10. verminose bovina ii

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PROFº M Sc. GUILHERME COLLARES

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Page 1: 10. verminose bovina ii

PROFº M Sc. GUILHERME COLLARES

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EPIDEMIOLOGIA DA VERMINOSE BOVINA

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DINÂMICA DOS ESTÁDIOS DE VIDA LIVRE

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Clima

As condições climáticas estabelecem o predomínio de determinadas espécies;

A umidade é o fator mais limitante; As baixas temperaturas produzem um atraso na evolução do ovo a

L3 e também atuam ativando o fenômeno de inibição do desenvolvimento ou hipobiose;

Para espécies adaptadas para climas tépidos, como Haemonchus, Oesophagostomum, e outras, as geadas ocasionam grande mortalidade de larvas;

A dessecação é o maior limitante à sobrevivência de todos os gêneros parasitários;

Em termos gerais, podemos estabelecer que Ostertagia e Nematodirus se adaptam bem a climas frios;

Cooperia e Trichostrongylus se adaptam bem a climas intermediários;

Haemonchus e Oesophagostomum se adaptam bem a climas quentes.

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Pastagens

As larvas infectantes não se distribuem homogeneamente ao longo do pasto;

As maiores concentrações de larvas se encontram entre o nível do solo e os 10 cm de altura;

As pasturas compostas majoritariamente por leguminosas formam mantos que sombreiam a área por baixo da superfície foliar, permitindo a persistência da umidade, além de fornecer abrigo da luz solar direta, contribuindo diretamente à sobrevivência das larvas;

As pasturas compostas exclusivamente por gramíneas permitem a penetração do sol até o solo, ocasionando grande mortalidade de L3.

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Desenvolvimento de ovo a larva infectante

A eclosão dos ovos e o desenvolvimento larval são regulados primariamente pela temperatura, acelerando-se em épocas quentes e retardando-se em épocas frias;

Basicamente, esse desenvolvimento oscila entre 1 – 2 semanas no verão, 2 – 3 semanas no outono, 3 – 6 semanas no inverno e 2 – 4 semanas na primavera;

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Migração das L3 nas forragens

Em nossas condições climáticas, caracterizadas por invernos com alta umidade relativa e sucessivos dias de garoa e neblina, as condições resultam ótimas para a migração larval;

No verão, de modo contrário, a formação de crostas na superfície da matéria fecal ocorre rapidamente, dificultando a saída das L3 para os pastos, de tal forma que essas deposições se convertem em reservatórios de larvas para o outono seguinte

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Sobrevivência das larvas infectantes

A sobrevivência das L3 nas pastagens oscila entre 5 – 14 meses e as altas temperaturas de verão provocam grande mortalidade de larvas;

Todas as pastagens permanentes permanecem contaminadas, em menor ou maior grau;

A elevada infectividade no inverno é agravada pela escassa disponibilidade e qualidade das forrageiras, obrigando os animais a cortar os pastos mais próximo ao solo, onde se encontram um maior nº de larvas.

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DINÂMICA DOS ESTÁDIOS PARASITÁRIOS

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Rodeios de cria

Parição em finais de inverno e primeira metade da primavera;

Desmame dos terneiros na metade do verão;

Esta situação faz com que a magnitude da enfermidade se manifeste dependendo da idade animal e estação do pastoreio;

Se destaca uma elevação da carga parasitária das vacas coincidente com o parto, explicada por um “relaxamento da imunidade no periparto”;

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Dinâmica dos estádios parasitários

0

5

10

15

20

25

M A M J J A S O N D J F

OP

G x

10

00

Carga parasitária – Ostertagia – em vacas de 1ª cria

Adultos

L4 inibidas

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Anos com clima bem definido

Nos anos com características climáticas bem definidas, ocorre baixo risco para os terneiros ao pé das vacas por:

Efeito da diminuição da contaminação das pastagens por suas mães, apesar do relaxamento da imunidade no periparto;

Diminuição da infestação produzida pelo crescimento da forragem;

Mortalidade das larvas infectantes nos pastos induzida pela dessecação nos verões quentes e secos.

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Anos características climáticas anormais

Nos anos com características climáticas anormais, ocorre alto risco para os terneiros ao pé das vacas por: Aumento da infecção das pastagens até a primavera;

Relativa incapacidade das mães de cortar o ciclo de vida

parasitário;

Diminuição da produção de leite, associada à deficiência alimentar, que obriga os terneiros a incluir a forragem como fonte alimentícia desde mais cedo;

Contaminação maior das pastagens pelos ovos eliminados pela matéria fecal;

Menor mortalidade de larvas por condições climáticas mais benignas para os estágios de vida livre.

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Gêneros parasitários por categoria animal

32%

14%

49%

5%

Terneiros ao pé

Cooperia

Trichostrongylus

Ostertagia

Nematodirus2%

5%

93%

Vacas 1ª parição

Cooperia

Trichostrongylus

Ostertagia

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Rodeios de recria e invernada

A partir dos 6 – 8 meses de idade, os animais devem enfrentar o outono e o inverno: Estação fria;

Carência alimentar.

Nas condições climáticas normais: As chuvas que iniciam no outono liberarão as larvas infestantes das “bostas” secas

(que permitem infecções de um ano a outro), oferecendo infecção aos terneiros; Estes terneiros, após 3 semanas, já iniciam seu próprio aporte de larvas às pastagens,

iniciando o processo de autoinfecção; Ocorre uma intensa produção de L3 outono-invernais nas pastagens, gerando altas

cargas parasitárias em adultos e terneiros;

A escassez de forragens obriga os terneiros a comer mais contra o solo, aumentando as taxas de infecção;

O baixo nível nutricional exacerba a patogenia dos parasitas, complicando ainda mais o quadro devido ao gênero parasitário predominante ser a Ostertagia spp.

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Rodeios de recria e invernada

As parasitoses outono-invernais determinam, na maioria dos casos, um efeito importantíssimo na performance produtiva de terneiros menores de um ano de idade;

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Gêneros parasitários por categoria animal

12%

32% 56%

Terneiros

Cooperia Trichostrongylus Ostertagia

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Efeito parasitoses sobre ganho de peso

180

200

220

240

260

280

300

320

340

360

380

A M J J A S O N D J F M A

Kg

Controlados

Parasitados

TIPO I TIPO II

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Epidemiologia da Ostertagiose

Característica

Estação

Categoria

Forragem

OPG

Infecção pastagens

Quantidade parasitas adultos

Larvas inibidas

Sinais clínicos

Mortalidade

Dinâmica da enfermidade

Diagnóstico

Profilaxia

Tipo I

Outono-inverno

Desmame a 1 ano

Escassa

Altos

Alta

Alta

Poucas

Presentes

Variável

Rápida

Simples

Complicada

Tipo II

Primavera-verão

Novilhos e vaquilhonas

Boa

Baixo ou nulos

Média-baixa

Baixa

Elevada

Escassos ou inexistentes

Baixa ou nula

Lenta

Complicado

Simples

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Desafio larval x imunidade terneiros

Primavera Verão Outono Inverno Primavera Verão Outono

Desafio larval Imunidade

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CONTROLE DA VERMINOSE BOVINA

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Estratégias epidemiológicas

O controle deve se basear na síntese dos conhecimentos adquiridos através de estudos diagnósticos, ecológicos, econômicos e sociais, aplicando a tecnologia local disponível;

A adoção de uma determinada tecnologia por parte do produtor sempre ocorrerá em função de suas pautas culturais, dos custos e dos riscos;

Para tanto, a diferença entre “obsoleto” e “inovador” praticamente não existe, frente à realidade de cada estabelecimento.

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Estratégias baseadas no manejo do rodeio

Se baseia quase que exclusivamente em tratamentos anti-helmínticos programados para que coincidam com outros movimentos de manejo do rebanho;

Ainda persiste em alguns estabelecimentos, principalmente aqueles onde a mão-de-obra é mínima;

Os tratamentos são aplicados unicamente sobre as fases de vida parasitária (no hospedeiro), sem qualquer atuação sobre as populações em vida livre.

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Estratégias baseadas na categoria animal

Este tipo de programa reconhece que existem categorias animais, que por sua idade ou momento reprodutivo são mais suscetíveis:

Terneiros desmamados;

Terneiros de sobre-ano;

Vacas prenhes (no inverno).

A programação de dosificações anti-helmínticas de acordo com a categoria, se baseia no critério “risco-por-categorias”, incluindo o conceito “custo-benefício”, já que a dosificação protegerá o terneiro nos momentos de maior susceptibilidade.

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Estratégias baseadas na categoria animal

Considerando as propriedades com desmame de outono, as dosificações deverão ocorrer da seguinte forma para terneiros desmamados:

MARÇO

Pré-desmame

ABRIL - MAIO

Desmame

JUNHO SETEMBRO

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Estratégias baseadas na categoria animal

Para terneiros de sobre-ano:

MARÇO JUNHO

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Estratégias baseadas na categoria animal

Esta estratégia, ainda que possa ser incrementada com dados epidemiológicos, oferece as seguintes vantagens:

Melhora sanitária geral;

Como a grande maioria dos produtores dosifica “quando o gado está feio”, nesta estratégia exista uma clara ênfase sobre as categorias que aumentam as taxas de contaminação e infecção;

Evitar mortes no inverno que podem ocorrer inclusive em animais dosificados no desmame, evitando também grandes perdas produtivas;

Permite sua aplicação de forma estipulada anualmente, facilitando o manejo em propriedades onde não existe uma atenção permanente por parte do produtor;

Possui flexibilidade para ser aplicada em propriedades com distintos tipos de manejo, inclusive estabelecimento de gado leiteiro.

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Estratégia epidemiológica

Este tipo de controle, baseado na ocorrência anual dos parasitas, de acordo com a apresentação climática e a categoria animal, não é fácil de ser implementada:

Reconhece que a contaminação das pastagens não é algo estático e que está intimamente ligada às condições climáticas, estado imunológico do rodeio e manejo a que este se encontra submetido;

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Controle estratégico

É de amplo conhecimento que os terneiros aumentam notoriamente sua conversão alimentar com a qualidade da forragem fornecida e que nossos campos nativos podem não ser nem sequer suficientes para manter o peso dos terneiros durante o inverno;

Quando as forragens não são um fator limitante, podemos avaliar todo o potencial de ação negativa dos nematódeos sobre o ganho de peso:

Na primavera, o impacto pode variar de 10 a mais de 40 kg

de peso vivo em animais de menos de 1 ano de idade;

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Programa básico de controle da verminose bovina

Idade

Nasc – 1 ano

1 – 2 anos

MARÇO

C / A

C / A

JUNHO

C / A

C / A

SETEMBRO

A

A

NOV / DEZ

A

A

• Convencional – sem atuação sobre larvas inibidas de Ostertagia

• Avançado – com atuação em larvas inibidas de Ostertagia

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Ganhos com controle estratégico

Ganhos adicionais objetivos

Peso vivo - kg

Peso de carcaça - kg

Redução de morte - %

Aumento dos índices reprodutivos - %

Ganhos adicionais subjetivos

Menor predisposição a outras doenças

Redução da mão-de-obra

Menor pressão de seleção

Benefícios zootécnicos

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MANEJO DE PASTOREIO

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Pastoreio contínuo

Nestas condições, existem escassas possibilidades de que um anti-helmíntico expresse seu verdadeiro potencial, pois no mesmo momento em que está reparando um dano tecidual, uma nova infecção já se está estabelecendo;

O manejo dos pastos deve obedecer necessariamente a três princípios:

O desafio larval deve ser o mínimo possível, de acordo com a

infra-estrutura do estabelecimento;

Todos os terneiros introduzidos em pastos pouco infectados devem estar dosificados;

Os pastos devem ser de boa qualidade, pois animais bem nutridos são mais resistentes.

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Pastoreio controlado

Utilização alternada das pastagens, permitindo descansos variáveis entre os pastoreios, com objetivo de permitir que as pasturas se recuperem logo de um pastoreio intenso, utilizando ou não outras espécies ou categorias animais;

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Pastoreio alternado

Esta prática, com alternância entre espécies ou categorias, se baseia em três vantagens de desenvolvimento biológico:

A tendência a desenvolver nematódeos em bovinos, ovinos e equinos é diferente;

Por um tempo mais ou menos prolongado, as pastagens descansam de animais susceptíveis, que são os que contaminam os pastos;

Os ovinos adultos, em pastoreio natural, são resistentes à transmissão cruzada dos gêneros/espécies de nematódeos mais prevalentes nos terneiros (Ostartagia e Cooperia).

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Transmissão cruzada interespecífica

Pouca infectividade, sem reprodução:

• Ostertagia spp. • Oesophagostomum spp. • Nematodirus spp.

Infectividade reduzida, com pouca adaptação:

• Cooperia spp. • Trichostrongylus spp. (intestinal)

Pequenas diferenças de infectividade e adaptação:

• Haemonchus spp. • Trichostrongylus axei (abomaso)