria R. Sydnei Antônio Rangel Santos CEP 82.010-330 – Santo Inácio Fone (41) 3331-7700

Page 5: 151338 Relatorio de Estagio

TERMO DE APROVAÇÃO

Luiza Prado Ricardo dos Santos

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO NO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Médica Veterinária no Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 03 de dezembro de 2010

Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Profº. M.Sc. Manoel Lucas Javorouski Profº. de Clínica de Animais Selvagens e de Zoológico da UTP

Profº. Antônio Carlos do Nascimento Profº. de Zootecnia Geral da UTP

Profª. M.Sc.Taís Marchand Rocha Moreira Profª. de Clínica Médica de Pequenos Animais I e II e Semiologia Veterinária da UTP

Diretora da Clínica Escola de Medicina de Veterinária da UTP

Page 6: 151338 Relatorio de Estagio

Dedico este trabalho a Deus e a todos aqueles que atuam no bem, principalmente aqueles que ainda têm fé na justiça e na honestidade.

Page 7: 151338 Relatorio de Estagio

AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas mantiveram um papel essencial neste meu caminho de

descoberta, participando ativamente nas discussões quanto aos meus anseios e

devaneios, tanto acadêmicos, como pessoais, me incentivando e acreditando

sempre no meu potencial.

Mãe, obrigada por sempre acreditar em mim, por me incentivar a prosseguir

não importando quais fossem os obstáculos, pelos abraços, carinhos, as motivações

e confiar nas idéias maluquinhas que tenho de vez em quando. Pai, obrigada por

sempre estar do meu lado, pelo amor e a atenção. Por me ensinar a lutar pelo que

acreditamos e levar a vida com alegria e esperança. Thaysa, minha melhor amiga e

terceira mãe, obrigada por sempre me apoiar. Você é meu orgulho, não tem como

eu expressar o quanto te admiro, desde pequena. Vó Edy, que sempre foi minha

segunda mãe em todos os ensinamentos e ajudas, a senhora é uma vencedora que

sempre me inspirei em sua força. Felipe, meu noivo lindo, meu melhor amigo, meu

confidente. Nossa vida juntos só está começando, mas obrigada por sempre me

auxiliar em tantos momentos difíceis com palavras de amor e carinho me ajudando a

não desistir e a acreditar. Eu te amo muito. Natasha, minha irmãzinha, sempre

estarei aqui para você. Povo de Blu, vocês estão sempre no meu coração e no meu

pensamento.

E finalmente, porém não menos importante, agradeço a instituição e a todos

os meus mestres, principalmente aqueles que alimentaram os meus sonhos e minha

fé contribuindo para meu desenvolvimento acadêmico. Obrigada professor Manoel

pela ajuda e orientação na elaboração deste trabalho de conclusão do curso. A

todos os que de forma direta ou indireta, contribuíram para o alcance da conclusão

desta etapa da minha formação acadêmica.

Page 9: 151338 Relatorio de Estagio

APRESENTAÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao curso de

Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da

Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de

Médica Veterinária, na qual são descritas as atividades realizadas por Luiza Prado

Ricardo dos Santos durante o período de 26 de julho de 2010 a 1º de outubro de

2010, no Hospital Veterinário do Zoológico de Minnesota nos Estados Unidos da

América cumprindo estágio curricular obrigatório.

Page 10: 151338 Relatorio de Estagio

RESUMO

O objetivo deste trabalho é descrever as atividades desenvolvidas durante o período do estágio curricular no Hospital Veterinário do Zoológico de Minnesota nos Estados Unidos da América, no período de 26 de julho de 2010 a 1º de outubro de 2010. São descritos alguns casos clínicos acompanhados, além de procedimentos realizados e instalações do hospital veterinário. Este trabalho foi elaborado pela acadêmica Luiza Prado Ricardo dos Santos do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Palavras chave: Estágio curricular; Animais Selvagens; Medicina Veterinária; Zoológico.

Page 11: 151338 Relatorio de Estagio

ABSTRACT

The aim of this paper is to describe the activities undertaken during the period of the obligatory externship at the Veterinary Hospital of the Minnesota Zoo in the United States, from July 26, 2010 to 1st October 2010. Additionally, some clinical cases accompanied, besides the facilities and procedures. This work was done by the academic Luiza Prado Ricardo dos Santos, student of the Veterinary Medicine course of Tuiuti’s University. Keyword: obligatory externship; Wildlife; Veterinary Medicine; Zoo.

Page 12: 151338 Relatorio de Estagio

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS..................................................................................................14

LISTA DE FIGURAS...................................................................................................15

LISTA DE GRÁFICOS................................................................................................18

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ................................................19

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................20

2. OBJETIVO GERAL DO ESTÁGIO........................................................................21

3.OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO ESTÁGIO...........................................................22

4. LOCAL DO ESTÁGIO............................................................................................23

4.1. SALA DE PROCEDIMENTO...............................................................................26

4.2. SALA DE NECROPSIA.......................................................................................28

4.3. LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS........................................................29

4.4. INTERNAMENTOS.............................................................................................30

4.5. CENTRO CIRÚRGICO........................................................................................30

4.6. QUARENTENA....................................................................................................33

4.7. SALA DE MEDICAMENTOS...............................................................................33

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS..........................................................................34

5.1. CASUÍSTICA.......................................................................................................36

6. CASOS CLÍNICOS.................................................................................................38

6.1. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA EM OURIÇO-PIGMEU-AFRICANO (Atelerix

albiventris, G. FISHER, 1814) ...................................................................................38

6.1.1. Revisão de literatura.........................................................................................38

6.1.1.1. Biologia..........................................................................................................38

6.1.1.2. Insuficiência Cardíaca...................................................................................39

6.1.1.2.1. Fisiopatologia.............................................................................................39

6.1.1.2.2. Etiologia......................................................................................................40

6.1.1.2.3. Sinais Clínicos............................................................................................41

Page 13: 151338 Relatorio de Estagio

6.1.1.2.4. Diagnóstico.................................................................................................41

6.1.1.2.5. Tratamento.................................................................................................43

6.1.1.2.6. Prognóstico.................................................................................................45

6.1.2. Relato de caso..................................................................................................45

6.1.3. Discussão.........................................................................................................51

6.2. PARAPOXVIRUS EM BOI-ALMISCARADO (Ovibos moschatus, ZIMMERMANN,

1780) .........................................................................................................................53

6.2.1. Revisão de literatura.........................................................................................53

6.2.1.1. Biologia..........................................................................................................53

6.2.1.2. Ectima Contagioso........................................................................................55

6.2.2. Relato de caso..................................................................................................58

6.2.3. Discussão.........................................................................................................61

6.3. LESÃO CRÔNICA EM JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei,

BLYTH, 1853) ............................................................................................................63

6.3.1. Revisão de Literatura.......................................................................................63

6.3.1.1. Biologia..........................................................................................................63

6.3.1.2. Dermatologia em Répteis..............................................................................65

6.3.2. Relato de caso..................................................................................................67

6.3.3. Discussão.........................................................................................................71

7. CONCLUSÃO........................................................................................................73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................74

Page 14: 151338 Relatorio de Estagio

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 ATIVIDADES CLÍNICAS REALIZADAS NO PERÍODO DE 26 DE

AGOSTO A 01 OUTUBRO DE 2010, NO HOSPITAL VETERINÁRIO DO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, USA...................................................................36

TABELA 2 - PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS REALIZADOS NO PERÍODO DE 26 DE AGOSTO A 01 OUTUBRO DE 2010, NO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, USA...................................................................37

Page 15: 151338 Relatorio de Estagio

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - MAPA DA LOCALIZAÇÃO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, NO ESTADO DE MINNESOTA, CIDADE DE APPLE VALLEY, EUA............................................................................................................................23

FIGURA 2: VISTA PARCIAL DA FACHADA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA............................................................................................................................25

FIGURA 3: SALA DE PROCEDIMENTOS HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA........................................................................26

FIGURA 4: PROCEDIMENTO DE CORREÇÃO DE BICO EM FALCÃO-PEREGRINO (Falco

peregrinus) REALIZADO NA SALA DE TRATAMENTO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA,

EUA.........................................................................................................................................27

FIGURA 5: PROCEDIMENTO ULTRA-SONOGRÁFICO PARA DIAGNÓSTICO DE

HEPATOPATIA EM LINCE-CANADENSE (Lynx canadensis), REALIZADO NA SALA DE

TRATAMENTO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA,

LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.......................................................27

FIGURA 6: SALA DE NECROPSIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.......................................................28

FIGURA 7: PROCEDIMENTO DE NECROPSIA REALIZADO EM BISÃO-AMERIACANO

(Bison bison) NO LABORATÓRIO DE DIAGNÓSTICO DA UNIVERSIDADE DE

MINNESOTA, USA.................................................................................................................29

FIGURA 8: LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS HOSPITAL VETERINÁRIO DO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA,

EUA.........................................................................................................................................30

FIGURA 9: CENTRO CIRÚRGICO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA,

EUA.........................................................................................................................................31

FIGURA 10: PROCEDIMENTO ODONTOLÓGICO DE ROTINA EM LONTRA-ANÃ-

ORIENTAL (Aonyx cinerea) REALIZADO NO CENTRO CIRÚRGICO DO HOSPITAL

VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA........................................32

FIGURA 11: INDUÇÃO ANESTÉSICA DE LINCE-CANADENSE (Lynx canadensis)

EM CÂMARA DE CONTENÇÃO, PARA EXAME DE ROTINA, REALIZADA NO

CENTRO CIRÚRGICO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE

MINNESOTA, EUA.....................................................................................................32

FIGURA 12: RAPTOR CENTER LOCALIZADO NA UNIVERSIDADE DE MINNESOTA, NA CIDADE DE MINNEAPOLIS, EUA................................................35

Page 16: 151338 Relatorio de Estagio

FIGURA 13: OURIÇO PIGMEU AFRICANO (Atelerix albiventris).............................38

FIGURA 14: CONTENÇÃO QUÍMICA COM ISOFLURANO EM OURIÇO-PIGMEU-AFRICANO (Atelerix albiventris) PARA EXAME RADIOGRÁFICO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM

APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.............................................................................46

FIGURA 15: EXAME RADIOGRÁFICO DE OURIÇO-PIGMEU-AFRICANO (Atelerix

albiventris) EM POSICIONAMENTO LATERO-LATERAL NO HOSPITAL

VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA (A) SILUETA CARDÍACA

AUMENTADA GENERALIZADA. (B) HEPATOMEGALIA (C) OPACIDADE DA

REGIÃO PULMONAR; EDEMA PULMONAR............................................................47

FIGURA 16: EXAME RADIOGRÁFICO DE OURIÇO-PIGMEU-AFRICANO (Atelerix

albiventris) EM POSICIONAMENTO LATERO-LATERAL APRESENTANDO UM

ANIMAL SAUDÁVEL, COM PARÂMETROS CONSIDERADOS NORMAIS PARA A

ESPÉCIE....................................................................................................................48

FIGURA 17: EXAME RADIOGRÁFICO DE OURIÇO-PIGMEU-AFRICANO (Atelerix albiventris) EM POSICIONAMENTO VENTRO-DORSAL NO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA. (A) ABDÔMEN DISTENDIDO; GRANDE QUANTIDADE DE CONTEÚDO FECAL E GÁS. (B) OPACIDADE DA REGIÃO PULMONAR; EDEMA PULMONAR................................49

FIGURA 18: BOI-ALMISCARADO (Ovibos moschatus) NO RECINTO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA,

EUA.............................................................................................................................54

FIGURA 19: LESÃO CARACTERÍSTICA DE ECTIMA CONTAGIOSO EM REGIÃO OCULAR DIREITA DE BOI-ALMISCARADO (Ovibos moschatus) DO ACERVO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA,

EUA.............................................................................................................................59

FIGURA 20: LESÃO CARACTERÍSTICA DE ECTIMA CONTAGIOSO EM MEMBRO POSTERIOR ESQUERDO DE BOI-ALMISCARADO (Ovibos moschatus) DO ACERVO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY,

MINNESOTA, EUA.......................................................................................................59

FIGURA 21: BIÓPSIA DE PELE EM BOI-ALMISCARADO (Ovibos moschatus) DO ACERVO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY,

MINNESOTA, EUA.......................................................................................................60

FIGURA 22: JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei).......................63

FIGURA 23: DIFERENCIAÇÃO EM ENTRE AS SUBESPÉCIES DE Manouria emys. (esq.) Manouria emys phayrei. (dir.) Manouria emys emys.......................................64

FIGURA 24: LESÃO CRÔNICA DE ETIOLOGIA DESCONHECIDA EM REGIÃO DIREITA DE PESCOÇO EM JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei). APARÊNCIA DA LESÃO EM PRIMEIRA AVALIAÇÃO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE

VALLEY, MINNESOTA, EUA.........................................................................................68

Page 17: 151338 Relatorio de Estagio

FIGURA 25: CURATIVO SUTURADO PARA MELHOR FIXAÇÃO EM LESÃO CRÔNICA DE ETIOLOGIA DESCONHECIDA EM REGIÃO DIREITA DE PESCOÇO EM JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei). HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE

VALLEY, MINNESOTA, EUA.........................................................................................69

FIGURA 26: LESÃO CRÔNICA DE ETIOLOGIA DESCONHECIDA EM REGIÃO DIREITA DE PESCOÇO EM JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei) APÓS QUATRO DIAS DE TRATAMENTO SEM APRESENTAR MELHORA. HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM

APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.............................................................................69

FIGURA 27: LESÃO CRÔNICA DE ETIOLOGIA DESCONHECIDA EM REGIÃO DIREITA DE PESCOÇO EM JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei) APARÊNCIA DA LESÃO UMA SEMANA APÓS INÍCIO DE TRATAMENTO (Esq.). LESÃO APÓS O DEBRIDAMENTO E LIMPEZA, COM APARÊNCIA DE TECIDO SAUDÁVEL (Dir.). HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA..................................................70

FIGURA 28: LESÃO CRÔNICA DE ETIOLOGIA DESCONHECIDA EM REGIÃO DIREITA DE PESCOÇO EM JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei) LESÃO NO ÚLTIMO DIA DE TRATAMENTO COM TECIDO SAUDÁVEL E SEM PRESENÇA DE MATERIAL PURULENTO. HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA,

EUA.............................................................................................................................71

Page 18: 151338 Relatorio de Estagio

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - ÚLTIMO CENSO DE ANIMAIS REALIZADO EM JUNHO DE 2010 NO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA........................................................................24

GRÁFICO 2 - CASUÍSTICA DE PROCEDIMENTOS REALIZADOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA, NO PERÍODO DE 26 DE JULHO A 01 DE OUTUBRO DE 2010.......................................................................36

Page 19: 151338 Relatorio de Estagio

LISTA DE ABREVIATURAS

HVMNZ HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA

IC INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

ICC INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

IECA INIBIDOR DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA

NYHA NEW YORK HEART ASSOCIATION

Page 20: 151338 Relatorio de Estagio

20

1. INTRODUÇÃO

O presente relatório tem como objetivo apresentar e descrever as atividades

desenvolvidas durante o estágio curricular obrigatório realizado no Hospital

Veterinário do Zoológico de Minnesota (Minnesota Zoological Garden) (HVMNZ) no

período de 26 de julho a 1º de outubro de 2010. O zoológico está localizado na

cidade de Apple Valley, Estado de Minnesota, Estados Unidos da América.

A realização de estágio em medicina de animais de zoológico fora do país

teve por objetivo aprimorar os conhecimentos obtidos durante a graduação e aplicá-

los de uma forma mais prática em um local que apresente uma grande rotina de

procedimentos.

Esse estágio não trouxe apenas uma oportunidade de aprendizado

profissional, mas também de experiência pessoal, com a vivência em diferentes

costumes sociais e abordagem em procedimentos veterinários.

Page 21: 151338 Relatorio de Estagio

21

2. OBJETIVO GERAL DO ESTÁGIO

Aprimorar e praticar conhecimentos teóricos e práticos obtidos durante a

graduação envolvendo manejo e medicina de animais selvagens, além de outras

áreas de aprendizado envolvidas na clínica.

Page 22: 151338 Relatorio de Estagio

22

3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO ESTÁGIO

Acompanhar a rotina em um Hospital Veterinário dentro de um Zoológico de

grande porte; aprimorar os conhecimentos sobre a biologia e medicina de espécies

selvagens; auxiliar no diagnóstico e tratamento das enfermidades; realizar e

interpretar hemogramas e exames bioquímicos de animais selvagens; realizar

necropsias; confeccionar dardos e treinar o uso da pistola de CO2.

Page 23: 151338 Relatorio de Estagio

23

4. LOCAL DO ESTÁGIO

O presente estágio foi realizado no Hospital Veterinário do Zoológico de

Minnesota (Minnesota Zoological Garden) (HVMNZ) no período de 26 de julho a 1º

de outubro de 2010. O zoológico está localizado na cidade de Apple Valley, Estado

de Minnesota, Estados Unidos da América (Figura 1).

FIGURA 1: MAPA DA LOCALIZAÇÃO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, NO ESTADO DE MINNESOTA, CIDADE DE APPLE VALLEY, EUA.

Fonte: http://www.iepc2009.org/about/ann_arbor

Fundado em 22 de maio de 1978, com a função de conectar as pessoas aos

animais e a natureza. Os programas de educação ambiental e conservação, por ele

desenvolvidos, são conhecidos mundialmente. O Zoológico de Minnesota é uma

instituição credenciada da Associação de Zoológicos e Aquários (Association of

Zoos and Aquariums - AZA) e membro institucional da Aliança dos Parques e

Aquários de Mamíferos Marinhos (Alliance of Marine Mammal Parks and Aquariums)

Page 24: 151338 Relatorio de Estagio

24

e da Associação Mundial de Zoos e Aquários (World Association of Zoos and

Aquariums - WAZA).

A última contagem dos animais do acervo foi realizada dia 30 de junho de 2010,

totalizando 3.681 animais, sendo 514 espécies diferentes (Gráfico 1). Essa análise

inclui peixes/invertebrados, aves, mamíferos e répteis/anfíbios.

GRÁFICO 1: ÚLTIMO CENSO DE ANIMAIS REALIZADO EM JUNHO DE 2010 NO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Página eletrônica do Zoológico de Minnesota (www.mnzoo.org)

O Hospital Veterinário (Figura 2) está localizado no departamento de Saúde

Animal (Animal Health), onde também se localiza o setor de conservação do

zoológico. Nesse departamento estão instalados: a sala de procedimentos, a sala de

necropsia, os escritórios, o laboratório de análises clínicas, o centro cirúrgico, a sala

dos répteis, os internamentos internos e externos, a sala de medicamentos, a

quarentena e a cozinha.

Page 25: 151338 Relatorio de Estagio

25

FIGURA 2: VISTA PARCIAL DA FACHADA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

O hospital veterinário utilizava um banco de dados muito conhecido nos

Estados Unidos chamado de Medarks. Este é um programa para organizar dados

de animais e manutenção de registros que facilita a documentação e

acompanhamento de informações específicas para os animais atendidos por

instituições AZA-credenciados. Esse banco de dados possui alguns programas que

se especializam em diferentes aspectos de manutenção de registros do animal,

incluindo os dados médicos e genealógico. Os registradores de zoológicos e

aquários também podem inserir informações e link com os sistemas de dados

maiores, incluindo o Sistema Internacional de Informação de Espécies (ISIS).

O departamento veterinário do HVMNZ é composto de três veterinários que

trabalham em conjunto na maioria dos casos clínicos e procedimentos; duas

técnicas em veterinária que são responsáveis em auxiliar os veterinários em

procedimentos, além de realizar e supervisionar todos os exames clínicos e

parasitológicos realizados no hospital; e três tratadoras responsáveis pelo manejo

dos animais na quarentena e internamento.

Page 26: 151338 Relatorio de Estagio

26

4.1. SALA DE PROCEDIMENTO

A sala de procedimento comporta o tratamento de animais de pequeno e médio

porte (Figura 3 e 4). Os demais animais são atendidos diretamente no recinto de

manutenção daquele animal.

FIGURA 3: SALA DE PROCEDIMENTOS HOSPITAL VETERINÁRIO DO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA,

EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

Essa sala possui duas máquinas de anestesia inalatória, nas quais sempre é

usado o gás isoflurano; uma mesa de procedimento acoplada com uma balança;

uma mesa e aparelho de radiografia; geladeira com vacinas e medicamentos que

necessitam de refrigeração; aparelho de ultra som (Figura 5) e endoscopia; armários

com medicamentos de emergência; um computador para facilitar o acesso da ficha

clínica dos animais; armário com seringas, agulhas e equipamentos necessários

para exames físicos, coleta de amostras e monitoração dos animais. Junto a essa

sala também está o almoxarifado e a sala para revelação de radiografias, além de

equipamentos de contenção como câmaras de gás, gaiolas e luvas de couro.

Page 27: 151338 Relatorio de Estagio

27

FIGURA 4: PROCEDIMENTO DE CORREÇÃO DE BICO EM FALCÃO-PEREGRINO (Falco

peregrinus) REALIZADO NA SALA DE TRATAMENTO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

FIGURA 5: PROCEDIMENTO ULTRA SONOGRÁFICO PARA DIAGNÓSTICO DE

HEPATOPATIA EM LINCE-CANADENSE (Lynx canadensis), REALIZADO NA SALA DE

TRATAMENTO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA,

LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

Page 28: 151338 Relatorio de Estagio

28

FF

4.2. SALA DE NECROPSIA

No HVMNZ os procedimentos de necropsia eram realizados nos animais em que

não estivesse apresentando algum caso de enfermidade crônica e a causa do óbito

fosse perceptível (Figura 6). Os animais eram pesados e dados de todos esses

procedimentos eram armazenados no sistema de dados.

O hospital veterinário do zoológico mantém uma parceria com a Universidade de

Minnesota localizada em Minneapolis, já que os três veterinários eram professores

da Universidade, a maioria dos procedimentos de necropsia era encaminhada para o

Laboratório de Diagnóstico da Universidade (Figura 7). Esse laboratório realizava

histopatológico e bacteriológico para todos os animais que recebiam.

FIGURA 6: SALA DE NECROPSIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

Page 29: 151338 Relatorio de Estagio

29

FIGURA 7: PROCEDIMENTO DE NECROPSIA REALIZADO EM BISÃO-AMERIACANO

(Bison bison) NO LABORATÓRIO DE DIAGNÓSTICO DA UNIVERSIDADE DE

MINNESOTA, USA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

4.3. LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

A maioria das análises clínicas e todos os exames parasitológicos eram

realizados no próprio hospital veterinário do zoológico pelas técnicas em veterinária.

O laboratório era anexo a cozinha e ao depósito do hospital, e nele estão guardadas

todas as fichas clínicas dos animais em quarentena.

O laboratório era equipado com duas centrífugas, um homogenizador para tubos,

três microscópios, um analisador bioquímico, um refratômetro, um contador

eletrônico de hemograma (apesar de que a maioria dos exames era contada

manualmente devido às particularidades celulares) além entre outros diversos

equipamentos (Figura 8).

Page 30: 151338 Relatorio de Estagio

30

FIGURA 8: LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS HOSPITAL VETERINÁRIO DO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

Todos os dias eram realizados pelo menos dez exames parasitológicos e três ou

mais hemogramas e bioquímicos.

4.4. INTERNAMENTOS

O hospital possui quatro salas internas para internamento, cada uma com dois a

seis recintos, além de seis recintos externos. Os recintos comportam animais de

pequeno a médio-grande porte. Quando um animal maior necessita de internamento

fica alojado em recintos reservas localizados em um prédio próximo ao hospital

veterinário.

4.5. CENTRO CIRÚRGICO

A sala de cirurgia do hospital veterinário do zoológico é equipada com um

aparelho de mamografia para realizar radiografias em animais de menor porte, uma

Page 31: 151338 Relatorio de Estagio

31

incubadora, um aparelho de endoscopia, um kit de tratamento dentário, além de

material esterilizado que seja necessário para algum procedimento (Figura 9).

FIGURA 9: CENTRO CIRÚRGICO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

Apesar de o HVMNZ possuir um centro cirúrgico, a maioria das cirurgias é

realizada no centro cirúrgico da Universidade de Minnesota, principalmente quando

se trata de um procedimento mais especificado. No hospital veterinário do zoológico

são realizados apenas pequenos procedimentos que não envolvam muita

complicação (Figuras 10 e 11).

Page 32: 151338 Relatorio de Estagio

32

FIGURA 10: PROCEDIMENTO ODONTOLÓGICO DE ROTINA EM LONTRA-ANÃ-

ORIENTAL (Aonyx cinerea) REALIZADO NO CENTRO CIRÚRGICO DO HOSPITAL

VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

FIGURA 11: INDUÇÃO ANESTÉSICA DE LINCE-CANADENSE (Lynx canadensis)

EM CÂMARA DE CONTENÇÃO, PARA EXAME DE ROTINA, REALIZADA NO

CENTRO CIRÚRGICO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE

MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

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33

4.6. QUARENTENA

Todos os animais recebidos pelo zoológico devem passar por um período de

quarentena que varia de acordo com a espécie. Apenas os peixes possuem um

protocolo no qual podem passar o período de quinze dias de quarentena em tanques

próximos ao recinto onde serão alojados.

Em geral os mamíferos e aves devem ter um período de trinta dias na

quarentena. Na primeira semana, após o animal receber uma alimentação

controlada e apresentar um comportamento mais passivo, é realizado um exame

completo, com coleta de sangue e pêlos/penas para análises.

Caso o animal não apresente nenhum quadro de maior preocupação, apenas os

tratamentos preventivos são realizados. São coletadas três amostras de fezes para

parasitológico e os mamíferos recebem duas doses de vermífugo nesse período de

trinta dias. Ao final é realizado outro exame de quarentena e, caso o animal se

apresente saudável e sem sinal de parasitas, é liberado para o recinto.

4.7. SALA DE MEDICAMENTOS

Localizada próxima a sala de tratamento, apenas os veterinários possuíam a

chave do local devido aos anestésicos e medicamentos controlados que eram

armazenados. Os equipamentos utilizados para contenção química dos animais

também eram armazenados nesse local.

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34

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades do estágio no Hospital Veterinário do Zoológico de Minnesota

iniciavam-se diariamente às oito horas da manhã e encerravam-se às cinco horas da

tarde, com uma hora de intervalo para o almoço, totalizando uma carga horária de

oito horas diárias, de segunda a sábado.

As funções do estagiário durante os procedimentos variam de acordo com o que

o médico veterinário responsável pelo caso determinasse antes do procedimento,

mas, em geral, envolviam a preparação dos equipamentos e medicamentos para

todos os procedimentos realizados naquele dia: o exame físico, sob supervisão de

um médico veterinário, em todos os animais anestesiados; a coleta de sangue dos

animais que fossem necessários; além de monitorar anestesia e parâmetros físicos.

As responsabilidades gerais do estágio são separadas por semana, para que o

aluno possa se aprimorar nas diferentes áreas encontradas em um zoológico. Todos

os sábados, o estagiário passa o dia nas diferentes áreas com diferentes tratadores.

O zoológico é composto de dez áreas diferentes: Animais Tropicais, Aquários,

Mamíferos Marinhos, Ruminantes, Educação Ambiental, Fazenda, Animais

Regionais, Aves, Show das Aves e Quarentena.

Na primeira semana são apresentadas as áreas do hospital, assim como o

manuseio do programa de dados, para que fosse possível o estagiário ser

responsável em colocar as fichas clínicas de todos os procedimentos em dia.

Na segunda semana de estágio inicia-se um treinamento em análises

sanguíneas das diferentes espécies encontradas em um zoológico que continua

durante todo o estágio. O estagiário deve aprender sobre as particularidades de

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35

cada espécie e realizar o hemograma dos animais que tiveram seu sangue coletado.

Em seguida, interpretá-lo e inserir no banco de dados Medarks.

As semanas seguintes o estagiário passa por um treinamento em preparo e uso

dos dardos, e de preparar protocolos anestésicos que seriam revisados pelo

veterinário responsável antes do procedimento. Após a terceira semana, iniciam-se

também as análises parasitológicos que devem ser realizadas em todos os animais

anestesiados e no grupo do acervo determinado por um roteiro naquela semana.

Na quarta semana do presente estágio foi possível acompanhar durante dois

dias a rotina de um centro de reabilitação de rapinantes, localizado na cidade de

Minneapolis, na Universidade de Minnesota. O centro é conhecido como Minnesota

Raptor Center (Figura 12) e acolhe, em média 100 aves de rapina internadas. Essas

aves chegam ao centro por diversos motivos, como a caça ilegal, alguma

enfermidade que impossibilita o comportamento selvagem esperado, atropelamentos

e traumas. No centro, o estagiário tem a possibilidade de realizar exames físicos,

troca de curativos, coleta de amostra e necropsia.

FIGURA 12: RAPTOR CENTER LOCALIZADO NA UNIVERSIDADE DE MINNESOTA, NA CIDADE DE MINNEAPOLIS, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

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36

5.1. CASUÍSTICA

No período do estágio foram acompanhados 796 procedimentos clínicos, sendo

onze peixes, quatorze anfíbios, 45 répteis, 416 aves e 310 mamíferos. Estes

procedimentos também incluem exames de rotina realizados, exames

parasitológicos e vacinações.

GRÁFICO 2: CASUÍSTICA DE PROCEDIMENTOS NO PERÍODO DE 26 DE JULHO A 01 DE OUTUBRO DE 2010, NO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM

APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

1% 2%

6%

39%52%

Casuística

Peixes

Anfíbios

Répteis

Mamíferos

Aves

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

TABELA 1: ATIVIDADES CLÍNICAS REALIZADAS NO PERÍODO DE 26 DE

AGOSTO A 01 OUTUBRO DE 2010, NO HOSPITAL VETERINÁRIO DO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Aves Mamíferos Répteis Peixes Anfíbios

Casos clínicos 3 49 3 3 0 Cirurgia 6 4 0 0 0

Exame de quarentena 10 6 1 0 3 Exame de rotina 2 26 5 0 0

Exame de rotina/Tratamento 0 13 0 0 0 Exame pré embarque 46 29 24 0 0

Exame visual 1 78 0 1 0 Necropsia 9 2 0 4 5

Parasitológico 336 50 5 1 7 Tratamento 6 99 12 5 0

Total 416 307 47 11 15

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

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TABELA 2: PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS REALIZADOS NO PERÍODO DE 26 DE AGOSTO A 01 OUTUBRO DE 2010, NO HOSPITAL VETERINÁRIO DO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Nome Comum Espécie Procedimento

Antilocapra Antilocapra americana Orquiectomia, Remoção dos cornos

Antilocapra Antilocapra americana Orquiectomia

Lemure Vermelho Varecia rubra Hérnia abdominal

Rena Americana Rangifer t. caribou Orquiectomia

Zarro Castanho Aythya nyroca Remoção de primeiros dígitos de asa direita

Zarro Castanho Aythya nyroca Remoção de primeiros dígitos de asa direita

Zarro Castanho Aythya nyroca Remoção de primeiros dígitos de asa direita

Zarro Castanho Aythya nyroca Remoção de primeiros dígitos de asa direita

Zarro Castanho Aythya nyroca Remoção de primeiros dígitos de asa direita Zarro Castanho Aythya nyroca Remoção de primeiros dígitos de asa direita

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

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6. CASOS CLÍNICOS

6.1. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA EM OURIÇO-PIGMEU-AFRICANO

(Atelerix albiventris, G. FISHER, 1814)

6.1.1. Revisão de Literatura

6.1.1.1. Biologia

O Ouriço-pigmeu-africano (Atelerix albiventris) é um mamífero da ordem

Eulipotyphla da família Erinaceidae (Figura 13) (HUTTERER, 2008). Essa espécie é

encontrada apenas na África Central, é uma espécie pouco conhecida que habita

savanas e áreas com vegetação a base de gramínea (COSGROVE, 1986). De

acordo com Baumgartner e Isenbugel (1993) esses animais formam ninhos em

fendas de rochas, em árvores ocas e habitats semelhantes.

Esses animais possuem uma expectativa de vida de sete a dez anos, e os

adultos podem alcançar até vinte centímetros de comprimento (HUTTERER, 2008).

São animais insetívoros, noturnos e solitários, que apresentam um dimorfismo

sexual evidente com as fêmeas menores e apresentando uma coloração mais clara

que os machos (BAUMGARTNER e ISENBUGEL, 1993).

FIGURA 13: OURIÇO PIGMEU AFRICANO (Atelerix albiventris).

Fonte: http://www.projecto-exotico.com/animalia/mammalia/atelerixalbiventris

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39

6.1.1.2. Insuficiência Cardíaca

6.1.1.2.1. Fisiopatologia

Segundo Keene e Bonagura (2008), a Insuficiência Cardíaca (IC) não é uma

doença específica, mas um distúrbio fisiopatológico no qual o débito cardíaco não

consegue manter as necessidades de perfusão dos tecidos metabolizantes,

limitando, desta maneira, a capacidade de exercícios. Essa síndrome não é de

diagnóstico específico, podendo ser decorrente de um ou mais processos

subjacentes (COUTO, 2008).

A IC pode ser causada por uma incapacidade do coração em ejetar sangue,

adequadamente conhecida como insuficiência sistólica; por um enchimento

ventricular inadequado, que chamamos de insuficiência diastólica; ou até por uma

combinação de ambas (MORAIS, 2004). Segundo Andrade (2007) o animal pode

apresentar uma IC esquerda, a qual ocorre no átrio esquerdo e nas veias

pulmonares, que pode levar a edema pulmonar, ou uma IC direita, que acomete o

átrio direito e veias sistêmicas, podendo causar uma hepatomegalia, ascite e até

distensão jugular.

Quando o coração não consegue atingir as demandas do organismo, ocorre

uma elevação na pressão venosa e capilar, ocasionando uma congestão venosa,

com extravasamento de líquido intravascular para o interstício ou cavidades

corpóreas, quando isso ocorre chamamos de Insuficiência Cardíaca Congestiva

(ICC) (ANDRADE, 2007).

A ICC trata-se de um estado avançado fisiopatológico de IC, caracterizado

por retenção renal de sódio, pressão venosa elevada e acúmulo de fluídos no

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40

pulmão, nos tecidos subcutâneos e nas cavidades corporais (KEENE e

BONAGURA, 2008).

6.1.1.2.2. Etiologia

A IC geralmente é causada por afecções do coração, mas o animal cardiopata

não irá necessariamente apresentar sinais clínicos de congestão ou baixo débito

cardíaco (ANDRADE, 2007). É uma doença progressiva e fatal que para se

identificar a fase em que o paciente se encontra foi proposta uma classificação pelo

New York Heart Association (NYHA) (COUTO, 2008).

Segundo Couto (2008), essa proposta está dividida em quatro classes

funcionais baseadas na avaliação clínica, sem considerar etiologia e função

miocárdica. A Classe I apresenta os pacientes assintomáticos que possuem sopro

ou arritmias, porém sem sinais clínicos visíveis; a Classe II é considerada um nível

moderado da doença, com o animal apresentando certa intolerância a exercícios,

tosse, mas sem influenciar na sua qualidade de vida. Já a Classe III é um estágio

mais avançado com tosse, cardiomegalia importante no exame radiográfico e edema

pulmonar; por último a Classe IV traz uma sintomatologia grave, com o animal

apresentando sinais quando esta em repouso, e sinais radiográficos de ICC,

cardiomegalia, efusão pleural e abdominal.

As causas da IC são diversas e podem ser separadas de acordo com grupos

fisiopatológicos gerais como: insuficiência miocárdica, sobrecarga de pressão,

sobrecarga de volume e complacência ventricular reduzida. De acordo com Couto

(2008) a maioria dos casos de IC recai em um desses grupos, porém existem outras

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41

anormalidades presentes como, por exemplo, anormalidades de funções sistólicas e

diastólicas.

As causas mais importantes de IC são: endocardiose de válvulas mitral e

tricúspide, cardiomiopatia dilatada, efusão pericárdica, hipertensão sistêmica,

hipertensão pulmonar, arritmias, endocardite bacteriana, doenças cardíacas

congênitas e dirofilariose (KEENE e BONAGURA, 2008).

6.1.1.2.3. Sinais Clínicos

De acordo com Schwartz e Melchert (2008) os sinais clínicos da ICC podem

ser subdivididos em três grupos: sinais de baixo débito, sinais congestivos no lado

esquerdo e sinais congestivos no lado direito. Dentre dos sinais de baixo débito

incluem-se cansaço, fraqueza ao exercício, síncope, azotemia pré-renal, cianose e

arritmias cardíacas; já em sinais congestivos no lado esquerdo observamos

congestão pulmonar e edema (tosse, taquipnéia, dispnéia, ortopnéia, estertores,

cianose, hemoptise, e cansaço), ICC direita secundária e arritmias cardíacas.

Finalmente nos sinais congestivos no lado direito estão a congestão venosa

sistêmica (distensão jugular), congestão hepática, congestão esplênica, efusão

pleural, ascite, efusão pericárdica, edema subcutâneo e arritmias cardíacas.

(SCHWARTZ e MELCHERT, 2008)

6.1.1.2.4. Diagnóstico

Para Keene e Bonagura (2008), a identificação das formas e causas das

doenças cardíacas, assim como a classificação dos mecanismos fisiopatológicos da

IC, permite um direcionamento da terapia recomendada, com um diagnóstico mais

acurado. O diagnóstico da doença cardíaca pode ser realizado inicialmente

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42

avaliando a idade, a espécie, o sexo e a raça do animal, e de acordo com a

anatomia e a morfologia das lesões, a etiologia da doença, baseado nos sinais

clínicos juntamente com exames complementares como radiografia,

ecocardiograma, eletrocardiograma e testes laboratoriais clínicos.

As radiografias torácicas são importantes para avaliação do coração, dos

pulmões e do espaço pleural, sendo importante a observação de cardiomegalia, a

identificação de alterações vasculares e a observação de alterações compatíveis

com o ICC (MORAIS, 2004). As radiografias são essenciais para diagnóstico

diferencial de doenças respiratórias nesses animais (KEENE e BONAGURA, 2008).

De acordo com Morais (2004), o exame laboratorial é utilizado para confirmar

a presença e a causa da doença cardíaca, assim como a presença e a gravidade da

ICC. Os testes utilizados com uma maior rotina são: o teste para dirofilariose,

hemoculturas, níveis séricos de troponina cardíaca I, testes de função renal (uréia

sanguínea, creatinina sérica) e enzimas da musculatura estriada (creatinina cinase,

aspartato aminotranferase).

O ecocardiograma é um exame essencial para a confirmação do diagnóstico

da doença cardíaca. De acordo com Keene e Bonagura (2008) o exame identifica as

lesões cardíacas e a cardiomegalia, mede as funções sistólicas e diastólicas

ventricular, avalia a doença cardíaca valvular, identifica os padrões de fluxo anormal

e quantifica os gradientes de pressão.

A eletrocardiografia pode ser utilizada para avaliar o ritmo cardíaco, porém

oferece apenas uma informação indireta da função cardiovascular, portanto não

fornecendo critérios definitivos para diagnosticar a IC (MORAIS, 2004).

Page 43: 151338 Relatorio de Estagio

43

6.1.1.2.5. Tratamento

Segundo Schwartz e Melchert (2008) o tratamento de IC tem como principal

objetivo aumentar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida do paciente. Além

disso, seu tratamento visa diminuir os efeitos deletérios causado por uma série de

eventos perpetuados pelo organismo em uma tentativa de manter a pressão arterial

e o débito cardíaco (ANDRADE, 2007). Na maioria dos casos de ICC é

recomendável uma combinação de Furosemida, Oxigênio, Nitroglicerina e Sedação,

conhecido como FONS, pois é um tratamento aplicável na maioria dos casos

independente da causa (KEENE e BONAGURA, 2008).

A terapêutica utilizada irá depender do grau da doença determinado de

acordo com a proposta da NYHA, mas em geral pode utilizar diuréticos, inibidores da

enzima conversora de angiotensina (iECA), digitálicos, vasodilatadores,

simpatomiméticos, compostos bipiridínicos, além de terapia com oxigênio,

ansiolítico, supressores de tosse e caso necessário toracocentese/abdominocentese

(KITTLESON, 2004).

De acordo com Andrade (2007), na IC ocorre comumente edema e efusões,

devido à formação da angiotensina II que libera aldosterona causando retenção de

água e sódio, e aumento o volume do sangue circulante, aumentando a pressão

venosa e capilar, causando o extravasamento de líquido. Para isso usam-se os

diuréticos (na veterinária o de escolha é a Furosemida), que inibem a reabsorção de

eletrólitos e aumentam a excreção de íons sódio, cloreto, potássio, hidrogênio,

cálcio, magnésio e fosfato (KITTLESON, 2004).

Page 44: 151338 Relatorio de Estagio

44

De acordo com Tárraga (2006), quando existe a presença de disfunção

miocárdica sistólica, ou seja, quando o coração apresenta sua capacidade de

contração diminuída, os digitálicos são indicados como tratamento. Esses

medicamentos apresentam efeito inotrópico positivo, ou seja, inibindo a enzima

sódio-potássio-ATPase, consequentemente aumentando o cálcio intracelular

(ANDRADE, 2007). Além disso, esses fármacos restabelecem os reflexos

barorreceptores, aumentam a atividade parassimpática nos nós sinusal e

atrioventricular e nos átrios, e diminuem os efeitos simpáticos. Todas essas ações

resultam na diminuição da freqüência cardíaca (TÁRRAGA, 2006).

Os vasodilatadores agem causando o relaxamento do músculo liso arteriolar

ou venoso, levando a vasodilatação, porém o efeito que esses fármacos exercem

sobre a vasculatura pulmonar é irregular e não significativo (KITTLESON, 2004). De

acordo com Tárraga (2006) esses fármacos visam controlar os efeitos deletérios

causados pela vasoconstrição, sendo classificados em três grupos, de acordo com

seu mecanismo de ação: os de ação direta venoso ou arteriolar, os bloqueadores

alfa-adrenérgicos e os iECA.

Segundo Schwartz e Melchert (2008), os iECA agem inibindo a conversão da

angiotensina I em angiotensina II, impedindo todo o processo de extravasamento de

líquidos da célula. Já os medicamentos bloqueadores alfa-adrenérgicos bloqueiam

os receptores a nível arterial e venoso, diminuindo o tono e a resistência vascular e

aumentando o desempenho cardíaco (TÁRRAGA, 2006). E os fármacos de ação

direta venosa ou arteriolar desviam o fluxo venoso ou arteriolar tentando melhorar a

pré-carga e pós-carga, no caso dos nitratos (TÁRRAGA, 2006);

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45

As aminas simpatomiméticas agem aumentando a contração, a velocidade de

condução e a frequência cardíaca, ligando-se a receptores cardíacos beta-

adrenérgicos (KITTLESON, 2004). Porém, esses medicamentos não devem exceder

dois a três dias de uso continuo, pois diminuem a resposta inotrópica aos

simpatomiméticos, o que reduz a eficácia do medicamento.

De acordo com Kittleson (2004), os compostos bipiridínicos agem inibindo a

fração III da fosfodiesterase, que é uma enzima responsável pela degradação da

AMPc; o aumento da AMPc possui um efeito inotrópico no miocárdio, aumentando

sua contratilidade, além de produzir uma pequena dilatação arteriolar sistêmica.

Além das terapias apresentadas, pode ser realizado um tratamento de

suporte com oxigênio, ansiolítico, supressores de tosse e caso necessário um

procedimento de toracocentese/abdominocentese (SCHWARTZ e MELCHERT,

2008).

6.1.1.2.6. Prognóstico

Segundo Keene e Bonagura (2008), o prognóstico da ICC dependendo da

causa, da gravidade e dos cuidados recebidos pelo paciente, os animais podem

sobreviver até um ano após os primeiro sinais clínicos da ICC caso o proprietário

mantenha um cuidado correto com auxilio veterinário. Portanto é considerada uma

síndrome com um prognóstico geral de reservado a pobre.

6.1.2. Relato de caso

Um Ouriço-pigmeu-africano (Atelerix albiventris) fêmea, pesando 395g e com

quatro anos de idade foi atendido no Hospital Veterinário do Zoológico de Minnesota

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(HVMNZ) no dia 10 de agosto de 2010 com histórico de ácaros e apresentando

dispnéia. Inicialmente o animal foi submetido à anestesia inalatória via câmara de

gás com isoflurano para a realização de exames clínicos e radiográficos (Figura 14).

FIGURA 14: CONTENÇÃO QUÍMICA COM ISOFLURANO EM OURIÇO-PIGMEU-AFRICANO (Atelerix albiventris) PARA EXAME RADIOGRÁFICO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM

APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

O animal apresentava uma boa condição física (condição corporal de 3/5), um

acúmulo moderado de cálculo dentário e ácaros. Na auscultação foi observado um

sopro sistólico grau II/VI, e no exame radiográfico foi encontrado um padrão

pulmonar anormal (Figura 15, 16 e 17). Na região próxima ao coração e multifocal

ao pulmão foi encontrado um padrão intersticial pulmonar e também foi observado

um tamanho cardíaco aumentado Nesse momento, o animal foi tratado para ácaros,

com ivermectina, mas como nenhum outro diagnóstico havia sido confirmado, foi

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47

coletado sangue para determinar o próximo passo para confirmação de uma

possível doença cardíaca como endocardite bacteriana ou uma doença pulmonar.

FIGURA 15: EXAME RADIOGRÁFICO DE OURIÇO-PIGMEU-AFRICANO (Atelerix

albiventris) EM POSICIONAMENTO LATERO-LATERAL NO HOSPITAL

VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA (A) SILUETA CARDÍACA

AUMENTADA GENERALIZADA. (B) HEPATOMEGALIA (C) OPACIDADE DA

REGIÃO PULMONAR; EDEMA PULMONAR.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

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FIGURA 16: EXAME RADIOGRÁFICO DE OURIÇO-PIGMEU-AFRICANO (Atelerix

albiventris) EM POSICIONAMENTO LATERO-LATERAL APRESENTANDO UM

ANIMAL SAUDÁVEL, COM PARÂMETROS CONSIDERADOS NORMAIS PARA A

ESPÉCIE.

Fonte: Cosgrove (1986)

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49

FIGURA 17: EXAME RADIOGRÁFICO DE OURIÇO-PIGMEU-AFRICANO (Atelerix albiventris) EM POSICIONAMENTO VENTRO-DORSAL NO HOSPITAL

VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, EUA. (A) ABDÔMEN DISTENDIDO; GRANDE QUANTIDADE DE CONTEÚDO FECAL E GÁS. (B)

OPACIDADE DA REGIÃO PULMONAR; EDEMA PULMONAR.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

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50

Em 25 de agosto de 2010 o animal retornou ao hospital severamente

debilitado e com comprometimento respiratório. Foi relatado que há quatro dias esse

animal não estava se alimentando, além de apresentar tosse. O exame clínico

revelou caquexia, 10% de desidratação, sopro sistólico grau IV/VI, respiração muito

debilitada e pulso arterial fraco.

O hemograma indicou leucocitose, neutrofilia, monocitose, linfopenia e

basopenia, as quais podiam estar relacionadas a uma reação de estresse, mas

considerando o histórico desse animal era provável estar relacionada a uma reação

inflamatória, considerando que o animal estava apresentando uma pneumonia

secundária à insuficiência cardíaca. O exame bioquímico revelou um aumento na

uréia relacionado a azotemia pré-renal que também se pode associar a doença

cardíaca diagnosticada.

Em função do diagnóstico por meio dos sinais clínicos, raios-X e exames

clínicos iniciou-se um tratamento com furosemida-Lasix®, trimetoprim e sulfa,

solução fisiológica NaCl 0.9%, tendo o animal ficado internado na câmara de

oxigênio.

Foi agendado um eco-cardiograma na Universidade de Minnesota com

especialistas, para avaliar a severidade da doença, porém no dia seguinte o animal

veio a óbito.

Na necropsia foi confirmado o diagnóstico de insuficiência cardíaca

congestiva. Além de observado ascite moderada, hepatomegalia, edema pulmonar,

e que o coração apresentando uma dilatação moderada biventricular.

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51

6.1.3. Discussão

A IC é um desafio para os médicos veterinários de todas as áreas, em

especial no caso do Ouriço-pigmeu-africano (Atelerix albiventris), para o que não

existe estudo aprofundado ou relatos de casos de ocorrência. Esses animais, por se

tratar de uma espécie selvagem, tendem a esconder os sinais clínicos e se afastar

dos tratadores quando apresentam algum desconforto.

A ICC é uma síndrome que, no caso desse animal, pode ser relacionada a

diversas origens. Como por exemplo, a cardiomiopatia dilatada, mesmo não se

tratando de um animal de grande porte e macho, não se sabe, por falta de estudos

suficientes o normal esperado para essa espécie, mais se encontra uma ICC tanto

de esquerda quanto de direita, assim como um aumento de câmaras cardíacas que

podem ser resultados dessa enfermidade.

Não pode ser também descartada a hipótese de um alto índice de estresse

acometido a esse animal, ela não se tratava de um animal idoso para a expectativa

de vida dessa espécie, porém sua função no zoológico era de enriquecimento

ambiental, o que aumentava a possibilidade de ter sido o causador da ICC pela

hipertensão causada.

Para esse animal não foi encontrado nenhum sinal de degeneração em

válvulas, descartando a possibilidade de endocardiose, assim como não foi

encontrado sinal de dirofilariose, endocardite bacteriana ou efusão pericárdica.

O animal atendido no HVMNZ apresentou uma sintomatologia clássica de ICC

verificada em pequenos animais, porém pela demora da confirmação do diagnóstico

não foi possível dar continuidade com um tratamento efetivo. Quando foi iniciado o

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52

tratamento o animal já apresentava uma condição debilitada e irreversível, vindo a

óbito.

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53

6.2. PARAPOXVIRUS EM BOI-ALMISCARADO (Ovibos moschatus, ZIMMERMANN,

1780)

6.2.1. Revisão de Literatura

6.2.1.1. Biologia

O Boi-almiscarado (Ovibos moschatus) é um animal da ordem Artiodactyla, da

família Bovidae e subfamília Caprinae (DIETERICH e FOWLER, 1986). Segundo

Gunn e Forchhammer (2008), trata-se de uma ordem muito variada com cerca de

220 espécies que possui uma grande importância econômica ao homem. O

Boi-almiscarado (Figura 18) pode alcançar até 2,3 metros de comprimento e 1,5

metros de altura nos ombros, assim como pesar até 650 kg (GUNN E

FORCHHAMMER, 2008).

Segundo Dieterich e Fowler (1986), esses animais são herbívoros que no

estado selvagem se alimentam de gramíneas, amieiros, salgueiros e arbustos,

porém no cativeiro tiveram que se adaptar a fenos e alfafa. O seu nome provém do

cheiro característico de almíscar dos machos. Esse odor é produzido em alvéolos na

região interna do saco escrotal e armazenado na região abdominal (GREENISH,

1920).

Esses animais são nativos das regiões árticas do Canadá, Groelândia, e do

Alaska. A população foi expulsa do Alaska no século XIX e no início do século XX,

mas foi novamente reintroduzida. A espécie também foi reintroduzida ao norte da

Europa, incluindo Suécia, Noruega, Rússia e no Canadá oriental. Esses animais

estavam perto da extinção, mas a espécie se recuperou após ser protegida da caça.

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54

A população do mundo (até a data de 1999) era estimada entre em 65.000 e 85.000

espécimes e está aumentando, especialmente nas áreas onde o animal foi

introduzido no século XX (GUNN E FORCHHAMMER, 2008).

São herbívoros de grande porte que normalmente vivem em manadas mistas

de sexo e idade de dez a vinte animais, porém já foram relatados grupos com até

400 animais (GUNN E FORCHHAMMER, 2008). No entanto, durante o inverno é

comum os pequenos rebanhos de machos solteiros. Os filhotes nascem bem antes

que a neve derreta, portanto a amamentação é mantida por reservas de gordura da

fêmea (UCMP..., 2010).

FIGURA 18: BOI-ALMISCARADO (Ovibos moschatus) NO RECINTO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

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55

6.2.1.2. Ectima Contagioso

Ectima contagioso, dermatite pustular contagiosa, dermatite pustular viral

contagiosa, orf, sore mouth, scabby mouth, ou dermatite pustular cutânea é uma

doença causada pelo Parapoxvirus da família Poxviridae composto de pelo menos

seis cadeias imunológicas (RADOSTITS et al., 2000). Segundo Haig e Mercer (1998)

trata-se de um DNA vírus epiteliotrófico com distribuição mundial que induz lesões

pustulares agudas na pele. A família Poxviridae inclui os gêneros Orthopoxvirus,

Caprinopoxvirus, Suipoxvirus e Parapoxvirus além de outros que ainda não foram

classificados (HOWARD e SMITH, 1999).

Segundo Peacock (2004), o ectima contagioso é uma doença que acomete

comumente ovinos, caprinos e um grande número de artiodactilideos selvagens,

causando uma considerável perda econômica, por ser altamente contagioso, além

de causar anorexia e dor em variados níveis. Essa doença é de preocupação da

vigilância sanitária por se tratar de uma zoonose (PERALTA, 2005). Ocorre

principalmente com os cordeiros e cabritos de três a seis meses de idade, porém

animais mais novos e adultos também podem ser seriamente acometidos

(RADOSTITS et al., 2000).

A transmissão pode ocorrer por contato diretamente com os animais afetados

ou com os fômites, ou seja, as superfícies ou objetos contaminados por esse animal

(ROBISON e KERR, 2001). Os surtos de transmissão ocorrem principalmente em

períodos mais secos, por se tratar de uma época em que esses animais estão

pastando (RADOSTITS et al., 2000). De acordo com Rasmussen et al. (2004) nos

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56

ambientes secos e à temperatura ambiente o parapoxvirus é capaz de sobreviver

por até quinze anos.

A enfermidade causa lesões em forma de bolhas que quando estouram

formam crostas na região dos lábios, olhos e narinas (RADOSTITS et al., 2000).

Segundo Nóbrega et al. (2008), as lesões de pele podem ser em vários graus,

imperceptíveis ou graves, no início formando pápulas, vesículas e pústulas seguindo

para crostas mais espessas. De acordo com Robison e Kerr (2001), dependendo da

gravidade e local das lesões, os animais podem parar de se alimentar, ou até

apresentar problemas de claudicação, levando essa enfermidade a uma morbidade

de 100% e fatalidade variando de 5 a 15 %.

Segundo Anderson, Rings e Pugh (2005), pápulas, vesículas e pústulas

cutâneas se formam rapidamente, e as crostas amarronzadas a pretas, espessas

são mais evidentes nas comissuras orais, podendo causar mastite devido ao

comprometimento dos mecanismos de defesa do teto. Raramente há

comprometimento dos sistemas respiratórios e gastrointestinais, porém já foi

relatada a ocorrência de pneumonia e diarréia (PUGH, 2005).

O diagnóstico pode ser confirmado na espécie acometida juntamente com os

sinais clínicos, lesões histológicas características e microscopia eletrônica

(NÓBREGA et al., 2008). Segundo Radostits et al. (2000), na microscopia eletrônica

é possível observar hiperplasia epitelial com células inchadas e degeneradas e

alguns queratinócitos apresentam eosinófilo com corpos de inclusão citoplasmáticos.

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57

Segundo Pugh (2005), alguns diagnósticos diferenciais a serem considerados

quando suspeita de ectima contagioso são dermatose ulcerativa, varíola ovina e

dermatofilose.

A grande causa de perda econômica com essa enfermidade é decorrente da

falta de tratamento específico da doença (RADOSTITS et al., 2000). Segundo Pugh

(2005), é importante manter um suporte nutricional e fluidoterapia, pois dependendo

da localização das lesões os animais acometidos relutam em se alimentar,

facilitando a ocorrência de infecções bacterianas secundárias, e, caso não ocorra

uma higienização, podem apresentar crescimento de miíase. As lesões tendem a

regredir em um mês caso não exista nenhuma outra complicação (WRIGHT, 1983).

De acordo com Robison e Kerr (2001), as lesões começam a aparecer depois

de cinco dias após o primeiro contato com o vírus, dois dias depois as crostas

começam a se formar. Nos próximos dez dias aumentam a quantidade de crostas e

pústulas além de aumentar a vermelhidão ao redor das lesões e seus tamanhos. Em

três semanas elas começam a regredir e, caso seja uma ocorrência sem muitos

problemas, as crostas caem na quarta semana (ROBISON e KERR, 2001). Porém o

vírus possui um período de incubação que pode variar de quatro dias até duas

semanas (ANDERSON, RINGS e PUGH, 2005).

Em casos graves podem ser encontradas na necropsia lesões de formato

irregular com bordas hiperêmicas na cavidade oral e no trato respiratório superior,

raramente envolvendo esôfago, abomaso e intestino (RADOSTITS et al., 2000).

No início do surto, os animais afetados deverão ser isolados e o restante

vacinado, porém essa vacinação não deve ser realizada se existir a suspeita de que

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58

os animais que não apresentaram nenhum sinal clínico estejam com a enfermidade

(PEACOCK, 2004). Segundo Radostits et al. (2000) a vacinação é feita com uma

vacina viral viva.

De acordo com Peralta (2005), em humanos a enfermidade possui as lesões,

a patogenia e o tratamento semelhantes com o ectima contagioso nos animais,

porém ocorre principalmente em dígitos, mãos, rostos e braços. Deve ser

administrado um medicamento para prevenir infecções secundárias e para redução

da dor, por se tratar de uma enfermidade que causa inchaço e muito desconforto

(ROBISON e KERR, 2001).

Por esses motivos, de acordo com Peralta (2005), quando se trabalhar com

animais infectados deve-se tomar medidas de boas práticas de trabalho, como

cuidar com higiene pessoal, usar equipamentos protetores, sempre atentar para

limpeza e desinfecção do local, evitar exposição à perfuro-cortantes, destinar

corretamente o lixo e, caso necessário, procurar sempre assistência médica. A

melhor prevenção é manter o rebanho livre do vírus, examinando qualquer animal

que entre no acervo durante o período de quarentena (PERALTA, 2005).

6.2.2. Relato de caso

Um Boi-almiscarado (Ovibos moschatus) com peso estimado de 300 kg,

macho, de dois anos foi atendido no Zoológico de Minnesota com histórico de

apresentar algumas áreas com descoloração ao redor dos dois olhos, a qual

também apresentava uma grande quantidade de moscas ao seu redor.

A primeira queixa ocorreu no dia 19 de agosto de 2010, e após um exame

visual, foi determinado que esse animal fosse acompanhado para avaliar a

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59

necessidade de uma contenção química para avaliação. Três dias depois, vários

animais do rebanho começaram a apresentar as mesmas descolorações e, nesse

momento, começou a se suspeitar de lesões típicas de parapoxvirus ao redor dos

olhos e narinas (Figura 19 e 20).

FIGURA 19: LESÃO CARACTERÍSTICA DE ECTIMA CONTAGIOSO EM REGIÃO OCULAR DIREITA DE BOI-ALMISCARADO (Ovibos moschatus) DO ACERVO DO

ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

FIGURA 20: LESÃO CARACTERÍSTICA DE ECTIMA CONTAGIOSO EM MEMBRO POSTERIOR ESQUERDO DE BOI-ALMISCARADO (Ovibos moschatus) DO

ACERVO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY,

MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

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60

Dois dias após a última avaliação visual, o primeiro animal que havia

apresentado as lesões ao redor dos olhos foi anestesiado para realização de uma

biópsia de pele (Figura 21) e possível diagnóstico de ectima contagioso (já que o

rebanho já possuia histórico de infecção de parapoxvirus).

FIGURA 21: BIÓPSIA DE PELE EM BOI-ALMISCARADO (Ovibos moschatus) DO ACERVO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY,

MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

Para o exame físico o animal foi anestesiado com uma combinação de

Carfentanil e Xilazina. Foram encontradas lesões ao redor dos dois olhos, na narina

e no membro posterior esquerdo. Havia miíase nas lesões oculares, porém o animal

apresentava perda de peso neste momento, provavelmente relacionado a não

existência de lesões na cavidade oral.

Para tratamento preventivo, foi administrado permetrina tópico para agir como

um inseticida e fosfato de tilmicosin – Micotil, para possíveis infecções secundárias.

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61

No dia 24 de agosto de 2010 foi confirmada através da histopatologia e microscopia

elétrica a presença de partícula indicando ectima contagioso.

6.2.3. Discussão

Como não existe tratamento para esse tipo de enfermidade, e provavelmente

todos os animais do rebanho já estavam infectados, os tratadores foram orientados

a tomar certas medidas preventivas. A ocorrência desse surto durante o período do

verão dificultou o tratamento devido à grande presença de moscas e miíase agindo

como vetores mecânicos do vírus.

Todos os materiais utilizados no manejo (alimentação, limpeza e tratamentos

diários) deveriam ser de uso exclusivo do recinto desses animais. As vestimentas

utilizadas pela equipe também não deveriam entrar em contato com outras áreas do

zoológico, assim como o manejo desses animais deveria ser realizado após todos os

outros daquele tratador. Também foi implantado pedilúvio em todos os acessos ao

recinto.

Como o rebanho é composto de treze animais, sete machos e seis fêmeas

(algumas em gestação), a separação dos sexos no período de reprodução não é

possível de acordo com a estrutura do recinto desses animais, foi recomendada a

orquiectomia, já que esses animais vêm apresentando um problema anual de

infecção de parapoxvirus.

O boi-almiscarado não se trata de um animal em risco de extinção, além de

não ser uma espécie de difícil aquisição para os zoológicos americanos, portanto

não existe uma maior preocupação em inviabilizar esses animais para reprodução.

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62

No ano de 2009 o mesmo rebanho apresentou uma condição mais severa de

parapoxvirus, havendo diversos animais com lesões orais, causando perda de peso.

Foi realizada a vacinação dos animais que não haviam entrado em contato com o

vírus, porém não se mostrou viável já que a imunidade recebida mediante vacina

(vírus vivo) deveria apresentar uma duração de pelo menos um a dois anos. Como

os animais não apresentaram uma condição muito preocupante, o tratamento foi

apenas preventivo para infecções secundárias e miíase, além de tratar o recinto

como os mesmo cuidados de uma área de quarentena.

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63

6.3. LESÃO CRÔNICA EM JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei,

BLYTH, 1853)

6.3.1. Revisão de Literatura

6.3.1.1. Biologia

O Jabuti-birmanês-negro (Manouria emys phayrei) (Figura 22) faz parte da

ordem Testudines da família Testunidae. A espécie é dividida em duas subespécies:

M. emys phayrei (Jabuti-birmanês-negro) e M. emys emys (Jabuti-birmanês-marrom)

(MCKEOWN, 1990).

FIGURA 22: JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei).

Fonte: http://animaldiversity.ummz.umich.edu/site/resources/tanya_dewey/tortoise.jpg/view.html

Segundo Jacobsen e Tabaka (2004), principal diferença entre as duas

subespécies é encontrado nos escudos peitorais. Em M.e.phayrei os escudos

peitorais estão perto da linha média, enquanto que em M.e.emys eles estão

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amplamente separados (Figura 23). A M.e.phayrei é uma subespécie do norte,

encontrando-se do centro e do norte da Tailândia, em Myanmar, em Assam, na Índia

e em Bangladesh (BUHLMANN, RHODIN, VAN DIJK 2010). De acordo com

Mckeown (1990), esses animais podem chegar a até 50 centímetros de

comprimentos e pesar até 46 kg. Eles geralmente possuem coloração da carapaça

marrom, verde-oliva escuro ou preto cúpula (JACOBSEN e TABAKA, 2004).

FIGURA 23: DIFERENCIAÇÃO EM ENTRE AS SUBESPÉCIES DE Manouria emys. (esq.) Manouria emys phayrei. (dir.) Manouria emys emys.

Fonte: - http://www.chelonia.org/articles/burmmtortoise.htm

Esta é a maior tartaruga terrestre da Ásia e é considerada a quarta maior do

mundo (MCKEOWN, 1990). Segundo Jacobsen e Tabaka (2004), a frente dos

membros anteriores é coberta com grandes e pesadas escamas de sobreposição.

Além disso, há um agrupamento de grandes escamas em cada coxa. Segundo

Mckeown (1990) as escamas da coxa são tão pronunciadas que esta espécie é

muitas vezes referida como a "seis pernas" ou "seis patas".

Sua alimentação é muito variada, normalmente é composta de gramíneas

como trevo, dente de leão, entre outras ervas de folha larga (MCKEOWN, 1990).

Também se alimentam de verduras, couve-flor, abóbora, frutas e minhocas

(JACOBSEN e TABAKA, 2004).

Page 65: 151338 Relatorio de Estagio

65

6.3.1.2. Dermatologia em Répteis

De acordo com Cooper (2006), a pele dos répteis é queratinizada e age como

um recurso característico desses animais, realizando a mesma função que o

tegumento para as demais espécies. Porém para os répteis ela protege o animal de

abrasões, de dessecações, dos raios ultravioleta e age como uma barreira para

organismos exógenos (COOPER, 2006). Segundo Bennett (1994), a epiderme é

revestida por escamas ou cascos que variam de tamanho e formato de acordo com

a espécie de réptil em questão.

Histologicamente, a epiderme desses animais é composta de três camadas.

O estrato córneo externo é altamente queratinizado, acelular, e tem uma superfície

serrilhada. A zona intermediária é composta por células filhas do estrato germinativo,

que é a camada mais inferior, em vários estágios de diferenciação. Estas três

camadas estão presentes durante a fase de dencanso da pele (BENNETT, 1994).

A ecdise ou troca de pele é um processo regulado pelos hormônios

tireoidianos. Começa com as células do estrato germinativo sofrendo mitose

simultâneas para formar uma nova zona intermediária e estrato córneo sob a velha

geração (GOULART, 2006). A ação das enzimas quebra as células da base da

antiga zona intermediária, e o fluxo linfático provoca a separação entre a antiga zona

intermediária e o estrato córneo novo (BENNETT, 1994). Segundo Bennett (1994),

os vasos sangüíneos se tornam ingurgitados e incham rompendo a pele velha e

completando a ecdise. Em quelônios e crocodilianos, proliferação e queratinização

são contínuas e derramamento dessa pele ocorre somente em regiões flexíveis do

corpo. Isso produz anéis de crescimento entre estas escamas quando eles crescem

Page 66: 151338 Relatorio de Estagio

66

e as anteriores, as camadas de menor não são perdidos (COOPER, 2006). A

freqüência de ecdise é proporcional à taxa de crescimento e metabolismo do animal,

mas geralmente leva de dez a quatorze dias (COOPER, 2006).

Cooper (2006) cita ainda que a zona intermediária é composta de tecido

mesenquimal, principalmente conectivo, que engloba canais linfáticos, veias

sanguíneas, nervos e cromatóforos (células especializadas capazes de refletir a luz

e dar coloração a alguns animais).

O processo de cicatrização ocorre em fases similares das observadas em

mamíferos. Inicialmente os fluídos proteináceos juntamente com fibrina preenchem a

lesão a fim de formar uma crosta, em seguida uma camada única de células

epiteliais migra abaixo dessa crosta. Essa camada então se prolifera para restaurar

a espessura de um epitélio íntegro. Além disso, os macrófagos e heterófilos migram

para essa região, e eliminam as bactérias (MADER e BENNETT, 2006). Ainda,

Mader e Bennett (2006) comentam que ocorre a formação de uma cicatriz fibrosa

transversalmente pelos fibroblastos que migram para a região.

Segundo Cubas e Baptistotte (2006), os quelônios possuem um casco rígido

que os protege da variação de temperatura, predadores e pressões ambientais.

Essa estrutura é formada de osso, pela fusão da coluna vertebral, costelas e cintura

pélvica. A parte superior é conhecida por carapaça, e a ventral, por plastrão

(COOPER, 2006).

As lesões de pele em répteis podem ocorrer devido a um substrato incorreto,

dano físico, mordida provocada por companheiros de recinto ou até por roedores

(COOPER, 2006). Segundo Frye (1997, A), o tratamento de lesões nesses animais

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67

deve incluir limpeza, debridamento de tecido necrosado, e caso necessário a sutura

deverá ser realizada para auxiliar o processo primário de cicatrização. Também é

necessária a realização de terapia antimicrobiana, de suporte e antibiótica para

prevenção de qualquer tipo de infecção secundária (FRYE, 1997, A).

Em geral o tratamento é o mesmo realizado em outras espécies, porém, para

os répteis, exercem grande influência durante esse período de tratamento a

temperatura e o estado nutricional (COOPER, 2006). Quanto maior a temperatura e

a ingestão de proteínas e vitaminas, mas rapidamente ocorre esse processo de

cicatrização, que para esses animais pode demorar de quatro a seis semanas.

No caso da realização de suturas, deve ser avaliada a extensão da lesão e

necessidade de ser suturada, pois de acordo com Frye (1997, B) alguns estudos já

realizados com esses animais que comprovam que pequenas a médias lesões não

devem ser suturadas, pois isso atrasa o processo da cicatrização.

6.3.2. Relato de caso

Um jabuti-birmanês-negro (Manouria emys phayrei) fêmea, de 27 anos, com

44 kg, foi atendido no HVMNZ, apresentando um inchaço na faceta direita do

pescoço.

Para o exame físico realizado no dia 26 de julho de 2010, o animal foi

anestesiado com uma associação de Medetomidina, Cetamina e Butorfanol. Foi

encontrada uma lesão de aproximadamente dez centímetros de comprimento por

seis centímetros de largura no lado direito do pescoço, com as bordas necrosadas e

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68

uma grande quantidade de material purulento (Figura 24). A origem da lesão não foi

determinada, mas suspeita-se que tenha sido infringida pelo companheiro de recinto.

FIGURA 24: LESÃO CRÔNICA DE ETIOLOGIA DESCONHECIDA EM REGIÃO DIREITA DE PESCOÇO EM JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei). APARÊNCIA DA LESÃO EM PRIMEIRA AVALIAÇÃO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

Foi realizado o debridamento da lesão e a limpeza com Nolvasan® (solução a

base de clorexidina). Foi aplicada pomada de sulfadiazina de prata, que age como

um antibacteriano e antifúngico tópico. Um curativo seco-úmido com betadine® um

anti-séptico com iodo que foi suturado em cima da lesão (Figura 25) para proteção e

para manter a umidade necessária. O animal foi mantido no internamento para evitar

um acesso à água.

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69

FIGURA 25: CURATIVO SUTURADO PARA MELHOR FIXAÇÃO EM LESÃO CRÔNICA DE ETIOLOGIA DESCONHECIDA EM REGIÃO DIREITA DE PESCOÇO EM JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei). HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

No dia 30 de julho de 2010 o animal foi anestesiado novamente para troca de

curativo e reavaliação. A lesão não apresentou uma melhora significativa, tendo sido

encontrada miíase no local da lesão (Figura 26), além de estar com uma aparência

de maior necrose.

FIGURA 26: LESÃO CRÔNICA DE ETIOLOGIA DESCONHECIDA EM REGIÃO DIREITA DE PESCOÇO EM JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei) APÓS QUATRO DIAS DE TRATAMENTO SEM APRESENTAR MELHORA. HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

Page 70: 151338 Relatorio de Estagio

70

O procedimento de debridamento foi novamente realizado, porém com

aplicação de pomada de sulfadiazina de prata e suturada da abertura da pele em

excesso na lesão.

Em quinze dias o animal foi reavaliado e percebeu-se uma pequena melhora

após a retirada do pus e do tecido necrótico que estava localizado acima da lesão

(Figura 27). Desta vez foi realizado um tratamento experimental, com metade da

ferida coberta com a pomada de sulfadiazina de prata e a outra metade com um

produto da A-Cell, que funciona como um medicamento tópico a base de matriz

extracelular da bexiga urinária de suínos e que promove um crescimento mais

acelerado de células na lesão.

FIGURA 27: LESÃO CRÔNICA DE ETIOLOGIA DESCONHECIDA EM REGIÃO DIREITA DE PESCOÇO EM JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei) APARÊNCIA DA LESÃO UMA SEMANA APÓS INÍCIO DE TRATAMENTO (Esq.). LESÃO APÓS O DEBRIDAMENTO E LIMPEZA, COM APARÊNCIA DE TECIDO SAUDÁVEL (Dir.). HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

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71

No dia 24 de agosto de 2010 o animal já apresentava uma melhor

cicatrização, foi observada a presença de tecido saudável e sem presença de pus ou

necrose (Figura 28). O animal foi liberado para retornar ao recinto.

FIGURA 28: LESÃO CRÔNICA DE ETIOLOGIA DESCONHECIDA EM REGIÃO DIREITA DE PESCOÇO EM JABUTI-BIRMANÊS-NEGRO (Manouria emys phayrei) LESÃO NO ÚLTIMO DIA DE TRATAMENTO COM TECIDOSAUDÁVEL E SEM PRESENÇA DE MATERIAL PURULENTO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DO ZOOLÓGICO DE MINNESOTA, LOCALIZADO EM APPLE VALLEY, MINNESOTA, EUA.

Fonte: Luiza Prado (Outubro, 2010)

6.3.3. Discussão

O período de cicatrização em répteis é mais prolongado que nos mamíferos,

então podemos considerar que esse animal não apresentou um grande problema no

seu processo de cicatrização. Principalmente quando iniciou-se um manejo mais

atento para a temperatura do recinto e quando o animal foi liberado para entrar em

água.

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72

A causa da lesão não foi definida, mas suspeita-se que tenha sido provocada

por um companheiro de recinto, pois uma semana após o retorno desse animal à

exibição, os tratadores perceberam um macho mordendo a mesma região da antiga

lesão. Porém esse fato não pode ser confirmado, pois a atração do agressor para a

região pode ter sido causada pela presença de uma lesão em cicatrização.

Não pode ser confirmado qual dos diferentes medicamentos tópicos utilizados

apresentou um melhor resultado, pois todos são recomendados para lesões em

répteis. Os resultados variavam assim como a fase de cicatrização da lesão, e como

foi observada uma melhora considerável em quatro semanas de tratamento pode-se

afirmar que o tratamento foi efetivo mesmo sem o conhecimento da origem do

problema.

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73

7. CONCLUSÃO

O estágio curricular no Zoológico de Minnesota foi uma grande oportunidade

de aprendizagem e experiência para meu futuro profissional. Os procedimentos

acompanhados, as realizações de exames físicos, as anamneses e as análises

laboratoriais serviram de grande crescimento pessoal além de conhecimento na área

de medicina de animais selvagens.

Os veterinários me proporcionaram a chance de conhecer e vivenciar a rotina

e os problemas de um hospital veterinário dentro de um zoológico, desde lidar com

problemas sanitários relacionados com os visitantes e os animais, a problemas

relacionados à dificuldade de escolha de um tratamento por algum empecilho

governamental que possa influenciar na decisão.

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74

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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