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13 de setembro de 2002 Em 6 de setembro de 2002, a Diretoria Executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou o novo Acordo Stand-by de 15 meses com o Brasil, no valor de DES 22,8 bilhões (cerca de US$30,4 bilhões). Desse total, o equivalente a DES 7,6 bilhões (cerca de US$10,1 bilhões) seriam disponibilizados no âmbito da linha Supplemental Reserve Facility (SRF). A aprovação do crédito — o maior já concedido pelo FMI em termos de DES — permite um saque imediato de até DES 2,28 bilhões (cerca de US$3 bilhões). Um segundo saque de até DES 2,28 bilhões (cerca de US$3 bilhões) seria disponibilizado após a conclusão da primeira revisão, a ser programada antes do final de 2002. O restante do crédito estaria disponível em quatro tranches em 2003, de acordo com a conclusão das revisões e com a observância dos critérios relevantes de desempenho. Esse Acordo Stand-by substitui o Acordo Stand-by de 15 meses aprovado em 14 de setembro de 2001. Seguem-se então abaixo: 1. o discurso de Horst Köhler, Diretor-Geral do FMI, sobre a conclusão do Acordo Stand-by, conforme divulgado pelo FMI, 2. a programação de saques do acordo atual, 3. a carta enviada pelo Ministro da Fazenda Pedro Malan e pelo Presidente do Banco Central Armínio Fraga ao FMI, 4. o Memorando de Política Econômica , e 5. o Memorando Técnico de Entendimentos , que inclui os critérios de desempenho específicos, as metas indicativas, e os parâmetros estruturais que serão aplicados no âmbito do Acordo Stand-by. Brasil. Questões e comentários para [email protected] 1 O conteúdo deste documento é informativo. Não restringe as ações de política monetária e cambial do Banco Central do

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Page 1: 13 de setembro de 2002 - Banco Central do Brasil Acordo com o FMI.pdf · 1. Discurso de Horst Köhler, Diretor-Geral do FMI, sobre a conclusão do Acordo Stand-by Após a reunião

13 de setembro de 2002

Em 6 de setembro de 2002, a Diretoria Executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI)

aprovou o novo Acordo Stand-by de 15 meses com o Brasil, no valor de DES 22,8 bilhões (cerca de

US$30,4 bilhões). Desse total, o equivalente a DES 7,6 bilhões (cerca de US$10,1 bilhões) seriam

disponibilizados no âmbito da linha Supplemental Reserve Facility (SRF). A aprovação do crédito

— o maior já concedido pelo FMI em termos de DES — permite um saque imediato de até DES

2,28 bilhões (cerca de US$3 bilhões). Um segundo saque de até DES 2,28 bilhões (cerca de US$3

bilhões) seria disponibilizado após a conclusão da primeira revisão, a ser programada antes do

final de 2002. O restante do crédito estaria disponível em quatro tranches em 2003, de acordo com

a conclusão das revisões e com a observância dos critérios relevantes de desempenho. Esse Acordo

Stand-by substitui o Acordo Stand-by de 15 meses aprovado em 14 de setembro de 2001. Seguem-se

então abaixo:

1. o discurso de Horst Köhler, Diretor-Geral do FMI, sobre a conclusão do Acordo Stand-by,

conforme divulgado pelo FMI,

2. a programação de saques do acordo atual,

3. a carta enviada pelo Ministro da Fazenda Pedro Malan e pelo Presidente do Banco Central

Armínio Fraga ao FMI,

4. o Memorando de Política Econômica, e

5. o Memorando Técnico de Entendimentos, que inclui os critérios de desempenho

específicos, as metas indicativas, e os parâmetros estruturais que serão aplicados no âmbito

do Acordo Stand-by.

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1. Discurso de Horst Köhler, Diretor-Geral do FMI, sobre a conclusão do Acordo Stand-by

Após a reunião da Diretoria Executiva do FMI sobre o Brasil, Horst Köhler, Diretor-Geral do

FMI, afirmou:

"O Brasil implementou políticas macroeconômicas fortes e consistentes nos últimos anos, o que

melhorou seus fundamentos. O aumento no superávit primário do setor público e o

fortalecimento das instituições fiscalizadoras, em conjunção com a bem sucedida transição para

um regime de câmbio flutuante e um sistema de metas para a inflação constituíram base para um

crescimento sustentável com estabilidade de preços.

"Apesar desses avanços, as incertezas do cenário econômico internacional e alguma

preocupação sobre o curso da política econômica que se seguirá à iminente eleição presidencial

pressionam substancialmente as variáveis financeiras, incluindo as taxas de câmbio e juros, e o

crescimento econômico tem-se desacelerado nos últimos meses. Além disso, a depreciação da

taxa de câmbio tem levado a um aumento do quociente entre dívida e PIB.

"As autoridades têm respondido proativamente a esses eventos, anunciando em junho uma meta

maior de superávit primário para 2002-2003, e mantiveram firmeza na política monetária para

limitar o impacto inflacionário do enfraquecimento do real. Além disso, as autoridades

elaboraram um cenário macroeconômico de médio prazo que apóia o novo programa suportado

pelo Fundo cobrindo o período até dezembro de 2003.

"O novo programa contribuirá para assegurar a manutenção de políticas econômicas saudáveis.

Nesse aspecto, o compromisso que os principais candidatos presidenciais aos elementos básicos

do programa já parece ter ajudado a confiança do mercado. À medida em que o próximo governo

seja exitoso com esse cenário de política macroeconômica, espera-se que o Brasil possa

gradativamente reconquistar o acesso ao mercado.

"O programa objetiva um superávit primário do setor público de 3,75% do PIB em 2003, com

uma meta pelo menos igual a essa na lei de diretrizes orçamentárias para 2004-05. O

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atingimento dessas metas auxiliará a estabilizar a dinâmica da dívida pública, e a diminuir a

razão dívida/PIB no médio prazo. Entretanto, dada a sensibilidade da dinâmica da dívida à taxa

real de câmbio, ao crescimento real do PIB e às taxas reais de juros, as metas fiscais serão

reavaliadas durante as revisões trimestrais do programa.

"Outros importantes elementos do programa objetivam a redução da inflação, abrindo caminho

para uma nova e fortalecida legislação do Banco Central, e melhorando ainda mais a forte

supervisão financeira no Brasil. Externamente, maiores superávits comerciais estão ajudando o

País a reduzir suas necessidades de financiamento, e o menor piso para as reservas

internacionais líquidas abre espaço de manobra para a redução da volatilidade das taxas de

câmbio.

"Reformas estruturais mais amplas com o objetivo de aumentar o crescimento do Brasil em linha

com seu considerável potencial devem ser mutuamente acordadas e colocadas em prática durante

o período do programa, especialmente para aumentar a eficiência tributária e reduzir a rigidez

dos gastos públicos. O Fundo espera trabalhar com o futuro governo para aprofundar essas

reformas estruturais e firmar o crescimento sustentado no Brasil," disse o Sr. Köhler.

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2. Programação de saques do acordo atual

Tabela 1 Programação de Saques

Acordo Stand-by de 2002 Posição: setembro de 2002

em DES milhõesCronograma Original Condições e Saques Efetivados

Data Montante Observações Data MontantePrimeira Tranche 6/9/2002 2.282 Aprovação pela 11/9/2002 2.282Credit Tranche (CT) 1.141 Diretoria do Fundo 1.141Supplemental Reserve Facility (SRF) 1.141 1.141Segunda Tranche 6/12/2002 2.282 Conclusão da 1ª avaliação eCredit Tranche (CT) 1.141 cumprimento dos CDs relevantesSRF 1.141 previstos no acordo (final de set/02)Terceira Tranche 7/3/2003 3.042 Conclusão da 2ª avaliação eCredit Tranche (CT) 1.521 cumprimento dos CDs relevantesSRF 1.521 previstos no acordo (final de dez/02)Quarta Tranche 6/6/2003 6.551 Conclusão da 3ª avaliação eCredit Tranche (CT) 4.266 cumprimento dos CDs relevantesSRF 2.285 previstos no acordo (final de mar/03)Quinta Tranche 8/8/2003 3.043 Conclusão da 4ª avaliação eCredit Tranche (CT) 1.521 cumprimento dos CDs relevantesSRF 1.521 previstos no acordo (final de jun/03)Sexta Tranche 7/11/2003 5.621 Conclusão da 5ª avaliação eCredit Tranche (CT) 5.621 cumprimento dos CDs relevantes

previstos no acordo (final de set/03)Total CT 15.211 1.141Total SRF 7.610 1.141Total Geral 22.821 2.282

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3. Carta do Ministro da Fazenda Pedro Malan e do Presidente do Banco Central Armínio Fraga ao FMI

Brasília, 29 de agosto de 2002

Exmo. Sr. Horst Köhler Diretor-Geral do Fundo Monetário Internacional Washington, DC 20431 EUA

Senhor Diretor-Geral:

No Memorando de Política Econômica (MPE) anexo, descrevem-se as políticas e objetivos estabelecidos pelo Governo do Brasil para os meses restantes de 2002 e para 2003. Em apoio a essas políticas e objetivos, o Governo do Brasil vem solicitar um Acordo Stand-by com o Fundo, com prazo de 15 meses, no valor de DES 22.821 milhões, montante equivalente a cerca de US$30 bilhões, dos quais US$10 bilhões seriam desembolsados no âmbito do Programa de Financiamento de Reserva Suplementar.

Ao mesmo tempo, solicitamos que seja cancelado o atual Acordo Stand-by do Brasil, de 15 meses de duração, aprovado pela Diretoria Executiva do Fundo, em 14 de setembro de 2001, cujo término está programado para 13 de dezembro de 2002. Em anexo, encaminhamos um Memorando Técnico de Entendimentos (MTE), que estabelece metas específicas (na forma de critérios de desempenho, metas indicativas, e parâmetros estruturais) a serem cumpridas no âmbito do Acordo Stand-by.

O objetivo do programa é diminuir as incertezas no campo externo e reduzir a preocupação quanto à orientação da política macroeconômica após a eleição presidencial, facilitando assim a transição para o governo que assumirá a administração federal a partir de 2003. Os candidatos que lideram as pesquisas de opinião já receberam explicações sobre os elementos fundamentais do programa e se comprometeram a apoiá-los. O Memorando de Política Econômica e o Memorando Técnico de Entendimentos, ambos em anexo, serão distribuídos aos candidatos que lideram as pesquisas de opinião o mais breve possível.

O Governo acredita que, apesar da difícil conjuntura atual, as políticas descritas no memorando promoverão o crescimento sustentável e eqüitativo da produção e do emprego no longo prazo e garantirão a continuidade das baixas taxas de inflação e a sustentabilidade das contas externas. Em adição às políticas delineadas no MPE anexo, o Governo está preparado para tomar quaisquer outras medidas de política que venham a ser necessárias para garantir a consecução dos objetivos ali estabelecidos.

Durante o prazo do referido acordo, como sempre, as autoridades brasileiras manterão diálogo estreito com o Fundo a respeito de suas políticas econômicas.

Atenciosamente,

Pedro Sampaio Malan Armínio Fraga Neto Ministro da Fazenda Presidente do Banco Central do Brasil

do Brasil. Questões e comentários para [email protected]

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4. Brasil - Memorando de Política Econômica

A partir do segundo trimestre de 2002, as variáveis do mercado financeiro passaram a sofrer

crescente pressão à medida que incertezas quanto à futura política econômica eram agravadas

pelo aumento generalizado da aversão global ao risco e pela acentuada queda nos mercados de

ações dos países industrializados. Em resposta, o governo brasileiro reforçou as atuais políticas,

formulou um conjunto de medidas estruturais e solicitou ao Fundo novo programa com duração

até o final de 2003.

O objetivo do programa é aproximar a taxa de crescimento econômico de seu potencial no médio

prazo, e ao mesmo tempo manter a inflação baixa e a sustentabilidade externa, com vistas a

aumentar o emprego, reduzir a pobreza e melhorar as condições sociais. Ao diminuir as incertezas

no campo externo, as autoridades brasileiras esperam preparar bases sólidas que sustentem a

transição para a nova administração que terá início em 2003, garantindo um ambiente de

estabilidade para que o governo eleito formule sua própria estratégia de política.

I. Desempenho Recente da Economia Brasileira

1. A atividade econômica apresenta sinais de que a modesta recuperação iniciada no fim do

ano passado tenha desacelerado. Após registrar taxa de crescimento anual de 6,1% em abril,

a atividade industrial caiu 1,0% em maio e subiu 0,7% em junho, provocando queda

acumulada de 0,1% no primeiro semestre do ano comparativamente ao mesmo período do

ano passado. As vendas no varejo declinaram 0,9% de janeiro a junho em relação ao

mesmo período do ano passado. O volume das exportações e importações no segundo

trimestre de 2002 caiu cerca de 9,7% e 15,5%, respectivamente, em relação aos níveis

observados no segundo trimestre de 2001, com a queda brusca das importações refletindo,

em grande parte, a continuada substituição eficiente de importações.

2. A evolução do mercado de trabalho reflete a retração da economia. A taxa de desemprego

média, ajustada sazonalmente, passou de 6,8% no primeiro trimestre do ano para 7,2% no

segundo. Não estão sendo observadas pressões sobre os salários e a média dos rendimentos

reais acumulada de janeiro a maio decresceu 4,5% em comparação com igual período de

2001 nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE).

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3. A inflação ao consumidor está arrefecendo. A inflação mensal medida pelo IPCA alcançou

0,4% em junho, abaixo da média mensal para 2002, e a tendência do núcleo da inflação é de

queda, refletindo em parte a valorização do real até março. A inflação em 12 meses caiu de

8% em abril para 7,7% em junho, mas ainda permanece acima da banda de consulta

acordada com a Diretoria Executiva do Fundo no âmbito do Acordo Stand-By. Essa consulta

será realizada por ocasião da análise, pela Diretoria, da solicitação do novo acordo. O

elevado nível atual da taxa de 12 meses se deve em parte às altas taxas mensais registradas

no fim do ano passado, sobretudo no caso dos preços administrados (por contrato ou por

monitoramento), que apesar de representarem 30% do índice de preços ao consumidor, são

responsáveis por 50% do aumento dos preços nos últimos 12 meses. Não resta dúvida de

que a recente depreciação do real pressionará para cima os preços no restante do ano, mas o

impacto deverá ser amortecido pelo fato de parte da depreciação cambial ser percebida

como temporária, levando as empresas a não transferirem o total da depreciação para os

preços. A demanda interna pouco aquecida também deverá limitar o repasse aos preços.

Considerando os acontecimentos recentes, o Banco Central (BCB) projeta uma inflação em

torno de 6,5% para 2002, acima do limite superior de 5,5% fixado pelo regime de metas de

inflação. Segundo as expectativas do mercado, estima-se que a inflação em 2003 fique

ligeiramente acima de 4%, ponto central das metas oficiais.

4. O desempenho do balanço de pagamentos continuou a se fortalecer no primeiro semestre do

ano. A conta corrente registrou déficit de US$ 8,3 bilhões nos primeiros seis meses de

2002, bem abaixo do déficit de US$ 13,3 bilhões verificado durante o mesmo período do

ano passado, refletindo sobretudo a melhora de US$ 2,7 bilhões na balança comercial, a

forte recuperação dos serviços não fatores e a queda na remessa de lucros e no pagamento de

juros. A balança comercial, em particular, registrou superávit de US$ 1,2 bilhão em julho e

superávit acumulado de US$ 3,8 bilhões de janeiro a julho, em comparação com apenas

US$ 36 milhões de superávit no mesmo período do ano passado. O déficit em conta corrente

acumulado em doze meses atingiu US$ 18,1 bilhões em junho, o nível mais baixo desde

setembro de 1996. O investimento direto estrangeiro (IDE) somou US$ 9,6 bilhões nos

primeiros seis meses do ano, cifra praticamente idêntica à registrada em igual período de

2001, e o IDE acumulado em doze meses continua a superar com folga o déficit em conta

corrente acumulado em doze meses.

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5. Entretanto, o acesso do Brasil aos mercados internacionais de capital, que já havia se

tornado mais restrito durante o segundo trimestre, sofreu fortes abalos em julho. As taxas de

rolagem da dívida de médio e longo prazos caíram acentuadamente, refletindo a maior

preocupação com a política interna e a deterioração substancial do cenário econômico

mundial. Além disso, o IDE declinou para cerca de US$ 1,0 bilhão em julho, bem abaixo da

média mensal de US$ 1,6 bilhão registrada no primeiro semestre do ano, e a parcela de IDE

relativa a novos fluxos de recursos (em lugar de conversão de dívida) teve contração ainda

mais acentuada. Embora a taxa média de rolagem das linhas de crédito interbancário tenha

sido de 93% nas quatro semanas até 16 de agosto, isso se deve em parte à conversão de

créditos comerciais de prazo mais longo em linhas de crédito de curto prazo. As reservas

internacionais brutas passaram de US$ 35,9 bilhões no fim de 2001 para US$ 42,0 bilhões

no fim de junho, em parte refletindo saques líquidos de recursos do Fundo, mas recuaram

US$ 3,0 bilhões no fim de julho. As reservas internacionais líquidas (RIL), conforme

definidas no âmbito do programa, montavam a US$ 23,6 bilhões no fim de julho,

US$ 8,6 bilhões acima do piso estabelecido pelo programa anterior para aquela data.

6. A dívida externa decresceu US$ 2,8 bilhões em abril de 2002, alcançando US$ 208 bilhões

(40,6% do PIB) ao final desse mês. A dívida de médio e longo prazo representava

US$ 179 bilhões desse total e o restante correspondia à dívida de curto prazo. Cerca de 45%

da dívida externa era detida pelo setor público não financeiro e o restante, pelo setor privado

e pelo setor público financeiro.

7. O desempenho fiscal do Brasil melhorou significativamente no segundo trimestre de 2002.

O setor público consolidado registrou superávit primário acumulado de 4,7% do PIB do

período (R$ 28,9 bilhões) no primeiro semestre de 2002, quase R$ 4 bilhões acima do

critério de desempenho estabelecido pelo programa para o fim de junho. Como resultado

desse sólido desempenho, a necessidade de financiamento do setor público (NFSP) —

medida em base harmonizada, que exclui o impacto das variações causadas pela taxa de

câmbio no valor do estoque da dívida acumulada e não paga durante o período de referência

— caiu 0,8% do PIB relativamente ao fim de 2001, para 2,8% do PIB (R$ 17,4 bilhões) no

fim de junho. Contudo, o real sofreu forte depreciação no período e a dívida líquida do

setor público subiu de 53,3% do PIB no fim de 2001 para 58,6% do PIB no fim de junho,

superando o teto da meta indicativa estabelecida pelo programa do FMI para o fim de junho.

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8. O governo central e os governos estaduais e municipais continuaram a registrar superávits

primários elevados. O governo central registrou superávit primário de 3,4% do PIB do

período no primeiro semestre de 2002, praticamente igual ao verificado no mesmo período

de 2001, com o pagamento de obrigações relativas ao imposto de renda dos fundos de

pensão e outras arrecadações não recorrentes compensando as perdas de receita resultantes

do desaquecimento da atividade econômica. O superávit primário dos estados e municípios

correspondeu a 1,1% do PIB, comparável ao alcançado no mesmo período de 2001.

O desempenho das receitas continua alinhado com o programa em todas as esferas de

governo e a contenção de despesas se mantém firme. O desempenho das empresas públicas

— que havia sido mais fraco no primeiro trimestre em virtude do impacto da redução dos

preços internacionais do petróleo sobre as receitas da Petrobrás e de despesas não

recorrentes — melhorou sensivelmente no segundo trimestre. As empresas públicas

registraram superávit de 0,2% do PIB no primeiro semestre de 2002, revertendo os elevados

déficits acumulados no primeiro trimestre.

9. Tendo em vista a deterioração do ambiente econômico, o governo anunciou em junho

elevação em 0,25% do PIB da meta de superávit primário do setor público consolidado,

para 3,75% do PIB em 2002–03. O Congresso aprovou a prorrogação da Contribuição

Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), cujo prazo de vigência se encerraria em

17 de junho de 2002. A emenda constitucional aprovada isentou as transações no mercado

de ações e dispensou a exigência do prazo de 90 dias após a publicação da lei para que se

reiniciasse a cobrança desse tributo, evitando-se assim perdas de receita do Tesouro

Nacional. Em conformidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal, um novo decreto de

execução orçamentária foi expedido em 23 de julho com o propósito efetivo de cortar

R$ 4 bilhões em despesas federais relativas aos tetos estabelecidos no decreto de execução

orçamentária expedido em 8 de fevereiro. Esses cortes visam compensar a revisão para cima

de outras categorias de gastos, incluindo a previsão de aumento de R$ 0,9 bilhão do déficit

do sistema de previdência social correspondente ao impacto da alta da inflação sobre o valor

médio dos benefícios, bem como a queda de cerca de R$ 3,5 bilhões nas receitas resultante

da desaceleração da recuperação econômica.

10. O aumento da volatilidade dos mercados nas últimas semanas tem afetado a gestão da

dívida. O prazo médio de vencimento da dívida mobiliária pública caiu de 25 meses no fim

de 2001 para aproximadamente 22 meses no fim de junho, após alongamento substancial em

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2001. Contudo, a duração tem permanecido razoavelmente estável, na casa de 10½–11

meses desde o fim de 2001. A proporção da dívida mobiliária pública de curto prazo,

definida como o estoque da dívida com vencimento inferior a 12 meses, subiu de ¼ no fim

de 2001 para ¤ do estoque da dívida mobiliária pública , mas permanece baixa em

comparação com padrões históricos. A proporção dos títulos indexados à taxa de câmbio

no estoque total da dívida se mantém estável na casa de 29,5%–30% na média de 2002

(cerca de R$ 195 bilhões) e permanece abaixo do pico de 33% alcançado em outubro de

2001. Ademais, considerando a emissão de diferentes modalidades de swaps cambiais pelo

BCB (desde a implementação, ao final de março, de um novo mecanismo que separa o

componente de seguro cambial da dívida subjacente em moeda nacional), a exposição

líquida do BCB nestas modalidades à variação cambial situava-se próxima a R$ 21 bilhões

no fim de junho.

11. Tendo em vista a persistente alta da inflação em 2002, em virtude de uma série de choques

econômicos e financeiros adversos nos últimos 18 meses, e o conseqüente efeito do carry-

over sobre a inflação de 2003, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu em junho

elevar em ½ ponto percentual a meta de inflação para o fim de 2003, que passa a ser de

4%. Levando em consideração a magnitude e a freqüência dos choques que têm afetado a

economia brasileira nos últimos anos, o CMN também decidiu ampliar em ½ ponto

percentual, para +/– 2½ pontos percentuais, o intervalo de variação em torno da meta

central. Percebendo que os aumentos dos preços não administrados e as pressões sobre a

demanda agregada foram mantidos sob controle e que a inflação projetada ficou

significativamente abaixo do ponto central de sua meta de inflação para o fim de 2003, o

BCB reduziu em julho sua taxa básica de juros (SELIC) em 50 pontos-base para 18%.

Em sua reunião de agosto, o Comitê de Política Monetária do BCB manteve a SELIC em

18% com viés de baixa.

12. O sistema bancário continua saudável depois de ter sido submetido a inúmeros testes

de estresse nos últimos anos e reagido muito bem. Em março, a relação entre as reservas

de capital e os ativos ponderados pelo risco era de 17,1% e, com exceção de dois bancos de

pequeno porte, todas as instituições estavam acima do coeficiente mínimo de capital

requerido, de 11%. Embora tenham sido menores do que os do primeiro trimestre de 2001,

os lucros foram compatíveis com a média registrada nos últimos três anos. Em junho, os

spreads médios dos bancos recuaram 3,2 pontos percentuais, para 37,1%. A concessão de

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novos créditos bancários cresceu 3,1% em junho relativamente ao mesmo período do ano

anterior, refletindo a substituição do crédito externo pelo crédito interno às firmas, em

virtude da contração da conta de capital. A proporção de empréstimos vencidos há mais de

120 dias caiu ligeiramente, de 6,7% no fim de março para 6,0% no fim de junho. Entretanto,

o total das provisões bancárias atingiu R$ 25,6 bilhões no fim de junho, satisfazendo

plenamente os requisitos mínimos de aprovisionamento. Em relação ao ano passado, o lucro

dos bancos deverá permanecer pressionado no restante do ano pela queda dos preços dos

títulos, pela desaceleração do crescimento do crédito e pelo aumento do aprovisionamento

obrigatório. O BCB colocou em prática outras medidas no âmbito de sua política para

aumentar a transparência e eficiência de seus sistemas de controle, contabilidade,

informação de dados e auditoria. Está se preparando para adotar práticas contábeis aceitas

internacionalmente na elaboração de suas demonstrações financeiras. O BCB também está

reavaliando seu setor de auditoria interna no que se refere a pessoal e necessidades de

treinamento e está preparando metodologia e manuais visando a realização de auditorias sob

uma perspectiva de risco. Ademais, deverá concluir até 30 de setembro de 2002 a execução

de uma auditoria interna reforçada nas funções e sistemas de gestão das reservas.

II. Políticas e Perspectivas para o restante de 2002 e 2003

1. Apesar da manutenção de políticas macroeconômicas sólidas, a incerteza quanto à

orientação da política após as eleições deste ano e o agravamento do cenário internacional

levaram a uma significativa deterioração das variáveis do mercado financeiro, o que ameaça

a gestão da dívida pública e pressiona a conta de capital do balanço de pagamentos. Esses

fatores, por sua vez, contribuíram para uma desaceleração do crescimento econômico no

segundo trimestre do ano corrente. Para fazer frente a esses acontecimentos, o governo está

empenhado em reforçar ainda mais suas políticas em 2002, promover reformas estruturais

adicionais para aperfeiçoar o arcabouço institucional e firmar um novo Acordo Stand-By

com o FMI para dissipar as preocupações quanto à orientação das políticas

macroeconômicas após a transição de governo.

2. O cenário macroeconômico para 2002 e 2003 se baseia em pressupostos conservadores de

crescimento real do PIB, de 1,5% em 2002 e de 2,5% a 3,5% em 2003. No tocante ao

balanço de pagamentos, as projeções também são conservadoras. O superávit comercial

externo deve alcançar US$ 6,0 bilhões em 2002 e US$ 8,0 bilhões em 2003, em parte como

resultado da depreciação do real ocorrida no segundo trimestre deste ano. Como reflexo da

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elevação do superávit comercial, estima-se que o déficit em conta corrente recue de

US$23,2 bilhões em 2001 para cerca de US$18,5 bilhões em 2002 e US$17 bilhões em

2003.Nessa mesma perspectiva, o IDE será suficiente para financiar uma parcela substancial

do déficit em conta corrente neste e no próximo ano.

3. O governo continua a reforçar as finanças públicas mediante a elevação da meta anual do

superávit primário do setor público consolidado para quase 3,9% do PIB em 2002.

A elevação dessa meta será possibilitada pelo controle dos gastos públicos e pela

arrecadação prevista de receitas não recorrentes no segundo semestre do ano. Além disso, a

projeção do superávit primário para o período julho de 2002–junho de 2003 é de

aproximadamente 3,9% do PIB. A meta de 3,75% do PIB exigida pela Lei de Diretrizes

Orçamentárias para o próximo ano será mantida como meta mínima para 2003. A Lei

Orçamentária de 2003 confirmará essa meta e será submetida ao Congresso para aprovação

até 31 de agosto. O governo também considera que é preciso observar metas de pelo menos

3,75% do PIB para o superávit primário, tanto em 2004 como em 2005, para manter

trajetória declinante da relação dívida/PIB, com base em pressupostos conservadores.

Considera ainda que essas metas devem ser incorporadas à Lei de Diretrizes Orçamentárias

de 2004. Estima-se que os governos estaduais e municipais e as empresas públicas

continuem a contribuir para a consecução da meta de superávit primário consolidado, e as

projeções do governo central apontam um superávit primário de 2,25% do PIB em 2003.

O governo central mantém seu compromisso de compensar quaisquer desvios em outras

áreas do setor público mediante o aumento de seu próprio superávit primário.

O fortalecimento da disciplina fiscal nos últimos anos, sobretudo com a promulgação da Lei

de Responsabilidade Fiscal (LRF) e a contínua observância dos acordos de reestruturação da

dívida firmados entre os governos estaduais e municipais e o Tesouro Nacional, ajudou a

estender os esforços de consolidação fiscal do governo central a todos os elementos do setor

público.

4. Em linha com a elevação da meta de superávit primário, projeta-se que a dívida líquida do

setor público se estabilize em torno de 59% do PIB em 2002. A dinâmica da dívida é

sensível a mudanças nas variáveis macroeconômicas, sobretudo na taxa de câmbio real, na

taxa de juros real e na taxa de crescimento real do PIB. Uma depreciação significativa e

permanente da taxa de câmbio real, a manutenção de altas taxas de juros reais ou uma

recuperação da economia muito mais lenta do que a projetada implicariam a necessidade de

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um superávit primário mais elevado para estabilizar a relação dívida/PIB em 2003 e para

colocá-la numa trajetória declinante a médio prazo. Assim, a meta de superávit primário em

2003 será revista durante cada uma das quatro avaliações do acordo (novembro de 2002,

fevereiro de 2003, maio de 2003 e agosto de 2003), levando em consideração a relação

dívida/PIB, as condições macroeconômicas vigentes (em particular a taxa de câmbio real, as

taxas de juros reais e o crescimento real do PIB) e as perspectivas a médio prazo. A

conclusão dessas avaliações somente ocorrerá quando o governo brasileiro e o Fundo

chegarem a um acordo quanto à trajetória das metas de superávit primário para o período

restante do programa.

5. O recente aumento do estoque da dívida pública tem exigido continuada cautela na sua

gestão, levando o governo a adotar uma estratégia de gestão em três frentes, se as condições

do mercado assim o permitem. A estratégia consiste em reduzir progressivamente a

proporção de títulos indexados à taxa de câmbio e títulos pós-fixados no estoque da dívida,

alongar o perfil médio de vencimento de novas emissões de forma a reduzir ainda mais o

volume de dívida de curto prazo e limitar gradualmente a exposição cambial do governo

(incluindo o BCB).

6. O governo se compromete a avançar no cumprimento de sua agenda legislativa no restante

de 2002. No setor financeiro, o governo buscará a aprovação do projeto que altera o Artigo

192 da Constituição. Isso permitiria ao próximo governo submeter ao Congresso uma

proposta de autonomia operacional do BCB. Na área fiscal, o governo buscará a aprovação

de legislação para: (i) criar fundos de aposentadoria complementar para os servidores

públicos e cobrar contribuições previdenciárias dos servidores inativos e (ii) definir as

carreiras para as quais os servidores públicos podem ser contratados pelo regime de

previdência do setor privado.

7. O governo reconhece a necessidade de reformar o sistema tributário federal e está

comprometido a trabalhar para que seja aprovada a legislação que transforma o PIS de um

imposto sobre o faturamento num imposto de valor agregado (IVA). O êxito na

implementação dessa medida, de forma que não afete a receita, assentará as bases para a

futura substituição da COFINS, cuja arrecadação é maior, por um IVA federal em 2003.

Reconhece-se que a concorrência tributária entre as jurisdições estaduais tem enfraquecido a

arrecadação do ICMS, e o governo federal espera colaborar com os estados para harmonizar

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a legislação desse imposto. Uma proposta de emenda constitucional, com essa finalidade, já

foi encaminhada ao Congresso em meados de 2001. Além disso, devem ser considerados

num futuro próximo a prorrogação da Desvinculação de Recursos da União (DRU), que

vence no fim de 2003, e o aumento da parcela de desvinculação, que atualmente é de 20%.

Como as receitas disponibilizadas pela DRU estão livres de vinculação, essas mudanças

seriam o passo inicial para aumentar a flexibilidade do orçamento do governo central.

8. O governo propõe a criação de um fator de ajuste da meta de superávit primário, conforme

definido no MTE anexo. Uma versão diferente do fator de ajuste foi adotada à época da

terceira avaliação do Acordo Stand-By com o FMI de forma a refletir o fato de que a

despesa de investimento das empresas do setor público administradas em base comercial

cria ativos com valor financeiro e, portanto, não reduz o patrimônio do setor público nem

põe em risco a sustentabilidade das finanças do setor ao longo do tempo. Como reflexo da

intenção de usar essa flexibilidade apenas para incrementar o investimento, a meta de

superávit primário do setor público consolidado será reduzida pelo valor da despesa de

investimento efetiva da Petrobrás que exceder o nível estabelecido no programa. Esse fator

de ajuste entrará em vigor no início de 2003.

9. A política monetária no Brasil continuará a seguir uma orientação prospectiva de forma a

garantir a convergência da inflação para as metas anunciadas, dentro de um horizonte

temporal adequado. O BCB continuará a ajustar suas políticas frente a choques adversos de

oferta ou externos para trazer a inflação de volta à trajetória consistente com as metas em

prazo compatível com as defasagens da política monetária e a magnitude e natureza dos

choques. A função de reação do BCB é simétrica e leva em conta a natureza e a persistência

dos choques que afetam a economia. Sempre que houver choque de demanda, as condições

monetárias serão ajustadas para que a inflação volte à trajetória anterior ao choque; se

houver choque adverso de oferta, o BCB permitirá o aumento inicial do nível dos preços,

enquanto combate seus efeitos secundários para garantir que as oscilações dos preços

relativos permaneçam sob controle.

10. As pressões inflacionárias se intensificaram com a depreciação do real, o que se traduziu

em aumentos mais freqüentes e acima do esperado dos preços administrados, sobretudo no

caso dos derivados do petróleo, que tiveram os preços liberados no mercado interno neste

ano. Segundo a atual projeção do BCB, os preços administrados pelo governo ou definidos

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por contrato devem subir 8,4% em 2002, provocando aumento acima do esperado, de

2,6 pontos percentuais, na inflação de 2002. As projeções para a inflação continuarão a ser

analisadas durante as avaliações do programa e o BCB manterá o intercâmbio de

informações com o corpo técnico do FMI sobre a evolução da política monetária, prestando

esclarecimentos sobre a fundamentação econômica e técnica de suas decisões de política.

O BCB está pronto para reagir às variações na inflação projetada a fim de alcançar a

convergência para as metas de inflação dentro do horizonte temporal adequado.

11. A experiência deste e de anos anteriores confirma a importância do regime de taxa de

câmbio flutuante para ajudar a economia a reagir a choques. Entretanto, a magnitude e o

alcance dos recentes choques exigiram que o BCB interviesse no mercado para reduzir parte

da pressão sobre a taxa de câmbio. No caso de a intervenção atingir o valor acumulado de

U$ 3,0 bilhões num período de 30 dias consecutivos, será iniciado amplo diálogo com o

corpo técnico do FMI sobre as políticas monetárias e de intervenção. Nesse caso, o BCB já

indicou que não abrandará as condições monetárias.

12. O BCB e o Tesouro Nacional não irão elevar sua exposição cambial líquida (quer seja pelo

aumento do estoque de dívida indexada à taxa de câmbio, pelo aumento da exposição do

BCB a swaps cambiais ou pela negociação de contratos de derivativos), exceto em

circunstâncias extraordinárias. Se as condições do mercado permitirem, o setor público

buscará reduzir sua exposição cambial por meio da rolagem de um volume inferior a 100%

desses instrumentos à medida que forem vencendo.

13. O fortalecimento do setor bancário alcançado nos últimos anos atendeu de forma satisfatória

às necessidades do país, ajudando a amortecer alguns dos efeitos dos choques internos e

externos. Esse processo incluiu a revitalização dos principais bancos federais, que agora

estão sujeitos às mesmas regras prudenciais aplicadas aos bancos privados. A manutenção

da transparência do orçamento no que tange às condições de concessão de empréstimos

subsidiados pelos bancos federais continuará a ser peça-chave na preservação das conquistas

recém obtidas. O governo continuará a trabalhar no aprimoramento da lei de falências — um

dos fundamentos para que se reduzam os spreads na concessão de empréstimos — da

regulação prudencial (p.ex.: sobre provisões para o risco-país, limites de créditos tributários

e ativos intangíveis, elevação do provisionamento e definição de uma margem de solvência

para as empresas de seguro), visando fortalecer a adequação do capital no sistema

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financeiro. O programa contém diversos parâmetros estruturais relacionados aos constantes

esforços para reforçar a supervisão bancária e a regulamentação prudencial do setor

financeiro.

14. Em resumo, apesar de manter fundamentos econômicos sólidos, a combinação do

agravamento do cenário internacional com o aumento da incerteza entre os investidores

quanto à orientação das políticas econômicas no futuro levou à deterioração das variáveis do

mercado financeiro nos últimos meses. A austeridade das políticas fiscais, a manutenção da

disciplina nas políticas monetárias e o fortalecimento da agenda de reformas estruturais

descritos neste MPE, juntamente com um novo Acordo Stand-By com o Fundo, visam

garantir a estabilidade econômica e proporcionar um arcabouço para a continuidade das

principais políticas macroeconômicas no ano vindouro. Além das medidas descritas neste

MPE, o governo está decidido a ajustar suas políticas na medida necessária para garantir a

consecução dos objetivos de seu programa econômico e conta com a continuação do diálogo

franco e construtivo que mantém com o Fundo.

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5. Memorando Técnico de Entendimento

1. Este Memorando Técnico de Entendimento (MTE) define os critérios de desempenho (CDs), as

metas indicativas (MIs), os parâmetros estruturais (PEs) e os pressupostos que serão aplicados no

âmbito do Acordo Stand-By para o restante de 2002 e para ano de 2003. I. PROGRAMAÇÃO DOS DESEMBOLSOS E REVISÕES DO ACORDO

2. A programação geral dos desembolsos e revisões do acordo para o restante de 2002 e para o ano

de 2003 consta do Quadro 1 abaixo. Quadro 1. Brasil: Programação dos Desembolsos e Revisões do Acordo Valores disponíveis Datas iniciais Condições e observações e fontes de disponibilidade (Em milhões de DES) 1 141,056 das PCs 1/ 6 de setembro de 2002 Aprovação do acordo stand-by. 1 141,056 do SRF 2/ 1 141,056 das PCs 6 de dezembro de 2002 Conclusão da primeira avaliação e cumprimento dos CDs 1 141,056 do SRF pertinentes previstos no acordo (fim de setembro de

2002). 1 520,913 das PCs 7 de março de 2003 Conclusão da segunda avaliação e cumprimento dos CDs 1 520,913 do SRF CDs pertinentes previstos no acordo (fim de dezembro de

2002). 4 265,514 das PCs 6 de junho de 2003 Conclusão da terceira avaliação e cumprimento dos CDs 2 285,258 do SRF pertinentes previstos no acordo (fim de março de 2003). 1 521,408 das PCs 8 de agosto de 2003 Conclusão da quarta avaliação e cumprimento dos CDs 1 521,408 do SRF pertinentes previstos no acordo (fim de junho de 2003).

5 621,482 das PCs 7 de novembro de 2003 Conclusão da quinta avaliação e cumprimento dos CDs

pertinentes previstos no acordo (fim de setembro de 2003).

___________________________ 200205617 Tradução do inglês 1/ PCs: Parcelas de crédito no FMI. 2/ SRF: Programa de Financiamento de Reserva Suplementar.

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II. METAS QUANTITATIVAS A. Metas Fiscais i) Critério de desempenho para o resultado primário do setor público consolidado 1/

Piso 2/

(em bilhões de R$) Resultado primário do setor público consolidado, acumulado no exercício 1o de janeiro de 2002–30 de junho de 2002 (dados efetivos) 1/ 28,9 1o de janeiro de 2002–30 de setembro de 2002 (critérios de desempenho) 41,0 1o de janeiro de 2002–31 de dezembro de 2002 (critérios de desempenho) 50,3 1o de janeiro de 2003–31 de março de 2003 (critérios de desempenho) 3/ 13,8 1o de janeiro de 2003–30 de junho de 2003 (critério de desempenho) 3/ 31,4 1o de janeiro de 2003–30 de setembro de 2003 (meta indicativa) 3/ 4/ 41,9 1/ Conforme definido abaixo. Considerando que a dinâmica da dívida é sensível às variações do cenário macroeconômico, sobretudo às variações da taxa de câmbio real, da taxa de juros real e do crescimento real do PIB, a meta para o resultado primário será reconsiderada a cada avaliação. Haver entendimentos sobre o nível adequado do resultado primário para 2003 é uma condição para a conclusão de cada uma das quatro primeiras avaliações previstas no acordo. 2/ Superávit primário acumulado mínimo do setor público consolidado. 3/ Em 31 de março, 30 de junho e 30 de setembro de 2003, o piso será ajustado para baixo por um montante igual ao investimento da Petrobras que exceder o nível programado de investimento conforme especificado no Quadro 2. 4/ Critério de desempenho a ser definido quando da segunda avaliação do acordo. 3. O resultado primário acumulado do setor público consolidado é definido como a soma dos

resultados primários acumulados das diversas entidades que compõem o setor público. O setor

público é definido como o governo central, os governos estaduais e municipais e as empresas

públicas (federais, estaduais e municipais); o governo central compreende o governo federal, o

sistema de previdência social e o Banco Central do Brasil (BCB).

4. Para qualquer mês, o resultado primário do setor público consolidado corresponde, em reais (R$),

ao total dos juros líquidos (isto é, os juros líquidos pagos sobre a dívida interna líquida consolidada

do setor público mais os juros líquidos devidos - competência contratual) sobre a dívida externa

líquida do setor público - menos as necessidades de financiamento do setor público consolidado,

correspondendo o setor público à definição acima. Para os títulos governamentais indexados à taxa

de câmbio, a taxa de juros é a variação percentual acumulada da taxa de câmbio do dólar americano

frente ao real mais a taxa de juros fixa (taxa de cupom). Essa taxa de juros fixa (cupom) se aplica ao

valor nominal do título, reajustado pela variação do dólar em relação ao real desde a data de

emissão até a data em questão. Para qualquer mês, as necessidades de financiamento do setor

público consolidado — medidas em base harmonizada — são definidas como a variação da dívida

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interna nominal líquida mais a variação da dívida externa líquida, convertida em reais à taxa de

câmbio R$/US$ média observada no período,1 menos o impacto das variações causadas pela taxa de

câmbio no valor do estoque da dívida líquida acumulada e não paga durante o período de

referência.2 Ao resultado desse cálculo somam-se as receitas de privatização do período e subtraem-

se os valores correspondentes ao reconhecimento, no período, de passivos não registrados. O

resultado primário acumulado a partir de 1o de janeiro de um determinado ano até a data em

questão do mesmo ano é a soma dos resultados primários mensais do setor público consolidado

nesse período.

ii) Meta indicativa para a dívida líquida do setor público consolidado 1/

Teto 2/

(em bilhões de R$) Dívida líquida total do setor público consolidado Fim de junho de 2002 (dados efetivos) 750 Fim de setembro de 2002 (meta indicativa) 810 Fim de dezembro de 2002 (meta indicativa) 830 Fim de março de 2003 (meta indicativa) 3/ 835 Fim de junho de 2003 (meta indicativa) 3/ 850 Fim de setembro de 2003 (meta indicativa) 3/ 860 1/ O setor público é definido conforme consta acima; a dívida líquida inclui a base monetária. 2/ Estoque máximo da dívida líquida total do setor público consolidado. 3/ Para março de 2003, junho de 2003 e setembro de 2003, o teto indicativo será ajustado para cima por um montante igual ao investimento da Petrobras que exceder o nível programado de investimento conforme especificado no Quadro 2. 5. A dívida líquida total do setor público consolidado é igual à dívida bruta do setor público

(incluindo a base monetária) menos os ativos financeiros do setor público; é definida como a soma

da dívida interna líquida registrada mais a dívida externa líquida registrada (expressas em reais) do

governo central, dos governos estaduais e municipais e das empresas públicas (federais, estaduais e

municipais), definindo-se o governo central como anteriormente. 6. A dívida líquida total do setor público consolidado é medida pelo conceito de competência

(incluindo os juros acumulados) para o componente interno da dívida e pelo conceito de

competência contratual (juros devidos) para o componente externo da dívida. O estoque da dívida

externa e da dívida interna com indexação cambial é contabilizado à taxa de câmbio R$/US$

vigente no fim de cada período.

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7. O governo central continuará a incluir em sua dívida registrada passivos não registrados que se

encontram atualmente pendentes. Os tetos indicados acima para a dívida líquida total do setor

público consolidado baseiam-se na trajetória projetada das receitas de privatização (aqui definidas

como excluindo as receitas de concessões) e no reconhecimento dos passivos não registrados que

constam do Quadro 2, abaixo. Esses tetos serão ajustados para menos (ou para mais) conforme as

receitas de privatização excedam (ou não alcancem) os valores constantes do Quadro 2, abaixo; eles

serão ajustados para mais (ou para menos) conforme o reconhecimento dos passivos não registrados

exceda (ou não alcance) os valores constantes do Quadro 2, mais adiante.

B. Metas do Setor Externo i) Critério de desempenho para a dívida externa do setor público não financeiro 1/

Teto (em bilhões de US$)

Estoque da dívida externa total do setor público não financeiro em: Fim de junho de 2002 (dados efetivos) 90,5 Fim de setembro de 2002 (critério de desempenho) 97,6 Fim de dezembro de 2002 (critério de desempenho) 96,5 Fim de março de 2003 (critério de desempenho) 95,6 Fim de junho de 2003 (critério de desempenho) 95,2 Fim de setembro de 2003 (meta indicativa) 2/ 94,9 1/ Os dados deste quadro se aplicam ao total da dívida externa desembolsada e pendente do setor público não financeiro. O setor público não financeiro compreende os governos federal, estaduais e municipais, as empresas públicas e o sistema de previdência social. As eventuais responsabilidades para com o FMI não se incluem no estoque da dívida. 2/ Critério de desempenho a ser definido quando da segunda avaliação do acordo. 8. Para qualquer trimestre, o estoque da dívida3 desembolsada e pendente é definido como o estoque

da dívida desembolsada e pendente no fim do trimestre anterior mais os desembolsos brutos

efetuados durante o trimestre em questão menos os pagamentos brutos de amortização efetuados

durante o trimestre em questão.

9. Os limites acima mencionados serão ajustados para mais em função de qualquer novo

endividamento externo contraído visando a realização de reembolso antecipado voluntário junto ao

FMI.

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ii) Critério de desempenho para a dívida externa do setor privado com garantia pública 1/

Teto 2/

(em bilhões de US$) Estoque da dívida externa pendente com garantia pública em: Fim de junho de 2002 (dados efetivos) 0,4 Fim de setembro de 2002 (critério de desempenho) 1,6 Fim de dezembro de 2002 (critério de desempenho) 1,6 Fim de março de 2003 (critério de desempenho) 1,6 Fim de junho de 2003 (critério de desempenho) 1,6 Fim de setembro de 2003 (meta indicativa) 3/ 1,6 1/ O limite se aplica a toda a dívida externa privada garantida pelo setor público. O setor público compreende o setor público não financeiro (conforme definido acima), o BCB e o setor público financeiro. 2/ Estes tetos serão ajustados para mais pelo montante da dívida externa com garantia pública que for efetivamente transferido para o setor privado, ou assumido pelo setor privado, no contexto da privatização de empresas públicas. 3/ Critério de desempenho quando da segunda avaliação do acordo. 10. Para qualquer trimestre, o estoque da dívida externa garantida pelo setor público é definido

como o estoque da dívida externa garantida pelo setor público pendente no fim do trimestre anterior

mais o acréscimo líquido da dívida externa garantida pelo setor público durante o trimestre em

questão.

iii) Critério de desempenho para a dívida externa de curto prazo do setor público não financeiro 1/

Teto

(em bilhões de US$) Estoque do total da dívida externa de curto prazo do setor público não financeiro em: Fim de junho de 2002 (dados efetivos) 0,1 Fim de setembro de 2002 (critério de desempenho) 3,5 Fim de dezembro de 2002 (critério de desempenho) 3,5 Fim de março de 2003 (critério de desempenho) 3,5 Fim de junho de 2003 (critério de desempenho) 3,5 Fim de setembro de 2003 (meta indicativa) 2/ 3,5 1/ As cifras deste quadro se aplicam a toda a dívida externa (desembolsada e pendente) do setor público não financeiro com vencimento original estritamente inferior a um ano. O setor público não financeiro compreende os governos federal, estaduais e municipais, as empresas públicas e o sistema de previdência social. Excluem-se quaisquer passivos devidos ao FMI. 2/ Critério de desempenho a ser definido quando da segunda avaliação do acordo.

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11. A dívida de curto prazo4 é definida como toda a dívida com vencimento original estritamente

inferior a um ano. Para qualquer trimestre, o estoque da dívida externa de curto prazo

(desembolsada e pendente), é definido como o estoque da dívida externa de curto prazo

(desembolsada e pendente) ao fim do trimestre anterior mais os fluxos líquidos relativos aos

desembolsos e amortizações da dívida de curto prazo efetuados durante o trimestre em questão.

12. Os limites apresentados acima serão ajustados para mais em função de qualquer novo

endividamento externo contraído visando à realização de reembolso antecipado voluntário junto ao

FMI. iv) Critério de desempenho para as reservas internacionais líquidas (RILs) no BCB 1/

Piso (em bilhões de US$)

Estoque das reservas internacionais líquidas no BCB em 31 de julho de 2002 2/ 23,5 Fim de setembro de 2002 (critério de desempenho) 5,0 Fim de outubro de 2002 (critério de desempenho) 5,0 Fim de novembro de 2002 (critério de desempenho) 5,0 Fim de dezembro de 2002 (critério de desempenho) 5,0 Fim de janeiro de 2003 (critério de desempenho) 5,0 Fim de fevereiro de 2003 (critério de desempenho) 5,0 Fim de março de 2003 (critério de desempenho) 5,0 Fim de abril de 2003 (critério de desempenho) 5,0 Fim de maio de 2003 (critério de desempenho) 5,0 Fim de junho de 2003 (critério de desempenho) 5,0 Fim de julho de 2003 (critério de desempenho) 5,0 Fim de agosto de 2003 (critério de desempenho) 5,0 Fim de setembro de 2003 (critério de desempenho) 5,0 Fim de outubro de 2003 (critério de desempenho) 5,0 Fim de novembro de 2003 (critério de desempenho) 5,0 1/ As RILs são medidas conforme definição abaixo. 2/ Calculado pelos valores constantes das taxas de câmbio cruzadas e dos preços do ouro especificados no documento EBS/01/36. 13. As RILs no BCB correspondem ao conceito de reservas internacionais líquidas ajustadas do

BCB usado no balanço de pagamentos e compreendem as reservas oficiais brutas menos o passivo

oficial bruto. O aumento dos créditos expressos em moeda estrangeira (à vista ou a termo) pelo

BCB contra residentes ou contra filiais ou subsidiárias estrangeiras de instituições brasileiras,

relativamente aos níveis existentes em 14 de setembro de 2001, não será somado às RILs no BCB.

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14. As reservas oficiais brutas são definidas como as disponibilidades líquidas em moeda

estrangeira junto ao BCB. As reservas oficiais brutas compreendem: i) disponibilidades monetárias;

ii) ouro não comprometido; iii) haveres em DES; iv) posição de reserva no FMI e v) haveres em

instrumentos de renda fixa. Os itens de i) a iv) serão contabilizados pelos preços de fim de período

indicados no Quadro 3 abaixo. O item v) será contabilizado a preços de mercado. As reservas

oficiais brutas não incluirão as quotas de participação em instituições financeiras internacionais, os

haveres em moedas não conversíveis nem os haveres representados por outros metais preciosos que

não o ouro.

15. O passivo externo bruto do setor público compreende: i) as responsabilidades em moeda

estrangeira com vencimento original de um ano ou menos; ii) a utilização de recursos do FMI e iii)

a eventual posição cambial líquida devedora — definida como a diferença entre a posição vendida e

a posição comprada — contraída diretamente pelo BCB ou por qualquer outra instituição financeira

atuando em nome do BCB. Os itens de i) a iii) serão contabilizados pelos preços indicados no

Quadro 3 abaixo.

v) Critério de desempenho para a exposição do BCB e do Tesouro nos mercados de

derivativos.

16. O BCB e o Tesouro Nacional continuarão a se abster de negociar contratos de futuros, a termo e

outros derivativos (envolvendo reais frente a moedas estrangeiras) que aumentem a exposição

cambial sem afetar o nível das reservas internacionais líquidas, quer diretamente, quer por

intermédio de qualquer instituição atuando como seu agente financeiro. Este é um critério de

desempenho contínuo nos termos do acordo stand-by. Esta limitação não se aplica aos contratos de

futuros, a termo ou outros swaps cambiais e outros derivativos (sujeitos a consulta prévia ao corpo

técnico do FMI) emitidos pelo BCB ou pelo Tesouro Nacional, quer diretamente, quer por

intermédio de qualquer instituição atuando como seu agente financeiro, referentes às transações

destinadas à rolagem dos instrumentos de dívida existentes indexados à taxa de câmbio e swaps

cambiais desde o fim de março de 2002.

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C. Metas Monetárias i) Mecanismo de consulta sobre a taxa de inflação de 12 meses As bandas trimestrais de consulta para a taxa de inflação de 12 meses dos preços ao consumidor

(medida pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA) são as

seguintes: Bandas de consulta para a taxa de variação do IPCA em 12 meses (em percentagem)

Setembro Dezembro Março Junho 2002 2002 2003 2003 2003

Banda larga (limite superior) 10,5 9,0 8,5 8,0 7,5 Banda estreita (limite superior) 9,0 7,5 7,0 6,5 6,0 Projeção central 8,0 6,5 6,0 5,5 5,0 Banda estreita (limite inferior) 7,0 5,5 5,0 4,5 4,0 Banda larga (limite inferior) 5,5 4,0 3,5 3,0 2,5 17. As perspectivas da inflação constituirão um tópico relevante de cada avaliação do acordo. Além

disso, caso a variação de 12 meses do IPCA exceda o limite superior da banda estreita indicada no

quadro acima, o BCB discutirá com o corpo técnico do FMI as medidas de política apropriadas a

serem adotadas. Se a variação de 12 meses do IPCA exceder o limite superior da banda larga

indicada acima, as autoridades brasileiras consultarão a Diretoria Executiva do FMI a respeito das

medidas corretivas propostas, antes de solicitar novos desembolsos no âmbito do acordo. III. PARÂMETROS ESTRUTURAIS E ESTATÍSTICOS A. Critérios de Desempenho Estrutural Até o fim de dezembro de 2002

• Edição de medida legislativa que transforme a contribuição social para o Programa de Integração Social (PIS) em um imposto sobre o valor agregado (IVA), como primeiro passo rumo à conversão da COFINS em um IVA, após um período de aproximadamente 12 meses de observação do funcionamento do novo sistema .

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B. Parâmetros Estruturais Até o fim de setembro de 2002

• Desenvolvimento de um conjunto simplificado de indicadores, a partir dos dados contábeis

atualmente informados ao Departamento de Supervisão Indireta do BCB, para aferir a

solidez econômica e financeira dos bancos.

• Implementação de uma avaliação sistemática do nível de risco de crédito dos maiores

tomadores de recursos do sistema financeiro.

• Desenvolvimento de um sistema de monitoramento para informar alterações significativas

em dados contábeis relevantes , tais como: nível e composição de crédito, riscos de carteira

de crédito e diversificação de riscos.

• Conclusão da auditoria interna do Banco Central em suas operações e seus sistemas de

gestão de reservas internacionais.

Até o fim de dezembro de 2002

• Apresentação de legislação ao Congresso Nacional dispondo sobre a criação de fundos de

pensão complementar para os servidores públicos federais após a aprovação da legislação

pertinente.

• Progressos adicionais com relação aos leilões dos quatro bancos estaduais federalizados

restantes.

• Conclusão da revisão das diferenças entre as práticas internacionalmente aceitas e aquelas

adotadas no Brasil para o uso de auditores externos independentes, a fim de avaliar a

conveniência de implementar tais práticas internacionais.

• Conclusão da atualização da regulamentação existente relativa a autorização para

funcionamento de instituições financeiras, incluindo a adoção de uma abordagem de

estágios múltiplos para o processo de autorização ; a introdução de exigência para que as

empresas apresentem planos operacionais detalhados antes da concessão de autorização,

incluindo informações sobre a estrutura e organização da empresa, controles internos e

governança corporativa e a exigência de que o processo de autorização inclua considerações

sobre o impacto da instituição financeira a ser criada sobre a concentração de mercado e a

concorrência.

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• Desenvolvimento de um conjunto simplificado de indicadores, a partir dos dados contábeis

atualmente informados ao Departamento de Supervisão Indireta do BCB, para aferir a

solidez econômica e financeira das instituições financeiras não bancárias.

• Desenvolvimento de um sistema de monitoramento com a finalidade de verificar a qualidade

dos dados contábeis apresentados ao Departamento de Gestão de Informações do Sistema

Financeiro do BCB em termos de consistência e exatidão dos dados.

Até o fim de março de 20035

• Apresentação ao Congresso de legislação para reduzir o grau de vinculação das receitas

federais (líquidas de transferências para estados e municípios).

• Apresentação ao Congresso de legislação para suprir a parte da perda de receita, não

compensada por outras medidas, resultante da redução esperada da CPMF, prevista para

2004.

IV. DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS 18. As autoridades continuarão a fornecer ao corpo técnico do FMI os dados específicos

relacionados a seguir, entre outros:

• Composição das reservas internacionais brutas, pelo conceito de caixa e pelo conceito de

liquidez internacional;

• Nível das reservas internacionais brutas e das reservas internacionais líquidas conforme

definido pelo conceito de reservas internacionais líquidas;

• Posição do BCB de futuros cambiais envolvendo reais, incluindo os valores nocionais dos

contratos de juros em aberto, tanto comprados como vendidos, em cada contrato, para os

quatro meses subseqüentes (diariamente, no dia útil subseqüente, caso a posição seja maior

que zero);

• Saldo dos estoques da dívida federal indexada ao dólar americano, por instrumento,

especificando os valores de leilão (preço de lastro) e os valores nominais atualizados, assim

como informações sobre a rolagem desses instrumentos, indicando o valor de face dos

montantes vincendos e as novas colocações dessa dívida. O BCB deverá fornecer detalhes

sobre o valor de face da dívida vincenda indexada ao dólar americano, nova colocação de

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dívida subjacente expressa em moeda nacional, novas contratações de swaps em moeda

estrangeira e o total do estoque desses swaps;

• As posições do ativo do BCB (posição comprada) e do passivo (posição vendida) de swaps

em moeda estrangeira;

• Dados a serem fornecidos pelo BCB sobre as linhas de crédito externo de instituições

financeiras e a dívida externa de médio e longo prazos de instituições brasileiras não

bancárias;

• Indicadores comerciais e financeiros da Petrobrás (trimestralmente): preços internos médios

ex-refinaria (gasolina e óleo diesel); taxa média de retorno (lucro operacional/capital);

rendimento por ação (ações ordinárias e preferenciais e ADRs em reais); subsídios e

transferências do Tesouro (se for o caso); injeções de capital e empréstimos do Tesouro (se

for o caso); estoque da dívida garantida pelo governo; estoque de impostos em atrasos (se

houver);

• Demonstrativo trimestral devidamente certificado do fluxo de caixa da Petrobrás, incluindo

dados sobre o resultado primário corrente e as despesas com investimento da empresa (em

regime de caixa).

V. PRESSUPOSTOS DO PROGRAMA PARA VARIÁVEIS SELECIONADAS

Os quadros 2 e 3 abaixo definem os pressupostos do programa para algumas variáveis selecionadas.

Quadro 2. Brasil: Pressupostos Básicos para Variáveis Selecionadas (em milhões de R$)

2002 2003 Set Dez Mar Jun Set

Receitas de privatização (acumuladas no ano) 1/ 4 076 6 076 0 79 882 Reconhecimento de passivos anteriores e PROES (acumulados no ano) 16 668 22 146 2 965 5 544 8 847 Investimentos programados da Petrobras 2 647 5 398 7 926 1/ Excluem-se as receitas de concessões.

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Quadro 3. Brasil: Pressupostos para as Taxas de Câmbio Contábeis e Preços do Ouro 1/

Pressupostos do programa Terceiro trimestre de 2002

DES (US$/DES, fim de período) 1,315 Preço do ouro (US$/onça, fim de período) 308 1/ Outras moedas não mencionadas neste quadro serão primeiramente convertidas usando-se a taxa oficial adotada pelo Departamento do Tesouro do Fundo em 29 de agosto de 2002. 1 A dívida expressa em moedas estrangeiras outras que não o dólar americano é primeiramente convertida em US$ às taxas médias observadas no período. 2 O estoque da dívida interna indexada ao dólar é reavaliado ao fim de um dado mês de forma a refletir qualquer variação no valor do real frente ao dólar que tenha ocorrido durante o mês. 3 O termo “dívida” é definido de conformidade com o ponto nº 9 das Normas para Critérios de Desempenho Referentes à Dívida Externa (Decisão nº 12274 - (00/85), de 24 de agosto de 2000). 4 O termo “dívida” é definido de conformidade com o ponto nº 9 das Normas para Critérios de Desempenho Referentes à Dívida Externa (Decisão nº 12274 - (00/85), de 24 de agosto de 2000). 5 Parâmetros estruturais para o restante de 2003 a serem acordados mutuamente à época da segunda e terceira avaliações do acordo.

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