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61 CEIC, Edifício Eudoro Villela. Planta do 1º subsolo. [75] 1:1000 N CEIC, Edifício Eudoro Villela. Planta do piso Guajuviras. [76] 1:1000 N

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CEIC, Edifício Eudoro Villela. Planta do 1º subsolo. [75]

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CEIC, Edifício Eudoro Villela. Planta do piso Guajuviras. [76]

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CEIC, Edifício Eudoro Villela. Planta do piso Terraço. [77]

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CEIC, Edifício Eudoro Villela. Planta do piso Metrô. [78]

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CEIC, Edifício Eudoro Villela. Planta do 1º piso intermediário. [79]

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CEIC, Edifício Eudoro Villela. Planta do 2º piso intermediário. [80]

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CEIC, Edifício Eudoro Villela. Planta do andar tipo da torre. [81]

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CEIC, Edifício Eudoro Villela. Planta do andar tipo da torre com layout do mobiliário. [82]

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CEIC, Edifício Eudoro Villela. Planta do andar tipo da torre. com layout do mobiliário. [83]

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CEIC, Edifício Itaúsa. Planta do 3º subsolo. [84]

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CEIC, Edifício Itaúsa. Planta do 2º e 1º subsolo. [85]

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CEIC, Edifício Itaúsa. Planta do piso Guajuviras. [86]

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CEIC, Edifício Itaúsa. Planta do piso Terraço. [87]

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CEIC, Edifício Itaúsa. Planta do piso Metrô. [88]

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CEIC, Edifício Itaúsa. Planta do 1º piso intermediário. [89]

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CEIC, Edifício Itaúsa. Planta do 2º apiso intermediário. [90]

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CEIC, Edifício Itaúsa. Planta do andar tipo da torre. [91]

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CEIC, Edifício Itaúsa. Planta do andar tipo da torre com layout do mobiliário. [92]

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CEIC, Edifício Itaúsa. Planta do andar tipo da torre com layout do mobiliário. [93]

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Edifícios Administrativos

O segundo movimento de compreensão do CEI se fará pelo con-fronto do projeto com outros similares que permitam identificar os fatores característicos da tipologia funcional e aqueles que são específicos do projeto.

Para seleção inicial dos casos, partimos do Índice de Arquitetura Brasileira, elaborado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, que indexa os artigos de revistas nacionais de arquitetura e urbanismo. Sobre a rubrica “edifícios administrativos” foram encontrados 755 artigos publicados nas revistas especializadas brasileiras. Este levantamento bibliográ-fico inicial permitiu identificarmos uma série de edifícios admi-nistrativos, dentro do corte temporal adotado, que poderiam ser relevantes para o mapeamento desta tipologia funcional.

Desse conjunto, porém, dois se destacavam pela enorme simila-ridade de programa com a sede do Itaú. O Centro Administrativo Unibanco (1972), projeto do arquiteto Roberto Loeb, e o Centro Administativo do BCN, de autoria de Lélio Machado Reiner, e Juan Francisco Camps Andreu (1976).

Os três projetos, concebidos entre 1970 e 1980, foram elaborados para atender exatamente à mesma necessidade: concentração das atividades administrativas, de três grandes empresas do setor fi-nanceiro. Esta quase identidade de programa, que em uma ótica funcionalista deveria resultar em edifícios muito similares, per-mite perceber com mais clareza as intenções e propostas de seus autores. Partiremos da análise desses projetos e, a partir das ques-tões que forem sendo levantadas, iremos introduzindo outros exemplos relevantes à compreensão destas. Tentaremos também, finalmente, entender as razões que levaram à transformação dessa tipologia e o surgimento, mais recentemente, de conjuntos mul-tiempresariais, e multi-funcionais.

A escala destes empreendimentos, com áreas superiores a 100 mil metros quadrados e que em geral abrigam em torno de 10.000 pes-soas, provocam transformações projetuais que implicam em mu-danças significativas na formulação do programa e de suas carac-terísticas funcionais, na volumetria do conjunto e na sua implan-tação urbana, que vão além da simples ampliação proporcional de um edifício. A transferência, em curto prazo de tempo, de um número tão grande de pessoas, para um sítio urbano, em geral de

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ocupação incipiente ou em transformação, raramente encontra já disponível uma infraestrutura urbana adequada exigindo, portan-to, do projeto a inclusão de uma série de serviços não diretamente relacionados com o programa original.

A permanência ou não desses serviços ao longo do tempo vai ou não se alterar conforme a região da cidade onde foi implantado e certamente será diferente em cada caso a ser analisado.

Sem dúvida, a transformação que a forma de organização das em-presas sofreu, com o aprofundamento da globalização, foi o motor principal desse processo, mas também não podemos esquecer que o avanço das tecnologias de comunicação trouxe a infraestrutura necessária para que as vantagens da concentração fossem reduzi-das.

Tradição e inovação

O projeto de edifícios de escritórios representa uma importante e pouco valorizada tipologia. Podemos considerar que a maioria das pessoas, numa sociedade de economia ligada a serviços, trabalha em escritórios e neles passa a maior parte de suas vidas.

Sem dúvida os museus, centros culturais, edifícios multiuso são fascinantes programas e devem ocupar uma parte da nossa for-mação de arquitetos, mas não podemos esquecer que o volume de escritórios produzidos supera em muito esses outros programas e tem papel decisivo na configuração de nossas cidades.

Iniciaremos identificando as duas principais vertentes históricas internacionais na produção de escritórios, que influenciarão o desenvolvimento no Brasil e tentaremos correlacioná-las com os centros administrativos que são objetos de estudo aqui.

Na visão de Francis Duffy 31, fundador da DEGW e importante te-órico do projeto de escritórios, existem duas tradições na concep-ção do escritório moderno: a primeira de origem americana deriva inicialmente do taylorismo, mas sua força impulsionadora princi-pal serão os incorporadores, e a segunda, de origem européia, mais precisamente do norte da Europa, que está mais sujeita aos grupos de representação dos funcionários e com desenvolvimento a par-tir das próprias corporações.

Como veremos adiante, os três projetos analisados representam a

31 DUFFY, Francis. The New Office. Londres: Conran Octopus Limited, 1997.

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última manifestação de uma cultura projetual ligada à tendência européia do ponto de vista formal, mas já antecipam a crescente dominância da visão corporativa americana que, a partir da se-gunda metade da década de 80, servirá de medida da eficiência da ação empresarial.

A tradição americana

Movida inicialmente pelos avanços das estruturas metálicas e do elevador, a torre de escritórios exigia também desenvolvimento na prática imobiliária e no planejamento urbano. O “skyscraper” permitia uma grande valorização do lote urbano, mas exigia um novo nível de sofisticação no seu financiamento e na sua comer-cialização, em um mercado com grandes oscilações cíclicas como o imobiliário.

Duffy menciona um interessante livro de Carol Willis chamado “ Form Follows Finance”, parafraseando o famoso conceito de Louis Sullivan, no qual se analisam os fundamentos legais e econômicos por trás dos edifícios altos de Nova Iorque ou Chicago. O arquiteto Cass Gilbert, que projetou o Woolworth Building em 1910, defi-niu o “arranha-céu” como “a machine that makes the land pays” (uma máquina que faz o lote se pagar).

A viabilização de edifícios como o Chrysler Building, em 1928, e o Empire State Building, em 1930, ambos em Nova Iorque, exigiu uma estratégia imobiliária e financeira tão sofisticada quanto sua evidente competência técnica. Um edifício requintado como o Chrysler, na verdade, poderia ser um exemplo do que hoje é cha-mado de “engenharia de valor”, em que os acabamentos luxuosos e os requintados ornamentos são aplicados em pequenas áreas do edifício, onde provocam grande impacto visual, enquanto a maior parte do projeto é bastante padronizada e simplificada.

O que gostaria de destacar aqui é que o modelo de desenvolvimen-to de escritórios nos Estados Unidos vai ser liderado inicialmente pelos incorporadores e, portanto, tendo como critérios principais de projeto a maximização econômica do investimento. A “cultu-ra da congestão”, que Rem Koolhaas propõe como força configu-radora de Nova Iorque, talvez tenha sido mais o resultado, não a origem, de um processo de motivação econômica, em uma cidade que não limitava a altura dos edifícios ou a área construída má-xima nos lotes até 1961, como veremos no último capítulo deste estudo.

Somente na década de sessenta, com a consolidação de grandes Empire State Building. Planta do 21º andar.

Empire State Building. Nova York. Shreve, Lamb & Harman.

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corporações multinacionais, se passa a olhar o escritório como um elemento importante na produtividade dos funcionários e não somente como um objetivo em si para a geração de retorno financeiro.

Um dos exemplos mais importante dessa tendência é o já mencio-nado projeto de Kevin Roche e John Dinkerloo - a Ford Founda-tion -, que foi desenvolvido fora do contexto dos incorporadores, e foge do padrão de núcleo central que se estabeleceu desde a década de 1930.

A tradição européia

As cidades européias estavam consolidadas há muito tempo quan-do surge o edifício de escritórios moderno e, portanto, a inserção deste programa sempre foi problemática. Assim, a primeira dife-renciação dos escritórios europeus modernos é que tendem a ser implantados nos subúrbios e são em geral prédios de poucos an-dares.

Ao contrário da experiência americana, em que os incorporado-res são os principais promotores das construções, na Europa, as próprias empresas lideram o processo de criação dos espaços que necessitam para desenvolver suas atividades, levantando o capi-tal, contratando os arquitetos e controlando o processo de cons-trução.

Geralmente o espaço resultante é, comparado com os equivalen-tes americanos, muito menos eficiente do ponto de vista econômi-co mas, em geral, os aspectos relacionados com a qualidade do es-paço, ventilação natural, proximidade a janelas, possibilidade de escritórios fechados e também, quase sempre, são mais ambiental-mente “corretos”, pois os empregados influenciam nas decisões, preocupados com questões ligadas à saúde e à segurança.

Na década de 1960 surge, principalmente na Alemanha, uma nova visão em relação aos escritórios, a partir dos estudos de aspectos ligados à comunicação e aos processos no trabalho administrati-vo, que resultará em uma proposta completamente diferente - o escritório panorâmico.

Os irmãos Schnelle, proprietários de uma empresa de móveis, tiveram a capacidade de consolidar todas as idéias e propor uma solução que, ao mesmo tempo, iria eliminar o status e melhorar o processo de comunicação e será chamada de Bürolandschaft, es-critório paisagístico.

Empire State Building. Planta dos andares mais baixos.

Paisagem típica de grandes cidade americanas

Paisagem típica de cidade européia.

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A solução, que envolvia o uso de um layout aberto com plantas e áreas de descanso em escritórios com grande profundidade, apre-senta sua melhor forma no escritório para a Ninoflex, de 1962, mas é também o conceito central na concepção do Centro Admi-nistrativo do Unibanco de Loeb.

A solução encontrou grande resistência por parte dos trabalha-dores, que atuaram junto aos sindicatos para restringir seu uso, e deste modo os pavimentos com grande área e profundidade acaba-ram se tornando ilegais em alguns países, como a Holanda.

Um dos últimos e mais bem sucedidos exemplos de escritório pa-norâmico na Europa é o Centraal Beheer em Apeldoorn, de 1972, projeto do arquiteto Herman Hertzberger, que introduz uma série de idéias referentes à convivência das pessoas entre si e em relação ao edifício. Dentro de uma arquitetura rica que reproduz o espaço de uma vila mediterrânea internamente, os funcionários eram in-centivados a configurar seu próprio ambiente de trabalho, poden-do introduzir até móveis de sua escolha no local.

Este projeto será uma das referências do Lélio Reiner no Centro Administrativo do BCN, apesar de isto se refletir somente nos as-pectos formais e não nos seus conceitos.

Outro exemplo que mostra a grande distância das propostas euro-péias em relação às suas contrapartes americanas é a sede do Ing Bank em Amsterdam, de 1987, do arquiteto Ton Albers, onde a so-lução do pavimento-tipo privilegia o acesso dos funcionários a luz natural em detrimento a eficiência econômica do escritório.

Os projetos analisados aqui foram desenvolvidos a partir de 1975, quando as idéias relativas ao espaço do escritório de origem euro-peia e seus projetos estavam repercutindo aqui no Brasil, porém a distância que existe entre as condições das relações de trabalho aqui e na Europa explica grande parte das contradições que os pro-jetos incorporam.

Análise de projetos

Antes de partir para a análise dos projetos propriamente dita, gos-taria de fazer algumas considerações conceituais sobre esse pro-cesso e o método que utilizarei aqui.

Um projeto pode ser abordado de diferentes formas e com dife-rentes referenciais teóricos. Mesmo a simples descrição de seus componentes físicos envolve alguma forma de categorização e de

Edifício Ninoflax. Cidade de Nordhorn. Arq. N. Zobel. Planta.

Edifício Centraal Beheer. Apeldoorn. Arq. Herman Hertzberger. Foto interior.

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ING Headquarters. Amesterdam. Arq,. Ton Albers. Planta. [101]

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seleção que direcionam a percepção de quem lê. Portanto, o pri-meiro problema que se apresenta é definir quais os instrumentos e medidas que devemos utilizar para a análise dos projetos.

“Na análise, diferentemente do comentário, o principal interesse é a obra em si. Analisar é extrair da própria obra o que ela tem a dizer seguindo um caminho inverso ao da interpretação, pois os instrumentos de análise serão construídos à medida que a obra analisada os necessitar.”32

Definiremos apenas alguns tópicos, para a abordagem inicial dos projetos, de forma a dar certa uniformidade no conteúdo das aná-lises que permita posterior comparação. Este, porém, não será considerado um roteiro rígido e será realimentado pelas próprias análises dos projetos.

Sempre que possível tentaremos mostrar os projetos em relação aos demais de forma comparativa, já que o principal objetivo aqui consiste em possibilitar a melhor compreensão desta tipologia funcional que é o centro administrativo de uma única empresa. Portanto, ao invés de analisarmos projeto a projeto, sequencial-mente, iremos examinando as três obras simultaneamente em relação a cada aspecto que definimos como parâmetro para o es-tudo.

Precedentes

Como abordado no início do projeto do CEI, a discussão dos pre-cedentes é importante recurso para a compreensão dos projetos e dos arquitetos. Além de permitir esclarecer quais referências o arquiteto utilizou em seu processo de criação, a análise dos pre-cedentes permite também conectar os projetos com a história das idéias e das soluções de arquitetura.

Programa usos/espaços

Geralmente o programa, juntamente com o sítio em que se im-planta, é considerado o ponto de partida para o projeto, do qual as soluções emergem de forma quase natural. A colocação aqui como segundo item, após os precedentes, é intencional, pois, em geral, os arquitetos já o abordam sob uma ótica derivada dos temas e projetos que os motivam naquele momento ou em seu trabalho como um todo. As obras selecionadas têm seus programas bási-

32 ZEIN, Ruth Verde. O lugar da crítica: Ensaios oportunos de arquitetura. Porto Alegre:Centro Universitário Ritter dos Reis, 2001,p. 202.

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cos praticamente idênticos por se tratar de construções dirigidas para grandes empresas do setor financeiro com o objetivo de cen-tralizar suas operações. Porém, a alocação e importância das áreas destinadas a cada item serão importantes para identificar a priori-dade dada em cada projeto aos elementos principais do programa. A sua pouca variação deve funcionar como um fator que esclarece de forma mais evidente o partido adotado.

Localização (contexto urbano)

Sem dúvida, por sua escala e impacto urbano, o primeiro conjunto de observações deve dizer respeito à relação do edifício com a cida-de. Nele estão incluídas desde a posição na malha urbana metro-politana, até a forma de articulação com o entorno imediato.

Áreas públicas, privativas e acessos

A questão da definição das áreas de acesso público e daquelas de acesso privado é central no estabelecimento da relação do edifício com a cidade. A propriedade privada do lote, ou mesmo as preocu-pações com a segurança, não geram em si a necessidade de restrin-gir a entrada das pessoas no nível da rua.

Área privada comum

Como acomodam diariamente uma população de mais de 10.000 pessoas, esses centros administrativos demandam uma grande área privada, porém de uso comum a todos os funcionários. Esses locais, que não são tão frequentes no edifício de escritório comer-cial, contêm serviços que normalmente pertencem ao espaço pú-blico como cafés, bancas de jornais, piscinas, etc.

Estrutura e tecnologia

Na arquitetura moderna, a relevância da estrutura foi elevada a um patamar quase mítico e, no caso da arquitetura paulista, igua-lada à própria forma do edifício. Resolvida a estrutura, o problema da forma do edifício já estaria equacionado. Cada vez mais, outros aspectos ligados à tecnologia, passam a ser fundamentais na qua-lificação dessas construções. É o caso de todas as questões ligadas à sustentabilidade, que hoje assumem o papel que a estrutura já teve no centro das questões técnicas dos projetos arquitetônicos.

Precedentes

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Centro Administrativo BCN

Em relação à arquitetura do BCN é clara a influência do edifício Centraal Beheer, em Apeldoorn, projetado em 1972 pelo arquiteto Herman Hertzberger, um dos importantes exemplos da linha eu-ropéia de projetos de escritórios. A transferência dessa cooperati-va para uma cidade a 200 km de Amsterdam segue a mesma lógica que orientou a decisão do BCN: reduzir custos administrativos e aproximar a residência do trabalho.

Reiner faz também, em artigo da revista Projeto, referência direta ao conceito de “mat-building”, que ele chama de “edifício trama”, como uma estratégia para garantir a flexibilidade necessária ao prédio que permita sua atualização ao longo do tempo.

O conceito de “mat-building” surge na década de 1950, a partir dos debates do Team 10, grupo formado em julho1953 no nono con-gresso do C.I.A.M. (Congresso Internacional de Arquitetura Mo-derna), que questionavam os limites rígidos impostos pelo Movi-mento Moderno.

Estas idéias serão difundidas na Holanda principalmente pelo ar-quiteto Aldo van Eyck. Seu projeto do “Children Home” de 1955, em Amsterdam, é um referencial importante desta postura de pro-jeto.

Os “mat buildings” não configuram um tipo facilmente identificá-vel do ponto de vista formal, pois englobam experiências diversas, mas que têm em sua origem algumas marcas operativas.

Os MBs surgem como um contraponto à preocupação exagerada com a forma e respondem à demanda por soluções mais flexíveis e expansíveis que atendem a uma maior velocidade de mudança e indeterminação programática.

“ O MB responde a recorrentes apelos à eficiência no uso do solo, indeterminação de tamanho e forma, flexibilidade no uso e mix programático. Ele expressa a crescente invasão pela arquitetura do território da cidade e da paisagem e o intercâmbio entre a estrutura (edifício) e a infra-estrutura (contexto) que esta invasão sinaliza.” 33

O MB, como definido por Alison Smithson em 1974, é elaborado a partir da repetição de um modulo básico, que resolve a estrutura,

33 SARKIS, Hashim. Le Corbusier’s Venice Hospital and Mat Building Revival. Munich: Prestel Verlag, 2001, p.13.

Edifício Centraal Beheer. Apeldoorn. Arq. Herman Hertzberger. Planta.

CEIC. Acesso subterraneo à torre Eudoro Villela.

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Children Home. Arq. Van Eyck. [103]

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a iluminação e um espaço modular especifico. No caso do projeto do Hospital de Veneza de Le Corbusier, os pontos de partida são as dimensões e o desenho do quarto, a partir da solução do projeto de 1925 das habitações da Cité Universitaire, da Sorbonne, em Paris.

A primeira consequência desta abordagem, é que aparentemen-te o arquiteto abre mão de controlar a forma final do edifício, em busca de uma nova funcionalidade. É a partir da definição do ele-mento modular básico e de sua regra de reprodução que se dá a gênese do projeto de um MB.

Na verdade, quando observamos as obras concretas constatamos um grande controle formal, ou seja, sobre a matrix que permite a ampliação indefinida é a vontade do arquiteto que controla suas direções.

Como o projeto de Hertzberger, o do BCN parte de uma malha quadrada, neste caso baseada em um módulo de 10x10metros e espaçada por uma malha secundária de 2,5metros de largura que acomoda as circulações verticais e horizontais. Esta matriz de re-ferencia é aplicada ao lote como um todo e as diversas edificações serão implantadas contidas por ela.

Gostaria de mencionar também aqui o projeto do Alfred N. Richar-ds Medical Research, de Louis Kahn, que tem grande similaridade com a solução arquitetônica final do projeto do BCN, de modo que se Hertzberger e os “mats buildings” foram as principais influên-cias conceituais, acho que nele estaria a referência formal.

Centro Empresarial Itaú

A análise de precedentes deste projeto já foi feita no capítulo re-ferente ao processo de projeto do CEI e por ser de autoria de dois arquitetos, com formação bastante distinta, sem considerar o contexto de uma grande empresa de projetos, acaba resultando em uma solução do ponto de vista formal mais híbrida. De certa maneira, a única fonte comum aos dois era a grande admiração por Oscar Niemeyer o que aparece de forma clara em todo o de-senho do embasamento desde as lajes curvas do embasamento e a solução de paisagismo até a escolha do grande painel do Sergio Camargo.

Localização ( contexto urbano )

O Centro Administrativo Unibanco se localiza próximo ao quilô-metro 16,5 da rodovia Raposo Tavares na rua João Moreira Salles,

300mN

Cité Universitaire, 1925. Arq. Le Corbusier. Habitações para estudantes.

Cité Universitaire, 1925. Arq. Le Corbusier. Habitações para estudantes. Corte e planta.

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4

1

2

3

Porção oeste da mancha urbana de São Paulo. 1) Pça. da Sé 2) CEIC 3) Unibanco 4) BCN. [106]

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nº 130, em São Paulo, Capital. Está implantado em um terreno de cerca de 83.000 metros quadrados que, na época de sua constru-ção, não se conectava ao tecido urbano e hoje é circundado pela rodovia, por áreas ainda vazias, por instalações industriais e por ocupação residencial de baixa densidade. A área construída de sua primeira etapa é de 35.000 metros quadrados.

O projeto do Centro Administrativo BCN foi implantado em um terreno de 291.200 metros quadrados, no município de Barueri, na Grande São Paulo, próximo ao quilômetro 23 da rodovia Cas-telo Branco, na avenida Andrômeda. O terreno é escalonado arti-ficialmente em diversos níveis e abriga um programa de mais de 120.000 metros quadrados de área construída. Devido às dimen-sões do lote, a densidade de edificação é baixa e as áreas verdes mais significativas puderam ser preservadas. Localizado à beira da mancha urbana da região metropolitana de São Paulo, também não está integrado a nenhuma centralidade local. Acessado de car-ro pelo condomínio de Alphaville ou pela Marginal do rio Tietê , está a cerca de três quilômetros de distância do centro comercial local, tornando o acesso por pedestres quase inexistente.

O Centro Empresarial Itaú Conceição está localizado na zona sul de São Paulo, próximo à estação Conceição do metrô na avenida Armando Arruda Pereira . O projeto foi realizado em quatro ter-renos com um total de 20.000 metros quadrados adquiridos pelo grupo no início dos anos 80, oriundos da desapropriação feita pela Companhia do Metropolitano de São Paulo e integralmente inse-ridos em área do Programa CURA. A cidade ao redor do projeto está completamente ocupada e conta com diversas centralidades como o aeroporto de Congonhas e a estação Conceição do metrô, que tem uma de suas saídas projetada em conjunto com o Centro. Em sua primeira etapa foram construídos 105.000 metros qua-drados, distribuídos em três torres e no embasamento escalonado que se adapta ao desnível do terreno. Posteriormente foram ain-da planejados e erguidos os edifícios da Itaúsa com 42.000 metros quadrados e mais uma torre, Eudoro Villela, com 34.000 metros quadrados.

Os três projetos se localizam fora das áreas tradicionais de implan-tação dos escritórios dos bancos, que com a deterioração do centro da cidade se deslocaram para as avenidas Paulista e Faria Lima, sendo que dois deles se instalaram praticamente no limite da ma-lha urbana. Esta opção, cuja motivação principal foi obter grandes áreas para expansão a um custo mais baixo, foi o contraponto, do ponto de vista das instalações físicas, do processo de concentração

Edifício Alfred N Richards Medical Research. Arq. Louis Kahn. Planta. [108]

Edifício Alfred N Richards Medical Research. Arq. Louis Kahn. [107]

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bancária, desenvolvido a partir de 1970.

Mesmo quando mais integrado com o espaço público, como é o caso do CEI, esses centros tiveram de desenvolver serviços de ca-ráter urbano dentro de seus terrenos, como veremos mais adiante, criando a infraestrutura urbana inexistente nestes locais da cida-de.

Áreas públicas, privativas e acessos

A implantação do conjunto edificado do Centro Administrati-vo Unibanco e suas melhorias se concentraram apenas no lote de propriedade do banco e não se estenderam ao espaço urbano público, identificando claramente o limite entre eles. O acesso de automóveis é feito pela rua João Moreira Salles até o estaciona-mento. Este se conecta a uma central de recepção e a um espaço comum de circulação coberto que serve e articula os seis edifícios do conjunto.

CEI

O projeto do Centro dedicou especial atenção à relação entre os es-paços públicos e os privados e nisso reside sua principal diferença em relação aos demais. A declividade do terreno, a vizinhança de avenidas largas e pequenas ruas e a necessidade de um programa extenso tornaram-se uma oportunidade mais do que um proble-ma. O embasamento dividido em três andares de formas orgânicas abriga boa parte das instalações, ao mesmo tempo em que se inte-gra ao espaço público. Como destacamos na descrição do projeto do CEI, o recurso chave aqui foi separar o programa em dois blocos - embasamento e torres -, de forma a permitir que o espaço público permeasse o terreno do Itaú. Os acessos de pedestres ocorrem em vários níveis e posições do conjunto, pois estamos falando de uma extensão de quase 400 metros entre os edifícios mais distantes. Existe também, para uso dos funcionários, uma interligação entre os três lotes, que parte do piso terraço do E3-E4 e que através de um túnel sob a avenida Armando Arruda Pereira dá acesso à torre Eldoro Villela. A entrada ao estacionamento também se dá em vá-rios pontos do conjunto: pelas ruas Guajuviras eTenente Mauro Miranda e pela avenida do metrô. Assim como para os pedestres, existe também uma ligação por túnel entre todos os lotes do con-junto.

BCNCEIC. Implantacão e acessos. [111]

1:6000N

BCN. Implantacão e acessos. [110]

1:6000

UNIBANCO. Implantacão e acessos. [109]

1:6000

N

N

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A diferença entre o espaço público e o privado é claramente iden-tificada e o acesso se dá através de uma portaria na conexão com o condomínio de Alphaville. Uma vez dentro do Centro, uma ave-nida de duas mãos com canteiros centrais e rotatórias circunda o conjunto, distribui a circulação e dá acesso aos bolsões de estacio-namento. Dela saem, a cada 100 metros, ruas internas com 10 me-tros de largura e de uso de pedestres, mas que permitem a entrada de veículos de carga, que dão acesso às torres de escritórios. Al-guns edifícios se interligam em nível elevado através de passare-las, criando uma conexão direta entre áreas específicas das torres.

O projeto do CEI demonstra que é possível conciliar os requisitos de segurança, particularmente fortes na cultura dos bancos, com uma integração maior com a cidade. O fato de os outros dois proje-tos estarem praticamente fora da mancha urbana de São Paulo, na época de sua implantação, justifica em parte a falta desta integra-ção, pois mesmo onde esta relação era possível ela não ocorreu.

Área privada comum

Unibanco

O espaço central de distribuição, fluido e irregular é o principal elemento do projeto tanto do ponto de vista de uso como na ex-pressão arquitetônica. Ele é coberto por estrutura espacial de alumínio e fibra translúcida de 6.000 metros quadrados ao longo de seus 150 metros de extensão em leve aclive. A cobertura, alta e solta da estrutura dos edifícios, assegura conforto aos usuários pela melhoria da ventilação natural e contribui para o caráter de ponto de encontro e descanso deste espaço. É também através dele que circulam todos os equipamentos de serviço e manutenção e, sob seu piso, ficam as galerias com instalações de energia, água, água gelada, telefone e esgotos. Rampas circulares intermedeiam a relação dos espaços internos dos edifícios com essa grande área comum.

CEI

O piso Terraço, um nível abaixo do piso Metrô, abriga o vasto espa-ço comum para funcionários do Centro. Nele os núcleos de circu-lação vertical se juntam num local amplo equipado com diversos serviços como uma loja de turismo, uma bombonière, uma banca de jornal, um ambulatório e um restaurante. Este grande espaço está a cavaleiro do parque Conceição em um dos extremos e 10 metros abaixo do nível do solo no outro, onde os espelhos d’água Unibanco. Acesso principal sob a cobertura translúcida. [112]

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e a vegetação funcionam no sentido de evitar a sensação de sub-solo.

BCN

O projeto do BCN não tem um lugar coberto de centralize os servi-ços comuns como os demais projetos, mas suas alamedas arbori-zadas criam a sensação de se estar em um espaço urbano bastante interessante.

O edifício da diretoria ocupa uma área de grandes proporções que é usada para eventos e seu átrio central vazio une visualmente todos os andares. O desenho espartano e, ao mesmo tempo, mo-numental, iluminado zenitalmente, é marcado pelos elevadores panorâmicos e por um espelho d’água. No térreo há ainda o hall da passarela que conecta a diretoria aos escritórios passando sobre a avenida central.

O desenho dessas áreas, sem dúvida, é o maior diferencial desses projetos em relação ao típico edifício de escritórios corporativo. Sua origem, sem dúvida, está na necessidade de suprir as limita-ções de infraestrutura urbana dos locais onde foram implantados, mas acabaram por tornar-se sua principal característica, diferen-ciando-os da tipologia clássica dos prédios de escritórios de áreas mais centrais.

Programa usos/espaços

Unibanco

O programa é fundamentalmente o mesmo para os três edifícios, pois todos tentam centralizar as atividades de processamento de dados e grandes áreas de trabalho administrativo dos bancos e par-te da diretoria ligada a elas. Como a sede do Unibanco está locali-zada no Rio de Janeiro, não há espaços destinados à presidência e alta direção como nos outros dois projetos.

O programa se divide entre os seis blocos do projeto: três deles para administração geral, um para a diretoria, um para restauran-te e serviços e um para o Unicentro (processamento de dados) e a controladoria.

CEI

BCN. Alameda de acesso aos blocos.

BCN. Iluminação do átrio do edifício da diretoria.

[113]

[114]

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O programa do CEI foi se ampliando com o tempo, passando de um centro administrativo secundário para tornar-se a sede do gru-po Itaú e, portanto, seu projeto espelha esta mudança. A primeira torre construída abriga a sede da Itaú Seguros desde o início do processo, mas cada vez mais o conjunto foi sendo ocupado pelas diversas diretorias do Banco Itaú, de forma que a Torre Itaúsa, que era a sede da holding, hoje abriga também a alta direção do ban-co.

No nível de acesso do metrô, existe uma saída que está totalmen-te integrada ao projeto e leva diretamente ao piso Terraço, com entrada restrita para funcionários e visitantes tanto dos lotes E3 e E4 quanto do E2, ou dá acesso às escadarias externas que conec-tam todos os níveis às ruas circundantes. Neste piso há ainda uma lanchonete, um restaurante social, ambulatório e a central de uti-lidades.

Mais acima, no nível da avenida Armando de Arruda Pereira, o projeto se integra e estende suas melhorias a uma praça pública, à outra saída do metrô e a uma agência bancária. Acima deste ní-vel, as torres se elevam com mais 12 andares de escritórios. A torre sede do Itaúsa segue o mesmo partido de integração com a cidade e abriga um programa igualmente extenso em seu embasamento e escritórios nos andares-tipo da torre.

BCN

O projeto planejou a ocupação deste espaço em diferentes fases no tempo e, portanto, a malha reguladora adotada teve papel funda-mental para facilitar a implantação em etapas.

A diretoria e o auditório central estão no ponto mais alto do terre-no num edifício de 9.000 metros quadrados, com formas e escala diferenciadas das dos demais. O centro de processamento de da-dos, com 10.000 metros quadrados, é o único edifício que combi-nou o modulo básico do pavimento-tipo para gerar um piso maior utilizando a flexibilidade da matrix de implantação.

Os escritórios ocupam a maior área, de 101.200 metros quadrados e os serviços de apoio, como lojas, ambulatório e restaurantes, ocupam o pavimento térreo de alguns deles.

Os quatro estacionamentos são acessados da avenida principal e possuem no total 422 vagas. Existe ainda um pequeno estaciona-mento coberto para a diretoria com mais 32 vagas.

No final da avenida estava previsto o centro de lazer com diver-

Unibanco. Implantação e programa.

CEIC. Corte.

[115]

[116]

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sas quadras e piscinas, mas que não chegou a ser construído e nas áreas com maior inclinação os bosques existentes foram preser-vados.

O programa do centro administrativo é bastante complexo pela tentativa das empresas de prover todos os espaços necessários para o funcionamento da organização em um único conjunto de edifícios. A tendência, que aparece na década de 1970, surge da ne-cessidade de fomentar a comunicação dentro dessas organizações, muitas vezes fruto da fusão de outras empresas, e de incentivar uma cultura e um espírito único em sua força de trabalho. Apesar de surgirem na mesma década, a microinformática e posterior-mente a internet ainda se encontravam em estágio embrionário de implantação, e somente em meados da década 1980 atingiriam uma escala crítica suficiente para mudar a dinâmica da forma ope-racional dessas organizações. Porém mesmo hoje, onde a comuni-cação via e-mail e a troca eletrônica de documentos virou o padrão operacional, prescindindo, portanto, da necessidade de proximi-dade física, a coordenação entre áreas ainda se baseia em reuniões presenciais o que demonstra a demora do comportamento das em-presas se ajustarem à tecnologia disponível.

Pavimento-tipo

Unibanco

Não existe propriamente um pavimento-tipo já que todos os an-dares têm dimensões diferentes. O único elemento que une estes pavimentos é a malha de implantação baseada em um módulo triangular equilátero de 10 metros de lado, gerando grandes salões adequados para a instalação de escritórios panorâmicos. A área total dos pavimentos varia entre 2.000 e 3.500 metros quadrados, sendo que os pavimentos superiores são menores que os do térreo gerando generosas varandas e jardineiras.

O uso de uma malha triangular, não derivada de nenhum módulo padrão de escritórios, reforça a visão de que o escritório não foi desenhado para o uso de salas fechadas e sim para estações de tra-balho abertas, como podemos ver pela dificuldade de implantação de salas retangulares na área de restaurante.

CEI

Dois tipos de pavimento-tipo são adotados no conjunto do CEI: o primeiro é um quadrado de 40 metros de lado com núcleo central

Unibanco. Módulo triangular da malha. [117]

1:500N

CEIC. Pavimento tipo das torres dos lotes E3 e E4. [118]

1:500N

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onde estão localizados todos os serviços e a circulação e o segun-do, utilizado somente na torre Itaúsa (E2) tem 30 metros de lado e núcleo central bem compacto com a circulação do pavimento empregada como forma de acesso aos serviços.

BCN

O pavimento-tipo é definido de forma a limitar a distância máxi-ma em relação à janela de 10 metros considerada ideal para salões com pé-direito em torno de 2,5 metros e uma área de circulação em cruz de 2,5 metros de largura, que dão acesso aos serviços e utilidades localizados nos seus extremos.

O pavimento-tipo pode também ser considerado um macromó-dulo a partir do qual se constitui o desenho dos pavimentos de formas e dimensões muito diferentes.

A grande variedade nas soluções de pavimento-tipo, nesses proje-tos, espelha o momento de revisão das visões relativa ao funciona-mento das empresas e aos conceitos de layout iniciados na década de 1960 na Europa e Estados Unidos e que chega aqui nos anos 70. Várias tendências internacionais estão presentes nas soluções de projeto desenvolvidas pelos diversos arquitetos. O Bürolands-chaft, escritório paisagístico, consiste, sem dúvida, na referência principal do projeto de Loeb, pois somente uma solução tão livre de arranjo físico seria compatível com a adoção de uma malha es-trutural triangular.

A proposta do Centro Administrativo do BCN tem sua origem no conceito do “office park” americano, onde as empresas buscam aproximar o local da habitação do trabalho levando o escritório para a periferia. Mas, no caso brasileiro, em função da grande dis-crepância de renda dentro das mesmas, a solução somente aproxi-mou a diretoria da empresa do local de trabalho, em um processo similar ao do surgimento do pólo da avenida Berrini.

O Itaú, neste sentido, apresenta a mais convencional das soluções, pois seu pavimento-tipo é herdeiro da solução clássica de núcleo central que se consolida nos Estados Unidos em 1930, mas na qual foram incorporadas preocupações típicas do modelo europeu, com a limitação da profundidade do pavimento e a inclusão de serviços ligados à qualidade de vida dos funcionários, o que seria impensável no modelo de rentabilidade máxima dos incorporado-res americanos.

Estrutura e tecnologia

[119]CEIC. Pavimento tipo da torre Itaúsa.

1:500N

[120]BCN. Pavimento tipo e modulação.

1:500

N

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Unibanco

Os edifícios são construídos em concreto armado baseados numa malha triangular de 10 metros de lado, aplicada a todo o terreno, e que define o partido formal adotado. Os fechamentos externos são executados com caixilhos metálicos e vidro e, quando necessário, protegidos por brises fixos. A cobertura da circulação externa é fei-ta com uma treliça espacial em alumínio sobre apoios em concre-to armado e fechada com placas de fibra de vidro.

CEI

O pavimento-tipo se apoia em oito pilares quadrados externos de 1,4 metro e no núcleo central de 18 x 18 metros, que concentram os elevadores, escadas, shafts verticais e banheiros. Vigas com vão de 19,6 metros e balanços de 9,8 metros fazem o papel de peitoril e sustentam os caixilhos em alumínio e vidros fixos com projeto especial para suportarem as movimentações da estrutura. A ado-ção do insuflamento do ar-condicionado em plenum do forro per-mitiu reduzir a distância de piso a piso para 3,35 metros e ganhar dois andares a mais no projeto. A estrutura é compatibilizada no embasamento pela adoção da malha estrutural quadrada com 9,8 metros de lado, derivada da modulação de 1,4 metros utilizada pelo Itaú como modulo básico de layout.

Foi o primeiro edifício de grande escala no Brasil a utilizar a so-lução de piso elevado de forma generalizada e não somente nas áreas de instalação de computadores, sendo necessário o desenvol-vimento desta tecnologia junto a fabricantes nacionais. A solução, que mais tarde se tornou típica para edifícios de alto padrão, trazia grande flexibilidade para a adaptação dos layouts e introdução de novas tecnologias.

Outro aspecto relevante de desenvolvimento tecnológico foi o a solução de insuflamento do ar-condicionado pelo espaço formado entre a estrutura de concreto e o forro, sem a utilização de dutos para sua distribuição. Esta solução havia sido estudada pela Arms-trong, empresa de forros americana, no inicio da década de 1970, mas não avançou como prática generalizada. Para poder obter um piso a piso menor, o Itaú decidiu contratar o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para desenvolver um modelo matemático que permitisse o dimensionamento da solução, que depois foi testada em um modelo em escala real. A solução, que combinada com o uso do piso elevado para o retorno, dá grande flexibilidade para implantação de salas fechadas, apresentava uma série de dificul-dades técnicas, que foram solucionadas. Entretanto, o maior obs-

[121]BCN. Contiguidade dos pavimentos no mesmo nível.

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táculo para seu uso mais generalizado foi o conservadorismo dos engenheiros de ar-condicionado e o baixo custo dos dutos propria-mente ditos.

BCN

Os edifícios têm sua solução estrutural definida logicamente, em acordo com a malha do projeto, com os pilares em forma de longos perfis L ou U, locados nos pontos de encontro dos eixos da malha estrutural. Toda a estrutura é executada em concreto, sendo as la-jes em grelha quadrada em concreto aparente de 2 metros de lado e que sustentam também as luminárias fluorescentes.

Os vidros são suavemente amarronzados e os caixilhos com trata-mento em cor bronze alguns centímetros recuados da linha exter-na da estrutura.

Os edifícios têm, no máximo, três andares de forma a prescindir de elevadores, como no caso do Unibanco, mas ao contrário deste, que possui rampas para o acesso de deficientes físicos, o BCN não atende a esta necessidade.

Algumas propostas, como a criação de jardins na cobertura e o fato de permitir ventilação natural nos pavimentos de pequenas dimensões, anteciparam alguns critérios de sustentabilidade que ressurgiriam muito mais tarde no repertório dos arquitetos.