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Engº Agrº - Pablo Luis Sanchez Rodrigues Controle Alternativo da Broca do Café Trabalho realizado na região de Ivaiporã, na implantação de unidade experimental de observação que visa o monitoramento e capturada Broca do café, oferecendo aos cafeicultores nova forma de controle. Ivaiporã – PR 2003

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Engº Agrº - Pablo Luis Sanchez Rodrigues

Controle Alternativo da Broca do Café

Trabalho realizado na região de Ivaiporã, na implantação de unidade experimental de observação que visa o monitoramento e capturada Broca do café, oferecendo aos cafeicultores nova forma de controle.

Ivaiporã – PR 2003

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Índice Página

Introdução ............................................................................................................... 2 Materiais e Métodos ................................................................................................ 3 Resultado e Discussão.......................................................................................... 10 Conclusão ............................................................................................................. 71 Anexos .................................................................................................................. 82

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Introdução A cafeicultura paranaense e regional é heterogênea, tanto nos tipos de café como na diferença nas planilhas de custo. Essa realidade provoca formas diferentes de controle da Broca do Café (Hypothenemos Hampei), que é uma das principais pragas do cafeeiro, pois além de reduzir a produção, interfere na qualidade da bebida. Pensando nisso, foi desenvolvido um protótipo de armadilha que visa o monitoramento e captura da broca do café, com baixo custo sem causar danos ao meio ambiente, assim como não interfere na saúde do cafeicultor. O protótipo de armadilha desenvolvido foi instalado experimentalmente no ano de 2000, no município de Lidianópolis, e consecutivamente durante duas safras sendo avaliada sobre sua eficiência como Controle Alternativo. Durante todo esse período, o método foi altamente eficiente e posteriormente difundido para o Estado e o Brasil, o novo método implantado. Este trabalho contou com a parceria do IAPAR e EMATER – PR. A broca do café dentro de um programa de manejo integrado de pragas, pode ser controlado, associada a várias técnicas, como o controle cultural, controle biológico e a captura através de armadilhas. No presente trabalho vamos abordar o “uso de armadilhas de captura”. As armadilhas com atraentes se conhecem a muito tempo (desde 1939), após várias décadas de abandono, o uso de armadilhas volta a ser desenvolvida e estudada com métodos de identificação, de advertência e como alternativa de manejo integrado de pragas. O trabalho de Mendonça Mora (Viçosa – 1991) mostra o interesse das armadilhas para a Broca utilizando compostos de Etanol e Metanol. Os estudos de Matkiev F. (Paris – 1995/97/ e 98), com análise físico – químico, das substâncias voláteis dos frutos de café, demonstraram que o Metanol é atrativo para a Broca quando misturado com Etanol. A impressão que se tem desse tipo de armadilha, é que será incorporado mais trabalho adicional para o cafeicultor, porém comparado com outros métodos de controle, esta técnica do uso de armadilhas, é totalmente passivo, pois a Broca do café é atraída sem intervenção direta do homem, sendo um aspecto muito importante para a aceitação do método. Outro aspecto é o efeito visual provocado pela Broca capturada, que vai acumulando nas armadilhas. Dufor e Gonzáles M. (1999 Finlândia) em trabalhos de pesquisas realizadas em El Salvador (1997/98) indicou eficácia de 55,7% de redução da infestação da Broca de café.

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Materiais e Métodos 1- Data da instalação : 26/12/2000 2- Cafeicultor – Francisco Coelho (anexo – 5) 3- Variedade do café: Mundo Novo (+ de 30 anos) 4- Altitude da Propriedade: 550 metros 5- Armadilha: garrafa de plástico de 2 litros branca com tampa (anexo 6) Abertura de captura: aberto na parte superior que a broca possa entra facilmente. Difusor: localizado no centro da armadilha que contém o atraente, e libera de maneira continua, por efeito de evaporação. Vidro de 10 milímetros com tampa de borracha com furo de 2 milímetros. Atraente: se compõe da mistura de álcool Etanol, Metanol e Cafeína. Para preparar 1 litro de isca prepara-se 750 mililitros de Metanol, 250 mililitros de Etanol, 5 mililitros de óleo de café. O líquido da captura: se compõe da mistura de água e um pouco de detergente líquido, para afogar a Broca. Para a fabricação do protótipo de armadilha simples para a coleta de brocas, foram testadas garrafas descartáveis de 2,0 litros. No fundo da garrafa colocou-se 200 ml de água com 5% de sabão líquido para o afogamento das brocas. Com frasco difusor do semioquímicos foi usado um frasco de vidro transparente de 10 ml com uma tampa de borracha com um furo de 2 mm de diâmetro na parte central da tampa. Com semioquímicos, foi testado 1:3 etanol-metanol com 5 ml de óleo de café por litro. Tamanho do Experimento: 1 hectare como testemunha. 1 hectare com instalação de 25 armadilhas distanciadas uma da outra 20 metros, com margem de Bordadura de 10 metros. Altura das armadilhas 1,20 metros do solo, junto as plantas de café. Parâmetros Avaliados: - determinar o número de brocas por armadilha - leitura a ser feita semanalmente - colheita separada das áreas testemunhas e experimento - analise de tipo e bebida das áreas testemunhas e experimento

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Dados da Lavoura - Ano Agrícola 2000/2001

- Densidade: 1250 plantas/ha - Variedade: Mundo Novo - Tratos culturais: Poda alta (2 metros) após geada de 2000 (julho) - Adubação: química e orgânica - Controle fitossanitário: Ferrugem, praga mineira e broca na Área Experimental

não foi aplicada inseticida - Período de colheita: junho a agosto de 2001 - Data do fim da secagem: agosto 2001 - Altitude: 550 metros - Idade do café: + de 30 anos - Colheita: no pano e parcelada - Secagem: terreiro de cimento - Data da colheita da amostra: 11/09/2001

Amostra nº 1: área com armadilhas Amostra nº 2: área testemunha.

Observação: As amostras foram encaminhadas apenas identificadas pelo número, para análise de tipo e bebida, para duas entidades: IAPAR – Londrina e o Centro de Degustação da EMATER (Califórnia – PR). Os resultados se encontram nos anexos 1 e 2. - Produtividade: 20 sacos beneficiado/ha. - Fatores climáticos: adequados durante a safra.

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Dados da Lavoura - Ano Agrícola 2001/2002 - Densidade: 1250 plantas/ha; - Variedade: Mundo Novo; - Tratos culturais: desbrotas; - Adubação: química e orgânica; - Controle Fitossanitário: Ferrugem e broca; Observação: Na área experimental não foi aplicada inseticida. Período de colheita: 2º quinzena maio a junho de 2002. - Altitude: 550 metros; - Idade do café: + de 30 anos - Colheita: no pano e no chão - Secagem: terreiro de cimento e suspenso - Data da coleta da amostra: 06/06/2002

Amostra nº 1 – área com armadilha Amostra nº 2 – área testemunha

Observação: As amostras foram encaminhadas apenas identificadas pelo número, para analise de tipo e bebida, para duas entidades: IAPAR – Londrina e o Centro de Degustação da EMATER (Califórnia – PR). Os resultados se encontram no anexo 3 e 4. - Produtividade: 70 sacos beneficiado/ha.

- Fatores climáticos: estiagem janeiro a fevereiro e muita chuva abril a maio (2002). - Arquitetura das plantas: Espaçamento: 4 x 2 metros; Altura média: 3,5 metros; Diâmetro da planta: 3 metros.

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Resultado e Discussão Considerando que o material foi reciclado, que o modo de confecção deste protótipo é simples e não depende de tempo primeiramente por servir não só para monitoramento como a maioria das armadilhas citadas, mas também pode ser utilizada no manejo da broca do café. Na figura 1 comparando o mês de janeiro a agosto, pode-se observar a presença de três picos de transito da broca, o primeiro no mês de janeiro, o segundo no mês de março e o terceiro em abril, ou seja, o número médio de broca capturados por 25 armadilhas por mês, nestes meses foram mais que a média de 7,35 brocas por mês por armadilha. No mesmo gráfico estão valores acumulados do número de broca dos cafés capturados por mês durante todo o período que atingiu o valor total de 1470 brocas capturadas. Após a colheita e secagem foi efetuada a colheita da amostra (11/04/2001). Amostra da área experimental: Incidência dos defeitos brocados 2 (2 gramas) Amostra da área testemunha: Incidência dos defeitos brocados 4 (2 gramas) Na figura 2 comparando o mês de setembro 2001 a maio de 2002, pode-se observar a presença de três picos de transito da broca, o primeiro no mês de setembro, o segundo no mês de outubro, e o terceiro no mês de novembro, ou seja a mesma medida de brocas capturadas por 25 armadilhas por mês, nesses meses foi maior que a medida de 11,10 brocas por mês por armadilha. No mesmo gráfico estão os valores acumulados do número de brocas de café capturados por mês durante todo o período que atingiu o valor total de 2221 brocas capturadas. Após a colheita e secagem foi efetuada a colheita da amostra (06/06/2002) da área com armadilha a da área testemunhal, para análise de tipo e bebida ( anexo 3 e 4). Amostra da área experimental: Incidência dos defeitos: brocados 8 (3 gramas) Amostra da área testemunha: Incidência dos defeitos: brocados 17 (8 gramas) A eficiência da captura de brocas deve-se ao uso da armadilha principalmente pelo uso ao semioquímico (metanol, etanol e óleo de café) o qual teria um efeito sinérgico que permite que as armadilhas capturem brocas até mesmo em baixas populações das mesmas. Considerando que o pico de máxima captura durante o período do ano de 2001 e 2002 ocorreu nos meses de janeiro a setembro a novembro de 2001, que significaria as datas prováveis de transito, porém a armadilha continuamente consegue capturar as brocas, isto é, provavelmente ao uso do semioquímico que consegue similar o aroma de frutos brocados e ou já atacados por brocas e com isso estimulando o transito e a captura.

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As flutuações da captura das brocas com medida anual de 7,35 brocas por armadilha no ano de 2001, fornece um indicativo de que nos meses acima desta média as brocas estão em transito na buscas de novos frutos para estabelecer novas colônias, no ano seguinte de 2002, a média anual de 11,10 brocas capturadas por armadilha, também fornece um indicativo de que nos meses acima desta média as brocas estão em transito. Esta relação das duas médias anuais durante o período de 2 safras fornece a média de 9,225 brocas por armadilha por mês considerando a produtividade de 20 sacas beneficiadas por hectare na safra 2001, as colônias de broca pelo nº total de frutos por hectare são maiores. Esta análise da população de broca por unidade de Área (hectare ou outros) com a média de 2 anos de 9,225 brocas por armadilha por mês, nos permite monitorar também para fazer o controle químico ou biológico. Conclusão Conclui-se que a armadilha tornou-se uma ferramenta muita eficaz no manejo da broca do café, o custo final do uso da armadilha por safra é de 30 quilogramas de café beneficiado por hectare, e não causa nenhum impacto ambiental, a saúde do cafeicultor é preservada, baixo custo financeiro do método, e motiva o cafeicultor e sua família a permanecer na propriedade. Permite também o monitoramento da praga para possível liberação de agentes biológicos, ou controle químico. O presente estudo mostra que com 25 armadilhas por hectare é possível manter as populações de broca abaixo de 5% de ataque nos frutos (produção máxima econômica).

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Anexos

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