13a. conferência nacional de saúde - relatório final

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MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE Conferência Nacional de Saúde Série C. Projetos, Programas e Relatórios Brasília – DF 2008 13ª Relatório Final Saúde e Qualidade de Vida Políticas de Estado e Desenvolvimento

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Relatório sobre as discussões ocorridas na 13ª Conferência Nacional de Saúde

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  • MINISTRIO DA SADECONSELHO NACIONAL DE SADE

    Conferncia Nacional de Sade

    Srie C. Projetos, Programas e Relatrios

    Braslia DF2008

    13Relatrio Final

    Sade e Qualidade de Vida Polticas de Estado e Desenvolvimento

  • 2008 Ministrio da Sade.Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que no seja para venda ou qualquer fim comercial.A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra da rea tcnica.A coleo institucional do Ministrio da Sade pode ser acessada, na ntegra, na Biblioteca Virtual do Ministrio da Sade: http://www.saude.gov.br/bvsO contedo desta e de outras obras da Editora do Ministrio da Sade pode ser acessado na pgina: http://www.saude.gov.br/editora

    Srie C. Projetos, Programas e Relatrios

    Tiragem: 1. edio 2008 50.000 exemplares

    Elaborao, distribuio e informaes:MINISTRIO DA SADEConselho Nacional de SadeEsplanada dos Ministrios, bloco G,Edifcio Anexo, ala B, 1. andar, salas 104 a 128 CEP: 70058-900, Braslia DFTels.: (61) 3315-2151 / 2150Faxes: (61) 3315-2414 / 2472E-mail: [email protected] Home page: www.conselho.saude.gov.br

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil

    Ficha Catalogrfica

    Brasil. Ministrio da Sade. Conselho Nacional de Sade.Relatrio Final da 13 Conferncia Nacional de Sade: Sade e Qualidade de vida: polticas de

    estado e desenvolvimento/Ministrio da Sade, Conselho Nacional de Sade. Braslia : Editora do Ministrio da Sade, 2008.

    246 p. : il. (Srie C. Projetos, Programas e Relatrios)

    ISBN

    1. SUS (BR) . 2. Conferncia de Sade (SUS). 3. Poltica de Sade. I. Ttulo. II. Conselho Nacional de Sade (CNS). III. Srie.

    CDU 614.39 (047)

    Catalogao na fonte Coordenao-Geral de Documentao e Informao Editora MS OS 2008/0392

    Ttulos para indexao:Em ingls: Final Report of 13th National Health Conference: health and quality of life: the States policies and developmentEm espanhol: Informe Final de La 13a Conferencia Nacional de Salud: salud y calidad de vida: las polticas del Estado y de desarrollo

    EDITORA MSDocumentao e InformaoSIA, trecho 4, lotes 540/610CEP: 71200-040, Braslia DFTels.: (61) 3233-1774/2020Fax: (61) 3233-9558Home page: http://www.saude.gov.br/editoraE-mail: [email protected]

    Equipe Editorial:Normalizao: Valria Gameleira da MotaReviso: Mara Rejane Soares Pamplona e

    Paulo Henrique de Castro e Farias Capa, projeto grfico e diagramao: Fabiano Bastos

    http://www.saude.gov.br/bvshttp://www.saude.gov.br/mailto:[email protected]://www.conselho.saude.gov.brhttp://www.saude.gov.br/editora

  • Sumrio

    Apresentao 5

    Eixo I Desafios para a Efetivao do Direito Humano Sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento 13

    Eixo I Inditas 53

    Eixo II Polticas Pblicas para a Sade e Qualidade de Vida: o SUS na Seguridade Social e o Pacto pela Sade 69

    Eixo II Inditas 127

    Eixo III A Participao da Sociedade na Efetivao do Direito Humano Sade 157

    Eixo III Inditas 173

    Moes Aprovadas 191

    Expediente 235

  • 5

    Apresentao

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    A realizao da 13 Conferncia Nacional de Sade, em novembro de 2007, simboliza o pice do desenvolvimento e do amadurecimento da so-ciedade brasileira no que diz respeito s discusses e deliberaes demo-crticas sobre as polticas pblicas de sade do Pas. Dos 5.564 munic-pios brasileiros, 4.430 realizaram suas Conferncias Municipais, 77% de todos os municpios do pas.

    Quase cinco mil pessoas, entre gestores, trabalhadores, usurios, par-lamentares, professores, na qualidade de delegados e observadores, com-partilharam desse encontro, o maior e mais importante para a sade no Brasil. A 13 Conferncia Nacional de Sade no se configurou somente como momento poltico e deliberativo para as polticas pblicas para o setor, mais do que isso, simbolizou a oportunidade reflexiva e analtica de caminhar sem esquecer o passado.

    Essa 13 Conferncia Nacional de Sade elevou as discusses e deli-beraes da Conferncia a um patamar superior, qualificado, maduro e muito mais complexo que em momentos pretritos. Conseguiu-se pola-rizar, ao mesmo tempo, grupos antagnicos em suas demandas, credos, cores e orientaes to diversas por bem comum e precioso: o Sistema nico de Sade.

    Prestes a completar o 20 aniversrio, o SUS a maior conquista de uma Conferncia de Sade e fruto das lutas populares de redemocrati-zao do pas no incio da dcada de 80, do sculo passado, que culmi-naram, em 1986, com a 8 Conferncia Nacional de Sade, cujo tema foi sade e democracia.

    Todo cidado brasileiro, no importando sua classe social, etnia ou g-nero, das mais isoladas comunidades amaznicas s superpopulosas me-galpoles do Brasil, usurio do Sistema nico de Sade. Uma das carac-tersticas mais importantes do nosso Sistema Pblico de Sade a gran-de capilaridade de suas atividades e atribuies que complementam a sua seara: promover a sade do povo do Brasil.

    Da ateno bsica aos procedimentos de alta complexidade, da vigi-lncia sanitria aos eficientes programas de vacinao, do mais moder-no programa de combate aids do mundo, engenhosa rede de trans-plantes, tudo obra do SUS. Mesmo que no se saiba, mesmo que no se

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    queira, ele est presente na vida de todas as pessoas que vivem no Brasil, brasileiros ou no brasileiros, universal, agregador e 100% gratuito.

    Apesar de sua caminhada vitoriosa rumo aos 20 anos de existncia, o SUS apresenta desafios, vinculados gesto dos recursos humanos, melhoria na qualidade da ateno e do acesso sade, ao aprimoramento dos mecanismos de controle, ampliao do aporte de recursos financei-ros e utilizao dos mesmos de maneira eficiente, entre outros.

    Levando-se em considerao as dimenses continentais do nosso pas e a diversidade das demandas oriundas de seu povo, o saldo positivo e precisamos ajud-lo, aperfeio-lo, mas jamais prescindir dele. O SUS uma conquista enorme, brao humanizador e solidrio do Brasil.

    O povo do Brasil orgulha-se de ter concebido esse grandioso momen-to consolidador do controle social, a 13 Conferncia Nacional de Sade, que recebeu delegaes e observadores estrangeiros, imprensa, funcio-nrios do Ministrio da Sade e fez de Braslia, entre os dias 14 e 18 de novembro de 2007, um espao privilegiado do controle social.

    Jos Gomes Temporo Ministro da Sade

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    Sade de Respeito, Respeito Sade!

    O sucesso da 13 Conferncia Nacional de Sade marca histrica e simbolicamente a caminhada atuante do Conselho Nacional de Sade (CNS) e do controle social ao longo desses anos. Pela primeira vez uma Conferncia coordenada pelo presidente eleito do CNS. Isso representa uma conquista social sem precedentes e um passo largo na consolidao democrtica das relaes entre o Governo, representado pelo Ministrio da Sade, e os conselhos de sade de todo o pas.

    Os debates equilibrados, e s vezes bastante acirrados, as discusses participativas, maduras e menos conservadoras, de fato sintonizadas com os preceitos do Sistema nico de Sade, fizeram o diferencial des-sa Conferncia. A percepo de que a construo desse grande dilogo social cumpriu um ciclo cronolgico, com incio, meio e fim, deixou-nos uma sensao libertadora de exerccio profundo de responsabilidade consciente.

    As deliberaes do Conselho Nacional de Sade, respaldado pelas dire-trizes polticas apontadas por uma Conferncia Nacional de Sade, con-forme determina a Lei n 8.142, de 28 de dezembro de 1990, refletem-se na vida de cada brasileiro nos anos que se seguem sua realizao. As de-cises de uma Conferncia podem modificar radicalmente o retrato social do pas, como aconteceu em 1986 na antolgica 8 Conferncia Nacional de Sade, Conferncia-Me do Sistema nico de Sade e da moderniza-o de nossas polticas pblicas para o setor.

    O importante papel do CNS,durante todas as etapas da 13 Conferncia Nacional de Sade, refletiu-se na qualidade das discusses em todas as etapas municipais e estaduais realizadas ao longo do segun-do semestre de 2007, culminando com a bem-sucedida etapa nacional, realizada entre os dias 14 e 18 de novembro em Braslia.

    Os nmeros da 13 Conferncia so impressionantes: mais de 4.300 Conferncias Municipais, Conferncias Estaduais em todos os estados da Federao e uma etapa nacional consagradora com 4.700 participantes, delegados, usurios, trabalhadores, gestores e observadores. Gente de

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    toda a parte do Brasil, apreciadores internacionais que vieram buscar re-ferncia e beber na fonte da histria de sucesso do SUS, tcnicos, traba-lhadores do Ministrio da Sade e do CNS. Um caudaloso mar de idias e experincias que s vezes se chocavam em correntes contrrias, mas pa-radoxalmente complementares ao exerccio pleno do controle social.

    As deliberaes da 13 Conferncia Nacional de Sade so resultantes de um processo aprofundado e analtico de propostas consolidadas dos 26 conselhos estaduais e do Conselho Distrital de Sade, representativas de mltiplas entidades intersetoriais e heterognicos grupos sociais do Brasil inteiro. O CNS, portanto, converteu-se em aparato ressoante dos anseios populares no que diz respeito sade e seus determinantes so-ciais, junto aos executores de nossas Polticas Pblicas de Sade.

    Reflexes e deliberaes sobre a intersetorialidade, a inverso do mo-delo de ateno, a regulamentao do financiamento do SUS, a reestru-turao e o fortalecimento da rede pblica, o combate precarizao do trabalho e a implantao dos cargos de carreira nica do SUS, entre ou-tros, foram resultados do qualificado processo de apreciao de deman-das provenientes de todos os setores que compem e utilizam o Sistema ao longo de todas as etapas da Conferncia.

    O processo no se findou! Agora, cabe-nos fazer valer o que foi deci-dido e acordado. nossa a responsabilidade de observar e garantir que o que foi proposto no se perpetue somente nas folhas de papel da buro-cracia estatal e que sejam ferramentas transformadoras na vida de nos-sos milhes de irmos de todas as partes de nossa Ptria. Dessa forma, o SUS ter cristalizado os preceitos que o norteiam: universalidade, inte-gralidade, eqidade.

    O Conselho Nacional de Sade o guardio dos direitos do povo bra-sileiro s polticas pblicas de sade eficientes e inclusivas. Assegurar e guardar o direito a uma boa sade a todos nosso ofcio deliberante, po-ltico e, acima de tudo, de respeito ao cidado, usurio, direto ou indireto do Sistema nico de Sade.

    Boa Sade a todos!

    Francisco Batista Jnior Presidente do Conselho Nacional de Sade

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    Eixo IDesafios para a Efetivao do Direito

    Humano Sade no Sculo XXI: Estado,

    Sociedade e Padres de Desenvolvimento

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    Referendar todas as propostas do primeiro Frum Brasileiro 1. Antitabagismo cujo contedo encontra-se contido na Carta Nao, redigida em 31 de maio de 2006, e acrescentar que a tota-lidade da arrecadao e multas oriundas da Lei n 9.294, de 15 de julho de 1996, e outras leis municipais e estaduais, criadas para ins-tituir medidas no controle do tabagismo e do alcoolismo, sejam re-vertidas automaticamente para as aes de promoo, preveno e assistncia, por meio dos Fundos da Sade.

    Implementar, por meio de polticas pblicas intersetoriais, pro-2. gramas de preveno e de assistncia para dependentes qumicos de substncias psicoativas, considerando as diferenas de gerao (crianas, adolescentes, adultos e idosos), com equipes multidisci-plinares de reabilitao, com a construo de casas de apoio, cria-o de comits de incluso social e demais estratgias de fomento a uma cultura de promoo da vida e da paz social.

    Efetivar, por meio de aes intersetoriais junto s instituies for-3. madoras, recuperadoras e promotoras sociais (sistemas prisional e educacional, entre outros), trabalho de preveno de uso de l cool, de tabaco e de outras drogas que causam dependncia qumica e psquica, garantindo a conscientizao e o comprometimento des-sas instituies com a promoo da sade.

    Estabelecer mecanismo de proteo social contra o uso de bebidas 4. alcolicas e de cigarro; proibindo por lei a propaganda de bebidas alcolicas, regulamentando horrios e locais para comercializao e elevando a carga tributria que incide sobre esses produtos, nas trs esferas de governo. Tal arrecadao seria destinada preveno e reabilitao da sade dos usurios dessas substncias, alm de fazer cumprir a Lei n 9.294/96, que define punio ao estabelecimento comercial que venda bebidas alcolicas ou cigarros a adolescentes, criando e repassando cartilhas explicativas comunidade sobre a proibio e a punio, com rigor, aos infratores que venderem dro-gas lcitas e ilcitas a menores, idosos, indgenas e doentes mentais.

    Implementar polticas de interveno no meio ambiente que envol-5. vam as relaes de trabalho, amparadas na legislao, focadas em riscos, agravos e doenas, aprimorando a vigilncia ambiental so-

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    bre o processo de trabalho, inclusive rural, com o uso de agrotxico, e assegurar a notificao compulsria de acidentes de trabalho e a aposentadoria especial para profissionais expostos a material bio-lgico contaminado e produtos qumicos de alta toxicidade.

    Estabelecer polticas de sade ambiental, auto-sustentveis, cen-6. tradas nos processos de trabalho, na produo e comercializao de produtos e na prestao de servios que previnam danos aos traba-lhadores da rea rural, que so submetidos a regimes de escravido, da pesca e da agricultura, de comunidades tradicionais e terreiros, e ao meio ambiente, considerando seus elevados riscos de aciden-tes e doenas, incluindo os trabalhadores da cana, definindo as res-ponsabilidades dos gestores pblicos e das associaes patronais do setor sucroalcooleiro, no que tange aquisio de materiais e de insumos para atendimento da populao flutuante e reviso do percentual de cotas durante o corte da cana (Lei n 4.870/65), em funo das queimadas de cana e suas repercusses sobre a sade do trabalhador e o meio ambiente.

    Criar e implantar um programa de diminuio da produo do lixo, 7. conscientizando a populao e os setores produtivos (industriais e agrcolas), com regulao do tamanho e do nmero das embalagens utilizadas na comercializao de seus produtos, alm de exigir que o recolhimento do lixo ocorra com mais freqncia, garantindo a colocao em locais adequados e com lixeiras prprias para o acon-dicionamento e a coleta seletiva, visando conscientizar a populao quanto educao ambiental de acordo com a legislao vigente.

    Intensificar a vigilncia da rotulagem de produtos de forma clara, 8. legvel e visvel, inclusive em Braille, sobre as caractersticas dos produtos, prazo de validade e informaes nutricionais, incluindo os produtos que tenham em sua composio organismos genetica-mente modificados (OGMs).

    Elaborar polticas intersetoriais comprometidas com o combate e a 9. reduo do uso de agrotxicos com efetiva vigilncia de distribui-o e de uso, utilizando trabalho educativo de combate ao uso in-discriminado; interveno junto aos produtores, aos organismos financiadores e aos rgos pblicos responsveis pela elaborao

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    e implementao de polticas agrcolas, para que se desenvolvam prticas agroecolgicas de produo, alm de destinar recursos es-pecficos para investimento em hbitos saudveis e na melhoria da qualidade de vida da populao, na preveno e educao ambien-tal em relao ao uso desse produto na agricultura.

    Que o Ministrio da Sade, em parceria com a Anvisa, estabelea 10. critrios para a padronizao de embalagens de medicamentos, em cores variadas, e em Braille, com bula melhor detalhada e com le-tras maiores, facilitando a identificao dos mesmos pelos idosos e pelos deficientes visuais; assegurar que os medicamentos apresen-tem em suas bulas os significados dos termos tcnicos e que as em-balagens dos medicamentos que compem os programas de diabe-tes e de hipertenso sejam diferenciadas, facilitando a compreen-so dos usurios; alm de estimular campanhas educativas para a populao alertando sobre os riscos de automedicao.

    Exigir o cumprimento de normas da Vigilncia Sanitria que garan-11. tam o acesso da populao a servios e produtos de fontes seguras e de qualidade monitorada, ligados sade, como alimentos, medi-camentos, fitoterpicos, cosmticos, saneantes, produtos de sade, produo para o Programa Fome Zero e outros contemplados pela legislao vigente, por meio de anlises laboratoriais, atendendo s atividades programadas, denncias e surtos, promovendo aes de educao sanitria com participao da comunidade e do controle social.

    Mudar o larvicida usado no combate dengue para um produto na-12. tural j testado e aprovado.

    Respeitar a natureza e a preservao do meio ambiente, na pers-13. pectiva de superao da lgica destrutiva do processo de produo capitalista, prevendo obrigatoriamente nos planos de desenvolvi-mento econmico a incluso e a efetivao de polticas de preserva-o dos recursos naturais, reflorestamento, arborizao e despolui-o dos rios, proibindo a privatizao do patrimnio natural.

    Avaliar os impactos sociais e ambientais do desenvolvimento de 14. doenas em decorrncia da construo das hidreltricas do Rio Madeira (Rondnia), responsabilizando os governos federal e es-

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    tadual e o setor privado (empresas construtoras das usinas hidrel-tricas de Jirau e Madeira) pela apresentao de estudos de impacto e planejamento das aes de ateno sade, garantindo aes pre-ventivas e a reduo de possveis impactos na sade da populao atingida, com a participao do controle social.

    Ampliar o acesso a programas de moradias populares, garantindo 15. financiamento para reforma das existentes e reavaliao dos proje-tos de urbanizao, incluindo segurana pblica, reas de lazer, es-porte, cultura e oferta de transporte escolar gratuito.

    Instituir o Programa Primeiro Emprego em mbitos municipal, es-16. tadual e federal para jovens e criar um programa de valorizao, qualificao e ampliao do artesanato loco-regional, visando criao de polticas pblicas abrangentes e permanentes de gera-o de trabalho e renda, de forma articulada com as esferas de go-verno e a sociedade civil, fundamentadas nos princpios de justia socioambiental.

    Garantir investimento para a construo, abertura, recuperao e 17. conservao de estradas e pontes que facilitem o acesso da popula-o aos servios de sade.

    Intensificar o apoio agricultura familiar por meio da implanta-18. o de uma poltica de desenvolvimento rural e urbano; incorpo-rao da concepo agroecolgica sustentvel; estabelecimento de convnios com instituies do setor da agricultura para realizar cursos sobre alimentao saudvel e apoio ao desenvolvimento de hortas comunitrias; criao de poltica federal de incentivo para a manuteno das pequenas propriedades rurais, reajustando pre-os da produo agrcola e oferecendo insumos com preos mais acessveis, incentivando a permanncia do homem no campo e o consumo de produtos naturais produzidos pelas agroindstrias fa-miliares dos municpios nas instituies pblicas locais (escolas e creches); valorizao dos fitoterpicos e das prticas teraputicas alternativas; implementao do Programa do Leite, priorizan-do a aquisio feita junto aos pequenos produtores rurais dos pr-prios municpios, com garantia de sua pasteurizao; e promoo

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    de ateno integral sade em acampamentos e assentamentos de trabalhadores sem-terra.

    Buscar o envolvimento do Ministrio do Meio Ambiente e outros 19. para a implantao de prticas e polticas de desenvolvimento sus-tentvel nos municpios, de preservao do meio ambiente rural e urbano, por meio de criao de fundo de compensao nos mu-nicpios que se encontram em rea de preservao de manancial, zona costeira e proteo ambiental; apoio e criao de cooperati-vas de produo cujos produtos e processos melhorem o ambiente e a qualidade de vida; e criao de linha de crdito especfica para a construo, pelos municpios, de barragens, cacimbas e cisternas na zona rural, em reas de risco por estiagem prolongada.

    Construir uma rede intersetorial de apoio sade e justia socio-20. ambiental, para identificar determinantes da sade e aplicar a le-gislao sobre sade e meio ambiente, por meio de elaborao de programas para implementao de aes sobre sade e meio am-biente prevendo aporte financeiro e tcnico do Governo Federal para que estados e municpios implantem polticas articuladas de meio ambiente, sade e educao; divulgao e respeito legisla-o que rege a defesa do meio ambiente e execuo dos dispositi-vos de responsabilizao e penalizao aos infratores; implemen-tao da Rede Integrada de Desenvolvimento de Entorno (Ride/Sade) com aes e programas especficos, oramento e financia-mento prprios, de responsabilidade dos governos estaduais e do Governo Federal; e destinao de recursos para aes de sade em municpios localizados em reas de fronteira agrcola para a cober-tura da populao imigrante.

    Adotar aes intersetoriais de recuperao e de proteo ao meio 21. ambiente com adequada ocupao territorial, com foco no desen-volvimento sustentvel de cidades e ambientes saudveis, articu-lando e garantindo as aes da Agenda 21, por meio de sensibili-zao e responsabilizao dos poderes pblicos e da sociedade a respeito da relevncia do ambiente, efetivando os preceitos da jus-tia socioambiental e das aes educativas visando eliminao, diminuio e preveno da exposio de riscos sade e inter-veno nos problemas decorrentes do meio ambiente, da produo

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    e de circulao de bens e da prestao de servios em sade, alm da ampliao da participao da populao na elaborao e no mo-nitoramento das distintas fases dos processos de Licenciamento Ambiental, em todas as esferas de governo.

    Articular as polticas econmicas e sociais para pautar um proces-22. so de crescimento e desenvolvimento econmico baseado no direi-to vida, no direito sade e na sustentabilidade ambiental, com a adoo de uma poltica macroeconmica nucleada na reduo da taxa de juros e no fim do supervit primrio, essenciais para viabi-lizar a ampliao do acesso ao trabalho, educao, moradia, ao transporte e ao lazer, estimulando a economia solidria e sua siner-gia com as formas comunitrias de produo, microempresas, e re-orientao das polticas pblicas.

    Defender a democracia, a paz e a tolerncia, em suas variadas for-23. mas, alm de maior igualdade na distribuio de renda, como con-dio essencial para a reduo de conflitos entre povos, e a exacer-bao da violncia social.

    Atuar de forma intersetorial na implementao da Poltica Nacional 24. de Reduo de Morbimortalidade por Trauma e Violncia, imple-mentando na rede pblica os protocolos de ateno contra todos os tipos de violncia e para todos os cidados e cidads, consideran-do as diferenas tnico-raciais, religiosas, de gnero, de orientao sexual, geracionais, sofrimento psquico, fsico e/ou desempenho cognitivo, como parte do atendimento integral a todas as vtimas de quaisquer tipos de violncias.

    Efetivar no mbito do SUS, por meio de programas intersetoriais 25. e multidisciplinares, aes preventivas, educativas e assistenciais voltadas ao combate das discriminaes, realizando campanhas de sensibilizao e consolidando redes de acolhimento e assistncia, implementando aes de notificao compulsria.

    Implantar centros de lazer e cultura e/ou centros de acolhimento 26. para crianas e adolescentes em todas as regies, com equipe mul-tiprofissional especializada para o desenvolvimento de atividades educativas, de sade, esportivas, de lazer e cultura, como forma de preveno s drogas, violncia domstica e externa e marginaliza-

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    o, com adequao da oferta de profissionais e equipamentos e elaborao de polticas para a cobertura de grupos de risco e de vul-nerveis ao sofrimento mental.

    Propor ao Congresso Nacional a agilizao do projeto de lei que es-27. tabelece seis meses para licena materna e 15 dias para licena pa-terna, favorecendo o aleitamento materno.

    Implementar programas intersetoriais e multidisciplinares de edu-28. cao em sade, voltados para polticas de contracepo na adoles-cncia, prostituio infantil e de adolescentes, alcoolismo, tabagis-mo, uso de drogas, DST/aids e acidentes em geral, visando supe-rao de situaes excludentes e discriminatrias.

    Priorizar, com polticas afirmativas, o atendimento s pessoas vi-29. vendo em situao de vulnerabilidade para a efetivao de direitos como a acessibilidade, a aposentadoria, nos casos de doenas in-capacitantes, e o atendimento por equipe multiprofissional quali-ficada.

    Monitorar a efetivao dos direitos sexuais e reprodutivos das mu-30. lheres e de adolescentes via Conselho Nacional de Sade articulado com os conselhos de Educao e de Cincia e Tecnologia, conside-rando diferenas tnico-raciais, religiosas, de gnero, de orientao sexual, geracionais, sofrimento psquico, fsico e/ou desempenho cognitivo, garantindo condies materiais, educacionais, polticas e simblicas para o exerccio de direitos das mulheres de forma li-vre e amparada socialmente, assegurando sua autodeterminao e impedindo aes coercitivas sobre suas escolhas sexuais e repro-dutivas.

    Desenvolver aes intersetoriais de educao em direitos humanos 31. e respeito diversidade, efetivando campanhas e currculos escola-res que abordem os direitos sociais, o enfrentamento s discrimina-es em diversos mbitos, os Estatutos da Criana e do Adolescente e do Idoso, entre outros, alm de implementar polticas especficas de enfrentamento das desigualdades de gnero, de orientao se-xual, raa, etnia e necessidades especiais, garantindo o controle so-cial e o acesso aos benefcios de seguridade social pelas instituies governamentais.

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    Estabelecer os fluxos contnuos e as articulaes entre os projetos 32. de gerao de renda e as polticas de sade, com redimensionamen-to e fortalecimento de polticas sistmicas (construes de casas populares), para a valorizao da qualidade de vida da populao urbana e rural, principalmente em assentamentos, acampamentos de trabalhadores rurais, sem terras, povos indgenas, quilombos e reas ribeirinhas, considerando as necessidades especficas dos de-sempregados em termos de acesso aos direitos sociais, ao trabalho e renda digna, ao fortalecimento de situaes favorveis quali-dade de vida, aos ambientes, aos alimentos e a outros produtos de consumo saudveis, com apoio aos projetos relacionados aos mu-nicpios saudveis.

    Assegurar os direitos sade e responsabilidade estatal, nas trs 33. esferas de governo, para as aes de sade integral da populao carcerria e viabilizar a elaborao e a implementao de progra-mas profissionalizantes intersetoriais especficos, dentro e fora da cadeia, para detentos, ex-detentos e familiares, alm de oferecer formao aos presidirios para ampliar seus vnculos de sociabili-dade e acesso ao trabalho e a oportunidades de vida digna e exerc-cio dos direitos humanos.

    Cumprir as aes de ateno sade da mulher, respeitando to-34. das as suas especificidades (adolescentes, jovens, idosas, indgenas, negras, profissionais do sexo, presidirias, etc.), com efetivao de poltica de planejamento familiar, enfatizando a ateno a adoles-centes e a preveno da mortalidade materna.

    Propor ao Ministrio da Sade a elaborao de estudo para redefi-35. nio da faixa etria de risco do cncer de colo de tero, com vistas ampliao da cobertura do exame preventivo, alterando a idade mnima de 25 para 15 anos.

    Assegurar o atendimento aos casos de abortos previstos por lei ou 36. em abortamento em curso, garantindo ateno psicolgica e social integral mulher.

    Garantir respeito e ateno diversidade e s necessidades espe-37. ciais de grupos populacionais especficos na ateno integral sa-de, propiciando espaos para debates sobre as diferenas, com o

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    objetivo de identificar e superar atitudes discriminatrias e favore-cer a incluso social, considerando o preconceito como atitude que contribui para o agravamento do processo sade-doena.

    Assegurar a 38. gays, lsbicas, bissexuais, transexuais e travestis (GLBTT) o acesso equnime, respeitoso e de qualidade aos cuida-dos e servios de sade nas trs esferas de governo, inclusive na abordagem da soropositividade ao HIV e s doenas sexualmen-te transmissveis (DST). Reconhecer as temticas que envolvam a orientao sexual e as suas conseqncias sobre as concepes e prticas da sade, da incluso de item sobre livre expresso se xual nos formulrios, da incluso dos recortes raciais, geracionais, de gnero e livre expresso sexual na poltica de educao permanen-te, da sensibilizao dos profissionais a respeito dos direitos deste pblico e da implantao de grupos de promoo sade da popu-lao GLBTT nas unidades de sade e sade da famlia, contem-plando as especificidades regionais e a efetivao da Portaria MS/GM n 675/2006.

    Revogar a portaria que probe a doao de sangue da populao 39. GLBTT, que viola os artigos ns 1, 2 e 5 da Constituio Federal Brasileira.

    Sensibilizar e qualificar permanentemente os trabalhadores da sa-40. de para abordagem e assistncia a profissionais do sexo.

    Operacionalizar o direito sade para as diversidades geracionais, 41. em cumprimento aos Estatutos da Criana e do Adolescente e do Idoso, assegurando aes de sade adequadas, oportunas e de qua-lidade, com a ampliao de estratgias de avaliao da sade dessa populao para subsidiar a formulao e o desenvolvimento de po-lticas pblicas especficas.

    Garantir que o Ministrio da Sade e as secretarias de sade cum-42. pram com o direito sade como direito de cidadania, cujos bene-fcios tero impactos importantes sobre a sade da populao ne-gra, a partir das diretrizes do SUS e da Poltica Nacional de Sade Integral da Populao Negra, em todos os nveis de ateno, em es-pecial para os agravos mais prevalentes nessa populao, possibi-litando a efetivao de aes afirmativas de combate ao racismo

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    institucional e a toda forma de preconceito, nos espaos de gesto, ateno e participao social em sade, destacando-se o estabeleci-mento de parcerias com o movimento negro, o repasse de recursos para a capacitao sobre combate ao racismo; a incluso de conte-dos sobre a sade da populao negra na formao; o desenvolvi-mento de campanhas de divulgao, em parceria com os conselhos profissionais e veculos de comunicao; a garantia de aporte finan-ceiro destinado pesquisa em sade da populao negra, prevendo a produo e a publicao de documentos que contribuam para o acesso informao sobre a sade dessa populao.

    Promover a formao para o trabalho das parteiras quilombolas, 43. garantindo a remunerao pelo SUS.

    Criar e implantar poltica nacional que contemple direitos e neces-44. sidades dos portadores de anemia falciforme, envolvendo lideran-as e usurios das comunidades negras e quilombolas, incluindo a realizao de busca ativa e de mapeamento das pessoas com trao falciforme; a atualizao e a divulgao de informaes junto aos profissionais de sade e populao, em especial a populao ne-gra e a carcerria; a garantia de acesso ao tratamento de qualida-de nos casos identificados, incorporando aes de ateno integral com equipe multiprofissional especializada, conforme necessida-des e demandas dos servios e da populao; o apoio a pesquisas especficas; o estabelecimento de protocolos clnicos para atendi-mento na rede bsica e nos hemocentros; e a garantia de acesso s polticas de direitos reprodutivos e planejamento familiar, livres de amea a de esterilizao, aos portadores da doena falciforme.

    Titular os territrios rurais quilombolas como forma de promoo 45. de sade, com base na Conferncia de Alma-Ata, e garantir o aces-so dessa populao ao SUS em todas as esferas e nveis de comple-xidade, assegurando a infra-estrutura adequada para o acesso e a criao de fruns de debates sobre as comunidades quilombolas, com articulao e gesto entre diferentes setores governamentais e no-governamentais.

    Sensibilizar os profissionais de sade quanto ao respeito s diver-46. sidades cultural e antropolgica e s escolhas religiosas dos usu-

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    rios, em especial as culturas afrodescendente e indgena, reconhe-cendo suas tradies, saberes, crenas, plantas medicinais e rituais de cura, garantindo o acesso a todos os nveis de ateno sade.

    Garantir que as trs esferas de governo realizem campanhas publi-47. citrias sobre sade mental, por meio da mdia, com o objetivo de esclarecer a populao sobre as doenas mentais, visando comba-ter o preconceito e possibilitar a insero dos doentes mentais na sociedade, alm de promover ampla discusso sobre a problemti-ca da somatizao (problemas de sade gerados ou agravados por distrbios emocionais), com impacto sobre a demanda de exames e de especialistas, criando polticas especficas para a sua abordagem por equipes multiprofissionais.

    Garantir financiamento das trs esferas de governo para a implan-48. tao de centros de convivncia e centros de permanncia para pes-soas sem famlia ou em condies de abandono, priorizando idosos e pessoas com transtorno mental, casas de apoio e creches pblicas para crianas de rua ou provenientes de famlias com prticas de maus-tratos, na perspectiva da incluso social.

    Aperfeioar o Sistema Nacional de Controle, Avaliao e 49. Monitoramento dos indicadores de sade, com investimento para a qualificao dos servios de epidemiologia e vigilncia em sade; aprimoramento do Sistema de Informaes de Mortalidade (SIM); revitalizao dos Comits de Mortalidade Materna e Infantil; oti-mizao do acesso aos indicadores de sade atualizados para toda a sociedade; publicao sistemtica de boletins epidemiolgicos e notas tcnicas; realizao de inquritos populacionais sobre con-dies socioeconmicas, acesso, cobertura, utilizao de servios e autopercepo do status de sade; utilizao das informaes sobre a situao de sade e os critrios epidemiolgicos para elaborar e avaliar polticas que considerem a diversidade racial, tnica, cultu-ral e geogrfica, planejar, repassar financiamento e executar aes de sade pautadas em necessidades de sade; intercmbios entre instituies de ensino e pesquisa com instituies de sade nas es-feras estaduais e municipais para a realizao de pesquisas, estu-dos epidemiolgicos e estgios de extenso conjuntos, viabilizando o mapeamento das necessidades loco-regionais para alocar demais

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    profissionais de sade nas equipes bsicas da Estratgia Sade da Famlia.

    Que o Ministrio da Sade aprimore sua poltica de cincia e tec-50. nologia, considerando a construo de propostas terico-metodo-lgicas que qualifiquem a educao em sade no SUS, para a pro-moo da sade, em especial na ateno bsica, refletindo sobre a integrao entre a educao em sade e a educao ambiental, con-tribuindo para o enfrentamento das questes socioambientais lo-cais e globais numa perspectiva interdisciplinar, criando processos pedaggicos que debatam a educao ambiental com profissionais da sade e a populao, visando diminuio do consumo de recur-sos hdricos e de energia, com a separao de resduos slidos como lixos contaminantes, reciclveis e no reciclveis.

    Que todos os Sistemas de Informao do SUS, incluindo formul-51. rios e pronturios, contenham variveis para identificao do tipo ocupao, ramo de atividade, etnia (raa, cor), gnero e orientao sexual, intensificando o monitoramento desses quesitos em ates-tados de bitos, hospitais e unidades de sade, utilizando-os como instrumentos norteadores de polticas setoriais e intersetoriais, es-tratgias, prioridades e metas de ao governamental, garantindo a formao dos profissionais de sade para o seu preenchimento correto.

    Melhorar a abrangncia e a qualidade das informaes e intensifi-52. car as aes relacionadas ao cncer uterino e de mama, hansena-se, tuberculose, malria e dengue, entre outras doenas prevalen-tes, destinando recursos especficos do Ministrio da Sade para o seu controle nos municpios prioritrios, alm de reativar barreiras epidemiolgicas para o controle da migrao e do fluxo de trans-misso de doenas no autctones em localidades de fronteiras.

    Realizar estudos sobre impactos da violncia no perfil de morbi-53. mortalidade e o dimensionamento de seqelas provocadas por agresses intrafamiliares, violncias no trnsito e no trabalho, com o objetivo de orientar as equipes de sade para a realizao de ativi-dades educativas e de reduo de riscos, por meio da oferta de aes intersetoriais que a encarem como problema de sade pblica.

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    Exigir que as trs esferas de governo cumpram sua responsabilida-54. de com a ateno sade indgena, integrando-a Poltica Nacional de Sade e buscando aes intersetoriais que promovam a demar-cao, homologao, desintruso e a proteo dos territrios ind-genas de responsabilidade do Governo Federal, no sentido de ga-rantir sade e qualidade de vida, discutindo a sade indgena no contexto da ateno bsica, com a profissionalizao de agentes in-dgenas para atuarem nos diversos setores da sade e na ampliao do intercmbio sobre o conhecimento de suas culturas com os de-mais profissionais de sade, considerando ainda a permanncia de um acompanhante que sirva de intrprete durante o perodo de in-ternao de indgenas e a presena do paj quando solicitado.

    Garantir a no-municipalizao da sade indgena.55.

    Os gestores de sade das trs esferas de governo devem buscar a 56. articulao e a formao de redes de cooperao com movimentos sociais e entidades da sociedade civil, objetivando a efetivao e o acesso aos servios de sade para populaes rurais e comunidades indgenas, especialmente no combate s endemias como dengue, malria, hepatite viral e outras.

    Retomar a liberao dos anticoncepcionais e a incluso da popula-57. o feminina indgena no programa de Planejamento Familiar do Ministrio da Sade.

    Instituir o selo municpio amigo do ndio, estabelecendo como con-58. dio para a premiao o cumprimento das diretrizes da poltica nacional da sade indgena.

    Implementar uma poltica pblica energtica sustentvel com in-59. vestimentos para o desenvolvimento de fontes alternativas, asse-gurando a preservao do meio ambiente, em especial da gua, a segurana alimentar e nutricional e a oferta de oportunidades agricultura familiar, alm do fortalecimento da capacidade de pro-duo de alimentos diversificados, regulando limites e avanos das monoculturas, visando melhoria a qualidade de vida.

    Apoiar as iniciativas nacionais e internacionais de proteo ao meio 60. ambiente visando reduo do aquecimento global, manuteno,

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    promoo, preservao, recuperao, fiscalizao, mapeamento e controle da utilizao dos recursos naturais, tais como reservas na-turais, matas ciliares, nascentes e aqferas, lenis freticos sub-superficiais e subterrneos, objetivando preservar o patrimnio gentico da humanidade e a produo de alimentos para geraes futuras, estimulando a participao da comunidade nos conselhos de meio ambiente para aprofundar a intersetorialidade sobre a te-mtica ambiental.

    Que os governos federal e estaduais apiem os municpios para a 61. implementao de uma poltica nacional intersetorial de erradica-o dos lixes e a recuperao das reas degradadas, proposio de projetos regionais de aterros sanitrios, cabendo aos municpios a responsabilidade direta sobre a gesto do sistema, os quais devem estimular, implementar e garantir a coleta seletiva do lixo e sua reciclagem, com a criao de usinas de reciclagem, especialmente para o tratamento de resduos txicos e contaminados (industriais e hospitalares), exigindo o manejo adequado, com a colocao de filtros nas instituies hospitalares para preservao do meio am-biente e incinerao do lixo hospitalar, devendo ser observada a Resoluo do Conselho Nacional do Meio Ambiente n 05/93, sem comprometimento de recursos da rea da Sade para as aes des-ta poltica.

    Tornar obrigatria a apresentao aos conselhos de sade, em suas 62. respectivas esferas, de relatrios de impacto sade da populao para que os conselheiros deliberem quanto pertinncia da insta-lao de empreendimentos que importem na qualidade de vida, acompanhando a utilizao de novas tecnologias aplicadas ao meio ambiente e o cumprimento da obrigatoriedade do setor industrial de usar filtros antipoluentes e outros dispositivos para o controle de resduos e de poluio sonora.

    Que os governos federal, estaduais e municipais garantam finan-63. ciamento para a realizao de anlises fsico-qumica e bacteriol-gica para avaliao contnua e sistemtica, por profissionais espe-cializados, da qualidade da gua fornecida populao por meio de redes de abastecimento, barragens, audes, poos e cisternas.

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    Que os governos estaduais e municipais criem programa de educa-64. o permanente em parceria com as empresas privadas, secretaria de educao e defesa civil, intensificando as aes de uma poltica de vigilncia para a evacuao da populao, em caso de acidentes em regies industriais.

    Que as vigilncias sanitrias estadual e municipal criem servio te-65. lefnico gratuito para denncias, inclusive annimas, de agresso ambiental que ameacem a sade da populao.

    Que as trs esferas de governo implantem poltica de incentivo 66. criao de cooperativas para reciclagem dos resduos slidos, com a participao das associaes de pequenas mineradoras e outras or-ganizaes da sociedade civil.

    Aumentar investimentos para implementar aes intersetoriais 67. voltadas para a preservao e a defesa do meio ambiente, especial-mente o reflorestamento das matas, a proteo dos biomas natu-rais mananciais e o saneamento bsico, incluindo a construo de aterros sanitrios, a coleta seletiva e o destino do lixo, e o controle da qualidade da gua nas zonas urbanas e rurais.

    Proibir, por meio de lei complementar Lei Federal n 9.055/95, a 68. extrao e o uso do amianto branco como matria-prima de qual-quer produto, devido ao seu efeito cancergeno.

    Que o Governo Federal implemente polticas que contemplem 69. aes de sade e de seguridade social para a populao albina e as pessoas com nanismo e inclua dados sobre as pessoas com nanis-mo e albinismo na avaliao dos indicadores para elaborao de po-ltica de ateno sade a essa populao.

    Tipificar a insuficincia renal crnica e a fissura labiopalatina como 70. deficincias fsicas, garantindo que essas pessoas possam ser con-templadas pela legislao das pessoas com deficincias, buscando seu tratamento em parceria entre as trs esferas de governo e insti-tuies de reabilitao, alm do acesso aos benefcios sociais.

    Garantir a ateno integral e intersetorial sade ao usurio atin-71. gido pela hansenase, realizada por uma equipe interdisciplinar e multiprofissional adequada, com a incluso de profissionais de sa-

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    de necessrios em funo das conseqncias que a doena acarreta ao usurio.

    Fortalecer polticas pblicas que garantam qualidade de vida e eqi-72. dade de acesso fsico e social s pessoas com deficincias e doenas incapacitantes, por meio de polticas afirmativas e programas in-tersetoriais de incluso social que atendam s necessidades de co-municao, acesso aos benefcios da seguridade social s pessoas impossibilitadas para o trabalho, filas prioritrias, adaptao fsica e humana de locais de trabalho, acesso a servios nas reas urbana e rural, adaptaes nas vias pblicas e transporte coletivo adapta-do e gratuito, incluindo as com sofrimento psquico, doentes men-tais e seus acompanhantes, alm de formar profissionais e produzir materiais educativos apropriados para todos os tipos de necessi-dades educativas especiais, assegurando atendimento especializa-do nas reas de recuperao e reabilitao, com a tica da no-dis-criminao e do no-preconceito na sua conduta fsica e moral, ca-pacitando profissionais para o atendimento e o acolhimento dessa populao.

    Implementar a poltica de ateno sade da pessoa com deficin-73. cia, aprovada pelo Conselho Nacional de Sade em 2001, cons-truindo indicadores qualitativos e quantitativos por meio de estu-do nacional das condies de vida dessa populao, com banco de dados para a identificao dos atuais perfis, efetivando parcerias intersetoriais para garantir acesso equnime a todos os nveis de ateno sade, assegurando controle social na fiscalizao do cor-reto emprego de recursos repassados entidades assistenciais fi-lantrpicas que atendam pessoas com deficincia, em parceria com a rede pblica, observando qualitativamente a ateno em sade oferecida por essas instituies.

    Exigir que os governos federal, estaduais e municipais implemen-74. tem uma poltica de saneamento bsico universal e intersetorial, em at dez anos, a partir de 2008, com a ampliao e a garantia de recursos financeiros, sem comprometer os recursos destinados s aes e aos servios de sade para estender a cobertura, proporcio-nando acesso gua tratada, de qualidade e potabilidade, e a desti-nao de dejetos; fortalecendo a fiscalizao e o acompanhamento

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    de projetos de saneamento implantados por meio de convnios e que envolvam a aprovao dos conselhos com assessoria especfica para tal, divulgando relatrios do monitoramento da qualidade da gua nos municpios.

    Que os governos federal, estaduais e municipais, em conjunto com 75. o Ministrio Pblico, estabeleam diretrizes e parmetros para a aplicao de penalidades e punies s instituies pblicas e priva-das que no cumprirem a legislao vigente, no que se refere ao sa-neamento bsico e ao controle peridico da qualidade da gua, vi-sando melhoria das condies de vida, moradia e saneamento.

    Orientar as famlias assistidas pelo Programa Bolsa Famlia, que 76. participam de cursos profissionalizantes, sobre alimentao e sanea mento, por meio de informaes veiculadas pela Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa) sobre as regras relativas oferta desses produtos ao mercado.

    Inserir polticas pblicas nas trs esferas de governo, voltadas 77. sade do homem, que contemplem a preveno, a promoo e o fortalecimento do atendimento de sade preventiva s doenas mais prevalentes nessa populao, adotando como estratgia a educao em sade com a elaborao de cartilha educativa. Propor a participao do homem nas aes de planejamento familiar, in-clusive com a esterilizao cirrgica masculina.

    Implantar, promover, ampliar e fortalecer os instrumentos de con-78. trole social com relao s aes da Poltica Nacional de Segurana Alimentar e Nutricional nas trs esferas de governo, consideran-do a necessidade de interveno sobre contextos e situaes de ris-cos sade, agravos, doenas e acidentes de trabalho, xodo rural, desemprego, fome, insegurana alimentar devido ao risco de con-taminaes qumicas e por alimentos geneticamente modificados, violncia, habitao insalubre e contaminao ambiental; de forma a desenvolver aes com nfase na ateno bsica, com a implanta-o do Sistema de Vigilncia em Alimentao e Nutrio (Sisvan), capazes de efetivar esta poltica e garantir o direito humano ali-mentao adequada, garantindo a aplicao de recursos financei-ros destinados a melhorar a qualidade da alimentao, da educao

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    alimentar e o incentivo aos pequenos agricultores do pas, alm de incentivar a prtica de reaproveitamento de alimentos, a fiscaliza-o da qualidade dos alimentos e o monitoramento da propaganda e rotulagem; criar e equipar os laboratrios pblicos para a pesqui-sa e a avaliao de alimentos e nutrientes saudveis e acessveis, em adequao s normas da Resoluo RDC n 116, da Anvisa, visan-do reduo da desnutrio, da obesidade e das carncias nutricio-nais. Fazer parceria com a Secretaria da Agricultura para a realiza-o de cursos sobre alimentao saudvel, monitoramento de hor-ta comunitria, orientao fitoterpica e medicina alternativa para a populao.

    Pactuar com a Unio a adeso ao Sistema Unificado de Ateno 79. Sanidade Agropecuria por meio do Decreto Presidencial n 5.741/06, para que os alimentos da agricultura e da agroindstria familiares, produzidos de forma artesanal, sejam inspecionados com critrios adequados legislao dos Sistemas Brasileiros de Inspeo de Produtos e Insumos Agropecurios (Sisbi).

    Fiscalizar com rigor os alimentos fornecidos para instituies p-80. blicas municipais e estaduais, presdios, estabelecimentos de sa-de, escolas, creches, compras efetuadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o Programa Fome Zero e a ofer-ta de alimentao enteral aos pacientes que necessitam de cuida-dos domiciliares, bem como proibir, em parceria com a Educao, a venda de alimentos cariognicos e de baixo valor nutricional nas cantinas escolares.

    Implantar, de forma efetiva, um programa permanente de estmu-81. lo produo, comercializao e ao consumo responsvel de ali-mentos, repensando os hbitos de consumo e de alimentao, re-cusando produtos que causem danos sade humana, dos animais e ao meio ambiente, reduzindo, reutilizando e reciclando materiais e embalagens.

    Instituir programas de educao no trnsito fundamentados na in-82. tersetorialidade entre as reas de sade, guarda municipal, segu-rana pblica, justia e educao, para implementar medidas de preveno, intensificao de campanhas de conscientizao, pro-

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    teo e punio dos agentes provocadores de acidentes envolvendo pedestres, em especial no permetro urbano das rodovias.

    Lutar contra todas as formas de trabalho infantil.83.

    Assegurar mais recursos e responsabilidades do Estado brasilei-84. ro no financiamento da sade, exigindo o fim da Desvinculao de Recursos da Unio (DRU), que retira 20% dos recursos constitu-cionalmente destinados s reas sociais e recursos especficos para aes e servios de sade, o fim da meta de gerao de supervit primrio e a realizao da reforma tributria, com o intuito de for-talecer estados e municpios, sem aumento na carga tributria, e com o combate sonegao fiscal.

    Defender a Lei de Responsabilidade Social Projeto de Lei n 85. 210/06, que estabelece a prioridade do investimento social em relao ao investimento econmico na execuo da Lei de Responsabilidade Fiscal.

    Realizar auditoria da dvida externa brasileira.86.

    Revogar a Lei Kandir, que isenta do Imposto sobre Circulao de 87. Mercadorias e Servios (ICMS) as mercadorias destinadas expor-tao e os servios prestados para pessoas fsicas ou jurdicas no exterior, de competncia dos estados.

    Elaborar projeto de lei que estabelea percentual de tributos arre-88. cadados com a produo e a expanso da cadeia produtiva de ativi-dades como a canavieira, de drogas lcitas (fumo e lcool), petroqu-mica, minerao, madeireira, atividades poluentes ou degradantes, automobilstica, como ressarcimento e contrapartida eqitativa de recursos financeiros ao SUS, nos estados e municpios afetados, para reabilitao, assistncia, vigilncia, preveno e promoo da sade populao atingida.

    Ampliar financiamento federal e articular outras fontes para inves-89. timentos em infra-estruturas urbana e rural, meio ambiente e sa-neamento bsico como condio para a sade e qualidade de vida, sob controle dos conselhos das respectivas polticas setoriais.

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    Que o Ministrio da Sade, os estados e os municpios promovam 90. campanhas educativas e de conscientizao para a populao so-bre a importncia da preservao ambiental, da preveno de quei-madas, de evitar acmulos de resduos e os desmatamentos; dos riscos da circulao livre de animais (ces, eqinos, bovinos e ou-tros) nas zonas urbanas, estimulando uma interveno mais efeti-va por meio da vigilncia sanitria; da doao e captao de rgos para transplantes, da utilizao do seguro obrigatrio sobre Danos Pessoais Causados por Veculos Automotores de Via Terrestre (DPVAT); e sobre as aes e os servios do SUS, por meio de mdia impressa, eletrnica, radiofnica e televisiva.

    Definir e implementar uma poltica eqitativa de alocao de re-91. cursos orientada por projetos de desenvolvimento para o enfren-tamento das desigualdades regionais em suas especificidades geo-grficas, ambientais, epidemiolgicas, administrativas, sociais, cul-turais, econmicas, entre outras, apresentadas por estados e mu-nicpios, em questes tais como a Amaznia Legal, o Polgono das Secas, regies de fronteiras, comunidades indgenas, extrativistas e quilombolas, trabalhadores em atividades sazonais e demais po-pulaes com baixo IDH (ndice de Desenvolvimento Humano).

    Instalar um complexo produtivo amaznico envolvendo equipa-92. mentos, medicamentos, tele-sade, entre outros, associado im-plantao de plo de desenvolvimento cientfico e tecnolgico em sade.

    Que seja realizado um amplo debate para a construo, a pactuao 93. e a implementao de proposta que regulamente as emendas parla-mentares a partir dos princpios e necessidades do SUS, vinculando a apresentao das emendas parlamentares aos critrios tcnicos e polticos, bem como a utilizao destas, de acordo com as priorida-des previstas nos respectivos Planos de Sade e com as prioridades pactuadas submentendo-as aprovao e ao controle do respectivo conselho de sade, garantindo que os recursos das emendas parla-mentares sejam repassados diretamente aos estados, municpios e Distrito Federal, sem a interferncia dos deputados, objetivando o fim das emendas parlamentares no Oramento Geral da Unio para a Sade, com repasse financeiro fundo a fundo.

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    Combater o iderio de racionalizao neoliberal, economicista e 94. privatista na operacionalizao das polticas do setor Sade.

    Garantir recursos financeiros do PAC s polticas de sade, sanea-95. mento, meio ambiente, gerao de emprego e renda, lazer e segu-rana nos municpios, para que as aes intersetoriais promovam o direito integral sade, priorizando a ateno bsica, median-te a descentralizao eqitativa das polticas de desenvolvimento e qualificao da gesto e do trabalho no setor pblico.

    Aumentar o financiamento pesquisa e produo de medicamen-96. tos em instituies pblicas e laboratrios nacionais, de acordo com a necessidade epidemiolgica configurada nacional e/ou regio-nalmente.

    Os governos federal, estaduais e municipais devem reservar recur-97. sos, definir e divulgar as normas de financiamento para pesquisa, prioritariamente a rgos pblicos, vinculando-os ampla divulga-o dos resultados encontrados e qualificar os trabalhadores para a produo de pesquisas cientficas e tecnolgicas em sade visando qualidade da ateno.

    Assegurar o financiamento tripartite informao cientfica e tec-98. nolgica, bem como o desenvolvimento de estudos e pesquisas de interesse para o SUS, em estrita observncia Resoluo CNS n 196/96.

    Buscar incluir na poltica de concesso dos meios de comunicao 99. a obrigatoriedade de reserva de espaos para a divulgao de prti-cas de promoo sade e de preveno de doenas, ampliando a divulgao das diretrizes do SUS, direitos e deveres de prestadores de servios, gestores e, especialmente, dos usurios, com a criao de prmio de jornalismo para rdios, TVs, jornais, revistas e outros que divulguem experincias exitosas em sade.

    Que o Ministrio da Sade, os estados e os municpios, por meio 100. de aes intersetoriais com Educao, Cultura, Assistncia Social, Trabalho, Segurana e Conselhos Tutelares, intensifiquem a di-vulgao sobre planejamento familiar, esclarecendo a populao em relao aos locais de acesso a mtodos contraceptivos, incenti-

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    vando a paternidade e a maternidade conscientes, a realizao de acompanhamento pr-natal, a preveno da gravidez na adolescn-cia e a preveno das DSTs.

    Apoiar e aprovar a regulamentao em lei da venda de medicamen-101. tos fracionados.

    O Governo Federal, o Ministrio da Sade, os estados e os munic-102. pios, em parceria com o Ministrio Pblico e os demais parceiros, devem fazer cumprir a legislao referente propaganda e publi-cidade de bebidas alcolicas, tabaco, medicamentos e outras reas da sade, garantindo a tica nas propagandas, informando a popu-lao, pelos meios de comunicao, sobre os riscos da automedica-o, incluindo conhecimentos relacionados ao uso racional de me-dicamentos para os profissionais de sade, ao uso e ao acondiciona-mento adequado destes.

    Proibir propagandas de medicamentos e exames complementares 103. nos meios de comunicao social e a comercializao pela internet, diretamente ao usurio, de qualquer tipo de medicamento.

    O Ministrio da Sade deve criar um banco de dados nacional com 104. informaes dos usurios do SUS, disponibilizado por meio de re-des informatizadas e financiadas a todas as secretarias estaduais e municipais de sade, para uso dos profissionais, tendo o agente co-munitrio de sade como agente de desenvolvimento local, a fim de articular as polticas pblicas como sade, educao, segurana, meio ambiente e desenvolvimento social, constituindo-se num sis-tema de informao acessvel e atualizado cotidianamente.

    Criar legislao especfica e implantar fiscalizao e controle sobre 105. as granjas de sunos, em relao ao destino inadequado de dejetos, e para disciplinar o controle populacional de ces e gatos.

    O Governo Federal deve estabelecer mecanismos para garantir 106. qualidade nas estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) utilizadas como parmetro para o re-passe de recursos aos municpios.

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    O Ministrio da Sade deve garantir que o SUS reconhea como 107. promotores de sade alternativa pajs, xams, parteiras e pasto-rais da criana.

    Os gestores do SUS, em parceria com outras entidades sociais, de-108. vem garantir a manuteno e o fornecimento da multimistura.

    Que o Ministrio da Sade, os estados e os municpios garantam ao 109. segurado do INSS, em tratamento pelo SUS, o direito ao benefcio sem a suspenso por dependncia de exames ou cirurgias, alm do agendamento com rapidez de exames solicitados pela percia, cus-teados pela Previdncia Social.

    Que a 13 Conferncia Nacional de Sade se posicione contra a alta 110. programada exercida pelo INSS.

    Que Ministrio da Sade, estados e municpios articulados com os 111. Ministrios do Meio Ambiente, da Agricultura, da Educao e da Cultura, o Poder Judicirio e as instituies de ensino, estabeleam normas e critrios para que a sinalizao sonora seja obrigatria em cidades acima de 50 mil habitantes. Que seja proibido o esta-cionamento de carros e motos nas caladas das cidades e que seja cumprido o Cdigo Florestal Brasileiro.

    Que os Ministrios da Sade, da Educao, do Desenvolvimento 112. Agrrio e demais ministrios relacionados criem uma agenda de interlocuo, atendendo e incentivando projetos alternativos de desenvolvimento sustentvel e solidrio, com nfase nos centros de formao familiares, por alternncia, como as Escolas Famlias Agrcolas (EFAs) e as Casas Familiares Rurais (CFRs) e outros que defendem a educao no campo.

    Ampliar a oferta de cursos tcnicos profissionalizantes nos estados 113. e nos pequenos municpios, com o objetivo de alavancar as poten-cialidades locais na construo civil, agricultura, pecuria e tecno-logia.

    Que os Ministrios da Sade e dos Transportes garantam transpor-114. te terrestre, fluvial e areo para o deslocamento de equipes multi-disciplinares de sade para atendimento populao em reas de difcil acesso.

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    Sugerir a elaborao de projeto de lei que isente os pacientes que 115. utilizam a oxigenoterapia do acrscimo do consumo de energia el-trica, aps o incio do uso dos equipamentos e dos condensadores.

    Exigir que os gastos com saneamento bsico no sejam usados 116. como contrapartida do oramento de sade nas trs esferas de go-verno.

    Que o Governo Federal implemente polticas que contemplem 117. aes de sade e de seguridade social para as caravanas de sade, visando ao melhor atendimento aos usurios da zona rural; poltica social para os egressos do sistema penal e correcional, com base em aes de apoio e readaptao psicossocial e profissional, em con-junto com secretarias afins; albergues pblicos com financiamen-to e gesto intersetorial para acompanhantes e pacientes em trata-mento fora do domiclio.

    Criar frum para discusso ampliada e execuo do Programa 118. Reabilita-INSS, adequando-o s necessidades dos municpios, em parceria com o SUS e demais setores envolvidos, alm de viabilizar encontros entre os mdicos e tcnicos do INSS para esclarecer as dvidas relacionadas aos laudos e aos atestados exigidos pelas ins-tituies.

    Sugerir a elaborao de projeto de lei que delimite um teto para o 119. corte de cana-de-acar que evite o desgaste fsico excessivo ou a morte por exausto dos trabalhadores, estipulando um teto de dez toneladas, sem prejuzo nos seus vencimentos.

    Recomendar aos rgos federais e estaduais a viabilizao de fi-120. nanciamento aos assentamentos no oficializados e que no rece-bem repasses de recursos para a sade por parte do Ministrio da Sade.

    Que o Governo Federal garanta uma cota anual de livros para trans-121. crio da literatura brasileira para o Braille, ampliando as opes de leitura e conhecimentos para pessoas com deficincia visual.

    Que os governos federal, estaduais e municipais garantam o repas-122. se de 5% da arrecadao dos planos de sade para o SUS.

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    Que o Ministrio Pblico e o Poder Judicirio considerem e tratem 123. os desvios de recursos da sade como crime hediondo.

    Efetivar Poltica de Habitao com programa de eliminao de to-124. das as moradias precrias, contribuindo para a melhoria das condi-es de sade e de qualidade de vida e para a eliminao de doen-as decorrentes dessa precariedade, buscando parcerias com os Ministrios das Cidades e da Infra-estrutura, estados e municpios.

    Garantir a reviso da padronizao de medicamentos do SUS por 125. meio de comit cientfico, com base em protocolos clnicos aprova-dos pelo Ministrio da Sade, adequando a sua distribuio a partir de estudos epidemiolgicos, alm de disciplinar o acesso a medica-mentos de alto custo, excepcionais e estratgicos, reformulando o Programa Nacional de Medicamentos Excepcionais, buscando uma legislao especfica sobre a Relao Nacional de Medicamentos Padronizados, de tal forma que para cada Cdigo Internacional de Doenas (CID) sejam padronizadas algumas opes teraputicas, garantindo o financiamento e o acesso por meio de instrumentos de gesto.

    Que o Governo Federal, em parceria com o Ministrio Pblico, ge-126. rencie a liberao de medicamentos, proibindo a comercializao e a distribuio dos medicamentos no aprovados pela Anvisa ou por rgos reguladores de outros pases.

    Repensar o modelo de desenvolvimento adotado pelo Estado, in-127. cluindo a efetiva participao do controle social nas discusses para instalao dos empreendimentos e adoo dos componentes de sade humana e sustentabilidade socioambiental nos processos de licenciamento, na perspectiva do desenvolvimento sustentvel.

    Buscar articulaes intersetoriais para garantir a acessibilidade, 128. nas trs esferas de governo, por meio de projetos voltados eli-minao das barreiras arquitetnicas e de comunicabilidade, ofe-recendo condies de atendimento adequado, especialmente aos idosos, pessoas com deficincia e gestantes, inclusive unificando as carteirinhas em regies metropolitanas, a fim de facilitar a locomo-o e o exerccio de seus direitos.

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    Exigir a aplicao integral do percentual previsto em lei de recursos 129. do ICMS das empresas de acar e lcool, para a sade dos traba-lhadores e ressarcimento do impacto ambiental das usinas hidrel-tricas e sucroalcooleiros.

    Realizar reforma tributria e administrativa no Estado brasileiro 130. contemplando polticas sociais como sade, educao, assistncia social, moradia, transportes e cultura.

    Elaborar polticas pblicas intersetoriais e transversais voltadas 131. s pessoas em situao de rua, portadoras ou no de transtornos mentais, usurios de drogas e com necessidades especiais, repu-diando prticas higienistas, repressivas e a violncia que incide so-bre esses segmentos populacionais.

    Ampliar as aes intersetoriais de incluso social voltadas para pes-132. soas vivendo com HIV/aids, hansenase, hepatite C, tuberculo-se, anemia falciforme e outras patologias crnicas, assegurando o apoio necessrio para a garantia da preservao da dignidade hu-mana e do direito de ir e vir para estas populaes.

    Viabilizar recursos para a implantao de servios como Casas de 133. Apoio e Centros de Referncia e Juizado, para o atendimento por equipe multiprofissional a vtimas de violncia de gnero, de or-dens fsica, psicolgica, sexual, patrimonial e moral.

    Que os governos federal, estaduais e municipais implementem uma 134. poltica intersetorial de segurana pblica e cidadania, com comit de combate violncia e de cultura de paz.

    Criar mecanismos entre os organismos governamentais e a socie-135. dade civil para garantir a simplificao da aplicao de flexibilidade do acordo TRIPS (Tratado Internacional assinado em 1994, relati-vo ao direito de propriedade intelectual relacionado com o comr-cio), tal como o processo de licenciamento compulsrio, e reavaliar a legislao brasileira acerca de Patentes Papeline.

    Incentivar e implementar polticas pblicas intersetoriais de de-136. senvolvimento cientfico e tecnolgico, envolvendo centros de pes-quisa, laboratrios oficiais, universidades e setor produtivo, com perspectiva de desenvolvimento de inovaes tecnolgicas para

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    produzir produtos e processos de interesse para a sade da popu-lao, como vacinas, soros, hemoderivados, frmacos, reagentes, softwares, equipamentos diagnsticos e tcnicas teraputicas que atendam aos interesses nacionais e s necessidades e prioridades do SUS.

    Articular as polticas pblicas de transporte, trnsito, pavimenta-137. o asfltica com a poltica de desenvolvimento urbano municipal, microrregional e interestadual, com o objetivo de promover o de-senvolvimento sustentvel, bem como desenvolver polticas so-ciais que reduzam a necessidade de deslocamentos.

    Retomar o debate sobre a Seguridade Social, integrando os setores 138. da sade, previdncia social e assistncia social, rediscutindo e im-plantando o oramento da seguridade social.

    Dar nfase intersetorialidade como diretriz para a implementa-139. o de polticas pblicas voltadas s pessoas idosas, com estabele-cimento de parcerias nas reas de sade, educao, cultura, lazer, transporte e esportes, para ateno s mltiplas necessidades des-ta populao, com a criao e implementao de conselhos munici-pais e regionais da pessoa idosa, como estratgia para legitimar a efetivao das polticas pblicas.

    Implementar a Poltica Nacional de Prticas Integrativas e 140. Complementares de Sade (PNPIC) no SUS, incluindo homeopa-tia, acupuntura, fitoterapia, antroposofia e crenologia, bem como o acesso a alimentos naturais, por meio de aes intersetoriais e que os gestores, nos trs nveis de governo, garantam em suas pactua-es oramentrias os recursos financeiros para a sua execuo.

    Implantar a Poltica de Promoo da Sade nos estados e munic-141. pios, com a constituio de comits gestores intersetoriais e com controle social, incluindo as aes relacionadas ao conhecimento bsico em sade, alimentao saudvel, atividades fsicas regula-res, combate ao tabagismo e reduo do consumo de lcool, com desenvolvimento de projetos que visem melhoria da qualidade de vida da populao.

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    Articular intersetorialmente com todas as esferas governamentais 142. e instncias no-governamentais para propiciar conectividade com todos os municpios do pas, em especial para a regio Norte.

    Estimular os municpios a implementar, por meio do estabeleci-143. mento de redes, aes relacionadas ao planejamento intersetorial e gesto de cidades, como a Agenda 21 Local, Cidades Saudveis e Cidades Sustentveis.

    O Ministrio da Sade deve reformular o SIS-FRONTEIRA, as-144. sim como, viabilizar recursos extras para os municpios do SIS-FRONTEIRA, para atender no apenas a fronteira seca, mas os mu-nicpios da faixa de fronteira, em especial, os que tem aduanas e maior fluxo de estrangeiros e municpios litorneos com deman-das de no residentes nos meses de vero, para implementao das aes de assistncia sade e vigilncia sanitria, estabelecendo mecanismos de negociao e celebrao de convnios, acordos de cooperao entre o Governo Federal (em parceria com Ministrio das Relaes Exteriores) e governos dos pases fronteirios, com contrapartida dos mesmos e em articulao com a Organizao Mundial da Sade (OMS), visando disciplinar a oferta de procedi-mentos e servios de sade aos brasileiros e estrangeiros.

    Implementar polticas pblicas intersetoriais e interinstitucionais 145. a partir de estratgias que articulem a promoo e a ateno em sade mental, avanando no processo de desinstitucionalizao psiquitrica e para a incluso social, incluindo atividades esporti-vas, culturais e de lazer, para apoiar a preveno do uso de lcool e de drogas por crianas, adolescentes, jovens, adultos e idosos, em parceria com entidades sociais pblicas e privadas.

    Buscar o fortalecimento das aes de gerao de emprego e renda 146. por meio de projetos intersetoriais, incluindo os beneficirios do Programa Bolsa Famlia, com apoio das trs esferas de governo, en-volvendo diferentes modalidades como grupos de cidadania e tra-balho, oficinas teraputicas, criao de cooperativas sociais, etc., para favorecer a insero social.

    Que os hospitais universitrios das instituies federais de ensino 147. superior sejam 100% pblicos, devendo ser financiados pelos mi-

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    nistrios da Educao, Sade e Cincia e Tecnologia, para atuao como hospitais de ensino, pesquisa, extenso e assistncia, impe-dindo a substituio de profissionais da sade por estagirios, que devem desenvolver atividades de carter educacional.

    Que as trs esferas de governo no setor Sade articulem-se com 148. Conselhos Tutelares, Ministrios Pblicos, Segurana Pblica e ou-tros, a fim de acompanhar, assistir e acolher casos de maus-tratos e violncia a pessoas portadoras de transtornos mentais, bem como criar centros de reabilitao para menores em situao de risco social.

    Cumprir e divulgar amplamente a Lei Orgnica de Assistncia 149. Social (LOAS), assegurando o direito do benefcio s mes que cuidam de filhos com deficincia e transtornos, bem como incluir renda mnima individual no sistema de proteo social do Estado, como direito bsico de cidadania, alm de revisar o valor da bolsa do Programa De Volta para Casa.

    Garantir a descentralizao de recursos para os governos que im-150. plementam polticas de incentivo contratao de pessoas com doen as crnicas e/ou degenerativas, deficincias fsicas ou sen-soriais e transtornos psquicos, bem como a insero de jovens no mercado de trabalho, visando potencializar uma poltica efetiva de reabilitao psicossocial, fornecendo certificado de responsabilida-de social s empresas que contratam essa populao.

    Que o Governo Federal cumpra a lei de saneamento bsico, com 151. instituio de modalidade de repasse fundo a fundo para munic-pios e estados, com relao aos recursos hoje administrados pelo Ministrio da Sade e pela Fundao Nacional de Sade (Funasa) para essa rea.

    Criar dispositivo legal com relao obrigatoriedade da elaborao 152. de um plano estratgico que garanta a prtica da intersetorialidade nas trs esferas de governo.

    Garantir um Estado laico, para que as questes de sade e polticas 153. pblicas no sejam guiadas por normas religiosas.

    Reduzir o percentual constitucional destinado ao Poder Legislativo, 154. nas trs esferas, com vistas a ampliar os recursos para as aes e os

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    servios de sade, em especial para o fortalecimento da Ateno Primria Sade.

    Criar a Semana Nacional de Combate ao Cncer.155.

    Definir uma poltica intersetorial de atendimento e abrigo tempo-156. rrio ps-alta hospitalar para adultos sob cuidados especiais, em si-tuao de vulnerabilidade social, sem vnculos familiares e/ou com vnculos fragilizados.

    Integrar e harmonizar os servios dos mdicos peritos do INSS e os 157. dos mdicos assistentes do SUS.

    Regulamentar o uso de produtos que trazem riscos para a sade 158. dos brasileiros (amianto, chumbo, mercrio, benzeno, radiaes ionizantes, agrotxicos e transgnicos) tornando transparentes as decises da Anvisa, por meio do controle social, alm de estimular a conscientizao dos trabalhadores que manipulam esses produ-tos, com campanhas informativas e educativas.

    Priorizar aes de vigilncia e controle de qualidade da gua para 159. consumo humano nos locais de captao (rios e lagos), visando identificar e eliminar fontes de contaminao, promovendo a po-tabilidade, balneabilidade e dessalinizao, ampliando os servios na rede de abastecimento e incentivando projetos residenciais e in-dustriais de captao e reutilizao da gua da chuva e da energia solar.

    Garantir a implantao de dessalinizador na Ilha de Fernando de 160. Noronha e ampliar os servios na rede de abastecimento que pro-porcionem a qualidade da gua para o consumo humano.

    Fortalecer o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) 161. para o cumprimento de suas funes legais estabelecidas na Lei n 11.445/07, consideradas relevantes para as sades humana e am-biental, estimulando as populaes da zona rural para o processo de reflorestamento, por meio de ao articulada entre os Ministrios da Sade, das Cidades, do Meio Ambiente e da Agricultura.

    Que o Ministrio da Sade, em parceria com instituies de ensino 162. e pesquisa, crie institutos de pesquisas de doenas tropicais.

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    Que as instituies de ensino superior, em articulao com os servi-163. os de sade, invistam em campos de estgios, incluindo o Sistema Penitencirio, por meio de projetos, estudos e pesquisas que con-tribuam com a superao de problemticas da sade da populao.

    Que o Ministrio da Sade incentive o intercmbio de conhecimen-164. to entre os universos cientfico e popular/emprico, com a realiza-o de pesquisas de interesse da sade das populaes vulnerveis, produzindo inovaes a baixo custo para o SUS.

    O Ministrio da Sade deve criar estratgias tecnolgicas e cient-165. ficas de pesquisa para que sejam avaliados os efeitos colaterais cau-sados por medicamentos e/ou terapias usadas no tratamento de doenas graves e/ou crnicas como HIV/aids, tuberculose, hanse-nase e cncer, levando em considerao os recortes tnico, racial, de gnero e orientao sexual, garantindo os avanos teraputicos e preventivos atuais e futuros a todos os usurios do SUS.

    Que o Ministrio da Sade articule junto Secretaria de Cincia e 166. Tecnologia e s Fundaes de Amparo a Pesquisas, recursos para apoiar a realizao de pesquisas sobre desafios estratgicos do SUS, o desenvolvimento de tecnologias sociais para a qualidade de vida e a interface entre a prestao de servios e as instituies de ensino, com a participao ativa das secretarias de sade no planejamento, na execuo e na avaliao dos servios.

    Garantir incentivos para pesquisas cientficas e inovaes tecno-167. lgicas referentes s endemias, assistncia farmacutica, vigiln-cia sanitria, meio ambiente, trabalho, transporte, aes de sade para a populao GLBTT, e outras.

    Que o Ministrio da Sade garanta tratamento diferenciado s 168. equipes multiprofissionais para atendimento populao indge-na, no sentido de fortalecer as prticas tradicionais de cura e auto-cuidado da medicina tradicional indgena e quilombolas.

    Que os Distritos Sanitrios Especiais Indgenas (DSEI) tenham au-169. tonomia financeira, oramentria e de gesto para a instaurao da Poltica Nacional de Sade Indgena, com a construo de casas de

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    apoio, compreendendo as terras indgenas como espaos de prote-o e de produo da sade.

    Que as polticas relacionadas Sade Bucal contemplem a integra-170. o entre a medicina preventiva e a odontologia, para o desenvol-vimento de aes integrais; a implantao e a implementao do Programa de Sade Bucal em toda a rede de ensino fundamental e mdio; e a recomendao ao Conselho Nacional de Educao que no inclua profissionais da rea no projeto que institui diretrizes bsicas para educao profissional de nvel tecnolgico (tecnlogo).

    Que os governos federal, estaduais e municipais articulem-se para 171. a implantao de centros-dia de referncia ateno sade da pessoa idosa em todas as regies de sade, com equipe multipro-fissional, contemplando ateno integral sade da pessoa idosa, garantindo a referncia e a contra-referncia, o apoio diagnstico e os medicamentos de alto custo; o acesso ao transporte coletivo; a implantao de caderneta da pessoa idosa com a divulgao de sua importncia e utilizao; e a antecipao do perodo de divulgao e de realizao de campanha de vacinao contra a gripe nos esta-dos do sul do pas, em razo das caractersticas regionais.

    Que os governos federal, estaduais e municipais desenvolvam 172. aes intersetoriais de promoo da sade nas trs esferas do go-verno, visando ampliar as aes de vigilncia em sade, contem-plando a obrigatoriedade da apresentao da carteira de vacina no ato da matrcula escolar do ensino infantil e fundamental e nos programas de combate pobreza do Governo Federal; a implemen-tao de atividades fsicas nas unidades de sade, regulamentando a atividade de profissionais especializados; e a implementao de aes de controle de zoonoses, hansenase, tuberculose, meningi-te, hepatites B e C, dengue, doenas sexualmente transmissveis, aids, leishmaniose em ces, alm da implementao do Servio de Verificao de bitos nas regies de sade.

    Realizar projetos em parceria com a Fundao Nacional de Sade 173. (Funasa) e os governos estaduais para ampliar a cobertura das aes e dos servios de saneamento bsico, com destaque para a vi-gilncia da qualidade da gua, incluindo a captao e a fluoretao

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    para o consumo humano de fontes alternativas em zonas rurais, a construo de fossas spticas e a destinao adequada de guas servidas e dejetos.

    Implementar Programa de Ateno Integral Sade da Criana e 174. do Adolescente em situao de risco, abuso sexual, violncia, com nfase em aes preventivas quanto gravidez na adolescncia, dependncia qumica e s DST/aids, com a participao dos jovens na elaborao e no acompanhamento, de acordo com as caracters-ticas de cada regio, facilitando o acesso de crianas e adolescentes dependentes qumicos e soropositivos ao tratamento e internao pelo SUS.

    Os governos federal, estaduais e municipais devem implantar e im-175. plementar aes e servios em relao ateno integral sade da mulher, contemplando o apoio Lei Maria da Penha, articulando segurana, assistncia social e sade, e apoiando a implantao de casas de acolhimento para mulheres vtimas de violncia; o apoio ao Projeto de Lei ns 281/05, que prev a ampliao da licena ma-ternidade para seis meses; o incentivo s instituies pblicas e s empresas privadas a abrirem creches, garantindo recursos do Ministrio da Educao para as creches pblicas que recebem crian-as de 2 a 7 anos; a garantia de acompanhamento das mulheres be-neficirias dos programas sociais (Bolsa Escola, Bolsa Famlia) pe-los programas de Sade da Mulher, com assistncia pr-natal, pre-veno do cncer de colo de tero e de mama, planejamento fami-liar, imunizao e programas de sade bucal; e a obrigatoriedade de notificaes de casos de violncia contra a mulher em todos os ser-vios de sade e rgos pblicos.

    Garantir a relao intersetorial entre a sade do trabalhador e a 176. previdncia social no sentido de garantir a compreenso e o trata-mento comum entre a percia mdica do INSS e o tratamento e a reabilitao desenvolvidos pelo SUS aos trabalhadores adoecidos e acidentados pelo trabalho.

    Implantar e implementar os Centros de Referncia de Sade do 177. Trabalhador (Cerests), em todos os municpios de mdio porte, com planejamento, avaliao e divulgao das aes de preveno, vigi-

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    lncia e ateno sade do trabalhador, nos mbitos municipais, regionais e estaduais, de acordo com a Poltica da Rede Nacional de Ateno Integral Sade do Trabalhador (Renast), com poder de autoridade sanitria.

    Inserir as aes de sade do trabalhador nos Planos Municipais, 178. Estaduais e Nacional de Sade, garantindo seu financiamento, com a implantao de poltica intersetorial de preveno, promoo e proteo para acidentes e doenas relacionadas ao trabalho, alm de promover discusses entre gestores, empregados e empresas, com orientaes sobre qualidade de vida e sade do trabalhador.

    Implantar Comisses Intersetoriais de Sade do Trabalhador em 179. conjunto com os Cerests para discusso permanente com represen-tantes do INSS, para gerenciar aes de reabilitao e reinsero no mercado, entre outros, de pessoas com transtornos mentais, visan-do ao atendimento digno e humanizado.

    O Governo Federal e o Ministrio Pblico devem garantir que a vi-180. gilncia em sade do trabalhador seja executada com a participa-o das unidades de sade, levando em conta os nveis de ateno e as equipes multiprofissionais, com a participao dos Cerests e dos Conselhos de Sade, por meio de comisses intersetoriais de sade do trabalhador e em parceria com as Delegacias Regionais do Trabalho e o Instituto Nacional do Seguro Social.

    Elaborar portaria interministerial entre MS, MTE, MPS e MEC 181. para garantir a incluso do mdulo de sade do trabalhador em to-dos os cursos de formao para os profissionais de sade e o con-trole social.

    Estabelecer parceria com a Casa da Agricultura visando a aes para 182. elevar a qualidade de sade do trabalhador, abordando como foco principal os trabalhadores que manuseiam agrotxicos e carvo.

    Que seja retirado do Congresso Nacional o Projeto de Lei do Ato 183. Mdico.

    Proibir o cultivo de sementes transgnicas.184.

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    Eixo I Desafios para a efetivao do direito humano sade no Sculo XXI: Estado, Sociedade e Padres de Desenvolvimento

    Os Ministrios da Sade e da Educao devem, de forma articula-185. da, formular uma poltica de redirecionamento dos cursos de gra-duao e ps-graduao, que atenda s necessidades do SUS, con-siderando as mudanas necessrias na estrutura formal da educa-o na sade utilizando o SUS como campo de prticas, favorecen-do a reorientao e melhoria da qualidade da formao, visando ao atendimento das necessidades de sade da populao.

    Recomendar ao Ministrio da Sade e ao Ministrio da Educao 186. que, por meio de leis especficas, assegurem o servio civil pbli-co obrigatrio remunerado aos estudantes de universidades pbli-cas e privadas que recebem recursos pblicos, para passar obrigato-riamente um perodo mnimo de dois anos trabalhando no servio pblico como contribuio/devoluo do investimento pblico re-cebido durante a sua formao.

    Que a Unio propicie o desenvolvimento de programas de interio-187. rizao e de residncia para os profissionais da rea de Sade.

    Denunciar ao Ministrio da Sade, secretarias de sade, Ministrio 188. Pblico, Tribunais de Contas e Controladoria-Geral da Unio, de toda e qualquer irregularidade nas equipes do PSF, entre as quais a reduo da carga horria dos profissionais, desvios de funo, equi-pes incompletas e o no cumprimento da Portaria n 648/06.

    O Ministrio da Sade e as secretarias estaduais e municipais de 189. sade devem propor ao Congresso Nacional, projeto de lei que esta-belece aposentadoria aos 25 anos de servio aos trabalhadores que atuam em atividades insalubres, e garantir condies salubres de trabalho para os mesmos, em especial para os agentes de endemias da Funasa, que trabalharam no combate malria e em outras en-demias, manipulando produtos qumicos.

    Propor a agilizao da aprovao no Congresso Nacional do Projeto 190. de Lei n 026/07, que concede dispensa de incorporao aos cons-critos que se encontram no mercado formal de trabalho, alterando a Lei n 4.375/64.

    Exigir que a Vigilncia Sanitria e o Conselho Federal de Medicina, 191. com auxlio do Ministrio Pblico, faam cumprir as Leis ns

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    13 Conferncia Nacional de Sade Relatrio Final

    5.991/73 e 9.787/98 que exige dos profissionais mdicos receitas legveis, manuscritas ou datilografadas, com prescrio de medica-mentos da farmcia bsica (relao municipal de medicamentos), pelos nomes da Denominao Comum Brasileira.

    Rever a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e Programa de Ajuste 192. Fiscal (PAF) no sentido de garantir uma poltica salarial para os funcionrios e que os profissionais vinculados aos programas fede-rais, entrem no gasto de pessoal da unio e no dos municpios.

    O Ministrio da Sade e as secretarias estaduais e municipais de 193. sade devem buscar parcerias com outros setores para desenvol-ver uma poltica de sade dos trabalhadores da sade, com nfase na promoo e na intersetorialidade, em especial com o Ministrio da Previdncia para melhorar a qualidade do atendimento dos pe-ritos do INSS.

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    Eixo I Inditas

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    Eixo I Inditas

    Realizar auditoria na dvida interna do Brasil1.

    Criar uma cmara intersetorial sobre qualidade de vida, sade e 2. desenvolvimento, coordenada pela Casa Civil da Presidncia da Repblica, para formular e articular uma poltica intersetorial de estado, com objetivo e estratgias para territrios, grupos popula-cionais e indivduos.

    Envolver gestores das polticas pblicas e organismos de coopera-3. o com vista a definir uma poltica inovadora de colaborao e in-tercmbio horizontal e solidria entre pases, respeitando a auto-nomia e soberania, pela reduo das desigualdades, qualidade de vida e sade.

    Assegurar a incluso no PAC (Programa de Acelerao do 4. Crescimento) as aes e os projetos provenientes da Poltica Nacional de Medicamentos (PNM) e de Assistncia Farmacutica (PNAF) de forma a garantir crescimento e independncia tecnol-gica, produtiva e o acesso ao medicamento pelo usurio do SUS.

    Criar a Rede Nacional de cooperao tcnica. Rede esta que seja 5. capaz de mobilizar amplamente recursos humanos qualificados, oriundos no s das secretarias de sade mais exitosas, mas tam-bm de outros rgos pblicos e da academia, e que seja operada por mecanismos nacionais de compartilhamento, capazes de fo-mentar colaborao no esforo de capacitao dos gestores locais, maior difuso de inovaes, bem como a dinamizao das prticas pedaggicas para gesto e trabalho no SUS.

    Disseminar as melhores prticas d