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Ano X - Edição 116 - JULHO 2017 Distribuição Gratuita Exposição no Tomie Ohtake apela ao direito à defesa de Rafael Braga Rafael Braga é um catador de latas e, assim como o velocista, é jovem e negro. Foi detido nas mani- festações de junho de 2013 por portar dois frascos contendo desinfetante e água sanitária. Ele foi o único condenado no contexto das manifestações de 2013, por "portar material incendiário". Depois de cumprir parte da pena, passou para o regime aber- to, mas acabou sendo preso novamente, em janeiro do ano passado, porque, segundo a versão da polí- cia, ele portava 0,6 grama de maconha, 9,3 gramas de cocaína, além de um rojão. Rafael, que nega todas as acusações, alega ter sido vítima de violên- cia e extorsão policial. A democracia é considerada como a melhor opção para esta época em que vivemos. Ela protege o conjunto de cidadãos do autorita- rismo dos governantes e outras instituições estatais. A intenção ao se optar pela democracia é essa, favorecer quem é governado. Quem é a pessoa que gosta de ser tratada de forma autoritária? MAS TEM MAIS.... Três dimensões da tragédia da esquerda no início do século XXI Página 4 MACAU e GOA duas irmãs Portuguesas Página 6 HITÓRIA DE UMA MULHER NORDESTINA Página 7 ESCOLA SEM PARTIDO E A CAÇA AS BRUXAS Está dada a largada a uma verda- deira caça às bruxas. O movimento Escola Sem Partido já escolheu quem são as bruxas do século XXI: Os professores! Os professores nesta quase segunda década do século XXI foram eleitos como os doutrinadores marxistas leninistas, comunistas, blasfemadores, per- vertidos, esquerditas que vão des- truir a família tradicional brasileira. Página 10 Editorial Página 2 CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social Agora também no seu Baixe o aplicativo IOS NO SITE www.culturaonlinebr.org A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos! Como seres huma- nos, respeitamos as hierarquias e nos programamos para comandar ou sermos comandados, portan- to, reconhecemos no líder e a ele somos submetidos, nos sen- timos protegidos, de- positamos nele nos- sas expectativas. Página 3 Direitos Humanos ou Direitos dos bandi- dos? Eis uma pergunta que sempre é feita para quem defende os Direi- tos Humanos. Direitos humanos servem para proteger bandi- dos?. Não. Direitos humanos são direitos fundamentais que possuímos e são para todos. Página 5 Qual a relação entre fogo em florestas e o aquecimento global Número de focos de queimadas e incêndios flo- restais aumentou 64% no período entre janeiro e julho no Brasil comparado com o mesmo in- tervalo de tempo de 2015 JULHO é tempo de alerta! Página 13 www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// www.culturaonlinebr.org

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Ano X - Edição 116 - JULHO 2017 Distribuição Gratuita

Exposição no Tomie Ohtake apela ao direito à defesa

de Rafael Braga

Rafael Braga é um catador de latas e, assim como o velocista, é jovem e negro. Foi detido nas mani-festações de junho de 2013 por portar dois frascos contendo desinfetante e água sanitária. Ele foi o único condenado no contexto das manifestações de 2013, por "portar material incendiário". Depois de cumprir parte da pena, passou para o regime aber-to, mas acabou sendo preso novamente, em janeiro do ano passado, porque, segundo a versão da polí-cia, ele portava 0,6 grama de maconha, 9,3 gramas de cocaína, além de um rojão. Rafael, que nega todas as acusações, alega ter sido vítima de violên-cia e extorsão policial.

A democracia é considerada como a melhor opção para esta época em que vivemos. Ela protege o conjunto de cidadãos do autorita-rismo dos governantes e outras instituições estatais. A intenção ao se optar pela democracia é essa, favorecer quem é governado.

Quem é a pessoa que gosta de ser tratada de forma autoritária?

MAS TEM MAIS....

Três dimensões da tragédia da esquerda no início do

século XXI

Página 4

MACAU e GOA duas irmãs

Portuguesas

Página 6

HITÓRIA DE UMA MULHER NORDESTINA

Página 7

ESCOLA SEM PARTIDO E A

CAÇA AS BRUXAS

Está dada a largada a uma verda-deira caça às bruxas. O movimento Escola Sem Partido já escolheu quem são as bruxas do século XXI: Os professores! Os professores nesta quase segunda década do século XXI foram eleitos como os doutrinadores marxistas leninistas, comunistas, blasfemadores, per-vertidos, esquerditas que vão des-truir a família tradicional brasileira.

Página 10

Editorial Página 2 CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social

Agora também no seu

Baixe o aplicativo IOS

NO SITE www.culturaonlinebr.org

A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos!

Como seres huma-nos, respeitamos as hierarquias e nos programamos para comandar ou sermos comandados, portan-to, reconhecemos no líder e a ele somos submetidos, nos sen-timos protegidos, de-positamos nele nos-

sas expectativas.

Página 3

Direitos Humanos ou Direitos dos bandi-

dos?

Eis uma pergunta que sempre é feita para quem defende os Direi-tos Humanos. Direitos humanos só servem para proteger bandi-

dos?. Não. Direitos humanos são direitos fundamentais que possuímos e são para todos.

Página 5

Qual a relação entre fogo em florestas e o aquecimento

global

Número de focos de queimadas e incêndios flo-restais aumentou 64% no período entre janeiro e julho no Brasil comparado com o mesmo in-tervalo de tempo de 2015

JULHO é tempo de alerta! Página 13

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 2

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A democracia é considerada como a melhor op-ção para esta época em que vivemos. Ela prote-ge o conjunto de cidadãos do autoritarismo dos governantes e outras instituições estatais. A in-tenção ao se optar pela democracia é essa, fa-vorecer quem é governado.

Quem é a pessoa que gosta de ser tratada de forma autoritária?

Entretanto, em sociedades cuja cultura compor-tamental, cujos costumes não permitem isono-mia de usufruto de direitos para diferentes gru-pos e classes sociais, devido também à desi-gualdade na distribuição dos recursos, péssima educação escolar para a maioria da população e outros aspectos, faz a democracia representa-tiva no Brasil parecer democracia “de fachada”, para “inglês ver”.

Um país em que a cristalização das burocracias partidárias tende a sufocar o encaminhamento político das reais reivindicações populares, uma cultura política corporativista, clientelista e patri-monialista, grupos relativamente homogêneos de políticos profissionais muito vinculados entre si, como compadres cordiais, asseguram posi-ções e privilégios em detrimento a maioria dos cidadãos e que não autorizam acesso à cidada-nia plena por todos.

Uma situação assim não permite que a demo-cracia funcione da forma como deveria funcio-nar.

Consequentemente, no Brasil a democracia re-presentativa acaba por não fazer muita diferen-ça quando comparada a algum regime autoritá-rio, porque não protege o lado menos privilegia-

do da sociedade civil.

Como corrigir esse defeito na democracia brasi-leira?

Será que a democracia direta realmente vai fun-cionar?

Com a tecnologia disponível hoje em dia, teori-camente, é possível sim. Mas a questão é, a maioria da população está preparada para legis-lar diretamente?

As pessoas têm interesse e compromisso com o bem-estar alheio?

O problema no Brasil é justamente a mentalida-de de privilégios. Que tal uma transição a “conta-gotas”?

Uma democracia semidireta, representativa e participativa ao mesmo tempo?

Começando pelos municípios, os representan-tes eleitos compartilharem o poder de legislar com os eleitores na forma de plebiscitos e refe-rendos?

E que tal adotar o voto distrital para eleger vere-adores e deputados?

O recall político?

Aproximar mais o eleito do eleitor?

Eu aprendi na vida que “em time que está per-dendo, se deve mexer sim”.

Que tal mudar o método, a forma como as coi-sas funcionam?

João Paulo E. Barros

William Shakespeare: “É estranho que, sem ser forçado, saia alguém em

busca de trabalho”.

* * *

George Best: “Gastei muito dinheiro com bebidas, mulheres e carros. O

resto eu desperdicei”.

ASSIM DISSE O BARÃO DE ITARARÉ

O dinheiro é a causa de todas as des-graças, quando não se lh’o tem.

* * *

O dinheiro é representado na mitolo-gia pelo Minotauro, o monstro que ha-bitava um labirinto da ilha de Creta e,

portanto, era um cretino.

* * *

Banqueiro é um cavalheiro que nos empresta o guarda-chuva quando bri-lha o sol e no-lo pede de volta quando

começa a chover.

* * *

Devo tanto que se chamar alguém de meu bem o banco toma.

* * *

A natureza, que, com a idade, nos põe tanta prata nos cabelos, bem que po-dia ter a gentileza de nos meter algu-

mas no bolso.

* * *

O avarento não é dono do dinheiro. O dinheiro é dono do avarento.

* * *

O herdeiro universal é um sujeito que come de colher, sozinho, a galinha

morta que foi criada, engordada e as-sada pelos outros.

* * *

Tempo é dinheiro. Paguemos, portan-to, as nossas dívidas com o tempo.

Mês que vem... Tem mais!

Como você já deve ter reparado, apresentamos um novo espaço no site da Gazeta Valeparaibana.

Um dos objetivos da reformulação é tornar o site ainda mais cola-borativo e, assim, fazer jus ao lema de ser “o ponto de encontro da educação”.

Tendo em mente essa missão, de se tornar uma verdadeira comunidade virtual que une todos os profissio-nais e temas relacionados à educação, cultura e sustentabilidade Social, investiu na plataforma que se propõe a veicular trabalhos científicos da área.

É o ‘GV - Ciência’. Espaço 100% colaborativo e GRATUITO! A proposta surge para ser o meio em que trabalhos científicos sejam veiculados na imprensa, dano a eles o devido destaque.

Todo internauta do Portal Comunique-se pode fazer uso do ‘C-SE Acadêmico’, basta seguir dois passos...

1º - ENVIAR o trabalho para: [email protected] (em Word sem formatação com letra Arial 11). NÃO ESQUECER de enviar todos os seus dados: Nome Completo, Documento de Identidade, Nome do Curso, Faculdade.

2º - Depois de analisado, será publicado no espaço “GV - ciência” do site e na edição do mês subsequen-te no Jornal Digital.

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 3

Crônica do mês CONDUZIR OU SER CONDUZIDO

Como seres humanos, respeitamos as hierar-quias e nos programamos para comandar ou sermos comandados, portanto, reconhece-mos no líder e a ele somos submetidos, nos sentimos protegidos, depositamos nele nos-sas expectativas.

No entanto, dentro dessa programação huma-na não parece estar ativado o alerta para re-conhecer quando o dominante nessa hierar-quia pode ser destrutivo e mal-intencionado. Por essa admiração quase cega, toleremos seus deslizes, os consideramos quase que infalíveis como se não fossem simples seres mortais.

O povo brasileiro, como bom animal social, por tanto tempo assim se comportou e nos deparamos atualmente com tantos líderes tó-xicos que desde há tempos veem destruindo tudo que todos os trabalhadores, honesta-mente, tentaram construir suando a camisa com longos anos de trabalho, priorizaram o amor à pátria, cantaram hinos, pagaram fiel-mente seus impostos, compareceram infali-velmente as urnas e transformam a crença em seus governantes numa espécie de fé ina-balável.

Num ímpeto de alegria e esperança pela con-quista da democracia, nossos líderes foram colocados em pedestais e, dessa forma, os dominantes dessa nação tornaram-se ho-mens acima das leis como se fossem infalí-veis, inatingíveis e que trariam a resposta e solução para tudo que precisássemos.

Submetidos a esses “campeões” idolatrados que foram tomando posições, apoderaram-se de todo bem público até chegarmos ao que hoje nos deparamos. Vemos esse caos de lama onde os heróis do povo que desavergo-nhadamente trataram de tudo que pertencia ao povo como se fosse deles, humilhando, desrespeitando, roubando, desviando comple-tamente o futuro de todos que doaram suas vidas numa esperança que vemos agora com-pletamente em desesperança e ainda com a

culpa de que fomos todos errados em cada voto dado.

Mediante tanto comportamento amoral, ouvi-mos descaradamente depoimentos de falsos pedidos de desculpas, justificativas infunda-das, empreendedores culpando o sistema brasileiro de gerar dificuldades que os leva-ram a pagamentos indevidos, mentiras, acor-dos e delações que beneficiam os manipula-dores, prisões que não representam nada pe-rante o tanto que ainda vivem confortavel-mente e com a certeza do perdão, da apela-ção e a certeza de que suas famílias jamais passarão uma noite de frio ou que irá faltar a eles a comida no prato.

Com todo esse comportamento infame seus salários são mantidos, o poder, o investimen-to sujo que lhes garante o bem estar e, cada vez mais, levando o pobre à condição de mi-serável.

É preciso mudar o discurso e parar de repudi-ar o rico como se somente o menos favoreci-do fosse vítima, pois esse comportamento tem servido apenas para dividir a sociedade em classes. Ao invés de pequenos grupos de-veríamos juntar a energia de todos num esfor-ço e em ações estratégicas que defendam valores e não pessoas ou partidos, ouvir o que cada um tem para falar sobre isso, pois com tanta corrupção, estamos esquecendo que o que nossos pais nos ensinaram sobre valores, princípios e moral, ainda poderão ser a salvação agregados a isso o respeito e a tolerância.

“O circo está pegando fogo”, mas nosso extin-tor pode ser nos conhecermos e nos reconhe-cermos, não abrir mão do amor e deixarmos dessa psicose que nos cega, desse mau com-portamento como se fosse normal e mudar o rumo mostrando para a classe política que não queremos mais ser uma boiada conduzi-da sem saber seu rumo.

Sem amor a vida está mais difícil e fútil e nos tornando em bonecos de marionetes onde o coração não pulsa e a vida não faz sentido.

Esses são por hora, são quesitos necessários para encarar esse desafio com otimismo e consciência de que se pudermos aprender com tudo que está acontecendo nesse mo-mento lamentável, cheio de decepções e a-creditarmos que poderemos romper esse ciclo e construir um novo caminho para decidirmos onde, como e com quem queremos continuar.

Até agora “eles” é que fizeram as regras e de-cidiram por nós, mas com muito esforço, po-deremos reverter o jogo se usarmos aptidão para compor outra trajetória dessa história e não simplesmente tocar a vida como se fizés-semos parte de uma boiada.

Genha Auga – jornalista MTB: 15.320

Calendário

Algumas datas comemorativas

06 - Dia da criação do IBGE 07 - Dia Mundial do Chocolate 08 - Dia do Panificador 09 - Revolução Constitucionalista 13 - Dia do Cantor 15 - Dia do Homem 17 - Dia de Proteção às Florestas 18 - Dia Internacional de Nelson Mandela 19 - Dia Nacional do Futebol 20 - Dia do Amigo e da Amizade 20 - Dia da 1ª Viagem à Lua 25 - Dia do Escritor 30 - Dia Internacional da Amizade

Ver mais sobre na Página 12

Damos início ao segundo semestre do ano com o mês de Julho que nos

traz uma energia de reflexão e convite a aprendizagem.

Os primeiros 6 meses do ano terão

trazido alguma instabilidade, mudanças ou movimentos

involuntários, ao mesmo tempo que uma tentativa de reequilíbrio. O mês

de Julho, porém, sugere um abrandamento para que haja uma reflexão sobre o que prometemos

para o ano e o que já foi feito.

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 4

Política Três dimensões da tragédia

da esquerda no início do século XXI

Pode-se dizer que a ação das esquerdas realmen-te existentes hoje se divide em três as grandes “correntes”. E se, na busca por uma esquerda conectada com os desafios de nosso tempo, con-seguíssemos nos pautar pela necessidade de reter as virtudes e descartar os vícios dos?

Passadas as venturas e desventuras do longo século XX, há muito deixou de representar qual-quer novidade a já repetida enunciação da crise do marxismo, em particular, e do horizonte de uma política emancipatória de esquerda, em ge-ral. Como é de amplo conhecimento, ao menos desde meados do século passado, a esquerda debate-se em questões epistemológicas, teóricas e práticas de difícil, ainda que inescapável, en-frentamento: as ‘novas’ identidades e sujeitos políticos, a reconfiguração das relações de produ-ção e o consequente descentramento da classe trabalhadora ‘típica-ideal’, a flexível plasticidade novas formas de exploração e acumulação de capital, o peso e materialidade da ideologia, os desafios postos às leituras de conjuntura frente à complexidade da realidade, a autonomia (relativa?) do político, os limites da razão, entre tantos, e intermináveis, problemas.

Muitas formulações, em múltiplas direções, algu-mas mais adequadas do que outras, buscaram decifrar essa esfinge há tempos posta em nossa sala. Debatê-las aqui, no entanto, não é meu obje-tivo. Se é verdade que longas e celebres análises e sínteses já foram produzidas a respeito, é igual-mente certo que os becos do pensamento eman-cipatório continuam nos assombrando. A relação das forças e movimentos revolucionários com a institucionalidade burguesa e o poder do Estado, as aporias da forma partido, os desafios organiza-tivos postos para os (já não tão) novos movimen-tos sociais, entre outros pontos, seguem todos ainda na agenda. Uma vez assumida essa neces-sidade, por onde e de onde (re?)começar o ne-cessário (e trágico, no sentido grego clássico da palavra – já que as consequências não pretendi-das da ação parecem sempre nos trazer de volta ao mesmo problema inicial) esforço de renovação teórico-político da esquerda?

Penso, como muitos, que convém começarmos pela boa e velha “análise concreta da realidade concreta”. É evidente que nesta há incontáveis aspectos e facetas a serem cobertos, mediados ou condicionados por distintas abordagens. No espaço restrito deste texto, não pretendo ir além de uma primeira e limitada aproximação dessa vasta problemática. Para tal, me detenho a uma dimensão específica: a prática cotidiana das es-querdas nos espaços de luta política em que habi-ta no presente. Partindo desse ponto, classifico em três as grandes “correntes” de ação da es-querda realmente existentes nesta quadra da história – e é evidente que, como tais, estas não são se apresentam em estado ‘puro’, tampouco excludentes entre si: i) uma esquerda institucional-parlamentar ou “estadocêntrica”; ii) a esquerda dita tradicional-radical ou “saudosa”; e, por fim, iii) a esquerda fragmentária ou dita “pós-moderna” (por mais complicada e problemática que seja a utilização deste termo, convém faze-lo

a bem da simplificação do debate).

Parece ser basicamente em torno desses três grandes modelos, mais próximas ou distantes de um ou mais desses tipos (ideais?), que as esquer-das têm se situado em termos de leitura de mun-do, comportamento e ação política. Todas elas, grandes forças de gravitação, defendo, carregam vícios e virtudes, sendo importante mapeá-los a fim de uma primeira reflexão sobre o assunto. A reflexão se dará, de passagem, e de modo um tanto arbitrário, dadas as limitações característi-cas desse espaço, em três níveis: ideológico, epistemológico e político. Para efeitos de análise, assumirei, como ponto de partida, que os repre-sentantes de todas as frações são bem-intencionados e que igualmente buscam, por vias distintas, a transformação (radical?) da realidade – o que nem sempre é verificável no mundo da vida (mas isso levaria a discussão para outras e indesejadas esferas). A eles, pois.

O primeiro ‘tipo’, institucional-parlamentar, é bas-tante conhecido, já que carrega alguns séculos de existência nas costas, mesmo que venha reconfi-gurando-se desde então. No aspecto ideológico (discurso-representação de mundo que orienta suas práticas), corresponde ao pragmatismo de esquerda clássico, que encontra centralmente no Estado a razão e causa maior do poder. Daí, co-mo sabemos, derivam-se a opção pelo reformis-mo gradualista (com ou sem povo) e a crença na capacidade de alcançar uma sociedade plena-mente justa e livre pela via incremental, mais ou menos estável, sem rupturas. Na dimensão epis-temológica, o abandono da radicalidade anticapi-talista e, dessa forma, de uma leitura orientada para a ruptura sistêmica, funciona como uma gra-ve barreira à imaginação crítica e, desse modo, ao seu pensamento pretensamente transformador – algo que acaba levando-a a alianças quase perpé-tuas com o pensamento liberal-burguês de “rosto humano”: os proxys do keynesianismo econômico e as teorias liberais da sociedade e da democraci-a, que prezam pela moderação diante das con-quistas da modernidade capitalista. Por último, no aspecto político, essa forma de ver a mudança social acaba encontrando afinidade com o institu-cionalismo utilitarista e a indefectível paixão pelo poder, produtos de uma grave confusão entre mudança e manutenção da realidade. Em suma, ao tentar civilizar o capital, acaba por ele ‘civilizada’.

A esquerda radical tradicional (saudosista, dirão alguns), o segundo tipo, mantém, no que se refere à dimensão ideológica, seu caráter anticapitalista e, por isso, desconfia da cooptação pelo Estado burguês, apostando sua fichas no socialismo e na revolução. No aspecto epistemológico, é certo, isso a possibilita sustentar algum vigor crítico e analítico, bem como certa solidez dos modelos teóricos – ainda que, em alguns casos, em sacrifí-cio da complexidade do real. Na dimensão políti-ca, no entanto, e ainda que seja digna de nota sua heroica e valorosa resistência ao longo das déca-das, segue, de certo modo, vinculada cognitiva e discursivamente a um mundo pré-queda do Muro de Berlim, como numa grande elegia dos “sobreviventes” da história, presa a questões de outro tempo. Assim articulada, por mais refinada e influente que seja sua crítica anti-sistêmica, tende ao elitismo político e ao nanismo, afastada que está do universo de questões que governam o

senso-comum e a vida cotidiana das maiorias sociais. Por fim, um senso de proporção um tanto distorcido e a pouca abertura para pensar e recri-ar a realidade a partir de novas categorias a faz escorregar em lamentáveis demonstrações de sectarismo e dogmatismo.

Por último, chegamos à esquerda fragmentária, nossa terceira “corrente”. É certo que esta nasce da crise das duas precedentes, e como resposta aos seus problemas supostamente congênitos. Isso se dá em meados do século passado (1968 é, certamente, um marco importante), mas ganha fôlego renovado a partir do fim do dito ‘socialismo real’, perpassado pela retórica do “fim das gran-des narrativas” em tempos ‘pós-ideológicos’. Na dimensão epistemológica, busca na efemeridade dos movimentos transitórios, na particularidade como elemento constitutivo, na cognição de corte relativista e na desconfiança da razão remédios contra a fixidez das estruturas e a subsunção da parte pelo todo-totalidade, ciosa que é da procura por novas bases para pensar o problema da liber-dade (em detrimento da igualdade?). No aspecto ideológico, a crítica ao capitalismo, quando é o caso, dá precedência à dimensão ético-comportamental, descurando de suas tensões sistêmico-estruturais; sobrevalorizando, dessa forma, esferas micropolíticas de atuação em detri-mento de sua contraparte macrossocial. Desse modo, assim como no primeiro tipo, termina por colaborar consciente ou inconscientemente com o (neo) liberalismo e o mito moderno do indivíduo autodeterminado, que aqui se torna – implícita ou explicitamente – a unidade fundamental de análi-se. No aspecto político, ao manter certa desconfi-ança da busca por unidades em detrimento das diversidades (como se no fundo estas fossem inconciliáveis), acaba jogando água no moinho da fragmentação político-organizativa. Ao apostar as fichas na imanência fluída das redes sem dar devida atenção aos seus constrangimentos e limites, termina refém de conceitos de horizontali-dade e autonomia não raro esvaziados de conteú-do material. Tudo somado, a ideia de projeto polí-tico-estratégico perde sentido e horizonte, apon-tando para uma gestão reativa, imediatista e per-formática da luta social.

Estarão certos os que dirão ser esta uma forma por demais simplificada de apresentar o panora-ma. Poucos são os grupos na esquerda que esta-riam enquadrados em só um desses tipos e é igualmente certo que, dessa forma categorizados, acabam drenados de sua enorme diversidade, bem como histórias particulares e conjunturas constitutivas. Igualmente corretos estarão em criticar certa arbitrariedade dessa classificação no denso, polissêmico e multifacetado campo da pratica teórica, onde o buraco é, sabemos, ainda mais profundo. Defendo, no entanto, que são essas as três grandes forças de gravitação que atraem a maioria das organizações, movimentos e coletivos políticos de esquerda atualmente, forças que precisam ser superadas naquilo que tem de perniciosas, e, quiçá, canalizadas naquilo que tem de irruptivas. Eis, então, a proposição de um pri-meiro e ainda precário parâmetro que julgo útil e funcional para nos ajudar a começar a ler as tra-gédias da esquerda no século XXI, em suas po-tências e misérias – orientada, naturalmente, para a busca de soluções.

Fica posta, no entanto, como sempre, a pergunta

sobre as eventuais saídas, sobre o quê fazer dian-te do quadro acima proposto. Seria uma enorme pretensão dar, de pronto, uma resposta sumária, já que esta será inevitavelmente produto da im-previsível e apaixonante tarefa de invenção políti-ca coletiva. No entanto, cabe, como ponto de partida para uma reflexão que seguirá, uma se-gunda provocação. E se, na busca por uma es-querda conectada com os desafios de nosso tem-po, conseguíssemos nos pautar pela necessidade de reter as virtudes e descartar os vícios nos tipos acima descritos?

Dito dessa forma, pareceria demasiado simples, em especial se considerarmos que esses três tipos são irremediavelmente interdependentes, e que, possivelmente, seus vícios e virtudes são, ao fim e ao cabo, inseparáveis entre si; já que cada uma dessas correntes, representa, em última instância, visão de mundo mais ou menos coeren-te, com sua própria amarração e lógica interna. É igualmente razoável atentar para o fato de que, em geral, o caminho circular que vai de um tipo ao outro acabou por se tornar a via sacra de militan-tes frustrados e desiludidos com seus próprios espaços de atuação política, sempre em busca de seu próprio (e, por vezes, individual) paraíso orga-nizativo.

Como, então, operacionalizar objetivamente tal proposta? Aí reside, certamente, o mais difícil. Sem pretensão de resolução de problema, nos permitamos ao menos imaginar, especular. Há de se começar por algum ponto, afinal.

Da esquerda de primeiro tipo, buscaremos manter o necessário pragmatismo da ação: o planejamen-to, desenho e busca pela concretização de novas de propostas de governo da vida política e social, permeada por valores radicalmente democráticos, e que falem diretamente para as necessidades mais prementes e cotidianas das pessoas, no “agora”. Junto disso, a clareza quanto ao caráter contraditório, nada idílico, da política cotidiana, como campo de guerra que é. Da esquerda de segundo tipo, nos caberá manter o vigor crítico, a tenacidade da resistência abnegada, a radicalida-de anti-sistêmica e a orientação para projetos estratégicos que tenham como horizonte a supe-ração do capitalismo. Por fim, da última dessas “correntes”, cumprirá reter, em tempos de crise civilizacional, o compromisso com uma renovação ético-estética da política, a criatividade e irreve-rência na produção de novos arranjos organizati-vos, o valor da sustentabilidade, o respeito à di-versidade e a desconfiança consequente da ra-zão. Poderia ser um bom começo.

Para isso, precisaremos nos livrar do apego ao poder pelo poder e da falência da crítica, do sec-tarismo dogmático e saudosista e, por fim, da ação fragmentária, individualista e performática de nosso tempo. O necessário e hercúleo esforço de construção de leituras profundas, atualizadas e precisas do capitalismo precisará ser encontrado com a investigação obsessiva e a tentativa prática de novas formas politico-organizativas, compatí-veis com as lutas e desafios revolucionários con-temporâneos. Eis, assim, a tarefa que a que deve se empreender todo pensamento-ação pretensa-mente crítico: entender, criticar e transformar o mundo a sua volta.

Edemilson Paraná é doutorando em Sociologia

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ORIGEM DO TERMO - Esquerda e Direita

O uso político dos termos esquerda e direita é referenciado na Revolução Francesa, em 1789, quando os liberais girondinos e os ex-tremistas jacobinos sentaram-se respectiva-mente à direita e à esquerda no salão da As-sembleia Nacional.

Os direitistas pregavam uma revolução liberal, a abolição dos privilégios da nobreza e esta-beleceram o direito de igualdade perante a lei.

Os esquerdistas também defendiam o fim dos privilégios para nobreza e clero, mas eram favoráveis a um regime centralizador.

Os personagens da Revolução Francesa es-tão bem representados na internet em vários idiomas, principalmente em francês.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 5

E se não houvessem direitos?

Direitos Humanos ou Direitos dos bandidos?

Eis uma pergunta que sempre é feita para quem defende os Direitos Humanos. Direitos humanos só servem para proteger bandi-dos?. Não.

Direitos humanos são direitos fundamentais que possuímos e são para todos. A defesa dos direitos humanos não é algo individual apenas, garante direitos a todas as pessoas. Não existem garantias que um cidadão ino-cente não possa sofrer algum tipo de perse-guição ou constrangimento ilegal, e vir a ser tratado como bandido, e até o engano ser desfeito ele vai querer alguém lhe defenden-do e garantindo seus direitos. Esses direitos não são, portanto, prerrogativas de bandidos apenas, e sim da sociedade em geral.

Perguntas que demonstram o quanto as pes-soas estão preocupadas com o seu umbigo apenas. Minha resposta é simples. Todos têm direito ao Direito, e os Direitos Humanos são para HUMANOS! Simples assim. Mas parece difícil convencer aquele que se acha melhor que o outro porque não cometeu “nenhum crime”, as justificativas são muitas.

As críticas são imensas, e a ala mais conser-vadora da sociedade acha que os direitos hu-manos servem para privilegiar bandidos, legi-timando a conduta transgressora, através de uma punição segundo eles inexistente, pois não pune. Nesse sentido o entendimento é que somente uma postura violenta e dura da-ria resultado e faria a criminalidade diminuir,

algo como : Bandido não tem direitos, e qual-quer punição que sofra ainda é pouco.

Direitos humanos ou Direitos naturais, indivi-duais, servem para designar a mesma coisa, os direitos fundamentais do homem. Corres-pondem às necessidades básicas do ser hu-mano, aquelas que são iguais para todas as pessoas e devem ser atendidas para que se possa levar uma vida digna. São princípios que servem para garantir nossa liberdade, nossa dignidade, o respeito ao ser humano para termos uma sociedade com igualdade para todos.

Se são universais subentende-se que são para todos, independente de credo, raça, cor, sexo, posição política, social, econômica etc. inclusive para bandidos. Portanto dizer que os Direitos Humanos se preocupam apenas com bandidos é uma falácia. Não podemos ser tão ingênuos a ponto de querer isolar o criminoso pensando nele como apenas um indivíduo mau caráter, de má índole.

Essa visão simplista não se sustenta. O sujei-to é fruto de vários fatores sociais. Como as pessoas viram marginais? Por acaso as pes-soas nascem bandidos? Prevalece em nossa sociedade injustiças e desigualdades profun-das que são a base para a criminalidade. Não somos a favor do crime, e todos que são vítimas têm o direito de ficarem furiosos com isso, mas não respeitar os direitos humanos não vai ajudar a mudar esse quadro que aí está, pelo contrário, só vai fomentar o ódio e aumentar a criminalidade.

É certo que nada justifica o crime ou qual-quer outro tipo de violência. Tudo que fere a dignidade humana deve ser combatido, mas dizer que os Direitos Humanos são apenas para bandidos é não querer encarar a reali-dade que vivemos que é a da desigualdade social.

É natural que os defensores dos direitos hu-manos dediquem mais atenção àqueles que são mais frágeis e que ocupam uma posição menos privilegiada dentro de uma sociedade. A impunidade tem sido uma das bandeiras dos militantes dos direitos humanos, dizer que bandido bom é bandido morto é menos-prezar a vida humana, é dizer que uns são melhores que outros, e se arvorar juiz da vi-da, determinando quem deve morrer e quem é digno de continuar vivendo.

Quando falamos em Direitos Humanos, muitas ideias passam por nossa cabeça, mui-

tos assuntos e discussões, vemos os direitos humanos serem violados a todo o momento em todos os lugares, e, em todos os tipos de sociedade. Portanto discutir o direito dos cri-minosos é discutir o direito de seres huma-nos. Bandido, criminoso, tem que ser punido sim! Mas essa punição não cabe a nós cida-dãos comuns, e sim ao Estado que tem como função promover o bem comum, zelar pela segurança e bem estar do cidadão.

A insatisfação social ocasionada pela inefici-ência do Estado em punir, gera a vontade de fazer justiça com as próprias mãos. Isso se percebe nos linchamentos e casos de vingan-ças que ocorrem diariamente. É verdade que a criminalidade aumenta cada vez mais e is-so nos assusta, mete medo, nos causa inse-gurança e alimenta nossa raiva contra essa situação que se instalou em nosso dia-a-dia.

Mas achar que nós mesmos podemos resol-ver a situação, cometendo atrocidades, fa-zendo “justiça” não resolve em nada os pro-blemas. Culpar os defensores dos direitos humanos também não. As leis são para todos, criminosos ou não.

Os defensores dos direitos humanos lutam pelo respeito e defesa desses direitos. Não defendem bandidos, mas sim o direito que é de todos a um processo legal, as garantias constitucionais. Lutamos para que haja justi-ça e punição, mas sem deixar de lado as nor-mas, as garantias aos direitos sociais e indivi-duais, a preservação da dignidade humana.

Não queremos voltar ao tempo da vingança privada, ou permitir ao Estado que exerça seu poder ilimitadamente sobre os cidadãos. Direitos humanos são para as vítimas e são para os bandidos.

Se nos sentimos ameaçados e sem liberdade por conta do medo que nos domina, vamos cobrar de quem tem que nos proteger. Va-mos cobrar uma atuação mais rigorosa do Estado.

A paz só é possível com a observância dos direitos humanos. Como declarou Martin Lu-ther King, Jr., quando defendia os direitos das pessoas de cor nos Estados Unidos du-rante a década de 60: “Uma injustiça em qualquer lugar é uma ameaça para a justiça em todos os lugares.”

Mariene Hildebrando e-mail: [email protected]

Porque precisamos fazer a Reforma Política no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políti-cos não vem do nada. Para que existam bons políticos

para administrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

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Por uma Reforma Política democrática e com participação popular

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Oriente Português

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 6

Em outra parte do mundo, na Ásia, os portu-gueses também tiveram possessões. Duas de-las foram Goa e Macau.

Macau é uma das regiões administrativas es-peciais da República Popular da China desde 20 de dezembro de 1999, sendo a outra Hong Kong. Antes desta data, Macau foi colonizada e administrada por Portugal durante mais de 400 anos e é considerada o primeiro entrepos-to, bem como a última colônia europeia na Ásia.

A colonização de Macau teve início em mea-dos do século 16, com uma ocupação gradu-al de navegadores portugueses que rapida-mente trouxeram prosperidade a este pequeno território, tornando-o numa grande cidade e importante entreposto comercial entre a China, a Europa e o Japão. Macau atingiu o seu auge nos finais do século 16 e nos inícios do século 17, mas só em 1887 a China reconheceu ofici-almente a soberania e a ocupação perpétua portuguesa de Macau, através do "Tratado de Amizade e Comércio Sino-Português".

Em 1967, como consequência do Motim 1-2-3, que marcou a revolta dos residentes chineses pró-comunistas de Macau, em 3 de Dezembro de 1966, Portugal renunciou à sua ocupação perpétua de Macau. Em 1987, após intensas negociações entre Portugal e a República Po-pular da China, os dois países acordaram que Macau voltaria para a soberania chinesa no dia 20 de Dezembro de 1999.

Atualmente, Macau está experimentando um grande e acelerado crescimento econômico, baseado no acentuado desenvolvimento do setor do jogo e do turismo, as duas atividades econômicas vitais desta região administrativa especial chinesa.

Situa-se na costa meridional da República Po-pular da China. Macau tem cerca de 538 mil habitantes, sendo a esmagadora maioria de etnia chinesa.

Desde 20 de Dezembro de 1999, o nome ofici-al de Macau é "Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da Chi-na" (RAEM).

Após o estabelecimento da RAEM, Macau atu-a sob os princípios do Governo Popular Cen-tral da RPC de "um país, dois sistemas", da "Administração de Macau pela Gente de Ma-cau" e de "Alto Grau de Autonomia", gozando por isso de um estatuto especial, semelhante ao de Hong-Kong, e possuindo consequente-mente um elevado grau de autonomia, limitado apenas no que se refere às suas relações ex-teriores e à defesa.

Foi também garantido pela RPC a preservação do seu sistema econômico-financeiro e das suas especificidades durante pelo menos 50 anos, isto é, pelo menos até 2049.

As línguas oficiais são o português e o chinês.

O cantonês é dominado, em 2006, por cerca de 91,9% da população e falado correntemen-te por cerca de 85,7% da população, tornando-o a língua, ou mais precisamente o dialeto chinês, mais falado de Macau.

O português é só dominado por cerca de 2,4% da população e falado correntemente por cer-ca de 0,6% da população.

Macau, como um ponto de encontro e de inter-câmbio entre o Ocidente e o Oriente, é dotada de uma grande diversidade de religiões, como o Budismo, o Confucionismo, o Taoísmo, o Catolicismo, o Protestantismo, o Islamismo e a Fé Bahá'í, que se coexistem harmoniosa-mente.

Porém a esmagadora maioria da população de Macau é adepta ao Budismo.

A moeda oficial usada em Macau é a pataca e encontra-se indexada ao dólar de Hong Kong.

Goa e Macau não são países independentes, mas podem ser “porta de entrada” para o Bra-sil na Índia e na China, “ponte de conexão”, se houver interesse político.

João Paulo E. Barros

GOA, DAMÃO e DIO

O Estado da Índia ou Índia Portugue-sa foi um Estado ul-tramarino português, fundado em 1505, seis anos depois do descobrimento da rota entre Portugal e o subcontinente indi-

ano, para servir de referência governamental para uma cadeia de fortificações, feitorias e colônias de ultramar.

Goa atualmente é um estado da Índia, na cos-ta oeste daquele país. Em termos de renda per capta, é o estado mais rico da Índia. A lín-gua oficial é o concani, mas ainda há falantes do português devido a 4 séculos de domínio lusitano em Goa.

As suas principais cidades são Vasco da Ga-ma, Pangim, Margão e Mapuçá. A primeira referência a Goa data de cerca de 2200 a.C., em escrita cuneiforme da Suméria.

Formada por povos de diferen-tes etnias da Índia, a influência dos sumérios aparece no primeiro sistema de medidas da região. No período védico tardio (1000-500 a.C.) é chamada, em sânscrito, Gomantak, que significa "terra semelhante ao paraíso, fér-til e com águas boas".

Goa foi cobiçada por ser o melhor porto comercial da região.

A primeira investida portuguesa deu-se em 1510, de 4 de Março a 20 de Maio. Nesse

mesmo ano, em uma segunda expedição, a 25 de Novembro, Afonso de Albuquerque, auxiliado pelo corsário hindu Timoja, tomou Goa dos árabes, que se renderam sem com-bate, por o sultão se achar em guerra com o Decão.

Os governadores portugueses da cidade pre-tendiam que fosse uma extensão de Lisboa no Oriente e para tal criaram algumas institui-ções e construíram-se várias Igrejas para ex-pandir o cristianismo e fortificações para a de-fender de ataques externos.

A partir de meados do século XVIII verifica-se um alargamento dos territórios de Goa, que passam a integrar as Novas Conquistas. Ape-sar de, com a chegada da Inquisição (1560–1812), muitos dos residentes locais terem sido convertidos violentamente ao cristianismo, ameaçados com castigos ou confisco de terra, títulos ou propriedades, a maior parte das con-versões foram voluntárias tendo muitos dos missionários que aí pregaram alcançado fa-ma.

A decadência do porto no século 17 foi conse-quência das derrotas militares dos portugue-ses para a Companhia Holandesa das Índias Orientais, tornando o Brasil o centro econômi-co de Portugal. Em 1842 foi fundada a Escola Médico-Cirúrgica de Goa que formou médicos que viriam a exercer em todo o Império Portu-guês. Em 1900 Goa teve seu primei-ro jornal bilingue gujarati-português.

De 18 para 19 de dezembro de 1961 uma for-ça indiana de 40.000 soldados conquistou Go-a, encontrando pouca resistência.

O hinduísmo (65,8%), o cristianismo (26,7%) e o Islamismo (6,8%) são as três maiores religi-ões goesas.

O primeiro Vice-Rei foi D. Francisco de Almei-da, que estabeleceu seu governo em Cochim (Kochi).

Em 1530 a capital do Estado da Índia foi transferida para Goa e, antes do século XVIII, o governador português ali estabelecido exer-cia sua autoridade em todas as possessões portuguesas no oceano Índico, desde a mon-ção do Cabo da Boa Esperança, a oeste, pas-sando pelas Ilhas Molucas, Macau e Nagasaki (esta não formalmente parte dos domínios portugueses) ao leste.

Em 1752, Moçambique passou a ter um go-verno próprio e em 1844 foi a vez dos territó-rios de Macau, Solor e Timor, restringindo a autoridade do governador do Estado da Índia às possessões portuguesas na costa de Mala-bar, permanecendo assim até 1961.

Antes da independência da Índia, ocorrida em 1947, os territórios portugueses se restringiam à Goa, Damão, Diu, e Dadrá e Nagar-Aveli. Portugal perdeu o controle efetivo dos encla-ves de Dadrá e Nagar-Aveli em 1954 e, final-mente, o resto dos territórios do subcontinente indiano em dezembro de 1961, quando foram tomados por uma operação militar indiana. A-pesar da tomada pela Índia dos territórios por-tugueses no subcontinente, Portugal reconhe-ceu oficialmente o controle indiano somente em 1975, após o Revolução dos Cravos e da queda do regime do Estado Novo.

João Paulo E. Barros

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 7

Crônicas, Contos e Poesia ARREPENDIMENTO

GENHA AUGA

QUE O PASSADO NÃO TE CONDENE,

QUE TEUS ERROS SEJAM REPARADOS,

NÃO NASCEMOS SABENDO,

O QUE SE FEZ O TEMPO NÃO APAGA.

O ARREPENDIMENTO TE FAZ PERDOADO

SE ERRAR DE NOVO NÃO APRENDEU

OU NÃO HOUVE

APRENDIZADO DE VERDADE.

QUEM SE ARREPENDE TERÁ TEMPO

DE RECONSTRUIR-SE OU ESTARÁ FADADO,

A CEGAR-SE EM TUA PRÓPRIA ARMADILHA

E ERRAR PARA O RESTO DA VIDA.

NASCEMOS COM ESSA SINA,

O QUE NÃO FIZERMOS DIREITO,

VOLTAREMOS PARA CUMPRIR

O QUE NUNCA APRENDEMOS NESSA VIDA.

.

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HITÓRIA DE UMA MULHER NORDESTINA Aos treze anos seus pais separam-se e a menina preferiu ir mo-rar com o pai, por pe-na dele que fora traído pela mãe, mas não pode ser atendida, pois naquela época, anos cinquenta, não

era bem visto a separação do cônjuge e muito menos a filha morar com o progenitor.

Tinha mais dois irmãos que ficaram com seu pai e abandonados pela mãe que se tornara “rapariga” sumindo pelo mundo afo-ra. Visto a circunstância, ela como única menina foi entregue aos cuidados de uma tia que já tinha sete filhos para criar. Viveu com ela até seus dezessete anos e sua vida transformou-se num verdadeiro inferno, em-bora sua tia lhe fosse muito afetuosa, sentia falta de sua família e muito mais a morte da tia que em vão, sempre foi em busca de sua mãe que nunca mais apareceu nem para visitar a pequena menina, criada com mui-tas dificuldades pela situação financeira em que viviam e pelos primos que nunca acei-taram sua presença entre eles.

Perdera seus dois irmãos e ao completar dezoito anos veio para São Paulo com uma das primas que juntou suas economias e com quem teve afinidade e foram morar num quartinho alugado por ela conseguindo um trabalho como doméstica, e ela, pela dificuldade que teve em adaptar-se à cidade grande, pois nasceu e criou-se em Belo Jar-dim, interior de Pernambuco onde os costu-mes e modos eram totalmente diferentes daqui e, com jeito pouco refinados, conse-guiu estudar até a quinta série e só então pode trabalhar como operária em uma fábri-ca.

Sua trajetória sempre foi de truculência por relacionar-se de maneira pouco lapidada o que lhe valera muitas demissões e rejeições nos relacionamentos com as pessoas. No seu último emprego, foi demitida por justa causa visto que, empurrou o patrão escada abaixo por lhe negar um adiantamento do salário.

Sua prima trazia da padaria uma “bengala de pão” com mortadela e tubaína que ela comia na janta e guardava a metade para o dia seguinte de almoço, momentos difíceis, mas, levaram adiante até localizarem seus tios que moravam em Santos e lhe deram abrigo e apoio.

Com a vida melhorada e melhor ajeitada por essa acolhida dos tios, foram conhecen-do outras pessoas, fizeram algumas amiza-des e até passaram a frequentar “bailinhos” onde teve a sorte de conhecer um rapaz que entendera que suas atitudes poderiam mudar se alguém a ensinasse, pois o cará-ter dela como pessoa era firme e de uma guerreira. Apaixonaram-se à primeira vista,

apresentou seu pretendente aos tios que logo lhe deu um ultimato de noivarem e ca-sarem-se no prazo de nove meses, o que foi honradamente cumprido.

Casaram-se e ela passou a cuidar da casa e do marido saindo-se muito bem. Mas, tan-ta era sua inocência que nunca pensou que para casar teria que dormir com um homem, por isso e pela paciência e compreensão do esposo, só realmente consumou sua “lua de mel” depois de uns três meses e, conse-quentemente, engravidou. Outra fase de paciência e aprendizado.

Quando a barriga cresceu e entendeu que estava esperando um bebê, sentiu-se en-vergonhada porque todos iriam saber o que ela havia feito e graças à sogra, através de muitas conversas e ensinamentos, enten-deu e pode sentir a felicidade de que iria ser mãe e depositou nesse sentimento toda vontade de cuidar da criança com todo a-mor e carinho que não teve.

Essa matuta pela ingenuidade ainda im-pregnada, por vezes era engraçada, andava de pernas bem abertas, com medo de ma-chucar a criança e, passava horas sem dor-mir sem acreditar que de um lugar tão pe-queno sairia esse bebê e, ao mesmo tempo em que havia a possibilidade, por ter peso muito baixo, ter que fazer uma cesariana e isso a apavorava.

Passado o tempo da gravidez, essa “figurinha”, sobreviveu com muita vontade de superar as dificuldades e com a certeza do seu direito de “ser gente” e de viver dig-namente. Assim o fez! Teve um casal de filhos que foram sempre muito bem cuida-dos e seu marido querido com quem a vida lhe premiou faleceu já com os filhos criados, deixou-lhes uma boa casa e o exemplo de que vale a pena ser um bom homem, pro-porcionando a uma pessoa, como há ainda muitas delas cuja sociedade discrimina e para quem o estado sempre virou as costas, esse homem mostrou que a esperança e a certeza de que vale lutar com dignidade e que aprender com humildade sempre pro-porciona decidir se queremos continuar cho-rando ou sorrindo.

Afinal quem na vida não sofreu a dor da perda ou a alegria da chegada? Esse é o ciclo da vida e cada um de nós é quem compõe sua sina.

... Essa pessoa, atualmente com seus sessenta e sete anos, tem seus filhos formados e a tratam com todo respeito e carinho, ela aprende todos os dias, faz mú-sica, é atriz, ajuda crianças carentes, conti-nua lutando pela intolerância e discrimina-ção, discute com coerência seu ponto de vista e tem sempre uma palavra amiga e um sorriso no rosto.

Genha Auga – jornalista MTB: 15.320

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 8

Política e História

O pacifismo hipócrita dos bem-pensantes.

No Brasil basta que um político, um jornalista ou um intelectual seja xingado num aeroporto ou num restaurante para que os bem-pensantes liberais e de esquerda se condoam com o "insuportável cli-ma" de radicalização e de ódio. Todos derramam letras e erguem vo-zes para exigir respeito e para deplorar as situações desagradáveis e constrangedoras. Até mesmo a nova presidente do PT e parlamenta-res do partido entram na cruzada civilista para exigir o respeito univer-sal, mesmo que para inimigos.

Os bem-pensantes brasileiros, cada um tem seu lado, claro, querem conviver pacificamente nos mesmos aeroportos, nos mesmos restau-rantes e, porque não, compartilhar as mesmas mesas. Deve haver um pluralismo de ideias e posições, mas a paz e os modos civilizados de-vem reinar entre todos e a solidariedade e os desagravos precisam estar de prontidão. As rupturas na democracia e no Estado de Direito não devem abalar este convívio.

Trata-se de um pacifismo dos hipócritas. O fato é que no Brasil, a paz é uma mentira, a democracia é uma falsidade e a realidade é deplorá-vel, violenta e constrangedora. Deplorável, violenta e constrangedora para os índios, para os negros, para as mulheres, para os pobres, pa-ra os jovens e para a velhice. A paz, a cultura e a ilustração só exis-tem para uma minoria constituída pelas classes médias e altas que têm acesso e podem comprar a seguridade social, a educação, a cul-tura e o lazer. O Estado lhes garante segurança pública.

A hipocrisia pacifista das elites econômicas e políticas e dos bem-pensantes sempre foi um ardil para acobertar a violência que lhes ga-rante os privilégios, o poder e a impunidade. Ardil que anda insepara-do de sua irmã siamesa - a democracia racial - e, juntos, constituem a ideologia da dominação e da dissimulação da tragédia social e cultural que é o nosso país.

O pacifismo é um brete, uma jaula, que procura aprisionar e conter a combatividade cívica dos movimentos sociais e dos partidos que não compartilham com a ideia de ordem vigente. Essa ideologia operante exige que as manifestações de rua sejam sempre tangidas pelas polí-cias e, quando algo não fica no figurino, a violência e a repressão são legitimadas para manter a paz dos de cima.

A democracia racial, que sempre foi uma crassa mentira, difundida por bem-pensantes e por representantes do Estado, é uma rede de amarras e de mordaças que visa impedir a explosão de lutas e os gri-tos por direitos e por justiça de negros e pobres, que são pobres por-que são negros. A ideia de democracia racial também não passa de um ardil para acobertar a violência e a opressão racial e econômica e para escamotear o racismo institucionalizado - herança escravocrata entranhada como mentalidade e como cultura na alma pecaminosa da elite branca.

Uma história violenta

O Brasil nasceu e se desenvolveu sob a égide da violência. Não da violência libertadora, da violência cívica que corta a cabeça dos domi-nadores e dos opressores para instituir a liberdade e a justiça. Aqui, os malvados, os dominadores e opressores, nunca foram ameaçados e mantêm o controle político a partir de um pacto preliminar do uso alargado da exploração e da violência como garantia última do modo de ser deste país sem futuro.

Primeiro, massacraram e escravizaram índios. Depois, trouxeram cati-vos da África, muitos dos quais chegavam mortos nos porões dos na-vios e foram jogados como um nada nos mares e nas covas e se per-deram, sem nomes, nos tempos. Trabalho brutal, açoites e exploração sexual foi o triste destino a que estavam reservados. Essa compulsão violenta ecoa até hoje, no racismo, na exploração e na própria violên-cia contra as mulheres em geral, pois a genética e a cultura brancas trazem as marcas da impiedade machista da vontade de domínio, até pela via da morte.

A hipocrisia do pacifismo bem-pensante não se condói sistematica-mente com os 60 mil mortos por ano por meios violentos - prova in-desmentível de que aqui não há paz. Mortos, em sua maioria, jovens pobres e negros. Também não se condói com o fato de que as nossas prisões estão apinhadas de presos, em sua maioria, pobres e negros e sem uma sentença definitiva. Presos que vivem nas mais brutais condições de desumanidade.

Não se pode exigir paz e civilidade num país que ocupa o quarto lugar dentre os que mais matam mulheres no mundo, sem contar os outros tipos de violência de gênero. E o que dizer da continuada violência contra os camponeses e do recorrente extermínio dos índios?

A paz e a civilidade existem nos restaurantes dos Jardins, nos gabine-tes e palácios, nas redações da grande mídia, nos intramuros das uni-versidades, nos escritórios luxuosos, nos condomínios seguros, nos aviões que voam levando os turistas brasileiros para fazer compras no estrangeiro. Mas elas não existem nas ruas, nas praças, nas periferi-as, nas favelas, no trabalho.

O Brasil caminha para o abismo, sem destino, tateando no escuro, aprisionado pela sua má fundação e de sua má formação. Precisamos recusar este destino e isto implica em recusar a mentira hipócrita do pacifismo e da civilidade dos bem pensantes e falsidade da democra-cia racial.

Os gritos das dores das crueldades praticadas ao longo dos séculos precisam retumbar pelos salões de festa das elites e nos lares e escri-tórios perfumados pela alvura que quer disfarçar uma herança de mãos manchadas de sangue e de rapina. Os historiadores precisam reescrever a história deste país para que possamos entender a bruta-lidade do passado e do presente e projetar um outro futuro.

A doce ternura da paz e da civilidade dos bem-pensantes, dos bem-educados, dos bem-vestidos, dos bem-viventes, precisa ser confron-tada e constrangida pelo fato de que nos tornamos uma nação de in-sensíveis e de brutais, praticantes do crime imperdoável de desalmar as vítimas da violência para dar-lhe uma alma (branca) também insen-sível e brutal.

Não temos o direito de persistir na mentira hipócrita e na enganação.

Não temos o direito de interditar caminhos de liberdade e de justiça pelas nossas ideologias ludibriantes. Se não fomos capazes de cons-truir uma nação com direitos, justiça, democracia e liberdade, deixe-mos que os deserdados deste país a construam e, se possível, vamos ajudá-los com humildade e sem vaidades. A paz efetiva só existirá quando estes bens se tornarem realidade para todos.

Aldo Fornazieri Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP).

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O Brasil r e g i s t r o u mais mortes violentas de 2011 a 2015 do que a Síria, país em guerra, em igual período. Os

dados, divulgados hoje (28), são do Anuário Brasi-leiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Foram 278.839 ocorrências de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mor-tes decorrentes de intervenção policial no Brasil,

de janeiro de 2011 a dezembro de 2015, frente a 256.124 mortes violentas na Síria, entre março de 2011 a dezembro de 2015, de acordo com o Ob-servatório de Direitos Humanos da Síria.

“Enquanto o mundo está discutindo como evitar a tragédia que tem ocorrido em Alepo, em Damasco e várias outras cidades, no Brasil a gente faz de conta que o problema não existe. Ou, no fundo, a gente acha que é um problema é menor. Estamos revelando que a gente teima em não assumi-lo como prioridade nacional”, destacou o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pú-blica, Renato Sérgio de Lima.

Apenas em 2015, foram mortos violentamente e intencionalmente 58.383 brasileiros, resultado que representa uma pessoa assassinada no país a

cada 9 minutos, ou cerca de 160 mortos por dia. Foram 28,6 pessoas vítimas a cada grupo de 100 mil brasileiros. No entanto, em comparação a 2014 (59.086), o número de mortes violentas so-freu redução de 1,2%. “A retração de 1,2% não deixa de ser uma retração, mas em um patamar muito elevado, é uma oscilação natural, de um número tão elevado assim”, ressaltou Lima.

Das 58.383 mortes violentas no Brasil em 2015, 52.570 foram causadas por homicídios (queda de 1,7% em relação a 2014); 2.307 por latrocínios (aumento de 7,8%); 761 por lesão corporal segui-da de morte (diminuição de 20,2%) e 3.345 por intervenção policial (elevação de 6,3%).

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 9

História do Brasil

Dois cavalos que mudaram a História do Brasil

Momentos importantes que marcaram o país são repletos de personagens pitorescos e con-trovertidos. Curiosamente, dois deles perten-cem ao reino animal.

A história do Brasil é repleta de personagens pitorescos e controvertidos, nos quais mitos e realidades se misturam para desafiar a com-preensão de pesquisadores, estudantes e lei-tores da atualidade. Curiosamente, dois deles pertencem ao reino animal. São cavalos que participaram de momentos decisivos na cons-trução do país – a Independência, em 1822, e a Proclamação da República, em 1889.

A mais conhecida cena da Independência é o quadro “O Brado do Ipiranga”, do pintor parai-bano Pedro Américo. Nele, o então príncipe regente D. Pedro, futuro imperador Pedro I, aparece no alto de uma colina, de espada em punho e montado em fogoso alazão.

Na imagem oficial, seria dessa maneira que o herdeiro da coroa portuguesa teria pronuncia-do a célebre frase “Independência ou Morte”, marca do rompimento definitivo entre a colônia e sua antiga metrópole encenada no final da tarde de Sete de Setembro de 1822.

Depoimentos da época, no entanto, desmen-tem essa visão épica.

Nas suas memórias, escritas anos mais tarde, o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, subcomandante da guarda de honra e futuro Barão de Pindamonhangaba, se refere ao ani-mal como uma “baia gateada”.

Outra testemunha, o padre mineiro Belchior Pinheiro de Oliveira, cita uma “bela besta bai-a”. Ou seja, uma égua ou mula de carga sem nenhum charme, porém forte e confiável. Era esta a forma correta e segura de subir a Serra do Mar naquela época de caminhos íngremes, enlameados e esburacados.

O mesmo coronel Marcondes também confir-ma que, na hora do famoso Grito do Ipiranga, D. Pedro enfrentava um constrangedor proble-ma intestinal. Em outras palavras, estava com dor de barriga.

A causa dos distúrbios é desconhecida. Acre-dita-se que tenha sido algum alimento mal conservado ingerido no dia anterior em San-tos, no litoral paulista, ou a água contaminada das bicas e chafarizes que abasteciam as tro-pas de mula na Serra do Mar.

Em suas memórias, Marcondes usou um eufe-mismo para descrever a situação do príncipe. Segundo ele, a intervalos regulares D. Pedro se via obrigado a apear do animal que o trans-portava para “prover-se” no denso matagal que cobria as margens da estrada.

Quadro "O Brado do Ipiranga", do pintor Pedro Américo.

Foi, portanto, como um simples tropeiro, co-berto pela lama e a poeira do caminho, às vol-tas com as dificuldades naturais do corpo e de seu tempo, que D. Pedro proclamou a Inde-pendência do Brasil. A cena real é bucólica e prosaica, mais brasileira e menos épica do que a retratada no quadro de Pedro Américo. E, ainda assim, importantíssima. Ela marca o iní-cio da história do Brasil como nação indepen-dente.

O segundo cavalo importante da história brasi-leira também é personagem de um quadro fa-moso, de autoria do pintor Henrique Bernardel-li, que celebra a Proclamação da República em Quinze de Novembro de 1889. E também nesse caso há controvérsia em torno do perso-nagem equino.

Nas horas que antecederam a queda da mo-narquia brasileira, o marechal alagoano Mano-el Deodoro da Fonseca estava gravemente enfermo. Passava o tempo todo na cama. Ao visitá-lo, o advogado Francisco Glicério, de Campinas, interior de São Paulo, ficou impres-sionado com seu aspecto ao vê-lo às voltas com uma crise de dispneia, falta crônica de ar produzida por arteriosclerose. Atirado sobre o sofá, envolto em um roupão, o marechal se-quer reunia condições para vestir a farda. O peito arfava e ele mal conseguia falar.

O estado de saúde de Deodoro espalhou o pânico entre as lideranças republicanas. Temi-a-se que morresse a qualquer momento. Sem o marechal, revolução não teria qualquer chance de sucesso. Naquele momento, era ele o único chefe militar com autoridade suficiente para erguer a espada contra o Império.

O dia Quinze de Novembro estava amanhe-cendo quando Deodoro recebeu a notícia de que, mesmo sem ele, as tropas do exército ha-viam se rebelado contra o governo e marcha-vam do bairro de São Cristóvão para o centro do Rio de Janeiro. Eram comandadas pelo te-nente-coronel João da Silva Telles, tendo ao lado o tenente coronel e ídolo da mocidade militar Benjamin Constant Botelho de Maga-lhães.

Fraco e cambaleante, Deodoro vestiu a farda, pediu que colocassem o selim de sua montaria dentro de um saco e tomou uma charrete em companhia do alferes Augusto Cincinato de Araújo, seu primo, para ir se encontrar com as tropas do exército. Na Rua Senador Eusébio,

altura do Gasômetro, viu as forças sublevadas que vinham na direção contrária. Como ainda se sentia muito debilitado, continuou de char-rete o restante da jornada.

Ao chegar próximo do Campo de Santana (atual Praça da República, em frente à estação da Central do Brasil), o marechal pediu para montar a cavalo, apesar dos protestos dos ofi-ciais, temerosos de que o velho comandante não tivesse forças para se manter sobre o ani-mal. Por precaução, o alferes Eduardo Barbo-sa cedeu-lhe o cavalo baio número 6, conside-rado o menos fogoso na tropa do Primeiro Re-gimento de Cavalaria. E foi com esse cavalo que Deodoro depôs o imperador Pedro II.

Retrato de Deodoro da Fonseca, do pintor Henrique

Bernardelli

Herói involuntário de uma escolha casual, o pacato animal seria também o primeiro benefi-ciário da república brasileira. Aposentado do serviço militar por serviços relevantes prestra-dos ao novo regime, passaria o resto dos seus dias sem fazer nada, vivendo confortavelmen-te no estábulo do seu quartel no Rio de Janei-ro. Anos mais tarde, ao recordar o episódio enquanto posava para o quadro de Henrique Bernardelli em que aparece sobre o animal, de quepe na mão, proclamando a República, De-odoro diria:

– Vejam os senhores, quem lucrou no meio de tudo aquilo foi o cavalo!

Laurentino Gomes é escritor e jornalista, autor dos livros 1808, sobre a fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro; 1822, sobre a Independência do Brasil; e 1889, sobre a Proclamação da República.

Laurentino Gomes é escritor e jornalista

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 10

E agora José? ESCOLA SEM PARTIDO E A CAÇA

AS BRUXAS

Está dada a largada a uma verdadeira caça às bruxas. O movimento Escola Sem Partido já escolheu quem são as bruxas do século XXI: Os professores! Os professores nesta quase segunda década do século XXI foram eleitos como os doutrinadores marxistas leni-nistas, comunistas, blasfemadores, perverti-dos, esquerditas que vão destruir a família tra-dicional brasileira.

Tudo começou com o advogado Miguel Na-gib. Em 2003 sua filha chegou da escola di-zendo que seu professor de História havia comparado Che Guevara a São Francisco de Assis. Na oportunidade, o docente discorria sobre abrir mão de tudo por uma ideologia. Havia afirmado que Guevara em 2004, largou tudo em nome da ideologia política. Já São Francisco largou tudo em nome da ideologia religiosa. Eis que, diante desta lógica, Nagib disparou: “As pessoas que querem fazer a ca-beça das crianças associam as duas coisas e acabam dizendo que Che Guevara é um san-to”1 (SIC). E assim nasceu o movimento Es-cola Sem Partido.

Em 23/03/2015, o deputado Izalci (PSDB/DF) apresentou o Projeto de Lei nº 867/2015, que institui o “Programa Escola sem Partido”. A partir daí o Movimento que defende esta ideia ganhou força e se espalhou por diversos Es-tados e Municípios. No site do momento há, inclusive, um modelinho para que vereadores e deputados estaduais apresentem em suas localidades.

Porém, desta vez não quero discutir sobre a lei, em si. Isso já tenho feito em vídeo. O ví-deo em que discuto cada um dos pontos do projeto de lei pode ser acessado neste link: https://goo.gl/THXzcs.

Escola Sem Partido e Sem noção

Em busca de uma pseudo-neutralidade, pais e alunos que possuem uma tendência mais conservadora, estão aderindo à discursos de políticos religiosos e de liberais-conservadores, perseguindo professores.

Políticos ligados a concepções religiosas, tais como Marco Feliciano (PSC-SP), Magno Mal-ta (PR-ES); Políticos liberais-conservadores como Izalci (PSDB/DF), Rogério Marinho (PSDB-RN) e os Bolsonaros, bem como o ar-tista como Alexandre Frota, estão entre os que divulgam com muita frequência os precei-tos do movimento Escola Sem Partido, influ-enciando uma grande parte da sociedade a se voltarem contra os professores.

Na sua pauta de seus discursos, reivindicam a neutralidade do professor. Como se de algu-ma forma fosse possível obter tal neutralidade em qualquer forma de relacionamento social. Impõem o que chamam de ideologia de gêne-

ro e impedem que professores levem qual-quer tipo de discussão relacionado a gênero, sexualidade ou questões políticas. Esquecem que o espaço escolar é o palco onde ocorrem as discussões de todos os tipos, pois é assim que adquirimos o conhecimento e aprende-mos a conviver com diferenças. É na dialógica que nos fazemos entender e trazemos a luz do discernimento e do bom senso.

Neste momento em que discutimos a Base Nacional Comum Curricular, políticos alinha-dos ideologicamente (inclusive com seus re-presentantes no Ministério da Educação – co-mo o próprio ministro Mendonça Filho) se de-bruçam sobre os eixos conceituais de forma com que toda e qualquer forma de indução aos temas elencados acima, sejam excluídos do currículo. Novamente assistimos a escola sendo aparelhada em virtude de uma (falsa) doutrina moral-religiosa, que tem como objeti-vo preparar o aluno para seguir ordens e ser uma pessoa dita “de bem”.

Escola com partido e com ideologia

Muito se engana aquele que acha que o movi-mento Escola Sem Partido seja realmente um movimento sem partido. Não precisa ser mui-to inteligente para ligar os pontos acima, ape-nas com os poucos exemplos de nomes e partidos citados. Você pode fazer uma busca rápida e começar a ver quem apresentou este projeto nas diferentes assembleias legislativas e câmaras municipais e ver o partido e a con-dição ideológica desses personagens. Rapi-damente você vai entender que eles possuem um partido.

Voltando a discussão inicial deste texto, o que se observa é que foi dada a largada à caça às bruxas no século XXI. Aqueles professores que se propõem a discutir questões étnicas, africanidades, políticas ou de gênero são “denunciados” ao movimento Escola Sem Partido. Também se intensificou nos últimos tempos o ataque indiscriminado aos professo-res, seja por qualquer motivo2. Seguem al-guns poucos exemplos extraídos da página do movimento no Facebook:

O site do movimento Escola Sem Partido pos-sui, inclusive, uma seção própria para que seus seguidores enviem provas materiais de professores “doutrinando” seus alunos.

Por uma escola democrática e livre

Pode ser que muita gente esteja apoiando es-te movimento por pura ingenuidade. Por muito tempo a escola se colocou como algo a parte da sociedade. O que acontecia na sociedade não se refletia na escola. As opiniões dos nossos alunos eram reprimidas, assim como todo e qualquer conteúdo que tivesse relevân-cia social (a isso damos o nome de escola tecnicista, algo que o movimento Escola Sem Partido defende). Talvez a escola precise a-brir mais os seus portões para que a comuni-

dade possa vivenciar a escola e realmente conhecer a sua estrutura.

É óbvio que ninguém quer uma escola político-partidária. Espero que você não esteja pen-sando que eu faço defesa de qualquer partido que seja. O que defendo é a pluralidade de ideias e de concepções. Ou seja, defendo que professores e alunos possam se envolver em uma grande discussão sobre os problemas da sociedade, fazendo uso de diferentes conteú-dos para desenvolver suas faculdades cogniti-vas, o pensamento crítico e as competências e habilidades que se requer para um cidadão e um trabalhador neste século.

Escola Sem Partido e o ponto positivo

Se você pensa que sou só críticas ao Escola Sem Partido, engano seu. O movimento tem sim um aspecto muito positivo. Ela lança ótica sobre um grande problema da educação: a doutrinação. Infelizmente muitos professores fazem uso da audiência cativa dos seus alu-nos para imporem as suas concepções ideo-lógicas e calam os alunos que se manifestam contra. Eu não saberia quantificar esses pro-fessores, mas é sabido que existem, e não se faz nada para conter.

Antes de qualquer coisa, é preciso lembrar que a Constituição da República, no artigo 206, III e a LDBEN nº 9.394/1996, artigo 3, II, III e IV, garantem a liberdade de ideias e ve-tam qualquer forma de proselitismo (Art. 33).

Porém, várias vezes já presenciei casos explí-citos de doutrinação, tais como:

• Orações antes de iniciar a aula.

• Frases bíblicas na lousa, forçando os alunos a copiarem.

• Imposição ideológica de que um Estado libe-ral é melhor do que um Estado de Bem Estar Social.

• Imposição de festas religiosas.

Curiosamente, essas formas de doutrinação não são denunciadas no site do movimento Escola Sem Partido. Talvez por que as pesso-as não vejam isso como doutrinação (já que é um conceito muito controverso), ou por que talvez seja conveniente. Ou, ainda, por que talvez pimenta nos olhos dos outros seja re-fresco, não?

Há algum tempo venho discutindo a seguinte proposição: “o Brasil vai eleger, democratica-mente, uma ditadura. E não será a militar, mas sim religiosa”. A cada dia que passa, vejo este futuro mais próximo.

Ivan Claudio Guedes Geógrafo e Pedagogo

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 11

Lutas e revoluções no Brasil

Século XVI França Antártica - invasão francesa, Rio de Janeiro (1555-1567) Confederação dos Tamoios - revolta indígena, Rio de Janeiro (1556-1567) Guerra dos Aimorés - índios contra luso-brasileiros, Bahia (1555-1673) Guerra dos Potiguares - índios contra luso-brasileiros, Paraíba e Rio Grande do Norte (1586-1599) Século XVII Bandeirantes, bugreiros, entradas e bandeiras - expedições civis-militares de exploração e captura de indígenas (séculos XVI e XVII) Quilombos e Guerra dos Palmares - redutos de escravos africanos fugidos, Nordeste (séculos XVII e XVIII) França Equinocial - invasão francesa, Maranhão (1612) Levante dos Tupinambás - índios contra luso-brasileiros, Espírito Santo e Bahia(1617-1621) Invasão holandesa, Presença neerlandesa no Brasil, Guerra Luso-Neerlandesa e Insurreição Pernambucana (Guerra da Luz Divina) - conflito entre luso-brasileiros e holandeses, Nordeste (principalmente Pernambuco e Paraíba) (14 de fevereiro de 1630 a 26 de janeiro de 1654) Revolta de Amador Bueno - insurreição popular, São Paulo (1641) Motim do Nosso Pai - Pernambuco (1666) Revolução de Beckman - revolta de comerciantes, Maranhão (25 de feverei-ro 1684-1685) Confederação dos Cariris - índios contra luso-brasileiros, Paraíba e Ceará (1686-1692) Século XVIII Guerrilha dos Muras - índios contra luso-brasileiros (século XVIII) Guerra dos Emboabas - confronto entre bandeirantes e mineiros, São Paulo e Minas Gerais (início de 1700) Revolta do Sal - Santos (1710) Guerra dos Mascates - confronto entre comerciantes e canavieiros, Pernam-buco (1710-1711) Motins do Maneta - sublevações ocorridas em Salvador contra o monopólio do sal e aumento de impostos (1711) Revolta de Felipe dos Santos - revolta de mineradores contra política fiscal, Minas Gerais (1720) Guerra dos Manaus - índios contra luso-brasileiros, Amazonas (1723-1728) Resistência Guaicuru - índios contra luso-brasileiros, Mato Grosso do Sul (1725-1744) Guerra Guaranítica - Portugal e Espanha contra jesuítas e guaranis catequi-zados, Região Sul (1751-1757) Inconfidência Mineira - conspiração abortada independentista e republicana, Minas Gerais (1789) Conjuração Carioca - conspiração abortada independentista, Rio de Janeiro (1794-1795) Conjuração Baiana/Revolução dos Alfaiates - revolta independentista e abo-licionista, Bahia (1798) Século XIX Conspiração dos Suassunas - conspiração abortada independentista, Per-nambuco (1801) Invasão da Guiana Francesa - invasão e ocupação da Guiana Francesa ao Brasil (1809-1817) Incorporação da Cisplatina - invasão e anexação do Uruguai ao Brasil (1816) Revolução Pernambucana - revolta independentista e republicana, Pernam-buco (1817) Revolução Liberal de 1821 - revolta independentista, Bahia e Pará (1821) Independência da Bahia - revolta independentista, Bahia (1821-1823) Guerra da independência do Brasil - brasileiros contra militares legalistas portugueses, Bahia, Piauí, Maranhão, Pará e Uruguai (1822-1823) Império Século XIX Confederação do Equador - revolta separatista, Nordeste (1823-1824) Guerra da Cisplatina - Brasil contra Argentina e rebeldes uruguaios (1825-1828) Revolta dos Mercenários - mercenários contra Império do Brasil, Rio de Ja-neiro (1828) Noite das Garrafadas - insurreição popular e confronto entre brasileiros e portugueses, Rio de Janeiro (abril de 1831)

Cabanada - insurreição popular, Pernambuco e Alagoas (1832-1835) Federação do Guanais - revolta separatista e republicana, Bahia (1832) A Rusga - revolta entre conservadores (queriam manter o império) e republi-canos, Mato Grosso (1834) Cabanagem - insurreição popular, Pará (1834-1840) Revolta dos Malês - insurreição religiosa, Bahia (1835) Revolução Farroupilha - revolta separatista e republicana, Rio Grande do Sul (1835-1845) Sabinada - insurreição popular, Bahia (7 de novembro de 1837-1838) Balaiada - insurreição popular, Maranhão (1838-1841) Revoltas Liberais - revoltal liberal, São Paulo e Minas Gerais (1842) Revolta dos Lisos - revolta liberal, Alagoas (1844) Motim do Fecha-Fecha - Pernambuco (1844) Motim do Mata-Mata - Pernambuco (1847-1848) Insurreição Praieira - revolta liberal e republicana, Pernambuco (1848-1850) Guerra contra Oribe e Rosas - Brasil, Uruguai e rebeldes argentinos contra Argentina (1850-1852) Revolta do Ronco de Abelha - Nordeste (1851-1854) Levante dos Marimbondos - Pernambuco (1852) Revolta da Fazenda Ibicaba - São Paulo (1857) Motim da Carne sem Osso - insurreição popular, Bahia (1858) Guerra contra Aguirre - Brasil e rebeldes uruguaios contra Uruguai (1864-1865) Guerra do Paraguai - Brasil, Argentina e Uruguai contra Paraguai (1865-1870) Revolta dos Muckers - insurreição popular-messiânica, Rio Grande do Sul (1868-1874) Revolta do Quebra-Quilos - insurreição popular, Nordeste (1874-1875) Guerra das Mulheres - insurreição popular, Nordeste (1875-1876) Revolta do Vintém - insurreição popular, Rio de Janeiro (1880) e Curitiba (1883) Golpe de 15 de novembro - golpe militar, Rio de Janeiro (1889) República Século XIX Revolução Federalista - guerra civil, Rio Grande do Sul (1893-1894) Revolta da Armada - revolta militar conservadora,Rio de Janeiro, (1894) República de Cunani - insurreição popular-separatista, Amapá (1895-1900) Guerra de Canudos - insurreição popular-messiânica, Bahia (1896-1897) Século XX Revolução Acreana - guerra pela independência e anexação do Acre ao Brasil, contra a Bolívia, Acre (1898-1903) Revolta da Vacina - insurreição popular, Rio de Janeiro (1903) Revolta da Chibata - revolta militar, Rio de Janeiro (1910) Guerra do Contestado - insurreição popular-messiânica, Santa Catarina e Paraná (1912-1916) Sedição de Juazeiro - insurreição política, Ceará (1914) Levante Sertanejo - insurreição dos coronéis contra o governo do Estado da Bahia, Bahia (1919-1930) Revolta dos 18 do Forte - primeira revolta do movimento tenentista, Rio de Janeiro (1922) Coluna Prestes - insurreição militar (1923-1925) Revolta Paulista de 1924 - revolta contra o comando paulista, teve adesão da Coluna Prestes (1924) Revolução de 1930 - golpe de Estado civil-militar (1930) Revolta de Princesa - insurreição política local/coronelista, Paraíba (1930) Revolução de 1932, Revolução Constitucionalista de 1932 - revolta político-militar; guerra civil, São Paulo e Estado de Maracaju (atual Mato Grosso do Sul) (1932) Intentona Comunista - insurreição comunista, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Norte (1935) A revolta Mineira de 1935 - Movimento separatista, Minas Gerais. (1935-1936) Caldeirão de Santa Cruz do Deserto - Movimento messiânico que surgiu nas terras no Crato, Ceará (1937). Intentona Integralista - insurreição integralista, Rio de Janeiro (1938) Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial - Itália (1943-1945) Revolução de 1964, Golpe militar de 1964 - levedação de Estado político-militar (1964) Luta armada - guerrilha urbana e rural (1965-1972) Guerrilha do Araguaia (1967 -1974) Impeachment de Fernando Collor (1992) Século XXI Impeachment de D. Dilma (2016)

Lutas na história do Brasil

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 12

Datas comemorativas

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06 - Dia da criação do IBGE 20 - Dia do Amigo e Internacional da Amizade

O dia 6 de julho faz referência ao lançamento do Decreto de lei nº 24.609, de 1934, que institui a criação do IBGE. Porém, oficialmente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística só surgiu em 29 de maio de 1936, com a regulamentação do Instituto Nacional de Estatís-tica (INE).

O grande incentivador para a criação do IBGE foi o estatístico Mário Augusto Teixeira de Freitas.

O atual formato do IBGE só se configurou a partir do Decreto Lei nº 218, de 26 de janeiro de 1938, com a integração do INE ao Conselho Brasileiro de Geografia (CBG).

Antes da criação do IBGE ou do INE, o levantamento estatístico no Brasil era feito através da Diretoria Geral de Estatística, criada em 1871.

Este é o dia do ano de comer chocolate sem qualquer peso na consci-ência. Seja uma barra de chocolate, uma bebida, um gelado, algumas bolachas ou bombons, neste dia é obrigatório ingerir uma boa dose de chocolate. Apesar de tudo, recomenda-se alguma moderação: alguns estudos indicam que o chocolate é mais viciante do que drogas como o cocaína.

São apontadas várias vantagens ao consumo de chocolate, como o aumento da concentração, para os estudos ou no trabalho, por exem-plo. Em média, os portugueses comem um quilo e meio de chocolate por ano.

Esta data foi inspirada no Dia Internacional do Homem (19 de novem-bro), e tem o objetivo de conscientizar a população masculina sobre os cuidados que devem tomar com a sua saúde.

No Brasil, o Dia do Homem foi criado por iniciativa da Ordem Nacional dos Escritores e é celebrado no país desde 1992.

Esta data celebra e homenageia a vida e o legado de um dos líderes mais corajosos e admiráveis do mundo!

Nelson Mandela lutou pela construção de uma vida melhor para o seu povo, garantindo a igualdade social, política e econômica para todos os negros que viviam na África do Sul durante o regime do Apartheid.

Nelson Mandela dedicou 67 anos da sua vida na luta pela paz na hu-manidade e pelos direitos humanos, portanto, nesta data, todos os indivíduos são convidados a dedicar 67 minutos do seu dia para aju-dar as pessoas que mais precisam, em homenagem ao líder sul-africano.

Após passar vários anos preso, Nelson Mandela foi eleito o primeiro presidente da África do Sul e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, pela sua luta contra o Apartheid.

Mandela morreu em 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos de idade.

O futebol é um dos esportes mais populares no Brasil. O país é muito conhecido pela qualidade de seus jogadores e times, e frequentemen-te estão disputando competições mundiais.

Esta data foi escolhida e criada pela Confederação Brasileira de Fute-bol (CBF), em 1976.

O objetivo era homenagear um time do Rio Grande do Sul, o Sport Clube Rio Grande, fundado em 1900. O Sport Clube Rio Grande foi o primeiro time registrado como clube de futebol no Brasil, e é o clube há mais tempo em atividade no país.

O Dia do Amigo e Internacional da Amizade é comemorado em 20 de julho. No entanto, no Brasil, existem várias datas que celebram a ami-zade.

O Dia do Amigo e Dia Internacional da Amizade, celebrado em 20 de julho, foi primeiramente adotado em Buenos Aires, na Argentina, atra-vés de um Decreto. Aos poucos passou a ser comemorado em outras partes do mundo, e hoje quase todos os países festejam esta data.

A data foi criada pelo argentino Enrique Ernesto Febbraro, que consi-derou a chegada do homem à lua como um símbolo de união entre todos os seres humanos.

A primeira comemoração pretendia comemorar a chegada do Homem à Lua, significando que juntos, os povos poderiam conseguir superar desafios quase impossíveis.

A 1ª viagem à lua foi feita em 20 de julho de 1969, data que passou a representar um marco histórico para a humanidade em termos de ex-ploração espacial.

Em 20 de julho de 1969, três astronautas chamados Neil Arms-trong, Michael Collins e Edwin Aldrin, viajaram à Lua a bordo da espa-çonave Apolo-XI.

Quando Armstrong pisou na Lua, proferiu a famosa frase: "Este é um pequeno passo para um homem; um salto gigantesco para a humani-dade".

Na viagem, os astronautas ficaram durante duas horas e meia cami-nhando na Lua, coletando pedras e amostras do solo lunar, tirando fotos e fazendo algumas experiências.

Controvérsias

Existem algumas teorias que contestam o fato aparentemente prova-do de que em 1969 os homens estiveram na lua.

Diversas controvérsias a respeito da 1ª viagem a lua surgiram desde o início e foram elaboradas teorias dizendo que a viagem à lua foi u-ma farsa dos americanos, a chamada “farsa do século”.

O Dia Nacional do Escritor é comemorado em 25 de julho no Brasil.

Esta data celebra as pessoas dedicadas às palavras escritas. Sejam nos textos científicos ou fictícios, os escritores precisam ter a grande habilidade de entreter os leitores e, para isso, é necessário um vasto conhecimento de vocabulários, da gramática e ortografia, além de u-ma boa dose de criatividade e conhecimentos gerais do mundo.

A nível internacional, os escritores são homenageados em 13 de outu-bro, data conhecida como o Dia Mundial do Escritor.

Origem do Dia Nacional do Escritor

A ideia de homenagear todos os escritores no dia 25 de julho surgiu a partir do I Festival do Escritor Brasileiro, organizado na década de 1960 pela União Brasileira de Escritores, sob a presidência de João Peregrino Júnior e Jorge Amado, um dos principais nomes da literatu-ra nacional.

Frases para o Dia do Escritor

"Escrever é estar no extremo de si mesmo" (João Cabral de Melo Ne-to)

“Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra ma-neira.” (Carlos Drummond de Andrade)

“Quando os escritores morrem, eles se transformam nos seus livros. O que, pensando bem, não deixa de ser uma forma interessante de reencarnação.” (Jorge Luis Borges)

“O mais belo triunfo do escritor é fazer pensar os que podem pen-sar.” (Eugène Delacroix).

07 - Dia Mundial do Chocolate

15 - Dia do Homem

18 - Dia Internacional de Nelson Mandela

19 - Dia Nacional do Futebol

20 - Dia da 1ª Viagem à Lua

25 - Dia do Escritor

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 13

17 - Dia de Proteção às Florestas

Qual a relação entre fogo em florestas e o aquecimento global

Número de focos de queimadas e incêndios florestais aumentou 64% no período entre ja-neiro e julho no Brasil comparado com o mes-mo intervalo de tempo de 2015

A LONGO PRAZO, O GÁS CARBÔNICO E METANO LIBERADOS NA ATMOSFERA PE-LAS QUEIMADAS CONTRIBUEM PARA MAIS QUEIMADAS

FOTO: Antonio Cruz/Agencia Brasil

Impulsionadas pela seca, as queimadas e in-cêndios florestais de 2015 foram as maiores em cinco anos. Em 2016, nem a seca nem o fogo têm dado trégua.O Inpe (Instituto Nacio-nal de Pesquisas Espaciais) registrou cerca de 47 mil focos de queimadas e incêndios flo-restais no Brasil até o fim de julho, um aumen-to de 64% frente a 2015, com destaque para Estados do Norte com vegetação amazônica, como Acre e Amazonas.

São os piores dados para o período desde 2004. O país está no início da temporada de queimadas, que atinge o pico em setembro.

Na região Norte, a estiagem é tão intensa que o Rio Madeira está com a navegação limitada de Rondônia a Amazonas. Barcos têm enca-lhado com mais frequência, e o tempo de via-gem dobrou.

Além do impacto local momentâneo, os dados sobre incêndios são preocupantes porque quando as florestas queimam, gás carbônico e metano são liberados na atmosfera.

Eles contribuem para o aquecimento global e podem mudar o clima da Amazônia, criando o ambiente propício para que outros grandes incêndios ocorram com mais frequência. Trata-se de um ciclo vicioso.

Focos de incêndio e queimadas no Brasil

A -

pesar de haver indícios de que o aquecimento global está aumentando o período de seca na região amazônica, cientistas são cautelosos em estabelecer uma relação direta entre a se-

ca atual, os incêndios e o fenômeno climático.

Eles destacam que a estiagem particularmen-te forte em 2016 pode ser em parte explicada pelo El Niño, o fenômeno atmosférico-oceânico que aquece as águas do Oceano Pacífico Equatorial. Ele altera os padrões de chuvas e temperatura no mundo inteiro. Mas a seca atual pode ser um prenúncio do que está por vir.

“É complicado associar diretamente essa seca em particular com o aquecimento global, mas sabemos que as queimadas contribuem para o fenômeno. E com mais mudanças climáticas teremos mais eventos de seca extrema na A-mazônia”, afirmou em entrevista ao Nexo Henrique Barbosa, pesquisador do Instituto de Física da USP.

Barbosa colabora com o desenvolvimento de um modelo brasileiro para o estudo de mu-danças climáticas globais.

Glossário

Queimada é o nome dado para o uso do fogo de forma controlada para viabilizar a agricultu-ra ou renovar as pastagens

Incêndio florestal é o nome dado para o fogo sem controle, que pode ser provocado por causas naturais ou pelo homem – queimadas podem se transformar em incêndios florestais

O impacto no aquecimento global

Atualmente, o Brasil figura entre os maiores emissores de gás carbônico, o principal cau-sador do efeito estufa, do mundo. Mas o país estaria bem atrás no ranking se não fosse pe-lo desmatamento e por queimadas.

Para produzir açúcar e a celulose que fazem parte de sua estrutura, árvores capturam car-bono. Quando elas são queimadas, liberam esse carbono em gases causadores do efeito estufa.

Segundo Henrique Barbosa, do Instituto de Física da USP, apenas uma quantidade pe-quena da madeira desmatada – aquela que tem maior valor – não é queimada.

Das emissões de CO2 do país vêm de des-matamento e queimadas, segundo dados pu-blicados em 2010 pelo IBGE (Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística)

Publicado em 2009, o artigo “Fogo no Sistema da Terra” mostrou que a contribuição das queimadas e incêndios para o aquecimento global é maior do que se pensava até então. Queimadas ligadas ao desmatamento de á-reas florestais respondem por 19 % do aque-cimento global promovido pela ação do ho-mem desde a era pré-industrial. A revolução industrial ocorreu entre 1760 e 1830.

“Essa é uma estimativa conservadora basea-da nas emissões de CO2 relacionadas a fo-gos de desflorestamento [ou seja, para a reti-rada de florestas]”, afirma o estudo.

O trabalho é assinado por um grupo de pes-quisadores de várias partes do globo. Entre eles está Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo.

O impacto do aquecimento global

No mesmo artigo, os pesquisadores destacam que a capacidade do homem de controlar o fogo pode cair no futuro, à medida que as mu-danças climáticas intensificam queimadas e incêndios.

“O fogo é obviamente uma das principais con-sequências das mudanças climáticas, mas ele não é apenas isso, ele retroalimenta o aqueci-mento, que alimenta mais fogos”, afirmou na época da divulgação da pesquisa Thomas Swetnam, da Universidade do Arizona. Ele é coautor do trabalho.

Segundo Henrique Barbosa, do Instituto de Física da USP, estudos indicam que a Amazô-nia está entre os biomas que terão uma inci-dência maior de secas como consequência do aquecimento global.

“Esperamos redução de chuvas na Amazônia, aumento de duração da estação seca e even-tos de seca de maior magnitude. Em estudos recentes, vemos que nas últimas duas déca-das ocorreram três secas intensas [Uma em 2005, outra em 2010 e a atual]. O intervalo entre cada evento costumava ser de cerca de dez anos”

Henrique Barbosa do Instituto de Física da USP, em entrevista ao Nexo

Publicado em 2013 na prestigiosa revista Pnas (Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America), o artigo “Aumento da estação seca no sul da Amazônia em décadas recentes e projeções para sua implicação para mudanças climáti-cas”, afirma que o período de seca na Amazô-nia tem se tornado mais longo desde 1979.

O trabalho é cauteloso em dizer de forma defi-nitiva que o fenômeno é causado pelo aqueci-mento global causado pelo homem, mas res-salta que essa hipótese faz sentido. “Nós não sabemos o que causou a mudança, embora ela lembre os efeitos de mudanças climáticas causadas pelo homem”, afirma o estudo, or-ganizado pela geofísica Rong Fu, da Universi-dade do Texas.

Caso o ritmo de aumento do período de seca continue na metade do ritmo observado, “a longa estação de seca e fogo que contribuiu para a seca de 2005 se tornará a nova norma até o final do século 21”, afirma o trabalho. Em 2005, a região sul da Amazônia passou pela sua pior seca em um período de 40 anos.

Como o homem impulsiona o fogo

Fazer uma queimada é o jeito mais barato de se limpar uma área para aproveitá-la para fins agropecuários. A técnica não é necessaria-mente ruim, se for feita de forma controlada e em lugares permitidos. O problema é que, no Brasil, grande parte dos focos acontece em áreas protegidas, onde qualquer tipo de quei-mada é ilegal.

É por isso que o problema se repete, com va-riações numéricas de acordo com o clima, ano após ano. Os períodos mais secos são os que têm maior número de queimadas.

Fonte: NEXO > Notícias

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 14

Sociedade

Intolerância nossa de cada dia: se a

sociedade está doente, é porque nós

também estamos.

Há quem vai pensar que

lá vem mais um discurso

do pessoal dos “direitos

humanos”. Há quem vai

se interessar, ler e gos-

tar. Ou não. O objetivo não é que concordem

com minha opinião, mas que minhas palavras

sirvam, ao menos, como reflexão. Se causar

inquietude, seja ela qual for, o objetivo foi al-

cançado.

Não são poucas as notícias de linchamentos,

torturas (não só contra criminosos), crimes

premeditados, corrupção, enfim. Sabemos

bem os tempos obscuros em que vivemos. A

vida está com muito pouco valor. A política es-

tá um caos. A integridade física é desmerecida

a todo instante. O ódio e a intolerância espa-

lham-se na mídia, nas conversas informais, na

academia, nos corações.

O ápice disso foi a tatuagem no rapaz, nos úl-

timos dias, onde dizia: “sou ladrão e vacilão”.

Não tem justificativa e aqui eu não estou e

nem quero defender o que ele fez ou deixou

de fazer. Todo mundo erra e, digo mais: quem

aplaudiu a atitude do tatuador se colocou em

nível igual, tanto do tatuador, quanto do indiví-

duo que teve seu rosto danificado. O que o-

corre, antes da falta de amor entre todos nós –

e aqui é entre todos, mesmo- é a falta de em-

patia.

Empatia é o ato de se colocar no lugar do ou-

tro. E é isso que nos falta, pois acusar, rir, a-

plaudir a desgraça alheia sempre é mais fácil

do que parar e pensar que por vezes a nossa

atitude se iguala com a do criminoso que a

gente deseja a pena de morte. Ninguém é me-

lhor ou superior que ninguém. O que pode a-

contecer, é que os ditos cidadãos de bem co-

metem os delitos não perseguidos pelo estado

brasileiro e, consequentemente, dignos de pe-

na, se acham superiores a muita gente.

O Brasil tem um alto índice de criminalidade e

isso é inegável, todavia, não nos cabe ficar

clamando por mais prisão, por pena de morte,

sem pensar na prevenção e o porque desse

crescente índice, já que o modelo punitivo que

temos atualmente não está resolvendo. E a

prevenção depende de cada um de nós. De-

pende da orientação/educação dos pais aos

filhos, depende do incentivo ao esporte, de-

pende de políticas públicas de saúde e assis-

tenciais nas comunidades.

Se a sociedade está doente, é porque nós es-

tamos doentes.

Não podemos continuar sendo essa fábrica de

prisão, verdadeira escola da criminalidade. O

Brasil conta atualmente com mais de 700.000

presos e isso é preocupante, já que apesar

desse número absurdo, a criminalidade cresce

dia após dia no seio da sociedade.

A criança merece atenção sim, o jovem mere-

ce atenção sim, porque eles são o nosso pre-

sente e futuro. Quem deve acolhê-lo não é o

traficante, mas sim a escola, por ser atrativa e

não somente obrigação. As buchas que eles

devem ter contato são os golaços que deveri-

am fazer no futebol (como chamamos aqui no

sul) e não aquelas que eles transportam em

busca de dinheiro fácil. Os valores estão inver-

tidos. Não se tem mais conhecimento e conta-

to com valores relevantes a uma boa forma-

ção individual e consequentemente, societária.

Portanto, acredito que podemos repensar nos-

sas atitudes, ideias e ideais, uma vez que,

conforme dito anteriormente, atirar a primeira

pedra sempre é mais fácil. De ódio e intolerân-

cia o mundo está cheio. Não adianta reclamar,

sair inseguro e clamar pelo porte de arma,

meu caro cidadão de bem, se tu ajudas a es-

palhar ódio por aí.

Vamos espalhar amor e respeito. Vamos res-

gatar os valores. Pensem no que vocês têm

espalhado: amor, respeito, ódio ou intolerân-

cia? Reflitam sobre o que gostariam de colher,

pois como diz aquele velho ditado: se colhe o

que se planta. E não esqueçamos: o reflexo

da sociedade somos nós mesmos.

Bruna Andrino de Lima é advogada, atuante no

Tribunal do Júri. Graduada em Direito pela UniRitter Laureate

International Universities. Pós – Graduanda em Direito Pro-

cessual Penal e Direito Penal com Ênfase em Segurança Pú-

blica pela Uniritter/Canoas. Colaboradora da Rede do Bem.

Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais diver-gentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!

Filipe de Sousa

FRASES SOBRE

HONESTIDADE

Não sei quem: “A vantagem da honestidade é que a concorrência é pequena”.

Luís Amaral: “Por mais conceituado que se-ja, o desonesto sabe-se desonesto, reconhe-

ce-se desonesto. E não se pode conceber que um desonesto se julgue um vitorioso”.

* * * André Breton: “Passarei a minha vida a provocar as confidências dos loucos. São

pessoas de uma honestidade escrupulosa e cuja inocência só encontra um igual em

mim”. * * *

Jean de La Bruyère: “Até mesmo os ho-mens honestos precisam de patifes à sua

volta. Existem coisas que não se pode pedir a pessoas honestas para fazerem”.

* * * * * *

Marquês de Maricá: “Ninguém quer passar por tolo, antes prefere parecer velhaco”.

* * * Maricá, de novo: “Um velhaco sempre acha

outro que o desbanca” * * *

Joseph Maistre: “Não sei como é a vida de um patife, nunca o fui; mas a de um homem

honesto é abominável”. * * *

Grouxo Marx: “Há uma forma de descobrir se um homem é honesto: pergunte a ele. Se

responder que sim, é porque é um patife”. * * *

Termino com uma máxima atribuída a Sócrates, que acho que não colou:

“Se o desonesto soubesse a vantagem de ser honesto, ele seria honesto ao menos por

desonestidade”.

Tem gente que não vale um tostão, não é?

Políticos são muitos assim. No tempo em que o dinheiro brasileiro era o mil-réis, o tos-tão era uma moeda que valia um décimo de um mil-réis. Com a reforma da moeda em 1942, quando foi criado o cruzeiro, acaba-

ram-se os tostões, mas a palavra continuou sendo usada. E gente que não vale um tos-

tão continuou (e continua) existindo também. Mas qual é a origem da palavra tostão? Vem de testone, quer dizer, cabeça grande, em italiano. É que nas moedas de baixo valor,

lá, um dos lados dela tinha o carão do governante da época.

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JULHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 15

EUROPA hoje e ontem (artigo continuado)

Por: Michael Löwy

Sociólogo, é nascido no Brasil, formado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, e

vive em Paris desde 1969. Diretor emérito de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Homenageado, em 1994, com a medalha de prata do CNRS em Ciências Sociais, é autor de Walter Benjamin: aviso de

incêndio (2005), Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (2009), A teoria da revolução no

jovem Marx (2012) e organizador de Revoluções (2009) e Capitalismo como religião (2013), de

Walter Benjamin

Capitalismo e democracia na Europa

PARTE XIX

O referendo funcionou como uma tentativa de arbitragem governamental entre os partidos e frações em disputa.

A falsa alternativa proposta foi entre o ajuste (sim), que deveria servir para atenuar o peso da dívida no longo prazo, ou a reestruturação dessa dívida (não), que já havia sido reestruturada há quatro anos, sem resultados. Nos últimos anos, essa dívida cresceu de maneira desproporcional e quase exponencial, porque os Estados assumiram o resgate dos bancos e do capital privado. A crise da dívida, na verdade, não tem a ver só com as finanças públicas, mas com o capital em seu conjunto. Apesar de todos os planos de ajuste que se implantaram, o desendividamento do setor privado apenas avançou. O endividamento internacional de numerosos países serviu para que os especuladores pudessem enfrentar sua crise de superprodução por meio de vendas altamente financiadas. Mas esses mesmos especuladores tiveram que incrementar sua dívida para poderem emprestar e para financiar seu capital de giro.

Os “empréstimos” da EFSF resultaram na recapitalização de bancos privados gregos, além de trocas e reciclagem de instrumentos de dívida. Grécia não recebeu qualquer empréstimo verdadeiro (dinheiro em caixa) da EFSF. Através dos mecanismos inseridos nos acordos com a EFSF, dinheiro efetivo nunca chegou ao Banco da Grécia, mas apenas “ativos tóxicos desmaterializados”. O país foi forçado a cortar despesas sociais essenciais para pagar, em dinheiro, as altas taxas de juros e os custos abusivos, e também teria que reembolsar o capital que nunca recebeu. Os contratos já realizados supunham que tal pagamento pudesse ser feito também por meio de privatização de patrimônio estatal.

Grécia virou o elo mais fraco da crise capitalista mundial. A crise de sobreprodução mundial se mede em alguns dados: a Reserva Federal é o principal credor do Tesouro norte-americano (4,5 trilhões de dólares); os bancos desse país têm depósitos na Reserva Federal por cerca de 2,5 trilhões de dólares, por não encontrar oportunidades de investimento

produtivo. A dívida mundial sob todas suas formas atinge US$ 213 trilhões, 313% do PIB mundial; entre 2007 e 2013, o capital total em ações retrocedeu US$ 3,86 trilhões, chegando até US$ 53,8 trilhões, 25% do valor da dívida total, proporções entre capital acionário e dívida sem precedentes em toda a história do capitalismo. Nos últimos anos, o endividamento internacional neto (estatal e privado) se reduziu de 29% para 26% do total; o crescimento maior da dívida se produziu nos mercados locais, o que seria um índice de retrocesso da integração financeira global,[43] anunciador de uma marcha em direção da autarquia econômica (queda relativa do comércio mundial).

O principal promotor do endividamento europeu foi a Alemanha, que leva o porrete do ajuste contra a Grécia. Não se trata somente do endividamento público; a Alemanha é o credor por excelência dos bancos privados. Daí o empenho do Banco Central Europeu por resgatar os bancos gregos, que usaram o financiamento para expandir-se nos Bálcãs. Em caso de default, o BCE confiscaria as agências bancárias da Grécia. O fundo criado pela Comissão Europeia para fazer frente a eventuais bancarrotas se financiou com os Tesouros nacionais, mas também no mercado internacional de dívida: o default grego, portanto, arrastaria muitos jogadores, tanto públicos como privados. O Bundesbank, por exemplo, tem uma volumosa carteira de créditos podres contra o Banco Central da Grécia, pelos empréstimos concedidos à indústria alemã que exporta para a Grécia, cerca de 150 bilhões de euros.

De modo geral, Grécia, Islândia, Portugal, Irlanda e Chipre, possuem dívidas públicas e privadas muito superiores à sua capacidade de pagamento, e seus bancos volumes enormes de financiamento. Esses pequenos países funcionaram como plataformas de operações especulativas internacionais, que depois se pretendeu que pagassem seus cidadãos. O ajuste, por isso, não resolveria a crise de dívida da Grécia. Joseph Stiglitz constatou o óbvio ao afirmar: “A troïka exige que a Grécia atinja um excedente orçamental primário (excluindo os pagamentos de juros) de 3,5% do PIB até 2018. Economistas em todo o mundo já condenaram essa meta como punitiva, porque tentar atingi-la levará inevitavelmente a uma recessão ainda maior. Na verdade, mesmo que a dívida grega seja reestruturada para além de tudo o que é imaginável, o país permanecerá em depressão se os eleitores se comprometerem com a meta da troïka… Quase nada da enorme quantidade de dinheiro emprestado à Grécia chegou lá. Desapareceu para pagar aos credores do setor privado, incluindo bancos alemães e franceses. A Grécia só conseguiu uma ninharia, mas pagou um elevado preço para preservar os sistemas bancários destes países”.[44]

No meio desse impasse, o FMI propôs um abatimento e um alongamento importantes da dívida grega: Grécia necessitaria ao menos € 50 bilhões em um novo financiamento por

mais três anos para conseguir fechar as contas.[45] Desse montante, pelo menos € 36 deveriam vir da UE: “Dada a dinâmica frágil das dívidas, concessões futuras são necessárias para trazer de volta a sustentabilidade da dívida”, dizia o documento do FMI (que propôs uma moratória de 20 anos para seu pagamento, e mais dez anos de alongamento: os pagamentos finais só seriam realizados em 2055).[46] O FMI deixou claro que, ainda que fossem cumpridas as exigências do Eurogrupo (crescimento de 4% e superávit fiscal de 3,5%, durante 15 anos, quase objetivos de guerra [civil]) a dívida grega continuaria estando, em 2022, acima de 140% do PIB do país.

Essa análise foi realizada antes do governo grego entrar em default técnico ao não pagar a parcela da dívida de € 1,6 bilhão a 30 de junho. A Alemanha se opôs ao abatimento e alongamento propostos por não querer pagar a conta: propôs uma reprogramação dos débitos, o que prova o peso das dívidas europeias (Itália, Portugal, Espanha, inclusive França) no sistema bancário alemão. Tudo condicionado por um severo ajuste, que, por um lado, salvasse os bancos da quebra e, por outro, devolvesse às finanças públicas capacidade para financiar a economia.

As propostas de redução e alongamento da dívida reforçam, na verdade, as saídas capital istas de exploração e de empobrecimento. Nenhuma delas prevê uma saída à crise mundial tomada em seu conjunto. A questão do salvamento dos bancos passou a ser o eixo da política da troïka: chegou-se a propor que o BCE assumisse o comando dos bancos gregos, depurasse a posse de ativos do Tesouro grego e cortasse o financiamento do Estado. A condição principal disso seria um forte ajuste contra os trabalhadores. Quaisquer que sejam os meios financeiros postos em prática, tratava-se de aproveitar a crise para impor uma supremacia férrea do capital sobre o trabalho.

A Comissão Europeia estabeleceu um mecanismo de “resolução” de crises bancárias, que consiste em que os bancos passem ao controle supranacional do BCE; os bancos centrais e os bancos estatais perderiam suas funções precípuas. Uma ruptura grega com o imperialismo europeu e norte-americano e com o capital financeiro internacional supõe uma revolução social, com uma perspectiva internacional. O rechaço a seguir pagando as dívidas capitalistas, a nacionalização dos bancos, o monopólio do comércio exterior e uma planificação coletiva seriam o ponto de partida de qualquer saída popular à crise. O retorno às moedas nacionais (o dracma, no caso grego) é uma propaganda nacionalista extorsiva: a moeda reflete os interesses e as perspectivas sociais do Estado que a emite. própria manifestação independente.

CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO

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Outra irmã do Brasil

Do outro lado do oce-ano atlânti-co, ao norte da linha do equador, há outro país que também tem o portu-guês como um de seus p r i n c i p a i s

idiomas e tem afinidades históricas com o Brasil, pois ambos foram colônias de Portugal. Esse país é a Guiné-Bissau.

O explorador Nuno Tristão, chegou à Guiné (foz do Rio Gâmbia) em 1446, quando explorava a costa da África Ocidental em busca de ouro. A ca-pital do país, Bissau, foi fundada em 1700. Com a abolição da escravatura, no final do século 19, o comércio de escravos caiu em forte declínio, em-bora restassem alguns focos clandestinos.

A luta pela independência iniciou-se em 1956, quando Amílcar Cabral formou o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Ver-de (PAIGC), que se manteve relativamente pacífi-co até 1961, altura em que estalava a Guerra do Ultramar, declarando a província ultramarina co-mo independente e alterando o seu nome pa-ra Guiné-Bissau (para a distinguir da vizi-nha República da Guiné). O PAIGC declarou uni-lateralmente a independência da Guiné-Bissau em 24 de setembro de 1973.

Nos meses que se seguiram, o ato foi reconhecido por vários países, sobretudo comunistas e africa-nos. Todavia Portugal só reconheceu a indepen-

dência da Guiné-Bissau em 10 de setem-bro de 1974, após a Revolução dos Cravos (o 25 de Abril). No fim dos anos 90, houve uma guerra civil no país.

A p o p u l a ç ã o d a G u i n é - B i s s a u é etnicamente diversa e tem muitas línguas, cos-tumes e estruturas sociais distintos.

Ela pode ser dividida nos seguintes grupos étni-cos: fulas e os povos de língua mandinga, que compõem a maior parte da população e estão concentrados no norte e nordeste do território; os balantas, que vivem nas regiões costeiras do sul; e os mandjacos, que ocupam as áreas costei-ras do centro e norte.

A maioria do restante são mestiços, c o m a s c e n d ê n c i a m i s t a de portugueses e africanos, além de uma minoria de Cabo Verde.

Os nativos de Portugal compreendem atualmente uma percentagem muito pequena da população do país. Depois que Guiné-Bissau conquistou a independência, a maioria dos cidadãos portugue-ses deixou o país. O país tem uma pequena popu-lação de chineses. Estes incluem comerciantes de ascendência portuguesa e chinesa de Macau, uma antiga colônia portuguesa na Ásia.

É um Estado político novo no cenário mundial.

Os principais partidos políticos da Guiné-Bissau são o PAIGC e o PRS. A Guiné-Bissau também é uma República Semipresidencialista, é dividida em 8 regiões. Lá, o Estado é unitário, não é fede-ral.

A Guiné-Bissau não é dividida em estados. O Par-lamento guineense é unicameral, tem uma As-sembleia Nacional Popular composta por 100 de-putados mas, não tem um Senado como no Brasil. A moeda da Guiné-Bissau é chamada Franco CFA, uma moeda regional africana.

Cerca de metade da população é muçulmana su-nita, e cerca de um décimo da população é cristã, os demais seguem crenças nativas ancestrais. Cerca de 27% da população fala português.

A música da Guiné-Bissau é geralmente associa-da com o gumbé, um gênero de vários ritmos, a principal exportação musical do país. No entanto, a agitação civil e outros fatores se combinaram ao longo dos anos para manter o gumbé e outros gê-neros longe do público, mesmo nos países africa-nos, em geral sincretistas.

O afoxé é o principal instrumento musical do pa-ís e é usado em extremamente rápida e ritmica-mente complexa música de dança.

As composições são quase sempre em kriol, u-ma língua crioula baseada no português, e são muitas vezes bem-humoradas, além de geralmen-te girar em torno de eventos e controvérsias atuais do país, especialmente a AIDS. A pala-vra gumbé às vezes é usado genericamente, para se referir a qualquer música do país, embora se refira mais especificamente a um estilo musical único que combina cerca de dez tradições da mú-sica popular do país.

Tina e tinga são outros gêneros populares, en-quanto tradições populares incluem músicas ceri-moniais usada em funerais, iniciações e outros rituais,além da brosca e kussundé dos balantas, o d j a m b a d o n d o s m a n d i n g a s e o kundere do Arquipélago dos Bijagós.

O Carnaval guineense, completamente original, com características próprias, tem evoluído bastan-te, constituindo uma das maiores manifestações culturais do País. O canal de televisão na Guiné-Bissau é a TGB (Televisão da Guiné-Bissau).

João Paulo E. Barros

As Navegações Portuguesas foram pioneiras na era das Grandes Navegações.

Portugal foi um país pioneiro em várias medi-das entre a Idade Média e a Idade Moderna. Ainda no século XIII, tornou-se o primeiro Es-tado formalizado na Europa, o que lhe favore-ceu em vários aspectos. Com uma unificação política garantida, a condição de primeiro país incentivou novos investimentos dentro do pa-norama que se tinha no Velho Mundo. Naque-la época, o comércio era muito fundamentado nas negociações de produtos feitas no Mar Mediterrâneo.

Entretanto, com a conquista dos turcos nessa rota, houve a necessidade de se buscar novos caminhos para se obter as especiarias oriun-das do Oriente, que tanto agradava ao merca-do europeu.

Portugal reunia condições favoráveis para os negócios que marcavam o momento, era um país já unificado, dispunha de uma condição geográfica favorável para se lançar ao mar e contava com um grupo de investidores inte-ressados nos negócios marítimos.

As Navegações Portuguesas para o comércio começaram muito cedo em relação aos outros países. Buscando quebrar o domínio que ha-via sido estabelecido sobre o comércio de es-peciarias no Mar Mediterrâneo, Portugal tra-çou uma nova e arriscada que consistia em contornar o continente africano para se che-gar ao Oriente. Uma viagem que ninguém ha-via feito antes ou mesmo conhecia suas pos-sibilidades. Esse trajeto que se seguiria ga-nharia o nome de Périplo Africano.

Naturalmente, esse contorno do continente não aconteceu em uma única viagem, pois tudo ainda era muito inovador e misterioso.

A estratégia dos portugueses foi contornar o continente africano fazendo entrepostos ao longo da costa da África. Desta forma, Portu-gal evoluiu gradativamente pelo entorno do continente e conquistou diversos territórios, tomando posse das terras todas as vezes que fazia paradas e estabelecendo novas regiões para usufruir de seus produtos e negócios.

Embora isso tenha retardado a chegada dos portugueses ao Oriente, foi importante para

estabelecer suas colônias. Uma das grandes conquistas de todas essas viagens foi cruzar pela primeira vez o chamado Cabo das Tor-mentas, nomeado posteriormente de Cabo da Boa Esperança, região ao sul do continente africano que estabelece a entrada no Oceano Índico.

Essas navegações pelos mares permitiram uma série de descobrimentos entre 1415 e 1543. O resultado foi a grande expansão do império marítimo português e uma remodela-ção da real dimensão do mundo. Buscando uma nova rota para comércio que superasse o monopólio estabelecido no Mar Mediterrâneo, os portugueses foram responsáveis por gran-des avanços tecnológicos para encarar as condições de navegação no Oceano Atlânti-co e grandes avanços culturais.

Após muito tempo de investimento, os portu-gueses finalmente chegaram às Índias em 1498, firmando uma nova rota para comércio de especiarias e conquistando uma grande remessa de lucros sobre os produtos que seri-am comercializados. Dois anos depois, após indicações da existência de terras também a Oeste do continente africano, a expedição de Pedro Álvares Cabral estendeu sua rota no Atlântico para alcançar e tomar posse dessas terras. É o que se chama de descobrimento do Brasil, em 1500.

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