12 jun 2012

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Ano II Número 93 Data 12/06/2012

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AnoII

Número93

Data12/06/2012

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No papel, a audiência pública na Câmara Muni-cipal de Belo Horizonte discutiria os 17 artigos do Projeto de Lei (PL) nº 2.178, apresentado em março deste ano. Na prá-tica, o debate de ontem se limitou ao primeiro artigo, mais especificamente ao seguinte trecho: “Fica ve-dada a venda de animais domésticos no Mercado Central” da capital mi-neira. O tema é polêmico, mas os participantes da reunião foram unânimes: o comércio de bichos em um dos principais pontos turísticos de BH deve ser extinto. Dentro do local, vendedores se defendem, negam que haja maus-tratos e se preparam para enfrentar mais um projeto de lei que ameaça o tra-balho.

Na audiência, fala-ram veterinários e repre-sentantes de entidades e movimentos em defesa dos direitos dos animais. O primeiro artigo do PL proíbe a venda de animais em “estabelecimentos que comercializem produtos alimentícios para o con-sumo humano”, e, para não deixar dúvidas, cita especialmente o mercado. Porém, o texto propos-to pela vereadora Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB) vai além e estabelece re-gras para a venda ou do-ação de animais em todo

o município. Além disso, fixa as condições para o funcionamento de criató-rios, pet shops e clínicas veterinárias.

O projeto está sendo analisado pela Comissão de Legislação e Justiça. Ele precisa passar pelo crivo de quatro comis-sões até chegar ao ple-nário. Maria Lúcia espe-ra que o PL não tenha o mesmo destino de outro, o nº 559 de 2009, que também proibia a venda de animais no mercado e foi rejeitado pelos parla-mentares.

É essa a expectati-va dos militantes pelos direitos dos animais que lotaram ontem a sala da audiência pública. “Co-mércio de alimentos mais comércio de animais: or-gulho ou vergonha para BH?”, questionava uma das faixas coladas na pa-rede. Entre os argumen-tos estão denúncias de maus-tratos e mencionam riscos que a venda acarre-ta para os consumidores. Veterinários disseram que os alimentos vendidos no mercado podem ser con-taminados por micro-or-ganismos causadores de doenças expelidos pelos bichos e difundidos pelo ar. “Entre as doenças mais importantes podemos ci-tar coccidiose, tuberculo-se causada pela bactéria salmonela”, afirmou o

veterinário Luiz Wagner Amorim. “Como o local é quente, o estresse térmi-co faz o animal ficar com o sistema imunológico baleado e produzir com mais intensidade os agen-tes causadores de doenças de que é portador”, disse o também veterinário Gil-son Dias Rodrigues.

OPOSIÇÃO O pre-sidente do Mercado, Ma-coud Patrocínio, esteve na audiência, mas não quis se pronunciar. “Não fomos convidados. Fui lá como cidadão, por isso não quis sentar à mesa.” Ele se opôs à opinião dos veterinários: “Quem mais contamina (o mercado) são os seres humanos, que cospem no chão, fumam, pegam nos alimentos com as mãos sujas”.

Devanir Antônio Ferreira, de 55 anos, que vende animais no estabe-lecimento há quase qua-tro décadas, também se defendeu. “Ninguém aqui judia de animais. Nós vi-vemos deles, se morrer temos prejuízo”, comen-tou. “Minha loja tem qua-tro funcionários, fora eu e meu irmão. Quero saber quem vai arranjar empre-go para essa gente toda se formos impedidos de ven-der animais no Mercado”, comentou o vendedor Jo-sué Barbosam Filho, de 48 anos.

EStADO DE MInAS – On lInE – 12.06.2012

MERCADO CENTRAL Novo projeto proíbe venda de animais

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Nico GrazianoQue Código Florestal, nada. O

grande fiasco brasileiro na Rio+20 se esconde no etanol. O país que ensinou ao mundo como trocar a gasolina fóssil pelo álcool renová-vel engata marcha ré na utilização do combustível limpo. Um vexame ambiental.

Pode-se comprovar facilmente esse retrocesso na bioenergia. Em 2011, o consumo dos combustíveis derivados de petróleo - gasolina prin-cipalmente - cresceu 19%, enquanto o uso do etanol nos veículos despen-cou 29%. Não precisa dizer mais nada. Anda na contramão da história a matriz energética dos transportes no Brasil.

Aconteceu aZque os consumi-dores reagiram ao desequilíbrio de preços a favor da gasolina. Duas ra-zões básicas explicam a mudança do mercado. Primeiro, o governo fede-ral tem reduzido o encargo da Con-tribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, taxa que nos últimos anos recuou de 14% para 2,6%. Em consequência, acabaram praticamente equiparados os custos tributários de ambos os combustíveis. Uma política moder-na de sustentabilidade, como busca-da em todo o mundo, procederia ao contrário, ou seja, reduziria a carga tributária sobre o biocombustível, não sobre o derivado de petróleo.

Trata-se, obviamente, de uma decisão política, arcada pelo gover-no federal desde 2002. Com a redu-ção da referida taxa, a Petrobrás, que normalmente deveria ter elevado o preço dos derivados de petróleo para manter sua competitividade global, se compensa pela perda de rentabi-lidade recolhendo menos imposto ao governo. Tudo dissimulado. Conta paga pela sociedade.

Em segundo lugar, a gasolina barata segura, obviamente, o preço do etanol na bomba, roubando mar-gem dos produtores. Pouco lucra-tiva, a atividade alcooleira vê sua matéria-prima se direcionar para a fabricação de açúcar, movimento que se observa há tempos nas usinas. Bastante rentável no mercado inter-nacional, o açúcar estimula a pauta das exportações. Resultado: a oferta

de etanol se retrai, tendendo a elevar seu preço no posto de combustível, espantando a freguesia. Elementar.

O Brasil produziu cerca de 28 bilhões de litros de etanol nesta úl-tima safra (2010/2011). Nos EUA o volume já ultrapassou 50 bilhões de litros. Incrível. O país que inventou o Proálcool, obtido a partir da cana-de-açúcar, está tomando poeira dos gringos, que destinam 40% de sua safra de milho para a fermentação alcoólica. Mais ainda. A necessida-de de manutenção de estoques con-fiáveis começou a exigir volumosas importações de etanol. Sabem de quem? Dos norte-americanos, claro. No ano passado, o Brasil comprou acima de 1,1 bilhão de litros de eta-nol dos EUA. Acredite se quiser.

Não é à toa que paira desilusão no setor sucroalcooleiro. Estimula-dos pela agenda da economia verde, nos transportes viabilizada definiti-vamente com a geração dos motores flex fuel, inéditos e fortes grupos, nacionais e multinacionais, entraram na atividade. Anunciaram planos formidáveis que, após quatro anos, micaram, roubando o fôlego do par-que alcooleiro. Notícia ruim chega dos canaviais. E quem pensa que é chororô de usineiro se engana feio. Corretores garantem que 20% das usinas do Centro-Sul estão à ven-da. Sem comprador. As chamadas greenfields, novas plantas a serem construídas, em vários Estados, fi-caram no papel. O pouco dinamismo existente advém da ampliação e mo-dernização de fábricas já instaladas. Passos de tartaruga no etanol.

Milhares de estudiosos, am-bientalistas e jornalistas se encon-trarão logo mais na Rio+20. O go-verno brasileiro fará ginástica para justificar o inexplicável. Enquanto as nações se debruçam para encon-trar soluções capazes de esverdear sua (suja) matriz energética, por aqui se desperdiça uma oportunidade de ouro, retrocedendo no uso do com-bustível renovável.

Os produtores de cana-de-açú-car e os usineiros de etanol, por sua vez, lançaram por aqui o Movimento Mais Etanol, querendo influenciar a mídia e sensibilizar o governo para sua agenda. Eles se propõem a do-

brar de tamanho até 2020 - o que, ademais, geraria 350 mil empregos diretos -, mas precisam viabilizar uma estratégia de política pública que devolva ao etanol a competiti-vidade roubada pelo controle dos preços da gasolina. Basta, de cara, reduzir a carga tributária sobre o bio-combustível.

Gasolina barata e etanol caro acabam criando um círculo vicioso contra o meio ambiente, prejudican-do a saúde pública. Segundo a Agên-cia de Proteção Ambiental norte-americana (EPA, na sigla em inglês), o etanol derivado da cana-de-açúcar pode ajudar a reduzir até 91% o efei-to estufa da Terra, quando compa-rado com as emissões advindas da queima de gasolina. Mas, curiosa-mente, o ambientalismo pouca bola dá para essa tragédia da poluição urbana. O foco de sua ferrenha atua-ção, conforme se verificou na ques-tão do novo Código Florestal, mira no assunto da biodiversidade. Contra o desmatamento.

A intolerância dos ambientalis-tas agride os agricultores, como se do campo partisse todo o mal contra a natureza. Citadinos, eles poupam as desgraças ecológicas provocadas pela urbanização, a começar pelos escapamentos veiculares. Novos estímulos públicos ao setor auto-mobilístico favoreceram agora as montadoras. Nenhum compromisso ambiental se firmou. Pouco importa, tristemente, aos radicais verdes.

Tal miopia do movimento am-biental, infelizmente, ajudará o go-verno a esconder, na Rio+20, o re-trocesso na agenda do etanol. Seria interessante, aliás, como subproduto da reunião, discutir para onde cami-nha o ambientalismo brasileiro.

A incrível capacidade fotossin-tética do Brasil garante enorme van-tagem na produção de biocombus-tível, energia renovável misturada com geração de empregos. Despre-zá-la significa maltratar o etanol, um filho da Pátria.

· AGRÔNOMO, FOI SE-CRETÁRIO DE AGRICULTURA E SECRETÁRIO DO MEIO AM-BIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO. E-MAIL: [email protected]

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Vexame ambiental

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