12 erros de quem poupa para aposentadoria

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12 Erros de Quem Poupa Para Aposentadoria

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Page 1: 12 Erros de Quem Poupa Para Aposentadoria

1. Calcular que a renda da aposentadoria será menor que a renda atual

Segundo Gustavo Cerbasi, muitos consultores financeiros dizem que, para poupar para a previdência, as pessoas devem

almejar uma renda de pelo menos 65% a 70% da renda do ápice da carreira. Esse cálculo leva em conta o fato de que,

nessa fase da vida, os gastos serão menores, pois os filhos já estarão crescidos e autossuficientes e a casa própria já estará

quitada. Mas esses percentuais não são regra. O consumo com lazer, saúde ou com a própria família podem requerer uma

renda ainda maior do que exigem no presente, e é preciso levar isso em conta no planejamento.

2. Excesso de conservadorismo até entre os mais jovens

O perfil do poupador brasileiro ainda é muito conservador. Segundo levantamento da Mercer realizado em 2009, mesmo

entre os mais jovens – menores de 30 anos – apenas 33% optam pelo perfil mais agressivo do fundo de pensão oferecido

por sua empresa (até 49% em renda variável). Essa proporção de um terço mais ou menos se mantém até a faixa etária

mais alta. O ideal seria que os jovens preferissem o perfil mais agressivo e migrassem para o mais conservador conforme a

aposentadoria se aproxima. “O típico contribuinte de planos ainda não vê a renda variável como construção, e sim como

aposta”, diz o consultor.

3. Resgatar os recursos do fundo de pensão quando se desliga da empresa

Esse é um piores e mais frequentes erros. De acordo com o mesmo levantamento da Mercer, 95% dos beneficiários de

fundos de pensão com idade entre 35 e 49 anos resgatam seus recursos quando se desligam da empresa patrocinadora.

Isso prejudica muito o planejamento da aposentadoria e, atualmente, é injustificável. O beneficiário pode optar pela

portabilidade para outro fundo de pensão ou para um fundo de previdência aberta, ou então continuar no mesmo fundo

fechado, contribuindo apenas com a sua parte. Ao retirar o dinheiro cedo demais, a pessoa não consegue aproveitar o

benefício tributário dos fundos de previdência, por meio do qual a alíquota de Imposto de Renda cai à medida que o tempo

passa.

4. Optar por renda vitalícia ou renda por prazo determinado

Felizmente, 60% dos beneficiários de fundos de pensão optam pela modalidade de renda em forma de percentual do saldo

poupado. Ou seja, ao atingir a idade da aposentadoria, a renda será proporcional ao saldo que foi acumulado, de forma a

preservá-lo o máximo possível. “Buscar uma renda que preserve o saldo mostra um bom grau de educação financeira”, diz

o consultor Gustavo Cerbasi.

Contudo, 40% das pessoas que contribuem para fundos de pensão optam pelas outras modalidades, a renda vitalícia e a

renda por prazo certo. A primeira transmite uma falsa sensação de segurança, mas para atingi-la é inevitável que haja uma

rentabilidade menor. A segunda considera uma determinada renda por um prazo de tempo pré-definido. Isso significa que

ela pode faltar antes da hora. “Essa é a pior modalidade possível. É apostar contra si mesmo”, opina Cerbasi.

5. Encarar a empresa que oferece fundo de pensão como a única responsável pelo seu futuro

Quem tem a oportunidade de investir em um fundo de pensão patrocinado pela empresa em que trabalha não deve deixar

de aproveitá-la. Porém, é preciso ter consciência de que esse benefício é uma complementação à Previdência Social e uma

tentativa de “tapar o buraco” da educação financeira do brasileiro. Quem tiver essa chance não deve prescindir de outros

tipos de investimentos, mais arrojados, para se resguardar; nem das aplicações mais líquidas, como a renda fixa, para as

emergências.

6. Priorizar o consumo à poupança

A história econômica turbulenta do Brasil criou uma série de “vícios sociais”, nas palavras de Gustavo Cerbasi. Um deles é o

imediatismo do consumo, que mina a capacidade de poupança. O histórico de hiperinflação, com aumento de preços em

questão de horas, e um sistema financeiro frágil transformaram os brasileiros em “gatos escaldados”, preocupados apenas

com o consumo imediato.

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Esse comportamento já está tão entranhado que os tempos mudaram, mas as pessoas continuam deixando de poupar para

o futuro para consumir agora, formar estoques, comprar a casa própria talvez cedo demais. Quando decidem guardar

dinheiro, muitos brasileiros optam ainda pela modalidade menos rentável e mais segura, a caderneta de poupança.

7. Encarar a poupança como sacrifício e privação de felicidade

Em função dessa cultura, deixar de consumir para poupar é visto por muita gente como um ato de sacrifício, como se a

pessoa deixasse de aproveitar a vida e a juventude para um futuro que ela nem sabe se vai vir. Para Gustavo Cerbasi,

porém, é tudo uma questão de equilíbrio. Em vez de desenvolver uma relação negativa com o consumo – cortar gastos

para acumular –, é melhor optar pelo consumo sustentável, ponderado, e por um modo de vida mais simples e que ainda

dê prazer. E em vez de temer as incertezas do futuro, traçar metas e sonhos pelos quais valha a pena lutar, transformando

o futuro num horizonte inspirador. “A pessoa não pode ter um padrão de vida que a deixe infeliz”, diz Cerbasi.

8. Consumir pelos antepassados ou “dar ao filho o que não pôde ter”

O que o consultor chama de ânsia de consumir se manifesta também sob a forma de catarse ou compensação pelos

tempos difíceis. É o ato de consumir pelos pais que viveram a era da hiperinflação ou então de “dar para os filhos o que eu

não pude ter”. “Não é para menosprezar o consumo. Mas controlar essa ânsia de consumir o que não era possível

consumir antes”, diz Cerbasi.

9. Comprar imóvel cedo demais

Na cesta dessa ansiedade entra a compra da casa própria. Esse é um dos alicerces da classe média brasileira, que considera

essencial a compra de um imóvel para morar em algum momento da vida adulta. Quem viveu na pele a era da economia

frágil exige que seus filhos só saiam de casa ou se casem se puderem comprar um imóvel, um bem tangível que, ainda por

cima, é um investimento. Na opinião de Cerbasi essa (auto)imposição pode acabar sendo desastrosa.

“A casa própria é o maior problema da sociedade brasileira hoje. Não é que eu seja contra a compra da casa própria, só

acho que o timing de fazê-la está errado”, opina. Ele acredita que comprar o primeiro imóvel por volta dos 30 anos de

idade talvez não seja a escolha mais inteligente. Primeiro porque, se o jovem for casado, vai comprar um imóvel maior que

suas necessidades atuais. Como sua renda ainda não é muito alta, será necessário financiá-lo por um prazo longo. Ou seja,

o imóvel terá que ser adequado para suprir as necessidades do casal durante um bom tempo, inclusive quando os filhos

vierem.

Em segundo lugar, ao comprometer boa parte de sua renda com um financiamento longo, o jovem sem filhos deixa de

poupar para a aposentadoria justamente na época em sua capacidade de poupança é maior. Além disso, ele perde a

mobilidade e a liberdade de buscar um emprego do outro lado da cidade, em outro estado ou mesmo em outro país. “Essa

é a fase em que o jovem deve se dedicar a consolidar a carreira”, diz o consultor financeiro.

10. Não aceitar a queda no padrão de vida quando começa a andar com as próprias pernas

Outro traço da cultura da classe média brasileira que atrapalha a formação de um colchão para a aposentadoria é a não

aceitação de qualquer queda no padrão de vida, mesmo que isso não signifique passar fome. Ao sair de casa para casar ou

mesmo para morar sozinho ainda aos vinte e poucos anos, os jovens costumam experimentar uma boa queda no padrão de

vida, uma vez que sua renda ainda não é suficiente para manter o padrão oferecido pelos pais.

O problema é que nem todo mundo consegue encarar essa situação com a devida naturalidade. Muitas vezes, os próprios

pais pressionam os filhos a só saírem de casa caso consigam comprar um imóvel semelhante ao deles e no mesmo bairro.

Em resposta às pressões sociais, os jovens acabam comprometendo boa parte da renda na compra da casa própria, ou

adiando a conquista da independência. Mas as pessoas esquecem que é melhor o padrão de vida ser mais baixo na

juventude do que na terceira idade.

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11. Consumir para ostentar

Esse traço de comportamento Cerbasi não atribui à herança da era da inflação e do sistema financeiro frágil. “A ostentação

faz parte da cultura latina. Querer ter porque o vizinho tem e sentir prazer em exibir suas posses para os outros”, explica o

consultor. Essa, é claro, é uma grande armadilha para quem quer ter um consumo consciente e sustentável de acordo com

a renda.

12. Pensar que a aposentadoria é o fim da linha

Durante a juventude é muito fácil cair na ilusão de que a aposentadoria é o canto do cisne, principalmente para quem é

imediatista. Muitos jovens acham que aos 65 anos serão velhos demais, que o fim da vida estará próximo, que não terão

mais vontade de sair e se divertir e que nunca ficarão doentes.

Mas esse pensamento é uma herança de quando a expectativa de vida do brasileiro era baixa, e praticamente equivalia ao

período da vida ativa. Essa realidade mudou, e hoje as pessoas se aposentam relativamente jovens, com muita vida pela

frente e disposição para trabalhar, viajar e “curtir” ainda mais.

O segredo é encarar a previdência não como poupança para a “sobrevida”, mas como renda para apostar em sonhos que

ainda não puderam ser realizados. Quem sabe uma nova carreira, um negócio próprio, uma grande viagem. “Hoje em dia

as pessoas estão vivendo muito, e querem manter os padrões de consumo da ativa”, lembra Gustavo Cerbasi. Quem não se

preparou para isso, vai onerar os próprios filhos, que deixarão de poupar para a própria aposentadoria a fim de manter o

padrão de vida dos pais, iniciando um círculo vicioso.