15 essencia de luz

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Rio de Janeiro:: Dezembro/Janeiro/Fevereiro 2013 :: nº 15 Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio de Pietrelcina É doando que se recebe, Eis um primor de lição! Mas a vida nos ensina Que só recebe quem doa Com amor no coração...

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Jornal da Casa de Padre Pio

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Rio de Janeiro:: Dezembro/Janeiro/Fevereiro 2013 :: nº 15Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio de Pietrelcina

É doando que se recebe,Eis um primor de lição!Mas a vida nos ensinaQue só recebe quem doaCom amor no coração...

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2 Essência da Luz uma publicação trimestral da Casa de Padre Pio

EXPEDIENTE Essência da Luz é uma publicação da Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio Pietrelcina CNPJ 04.772.688/0001-89 | Periodicidade trimestral | Distribuição interna e gratuita | Tiragem trimestral de 500 exemplaresRua Assunção, 297 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP 22251-030 Telefone: 2286-7760Site: www.padrepio.org.br | Blog: www.casadepadrepio.blogspot.comE-mail: [email protected] / [email protected] Presidente da Casa: Lucia Pires Vice-presidente da Casa: Luiz Augusto de QueirozCoordenação Editorial: Rosa Carmen Sá de Alverga Projeto gráfi co/diagramação: Raquel Reis Revisão: Daisy Elísio Impressão 3D Gráfi ca Editora Apoio: Marcello Braga

AS INFORMAÇÕES FORNECIDAS NOS ARTIGOS, ASSIM COMO REFERÊNCIAS, SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES.

Índice

Editorial ........................................................................................03Conversando com vocêDoação ...........................................................................................04SabedoriaNos Passos do Mestre Sri Ramana Maharshi ....................05Grupos da Casa de Padre Pio O atendimento apométrico, seus resultados e suas implicações ...................................................................................06Grandes MestresFrancisco de Assis .......................................................................08Refl exãoDoar tem efeito bumerangue ................................................10Astrologia e AutoconhecimentoMomento Astral ..........................................................................11

TerapiasMandala: uma porta para a consciência em evolução .................................................................................12Personagens MarcantesMaria Firmina dos Reis, um exemplo de superação ......14MitologiaOs Mitos e a Visão Junguiana .................................................15EncontrosMendes 2012................................................................................17Coluna LivreGrupo de Estudo das Tradições Nativas .............................18PoesiaCantigas de roda .........................................................................18Prece ...............................................................................................19Atividades da Casa ..................................................................20

Aqui estamos mais uma vez com o nosso jornal, neste fi nal de ano, agradecidos por podermos continuar realizando o intenso e amoroso

trabalho, que nos traz tanta satisfação e alegria nessa Casa abençoada por Padre Pio. A CPPIO é, realmente, um local fora do comum, tão diversifi cada que só poderia mesmo ter sido projetada por um aquariano de mente e coração abertos para todos. Os grupos criados na Casa, nesses quase 16 anos, conseguem fazer seus trabalhos dentro de linhas as mais diversas, porém unidos pela mesma intenção: buscar apoio e orientação espiritual para ajudar a todos nós em nossa evolução na Terra e, dessa forma, em nada diferem uns dos outros.

Nesta edição, mostramos a ida a Mendes no mês de Outubro e apresentamos alguns grupos. O tema principal refere-se à necessidade de sabermos doar com prazer e desprendimento. E quem poderia representar melhor uma pessoa generosa e desprendida do que São Francisco de Assis? É claro que não podemos nos comparar a ele, mas podemos nos espelhar no brilho de suas virtudes e desejar que a sua luz se refl ita em nossas almas.

Rosa CarmenFoto da Capa: festa do Dia das Crianças na CPPIO 2012

Bate papo

Amigos,

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Editorial

Ele foi uma Luz que brilhou sobre o mundo!” (Dante Alighieri)Luiz Augusto de Queiroz

Uma fi gura tão reverenciada, cuja vida foi contada e recontada em tantas versões, é também em aspectos importantíssimos quase que desconhecida de nós.

Francisco de Assis foi um Cristo, no sentido que o próprio Cristo em Jesus de Nazaré exortava a todos os seus

discípulos a serem. Francisco, pela sua entrega completa ao Amor, tornou-se o que está destinado a cada um de nós nos tornarmos também: um com o Pai, de onde tudo vem!

Entretanto, para revelar o Cristo que havia nele, Francisco foi homem até a medula e, apesar de inserido num contexto de ética religiosa e social, que o levou a atos extremos de mortifi cação corporal e repressão de energias divinas contidas nas manifestações do sexo, Francisco viveu cada minuto de sua vida física com a intensidade daquele que se reconhece fi lho de um Criador que nos dotou de todas as suas qualidades.

Na juventude, expandiu a energia Divina que morava em seu coração na forma de intensa atividade, como líder da juventude de sua cidade natal, Assis, em noites e noites de poesia, cânticos e amor, sob todas as suas formas, inclusive a sexual. Não hesitou em atender ao chamado de seu pai Pietro Bernardone e, na sua loja de tecidos, tornou-se a viga mestra, o melhor vendedor e aquele que organizava a contabilidade como ninguém! Num sonho de glória, alistou-se por duas vezes como cavaleiro na guerra contra Perusia, onde amargou prisão por seis meses, e num exército mercenário de um conde retornado das Cruzadas, a fi m de participar de pilhagens (aceitas à época como parte normal da vida). Mas soube ouvir o chamado Divino e entrar dentro de si mesmo, como Abraão, e descobrir ali toda a riqueza que procurava. Renunciou de forma espetacular a tudo para mostrar através de si mesmo que tudo é fruto da Abundância Divina, e se não estamos ligados a ela, como ramos ao tronco da árvore, nossa felicidade é vã e não possui raízes!

Francisco mostrou que o verdadeiro Bem é consequência do Amor incondicional a toda a criação! Todas as criaturas são manifestação do Criador, e o mal, quando visto os olhos do Criador em nós (e não os do ego), desaparece, fundindo-se e derretendo-se na Luz Fulgurante do Bem Omnipresente que tudo engloba.

Francisco se acreditou até o fi m da vida física um pecador, mas o Amor que ele viveu cobriu a multidão dos pecados, e o que se viu foi o Cristo brilhar nele, como uma mensagem viva a todos os seus irmãos de todos os tempos.

Nunca um santinho insosso. Mas um Santo na verdadeira acepção da palavra, que unifi cou o Nome de Deus, ou seja, as energias Divinas presentes em todas as criaturas, em si mesmo! Sua luz brilha, então, pelos séculos, a convidar aqueles que querem praticar a única verdadeira renúncia, que não é nem será apenas exterior. A renúncia de nosso egoísmo e dos frutos do Ego, para ganharmos os Bens imperecíveis que nos trarão a riqueza verdadeira em todos os sentidos!

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Existe quebra-cabeça mais interessante do que o ‘bailado’ das palavras? ‘Desvendá-las’ é um prazer tanto para crianças quanto para adultos, adoro as palavras. Elas revelam um universo de ‘existires’. Assim, não escapei quando convidada a escrever sobre essa palavra...

Então, examinando e brincando com essas outras palavras:

DoAÇÃO (doe+ação) – AdoÇÃO (adoce sua ação) – corAÇÃO (colorindo sua ação) - inspirAÇÃO (é preciso pirar às vezes!), em todas encontrei... ‘circulAÇÃO’.

E assim sempre será a Vida... Que é corrente, mudança, roteiro e sentido. E seguindo

essa linha, resolvi... não espere! Antes de continuar lendo esse texto, para certas ‘coisas’ é melhor estar prevenido.

Não venho oferecer respostas, ao contrário, aqui apresento muitas perguntas e isso talvez não seja o que lhe interessa agora. E se a sua preferência, no momento, for por respostas prontas e rápidas, hummm... Pare!

Mas, se está interessado e disposto, vamos em frente. Bem, que tal encararmos a mãe de todas as perguntas: “Qual o SENTIDO da nossa vida?” ou “Como olhamos para essa vida e todas as suas possibilidades?” Observando seus variados desafi os e enfrentando nossa ‘estranheza’ perante esse magnífi co cenário, um fato podemos constatar: a VIDA é muito ‘imponderável’.

A ciência comprova que todos somos feitos exatamente da mesma substância das formas mais diversas, esquisitas e criativas que coexistem no universo, certo? E também da mesma matéria atômica das inúmeras montanhas do planeta e estrelas que giram pela galáxia, incluindo nessa receita sideral os tomates, os gatos, a grama e as minhocas! E talvez por isso tudo, tantas ‘coisas’, às vezes, não fazem ou não têm o menor sentido.

Por que então precisamos da frágil sensação de estar no controle, se sabemos muito bem que não controlamos nada? Por que nos importunamos tanto com as nossas ‘diferenças’, se são elas que tornam a vida mais fascinante? Afi nal, lembre-se: metade do mundo neste exato instante está de cabeça para baixo, certo? Então, somos ‘apenas’ membros de uma das muitas espécies existentes, e gostamos de nos sentir assim, existe certo conforto. Por que então construímos ‘barreiras defensivas’ em torno dos nossos sentimentos para não nos deixar mais próximos do ‘outro’?

E afi nal, do que se trata essa tal Vida? Muitos dizem que é uma viagem, outros uma passagem. E por que você está aqui e não ali? E para onde está indo? E por fi m, o que você ama de verdade? Qual é a sua paixão?

Descobri que me fazendo perguntas simples, mas do mesmo modo importantes, e ouvindo atentamente o meu coração, uma pequena voz sempre me dirá uma verdade - caso esteja pronta a ouvi-la – e é preciso

coragem e dedicação para viver meus sonhos.

E essa foi a minha direção para acontecer a DOAÇÃO. É seguir o próprio

caminho (que é recompensador, mas não é fácil), é lembrar-se das difi culdades (e elas existem e são muitas), sem no entanto desistir ao primeiro tranco, e olhando para o TODO, parecerá pouco, mas acredite, signifi ca diferença. É saltar do ordinário (trivial) para o extraordinário (arrebatador)!

E é assim que mudamos o mundo, transformando primeiro o nosso ‘tênue mundo’.

Coloque agora a mão sobre o seu coração. Sinta as batidas do ‘seu’ tempo e saiba que os enganos serão parte dessa mesma vida. E não desista dessa aventura, desse exercício diário, dessa dança divertida, pois a cada noite, ao se deitar, saberá que ‘fez’ a diferença (às vezes fazendo apenas o que podia e isso era ‘muito’ pouco).

Compartilhe! Arrisque! Pulse! Realize! Vibre! Provoque! Participe!

DOAÇÃOAdelaide Hortencia

Conversando com você

4 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Médicos sem Fronteiras (MSF) Categoria: Assistência InternacionalFundação no Brasil: 1991 - Telefone: (21) 3527-3636.Website: www.msf.org.br

HEMORIO - Ajude-nos a abastecer nossos estoques, exerça seu lado cidadão e venha doar sangue!Compartilhe essa ideia! Dúvidas sobre doação de sangue, novidades e as principais notícias do nosso hemocentro você confere em nosso blog:http://hemoriodoesangue.com.br/

CNCC – Creche Casulo Nossas Crianças (atendendo a 75 crianças) Recursos: doações, bazares, eventos, contribuições de associados. Criada em 1984 para desenvolver um programa educativo (gratuito) voltado para as crianças, oriundas de famílias de baixa renda, moradoras do Município de Nilópolis.Tels: (21) 26913677 / (21) 27929627e-mail: [email protected]

Por favor, nos ajudem a divulgar nossos lindos cães para adoção. Todos socializados, vermifugados, castrados e vacinados. Estão na cidade do Rio de Janeiro. Precisamos de ótimas adoções para prosseguir com os resgates! REPASSEM aos seus amigos! DIVULGUEM nossos cães nas redes sociais! ENVIEM para blogs e outros sites simpáticos à causa animal! AVISEM aos seus conhecidos sobre o nosso projeto! Muito obrigada a todos, abraços,“Ninguém pode se queixar da falta de um amigo, podendo ter um cão”. (Marquês de Maricá)

Lar PáPumwww.larpapum.com

CASA DE FELIPE, no Lar de Frei LuizCasa para 30 pessoas idosas Estrada da Boiúna, 1367 – Taquara Tel.: (21) 3539-9550 - Fax:(21) 2440-7055Jacarepaguá - Rio de Janeiro - RJBrasil - CEP 22723-021www.lardefreiluiz.org.br

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Sabedoria

“Oh, Senhor, obedeço ao Teu chamadoAqui estou eu, abandonando tudo.

Não Te peço nada; não perco nem lamento,Pegue-me e me faça Teu”.

(Ramana Maharshi)

Ouvi falar de Ramana Maharshi pela primeira vez, através do livro “A Índia Secreta”. Foi amor à primeira vista. A partir daí, lia tudo que encontrava

sobre ele e, cada vez mais, me sentia fascinada por seus ensinamentos; e assim, o sonho antigo de conhecer a Índia se fortaleceu.

A oportunidade da viagem surgiu mais rápido do que imaginara. De repente, estava arrumando as malas para conhecer esse país que povoou meus sonhos por tantos anos, e o roteiro, claro, incluía o Ashram (*) de Ramana Maharshi, na cidade de Tiruvannamalai.

Embora não faça parte dos programas tradicionais de turismo, nem seja um dos mais famosos locais de peregrinação da Índia, Tiruvannamalai se destacou, entre centenas de outras cidades, como um “ponto de luz” brilhante no universo de devoção desse país milenar, pela presença do Maharshi. Foi por amor ao Monte Sagrado “Arunachala”, que Ramana chamava de “seu pai”, que, aos 16 anos, ele deixou sua família e chegou a Tiruvannamalai. Durante o resto da sua vida terrena, jamais deixou a cidade ou o Monte.

Não é “por acaso” que o Ashram de Ramana está localizado aos pés do “Arunachala,” que se destaca imponente e domina a paisagem. Chegar ali foi uma emoção indescritível e as lágrimas teimavam em sair de meus olhos, em um misto de alegria e devoção. Estava pisando a mesma terra onde o mestre caminhara. O coração mal cabia no peito. Me dirigi imediatamente à administração do Ashram para registro, recebendo todas as orientações a serem seguidas durante a minha permanência: roupas adequadas, hora do recolhimento, comportamento exigido, etc., e também a programação das atividades diárias com os respectivos horários. O Ashram é dirigido por homens e as tarefas são realizadas por eles com extrema disciplina e devoção. São aparentemente austeros, mas ao mesmo tempo sentimos a doçura, nas suas palavras, paciência e atenção ao nos receber. Em seguida, me encaminharam para a “Guest House”, localizada fora do prédio principal. Os quartos são impecavelmente limpos, com camas simples e confortáveis, banheiro, janelas teladas, ventiladores de teto, e uma varanda cerca toda a construção. Cada “hóspede” cuida da limpeza e manutenção dos seus

aposentos e deve deixá-lo nas condições que encontrou.

As atividades do Ashram eram as mesmas todos os dias, mas me pareciam únicas e especiais, porque a devoção estava presente todo o tempo. Acordar ao nascer do sol para ouvir os cânticos vedas no grande salão onde está o Samadhi de Ramana, o Puja (ritual de oferenda) ao Samadhi, leitura de textos sagrados, meditação e oração, almoço. Um pequeno descanso, e as atividades se repetem na parte da tarde com intervalo para um lanche. Às 18h, é realizado o “Aarti”, (ritual de louvor à Divindade), com puja e cânticos encerrando a programação do dia. Não faz parte da tradição do Ashram praticar ensinamentos espirituais, yoga, etc., mas duas vezes por dia são lidos os ensinamentos de Ramana no Salão do Samadhi. O jantar é servido às 19h30min e, em seguida, é hora do recolhimento, quando todos devem se dirigir aos seus quartos. Antes de dormir, costumava sentar na varanda da Guest House e fi cava ali, imóvel, no escuro, admirando o Arunachala. Uma sensação de calma, paz e beleza emanava daquele lugar, invadia meu ser e embalava meu sono. No tempo livre, entre a programação do dia, passeava pelo Ashram para visitar os lugares preferidos do Mestre e conhecer um pouco os trabalhos realizados, conversando com os residentes. O local mais sagrado é a sala do “Nirvana”, onde Bhagavan passou seus últimos dias. Era o meu espaço preferido e todos os dias costumava fi car ali quieta e “esquecer de mim”. O lugar está conservado exatamente igual ao dia em que o Maharshi deixou o corpo. Nada foi mexido. Era uma benção olhar os objetos que ele usava, o leito onde descansava, e sentir a simplicidade ímpar do lugar. Parecia que voltava no tempo e, de repente, o “Mestre” entraria ali. Uma energia de puro amor se fazia presente neste lugar.

Ramana incentivou os seus devotos a fazerem o circuito em torno do “monte sagrado” Arunachala, mesmo os que estavam enfermos; ele sabia que os benefícios espirituais superavam qualquer problema físico. Ele mesmo fazia esse caminho duas vezes por dia e jamais dispensava esse ritual. “Quem visita este lugar recebe a Sua graça e bênção”, dizem os devotos. O circuito pode ser feito por todos que queiram viver essa experiência e quem precisar de um guia pode solicitá-lo na Administração do Ashram.

Diariamente, enquanto lá estive, refazia os passos do Mestre e caminhava em torno do monte Arunachala. São 14 km de puro êxtase e, ao longo do trajeto, temos a oportunidade de visitar também as “cavernas”, onde

Nos Passos do MestreSri Ramana Maharshi (1878-1950)Maria Helena Avena

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6 Essência da Luz uma publicação trimestral da Casa de Padre Pio

Grupos da CPPIO

O QUE É APOMETRIA?A Apometria é uma técnica avançada de

desdobramento do agregado espiritual do ser humano e manuseio de energias, na qual se trabalham, em conjunto, aspectos espirituais, energéticos e psicoemocionais. Trata-se de técnica anímica que faculta, através da sintonia mediúnica, o acesso aos registros e particularidades desse agregado formado pelos corpos sutis (perispírito), onde se ocultam as raízes das desarmonias psíquicas e espirituais do ser. Seu objetivo é diagnosticar e tratar uma ampla variedade de desarmonias, oriundas de experiências pretéritas, que se apresentam orbitando ao redor de nossa personalidade vigente e interferindo

negativamente em nossa experiência atual. Pode ser aplicada em qualquer criatura, não importando a sua idade, resistência ou condição de saúde física ou mental.

O termo Apometria vem do grego Apó (preposição que signifi ca além de, fora de) e Metron (relativo à medida). Representa o clássico desdobramento entre o corpo físico e os corpos espirituais do ser humano. Esta ferramenta é útil em muitas correntes terapêuticas. Porém, fundamental nas sessões da mediunidade curadora à Luz da Doutrina Espírita, codifi cada por Allan Kardec. Mas para entendermos esta dinâmica, faz-se necessário entender como se confi gura o nosso espírito imortal. Nosso espírito imortal seria como

Apometria: O atendimento apométrico, seus resultados e suas implicações Jorgean Jeferson dos Santos

Ramana viveu antes da construção do Ashram. A cozinha era outro lugar especial e o preparo do

alimento um verdadeiro ritual. Ramana gostava de trabalhar ali e cuidava para que o alimento servido fosse sempre saboroso e não aceitava nada feito especialmente para ele. “Se alguém assim o fazia ele repartia com todos antes de comer”. Suas orientações continuam sendo seguidas fi elmente. Diariamente, antes dos hóspedes e residentes comerem, o alimento é oferecido às dezenas de devotos e desabrigados que esperam no pátio. O refeitório, localizado ao lado da cozinha, é um espaço arejado e agradável. O lugar onde Ramana comia está marcado por um grande retrato dele. Todos se sentam no chão e o alimento é servido em cima de uma folha de bananeira; usamos as mãos para comer. A limpeza e o silêncio eram a tônica do lugar.

Bhagavan também tinha o hábito de ir todos os dias aos estábulos para cuidar e conversar com os animais. São muitas espécies que encontramos no local; os pavões com suas caudas e cores belíssimas estão espalhados pelo terreno e, em cima dos telhados, macacos se divertem pulando por todos os lugares, vacas que fornecem o leite e a deliciosa coalhada servida às refeições.

Ao longo dos anos, o Ashram se expandiu e foram construídos novos espaços. Recentemente, a nova Biblioteca foi inaugurada com uma área muito maior, para abrigar o excelente acervo de mais de 5000 volumes, em várias línguas, sobre os mestres, temas religiosos e fi losófi cos de uso livre. O refeitório também foi ampliado e hoje tem capacidade para até 800 pessoas. A “Guest House”, embora também tenha sido ampliada, ainda não é sufi ciente para a demanda de devotos; por essa razão, o período de permanência é limitado e, apenas em casos

especiais, o tempo de estadia pode ser prorrogado. O Ashram mantém um programa de educação e

saúde. A área de educação atende gratuitamente a meninos que recebem moradia, abrigo e os estudos de Yajurveda, sânscrito, literatura inglesa, Tâmil (língua falada no sul da Índia), matemática e conhecimentos gerais. Na área de saúde, uma Clinica com médicos plantonistas atende todas as pessoas que necessitam.

Tudo ali era absolutamente mágico, eu não andava, mas fl utuava naqueles espaços. As palavras perdiam o sentido e o silêncio reinava absoluto em todos os lugares, nos convidando à meditação e à refl exão. Cada dia era uma experiência inesquecível, permanente apenas a paz e o silêncio que habitavam aquele lugar e contagiavam o coração. Mas o tempo cronológico estava acabando e chegava a hora da partida. Por duas vezes, nos anos de 2000 e 2002, ali estive “seguindo os passos do Mestre”.

“O Grande Maharshi, o ‘Mestre do Silêncio”, presenteou o mundo com uma simples mensagem: “Conheça a Ti mesmo”, e falava diretamente ao coração das pessoas. E ali, no silêncio, ”escutei” a Sua Voz. O tempo passou e há cerca de dois anos uma amiga me falou sobre a Casa de Padre Pio. Quando visitei o site para obter maiores informações, a primeira imagem que apareceu na tela foi a de Sri Ramana Maharshi. Percebi então que eu continuava “seguindo os passos do Mestre”.

(*) Um Ashram, na antiga Índia era um eremitério hindu onde os sábios viviam em paz e tranquilidade no meio da Natureza. Hoje, o termo Ashram é normalmente usado para designar uma comunidade formada intencionalmente, com o intuito de promover a evolução espiritual dos seus membros, frequentemente orientado por um místico ou líder religioso.

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um aglomerado psíquico, composto por diversas personalidades. Criando uma comparação que facilite este entendimento, teríamos o espírito como sendo o ATOR, enquanto que nossas personalidades seriam como PERSONAGENS (os “papéis”) que representamos. Quando uma encarnação é planejada, é elaborada também uma personalidade (um personagem) dominante, que terá vigência nesta nova vida dentro do contexto para o qual aquela experiência se propõe a cumprir.

Com o passar de milhares de vidas, nosso aglomerado psíquico se avoluma em conteúdo e em número de personalidades (personagens), formando uma incalculável rede de interações entre elas. Se levarmos em consideração que um espírito encarnado na Terra tem, em média, cerca de 3 a 5 mil vidas passadas, mal podemos imaginar o quão complexos são estes processos de interferências interativas. Quando, numa encarnação, a personalidade vigente até então absorve relevante grau de experiências desagradáveis, a tendência desta personalidade, mesmo depois de desencarnada, é se manter cristalizada naquela experiência de dor, perda ou lesão, sem sequer perceber que o evento não mais faz parte do presente. Esta personalidade, mesmo fora do contexto de sofrimento real, inconscientemente continua “revivendo” aquela experiência desagradável em seu campo psíquico, por milhares de anos, como se ele ainda estivesse de fato ocorrendo. Este auto-aprisionamento das personalidades nos acontecimentos pretéritos faz com que, inconscientemente, estejamos sempre gerando os mesmos tormentos emocionais de outrora, que acabam por refletir na nova personalidade vigente (atual). Desta forma, cada espírito (vamos chamá-lo de Aglomerado Espiritual) possui adormecidas ou ativas dentro de si milhares de personalidades, funcionando como consciências paralelas, completamente autônomas, que mantêm suas antigas memórias sendo reprocessadas.

Descreveremos a seguir uma situação a título de exemplo, sem que, entretanto, possa ser aplicada a todos os casos que apresentem os mesmos sintomas, já que cada indivíduo é único e tem suas próprias vivências. O exemplo ilustrativo é o de uma pessoa que sofria de Síndrome do Pânico e que buscou atendimento. Em outro tempo, este indivíduo viveu aprisionado em uma masmorra. Essa vivência traumática justifica os sintomas de pânico apresentados por ele, que, no entanto, não fazem sentido no contexto de sua vida presente.

Esta personalidade cristalizada no passado é chamada de MÚLTIPLA PERSONALIDADE (Vem do inconsciente – ligada ao passado). As consciências paralelas, criadas por nossa personalidade vigente,

são chamadas de SUBPERSONALIDADES (Vem do consciente – ligada ao presente). Em linhas gerais, uma subpersonalidade é uma dissociação da personalidade atual. Os eventuais espíritos obsessores envolvidos também são passíveis de acesso e tratamento. O tratamento apométrico produz grande alívio das cargas emocionais associadas às questões trabalhadas durante o atendimento. No entanto, esta melhora das condições vai durar um tempo maior ou menor dependendo do trabalho de conscientização e transformação interior que a personalidade atual deve realizar ativamente.

O QUE SE PODE TRATAR COM APOMETRIA?- Distúrbios psíquicos do comportamento do sono;- Vícios em geral e dependências químicas;- Dificuldades profissionais, intelectuais e familiares;- Espiritopatias ou “encosto”; - Deficiências físicas e mentais;- Síndromes raras;- Desfazer simbiose;- Resgatar níveis no astral inferior;- Remover “aparelhos” e/ou implantes astralinos;- Obsessões e auto-obsessões;- Reconfiguração astral; entre outros.

Apometria não é uma filosofia, uma doutrina ou religião. Caracteriza-se por um conjunto de técnicas e procedimentos psíquicos desenvolvidos, fundamentados cientificamente e instrumentalizados por José Lacerda de Azevedo, médico espírita do Hospital Espírita de Porto Alegre, o HEPA, após mais de 22 anos de pesquisas, os quais resultaram nas obras:

Azevedo, J.L. Espírito/Matéria – Novos Horizontes Para a Medicina.

Azevedo, J.L. Energia e Espírito: Teoria e Prática da Apometria.

Apesar da técnica ser relativamente simples, ela necessita de um nível complexo de operacionalização de informações, velocidades e energias sutis, só possíveis aos espíritos superiores.

O TRATAMENTO DA APOMETRIA ORGANIZADO PELA CASA DE PADRE PIO

A equipe de tratamento apométrico da Casa de Padre Pio funciona sob a égide de Padre Pio, Teresa de Ávila e Mestre Mahaidana. O direcionamento para o tratamento é feito, sempre, pelo Atendimento Fraterno da Casa e é realizado toda quarta-feira, das 18h às 21h15. O grupo de trabalho, hoje composto por 20 médiuns, atende de 15 a 25 pessoas aproximadamente, entre primeiros atendimentos e retornos, em cada reunião.

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8 Essência da Luz uma publicação trimestral da Casa de Padre Pio

Grandes Mestres

Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como São

Francisco de Assis (Assis, 5 de julho de 1182 — 3 de outubro de 1226), foi um frade católico da Itália. Era fi lho do comerciante italiano Pietro di Bernadone dei Moriconi e sua esposa Pica Bourlemont, cuja família tinha raízes francesas. Os pais de Francisco faziam parte da burguesia da cidade de Assis e, graças a negócios bem sucedidos na Provence, França, conquistaram riqueza e bem estar. Sua mãe o batizou como Giovanni (por causa de São João Batista). A origem de seu nome Francesco (Francisco) é incerta. O menino tornou-se um jovem popular entre seus amigos, por sua indisciplina e extravagâncias, por sua paixão pelas aventuras, pelas roupas da moda, pela bebida e também por sua liberalidade com o dinheiro.

Em Assis, durante uma algazarra com seus amigos, teria sido tocado pela presença divina, e desde então começou a perder o interesse por seus antigos hábitos de vida e a mostrar preocupação pelos necessitados. Eleito “rei da juventude” em um festejo folclórico tradicional, em vez de preparar-se para a entrada em uma vida de casado, como seria o costume, retirou-se para uma caverna a fi m de meditar, acompanhado de apenas um amigo fi el, para quem revelou seu desejo de obter sabedoria e de desposar a vida religiosa.

Assim, depois de uma juventude irrequieta e mundana, voltou-se para uma vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, que renovaram o Catolicismo com o hábito da pregação itinerante, quando os religiosos do seu tempo costumavam fi xar-se em mosteiros. Uma vez, entrou para orar na igreja de São Damião, e ali ouviu pela primeira vez a voz de Cristo, que lhe falou de um crucifi xo. A voz chamou a sua atenção para o estado de ruína de sua Igreja e instou para que Francisco a reconstruísse. Imediatamente, ele recolheu diversos tecidos caros da loja de seu pai e os vendeu a baixo preço no mercado da cidade, e voltou para a igreja doando o dinheiro para o padre, a fi m de que ele restaurasse o prédio decadente. O pai o acusou de dissipador de sua fortuna, reclamando uma compensação pelo que ele havia tirado de sua loja. Francisco despiu todas as suas belas roupas e as colocou aos pés do pai, renunciou à sua herança, pediu a bênção do bispo e partiu, completamente nu, para iniciar uma vida de pobreza junto do povo, da qual jamais retornou. O Bispo viu nesse gesto um sinal divino e se tornou seu protetor pelo resto da vida.

Francisco ajudou a reconstruir diversas igrejas nos arredores de Assis, entre elas a da Porciúncula, a que ele mais amava. Passou de devoto a missionário e começou

a pregar a palavra divina, c o n v e r t e n d o

pessoas. Tendo reunido um grupo

de seguidores, foi ao Papa pedir autorização

para a fundação de sua Ordem, que prescrevia

uma pobreza absoluta para os monges e para a Ordem. Entre

os novos amigos de Francisco estavam o Irmão Leo, seu futuro confessor e amigo inseparável, o Irmão Ruffi no que, segundo a lenda, pregava até dormindo, o Irmão Junípero, o Irmão Masseo e o Irmão Illuminato.

Em 1212, a Ordem foi enriquecida com a primeira mulher, Clara d’ Off reducci, a futura Santa Clara, fundadora do ramo feminino dos Frades Menores, as Clarissas, que logo trouxe suas irmãs, a quem foi dado o uso da capela de São Damião.

Seus anos fi nais foram passados em tranquilidade interior, quando seu amor e compaixão por todas as criaturas fl uíam abundantes, ao mesmo tempo que ele experimentava repetidas visões e êxtases místicos e fazia milagres, continuava a percorrer a região em pregações, e multidões acorriam para vê-lo e tocá-lo. Na primavera de 1223, retirou-se para o santuário do Monte Alverne, acompanhado dos seus irmãos de fé.

Nos estados contemplativos, eram-lhe reveladas por Deus, não somente coisas do presente, mas também do futuro. Durante uma dessas meditações, em 14 de setembro de 1224, no dia da festa da Exaltação da Cruz, Francisco viu a fi gura de um homem com seis asas, semelhante a um serafi m, pregado a uma cruz, e à medida que continuava na contemplação, que lhe dava imensa felicidade mas era sombreada de tristeza, sentiu se abrirem em seu corpo as feridas do próprio Cristo crucifi cado. Foi, dessa forma, o primeiro cristão a ser estigmatizado. Mas, enquanto isso lhe trazia alegria, sendo um sinal do favor divino, foi-lhe motivo de muito embaraço e sofrimento físico. Sempre tentou ocultar os estigmas com faixas e seu hábito, e poucos irmãos os viram enquanto ele viveu. Eles lhe causavam muita dor e, com isso, difi cultavam seus movimentos, além de sangrarem com frequência. Muitas vezes, teve de ser carregado por não poder andar. Passou algum tempo sob os cuidados de Clara, mas sua condição se deteriorava diariamente. Despediu-se de Clara e das irmãs em São Damião e voltou à Porciúncula, deu instruções para ser sepultado nu, e no por do sol de 3 de outubro de 1226, depois de ler algumas passagens do Evangelho, faleceu rodeado de seus companheiros, nobres amigos e outras personalidades. Dizem que nesse momento

Francisco de Assis

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um bando de aves veio pousar no telhado, cantando. Logo em seguida, o Irmão Elias notificou a todos de seu desaparecimento e divulgou sua estigmatização, até ali mantida em sigilo; seu corpo foi examinado por muitas testemunhas, a fim de comprová-lo, e o povo de Assis e dos arredores acorreu para prestar-lhe sua última homenagem. Foi enterrado no dia seguinte na igreja de São Jorge. Menos de dois anos depois, o Papa Gregório IX foi pessoalmente para Assis para canonizá-lo, o que aconteceu em 6 de julho de 1228 com grande pompa. Em 1230, foi inaugurada uma nova basílica em Assis, que recebeu seu nome e hoje guarda as suas relíquias e abriga o seu túmulo definitivo.

Francisco deixou poucos escritos, mas que são uma fonte importante para o conhecimento de suas ideias. Entretanto, muitos desses documentos são de autoria controvertida. Seu Testamento deve ser autêntico e também o Cantico di frate Sole - Cântico do irmão Sol. Suas Admoestações, uma coleção de 28 textos curtos, devem ter sido ditadas por ele. O fragmento “Ouvi, pobrezinhas”, escrito para as Clarissas, descoberto em 1976 em dois manuscritos do século XIV, é considerado autêntico, do mesmo modo que a “Forma de vida para Santa Clara” e a “Última vontade para Santa Clara”. A oração popular que inicia com as palavras “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz...” não é de sua autoria, tendo sido escrita em 1913 e publicada em um magazine francês anonimamente.

Francisco nunca fez questão de possuir grande erudição religiosa, nem falava de seus milagres, que foram muitos e impressionantes. Ele enfatizava a necessidade do despojamento de toda pretensão a aquisições intelectuais e mesmo morais e espirituais, consideradas como formas dissimuladas de obter domínio sobre os outros e como expressões de orgulho e individualismo. Considerava o corpo como uma maravilha, já que o homem fora feito à imagem e semelhança da divindade. Foi um grande devoto da Virgem Maria, manteve uma relação afetiva especial para com Santa Clara, vendo nela ainda uma liderança natural e uma continuadora de sua obra.

Os irmãos franciscanos eram obrigados a servir uns aos outros sem questionamentos. Não deviam expressar críticas ou emitir julgamentos nem entre si nem dirigi-los para as outras pessoas, nem combater os heréticos, nem devolver insultos ou agressões físicas. Francisco foi o primeiro na história do Cristianismo a chamar sua comunidade de fraternidade. Seu discurso doutrinário tinha um efeito persuasivo profundo. Fazia uso do humor e de uma atuação muito teatral, a fim de que a mensagem se fizesse mais acessível e atraente. Às vezes, acompanhava a pregação com o canto de hinos sacros, alguns compostos em letra e música por ele mesmo, e chamava a si e a seus irmãos de “os menestréis”. Com a presença dele, toda a Úmbria se tornara um lugar mais aprazível. Afirmou a bondade e a maravilha da Criação num tempo em que o mundo era visto como essencialmente mau. Nas missões que enviou entre os muçulmanos, fez recomendações para que os missionários mantivessem uma postura de respeito para com as manifestações da divindade em todos os credos e de sujeição às leis civis locais, e que evitassem se envolver em disputas teológicas. A seus seguidores, Francisco dissera: “Assim como anunciais a paz pela boca, estejais certos de que a paz esteja em vossos corações”. A saudação

Pax et Bonum, Paz e Bem, que usava frequentemente, se tornou mais tarde o lema da sua Ordem.

Outro aspecto importante a ser destacado é sua intensa e amorosa relação com a natureza. Para Francisco, toda a Criação estava intimamente interconectada e integrada, sendo fácil transitar em todos os níveis. Os animais aproximavam-se dele espontaneamente, mesmo quando selvagens, e davam sinais de compreenderem suas palavras ao obedecerem suas instruções. Teve a experiência pessoal de um Deus imanente, numa época em que a divindade era concebida apenas como transcendente, baseou sua vida num senso de responsabilidade pessoal e social, compreendendo e aceitando a necessidade da luta, da dor e do esforço pelo aperfeiçoamento; defendeu valores coletivos integradores. Dante Alighieri disse que ele foi “Uma Luz que brilhou sobre o mundo.”

O

CÂNTICO AO IRMÃO SOL OU CÂNTICO DAS CRIATURAS

“Altíssimo, onipotente e bom Senhor, a ti subam os louvores, a glória e a honra e todas as bênçãos! A ti somente, Altíssimo, eles são devidos, e nenhum homem é sequer digno de dizer teu nome. Louvado sejas, Senhor meu, junto com todas as tuas criaturas, especialmente o senhor irmão sol, que é o dia e nos dá a luz em teu nome. Pois ele é belo e radioso com grande esplendor, e é teu símbolo, Altíssimo. Louvado sejas, Senhor meu, pela irmã lua e as estrelas, as quais formaste claras, preciosas e belas. Louvado sejas, Senhor meu, pelo irmão vento, e pelo ar, pelas nuvens e o céu claro, e por todos os tempos, pelos quais dás às tuas criaturas sustento. Louvado sejas, Senhor meu, pela irmã água, que é tão útil e humilde, e preciosa e casta. Louvado sejas, Senhor meu, pelo irmão fogo, por cujo meio a noite alumias, ele que é formoso e alegre e robusto e forte. Louvado sejas, Senhor meu, pela irmã, nossa mãe, a terra, que nos sustenta e nos governa, e dá tantos frutos e coloridas flores, e também as ervas. Louvado sejas, Senhor meu, por aqueles que perdoam por amor a ti e suportam enfermidades e atribulações. Benditos aqueles que sustentam a paz, pois serão por ti, Altíssimo, coroados. Louvado sejas, Senhor meu, por nossa irmã, a morte corpórea, da qual nenhum homem vivo pode fugir. Pobres dos que morrem em pecado mortal! e benditos quem a morte encontrar conformes à tua santíssima vontade, pois a segunda morte não lhes fará mal. Louvai todos vós e bendizei o meu Senhor, e dai-lhe graças, e o servi com grande humildade!”

Bibliografia - Susan W. McMichaels - Tomás de Celano

Para Francisco, toda a Criação estava intimamente interconectada e integrada, sendo fácil transitar em todos os níveis. Os animais aproximavam-se dele espontaneamente, mesmo quando selvagens, e davam sinais de compreenderem suas palavras ao obedecerem suas instruções.

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Refl exão

Doar tem efeito bumerangueSandra Rosenfeld

Doar é um dos atos que mais retorna para nós mesmos. É incrível como a doação feita de coração tem uma força e uma energia que funcionam

como um bumerangue, voltando imediatamente para o doador. Estou falando de todo o tipo de doação, inclusive a de dinheiro, desde que junto tenha uma energia de querer ajudar de fato, de conseguir imaginar e até sentir no que essa doação irá acrescentar, mudar, melhorar a vida de outra ou outras pessoas.

Existem muitos projetos sérios precisando de voluntários, pessoas que se doem a uma causa específi ca em benefício do outro. Este é o grande lance: a entrega sem esperar nada em troca, nenhum elogio, nenhum reconhecimento, nenhum tipo de recompensa. Doar por doar, ou melhor, se doar por doar.

Você já experimentou dar dinheiro a alguém na rua, como, por exemplo, a esses garotos que vendem bala ou que fazem malabarismo e, ao dar o dinheiro, olhar nos olhos deles e falar algo verdadeiro, um elogio ao trabalho que ele fez? Eu já, naturalmente, nada premeditado. O retorno foi tão intenso que me emocionei até às lágrimas. Não foi retorno em palavras, mas o sorriso que recebi de volta com todo o seu ser. A boca sorriu, os olhos sorriram, a alma dele sorriu para a minha alma e, naquele momento, nossas almas se encontraram e a energia que veio para mim foi tão profunda que me alimentou por dias e, até hoje, me alimenta. Não perco mais a oportunidade de fazer isso, mas somente quando verdadeiro, não é a toda hora, com certeza. Posso dizer mesmo que é raro.

É impressionante a energia que é expandida e circula numa doação. Podemos nos doar apenas ouvindo o outro. Fácil? Não, a maioria não tem paciência para ouvir, para estar inteiro ali, sem pressa em responder, entendendo que, naquele momento, não há nada nem ninguém mais importante do que a pessoa à nossa frente ou mesmo ao telefone. Podemos iniciar o hábito de se doar com pequenos gestos, pequenas palavras, pequenos toques de mãos, carícias, tudo feito com amor. Aí está o sentido da doação: o amor.

Entregar-se, brincando com seu fi lho, estar inteiro na visita aos pais idosos, desnudar-se na entrega com a pessoa que amamos, ajudar o colega de trabalho a fi nalizar algo que está difícil, apenas segurar a mão sem recriminar quando o mais fácil seria recriminar, olhar e sorrir, sorrir com o olhar, abraçar tocando o coração. Doar-se para o outro, doar-se para a vida... No fi nal, o que é isso tudo, senão nos doarmos para nós mesmos?

*Sandra RosenfeldEscritora e Palestrante. Terapeuta em Qualidade de Vida como Instrutora de Meditação e Executive & Personal Coach. Autora dos livros “Durma Bem e Acorde para a Vida” e “O que é Meditação”, Ed. Nova Era/Record. www.sandrarosenfeld.com.br / [email protected]

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“Ao colocar-se em harmonia com o Universo, o sábio é senhor do seu destino.”

(Dante Alighiere)

A Astrologia é um sistema simbólico, que busca analisar a infl uência que os corpos celestes, existentes em nosso sistema solar, podem exercer

entre si e sobre os indivíduos de todas as espécies que convivem em nosso planeta. Essa visão cosmológica foi desenvolvida, desde o início, com base nas mitologias das diversas civilizações da Terra, e considera os astros como símbolos dos arquétipos que dominam a vida humana. É uma ideia antiquíssima, que foi nascendo com o surgimento da consciência no homem, desde que este começou a perceber o que acontecia em seu entorno e a olhar com mais atenção para o fi rmamento. Daí em diante, ele passou a relacionar tudo o que via lá fora com as imagens que trazia em seu interior; assim nasceram os mitos e as religiões. A partir dos mitos, analisamos os signos e os astros e a sua relação com o Homem, investigando e avaliando todo o sentido e o potencial da natureza humana. Neles (astros e signos), foram colocadas todas as “virtudes” e “defeitos”, crenças e valores, dores e alegrias, que existem em nós mesmos. Esse conhecimento milenar não deve ser visto como uma forma de predição, porém como um recurso a mais da busca de uma maior compreensão da nossa natureza real e mais profunda.

A Astrologia simplesmente fala de nós, de todos os sentimentos e emoções que povoam nosso íntimo, de tudo o que somos e vivemos a cada dia, sem máscaras. A interpretação dos signos e dos aspectos nos mapas revela o ser humano por inteiro, mostrando a sua complexidade. Daí, a importância da Astrologia para o autoconhecimento e para nos ajudar a entendermos melhor cada pessoa separadamente e podermos reconhecer as mais variadas atitudes em cada um de nós, os temperamentos, os humores que nos tornam únicos e diferenciados. Este é o melhor caminho para conseguirmos aceitar o outro, evitando julgamentos e preconceitos. Como podemos exigir que todos pensem, entendam, percebam, ajam e reajam da mesma maneira? Como escolhermos e defi nirmos o que é a melhor forma de ser para todos? Naturalmente, não estamos aqui nos referindo ao caráter, à moral e aos valores éticos, estes valem para todos. É, sem dúvida, um caminho que precisa, como vários outros, da nossa plena vontade, muita coragem para enfrentarmos nossas sombras (bonitas ou feias) e muita sinceridade conosco mesmos.

Atualmente, em nosso Sistema Solar, Plutão, no signo de Capricórnio, continua em confl ito com Urano em Áries. Os dois, intolerantes e orgulhosos, se desentendem, criam polêmicas, desavenças, medem forças, brigam por

dinheiro e poder. Criam guerras políticas, provocam as massas, movimentos sociais, mudanças e transformações, através da violência. Representam uma energia tão poderosa que pode desintegrar todo um processo civilizatório. Nosso planeta Terra reclama diante de tanta violência e reage com terremotos, furacões, relâmpagos, trovões, acidentes em terra e no ar, incêndios, explosões. Em compensação, Netuno em Peixes e Saturno em Escorpião encontram-se de forma amigável e nos lançam bons fl uidos, que aumentam as condições para alcançarmos maior equilíbrio entre nossas necessidades materiais e espirituais. Ajudam a realização de sonhos e ideais, capacidade de suportar sacrifícios e restrições. Esse trânsito entre os dois traz boas condições para atividades religiosas, para participar de grupos espiritualistas, estudos e investigação na área psíquica. Animam ações humanitárias e atividades altruísticas em instituições de caridade. É um momento propício para criações artísticas e para se conseguir harmonizar a vida material com a espiritual. Saturno também está em clima harmônico com Plutão, e isto representa aumento de energia, força intensa e resistência às difi culdades, capacidade de trabalhar arduamente com grande produtividade, progresso através de ações transformadoras. Ao mesmo tempo, Júpiter encontra-se no signo de Gêmeos, aumentando o interesse pelos estudos, leituras e ensino. Ajuda a expansão da mente, boas e variadas experiências intelectuais. Traz novos conhecimentos e relacionamentos sociais ou afetivos. Muitas conversas, trocas de ideias, palestras, aumento e desenvolvimento da comunicação em geral. Propicia viagens, compras e vendas e relações com o estrangeiro. Todos esses aspectos têm infl uência sobre toda a humanidade, mas agem em nossas vidas de acordo com o mapa astral de cada um e de como cada um de nós reage a eles.

Aproveitem e boa sorte!A Casa de Padre Pio promove um Grupo de

Estudos de Astrologia, todas as quintas-feiras de 19:00h às 20:30h.

Momento AstralRosa Carmen Sá de Alverga

Astrologia e Autoconhecimento

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Terapias

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“Em sua onisciência e onipotência,a Divindade é igual a uma roda, um círculo,

um todo,Que não pode ser entendido, nem dividido,

não tem princípio nem � m...”(Sta. Hildegard Von Bingen)

A palavra tibetana para “mandala”, dkyil-‘khor, signifi ca literalmente “aquilo que circunda um centro”. Em sânscrito, (मण्डल) signifi ca círculo,

uma representação geométrica da dinâmica relação entre o homem e o cosmo. De fato, toda mandala é a exposição plástica e visual do retorno à unidade pela delimitação de um espaço sagrado e pela atualização de um tempo divino. É descrita como uma fi gura geométrica representada por um círculo sobre um quadrado ou vice-versa, seu traçado é feito em torno de um centro, geralmente obedecendo a eixos de simetria e pontos cardeais, e seu contorno move-se em direção a ele; é um caminho em direção ao centro. Presentes nas rosáceas dos suntuosos vitrais coloridos das milenares catedrais europeias, nos misteriosos calendários maias, nos mais longínquos monastérios tibetanos onde servem de suporte à meditação, na yoga tântrica como instrumento de contemplação. O simbolismo da santidade e eternidade do templo aparece claramente na estrutura mandálica dos santuários de todas as épocas e civilizações

Existem três tipos de mandalas: as de culto, as de meditação e as terapêuticas e de expansão da consciência, que servem como instrumento de autoconhecimento e transformação interior. Elas se diferenciam em função do seu uso e fi nalidade, mas também, segundo o estado de consciência do indivíduo, no momento da sua criação. As mandalas levam quem as contempla à introspecção, refl exão e paz interior, trabalham a atenção e a concentração. Podem trazer equilíbrio, ordem, beleza, harmonia e espiritualidade, tanto ao local onde forem colocadas, quanto às pessoas que morem nesse lugar, e ainda para as que trabalham com elas. As mandalas são consideradas importantíssimas nos estudos para a preparação dos iniciantes ao Budismo. A construção de uma Mandala representa uma forma de meditação constante, é um processo bastante lento, exige movimentos meticulosos, nele a arte transforma-se numa cerimônia religiosa e a religião transforma-se em arte.

Na Psicologia Moderna, o psiquiatra C. G. Jung, criador da Psicologia Analítica, ao estudar as mandalas orientais e a sua utilização como instrumento de culto e de meditação, passou a desenhá-las, descobrindo o efeito de cura que elas exerciam sobre ele mesmo. Após

anos de pesquisa e aprofundamento no conhecimento do psiquismo humano, ele passou a utilizar a construção de mandalas como método psicoterapêutico. Seus estudos o levaram a defi ni-la como um círculo mágico, que representa simbolicamente o Eu ou Self – arquétipo que representa a Unidade interior. Investigando o uso das mandalas nas tradições budistas, Jung descobriu que os conteúdos das mandalas tibetanas derivam dos dogmas lamaicos. Para os lamas, a verdadeira mandala é sempre “uma imagem interior gradualmente construída pela imaginação ativa nos momentos em que o equilíbrio psíquico está perturbado, ou quando um pensamento não pode ser encontrado e deve ser procurado porque não está contido na doutrina sagrada”. Como são de grande importância enquanto instrumento de culto, as mandalas tibetanas geralmente contêm, em seu centro, uma fi gura do mais alto valor religioso como, por exemplo, Shiva ou Budha. Entretanto, como instrumento terapêutico, a mandala é utilizada, desde os tempos primitivos, pelos xamãs, indígenas da América e aborígenes da Austrália que, ainda nos tempos atuais, as gravam e desenham em areia colorida. Também místicos ocidentais e orientais de quase todas as culturas, ao longo de toda a história da humanidade, já utilizavam mandalas que, representando a ordem e a harmonia existentes no universo, são “um caminho para reencontrar seu próprio centro”. Jung pôde constatar que seus pacientes melhoravam ou relaxavam com o uso das mesmas. Descobriu que elas expressavam conteúdos interiores do ser humano, e no seu estudo das manifestações do inconsciente, seus analisados produziam de forma espontânea desenhos de mandalas, e que a construção de uma mandala pode nos ajudar a liberar as nossas forças interiores de autocura. Assim,

Mandala: uma porta para a consciência em evolução

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além de possibilitar o autoconhecimento e a conquista da unidade interior/exterior, reconciliando e integrando os opostos, o trabalho com mandalas traz, como consequência, uma vida simbólica mais intuitiva, mais criativa e individualmente mais livre, pois ajuda a pessoa a entrar em sintonia com seu potencial interior.

Em termos de artes plásticas, há toda uma simbologia envolvida, a mandala apresenta sempre grande profusão de cores e representa um objeto ou figura que ajuda na concentração para se atingir outros níveis de contemplação. As cores simbolizam um estado de espírito e trazem para o indivíduo um significado para aquele momento de sua vida. Ajudam a nossa consciência a encontrar respostas aos nossos questionamentos ou aquietar nossa mente, melhorando assim estados de ansiedade e estresse.

Cada mandala cria um campo de energia e magnetismo intenso e pode-se fazer um trabalho terapêutico, unindo Meditação e Cromoterapia, no qual se usa essa energia para restabelecer a harmonia do corpo, da mente e das emoções. Para conseguir uma mandala e saber quais as cores de você precisa no seu momento de vida atual, você pode aprender a desenhar e pintar uma ou procurar imagens de mandalas em livros ou sites na internet ou comprá-las em lojas de produtos indianos ou esotéricos. A forma de colori-la fica por sua conta e habilidade. Você vai perceber que é como virar criança de novo, brincando com formas e cores. Observe os significados das cores que chamaram a sua atenção no momento da compra ou que utilizou para colori-la, elas mostram as suas maiores necessidades no momento atual.

Vermelho - Estimulante, afasta a depressão, tira o desânimo. É a cor das conquistas, das paixões e da sexualidade. Quando a cor vermelha está numa mandala, ela precisa ser bem usada, pois pode tirar o sono ou deixar a pessoa irritada;

Amarelo - É ativadora e dinâmica, age sobre os processos mentais. O amarelo afasta as ideias fixas

e aumenta a capacidade de raciocínio. É a cor da inteligência, do estudo e da criatividade;

Laranja - É restauradora e regeneradora, traz recuperação depois de um processo destrutivo e a capacidade de refazer o que não está certo. É a cor da coragem, da reconstrução e da melhora nos estados de convalescença;

Verde - É calmante e equilibradora. O verde melhora qualquer estado físico negativo e energiza o corpo e a alma. Quando uma mandala tem a cor verde, suas vibrações são sempre energizadoras e curativas. Seja em que nível for, ela é benéfica para todos;

Azul - Traz equilíbrio, paciência, harmonia e serenidade, tranquiliza o corpo e a mente. Ajuda nos casos de insônia e estresse;

Índigo - Trabalha o equilíbrio energético, traz intuição, proteção, limpeza e purificação de ambientes;

Violeta ou Lilás - É uma cor profundamente espiritual, mística e religiosa. O violeta atua sobre quem está espiritualmente desequilibrado, descrente e sem conexão com as forças divinas. Quando uma mandala tem a cor violeta ou lilás, ela limpa e isola os ambientes em que está. Possui a capacidade de transmutação das energias.

Rosa - Trabalha afetividade, amor, harmonia, união, ajuda no equilíbrio dos relacionamentos pessoais e profissionais.

Quais os benefícios que uma mandala pode trazer? Como foi dito acima, são muitos, dependendo das cores escolhidas: capacidade de concentração, criatividade, diminuição da ansiedade e do estresse, equilíbrio físico e emocional, melhora da autoestima, dentre outros.

Se observamos ao nosso redor, encontramos mandalas em todos os lugares, nas flores, nas conchas, nas estrelas e nos frutos.

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Personagens Marcantes

Negra, nordestina, pobre, bastarda, mulher. Tudo isso em um Brasil escravocrata no século XIX. Ainda assim, com os mais louváveis méritos, Maria Firmina dos

Reis se estabeleceu como a primeira romancista brasileira. Nasceu em 1825, em São Luís, Maranhão. Maria Firmina viveu com uma tia materna, que possuía situação fi nanceira relativamente boa. Muito jovem, aos 22 anos, dedicou-se ao magistério, uma das poucas atividades trabalhistas “designadas” às mulheres de sua época. Após vencer em um concurso público para a “Cadeira de Instrução Primária”, passa a lecionar como professora de primeiras letras na cidade de Guimarães - MA. Paralelamente às atividades como professora, Maria Firmina teve participação constante na imprensa local, publicando diversas poesias, crônicas e contos, fi cção e até charadas. Mulher inteligente e culta, teve participação relevante no cenário cultural nacional, atuando também como folclorista e compositora, tendo sido, inclusive, responsável pelo hino da Abolição da Escravatura.

Em 1859, aos 34 anos, publica o romance Úrsula, uma de suas obras mais marcantes, e, em 1861, Gupeva, de temática indianista. Úrsula é tido, por diversos historiadores, não apenas como o primeiro romance abolicionista brasileiro, mas também como o primeiro romance da literatura afro-brasileira; possui temática forte, uma reivindicação pela primeira vez “interna”, proveniente de uma afro-brasileira indignada com a sua condição de negra e mulher, diante de uma sociedade patriarcal e escravocrata. Não apenas como um passatempo literário inocente, conforme os romances dedicados à leitura feminina por muito tempo, Úrsula vai além de uma simples história de amor impossível com fi nal feliz. É em si, incontestavelmente, um grito, uma denúncia aos absurdos impostos pela sociedade ao negro e à mulher no Brasil oitocentista.

Provavelmente ciente das difi culdades que encontraria ao publicar tal obra, Maria Firmina adotou medidas preventivas ao tratar de sua própria obra. Úrsula não foi publicado sob o nome de Maria Firmina dos Reis e sim sob o pseudônimo “Uma Maranhense”. Se já é difícil publicar um livro nos dias atuais, imaginemos esse cenário em pleno século 19, ainda mais para uma mulher nessas condições. As difi culdades eram imensuráveis.

Maria Firmina foi uma mulher à frente de seu tempo que rompeu a barreira do preconceito, fundamentado no racismo e no machismo, e mostrou para o mundo a importância da literatura maranhense. Ao contrário do que era vigente na época, quando os homens brancos e ricos iam para a Europa estudar nas melhores faculdades, Maria Firmina provou que a busca pelo conhecimento não tem fronteiras físicas e deu ao mundo um romance recheado de denúncia de injustiças arraigadas na sociedade patriarcal brasileira, que tinham no escravo e na mulher suas principais vítimas.

Já no prólogo, a autora afi rma que “pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher

brasileira, de e d u c a ç ã o acanhada e sem o trato e conversação dos homens i lustrados.” Anos depois, após se aposentar na década de 1880, a escritora ainda fundaria a primeira escola mista e gratuita do Estado. Maria Firmina voltara às salas de aula, mas a escola teve que ser fechada na época por causa do escândalo causado no povoado de Maçaricó, devido ao fato da escola “misturar” meninos e meninas. Maria Firmina sempre lutou pela educação e por melhores condições aos negros e às mulheres.

Maria Firmina dos Reis morreu em 1917, aos 92 anos, na cidade de Guimarães. Teve em vida o privilégio de presenciar a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. Porém, infelizmente, não pôde presenciar o devido reconhecimento dos críticos de sua época pelas suas obras e lutas. O livro Úrsula só veio a público em 1975, através dos estudos de Horácio de Almeida e de Nascimento Morais Filho, grandes pesquisadores das obras da romancista.

Por isso tudo, ainda é pouco presente na historiografi a da literatura canônica brasileira. É válida, portanto, indubitavelmente, toda a menção honrosa à memória dessa grande brasileira, negra, nordestina, pobre, bastarda, mulher.

Seu busto estava na Praça do Phanteon, no Centro de São Luís, e foi retirado por motivo de segurança, sendo colocado no pátio do Museu Histórico e artístico do Maranhão.

Maria Firmina dos Reisum exemplo de superação

NO ÁLBUM DE UMA AMIGA D’amiga a existência tão triste, e cansada, De dor tão eivada, não queiras provar; Se a custo um sorriso desliza aparente, Que mágoas não sente, que busca ocultar!?... Os crus dissabores que eu sofro são tantos, São tantos os prantos, que vivo a chorar, É tanta a agonia, tão lenta e sentida, Que rouba-me a vida, sem nunca acabar. D’amiga a existência Não queiras provar, Há nelas tais dores, Que podem matar. O pranto é ventura, Que almejo gozar; A dor é tão funda, Que estanca o chorar. Se intento um sorriso, Que duro penar! Que chagas não sinto No peito sangrar!...

CANTOS À BEIRA MAR (Trechos). São Luís do Maranhão, 1871

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Mitologia

Os Mitos e a Visão JunguianaRosa Carmen Sá de Alverga

Os mitos fazem parte de toda a história do desenvolvimento humano, das eras mais antigas aos nossos dias. São vistos atualmente

sob vários enfoques, seja ligados a processos históricos, como reflexo de uma sociedade ou como busca religiosa. Continuam sendo motivo de interesse, até para os mais céticos quanto ao seu valor intrínseco, nesse caso, considerados como tentativas de explicação para fenômenos desconhecidos, etimologia das palavras, ou apenas alegorias, histórias contadas, fantasias sem qualquer sentido mais profundo. Entretanto, muitos vêem nesses relatos fontes ricas de símbolos das sociedades e culturas que representam e acreditam que ajudam a estruturar e organizar a experiência coletiva. Entre os que assim pensaram, encontra-se o psiquiatra suíço C. G. Jung que, em suas extensas pesquisas sobre o mito, foi muito além, percebendo os seus reflexos em nossa organização mental, representando estruturas

mentais coletivas, os arquétipos. A tal ponto que ele afirmou que “os mitos são a base da psique.”

Para Jung, existe inconsciente pessoal e inconsciente coletivo. O inconsciente coletivo, de natureza universal, possui conteúdos e formas de comportamento iguais em todos os seres humanos de todas as raças e lugares. Esses conteúdos são os arquétipos, representados por figuras e costumes típicos da nossa cultura, como por exemplo: Deus, pai, mãe, filho, nascimento, casamento, morte, herói e outros mais. São imagens primordiais, formas antigas e universais da imaginação humana; segundo Jung, são simultaneamente sentimento e pensamento, têm vida própria, independente, e quando vivenciados “é como a descoberta de um tesouro oculto, a fonte inesgotável onde a humanidade sempre buscou seus deuses e demônios e todas as ideias, suas mais intensas e poderosas ideias, sem as quais o ser humano deixa de ser humano” (C. G. Jung, Psicologia do Inconsciente, parágrafo 105, vol VII-1). Assim, os mitos se referem ao que há de mais significativo e sagrado em uma sociedade, como o saber, as instituições, as leis, bases familiares, relações sociais, além da visão do Cosmos,

da natureza e as vivências religiosas.Os mitos são um saber por histórias, mas não

representam só uma determinada sociedade, pois tendem a se mostrar semelhantes em lugares e povos os mais diversos. Este é um dos motivos que levaram Jung a perceber o seu aspecto arquetípico e que ajudou a reforçar a noção de inconsciente coletivo. No seu trabalho como analista, através da analise de sonhos e visões de seus pacientes, surgiam imagens míticas, desconhecidas para os mesmos, e algumas até para o próprio Jung, que só após algum tempo, descobria-lhes o significado. Isto fez com que ele percebesse a importância do mito para a nossa psique.

Todos os povos antigos tiveram um mito de origem, mitos que falam sobre a Criação do mundo, preocupados em saber de onde surgiram a ordem e a luz. Para Jung, as histórias da criação do mundo representam o surgimento da consciência. Como diz Erich Neumann: “Uma série de arquétipos é o principal constituinte da Mitologia que determina o crescimento da consciência. O indivíduo tem que seguir, em sua vida, o mesmo caminho que a Humanidade percorreu antes dele, deixando as marcas através da ‘sequência arquetípica das imagens mitológicas’.” (História da Origem da Consciência).

Como um bom exemplo do nosso pensamento ocidental, a história mítica grega inicia-se com Homero, na Ilíada e na Odisseia e continua com A Teogonia, de Hesíodo (Séc. VIII A.C.), explicando a formação do mundo: “Para o pensamento mítico, toda genealogia é, ao mesmo tempo e principalmente, explicitação de uma estrutura; e não há outra maneira de esclarecer uma estrutura senão apresentando-a sob a forma de uma narrativa genealógica.” (Jean Pierre Vernant, Mitos e Pensamentos entre os Gregos). Ainda segundo Vernant, na Teogonia, as gerações divinas e os mitos cosmogânicos servem para dar fundamento à organização do Cosmos, mostrando a separação dos mundos em celeste, terrestre, subterrâneo, e a divisão e o equilíbrio dos diversos elementos que compõem o Universo.

Os mitos são um saber por histórias, mas não representam só uma determinada sociedade,

pois tendem a se mostrar semelhantes em lugares e povos

os mais diversos

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16 Essência da Luz uma publicação trimestral da Casa de Padre Pio

A Teogonia é um mito religioso e a de Hesíodo é um hino de louvor a Zeus. No início, era o abismo, os gregos chamavam Kháos. O caos é vazio, escuro, confuso, infinito, tem a ver com a boca, abertura, para eles era um Deus. Do caos, nasceu Gaia (a Terra), representando a firmeza, a estabilidade, a solidez, possuindo formas, visibilidade. Encontra-se nela, também, o mundo subterrâneo, ainda ligado ao abismo, ao caos. Gaia é a mãe universal. Depois, aparece Eros, o amor primordial, que tem a ver com simbiose, ligação, expressando um impulso no Universo. Gaia consegue parir, sem parceiro, o que traz em suas entranhas, e assim, surge Uranus, céu estrelado, escuro, noturno. Terra e Céu ficam em dois planos superpostos, um embaixo (chão) e um em cima (abóbada), ambos do mesmo tamanho, é um casal de macho e fêmea. Uranus cobre Gaia o tempo todo e esta engravida, fica cheia de filhos, mas Uranus não lhes dava espaço para saírem da barriga de Gaia. Cheia de dores, ela se rebela, exorta os filhos contra o pai dando uma foice de bronze para Kronos, que castra Uranus. Mas Kronos é um tirano que prende os irmãos no Tártaro e devora os próprios filhos, menos Zeus, que é salvo pela mãe e abandonado numa gruta, onde a avó Gaia cuida dele; é um lugar de mistério e significa a natureza que o acolhe. Ao crescer, Zeus liberta os irmãos do Tártaro e vence todos que tentam derrotá-lo, tornando-se Senhor do Universo.

Este é um pequeno resumo da Teogonia, de Hesíodo; as gerações dos deuses são várias, mas o importante é que, para a Psicologia Analítica, cada um tem um profundo significado psicológico, tão real para a Humanidade que até hoje nos acompanha nas situações vividas por todos nós em cada momento, influenciando nosso comportamento e, muitas vezes, provocando reações as mais imprevisíveis, tanto ruins quanto boas, escuras ou iluminadas, quando somos “possuídos pelo arquétipo”, como dizia Jung.

Podemos encontrar em Cosmos, Gaia, Uranus e os filhos destes, as imagens dos pais primordiais e do ego dissolvido na circularidade do mundo primordial. Mostra a experiência da plenitude, da totalidade, do ego sem autonomia, da infantilidade, da ausência de limites que provocam as lutas pelo poder no momento em que tentamos desenvolver a nossa individualidade. Podemos fazer uma analogia com o momento em que os filhos estão crescendo e querem se libertar da família, e é preciso que haja o conflito com os pais.

Porém, todas as mudanças de fase na vida exigem um sacrifício, uma morte simbólica, seguida de um renascimento. O sacrifício, no caso do Mito Grego, foi a castração de Uranus. Assim, encontramos nos mitos as vivências das rivalidades familiares, os amores, os ciúmes, os ódios e os sofrimentos por que passamos, bem como as alegrias, a coragem que nos faz reagir e a busca da fé que nos salva. Revelam as forças e as fraquezas que existem dentro de cada um de nós. Escondidos na sombra, são aspectos da nossa psique, que nem sempre percebemos, mas que permanecem vivos no mundo inesgotável do inconsciente, transformando-se em belos, terríveis, alegres, tristes e amargos textos apaixonantes... que contam, de forma dramática, trágica e simbólica, a nossa história na longa odisseia vivida pela humanidade pelos séculos afora.

Como disse Ira Progoff, em Mitos, Sonhos e Religião: “O tema do mito atinge o cerne da natureza do homem. Os mitos são um veículo básico dos insights intuitivos sobre a natureza última da existência humana e a concepção que cada cultura tem dos mitos reflete sua visão subjacente da natureza do homem. Se os mitos eram vistos como realidade religiosa, mais tarde sofreram o desprezo do racionalismo, porém, mais recentemente, seu significado maior foi restaurado. Devido a esse novo reconhecimento, é muito importante ter uma perspectiva adequada do lugar e do papel do mito no contexto da personalidade humana total. Essa perspectiva será útil não só para interpretar padrões de simbolismo dos tempos antigos e modernos, mas também para evocar ativamente os potenciais da personalidade em níveis profundos da experiência simbólica, como meio de acesso à verdade existencial.”

Do caos, nasceu Gaia (a Terra), representando a fi rmeza, a estabilidade, a solidez, possuindo formas, visibilidade. Encontra-se nela, também, o mundo subterrâneo, ainda ligado ao abismo, ao caos. Gaia é a mãe universal.

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Encontros

Há muito tempo (já lá se vai uma década), que para mim Mendes deixou de ser aquela pequena cidade pacata, por onde se passa para chegar em

Vassouras, um lugarejo sem importância, um lugar de passagem apenas. Mendes passou a servir de retiro para o meu espírito, onde ele aprende novas lições e se alimenta do néctar divino que ali é derramado o tempo todo, durante quase três dias, uma vez a cada ano. Mendes significa o encontro de mim mesma com minha alma!

Ao longo desse tempo, aprendi a me transformar, tornando-me uma pessoa melhor, fiz mergulhos profundos na essência de meu ser, toquei o Divino que há em mim, vivenciei experiências únicas, que só puderam acontecer devido à atmosfera de alta vibração, criada pela Espiritualidade que ali se apresenta desde o primeiro instante em que chegamos.

E assim, Mendes 2012 acabou de acontecer, sob uma tal leveza (toque particular deste ano), que me senti flutuando em vários momentos. Leveza, essa foi a sensação, o sentimento, a impressão que perpassou o meu ser neste encontro. Encontro com amigos, com a natureza, com a alegria das crianças (que foram muitas

este ano, as Claras, o Francisco, e tantas outras), com a Família Padre Pio. Encontro com a Sabedoria, com a Paz, com o Amor vindos do Alto. Encontro com o meu Eu Divino, o Sagrado que há em mim.

Os girassóis refletiram a luz do sol, que nos presenteou com seu brilho e calor. As refeições foram alegres, ainda que em silêncio, ou até mesmo muito barulhentas, a comida estava boa. A lua apareceu por entre as nuvens. Houve música, dança, unção, leite e mel, batismo e a famosa foto coletiva no último dia. Houve risos e sorrisos, lágrimas, emoção, abraços fraternos, cordialidade. Houve também festa surpresa para a nossa querida presidente, com bolo de aniversário, guaraná e coca-cola. Houve principalmente percepções que não podem ser traduzidas em palavras, que cada um guarda para sempre em seu coração!

Agora, vou aguardar o próximo Mendes, Mendes 2013, onde novos encontros acontecerão, outras experiências, outras emoções, novas histórias, novas percepções. Obrigada, amado Padre Pio, pelo banquete espiritual que nos é oferecido a cada vez que cruzamos o portal do Centro Marista!

Mendes 2012Daisy Elísio

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18 Essência da Luz uma publicação trimestral da Casa de Padre Pio

Poesia, Linguagem da Alma

Cantigas de Roda (Thiago de Mello)

Na roda do mundo lá vai o menino O mundo é tão grande e os homens tão sós. De pena, o menino começa a cantar. (Cantigas afastam as coisas escuras).

Mãos dadas aos homens, lá vai o menino, na roda da vida rodando e cantando. Ao seu lado, há muitos que cantam também; cantigas de escárnio e de maldizer.

Mas como ele sabeque os homens, emborase façam de fortes,se façam de grandes,

O Grupo de Estudo das Tradições Nativas da Casa de Padre Pio, que também oferece atendimento, é mais um instrumento de como Viver em Deus.

No começo dos tempos, estávamos todos sentados ao redor do fogo, contando histórias, compartilhando conhecimento, tocando nossos tambores e, também, fi cando em silêncio.

Essa era a tradição, a tradição essencial.A nossa proposta com o Estudo das Tradições

Nativas é o autoconhecimento e a autocura; é, juntos, entendermos como esse caminho pode nos ajudar nos dias de hoje.

A ideia não é a prática de uma tradição específi ca, mas sim apresentar às pessoas as várias estradas desse caminho; por isso, gostamos que pessoas que vivenciam (ou que vivem) várias tradições, tragam a sua palavra. Já recebemos Vernon Foster, Athamis Barbara, Carmem Kh’ardana Emdah, Valeria Koslowski, João Harres, Danielle Monjardim, Gilberto Maciel, Marie Menezes, Hellen Cano, entre outros.

Coluna Livre

GETN CPPIO Grupo de Estudo das Tradições Nativas

no fundo carecemde aurora e de infância- então ele cantacantigas de rodae às vezes inventaalgumas - mas semprede amor oude amigo.

Cantigas que tornema vida mais docee mais brando o pesodas sombras que o tempoderrama, derramana fronte dos homens.

Na roda do mundo lá vai o menino, rolando e cantando seu canto de infância.

Os encontros acontecem uma vez por mês, às sextas- feiras, das 18h às 21h.

Jerônimo - 9331 7238Valeria - 9677 0395Paul Bernard - 8081 4344

“Algumas coisas podem cativar seus olhos,Mas segue somente aquelas que podem cativar seu coração.”(Provérbio Sioux)

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Prece

Viver em oraçãoLuiz Augusto de Queiroz

Na nova civilização que desponta sob a face do planeta, ainda que pensemos o contrário, orar será um hábito vivo e simples, utilizado

como hoje utilizamos tantas coisas em nosso dia a dia; e assim, estaremos entendendo o poder real daquilo que se chama oração. Todos poderemos orar juntos, conhecendo, certamente como conhecemos, a força viva que é o nosso pensamento, quando aliado às nossas emoções, aos nossos sentimentos, à força criadora... a Deus. E o faremos em silêncio, com o pensamento agindo e operando como o verbo.

Nosso entendimento da oração é parco, incompleto e fragmentado; talvez conheçamos somente as orações litúrgicas que aprendemos nas escolas religiosas em que fomos criados. Elas possuem valor, mas nos são apresentadas mais como formalidades necessárias ao cumprimento de preceitos ou de regras, concernentes à religião a que nos ligamos, do que uma expressão viva de um poder de realização que se encontra ao dispor da criatura, fi lha, herdeira do Criador, Pai, Mãe, mais próximo dos próximos.

Usamos a oração como instrumento, utilizando a infi nitésima parte dos recursos poderosos que possui, pois a oração, como a própria palavra nos diz, age pelo poder do verbo, seja pela palavra, seja pelo silêncio. É a fonte de união com o divino, com a Sua Presença. Se a usarmos como petitório (e essa é sim uma de suas expressões mais vivas e poderosas) e mais do que isso, se fi zermos da oração um cântico permanente, quanto mais a nossa alma se tornar consciente desse poder e de como ele age e opera, mais ela se aproxima e retorna ao seu Criador... e o utiliza como fonte inesgotável de bênçãos a receber e a distribuir em nome do Pai, da Mãe, porque são um, porque vivem em nós.

Orar é, pois, expressar a nossa própria natureza divina. Faz sentido, então, que todos os Mestres nos ensinem a orar sem cessar. É possível estarmos em estado de oração permanente, estarmos nesse estado com doçura, com energia, mas sempre com efi cácia. Enquanto esse estado não viver em nós de modo perene, a expressão da redenção, do renascimento, do retorno à Casa do Pai, os momentos eventuais em que nos expressamos em oração servem de modelo e experiência para que saboreemos o poder vivo de orar. A oração é a maior das bênçãos que recebemos e talvez uma das mais desprezadas! Portanto, estendamos nossa alma e recebamos o toque da Presença, porque como mãos celebram aos céus, a alma que estende a si

mesma em direção ao Criador encontra dentro da Presença a sua voz, o seu poder. Estendamos nossa alma, nesses momentos que nos são concedidos, e saboreemos a amostra do que nos espera, quando pudermos expressar o desejo do Cristo que vive em nós, ainda que oculto, ainda que desconhecido.

Nosso corpo físico deve ser entendido como um componente do nosso ser cósmico no estado livre onde a Presença nos fala. Sentir que a Presença Divina está em nós, que ela e nós somos um para realizar toda a obra que importa, a obra que santifi ca todas as vidas e traz consigo a cura no sentido verdadeiro, onde o poder da graça se faz, esse é o verdadeiro milagre. Vamos perceber que nosso corpo é um santuário dentro de outros santuários, nosso cérebro físico é o ápice desse templo unido aos centros de luz que levam ao templo divino juntamente com o coração, fonte de Luz viva e inesgotável. Vamos agradecer o poder compartilhado e cuidar para que essa luz jamais seja negligenciada, para que os nossos olhos estejam sempre bem abertos, para que o nosso coração pulse de amor incondicional, para que a Paz seja a nossa marca e o nosso perfume.

A nossa parte é estarmos com o espírito aberto, com o espírito calmo, consciente de que nesse Universo as forças que geram as ações e reações são fruto do arbítrio de cada um dos seres que nele habitam, que nele co-criam. Nós somos os artífi ces de nosso próprio destino. Essa consciência nos faz procurar esquecer e deixar para trás as eventuais lamentações quanto às características do nosso destino, para retomar àquilo que nos importa: o estado de fi lhos da Divindade, sabendo que o mistério sagrado se expressa dentro de nós mesmos. A nossa oração, o nosso amor, o nosso pensar não devem ser somente para nós mesmos. Vamos lembrar de orar pelo companheiro que está ao lado, por aqueles que deixamos em nossos lares, por aqueles que tão pouco conhecemos, vamos orar com confi ança de que esta oração será matéria prima de trabalho para a liberdade, para a cura, para o alívio, para a solução de problemas que necessitamos e merecemos resolver. Que nossas orações sejam como água viva em que mergulhamos, purifi cados, para reerguidos reaprender o caminho de volta!

Padre Pio, Frei Luiz e todas as falanges inumeráveis que nos protegem aguardam somente esse pequeno movimento de nossa alma: orar, confi ar, alegrar e amar. E teremos certamente as respostas!

Luz e Paz!

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20 Essência da Luz uma publicação trimestral da Casa de Padre Pio

“ A oração é a melhor arma que possuímos; é a chave do coração de Deus.” Padre Pio

Atividades da Casa de Padre Pio

Casa de Padre Pio - Uma Escola de Viver em Deus.A Casa de Padre Pio acolhe 100 famílias carentes através da “Ação Social”. Você pode participar doando alimentos, roupas, brinquedos, material escolar, entre outros itens. Há inúmeras formas de contribuir, informe-se conosco. Você também pode colaborar se associando à Casa e tornando-se um sócio mantenedor. Os tratamentos espirituais oferecidos pela nossa Casa são gratuitos, mas é imprescindível passar pelo ATENDIMENTO FRATERNO para participar.

Para usufruir dos tratamentos terapêuticos, realizados por especialistas-voluntários, pedimos a contribuição de uma cesta básica ou o seu equivalente em recursos.

Para sugestões, informações e doações, envie uma mensagem para: [email protected]ÇO: Rua Assunção, 297 – Botafogo – Rio de Janeiro – CEP 22251-030 – Tel.: 2286-7760

2ª a 5ª Feira: 9h00 às 13h00 e 14h00 às 21h30 – 6ª Feira: 9h00 às 19h00

www.padrepio.org.br

Segunda-Feira16h às 17h Curso de Introdução à Cabalá Sala de Meditação

17h às 18h Meditação dos 72 Sopros Divinos Sala de Meditação 17h às 18h Fonoaudióloga Sala de Atend. Fraterno via Atend. Social 18h às 19h Meditação Dirigida Sala de Meditação 18h às 19h15 Passe Magnético Sala de Passe 19h45 às 21h30 Palestra Auditório e Sala de Meditação distribuição de senha

Terça-Feira15h às 18h Atendimento Fraterno Sala de Atend. Fraterno distribuição de senha 18h às 20h Tratamento Espiritual Sala de Tratamento via Atend. Fraterno 19h15 às 21h30 GDS - Grupo de Desenvolvimento Mediúnico Auditório via Atend. Fraterno 19h30 às 21h Reunião de Desobsessão Espiritual (fechada) Sala de Passe via Atend. Fraterno 19h30 às 21h UCEM - Um Curso em Milagres (quinzenal) Sala de Passe

Quarta-Feira14h às 17h Atendimento Fraterno Sala de Atend. Fraterno distribuição de senha 15h30 às 16h30 Palestra Auditório 16h30 às 17h30 Passe Magnético Sala de Passe 18h às 19h30 Tratamento Espiritual Sala de Tratamento via Atend. Fraterno 18h às 20h Acupuntura Sala de Atend. Fraterno via Administração 18h às 21h Apometria Sala de Passe via Atend. Fraterno 19h30 às 21h Massagem Espiritual Sala de Tratamento via Atend. Fraterno 19h30 às 21h Grupo de Estudos do Bhagavad-Gita Auditório

Quinta-Feira14h às 18h30 SOS Sala de Passe via Atend. Fraterno 15h às 17h Shiatsu/Reiki Sala de Tratamento via Administração 15h às 18h Atendimento Fraterno Sala de Atend. Fraterno distribuição de senha 18h às 20h Tratamento Espiritual Sala de Tratamento via Atend. Fraterno 19h às 20h30 Grupo de Estudos de Espiritualidade de Cabalá Sala de Passe 19h às 20h30 GEA - Grupo de Estudos de Astrologia Auditório 19h30 às 20h30 Cristaloterapia Sala de Atend. Fraterno via Administração 20h30 às 21h30 Meditação dos 4 Evangelhos Sala de Meditação

Sexta-Feira18h às 20h Reequilíbrio Espiritual Mensal (Antigoécia) Auditório e Sala de Passe ver calendário 18h às 21h GETN - Grupo de Estudo das Tradições Nativas Sala de Passe (mensal) ver calendário 19h às 21h30 Desenvolvimento Mediúnico Sala de Meditação via Atend. Fraterno Sábado 16h às 19h Meditação do Labirinto (mensal) Sala de Meditação ver calendário