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FACULDADE CENECISTA DE VARGINHA Direito: Reconhecimento através da Portaria Nº 895 - D.O. 20/11/08 Rua Professor Felipe Tiago Gomes, 173 – Vila Bueno – 37.006.020 – Varginha – Minas Gerais (35) 3690-8900 / 3690-8958 (fax) http//www.faceca.br = E-MAIL: [email protected] 13 – DOS ATOS PROCESSUAIS – CITAÇÃO E INTIMAÇÃO Curso: Direito Disciplina: Direito Processual Penal Ano/Sem.: 2013/1 Período: Data: Professora: Irenice Teixeira Trolese Xavier Nome do Aluno: 13.1. Ação. Processo. Procedimento Quando a ordem legal é ferida com a prática de uma infração, surge para o Estado, responsável pela distribuição da Justiça, a pretensão punitiva, o direito de impor a sanção penal ao infrator. No entanto, em face do princípio da inércia de jurisdição, tal atividade só poderá ser exercitada mediante provocação do órgão com atribuições para tanto e na forma prevista em lei. Entretanto, só o direito de ação não basta para a aplicação da lei penal ao infrator, porque aquela deverá ser instrumentalizada, efetivada. Para que a ação seja concretizada, há necessidade do preenchimento de alguns requisitos de existência e validade. É necessário que haja um órgão investido do poder de julgar juiz competente, é necessário um pedido, que é o meio pelo qual se postula a tutela, o meio de se provocar a atividade do órgão legalmente investido, e, por fim, devem estar presentes as partes (a que deduz a pretensão e aquela em face de quem a pretensão é deduzida). Contudo, não é só. Todos os requisitos até aqui comentados são os pressupostos de existência do processo, da relação processual. Que é, porém, processo? É a forma de se instrumentalizar a ação. É o complexo de atos tendentes a tornar efetivo o direito de ação. A idéia de processo é sempre teleológica. Seu objetivo é tornar possível a ação. Não é, entretanto, o que basta. Ao lado desses requisitos (pressupostos de existência do processo), outros devem coexistir. Ou seja, não basta que haja uma relação processual; é necessário que esse processo seja válido e regular. Em outros termos, não basta a existência dos pressupostos de existência: juiz, partes e pedido. Essa relação tem de desenvolver-se de forma regular. Não pode, à guisa de exemplo, ocorrer a coisa julgada, litispendência, enfim, aquelas circunstâncias do art. 95 do CPP. A essa altura, já se pode falar de pressupostos de existência e validade do processo. Pode-se dizer que o processo é um conjunto (complexo) de atos tendentes a concretizar o direito de ação. Mas de que forma esses atos são concatenados, organizados? A resposta é imediata: por meio do procedimento e na forma prevista em lei. Aliás, o procedimento é uma garantia do exercício do direito de defesa, daí por que a Constituição estabeleceu que “ ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” (art. 5º, inciso LIV, CF). Não se confundem, portanto, no direito processual penal, os conceitos de processo e procedimento. O primeiro é estudado, sob vários aspectos, tais como: a relação entre seus sujeitos (juiz e partes); a forma pela qual se concretiza o direito de ação; um complexo de atos tendentes à aplicação da sanctio júris(sanção jurídica); o instrumento

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Page 1: 13 - Dos atos processuais Citação, Intimação

FACULDADE CENECISTA DE VARGINHADireito: Reconhecimento através da Portaria Nº 895 - D.O. 20/11/08

Rua Professor Felipe Tiago Gomes, 173 – Vila Bueno – 37.006.020 – Varginha – Minas Gerais(35) 3690-8900 / 3690-8958 (fax)

http//www.faceca.br = E-MAIL: [email protected]

13 – DOS ATOS PROCESSUAIS – CITAÇÃO E INTIMAÇÃO

Curso: Direito Disciplina: Direito Processual Penal Ano/Sem.: 2013/1 Período: 7º Data:Professora: Irenice Teixeira Trolese XavierNome do Aluno:

13.1. Ação. Processo. ProcedimentoQuando a ordem legal é ferida com a prática de uma infração, surge para o Estado, responsável pela distribuição da

Justiça, a pretensão punitiva, o direito de impor a sanção penal ao infrator.No entanto, em face do princípio da inércia de jurisdição, tal atividade só poderá ser exercitada mediante provocação do

órgão com atribuições para tanto e na forma prevista em lei. Entretanto, só o direito de ação não basta para a aplicação da lei penal ao infrator, porque aquela deverá ser instrumentalizada, efetivada.

Para que a ação seja concretizada, há necessidade do preenchimento de alguns requisitos de existência e validade. É necessário que haja um órgão investido do poder de julgar juiz competente, é necessário um pedido, que é o meio pelo qual se postula a tutela, o meio de se provocar a atividade do órgão legalmente investido, e, por fim, devem estar presentes as partes (a que deduz a pretensão e aquela em face de quem a pretensão é deduzida).

Contudo, não é só.Todos os requisitos até aqui comentados são os pressupostos de existência do processo, da relação processual.Que é, porém, processo? É a forma de se instrumentalizar a ação. É o complexo de atos tendentes a tornar efetivo o direito

de ação. A idéia de processo é sempre teleológica. Seu objetivo é tornar possível a ação. Não é, entretanto, o que basta.Ao lado desses requisitos (pressupostos de existência do processo), outros devem coexistir. Ou seja, não basta que haja

uma relação processual; é necessário que esse processo seja válido e regular.Em outros termos, não basta a existência dos pressupostos de existência: juiz, partes e pedido. Essa relação tem de

desenvolver-se de forma regular. Não pode, à guisa de exemplo, ocorrer a coisa julgada, litispendência, enfim, aquelas circunstâncias do art. 95 do CPP. A essa altura, já se pode falar de pressupostos de existência e validade do processo.

Pode-se dizer que o processo é um conjunto (complexo) de atos tendentes a concretizar o direito de ação.Mas de que forma esses atos são concatenados, organizados?A resposta é imediata: por meio do procedimento e na forma prevista em lei. Aliás, o procedimento é uma garantia do

exercício do direito de defesa, daí por que a Constituição estabeleceu que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” (art. 5º, inciso LIV, CF).

Não se confundem, portanto, no direito processual penal, os conceitos de processo e procedimento. O primeiro é estudado, sob vários aspectos, tais como: a relação entre seus sujeitos (juiz e partes); a forma pela qual se concretiza o direito de ação; um complexo de atos tendentes à aplicação da sanctio júris(sanção jurídica); o instrumento jurisdicional de composição de litígios etc. O segundo, por sua vez, traduz, em sua essência, o “conteúdo formal do processo”, isto é, um mecanismo que compreende atos convenientemente concatenados – de acordo com a natureza do direito material controvertido – e que impulsiona toda atividade do Estado voltada para a prestação da tutela jurisdicional.

Pode-se afirmar, nessa medida, que o conceito de procedimento é indissociável da idéia de movimento coordenado que, por sua vez, deve observar critérios de conveniência, adequação e razoabilidade em relação à natureza do direito substantivo, que constitui a própria base da controvérsia, ao estudar a etimologia da expressão procedimento, conclui-se que exprime a noção extrínseca de movimento processual ou o modus procedendi com que a jurisdição se exerce. Trata-se, de autêntica garantia do imputado no devido processo penal.

O CPP brasileiro e as leis especiais, embora sejam pródigos na previsão dos mais diversos ritos, são bastante tímidos quando se trata de criar procedimentos efetivamente “indicativos da realidade subjacente”.

Com a ressalva da recente Lei nº 9.099/95, que prevê uma forma de exclusão do processo por meio de transação penal (art. 76) e o procedimento simplificado denominado sumaríssimo, não se evidenciam outras propostas concretas para a criação de formas procedimentais aceleradas (com a redução dos prazos processuais), abreviadas (com a supressão de uma das fases do iter procedimental) (Grinover, 1993, p. 15) ou diretíssimas (como por exemplo, a aplicação imediata da pena, quando, a pedido das partes, não se tenha mais de discutir a culpabilidade).

Nesse tema, é bastante profícuo o exemplo do Código modelo para a América Latina, que, seguindo uma tendência atual do processo penal, além de abandonar as tradicionais expressões terminológicas que definem procedimentos como ordinários, sumários, sumaríssimos, buscando outras designações mais significativas e que representem, efetivamente, o fim colimado pelo instituto, ainda propõe formas diversificadas para a rápida solução dos litígios, tais como: absolvição antecipada e arquivamento provisório (arts. 265 e 266), procedimento abreviado (arts. 371 e ss.), julgamento por delito de ação privada (arts. 374 e ss.) e julgamento por faltas ou contravenções (Apêndice III). Focalizando esse assunto, Grinover (1993, p. 14-15) pondera que: “a expressão procedimento sumário parece escassamente indicativa da realidade subjacente, podendo significar ora os procedimentos simplificados, ora os acelerados, ora os abreviados. Ademais, o termo poderia sugerir coisa diversa, que é a cognição sumária (superficial e provisória, própria das medidas cautelares ou de urgência), por parte do juiz, levando a confundir a sumariedade do

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rito com a sumariedade do provimento jurisdicional”. Daí a opção por “expressões mais modernas e mais indicativas: procedimento simplificado, quando se trate de adotar formas procedimentais simples e diretas que desburocratizem o processo, deformalizando-o; procedimento acelerado, quando se cuide de reduzir prazos processuais; procedimento abreviado, quando se suprima uma das fases procedimentais”.

13.2. Comunicação dos Atos do Processo

13.2.1. IntroduçãoEm homenagem aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, inciso LV), é imprescindível

que o réu tenha conhecimento da acusação que lhe é feita e do próprio movimento do processo. Essa cientificação dá-se por meio da citação, da intimação e da notificação.

Também ao órgão da acusação impõe-se a cientificação dos atos processuais pretéritos e futuros (citação, intimação ou notificação, conforme o caso), garantindo-se o equilíbrio de situações inerente a um processo de estrutura contraditória.

Apreciando o tema, Almeida apud Magalhães Noronha (1987, p. 198), observa que:

Graças a elas, o autor não pode mover a ação sem que o réu desta tenha notícia; o réu não pode reagir sem que de sua contestação o autor tenha ciência; nenhuma alegação se faz, nenhuma prova produz qualquer dos litigantes sem que o adversário as conheça; e o juiz não examina pedidos ignorados por um dos contendores e não dá despacho, nem lavra sentenças de que não mande cientificar as partes. Dessa forma é que pode a contrariedade efetivar-se ficando as partes, no correr do feito, a par de todos os seus atos e termos.

13.2.2. Da citação

13.2.2.1. ConceitoA citação é uma garantia constitucional prevista no art. 5º, inciso LV, para assegurar ao acusado o direito à ampla defesa e

ao contraditório, imprescindível para lhe dar ciência da acusação e, em decorrência, da existência de um processo.Como preleciona Greco Filho (1984, vol. 2):

A citação é a primeira e fundamental garantia de um processo livre e democrático, porque por seu intermédio se leva ao réu o conhecimento da demanda e o que pretende o autor. Sem citação, não se completa o actum trium personarum, a relação jurídica processual, não podendo de um simulacro de processo se extrair qualquer efeito. [...] o processo sem citação como de nenhum efeito, um ato juridicamente inexistente.

Espínola Filho (1981, p. 527) define-a como “o ato oficial, pelo qual, no início da ação penal, é dada ciência ao acusado de que contra ele se movimenta essa ação, chamando-o a vir, a juízo, ver-se processar e fazer a sua defesa”.

13.2.2.2. Indispensabilidade da citaçãoComo já foi assinalado, a citação é indispensável. Além de ser um ato formal, é necessário que o citando tenha ciência

exata da imputação que lhe é feita para que não seja surpreendido em sua defesa. Bem por isso, nem mesmo o conhecimento do processo pelo defensor do denunciado a torna prescindível, exatamente pela necessidade de se formalizar o chamamento judicial do acusado.

A falta da citação acarretará a nulidade absoluta do processo, nos termos do art. 564, inciso III, letra e, do CPP. Ocorrerá, ainda, a nulidade se esta (a citação) for realizada sem o cumprimento de suas formalidades essenciais, a teor do inciso IV do art. 564 do referido estatuto. Isso se verifica porque ela é uma garantia constitucional do acusado, sem a qual nem sequer o processo existe, como já foi dito, pela não-implementação da relação jurídico-processual.

Pelo que se infere do art. 570 do CPP, a nulidade da citação, decorrente de sua ausência ou irregularidade formal, somente estará sanada se, antes da realização do ato, o acusado comparecer, mesmo que seja meramente para argüir a irregularidade . Nessa hipótese, se o juiz entender que houve prejuízo para a defesa, deverá suspender ou adiar o ato. O eventual saneamento da citação, nessa hipótese, ocorre porque, com o comparecimento do acusado, sua finalidade se completa, ou seja, a de dar conhecimento de uma imputação criminal.

Na verdade, não se trata, propriamente, de saneamento, mas de uma hipótese de substituição da falta (Greco Filho, 1991, p. 272). Já se decidiu, nesse tema, que a nulidade decorrente da falta da citação fica sanada se o réu comparece a juízo, é interrogado e apresenta defesa prévia (RT 598/408). Entretanto, se o acusado comparecer em juízo no dia de seu interrogatório, ocorrendo sua citação, somente poder-se-á falar em nulidade se ficar demonstrado o prejuízo para sua defesa ( RJTJESP 111/527 e STF, 1ª T., HC 72.132-0/GO, Rel. Ministro Celso de Mello, DJU de 09.05.97).

13.2.2.3. Classificação e espécies de citação

13.2.2.3.1. Espécies de citaçãoNo Processo Penal, a citação pode ser real ou presumida (ficta). A citação real, também chamada de pessoal, é aquela

realizada na própria pessoa do acusado. A citação ficta é aquela realizada por meio de edital.

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A citação real pode ocorrer por mandado, requisição, carta precatória ou carta rogatória, enquanto a citação ficta somente é realizada por edital.

13.2.2.3.2. Citação por mandadoA teor do art. 351 do CPP, dar-se-á a citação por mandado sempre que o réu estiver no território sujeito à jurisdição do

juiz que a tiver ordenado. Há exceções a essa regra, por exemplo, a hipótese daquele que se oculta para não ser citado ou daquele que se encontra em legação estrangeira.

A citação por mandado é aquela feita pessoalmente ao acusado, não a suprindo a cientificação de seu defensor constituído ou mesmo a mera ciência em cartório do réu. A ausência de citação pessoal, quando possível, tornará nulo o ato pela inobservância de uma formalidade essencial (art. 564, inciso III, letra e, CPP).

Diverge a doutrina acerca da necessidade de que a citação se faça também ao curador no caso de o réu ser menor de 21 anos de idade ou insano. Pedroso (1986, p. 131) entende ser prescindível essa complementação, discordando de Magalhães Noronha e Fernando Tourinho Filho, assim se manifestando:

A nomeação de curador somente exsurge como pressuposto de validade da relação processual, nos casos em que a exige a lei, a partir do interrogatório judicial do acusado. Antes, constitui medida de mera cautela, cuja omissão não tem o poder de infirmar o processo. De tal arte, precedendo a citação ao interrogatório, não é imprescindível que se cite também o curador, que deve ser indeclinavelmente intimado e notificado, apenas, dos atos posteriores ao da inquirição do réu em juízo.

Contudo, é bom lembrar que a presença de curador ao réu menor de 21 anos de idade no seu interrogatório não é mais necessária, desde o advento da Lei nº 10.792, de 01.12.2003, que revogou o art. 194 do CPP.

Por outro lado, cabe ao oficial de justiça o cumprimento do mandado de citação, que poderá ser executado em qualquer dia, inclusive sábados, domingos e feriados, e em qualquer horário. Na hipótese de o oficial de justiça não localizar o réu no endereço constante do mandado, poderá ele, obtendo seu novo paradeiro, prosseguir nas diligências até a efetivação do ato, desde que dentro da jurisdição do juiz processante, fazendo certificar no mandado tal circunstância. Encontrando o réu, o oficial de justiça procederá à leitura do mandado ao citando, entregando-lhe a contrafé, na qual constará o dia e a hora da citação. No caso da aceitação ou recusa da contrafé, o oficial de justiça ainda lançará sua certidão no mandado.

O mandado de citação indicará, nos termos do art. 352 do CPP: o nome do juiz; o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; o nome do réu, ou, se for desconhecido, seus sinais característicos; a residência do réu, se for conhecida; o fim para que é feita a citação; o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; e a subscrição e a rubrica do juiz.

13.2.2.3.3. Citação por precatóriaVerificar-se-á a citação por carta precatória, se o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, ou seja, se

o réu residir em outra localidade ou para ela tiver se mudado após a prática criminosa (art. 353, CPP). Constatado que o réu reside em local diverso da jurisdição do juiz processante, este expedirá uma carta precatória, que conterá, como dispõe o art. 354 do CPP, o juiz deprecado e o juiz deprecante (o juiz que expede a precatória é chamado de deprecante e aquele que a recebe de deprecado), a sede da jurisdição de um e de outro, o fim para que é feita a citação, com todas as especificações, o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer.

Se o acusado reside em outra jurisdição, poderá o juiz deprecado remeter os autos da precatória para esse outro juízo com o fim de dar cumprimento da diligência. Ainda, se o réu estiver em local incerto e não sabido ou se ocultar para não ser citado, os autos serão devolvidos para que o juiz deprecante proceda à citação por edital, nos termos do art. 362 do CPP.

Se houver urgência no cumprimento do ato, o CPP, em seu art. 356, permite que a precatória seja expedida por via telegráfica, contendo os elementos do art. 354 e depois de reconhecida a firma do juiz deprecante.

13.2.2.3.4. Citação do réu preso, do militar e do funcionário públicoO réu preso será citado pessoalmente, segundo o art. 360 do CPP. Não se admite mais a sua simples requisição.

Naturalmente, como o réu preso não dispõe de sua liberdade de ir e vir, o interrogatório far-se-á no estabelecimento prisional em que se encontra, desde que estejam garantidas a segurança do juiz e auxiliares, a presença do defensor e a publicidade do ato . Inexistindo garantias, será necessário determinar ao diretor do presídio onde se encontra que o apresente no dia, hora e local marcados para seu interrogatório. A não-apresentação do acusado por responsabilidade do diretor do presídio não será considerada para efeitos de contumácia.

A citação do réu preso prescindia de mandado, bastava a sua requisição judicial, desde que contivesse todas as indicações de um mandado citatório. Contudo, a Lei nº 10.792, de 01.12.2003, alterou a redação do art. 360 do CPP, passando a exigir a citação pessoal.

Encontrando-se o réu preso no Estado da Federação da Jurisdição do juiz processante, a ausência da citação acarretará a nulidade do processo, a teor da Súmula nº 351 do Supremo Tribunal Federal. Por outro lado, se o acusado estiver preso em outro Estado, tem-se entendido que a citação não perderá sua validade desde que aquele tenha sido procurado nos endereços constantes nos autos, nas cadeias do Estado do distrito da culpa e sua prisão seja ignorada pelo juiz (STJ, 5ª T. RHC nº 1.806-0/SP. Rel. Min. Edson Vidigal, DJU de 05.10.92, p. 17.111; RJDTACRIM 1/163; RJDTACRIM 17/175).

Se o acusado, após sua citação pessoal, for preso, cumpre-lhe comunicar ao diretor da prisão onde se encontra a necessidade de sua apresentação para ser interrogado, não havendo – em face de seu silêncio – que se cogitar de nulidade do processo. Também na hipótese de o réu ser preso após a declaração de sua revelia, não há que se falar em nulidade se o juiz não tiver conhecimento de sua ulterior prisão (STJ, HC 9.632/SP, rel. Min. Edson Vidigal, DJU de 04.10.99; RJDTACRIM 17/176). No

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entanto, se a notícia da superveniente prisão chegar ao juiz, cumpre-lhe requisitar o acusado para que seja interrogado, sob pena de nulidade.

O acusado militar será citado por intermédio do chefe do respectivo serviço (art. 358, CPP), por meio de requisição judicial. Pedroso (1986, p. 136) define a requisição citatória como “o ato judicial de que se prevalece o juiz para determinar, a interposta pessoa, que intervenha para que o chamamento chegue ao conhecimento do acusado e o faça comparecer a Juízo no dia e hora marcados”.

Por questão de disciplina, uma vez que o militar também tem obrigações com seu superior hierárquico, sua citação se faz por requisição, que será instrumentalizada em um ofício, que conterá todos os elementos de um mandado . O chefe de serviço do militar irá autorizá-lo a comparecer para seu interrogatório (art. 358, CPP). Na hipótese de o acusado ausentar-se, apesar de regularmente requisitado e autorizado pelo superior hierárquico, será decretada sua revelia.

A citação do funcionário público civil não exige sua requisição a seu chefe de serviço. O acusado é citado por mandado e seu superior notificado do dia, hora e local em que aquele deverá comparecer, consoante o art. 359 do estatuto processual. Se o funcionário estiver afastado do cargo, a notificação ao chefe da repartição não se fará necessária.

A ausência da notificação do chefe da repartição não constitui formalidade essencial. Nesse caso, se o funcionário, embora devidamente citado, não comparecer, será decretada sua revelia, salvo se seu superior não autorizou sua ausência, uma vez que a notificação presta-se somente como complementação para se evitar alguma penalidade administrativa pela falta do funcionário, bem como permitir aos responsáveis da repartição pública a normalidade e a regularidade do serviço público.

13.2.2.3.5. Citação por carta rogatória e em legação estrangeiraDá-se a citação por carta rogatória, conforme o art. 368 do CPP, quando o réu estiver no estrangeiro, mas em lugar sabido.

Se o país rogado se negar a dar cumprimento à carta regularmente expedida, a citação será feita por edital, por considerar que o réu está em lugar inacessível (art. 231, II, do CPC).

A carta rogatória apresenta-se da mesma forma que a carta precatória, diferenciando-se apenas em sua forma de execução, por via diplomática, remetendo-a ao Ministro da Justiça, a fim de ser pedido seu cumprimento às autoridades estrangeiras competentes (art. 783, CPP).

Se a citação tiver de ser feita em uma legação estrangeira (embaixada), esta será efetuada mediante carta rogatória, por intermédio dos Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores.

A Lei nº 9.271, de 17.04.1996, que introduziu uma nova redação para o art. 368 do CPP, determinou a suspensão do prazo de prescrição até o cumprimento da carta rogatória expedida para a citação do acusado que se encontra no estrangeiro, em lugar sabido.

13.2.2.3.6. Citação por editalO Código de Processo Penal prevê duas espécies de citação ficta, a citação realizada por meio de edital e a por hora certa,

na quais se presume que o citando teve conhecimento da imputação e da existência do processo. O CPC prevê outra forma de se proceder à citação ficta, pelo correio (art. 222).

Sobre a citação por edital, Acosta (1989, p. 188) bem a define:

O edital é a última das formas de citação, só empregada quando se exaurem todos os outros meios, e isso porque, dada a sua natureza, não se pode ter a convicção de que a notícia chegará ao conhecimento da pessoa citanda. Trata-se de publicação dirigida à pessoa do citando, feita por ordem do juiz do processo, e que, por presunção legal, chegará ao conhecimento do interessado, posto que veiculada, por certo prazo, através da imprensa e afixada à porta do edifício do juízo. O edital deve conter: o nome e a assinatura do juiz; o nome, a residência e a profissão do réu, ou seus sinais característicos; a finalidade da citação; o juízo, o dia, a hora e o lugar do comparecimento; e o prazo, que é variável, como vamos ver.

Na verdade, a citação por edital vem assegurar para o acusado – cujo paradeiro é ignorado – as garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório, dando-lhe o conhecimento, ainda que presumido , da ação que o Estado lhe move.

Com o advento da Lei nº 11.719, de 20.06.2008, a citação por edital somente pode ser realizada quando o réu não for encontrado (art. 361, CPP). As demais hipóteses desta modalidade de citação estavam previstas no art. 363 do CPP (se o acusado que estiver em lugar inacessível ou quando incerta a pessoa que tiver de ser citada), mas foram equivocadamente revogadas pela aludida legislação. Porém, diante desse equívoco, com base no art. 3º do CPP, temos de nos socorrer das disposições do Código de Processo Civil, para admitir a citação por edital nestas situações, quando desconhecido ou incerto o réu ou quando inacessível o lugar em que se encontrar (art. 231, I e II, CPC).

De fato, a exigência da citação por edital nessas duas situações processuais é reforçada pela circunstância de que o art. 364 do CPP, que trata dos prazos do edital, quando o acusado estiver em local inacessível ou quando for incerta a pessoa que tiver de ser citada, não ter sido revogado pela Lei nº 11.719/08.

A primeira hipótese da citação por edital está prevista no art. 361 do CPP: quando o réu – procurado pessoalmente – não é encontrado. O oficial de justiça deve diligenciar em todos os endereços conhecidos do acusado nos autos e lançar uma certidão no mandado judicial no sentido de que o réu não foi localizado em nenhum deles e que está, para o oficial de justiça, em local incerto e não sabido. Somente após, poder-se-á realizar a citação por edital, com prazo de 15 dias.

A certidão do oficial de justiça tem fé pública e, portanto, a presunção relativa de veracidade. Para ser contestada pela defesa, deve haver prova cabal no sentido contrário a seu teor, ou seja, de que o réu se encontrava neste ou naquele endereço constante do mandado na época da diligência.

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Se o acusado, no entanto, declinou um endereço falso ou incorreto na fase inquisitorial, não há que se falar em nulidade por não ter sido ele procurado no verdadeiro, uma vez que, nesse caso, terá dado causa à irregularidade (art. 565, CPP). Na hipótese de o endereço ser verdadeiro, assim demonstrado nos autos, e o oficial de justiça não lograr localizá-lo, nulo será o processo porque não foram esgotados todos os meios para encontrar o réu antes da realização da citação por.

Além de procurar nos endereços conhecidos nos autos do acusado, é costume diligenciar-se sua localização nos estabelecimentos penais do Estado da Federação onde se processa o feito, para que, se estiver preso, seja requisitado.

Para a realização da citação por edital, desnecessário diligenciar o paradeiro do réu não localizado em órgãos públicos, como a Justiça Eleitoral, ou entidades particulares, desde que tenha sido procurado nos endereços que figuram nos autos, pois a lei não obriga a execução dessas pesquisas como condição de validade da citação ficta aceitando-se apenas as diligências ordinárias da Justiça.

Também se dá a citação do acusado pela publicação de edital, com o prazo entre 15 e 90 dias, quando ele se encontra em local inacessível, em virtude de epidemia, de guerra ou por outro motivo de força maior (art. 231, II, CPP).

Eduardo Espínola Filho (1980, p. 575) conclui, também, que é possível a citação ficta do réu no estrangeiro, em local sabido, que tenha praticado uma infração inafiançável,

se o país deprecado negar cumprimento à rogatória regularmente expedida, sob fundamento de não permitirem as suas leis se façam citações, ou notificações, ordenadas por autoridades judiciárias estrangeiras (como, anos atrás, vimos declarar um dos Estados da Federação norte-americana, relativamente a uma rogatória da 6ª Vara Cível), ou por outro motivo que não irregularidade sanável do instrumento apresentado, é de considerar-se o lugar inacessível, procedendo-se à citação por edital (no caso supramencionado, assim fez o juiz do Distrito Federal).

A citação do réu, quando incerta sua pessoa, será feita por edital, a teor do inciso I do art. 231 do CPP, com o prazo de 30 dias.

Não é possível, como se sabe, a instauração de um processo contra um agente desconhecido. Entretanto, o art. 41 do CPP prevê a possibilidade do oferecimento da denúncia sem a qualificação do acusado, desde que acompanhada de esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, enquanto o art. 259 do mesmo estatuto processual observa a necessidade do prosseguimento da ação penal, quando certa a identidade física do acusado, apesar de impossível sua identificação com seu verdadeiro nome ou outros qualificativos. Esses dispositivos, aliás, bem esclarecem o que se entende por pessoa incerta, para fins do ajuizamento e prosseguimento da ação e, especialmente, para a citação do acusado.

Do edital, nessa hipótese, não constará o nome ou a qualificação do acusado, mas os esclarecimentos que possam tornar certa sua identidade física (art. 365, inciso II, segunda parte, CPP).

I) Edital de citação. FormalidadesO edital de citação, que faz às vezes do mandado judicial, indicará nos termos do art. 365 do CPP:

o nome do juiz que o determinou; o nome do réu, ou, se não for conhecido, seus sinais característicos, bem como sua residência e profissão, se

constarem do processo; o fim para que é feita a citação; o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer; e o prazo do edital.

Cumpre, ainda, à serventia judicial afixar o edital à porta do edifício forense e publicá-lo na imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada pelo funcionário responsável e a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão, em que conste sua página com a data da publicação.

Constituindo a citação ficta uma forma excepcional de se cientificar alguém de uma acusação que se imputa, naturalmente os dados contidos no edital devem ser os corretos. O nome ou a filiação do réu incorretos, como já reconheceu a jurisprudência, acarretam a nulidade da citação (RT 597/424).

Por outro lado, quando descrever a finalidade da citação, não se exige que o edital contenha a descrição dos fatos, bastando a indicação do dispositivo legal da imputação – Súmula nº 366 do STF (não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou a queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia).

A falta de publicação do edital na imprensa é uma formalidade cuja necessidade tem sido atenuada. A inexistência de imprensa oficial na comarca, ou a impossibilidade de se realizar a publicação por falta de verba, são reconhecidas circunstâncias de força maior que não tornam nula a citação por edital (RT 610/452, 603/466, 605/415; RSTJ 117/502; LEXSTJ 65/369), bastando, portanto, sua afixação no átrio forense.

“A falta de publicação do edital pela imprensa não importa nulidade processual quando se torne impossível seu custeio. A lei adjetiva, ao referir-se a ‘imprensa, onde houver’, quis referir-se a imprensa oficial, tanto que, nela, os atos judiciais podem ser regularmente publicados sem pagamentos extraordinários por parte do Poder Judiciário” (RT 600/344).

A publicação do edital na imprensa deverá ser provada pela certidão do escrivão ou pela juntada do exemplar do jornal. Entende que a certidão do escrivão não basta para fazer a prova da publicação, uma vez que esta pode ter saído com o nome do réu, dia, hora e local do ato, por exemplo, com erros, o que eivaria de nulidade a citação (RT 670/362). Se não dispuser da folha da imprensa, o escrivão, então, certificará nos autos o inteiro teor do edital publicado, além de consignar a página e a data do jornal.

O prazo do edital é variável conforme o motivo que determinou essa espécie de citação. Se o réu não for encontrado, o prazo será de 15 dias; quando inacessível o lugar em que o réu estiver, o prazo poderá variar entre 15 e 90 dias, de acordo com as

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circunstâncias; e se incerta a pessoa do acusado, o prazo será de 30 dias.O prazo do edital será contado do dia de sua publicação na imprensa, se houver, ou de sua afixação no átrio forense. Entre

a data da publicação e a data do interrogatório, exige-se o decurso do prazo do edital. Se este vencer após o dia da realização do ato, haverá nulidade da citação, porque o prazo é a essência do ato:

“Citação edital. Interrogatório cujo dia foi arbitrado dentro do prazo do edital. A garantia de ampla defesa impõe que só quando esgotado o prazo se entenda consumada a citação. Nulidade insanável. Precedentes do STF. Habeas Corpus deferido” (STF, 2ª T., HC 69.369-8/PE, Rel. Min. Francisco Rezek, v.u. DJU de 02.10.92, p. 16.844; no mesmo sentido: JTACrSP 92/360, 91/159, 90/304; RT 655/388, 659/289).

Caso o acusado citado por edital compareça em juízo, será citado e interrogado, prosseguindo-se a ação penal na forma dos arts. 394 e seguintes do CPP.

II) A citação por edital e seus efeitosAs alterações introduzidas pela Lei nº 9.271/96 no capítulo da citação, especialmente no art. 366, tiveram como escopo

atender de modo efetivo às garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório. Assim, em relação à citação por edital, art. 366, cogita-se da suspensão do processo e do próprio curso da prescrição para a hipótese do não-comparecimento do acusado. Tal hipótese, sem dúvida, leva à incerteza quanto ao conhecimento, pelo acusado, da acusação a ele imputada, o que pode motivar a alegação posterior, de cerceamento de defesa. Com efeito, os princípios da ampla defesa e do contraditório, adotados no ordenamento jurídico brasileiro, e a previsão da Constituição Federal de que ninguém será privado de liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (art. 5º, LVI) conferem respaldo legal à nova pretensão do art. 366, ainda mais quando a ela se acrescenta (§ 1º) a autorização para que se produzam, antecipadamente, as provas, consideradas de maior urgência”.

A presunção de que o acusado tinha conhecimento do processo, ditada pela citação por edital, assim considerada ficta, tornou-se incompatível com a perspectiva de um devido processo legal apto a condenar o autor da infração penal.

O réu não pode mais ser condenado sem o efetivo conhecimento de que contra ele existe um processo. No entanto, se for citado por edital, não comparecer e não constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, independentemente da infração penal cometida.

Contudo, a suspensão do processo, como garantia de que o acusado não será condenado sem que possa exercer com amplitude sua defesa, vem acompanhada da suspensão da prescrição. Sua imposição torna-se necessária para não beneficiar somente o autor da infração penal, mantendo-se, assim, o equilíbrio entre a acusação e a defesa. A norma do art. 366, por conseguinte, tem duplo alcance, a suspensão do processo e da prescrição, indissociáveis pela necessidade de guardar a igualdade entre as partes.

De fato, considerando-se que por força de lei o Estado está impossibilitado de agir pela suspensão do processo, a conseqüência necessária é a suspensão da prescrição. Por fim, convém destacar que, excepcionando a regra do art. 366 do CPP, a Lei de Lavagem de Dinheiro admite o prosseguimento do processo apesar da revelia do acusado.

III) Fatos criminosos praticados antes da vigência da Lei nº 9.271/96A ausência de uma norma intertemporal fez emergir controvérsia quanto à aplicação da Lei nº 9.271/96 aos fatos

criminosos praticados antes do advento da lei.Sobre essa matéria, é possível identificar pelo menos três posições: (a) os processos e a prescrição deveriam ser

suspensos, minoritária, uma vez que a norma prescricional é de direito material e não pode retroagir para prejudicar o réu, por força da CF e do CP; (b) os processos seriam suspensos, mas não a prescrição, que continuaria a fluir; (c) nem processo nem prescrição seriam suspensos, prosseguindo o feito em seus ulteriores atos.

A indissociabilidade da suspensão do processo e da prescrição foi essencial na discussão da irretroatividade da lei. O STF e o Superior Tribunal de Justiça firmaram o entendimento de que para os crimes pretéritos não há a incidência da nova redação do art. 366 do CPP, uma vez que a situação é mais gravosa ao réu, que terá contra si uma causa de suspensão da prescrição – a suspensão do processo – não prevista anteriormente na legislação.

Por ser uma norma de caráter misto (direito penal e processual), não se poderia suspender unicamente o processo e não a prescrição ou vice-versa. Os limites da aplicação retroativa da lex mitior vão além da mera impossibilidade material de sua aplicação ao passado, pois ocorrem, também, ou quando a lei posterior, malgrado retroativa, não tem mais como incidir, à falta de correspondência entre a anterior situação do fato e a hipótese normativa a que está subordinada sua aplicação, ou quando a situação do fato no momento em que essa lei entra em vigor não mais condiz com a natureza jurídica do instituto mais benéfico e, portanto, com a finalidade para a qual foi instituído.

IV) O prazo de suspensão do processoAs alterações introduzidas no CPP não esclarecem por quanto tempo o processo e, por conseguinte, a prescrição, ficarão

suspensos, no aguardo da localização e da citação do acusado. Em razão disso, alguns intérpretes passaram a sustentar que a lei criou uma causa de imprescritibilidade, o que seria inconstitucional, uma vez que os processos se eternizariam, suspensos, como a prescrição.

Com base nesse entendimento, sustentam que o prazo prescricional deve ficar suspenso por período certo e determinado, após o qual deverá ser retomado. Os defensores desse posicionamento divergem no tocante a esse prazo de suspensão da prescrição, podendo ser calculado: (a) com base na pena máxima em abstrato do crime; (b) com base na pena mínima cominada ao tipo legal; e (c) no prazo máximo previsto na legislação, de 20 anos.

Na verdade, não se trata de uma situação de imprescritibilidade, pois seu termo final é fixado pelo comparecimento do acusado. Não se pode esquecer, de outra parte, que também o Estado estará impossibilitado de exercer o jus puniendi.

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Além disso, a CF, ao estabelecer a imprescritibilidade para alguns crimes (art. 5º, incisos XLII e XLIV), não vedou ao legislador ordinário a ampliação desse rol, mesmo porque a prescrição é matéria típica de direito penal e deve ser tratado, em princípio, nessa seara (art. 22, inciso I, CF).

Semelhante hipótese temos quando a Casa Legislativa indefere a licença para ser processado o membro do Congresso Nacional (art. 53, § 2º, CF). Enquanto durar seu mandato, o curso da prescrição permanecerá suspenso e assim se perpetuará se o parlamentar for sucessivamente eleito.

V) A produção antecipada de prova e a prova testemunhalA redação do art. 363, § 4º, do CPP (dada pela Lei nº 11.719/08) condicionou o prosseguimento da instrução probatória a

um evento futuro, ou seja, ao comparecimento do acusado em juízo. Por outro lado, o art. 366 do CPP admitiu a produção antecipada de provas, desde que consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, a adequação e a proporcionalidade da medida.

Embora a lei não preveja expressamente, é de boa cautela que a produção das provas deva ser acompanhada pelo Ministério Público, pelo querelante e pelo defensor público ou dativo.

Apesar de ser inovadora essa regra, o CPP, em seu art. 92, ao tratar das questões prejudiciais, prevê situação análoga, em que o juiz pode suspender o processo “sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente” (no art. 93, última parte, observa-se igual redação). A interpretação gramatical do art. 92 torna induvidoso que o Estatuto Processual considera a inquirição das testemunhas uma prova de natureza urgente, que ficaria prejudicada com a paralisação do feito.

O depoimento testemunhal é um dos mais valiosos instrumentos para a comprovação de determinados delitos. Em outras palavras, com o condicionamento do reinício da instrução a um fato futuro e incerto, surge um dos maiores inimigos do testemunho fidedigno: o tempo. Observa Tourinho Filho (1986, p. 264) que “o tempo, dentre outras causas, internas ou externas, pode levar o indivíduo, ainda que queira dizer a verdade, a desvirtuar os fatos”. E continua, ao tratar das provas produzidas no período da suspensão imposta por uma questão prejudicial (art. 92, CPP, última parte): “não se suspende a fase instrutória na sua totalidade. Diz a lei: sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e das outras provas de natureza urgente. Assim, deve o Juiz ouvir as testemunhas, mesmo porque a solução do cível pode demorar, e um depoimento tomado tardiamente perde, inegavelmente, todo aquele vigor probatório”.

A experiência forense demonstra que inúmeros depoimentos são perdidos em razão do decurso do tempo. Policiais militares e civis, por exemplo que atendem inúmeras ocorrências no dia-a-dia e que não raras vezes são as únicas testemunhas, não podem deixar de ser ouvidos antecipadamente, sob pena de se despojar o processo do único elemento de prova possível. Em outras situações, detalhes ou percepções poderão ser esquecidos, retirando do depoimento a exatidão necessária para a prova do fato criminoso.

Por conseguinte, a prova testemunhal deve ser considerada urgente, com vistas a sua produção antecipada, nos termos do art. 366 do CPP, não só porque o tempo pode desacreditá-la, como porque, dentro do sistema processual, já se encontra igual tratamento para o tema nos arts. 92 e 93 do CPP, que dispõem hipóteses semelhantes de suspensão do.

Convém destacar que o Supremo Tribunal Federal tem entendido que não basta ser a prova testemunhal para ser considerada urgente, fornecendo o artigo 225 do CPP os parâmetros que autorizam a antecipação de sua produção. O Superior Tribunal de Justiça, em alguns julgados, também adotou igual orientação, decidindo que a “produção antecipada de provas afigura-se necessária sempre que houver possibilidade de que o tempo possa afetar a aferição da verdade real”.

Outras provas podem ser elencadas como urgentes, desde que, como a prova testemunhal, fiquem prejudicadas com o efeito da paralisação do processo e o decurso do tempo. Nesse rol, podemos acrescentar, a perícia que necessite ser realizada antes que os vestígios dos crimes desapareçam; o reconhecimento de pessoas ou coisas que, assim como o testemunho, pode ser questionado se realizado após um período muito longo; a busca e apreensão de um documento ou objeto que pode deteriorar-se se efetuada tardiamente etc.

VI) A prisão preventivaA prisão preventiva do autor do crime, assim como a produção de provas urgentes, pode ser decretada no período de

paralisação do processo (art. 366, caput, do CPP). Nesse tópico, é importante ressaltar que a ordem de prisão do acusado não é efeito imediato da decisão que suspende o feito, mas como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal.

VII) Recurso cabível da decisão que suspende o processoTem-se entendido que o recurso adequado contra a decisão que suspende ou não o processo é o em sentido estrito, com

base no art. 581, inciso XVI, do CPP – da decisão que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial. Embora não se trate de questão prejudicial, poder-se-ia dizer que há similitude entre as duas situações. Além disso, o Código, editado em 1941, não poderia prever todas as hipóteses futuras sujeitas a recurso. Já é tempo de se proceder a uma nova leitura do art. 581, admitindo-se a aplicação extensiva para outras situações não previstas expressamente.

Na hipótese de o juiz decidir também sobre a prescrição, fixando-lhe um termo final, sustenta-se, também, o cabimento da apelação, uma vez que essa decisão já teria conteúdo e força de definitiva. Por fim, é possível cogitar-se a impetração de mandado de segurança se o caso específico não se adequar a uma das situações mencionadas.

Sem embargo de todos esses pontos de vista, pode-se ainda enterder que a hipótese em questão não comporta nenhum recurso. Com efeito, não há previsão expressa de recurso em sentido estrito (que encerra hipótese de numerus clausus) e, por outro lado, a decisão que, por exemplo, suspende o processo, mas não a prescrição, não tem força de definitiva e pode, em qualquer

13.2.2.3.7. Citação pessoal e revelia

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O CPP, alterado pela Lei nº 9.271/96, não se utiliza mais da expressão revelia, antes presente nos arts. 366 e 369, para determinar o prosseguimento do processo, em face do não-comparecimento injustificado do acusado para um ato judicial, do qual foi citado inicialmente ou intimado pessoalmente. A despeito disso, a legislação em vigor pouco modificou o tratamento dado para essa hipótese.

O processo seguirá sem a presença do acusado quando, citado ou intimado (notificado) pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, conforme dispõe o CPP, em seu art. 367.

Observar-se-á igual efeito se o réu mudar de residência e não comunicar à autoridade processante o lugar onde poderá ser encontrado (art. 367, CPP).

A única modificação que sofreu o estatuto processual nesse tópico foi a derrogação do efeito da contumácia, quando o acusado se ausentar, por mais de oito dias, de sua residência, sem comunicar à autoridade processante.

A contumácia do acusado, que se queda inerte em face de seu chamamento pessoal, não impedirá, portanto, o prosseguimento da ação penal contra ele promovida. O processo, assim, seguirá sem a necessidade da intimação do acusado para os demais atos, com algumas exceções (como a intimação da sentença).

A ausência do réu, entretanto, não poderá cercear seu direito constitucional à ampla defesa e ao contraditório, a teor do art. 261 do CPP, que assim dispõe: “Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor”. Portanto, diante da ausência do acusado, ser-lhe-á nomeado um defensor dativo para proceder sua defesa técnica, salvo se ele já houver constituído advogado nos autos.

A revelia não impedirá a condução coercitiva do acusado, por ordem do juiz, para a realização de seu interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que não possa ser realizado sem sua presença. Além da ordem de condução, o mandado conterá o disposto no art. 352, CPP (do mandado de citação), no que lhe for aplicável. No caso da condução para seu interrogatório, naturalmente, a teor dos arts. 186 e 191 CPP, o réu não estará obrigado a responder às perguntas que lhe forem formuladas.

De outra parte, como se evidencia do texto legal, o prosseguimento do processo sem a presença do acusado somente se dará se esta for injustificada. Assim, se a ausência decorreu de irregularidade da qual ele não deu causa, o processo poderá ser declarado nulo, renovando-se todos os atos até então praticados. Se o réu estiver preso com o conhecimento do juízo e não comparecer para o ato, interrogatório ou audiência de instrução, pela falta de requisição, o processo não poderá ter seu curso, sob pena de constrangimento ilegal, conforme se tem reiteradamente decidido.

Desse modo, se ficar demonstrado que o réu não pôde comparecer para o ato por motivo de força maior ou caso fortuito, a contumácia será relevada, prosseguindo-se o feito regularmente, com as devidas intimações e notificações. Tem-se reconhecido justo o motivo da contumácia na hipótese de o acusado ter sido preso pouco antes do interrogatório, sem que tivesse ocorrido a tempestiva notícia ao juízo processante. Além dessa hipótese, justifica-se a ausência do réu doente ou, ainda, intimado a comparecer, primeiramente, a um outro Juízo de Direito.

A regra da suspensão do processo não incide, todavia, se, após a citação pessoal, o acusado mudar de endereço sem comunicar ao juízo.

13.2.2.4. Citação por hora certaSe o réu se oculta para não ser citado, o art. 362 do CPP (alterado pela Lei nº 11.719/08) admite a sua citação com hora

certa, na forma do CPC (arts. 227 a 229). De fato, a ação do Estado não pode ser obstada pela malícia do réu que se esconde da Justiça e, para se evitar atrasos e paralisações judiciais, procede-se à citação ficta. O oficial de justiça deverá procurar o acusado, por três vezes, em sua residência ou domicílio. Não o encontrando e suspeitando de sua ocultação, o oficial de justiça deverá intimar qualquer pessoa da família, ou, em sua falta, a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora designada (art. 227, CPC).

Caso o réu não esteja presente no dia e hora designados para a citação, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca (§ 1º do art. 228, CPC). O oficial de justiça deverá deixar uma contrafé do mandado de citação com pessoal da família ou com qualquer vizinho.

Posteriormente, o escrivão deverá encaminhar uma carta, telegrama ou radiograma ao réu, dando-lhe ciência de tudo.Convém destacar que, nessa hipótese, não será feita, posteriormente, a citação por edital do acusado, devendo o processo

prosseguir sem a sua presença.

13.2.2.5. Citação no procedimento da Lei nº 9.099/95A Lei nº 9.099/95 traz um aspecto bastante interessante no procedimento para a apuração de infrações penais com menor

potencial ofensivo; é que não se admitirá outra forma de citação, que não por mandado ou aquela realizada no próprio juizado na audiência preliminar.

O art. 66, parágrafo único, dessa lei especial, estabelece que não sendo encontrado o acusado para ser citado, serão encaminhadas as peças ao Juízo comum, para a adoção do procedimento previsto em lei, que, como regra, será aquele previsto para os crimes apenados com detenção ou prisão simples (CPP, arts. 539 e ss.). Em outras palavras, na apuração de infrações de menor potencial ofensivo, não se admitirá nenhuma espécie de citação ficta. Esse dispositivo tem razão de ser, pois a tônica do procedimento especial é a celeridade, a informalidade e a economia processuais, que seriam atingidas em sua essência pela publicação de editais e todas as formalidades que os cercam.

De outra parte, encontrando o réu, o oficial de justiça procederá à leitura do mandado, entregando-lhe a contrafé, em que constará o dia e a hora da citação. No caso da aceitação, ou recusa, da contrafé, o oficial de justiça lançará sua certidão no mandado.

No mandado, deverá constar o disposto no art. 352 do CPP e a advertência de que o citando deverá comparecer ao juizado acompanhado de advogado, com a cientificação de que, em sua falta, ser-lhe-á designado defensor público (art. 68 da Lei nº

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9.099/95).Nada impedirá, outrossim, que se proceda à citação por precatória ou qualquer outro meio idôneo de cientificação pessoal

do acusado quanto à imputação e os motivos que recomendam sua presença no juizado.

13.2.3. Da intimação e da notificação

13.2.3.1. Aspectos geraisAlém da citação, também a intimação e a notificação são atos destinados a resguardar as garantias que emanam do

contraditório. Com a intimação e a notificação, tanto a acusação como a defesa são cientificadas dos atos que se apresentam no processo, ou seja, as alegações da parte adversa, a prova produzida e as decisões prolatadas.

O CPP não distingue as intimações das notificações, possivelmente por entender desnecessário, e muitas vezes elas são confundidas na lei, que se utiliza da expressão intimação de forma ampla, também se referindo a notificação. Entretanto, a doutrina as diferencia.

Para Mirabete (1991, p. 417): “Chama-se intimação à ciência dada à parte, no processo, da prática de um ato, despacho ou sentença. Refere-se ela, portanto, ao passado, ao ato já praticado. Denomina-se notificação a comunicação a parte ou outra pessoa, do lugar, dia e hora de um ato processual a que deve comparecer. Refere-se ao futuro, ao ato que vai ser praticado”.

Enquanto a citação se destina, tão-somente, ao réu, a intimação e a notificação são mais amplas, podendo alcançar qualquer pessoa, acusado, vítima, testemunha, defensor, representante do Ministério Público, perito e jurado, que deva tomar conhecimento de um ato já realizado ou acompanhar sua efetivação.

13.2.3.2. Regras da intimação e notificaçãoO art. 370 do CPP prevê a aplicação das mesmas regras da citação para as intimações e notificações. Assim, por exemplo,

o réu preso deve ser requisitado para a audiência de instrução, bem como o militar, figurando como acusados, testemunhas ou vítimas. No mesmo sentido, o funcionário público será notificado para comparecer à audiência, com a respectiva notificação de seu chefe de serviço.

Agora, com a inclusão do § 2º no art. 370, CPP, as intimações e as notificações na primeira instância passaram a ser realizadas pela imprensa oficial. Essas publicações, obrigatoriamente, sob pena de nulidade, devem conter o nome das partes e seus advogados, para permitirem a identificação da causa.

As comunicações dos atos judiciais pela imprensa oficial têm sido destinadas principalmente para os advogados de defesa, visando à agilização do processo, que, muitas vezes, na anterior sistemática, ficava paralisado no aguardo do encontro do profissional pelo oficial de justiça para sua intimação pessoal.

Se não existir o órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a intimação será feita diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com o comprovante de recebimento, ou ainda por qualquer outro meio idôneo (art. 370, § 2º, CPP).

A utilização da imprensa tem suas exceções expressas, com regras próprias, como a intimação da sentença ao réu e seu defensor (art. 392, CPP). Do mesmo modo, o réu preso ou militar devem ser requisitados para a audiência e demais atos a que devam estar presentes.

No que tange ao réu preso, aplicam-se as mesmas normas pertinentes à citação, incluindo o que se refere ao desconhecimento de sua prisão durante a instrução, não se reconhecendo a nulidade na ausência de sua requisição quando se verifique seu encarceramento em outro Estado da Federação, com a aplicação da Súmula nº 351 do STF. 

Por outro lado, tem-se entendido desnecessária a presença para o ato do réu preso, quando sua ausência não sofrer nenhuma objeção ou quando sua dispensa é aceita pela defesa. Há quem entenda, de outro modo, imprescindível a presença do réu preso, reconhecendo a nulidade do feito por evidente cerceamento de defesa, até mesmo quando a prova deva ser produzida por carta precatória. Outros julgados só têm declarado nulo o processo quando demonstrado o prejuízo à defesa.

De outra parte, não se admite a intimação pela imprensa quando se tratar do Ministério Público e da Procuradoria do Estado. O órgão do Ministério Público tem direito à intimação pessoal do ato judicial, por previsão expressa do § 4º do art. 370 do CPP (cf. art. 41, inciso IV, da Lei nº 8.625, de 12.02.93 – Lei Orgânica do Ministério Público), incluindo a abertura de termo de vista para o oferecimento de suas manifestações, das mais simples às mais complexas, como as alegações finais, razões e contra-razões de recurso.

Da mesma forma, a Procuradoria do Estado, por força do art. 5º da Lei nº 1.060/50 (com redação dada pela Lei nº 7.871/89), mantém a prerrogativa da intimação pessoal e esse dispositivo não se incompatibiliza com o disposto no art. 370 do CPP.

Podem também ser realizadas as comunicações dos atos pelo escrivão, certificando-as nos autos, conforme dispõe o art. 370, § 1º, do CPP.

Será admissível, outrossim, a utilização da própria petição da parte como mandado de intimação ou notificação, em que for requerida a comunicação, desde que observadas as formalidades do art. 357, CPP, ou seja, a leitura do mandado pelo oficial e a entrega da contrafé (cópia), mencionando dia e hora do ato, e a certidão da aceitação ou recusa do mandado.

Por fim, a notificação na presença das partes e testemunhas de novo dia e hora para o prosseguimento do feito, quando adiada a instrução criminal, pode ser realizada pelo juiz, lavrando-se um termo nos autos (art. 372, CPP).