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  • 1Tempos Vivos e Tempos Mortos 1

    Ecla Bosi 2

  • 2Existe, dentro da histria cronolgica, outra histria mais

    densa de substncia memorativa no fluxo do tempo. Aparece

    com clareza nas biografias; tal como nas paisagens, h marcos

    no espao onde os valores se adensam.

    O tempo biogrfico tem andamento como na msica desde

    o allegro da infncia que aparece na lembrana luminoso e

    doce, at o adagio da velhice.

    A sociedade industrial multiplica horas mortas que apenas

    suportamos: so os tempos vazios das filas, dos bancos, da

    burocracia, preenchimento de formulrios...

    Como alguns percursos obrigatrios na cidade, que nos trazem

    acmulo de signos de mera informao no melhor dos casos; tais

    percursos sem significao biogrfica, so cada vez mais invasivos.

  • 3Meus depoentes eram jovens, decnios atrs e penso que

    neles tenha pesado menos esse tempo vazio; pesa ento sobre

    ns um desfavor em relao a esses velhos recordadores. Se

    eu pedir: Conte-me sua vida! Sei que o intelectual me vir

    com vrias interpretaes para preencher lacunas ou iludir

    esse desfavor.

    Mas se eu conseguir que me narrem seus dias como fazem

    as pessoas mais simples, ficar evidente a espoliao do nosso

    tempo de vida pela ordem social sem escamoteao possvel.

    Se a substncia memorativa se adensa em algumas

    passagens, noutras se esgara com grave prejuzo para a

    formao da identidade. grave tambm nesse processo o

    ofuscamento perceptivo, ou melhor dizendo, subjetivo, uma vez

    que afeta o sujeito da percepo.

    As coisas aparecem com menos nitidez dada a rapidez e

    descontinuidade das relaes vividas; efeito da alienao, a

    grande embotadora da cognio, da simples observao do

    mundo, do conhecimento do outro.

    Desse tempo vazio a ateno foge como ave assustada.

    Se h uma relao que une poca e narrativa, convm verificar

    se a perda do dom de narrar sofrida por todas as classes sociais;

    mas no foi a classe dominada que fragmentou o mundo e a

    experincia; foi a outra classe que da extraiu sua energia, sua

    fora e o conjunto de seus bens.

  • 4Objetos Biogrficos e Objetos de Status

    Na Pequena Histria da Fotografia e em Paris, Capital do

    Sculo XIX, Benjamin descreve o interior dos lares burgueses, a

    intimidade atapetada e macia, os detalhes da decorao que

    procuram marcar a singularidade de seus proprietrios.

    Criamos sempre ao nosso redor espaos expressivos sendo o

    processo de valorizao dos interiores crescente na medida em

    que a cidade exibe uma face estranha e adversa para os seus

    moradores.

    So tentativas de criar um mundo acolhedor entre as paredes

    que o isolam do mundo alienado e hostil de fora.

    Nas biografias que colhi, as casas descritas tinham janelas

    para a frente; ver a rua era uma diverso apreciada no havendo

    a preocupao com o isolamento, como hoje, em que altos muros

    mantm a privacidade e escondem a fachada.

    Fui tentada a rever uma oposio, que h muito venho

    fazendo ao comparar lembranas, a oposio entre objetos

    biogrficos e objetos de status.

    Se a mobilidade e a contingncia acompanham nossas

    relaes, h algo que desejamos que permanea imvel, ao

    menos na velhice: o conjunto de objetos que nos rodeiam. Nesse

    conjunto amamos a disposio tcita, mas eloqente. Mais que

    uma sensao esttica ou de utilidade eles nos do um

    assentimento nossa posio no mundo, nossa identidade; e

    os que estiveram sempre conosco falam nossa alma em sua

    lngua natal. O arranjo da sala, cuja cadeiras preparam o crculo

  • 5das conversas amigas, como a cama prepara o descanso e a

    mesa de cabeceira os derradeiros instantes do dia, o ritual antes

    do sono.

    A ordem desse espao nos une e nos separa da sociedade e

    um elo familiar com o passado.

    Quanto mais voltados ao uso quotidiano mais expressivos

    so os objetos: os metais se arredondam, se ovalam, os cabos

    de madeira brilham pelo contato com as mos, tudo perde as

    arestas e se abranda.

    So estes os objetos que Violette Morin3 chama de objetos

    biogrficos, pois envelhecem com o possuidor e se incorporam

    sua vida: o relgio da famlia, o lbum de fotografias, a medalha

    do esportista, a mscara do etnlogo, o mapa-mndi do

    viajante... Cada um desses objetos representa uma experincia

    vivida, uma aventura afetiva do morador.

    Diferentes so os ambientes arrumados para patentear status,

    como um dcor de teatro: h objetos que a moda valoriza, mas

    no se enrazam nos interiores ou tm garantia por um ano, no

    envelhecem com o dono, apenas se deterioram.

    S o objeto biogrfico insubstituvel: as coisas que

    envelhecem conosco nos do a pacfica sensao de

    continuidade.

    Reconhece Machado de Assis:

    No, no, a minha memria no boa. comparvel a

    algum que tivesse vivido por hospedarias, sem guardar delas

    nem caras, nem nomes, e somente raras circunstncias. A quem

  • 6passe a vida na mesma casa de famlia, com os seus eternos

    mveis e costumes, pessoas e afeies, que se lhe grava tudo

    pela continuidade e repetio.

    No s em nossa sociedade dividimos as coisas em objetos

    de consumo e relquias de famlia. Mauss encontra essa distino

    em muitos povos: tanto entre os romanos como entre os povos

    de Samoa, Trobriand e os indgenas norte-americanos. H

    talisms, cobertas de pele e cobres blasonados, tecidos armoriais

    que se transmitem solenemente como as mulheres no casamento,

    os privilgios, os nomes s crianas. Essas propriedades so

    sagradas, no se vendem nem so cedidas, e a famlia jamais se

    desfaria delas a no ser com grande desgosto. O conjunto dessas

    coisas em todas as tribos sempre de natureza espiritual.

    Cada uma dessas coisas tem nome: os tecidos bordados com

    faces, olhos, figuras animais e humanas, as casas, as paredes

    decoradas.

    Tudo fala, o teto, o fogo, as esculturas, as pinturas.

    Os pratos e as colheres blasonadas com o totem do cl so

    animados e fericos: so rplicas dos instrumentos inesgotveis

    que os espritos deram aos ancestrais. O tempo acresce seu valor:

    a arca passa a velha arca, depois a velha arca que bia no mar,

    at ser chamada de a velha arca que bia no mar com o sol

    nascente dentro.

    A casa onde se desenvolve uma criana povoada de coisas

    preciosas que no tm preo.

  • 7As coisas que modelamos durante anos resistiram a ns com

    sua alteridade e tomaram algo do que fomos. Onde est nossa

    primeira casa? S em sonhos podemos retornar ao cho onde

    demos nossos primeiros passos.

    Condenados pelo sistema econmico extrema mobilidade,

    perdemos a crnica da famlia e da cidade mesma em nosso

    percurso errante.

    O desenraizamento condio desagregadora da memria.

    ***

    Uma idia-mestra para anlise seria a de uma separao de

    um espao privado, pessoal e o espao pblico, annimo.

    Creio que ainda se possa ir alm e aprofundar essa distino

    em termos de psicologia social do espao vivido.

    Tomemos um dos exemplos dados por Benjamin: as

    fotografias familiares que esto em cima de um mvel numa

    sala de visitas burguesa.

    A sua presena fsica tem que ser lida fenomenologicamente.

    E aqui a visada intencional da pessoa que colocou aquele

    retrato sobre o mvel que deve passar pelo crivo do intrprete.

    1. A foto do parente que j morreu pode ser contemplada

    pelo dono da casa como um preito sentido sua memria.

    Estamos, portanto, em pleno reino de privacidade, tout court,

    que interessa e afeta a relao pessoal, ntima, do recordado e

    do recordador.

  • 82. A foto daquele mesmo parente poderia ter sido colocada

    com o esprito de quem faz uma exposio que interessa o olhar

    do outro o olhar social. Por essa visada a foto sobre o mvel

    carece de uma aura afetiva prpria e ganha outra aura, a do

    status, onde esto embutidos valores de distino, superioridade,

    competio, na medida em que o morto foi uma pessoa

    importante, logo dotada de valor-de-troca.

    Um olhar inibe o outro: so abordagens qualitativamente

    excludentes. O objeto ou biogrfico, ou signo de status, e,

    como tal, entraria para a esfera de uma intimidade, entre aspas,

    ostensiva e publicvel, que j faz parte da Histria das Ideologias

    e das Mentalidades, de que Benjamin foi um admirvel precursor.

    Se essa observao faz sentido, eu diria que o burgus, enquanto

    agente e produto do universo de valores de troca, no pode

    refugiar-se autenticamente na esfera da intimidade afetiva, pois

    at mesmo os seus objetos biogrficos podem converter-se e

    freqentemente se convertem em peas de um mecanismo de

    reproduo de status. A sociedade de massas estendeu e

    multiplicou esse fenmeno e, ao mesmo tempo, o dissipou e o

    desgastou criando o objeto descartvel. A sociedade de consumo

    apenas mais rpida na produo, circulao e descarte dos

    objetos de status. E certamente menos requintada e mais pueril

    do que a burguesia francesa ou alem do comeo do sculo.

    Mas no mais cruel.

    ***

  • 9 E existem, alm desses, aqueles objetos perdidos e

    desparceirados que a ordenao racional do espao tanto

    despreza. Cacos misteriosos so pedaos de alguma coisa que

    pertenceu a algum. Benjamin, no ensaio famoso sobre

    Baudelaire, segue os passos do flaneur observando vitrinas e

    galerias; mas haver algum para recolher os despojos da cidade

    para os quais ningum volta os olhos e o vento dispersa.

    Os depoimentos que ouvi esto povoados de coisas perdidas

    que se daria tudo para encontrar quando nos abandonam,

    sumindo em fundos insondveis de armrios ou nas fendas do

    assoalho, e nos deixam sua procura pelo resto da vida4 .

    Reproduzo aqui trecho da narrativa que ouvi do Sr. Amadeu,

    filho de uma grande e afetuosa famlia de Trieste, que combateu

    na Resistncia durante a ltima guerra mundial:

    Hoje as crianas lem Pinquio em adaptao e a histria

    fica bem resumida. Ou vem o filme de Walt Disney. Mas ns

    tnhamos em casa o livro original do escritor italiano Collodi.

    Nele, o carpinteiro Gepetto que criou o boneco de pau era um

    trabalhador que s conheceu a pobreza. Morava num quartinho

    onde lutava contra a fome e o frio com a fora do seu brao

    que ia diminuindo com a idade. No fundo desse quartinho via-

    se uma lareira com um belo fogo: mas era apenas uma pintura

    do engenhoso Gepetto na parede, para iludir o frio do inverno

    com a viso de uma lareira. Esse desenho me encantava e penso

    que ainda encanta as crianas que folheiam o livro.

  • 10

    Gepetto aconselhava o teimoso Pinquio, cabea de pau:

    No jogue nada fora. Isso um dia pode servir para

    alguma coisa!

    (Este conselho os velhos vivem repetindo: eles no

    conseguiram assimilar ainda a experincia do descartvel que

    lhes parece um desperdcio cruel. Por isso o armrio das vovs

    cheio de caixas, retalhos e vidrinhos...)

    Os meninos italianos ouviam de suas mes este conselho

    que Gepetto dava para o endiabrado Pinquio.

    ***

    Capturado pelos nazistas, Amadeu conheceu um extremo

    despojamento, foi privado de tudo. As roupas largas danavam

    no seu corpo e os sapatos, tirados de uma pilha sem numerao,

    feriam seus ps. Vagava pelo campo como um espectro faminto,

    ia resistindo no avesso do nada. Mas sempre havia algo a ser

    descoberto: um papel rasgado que a ventania arrastava, um

    santinho amassado que algum esqueceu, um prego sem cabea,

    uma chave partida. Ele ia guardando cada um desses fiapos

    abandonados.

    Por exemplo, de um papel rasgado fez um envelope,

    descreveu no avesso a sua agonia, endereou ao irmo em Trieste

    e escondeu-o num buraco no cho. Dois anos depois seu irmo

  • 11

    recebia a carta. Algum a havia encontrado e enviado pelo

    correio. Quem teria sido? Nunca souberam.

    A chave partida que recolheu num ralo e conservou por tanto

    tempo, ele transformou num instrumento herico. Quando

    conduzido para Auschwitz, usou-a como chave de fenda na

    janelinha do banheiro do trem e da saltou para a liberdade e

    para a vida.

    ***

    A Luz de Estrelas Remotas

    A memria opera com grande liberdade escolhendo

    acontecimentos no espao e no tempo, no arbitrariamente mas

    porque se relacionam atravs de ndices comuns. So

    configuraes mais intensas quando sobre elas incide o brilho

    de um significado coletivo.

    tarefa do cientista social procurar esses vnculos de

    afinidades eletivas entre fenmenos distanciados no tempo.

    Como exemplo, cito uma frase do longo depoimento de Dona

    Jovina Pessoa, militante que acompanhou desde os primeiros

    vagidos anarquistas do Brasil, at a luta pela anistia dos presos

    polticos que ela travou j com 80 anos.

    Recordando sua formao nos bancos escolares ela diz:

  • 12

    Tinha muita admirao por todos os rebeldes. Quando

    estudante, lia o grande gegrafo Reclus que s comia po porque

    era o que a humanidade pobre podia comer.

    Fui consultar o dicionrio onde encontrei: Reclus, Elise,

    gegrafo, Frana (1830-1905), autor de uma Geografia Universal.

    Achei o verbete muito seco comparado aluso de D. Jovina.

    Procurei mestres de Geografia e quando os interroguei sobre

    esse autor colhi respostas pobres e evasivas. No entanto, que

    calor se irradia do rpido lembrar de uma criana atenta:

    Quando estudante, lia o grande gegrafo Reclus que s comia

    po porque era o que a humanidade pobre podia comer.

    Em que momento ter ela abraado o anarquismo? E quem

    ter sido seu professor? Em que aula transmitiu ele o esprito do

    gegrafo francs para a menina brasileira?

    prodgio da memria esta evocao da personalidade

    coerente e apaixonada de Reclus que nos toca como se estivesse

    junto a ns.

    Eis uma tensa configurao formada por Elise Reclus, por

    um mestre-escola desconhecido, por Jovina e, atravs de quem

    a escutou, vem chegando at ns como ndice de salvao.

    A constelao memorativa tem um futuro imprevisvel; como

    gestalt requer pregnncia, fechamento.

    E s vezes esse fechamento vai depender de nossos gestos

    de agora, porque seus autores morreram na vspera, antes de

    completar a figura de suas vidas.

  • 13

    a histria de um passado aberto, inconcluso, capaz de

    promessas. No se deve julg-lo como um tempo ultrapassado,

    mas como um universo contraditrio do qual se podem arrancar

    o sim e o no, a tese e anttese, o que teve seguimento triunfal

    e o que foi truncado.

    Para tanto exige-se o que Benjamin, no seu ensaio sobre

    Kafka, chamava de ateno intensa e leve.

    Queria aproximar este conceito com o de Simone Weil,

    filsofa da ateno. Lendo a Ilada como o poema da fora,

    descobriu que Homero contempla com igual serenidade o destino

    dos gregos e dos troianos, ambos os povos submetidos s leis

    implacveis da guerra e da morte.

    Esse rememorar meditativo tambm o de Benjamin quando,

    ao rever os profetas do Antigo Testamento, encontra neles direo

    para aes presentes. Ou seja, fazendo da memria um apoio

    slido da vontade, matriz de projetos.

    Isto s possvel quando o historiador provoca um rasgo no

    discurso bem costurado e engomado do historicismo e se detm

    bruscamente numa constelao saturada de tenses5 . No o

    faz para registrar pormenores da mentalidade da poca; uma

    escolha que tem a ver com o sujeito definido pela ipseidade e

    no pela semelhana com outros, pela mesmidade. Um sujeito

    que tomou a palavra ou agiu, causa de si mesmo e decidiu

    eticamente criando um tempo privilegiado, um tempo forte

    dentro do correr plano dos dias.

    Se, para Benjamin, a rememorao uma retomada salvadora

  • 14

    do passado, nos depoimentos biogrficos evidente o processo

    de re-conhecimento e de elucidao. Escutemos D. Risoleta, anci

    negra e antiga cozinheira, que inicia o seu relato: J est

    acabando este ano santo e agradeo por estar recordando e

    burilando meu esprito.

    O recordar para ela um tempo sabtico e cada fato bruto

    lapidado pelo esprito at que desprenda luz.

    Por estar cega e muito idosa, medita em sua experincia e

    tem autoridade de conselheira como prova o resto da narrativa.

    Quando o velho narrador e a criana se encontram, os

    conselhos so absorvidos pela histria: a moral da histria faz

    parte da narrativa como um s corpo, gozando as mesmas

    vantagens estticas (as rimas, o humor...).

    No tem o peso da moral abstrata, mas a graa da fantasia

    embora seja uma norma ideal de conduta transmitida6 .

    Hoje precisamos decifrar o que esquecemos ou no foi dito,

    como centelha embaixo das cinzas porque estamos entre dois

    momentos de uma narrativa. No podemos dizer como o velho

    Mas a vida passou!, nem como a criana Mas a vida

    ainda no chegou!.

    Na chamada idade produtiva (os velhos so os improdutivos

    nas estatsticas), bem, nessa idade os conselhos foram perdidos,

    ai de ns!

    Adorno nas Minima Moralia j observa que no se do mais

    conselhos, cada um fique com sua opinio.

    Temos que procurar sozinhos o conselho esquecido,

  • 15

    caminhando entre destroos num cho atulhado pelos tempos

    mortos que nos so impostos.

    Num texto encantador, Narrar e Curar, Jeanne Marie

    Gagnebin faz refletir sobre a funo curativa das histrias. A

    narrativa teraputica, apressa a convalescena quando a me,

    sentada junto ao leito da criana, desperta-lhe outra vez o gosto

    pela vida.

    Concordo, porque a histria contada um farmacon, antes

    preparado pela narradora nos tubos e provetas da fantasia e da

    memria, atravs de sbia dosagem.

    ***

    Ns devemos ento contar histrias? A nossa histria?

    verdade que, ao narrar uma experincia profunda, ns a

    perdemos tambm, naquele momento em que ela se corporifica

    (e se enrijece) na narrativa.

    Porm o mutismo tambm petrifica a lembrana que se

    paralisa e sedimenta no fundo da garganta como disse Ungaretti

    no poema sobre a infncia que ficou:

    Arrestata in fondo alla gola come uma roccia di gridi

    [Presa ao fundo da garganta como uma rocha de gritos.]

  • 16

    Notas

    1. Este texto um excerto do captulo 1 A substncia social damemria Sob o signo de Benjamin [Walter Benjamin], do livro Otempo vivo da memria: ensaios de Psicologia Social (So Paulo: AteliEditorial, 2003), e foi autorizado por sua autora, Ecla Bosi, Secretariada Educao do Estado de So Paulo, para compor este livreto, entreguea educadores da rede estadual participantes do Programa Caminhosda Arte A escola vai ao teatro, durante a exibio da pea PrimeiraPessoa, de Edla van Steen, com Eva Wilma e Vnia Pajares, sob direode William Pereira, no Palcio dos Bandeirantes, em agosto de 2005.

    2. Ecla Bosi professora de Psicologia Social na Universidade de SoPaulo e escreveu, entre outras, as obras Cultura de massa e culturapopular: leituras de operrias (Vozes), Simone Weil: a condio operriae outros estudos sobre a opresso (Paz e Terra), Rosala de Castro: poesias(traduo, Brasiliense), Memria e sociedade: lembranas de velhos(Companhia das Letras), Velhos amigos (Companhia das Letras).

    3. LObjet, Communications 13, 1969.

    4. No Orlando Furioso de Ariosto, as coisas perdidas na terra sobempara a lua onde permanecem, quem sabe nossa espera.

    5. W. Benjamin, Teses sobre a Filosofia da Histria em Obras escolhidas,vol. I, So Paulo, Brasiliense, 1996. Tese 17.

    6. As condies para transmisso plena da experincia j no existemno mundo industrial, segundo Benjamin.