1471 jornal do vestibulando ensino, informaÇÃo e cultura como fica marcado o ano passado para...

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ENTREVISTA Luca Canadá 1 CONTO Conto de escola – Machado de Assis 3 1471 JORNAL ETAPA – 2014 • DE 24/04 A 07/05 Jornal do Vestibulando ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA ENTREVISTA “Em vez de falar que não ia dar, estudava mais e mais e mais.” Luca Canadá Em 2013: Etapa Em 2014: Medicina – USP/Pinheiros Luca Canadá está hoje na Pinheiros. Ele diz que se esforçou muito e que estudava das 7 da manhã às 10 da noite. E completa que tudo valeu a pena. Aqui ele conta como se preparou para o vestibular mais difícil da USP, resolvendo todos os exercícios de aula, das apostilas e também muitas provas antigas da Fuvest. Seu maior problema? O mesmo de todos: nervosismo. ENTRE PARÊNTESIS Pais & filhos 5 JV – Quando você decidiu seguir a carreira de Medicina? Luca – Aos 13, 14 anos. Medicina é uma coisa com que eu sempre me identifiquei. Gostava de ajudar as pessoas. Você foi aprovado em quais escolas de Me- dicina? Unifesp, Unesp e UFSCar. Como você conheceu o Etapa? No meu colégio a maioria vinha para cá. Como você começou o ano aqui? Eu estava confiante. Vieram os simulados, conti- nuei meio confiante. Ficava abalado quando não ia tão bem em um simulado. Mas em vez de fa- lar que não ia dar, estudava mais e mais e mais. Como era seu método de estudos? Ia às aulas, prestava atenção. Depois ficava aqui fazendo exercícios da apostila. Todos os exercí- cios, não deixava faltar. Todo dia estudava aqui até as 6 horas. Chegava em casa às 7 e meia, 8 horas da noite e continuava estudando até umas 10, 11 horas. Todos os dias. Estudava sábado e domingo também. Você seguia pela matéria do dia? No começo eu fazia a matéria do dia, dava tem- po. Depois fui meio que me atrasando. Se não dava tempo no dia, eu fazia durante a semana. Fazia tudo, a matéria do dia e a apostila inteira. Fazia porque achava importante. Como você usava a apostila para estudar? Lia a apostila e fazia resumos principalmente das matérias em que tinha dificuldade. Nas matérias de Humanas – História, Geografia, Português – e também em Biologia eu fazia um resumo de cada coisa, colocando os pontos mais relevan- tes. Também marcava os pontos importantes dos exercícios que resolvia. Suas dificuldades eram principalmente nas matérias de Humanas? Principalmente em Português. Geografia e História também, mais Geografia. Recorria bastante ao Plantão de Dúvidas. Em quais matérias você tinha uma base mais forte? Física, principalmente. Gostava bastante. Em Química eu tinha uma base boa, mas apren- di bastante aqui. Matemática aprendi muito também. Em quais matérias você ia mais ao Plantão de Dúvidas? Geografia. Português também. Procurei resolver as provas de transferência da USP, que tinham 40, 45 questões de Português. Fiz uns quatro, cinco anos dessas provas e ia ao Plantão porque era muita gramática. Ajudava bastante. Você também ia em Física, Química e Matemá- tica? Ia, porque tinha exercício que era bem difícil. Como foram suas aulas do Medicina Total? Eram aulas bem mais aprofundadas e que com- plementava. Achava importante. Nos simulados, como você ficava? Ficava no A ou B. Tirei A em todos os simu- lados da Fuvest. Nos outros eu ficava no B. Nos simulados do Enem eu tirava C mais, B, alguns As. Com esses resultados, você achava que es- tava bem? Sim, a não ser quando tirava C mais. Eu revia o que tinha errado nos simulados e os pontos em que tinha dúvida. Estudei bastante. Nos simulados do Medicina Total você con- seguiu se manter bem? Depende. Tinha uns em que eu ficava no A, B. Em outros, C mais, C menos. Em geral, quais foram as dificuldades que você enfrentou no ano passado? Muito nervosismo, muito mesmo. Eu estudava das 7 da manhã às 10, 11 horas da noite. Isso cansava. Não estudava nos intervalos, achava que era demais. O que você fez nas férias de julho? Acordava às 10 horas, ficava estudando até umas 6, 7 horas. Tentei revisar as matérias. Foi muito importante conseguir revisar nas férias. SERVIÇO DE VESTIBULAR Inscrições 8 ARTIGO Estudo identifica possíveis origens de objetos celestes “diferenciados” 5 ARTIGO Água: o que falta é qualidade 6 PARA PENSAR Dourar a pílula 8

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ENTREVISTA

Luca Canadá 1CONTO

Conto de escola – Machado de Assis 3

1471

JORNAL ETAPA – 2014 • DE 24/04 A 07/05

Jornal do VestibulandoENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA

ENTREVISTA

“Em vez de falar que não ia dar, estudava mais e

mais e mais.”

Luca CanadáEm 2013: EtapaEm 2014: Medicina – USP/Pinheiros

Luca Canadá está hoje na Pinheiros. Ele diz que se esforçou

muito e que estudava das 7 da manhã às 10 da noite. E completa

que tudo valeu a pena. Aqui ele conta como se preparou para

o vestibular mais difícil da USP, resolvendo todos os exercícios

de aula, das apostilas e também muitas provas antigas da

Fuvest. Seu maior problema? O mesmo de todos: nervosismo.

ENTRE PARÊNTESIS

Pais & fi lhos 5

JV – Quando você decidiu seguir a carreira

de Medicina?

Luca – Aos 13, 14 anos. Medicina é uma coisa

com que eu sempre me identifiquei. Gostava de

ajudar as pessoas.

Você foi aprovado em quais escolas de Me-

dicina?

Unifesp, Unesp e UFSCar.

Como você conheceu o Etapa?

No meu colégio a maioria vinha para cá.

Como você começou o ano aqui?

Eu estava confiante. Vieram os simulados, conti-

nuei meio confiante. Ficava abalado quando não

ia tão bem em um simulado. Mas em vez de fa-

lar que não ia dar, estudava mais e mais e mais.

Como era seu método de estudos?

Ia às aulas, prestava atenção. Depois ficava aqui

fazendo exercícios da apostila. Todos os exercí-

cios, não deixava faltar. Todo dia estudava aqui

até as 6 horas. Chegava em casa às 7 e meia, 8

horas da noite e continuava estudando até umas

10, 11 horas. Todos os dias. Estudava sábado e

domingo também.

Você seguia pela matéria do dia?

No começo eu fazia a matéria do dia, dava tem-

po. Depois fui meio que me atrasando. Se não

dava tempo no dia, eu fazia durante a semana.

Fazia tudo, a matéria do dia e a apostila inteira.

Fazia porque achava importante.

Como você usava a apostila para estudar?

Lia a apostila e fazia resumos principalmente das

matérias em que tinha dificuldade. Nas matérias

de Humanas – História, Geografia, Português –

e também em Biologia eu fazia um resumo de

cada coisa, colocando os pontos mais relevan-

tes. Também marcava os pontos importantes

dos exercícios que resolvia.

Suas dificuldades eram principalmente nas

matérias de Humanas?

Principalmente em Português. Geografia e

História também, mais Geografia. Recorria

bastante ao Plantão de Dúvidas.

Em quais matérias você tinha uma base mais

forte?

Física, principalmente. Gostava bastante. Em

Química eu tinha uma base boa, mas apren-

di bastante aqui. Matemática aprendi muito

também.

Em quais matérias você ia mais ao Plantão

de Dúvidas?

Geografia. Português também. Procurei resolver

as provas de transferência da USP, que tinham

40, 45 questões de Português. Fiz uns quatro,

cinco anos dessas provas e ia ao Plantão porque

era muita gramática. Ajudava bastante.

Você também ia em Física, Química e Matemá-

tica?

Ia, porque tinha exercício que era bem difícil.

Como foram suas aulas do Medicina Total?

Eram aulas bem mais aprofundadas e que com-

plementava. Achava importante.

Nos simulados, como você ficava?

Ficava no A ou B. Tirei A em todos os simu-

lados da Fuvest. Nos outros eu ficava no B.

Nos simulados do Enem eu tirava C mais, B,

alguns As.

Com esses resultados, você achava que es-

tava bem?

Sim, a não ser quando tirava C mais. Eu revia o

que tinha errado nos simulados e os pontos em

que tinha dúvida. Estudei bastante.

Nos simulados do Medicina Total você con-

seguiu se manter bem?

Depende. Tinha uns em que eu ficava no A, B.

Em outros, C mais, C menos.

Em geral, quais foram as dificuldades que

você enfrentou no ano passado?

Muito nervosismo, muito mesmo. Eu estudava

das 7 da manhã às 10, 11 horas da noite. Isso

cansava. Não estudava nos intervalos, achava

que era demais.

O que você fez nas férias de julho?

Acordava às 10 horas, ficava estudando até

umas 6, 7 horas. Tentei revisar as matérias. Foi

muito importante conseguir revisar nas férias.

SERVIÇO DE VESTIBULAR

Inscrições 8ARTIGO

Estudo identifi ca possíveis origens de objetos celestes “diferenciados” 5

ARTIGO

Água: o que falta é qualidade 6

PARA PENSAR

Dourar a pílula 8

ENTREVISTA2

Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura

REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343Jornal do Vestibulando

Tinha alguma atividade para relaxar?

Muito pouco. Eu ia ao cinema às vezes com mi-nha namorada. Domingo eu estudava na casa da minha avó, mudava de ambiente. Só não estudava quando não aguentava. Não adianta estudar se não aprende.

Como foi na Revisão?

Na Revisão eu vinha às aulas normalmente, eram as melhores aulas. Fazia a apostila inteira da Revisão e as provas antigas da Fuvest.

Você conseguiu fazer todos os exercícios da

Revisão?

Consegui.

E ainda provas antigas da Fuvest?

Fiz muitas. Fazia Unifesp e Fuvest. No que eu tinha dúvida, procurava o Plantão.

Em que época você ficou mais cansado?

Na Revisão, porque estudei muito mais.

Você assistiu às palestras sobre as obras

literárias indicadas pela Fuvest e Unicamp

como obrigatórias?

Fui a todas.

Qual foi a importância das palestras para

você?

Total. Você lê o livro e pensa: “Nossa, que boni-ta história”, mas não entendeu nada. Ou, se en-tendeu, não é o que eles vão pedir. A palestra mostrava isso. Enfocava o que eles iam cobrar.

Na 1ª fase da Fuvest, qual foi sua pontua-

ção?

Fiz 83 pontos dos 89 possíveis.

Você mudou seu método de estudos para a

2ª fase?

Relaxei um pouco. Isso não foi bom. Esque-ci a apostila da Revisão, fiz só as provas da Fuvest. Várias. De 2005 até 2013, e de 1999, 1998, eu acho. Basicamente estudei por elas.

Para a 2ª fase, mesmo tendo a prova do ter-

ceiro dia com as matérias prioritárias para

Medicina, você continuou estudando Histó-

ria, Geografia?

Por causa do segundo dia. Depois que termi-nou a 1ª fase eu estudava principalmente His-tória, Geografia e Português. Depois de um tempo fiquei só nas prioritárias.

Qual foi sua nota na primeira prova da 2ª

fase, Português e Redação?

Tirei 68,85. Em Redação, meu desempenho foi de 75%. A média na prova ficou em 46,6. Eu achei muito difícil.

No segundo dia, prova geral, tirou quanto?

70,3. Esperava um pouco mais. Deixei uma questão em branco.

E no terceiro dia, na prova das matérias

prioritárias?

Estava fácil, bem fácil. Cheguei em casa pen-sando que tinha gabaritado, mas detalhes me tiraram um ponto. Minha nota foi 87,5.

Qual foi sua pontuação geral na Fuvest, na

escala de zero a 1 000?

797.

Alguma surpresa nas notas?

Eu esperava mais no segundo dia e bem mais no terceiro dia. Como no primeiro dia achei que fui mal, fiquei abalado, nervoso.

Como foi nos outros vestibulares?

Na Unifesp eu passei na primeira chamada. Na Unesp eu fiquei em 100 e pouco, me chama-ram na segunda lista. E, pelo Enem, fui aprova-do em 2º lugar para a UFSCar.

Como ficou sabendo de sua aprovação para

a Pinheiros?

Eu vim aqui com minha mãe e minha namorada. Não queria vir, achava que não ia passar. Quando vi meu nome na lista, chorei. Foi um dos dias mais felizes da minha vida. Como todo mundo fala, saiu um peso enorme das costas, aquela pressão.

Saindo daqui, você foi com os veteranos

para a Atlética? [são alunos da Medicina

USP que acompanham a saída da lista aqui]

Os veteranos levaram a gente. Fiquei um pou-quinho lá e depois fui jantar com minha família para comemorar.

Como foi esse contato com a Atlética?

Legal, os veteranos são bem receptivos. Eles explicam para você como é a faculdade. Recep-ção bem calorosa.

Agora está mais tranquilo seu ritmo de es-

tudos?

Achei que ia ser menos puxado.

Quais matérias você tem neste primeiro se-

mestre?

Anatomia do Aparelho Locomotor, que é uma das mais legais. Introdução à Medicina, única em que você se sente como médico. Atenção Primária em Saúde, em que você vai a uma unidade de saúde. Bioquímica, que é a mais difícil. Tem Biologia Molecular, bem legal. E Biologia Celular.

De qual você está gostando mais?

Introdução à Medicina e Anatomia. Anatomia é “decoreba”, tem de tentar lembrar bem. É di-fícil, mas é legal. Introdução à Medicina é bem legal porque tem o primeiro contato com o pa-ciente. Eles levam a gente para ver cirurgias, discutem casos clínicos.

Do que você mais gostou até agora na Pi-

nheiros e na Cidade Universitária?

Na Pinheiros a estrutura é sem comparação. Maravilhosa. As pessoas são bem legais. Todo mundo meio que se conhece. Na Cidade Uni-versitária as coisas são longe, nem todo mun-do é do mesmo curso, nem todo mundo se conhece. Mesmo assim é um ambiente uni-versitário legal.

Na parte humana, do que você mais gostou?

Os veteranos cobram bastante a gente para ir treinar, ir para a competição dos calouros. Eles ajudam bastante a gente. Os professores são muito bons, sabem muito, embora alguns não tenham didática.

O que mais você está fazendo na faculdade?

Eu vou à bateria às vezes. Vou à Atenção Médi-ca Acadêmica – você vai ao posto, lá também você vai aprender a ser médico, é a parte mais prática, vai fazer exame, conversar com o pa-ciente. Você aprende desde o 1º ano, vai ter no 2º e no 3º. Fui à “Liga da Tireoide”: ela tem um curso introdutório, que são aulas, depois tem meio que atividades práticas – você vai ao laboratório, vê cirurgias, às vezes faz pequenos procedimentos.

Qual é sua motivação para seguir na Medi-

cina com o mesmo entusiasmo?

Quando vai ao HC, na Introdução à Medici-na, você vê muito paciente, muito mesmo, dá motivação. Tem de ser um bom médico para ajudar esse mundo de gente que está aí. Tem de estudar, tem de se aplicar, acho bem importante isso. E tem matéria legal, dá uma motivada.

Que área você pensa seguir na Medicina?

Eu não sei. Penso em cirurgia, mas não sei.

O que você diria a quem vai prestar vesti-

bular este ano, principalmente quem quer

Medicina?

Não pode achar que é impossível. É muito bom, vale a pena, não pode desistir.

O que você diria a quem prestou vestibular

no ano passado e ficou no “quase”?

Não perder o pique. Continuar estudando, não desistir. Se você foi bem, vai melhor.

Como fica marcado o ano passado para

você?

Dá saudade. Você pensa que nunca mais vai querer voltar, mas dá saudade, é legal, há muita gente que você conheceu aqui. E aqui você amadureceu.

O que você tira de lição do ano passado?

Acho que é o valor da dedicação. Sempre se esforçar, que vai valer a pena.