1.0 introdução eng. ambiental_grade

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Introduo

Introduo

A conservao e a proteo do meio ambiente do planeta Terra apresentam-se como pauta obrigatria nas discusses atuais sobre os desafios da sociedade contempornea. Este tema ganhou especial relevncia quando os graves problemas de poluio e de degradao ambiental e social passaram a influir negativamente na qualidade de vida da sociedade global. Todos os cidados, mesmo que em diferentes campos de atividades (sejam trabalhadores, governantes, legisladores, cientistas, empresrios etc.), tm uma importante parcela de responsabilidade e de contribuio a oferecer no enfrentamento destes desafios.

Porm, o tratamento desta questo exige-nos um conjunto de novos conhecimentos, que no se restringe pura aplicao de tcnicas ou conceitos isolados, mas tambm de uma viso renovada que integre diferentes disciplinas cientficas. Neste sentido, o curso de Consultoria Ambiental procura oferecer a seus alunos uma formao que contribua tanto para o desenvolvimento de seu conhecimento pessoal quanto para sua prtica profissional.

Para cumprir este objetivo, o Curso est estruturado a partir de trs unidades didticas:

Bases conceituais;

Problemas ambientais - caracterizao e tecnologias de monitoramento, tratamento e gesto; e

Instrumentos de gesto.

Nos mdulos que compem o Curso, esto apresentados os principais conceitos, tcnicas e instrumentos disponveis no mundo e no Brasil. Esta estrutura oferece um conjunto de informaes e conhecimentos sobre a questo ambiental mundial e brasileira, numa perspectiva conceitual, apresentando as bases tecnolgicas e metodolgicas para tratamento dos temas relacionados.

Tomo Mdulo Sntese dos Contedos Unidade Didtica

I 1. Introduo ao Ambiente Conceitos de suporte; marcos referenciais mundiais e europeus; meio ambiente no Brasil. Bases conceituais.

2. Ecologia Conceitos e metodologias; caracterizao dos biomas mundiais. Bases conceituais.

II 3. Tratamento de guas Residurias Conceitos; caracterizao; tcnicas de tratamento; normas tcnicas e legislao brasileira. Problemas ambientais.

4. Gesto de Resduos Slidos Conceitos; caracterizao; tcnicas de tratamento e gesto; normas tcnicas e legislao brasileira. Problemas ambientais.

III 5. Poluio Atmosfrica Caracterizao e tcnicas de monitoramento e preveno; normas tcnicas e legislao brasileira. Problemas ambientais.

6. Climatologia e Meio Ambiente Conceitos e caracterizao climtica no mundo e no Brasil. Bases conceituais

7. Poluio Sonora Caracterizao e tcnicas de monitoramento e preveno; normas tcnicas e legislao brasileira. Problemas ambientais.

IV 8. Recursos Naturais Renovveis Conceitos e caracterizao dos recursos naturais renovveis e elementos de gesto territorial. Bases conceituais

9. Contaminao dos Solos Caracterizao e tcnicas de tratamento e preveno; normas tcnicas e legislao brasileira. Problemas ambientais.

V 10. Gesto Ambiental de Empresas - ISO 14.000 Conceitos; metodologias de implantao; normas internacionais e brasileiras, e legislao. Instrumentos

de gesto

11. Auditorias Ambientais Conceitos; metodologias de implantao; normas internacionais e brasileiras, e legislao. Instrumentos

de gesto

12. Avaliao de Impacto Ambiental Conceitos, metodologias aplicadas, normas e legislao internacionais e brasileiras. Instrumentos

de gesto

VI 13. Economia e Ambiente Conceitos de economia ambiental. Bases conceituais

14. Direito Ambiental Conceitos e legislao brasileira. Instrumentos

de gesto

Tabela 1.1 Curso de Consultoria Ambiental. Mdulos e Unidades Didticas.

Os mdulos que compem a unidade didtica Bases Conceituais, devem ser constantemente consultados durante o desenvolvimento do Curso. Isto lhe ajudar a aprofundar a compreenso dos conceitos, alm de estabelecer novas oportunidades de entendimento dos mesmos. 1.1 Conceitos de suporte So cinco os conceitos-chave a serem estudados nesta introduo:

Meio Ambiente;

Meio Ambiente como Sistema;

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel;

Meio Ambiente e Educao Ambiental;

Meio Ambiente e Participao.

Estes conceitos fazem parte do referencial terico de suporte que lhe auxiliar a integrar os conhecimentos tcnicos e metodolgicos apresentados durante o desenvolvimento dos demais mdulos do Curso.

So conceitos que trabalharo sua capacidade de compreender e analisar os problemas ambientais de maneira integrada, relacional.

Figura 1.1 Meio Ambiente. Interdependncia de conceitos.

Por possurem alto grau de interdependncia, cada conceito estudado ir complementar e requisitar o entendimento dos outros conceitos, no devendo ser analisado isoladamente. So partes de um conjunto de definies em constante interao dinmica - no espao e no tempo.

Procure saber: importante que durante o Curso voc retorne a este captulo inicial. Volte a ele toda vez que os temas aqui tratados aparecerem nos mdulos estudados. A cada releitura, voc perceber uma nova possibilidade de aprofundamento. Procure informar-se constantemente sobre a evoluo destes conceitos. Busque nos livros, em publicaes tcnicas, ou em outros meios de comunicao disponveis em sua regio. Manter-se atualizado ir ajudar voc a ampliar sua compreenso sobre a temtica ambiental.

1.1.1 Meio ambiente A concepo e o entendimento do conceito de meio ambiente, ou ambiente, est em constante processo de construo. Por essa razo possvel encontrarmos diferentes definies para esse termo que, de acordo com o momento de sua elaborao, ora o restringe, ora o amplia.

Uma discusso recorrente a respeito do termo meio ambiente a suposta redundncia que existe entre ambos os termos: a palavra meio significa o mesmo que ambiente.

O motivo desta reiterao obedece razes histricas, j que, durante a Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972), a impreciso semntica das tradues do ingls acabou por gerar o termo meio ambiente como de uso comum, em lugar de utilizar-se somente um deles (ou meio ou ambiente).

Porm, a reflexo conceitual sobre meio ambiente que inclui, em sua anlise, os efeitos das aes humanas sobre a natureza relativamente recente. Em uma fase anterior, a definio de ambiente ou estava mais prxima das observaes das cincias biolgicas ou fsicas (ecossistemas, ambiente natural etc.), ou ento das cincias humanas (ambiente cultural, social etc.). No estava estabelecida a relao entre ambos. a partir de meados da dcada de 60, do sculo XX, que se inicia, oficialmente, uma discusso mais ampla na busca de integrar os "ambientes" fsicos aos sociais. Este movimento provocado pela tomada de conscincia e pela conseqente tentativa de reverso dos graves efeitos que as aes da sociedade contempornea imprimiram sobre o planeta terra.

"No desejo parecer excessivamente dramtico, mas pelas informaes que disponho como Secretrio Geral, s posso concluir que os membros das Naes Unidas dispem talvez de dez anos para controlar suas velhas querelas e organizar uma associao mundial para sustar a corrida armamentista, melhorar o ambiente humano, controlar a exploso demogrfica e dar s tentativas de desenvolvimento o impulso necessrio. Se tal associao no for formada dentro dos prximos dez anos, ento ser grande meu temor de que os problemas que mencionei j tenham assumido propores, a tal ponto estarrecedoras, que estaro alm de nosso controle." U Thant, 1969. (Meadows,1978). Procure saber: Acompanhe com ateno, no captulo 2 deste mdulo, os principais marcos referenciais mundiais. Perceba que vo se transformando, em quantidade e qualidade, os elementos que compem as pautas destes encontros sobre os problemas ambientais do planeta.

Segundo a FEEMA (1990) e o IBAMA (1994), existem diversas definies sobre meio ambiente. Estas definies esto apresentadas no quadro a seguir, organizadas cronologicamente, para que voc possa perceber como este conceito vem se desenvolvendo ao longo do tempo.

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Ano Meio Ambiente - Definies

1976 As condies, influncia ou foras que envolvem e influem ou modificam: o complexo de fatores climticos, edficos e biticos que atuam sobre um organismo vivo, ou uma comunidade ecolgica, e acaba por determinar sua forma e sua sobrevivncia; a agregao das condies sociais e culturais (costumes, leis, idioma, religio e organizao poltica e econmica), que influenciam a vida de um indivduo ou uma comunidade. (WEBSTER'S, 1976)

1977 O conjunto, em um dado momento, dos agentes fsicos, qumicos, biolgicos e dos fatores sociais suscetveis de terem um efeito direto ou indireto, imediato ou a termo, sobre os seres vivos e as atividades humanas. (POUTREL & WASSERMAN, 1977)

1977 A soma de condies externas e influncias que afetam a vida, o desenvolvimento e, em ltima anlise, a sobrevivncia de um organismo. (BANCO MUNDIAL, 1977)

1978 O conjunto do sistema externo fsico e biolgico, no qual vivem o homem e os outros organismos. (PNUMA - Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente, 1978)

1978 O conjunto de sistemas naturais e sociais em que vivem o homem e os demais organismos e de onde obtm sua subsistncia. (Conferncia de Tblisi, 1978)

1988 "Conjunto de componentes naturais e sociais, e suas interaes em um determinado espao de tempo, no qual se d a dinmica das interaes sociedade-natureza, e suas conseqncias, no espao qua habita o ser humano, o qual parte integrante deste todo. Dessa forma, o ambiente gerado e construdo ao longo do processo histrico de ocupao e transformao do espao da sociedade". (GUTMAN, 1988)

1992 "Qualquer espao de interao e suas conseqncias entre a sociedade (elementos sociais, recursos humanos) e a Natureza (elementos ou recursos naturais)". (QUIROZ e TRLLEZ, 1992).

Tabela 1.2 Meio Ambiente. Definies. Adaptado de FEEMA (1990) e IBAMA (1994).

Dentro desta mesma perspectiva de riqueza conceitual, a definio de meio ambiente tambm vem sendo inserida, paulatinamente, nos textos de Leis Federais, Estaduais e Municipais, conforme apresentados pela FEEMA (1990) e pelo IBAMA (1994).

Decreto-Lei n 134, de 16/06/1975 - Estado do Rio de Janeiro: "considera-se meio ambiente todas as guas interiores ou costeiras, superficiais e subterrneas, o ar e o solo".

Art. 3, Lei 6938, de 31/08/1981 - Brasil: "Meio ambiente - o conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica e biolgica que permitam proteger e normalizar a vida em todas suas formas".

Art. 2, Lei n 33, de 12/02/1981 - Repblica de Cuba: " o sistema de elementos abiticos e scioeconmicos com os quais o homem interage medida que a ele se adapta, transformando-o e utilizando-o para satisfazer suas necessidades".

Environmental Quality Act, 1981 - Estado da Califrnia (USA): "as condies fsicas existentes em uma rea, incluindo o solo, a gua, o ar, os minerais, a flora, a fauna, o rudo e os elementos de significado histrico e esttico".

Decreto-Lei n 28.687 de 11/02/1982 - Estado da Bahia: "Considera-se ambiente tudo o que envolve e condiciona o homem, constituindo seu mundo e dando suporte material a sua vida biopsicossocial... So considerados sob esta denominao, para efeito deste regulamento, o ar, a atmosfera, o clima, o solo e o subsolo, as guas interiores e costeiras, superficiais e subterrneas e o mar territorial, bem como a paisagem, a fauna, a flora e outros fatores condicionantes da salubridade fsica e social da populao".

Alm destes aspectos de cunho conceitual, encontramos no art. 225, captulo VI da Constituio Brasileira de 1988, o estabelecimento de direitos e deveres do Estado e dos cidados, no que tange ao meio ambiente: "Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes".

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Procure saber: Em seu Estado ou Municpio, existem leis que conceituem ou definam meio ambiente?

Do ponto de vista terico-conceitual, alguns autores oferecem uma abordagem complexa para a definio de meio ambiente, ou seja: uma abordagem que inclui variveis que contemplam no s os elementos que o compe, mas tambm os processos gerados a partir dos relacionamentos entre esses elementos.

Segundo MININNI MEDINA (1985) o meio ambiente " gerado e construdo ao longo do processo histrico de ocupao de um territrio, por uma determinada sociedade, em um espao de tempo concreto. Surge como a sntese histrica das relaes entre a sociedade e a natureza".

SAUV (1997) procura introduzir a complexidade das inter-relaes, atravs da explicitao de diferentes "ambientes":

Meio ambiente-natureza (o entorno original);

Meio ambiente-recurso (base material para os processos de desenvolvimento);

Meio ambiente-problema (o ambiente ameaado e poludo);

Meio ambiente-meio de vida (o espao da vida cotidiana);

Meio ambiente-biosfera (o espao da conscincia dos limites planetrios);

Meio ambiente comunitrio (o entorno entre coletividade humana e meio natural).

Pode-se perceber que esta grande variao, em quantidade e qualidade, de definies sobre o meio ambiente est relacionada ao processo de transformao do pensamento na sociedade contempornea.

Para podermos estabelecer elementos de anlise sobre esse tema destaca-se que, o mais importante a ser observado a existncia de um aspecto relevante, de destaque, que integra todas essas definies e conceitos: a presena inter-relacionada de trs elementos comuns:

a natureza (enquanto unidade e diversidade fsica e biolgica);

a sociedade (enquanto unidade e diversidade social, cultural, econmica e poltica);

as dinmicas de articulao (enquanto processo individual de composio - natureza e sociedade; e, tambm, enquanto resultante do processo de relacionamento mtuo).

Esses so os principais elementos a serem observados e compreendidos nas consideraes que fizermos sobre o meio ambiente, devendo estar sempre em evidncia, durante todos os momentos do nosso estudo e de nossa ao profissional, para que seja possvel elaborar um conceito dinmico de AMBIENTE.

Pergunta-se: Qual a natureza, qual a sociedade e quais so os inter-relacionamentos que validam os processos nos quais estamos intervindo?

Figura 1.2 Ambiente. Interdependncia dos elementos.

Reflita: Por que importante definir, conceituar teoricamente, meio ambiente? Por que, e em que, as transformaes deste conceito tm causado alteraes nas aes humanas sobre o ambiente? Procure conhecer o ponto de vista de outros autores sobre esta temtica. Essa atitude ir ajudar voc a enriquecer seu prprio conceito.

1.1.2 Meio ambiente como sistema Os conceitos sobre meio ambiente, trabalhados no item anterior, podem ser melhor compreendidos quando consideramos o meio ambiente como um sistema. Para isto, necessrio, primeiro, estabelecermos o que sistema.

O termo sistema utilizado por todos ns, quase que intuitivamente, quando buscamos referir-nos s vrias categorias de organizaes ou grupos de elementos inter-relacionados: sistema solar, sistema nervoso, sistema organizacional, ecossistema, sistema econmico, sistema de comunicao etc. Ou seja, sempre que pretendemos enfatizar inter-relacionamento, organizao e interdependncia, entre vrios elementos que compem um grupo ou conjunto avaliado.

A base conceitual de sistemas foi formulada inicialmente por Bertalanffy, ainda na dcada de 30, precisamente em 1937, para oferecer um conjunto de novas explicaes e metodologias que pudessem dar conta dos problemas ligados dinmica dos sistemas vivos na natureza.

Reflita: "Essa idia (a Teoria Geral dos Sistemas), remonta de muito tempo atrs. Apresentei-a pela primeira vez em 1937... entretanto, nessa ocasio, a teoria tinha m reputao em biologia e tive medo... Por isso, deixei meus rascunhos na gaveta e foi somente depois da guerra que apareceram minhas primeiras publicaes sobre o assunto... (surpreendentemente) verificou-se ter havido uma mudana no clima intelectual... Mais ainda, um grande nmero de cientistas tinha seguido linhas semelhantes de pensamento... Assim, a Teoria Geral dos Sistemas, no estava isolada... mas correspondia a uma tendncia do pensamento moderno". (BERTALANFFY, 1973)

Segundo o prprio BERTALANFFY (1973), os motivos que o conduziram a desenvolver a Teoria Geral dos Sistemas estabeleceram-se a partir da observao da inadequao do postulado do reducionismo da fsica terica (o princpio segundo o qual a biologia, as cincias sociais e do comportamento, deviam ser tratadas de acordo com o paradigma da fsica e, finalmente, reduzidas a conceitos de entidades do nvel fsico), para tratar os novos problemas especficos das outras cincias.

"A incluso das cincias biolgicas, sociais e do comportamento junto moderna tecnologia, exige generalizaes de conceitos bsicos da cincia. Isto implica novas categorias do pensamento cientfico, em comparao com as exigncias da fsica tradicional, e os modelos introduzidos com esta finalidade so de natureza interdisciplinar." BERTALANFFY (1973)

Mas o que um sistema? "Por definio, um sistema compe-se de partes, ou elementos, inter-relacionados. Isso acontece com todos os sistemas mecnicos, biolgicos e sociais. Todos os sistemas tm, pelo menos, dois elementos em inter-relao. Num sistema, o todo no apenas a soma das partes; o prprio sistema pode ser explicado apenas como totalidade." KAST & ROSENWEIG (1976).

BERTALANFFY (1973), apresenta as seguintes caractersticas para um sistema:

um todo sinergtico, maior que a soma de suas partes;

um modelo de transformao;

um conjunto de partes em constante interao, com nfase na interdependncia;

uma permanente relao de interdependncia com o ambiente externo, com capacidade de influenciar e ser influenciado, possuindo capacidade de crescimento, mudana e adaptao ao ambiente externo.

Essa capacidade de interao entre Ambientes Externo e Interno, representa uma das principais caractersticas dos sistemas. Segundo GONDOLO (1999), eles podem ser fechados (quando no h troca com o meio externo) ou abertos, quando existem fluxos contnuos de energia, matria e informao com o ambiente externo.

Os sistemas abertos so, portanto, sistemas que dependem do ambiente externo. Recebem elementos, os transformam mediante processos internos e devolvem novos elementos ao meio externo. Os sistemas abertos necessitam de entradas (ou inputs) para se manterem em funcionamento.

Figura 1.3 Sistemas Abertos - Entrada, transformao e sada.

Relacionando as caractersticas apresentadas por Bertalanffy, podemos entender o Meio Ambiente como um sistema aberto, observando a constante interao e interdependncia entre o ambiente externo e os ambientes internos ou subsistemas.

Essas bases conceituais sobre sistemas esto apoiadas, no entanto, sobre modelos tericos que vm se desenvolvendo ao longo dos ltimos 50 anos. Neste sentido, as teorias sobre a complexidade, presentes em diversos campos da cincia, tm enriquecido o enfoque sistmico para muito alm do que Bertalanffy formulou inicialmente (NOVO, 1996). Os sistemas complexos ampliaram, e agregaram, novos conhecimentos sobre processos irreversveis, incertezas, caos, ordem e desordem etc. Nessa perspectiva, GARCIA (1986) aponta que "o sistema no est definido, mas possvel de ser definido. Uma definio adequada s pode surgir em cada caso particular, ou durante o transcurso da prpria pesquisa/investigao".

Quais, ento, so os elementos da teoria dos sistemas que, permitem estabelecermos uma postura sistmica em nossos estudos, anlises e trabalhos prticos? NOVO (1996), apresenta alguns elementos que iro nos auxiliar a estabelecer esta postura:

As relaes entre o todo e as partes: sabendo-se que um sistema compe-se de partes, podemos pensar em desmembr-lo para analis-las em separado. Porm, devemos lembrar que estas partes s adquirem seu verdadeiro sentido quando integradas ao todo do sistema, estabelecido justamente pela inter-relao de suas partes. Esse princpio estabelece o carter de interdependncia entre as partes e o todo. A compreenso deste carter ajuda-nos a observar que os problemas que afetam os sistemas naturais (poluio da gua, do ar e do solo, escassez de recursos etc.) no podem ser interpretados sem a devida conexo com o que acontece nos sistemas sociais, econmicos, entre outros.

Figura 1.4 Sistemas Abertos - Ambientes internos e externos.

Emergncia e restries do sistema: compreender qualquer conjunto como um sistema, pressupe considerar que ele pode ser maior e menor que as partes que o constituem. Maior que as partes, por causa da emergncia, ou seja, os resultados das interaes das partes que permitem o estabelecimento de um "produto novo", que no pode ser observado em separado na anlise das partes. E menor que as partes, quando o sistema impe limites ou restries s partes, que passam a no poder realizar "plenamente" suas potencialidades. Como exemplo, NOVO (1996) cita o dizer popular "A liberdade de cada um termina onde comea a liberdade do outro". Neste caso, o "sistema social", em sua totalidade, impe limites a cada pessoa como parte ou componente dele mesmo, de forma que o indivduo isolado nem sempre pode pr em prtica toda sua potencialidade.

Relaes entre sistema e entorno (sistemas abertos): como j abordado anteriormente, os sistemas abertos esto em constante processo de intercmbio (matria, energia e informao) com o entorno, alm de necessitarem dele para manterem-se em funcionamento. Esta caracterstica de interdependncia com o entorno no possibilita aos sistemas abertos um estado de estabilidade e de permanncia esttico, sendo necessrio incorporar noes de ordem e desordem para explicar a realidade sistmica como um processo dinmico.

Equilbrio dos sistemas: um sistema aberto uma unidade dinmica, que se transforma ao longo do tempo. Para compreender este processo, necessrio que conheamos quais so os mecanismos internos utilizados pelo sistema para manter seu equilbrio dinmico atravs dos constantes intercmbios de matria, energia e informao com seu entorno. O conceito de equilbrio dinmico incorpora a idia de mudana: uma mudana temporal que incorpora o conceito de evoluo e de mudana espacial, que tem a ver com a idia de estrutura.Segundo GARCIA (1986), para estudarmos os sistemas complexos, devemos observar os seguintes componentes:

Limites: que estabelecem a definio das "fronteiras" fsicas dos sistemas que vamos estudar ou observar (o interno e o externo). Destaca-se que esta definio no restringe somente o limite fsico do sistema mas tambm as relaes que estaro sendo analisadas.

Elementos: para determinar os subsistemas (elementos) de um sistema complexo, fundamental definir as escalas espaciais e temporais que sero consideradas.

Estrutura: Um grande nmero de propriedades de um sistema determinado por sua estrutura, e no por seus elementos, em que as propriedades dos elementos determina as suas relaes, e esta sua estrutura.

Observa-se que os mesmos elementos podem, sob determinadas circunstncias, estabelecer diferentes estruturas.

Retroalimentao: os mecanismos de retroalimentao (feed-back), so aqueles que permitem ao sistema ser realimentado pela informao gerada por ele mesmo. Podem ser de trs tipos: - Positiva: so considerados sistemas explosivos, pois os efeitos das causas iniciais aumentam a variao do sistema em relao a seu ponto de equilbrio;

- Negativa: em que a informao gerada permite ao sistema alterar-se para restabelecer seu equilbrio; e

- Regulao Antecipatria: so informaes que atuam de acordo com o comportamento presente do sistema, porm apresenta um sentido de futuro.

Figura 1.5 Retroalimentao em sistemas abertos.

Reflita: "Quando trabalhamos com sistemas submetidos a flutuaes, como os sistemas vivos, os experimentos que planejamos e as possveis solues que traamos, frente aos problemas, no podem estar estabelecidos como certezas absolutas, mas sim em termos de probabilidades, de modo que a incerteza, o acaso, sejam reconhecidos como elementos da prpria vida". NOVO, 1996

Adaptao e inovao: um dos objetivos dos sistemas vivos manter-se em estado de estabilidade. Para atingir tal objetivo, os sistemas desenvolvem processos de adaptao, que buscam conduzi-lo de novo estabilidade inicial. Nos sistemas abertos, estes processos so muito importantes para a manuteno da integridade do sistema, devido ao alto grau de interdependncia com as alteraes de seu entorno. Em alguns casos, quando as alteraes so muito intensas, provocam mudanas que podem alterar o prprio sistema. Neste caso h a inovao no sistema.

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Procure saber: Procure levantar os problemas ambientais de sua regio, analisando-os sob o enfoque sistmico. Imagine sua regio como um sistema aberto, relacione as entradas, sadas e processos de retroalimentao mais visveis. Depois, procure imaginar quais so os mecanismos internos que seu "sistema regio" desenvolve, ou deve desenvolver, para encontrar seu equilbrio dinmico.

1.1.3 Meio ambiente e desenvolvimento sustentvel At aqui vimos conceitualmente porque as anlises sobre o meio ambiente exigem uma abordagem integrada. Tratamos dos subsistemas naturais e sociais, e das interdependncias de suas relaes, numa perspectiva terica. Porm, os resultados dessas interaes sistmicas, entre natureza e sociedade, resultam em processos e produtos concretos, que atualmente estamos tendo capacidade de perceber como em visvel desequilbrio.

O subsistema natureza, desempenha suas funes a partir de processos que produzem seu equilbrio dinmico. So milhes de anos de feedback e aprendizado. O conhecimento gerado a partir da observao desses processos da natureza tem sustentado as bases de todo conhecimento humano.

No subsistema da sociedade contempornea, o processo interno que gera transformao est, segundo MORIN (1995), vinculado idia de desenvolvimento.

"A idia de desenvolvimento foi a idia chave dos anos ps-guerra. Havia um mundo, dito desenvolvido, dividido em dois (capitalista e socialista). Ambos apresentavam ao terceiro mundo seu modelo de desenvolvimento (e geraram a crise mundial do desenvolvimento... O problema do desenvolvimento depara-se diretamente com o problema cultural/civilizacional e com o problema ecolgico... O prprio sentido da palavra desenvolvimento, tal como foi aceito, contm nele e provoca subdesenvolvimento)". MORIN ( 1995).

O desenvolvimento, tal como Morin nos apresenta, estava baseado quase que exclusivamente, em questes econmicas que se realizavam atravs do beneficiamento e comercializao de recursos naturais, entendidos como inesgotveis, com base numa lgica de explorao insustentvel, bem como em tecnologias que no levavam em conta os limites ecolgicos, culturais e sociais da biosfera.

A busca de resposta para este dilema fez emergir um novo conceito terico de desenvolvimento.

Sustentvel: adjetivo de dois gneros. Que pode ser sustentado; passvel de sustentao. (HOAISS, 2001)

A evoluo do conceito de desenvolvimento para desenvolvimento sustentvel, pode ser melhor compreendida a partir da anlise do impacto que as preocupaes ambientais emprestaram ao conceito de desenvolvimento:

Na tabela 1.3, BARBIERI (1998) oferece-nos uma sntese cronolgica sobre essa evoluo.

ETAPA PREOCUPAES AMBIENTAIS

1 Baseada na percepo dos problemas ambientais localizados. As aes para coibir as prticas so de natureza reativa, corretiva e repressiva. A atividade tpica o controle da poluio para combater os efeitos gerados pelos processos de produo e consumo.

2 A degradao ambiental percebida como um problema generalizado, porm, ainda confinado aos limites territoriais dos Estados Nacionais. A gesto inadequada dos recursos apontada como causa bsica dos problemas. s prticas anteriores (corretiva e repressiva) acrescentam-se novos instrumentos de interveno governamental, voltados para a preveno da poluio e melhoria dos sistemas produtivos.

3 A degradao ambiental percebida como um problema planetrio, que atinge a todos e decorre do tipo de desenvolvimento praticado pelos pases. As aes nesta fase, comeam a questionar as polticas e as metas de desenvolvimento dos Estados Nacionais, geralmente baseadas numa viso economicista; contesta-se as relaes internacionais entre os pases desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento. Percebe-se que as solues para os problemas globais no se reduzem apenas degradao do meio fsico e biolgico, e que o desenvolvimento deve incorporar, alm da dimenso econmica, a social, a poltica e a cultural.

Tabela 1.3 Etapas de construo do conceito de desenvolvimento sustentvel. Adaptado a partir de BARBIERI (1998).

Historicamente, as reflexes iniciais sobre as alternativas de desenvolvimento dentro do enfoque ambiental, foram traadas pelo conceito de ecodesenvolvimento na dcada de 1970. Os principais articuladores desta idia foram Ignacy Sachs e Maurice Strong.

uma forma de desenvolvimento econmico e social, em cujo planejamento deve se considerar a varivel meio ambiente. 1973, Maurice Strong. (FEEMA, 1990)

Promover o ecodesenvolvimento , no essencial, aju dar as populaes envolvidas a se organizar, a se educar, para que elas repensem seus problemas, identifiquem suas necessidades e os recursos potenciais, para que possam conceber e realizar um futuro digno de ser vivido, conforme os postulados de justia social e prudncia ecolgica. 1976, Ignacy Sachs. (BARBIERI, 1998)

Entretanto, segundo BARBIERI (1998), o ecodesenvolvimento mostrou-se excessivamente alternativo para o sistema econmico dominante. Assim, ao ecodesenvolvimento seguiram-se novas propostas alternativas, que culminaram em um conceito mais flexvel de desenvolvimento: o desenvolvimento sustentvel. Dentre as diferentes definies para esta nova verso de desenvolvimento, incluem-se, segundo o IBAMA (1994), (1996) e BARBIERI (1997).

Desenvolvimento sustentvel o desenvolvimento requerido para obter-se a satisfao duradoura das necessidades humanas (melhoria da qualidade de vida). (ROBERT ALLEN, 1980)

O objetivo da conservao o de manter a capacidade do planeta para sustentar o desenvolvimento, e este deve, por sua vez, levar em considerao a capacidade dos ecossistemas e as necessidades das geraes futuras. (Estratgia Mundial para a Conservao, 1980)

Desenvolvimento sustentvel aquele que atende s necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade das geraes futuras de atenderem s suas. (Nosso Futuro Comum, 1988)

Os novos modelos de Desenvolvimento sustentvel devem centrar-se na pessoa, com a preocupao primordial de incorporar novas tecnologias, seguras sob o ponto de vista ambiental, de planejar investimentos, e de procurar formas de refletir o valor da escassez dos recursos ambientais nos futuros processos de adoo de decises. (Informe de Haia, 1992).

Conceitua-se Desenvolvimento Sustentvel para as populaes tradicionais como o processo de transformao, no qual a explorao dos recursos, a direo dos investimentos, a orientao do desenvolvimento tecnolgico e a mudana institucional, se harmonizam, reforando o potencial presente e futuro do meio ambiente, suporte das atividades econmicas destas populaes, a fim de melhor atender s suas necessidades e aspiraes, respeitando a livre determinao sobre a evoluo de seus perfis culturais. (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos naturais - IBAMA, 1996)

Pode-se observar que h uma importante interdependncia entre a base econmica e o estabelecimento do conceito de desenvolvimento sustentvel. Para o IBAMA (1996), esta articulao pode ser compreendida a partir de:

Condies econmicas:

acrscimo da renda real per capita;

melhoria das condies de sade e nutrio;

melhoria educacional;

acesso aos recursos;

distribuio mais justa;

acrscimo nas liberdades bsicas.

Condies ticas:

justia com aqueles socialmente despojados;

justia entre geraes (presente e futura);

preveno de riscos;

solidariedade entre geraes (presente e futura);

responsabilidade frente s aes;

atitudes cooperativas.

Condies Tecnolgicas (o conceito de eficincia tecnolgica sendo baseado no seu significado scio-poltico, no nvel de modernidade e sofisticao e no impacto ambiental causado por sua utilizao):

eficincia econmica - competitividade em termos econmicos, independentemente de subsdios e reservas de mercado.

grau de simplicidade - facilidade em entender e usar.

densidade de capital e trabalho - demanda de maior quantidade de fator menos escasso (relao: trabalho humano x mquina).

nvel de agressividade ambiental - quanto menor a agresso ao ambiente, mais adequada.

demanda de recursos finitos - menor demanda (eficincia) no uso de recursos materiais finitos.

grau de autoctonia e auto-sustentao - baseada nos recursos (sociais, culturais, naturais) disponveis no prprio local.

Reflita: Tendo estudado os conceitos de meio ambiente e de meio ambiente como sistema, apresentados anteriormente, responda: Que contribuies a reflexo sobre o modelo de desenvolvimento oferece para a construo de um meio ambiente dinamicamente equilibrado?

A tabela 1.4 apresenta uma sntese das principais contribuies que a introduo da dimenso ambiental ofereceu para a reformulao das bases conceituais do desenvolvimento.

DIMENSO AMBIENTAL

(novas necessidades do desenvolvimento) CONTRIBUIES PARA A REFORMA CONCEITUAL

Repensar a utilizao dos recursos naturais - renovveis e no renovveis; explicitao da relao produo x consumo, e dos limites de enfrentamento: tcnicos, econmicos, sociais e culturais.

Trabalhar articuladamente dentro de trs dimenses: econmica, social e ecolgica; explicitao das dificuldades prticas de implementao simultnea da descentralizao e da articulao em meio a um sistema de valores globalizantes; necessidade de restabelecer princpios ticos e multidimensionais.

Fortalecimento da dimenso local; ampliao do fluxo de trocas entre o saber institucionalizado global e o saber local; explicitao da relevncia do papel das lideranas locais - polticas, tcnicas, comunitrias e econmicas (seus conhecimentos e tcnicas tradicionais).

Incorporar o enfoque participativo como agente potencializador de solues (locais, regionais, nacionais e globais); fortalecimento da dimenso local; necessidade de repensar o planejamento e seus meios e modos de interveno; diminuio do poder tcnico e econmico sobre as decises operacionais; a incluso da categoria de "atores sociais" nas abordagens metodolgicas utilizadas - institucionais, tcnicas e comunitrias, entre outras; flexibilizao de objetivos e adequao aos fins sociais.

Adequao metodolgica para tratamento dos problemas locais dentro do contexto global

(a insero da dimenso qualitativa); explicitao dos limites das teorias baseadas em solues reducionistas [metodologias e tecnologias] e em princpios generalizadores; valorizao dos conhecimentos tradicionais; introduo das "tecnologias apropriadas"; fortalecimento da categoria de "atores sociais" dentro de uma perspectiva mais individualizada.

Incorporao dos enfoques estratgicos e sistmicos

(fatores potencializadores na consecuo de "objetivos sustentveis"); explicitao de intencionalidade embutida na ao; utilizao do conhecimento gerado (processo de feed-back) como recurso de adaptao e inovao; explicitao da existncia de duplos espaos de ao e transformao: o interno e o externo, local e global.

Tabela 1.4 Novas necessidades do desenvolvimento - Transformaes operacionais. Adaptado a partir de SIERVI (2000a).

1.1.4 Meio ambiente e educao ambiental " indispensvel o trabalho de educao em questes ambientais, dirigido tanto s geraes jovens como aos adultos, e que preste a devida ateno ao setor da populao menos privilegiado, para ampliar as bases de uma opinio bem informada e de uma conduta de indivduos, de empresas e de coletividade, inspirada no sentido de sua responsabilidade em relao proteo e melhoria do meio em todas as dimenses humanas." (Estocolmo, 1972)

"...para assegurar a efetividade desse direito (meio ambiente ecologicamente equilibrado) cabe ao Poder Pblico: promover a Educao Ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para preservao do meio ambiente". (Constituio Federal, Artigo 225 1)

"Entende-se por educao ambiental os processos por meio dos quais o indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias, voltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e sustentabilidade." (Lei Federal N9795 de 27/04/99 - Dispe sobre educao ambiental e institui a Poltica Nacional de Educao Ambiental. CAPTULO I, ART.1)

Neste captulo, estivemos estudando os conceitos de Meio Ambiente, Sistemas e Desenvolvimento Sustentvel. Tratamos de reformas conceituais que foram se processando ao longo do ltimo sculo. Tais reformas estas se produziram a partir de transformaes ambientais, sociais, tecnolgicas, econmicas, polticas e culturais, inter-relacionadas. Surgiram novas necessidades em cada uma destas dimenses da sociedade humana. dentro deste contexto de transformao que Educao Ambiental imputado um grande desafio.

Segundo MEDINA (1997), esse desafio no est s referenciado ao desenvolvimento metodolgico das teorias pedaggicas. Diz respeito tambm ao estabelecimento e incluso de novas abordagens ticas e conceituais. Ou seja, no diz respeito somente aos professores (em escolas ou cursos), ou aos currculos, mas trabalha com cidados e com seus cotidianos. Estejam eles desenvolvendo atividades pedaggicas, tcnicas, sociais, comunitrias etc., visando construir um Ambiente mais equilibrado em uma perspectiva de Desenvolvimento Sustentvel.

Compreender a Educao Ambiental, dentro desta perspectiva mais ampla, no exclui a necessidade de envolver-se com profissionais e metodologias desenvolvidas especificamente para estes fins. Ao contrrio, deixa claro a importncia e a necessidade de se investir nesta rea do conhecimento. Uma rea que ensina e aprende constantemente a produzir conhecimentos interdisciplinares (produzidos a partir do relacionamento entre distintas disciplinas), dentro de uma nova tica solidria.

Adicionar programas de educao ambiental em todas as atividades que envolvem a temtica ambiental (trabalhos tcnicos e sociais, auditorias, programas dentro de empresas etc.), auxilia a efetivao dos objetivos a serem alcanados. Tais programas envolvem as pessoas, difundem informaes e conhecimentos e constroem novas perspectivas de ao.

Procure saber: Voc conhece projetos de educao ambiental em sua regio? Quem so seus promotores (escolas, organizaes no governamentais (Ong's), entidades de classe, empresas etc.)? Procure classificar e avalie sua proporcionalidade. Perceba como a sociedade j est utilizando esse conceito mais amplo de Educao Ambiental.

Na tabela 1.5, MEDINA (1997) procura construir um conjunto de suporte que nos auxilia na compreenso desse conceito em uma dimenso mais complexa.

SUPORTE ELEMENTOS

tica Desenvolver a compreenso da natureza sistmica e complexa do Meio Ambiente;

Revisar valores e atitudes - Vnculo entre pensamento e ao;

Vincular desenvolvimento com Meio Ambiente;

Gerar e exercitar a solidariedade sincrnica e diacrnica (geraes presentes e futuras);

Possibilitar a construo de uma nova racionalidade ambiental (tica do conhecimento, tica da responsabilidade).

Conceitos Pensamento Complexo/Ao Complexa - avaliao e compreenso dos problemas scio-ambientais, incorporando aspectos de inter-relao sistmica (Global x Local, Produto x Processo, Teoria x Prtica).

Metodologias Enfoque sobre sistemas complexos - teoria no s da realidade mas tambm da ao;

Multi e Interdisciplinaridade - novas prticas sociais e cientfico-tecnolgicas;

Resoluo de problemas - novos enfoques para a construo de solues complexas - carter ativo;

Tomada de decises - pesquisa-ao, participao e gesto scioambiental;

Identificao e concretizao das potencialidades ambientais.

Tabela 1.5 Novos rumos da educao ambiental para o sculo XXI. Adaptado a partir de MEDINA (1997).

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Reflita: Como o processo de educao ambiental pode contribuir no desenvolvimento de sua atividade profissional?

1.1.5 Meio ambiente e participao A participao dentro da temtica ambiental pode ser abordada dentro de diferentes dimenses. Sob a tica conceitual de meio ambiente, a participao pode ser entendida como a contribuio que cada segmento da sociedade (social, econmico, poltico, organizacional, cientfico etc.) pode oferecer, ou ter capacidade de oferecer, para o estabelecimento do equilbrio ambiental do planeta - equilbrio este entendido a partir da interdependncia de equilbrio de cada um de seus prprios componentes.

Para percebermos a importncia dos processos participativos associados temtica ambiental, devemos observar, com ateno, os resultados que estas contribuies e seus avanos, tm oferecido para a reverso do quadro de degradao global. Essa observao ser melhor referenciada atravs da anlise das atividades prticas (locais ou globais), e no apenas pelo desenvolvimento das concepes terica sobre o tema.

A seguir exemplificamos.

"O relatrio Geo 2000, que acaba de ser divulgado em Genebra pelo programa Ambiental da ONU, traa um futuro sombrio para o novo milnio. Prev a distruio das florestas tropicais, a contaminao do ar..., o esgotamento das fontes de gua potvel... O documento adverte: at agora nenhum programa de defesa ambiental, em escala global, foi levado a srio pela comunidade internacional." (Jornal Dirio Catarinense, 21/09/2000.)

"O livro "Caminhos e aprendizagens: educao ambiental, conservao e desenvolvimento", apresenta 14 projetos desenvolvidos pela WWF, nas cinco regies do Brasil, espalhados por oito estados, que utilizaram metodologias de educao ambiental, com o apoio de parceiros locais. Os projetos capacitaram 25 educadores na implantao e/ou aprimoramento da educao ambiental. A implantao da metodologia levou dois anos e contou com a participao de pequenas comunidades". (http://www.wwf.org.br, acesso em 20/11/2000)

"At fevereiro do ano que vem, a rede de 22 hipermercados do Carrefour de So Paulo e da Grande So Paulo, recebero doaes de embalagens de papel carto. O papel ser vendido para reciclagem, e a venda ser doada para a Ao Solidria contra o Cncer Infantil." (Folha de S.Paulo, Equilbrio, 16/11/2000, pg. 8)

Para ordenar nossa anlise sobre a dimenso participativa presente no conceito de Meio Ambiente, vamos estabelecer alguns critrios anlogos aos apresentados no item Meio ambiente como Sistema (SIERVI, 2000b). So eles:

As relaes entre o todo e as partes: a participao possui caracterstica de interdependncia entre parte e todo, podendo-se admitir os subsistemas - indivduos ou organizaes como parte, e os processos participativos resultantes das interaes como todo;

Emergncias e limites: por ser uma atividade essencialmente terico-prtica, a participao possui importantes caractersticas de emergncias, geradas a partir das articulaes entre as partes; e tambm de limites, impostos pela necessidade de respeitar as caractersticas particulares das partes envolvidas (organizaes ou indivduos);

Relao com o entorno: compreendendo o meio ambiente como um sistema aberto, ou seja, em constante processo de intercmbio com o meio externo, podemos perceber que as atividades participativas desenvolvidas entre as organizaes e indivduos geram as transformaes que o sistema oferece como novo produto (novas formas de conceber ou resolver os problemas);

Equilbrio: o conceito de equilbrio dinmico empresta aos processos participativos um carter de aprendizado, havendo constantes fluxos de matria, energia e informao que provocam mudanas temporais (evoluo) e espaciais (estrutura) nas organizaes, nos indivduos e nas concepes e resolues de problemas;

Retroalimentao: diz respeito aos mecanismos de recarga do sistema. So as informaes que permitem ao sistema aprender a partir de sua prpria prtica ou operao;

Figura 1.6 Meio Ambiente e Participao - Anlise sistmica: Processos internos de transformao. SIERVI (2000 b).

Adaptao e inovao: os processos participativos, enquanto atividades eminentemente terico-prticas, esto constantemente sujeitos aos processos de adaptao e inovao para garantirem sua estabilidade (dinmica).

Tem-se assistido a um importante movimento em toda sociedade para viabilizar os processos participativos em todos os subsistemas do Meio Ambiente (social, cultural, poltico, tecnolgicos, econmico, institucional, entre outros). Este movimento coletivo - formal e informal - tem resultado no desenvolvimento de um grande nmero de novas metodologias, instrumentos e mecanismos legais que contribuem para efetivao da dimenso participativa na dinmica social contempornea.

Na perspectiva do conceito de Desenvolvimento Sustentvel, a participao o elemento fundamental para garantir a incluso social, a diversidade de abordagens, o respeito diversidade cultural, a incluso de perspectivas sobre relaes de gnero, a reflexo entre a gerao atual e a futura, entre outros aspectos. As experincias de construo de Agendas 21 locais, tm explicitado os limites e as oportunidades que o exerccio da prtica participativa oferece para o conceito. Enfim, para que sejam atingidos os novos objetivos do Desenvolvimento Sustentvel. Se dirigirmos nosso foco de ateno para o conceito de Educao Ambiental, encontraremos uma dupla possibilidade de abordagem: em primeiro lugar, podemos perceber que os processos participativos podem oferecer uma grande contribuio dentro de uma perspectiva tica, metodolgica e conceitual, atravs da potencializao dos trabalhos realizados junto estrutura formal de educao (a escola), bem como informal (associaes de moradores, empresas, grupos de jovens, entre outros). Por outro lado, destaca-se a importncia da Educao Ambiental como geradora de processos participativos.

Figura 1.7 Espao Complexo de Articulao. Interao entre subsistemas. Adaptado a partir de MEDINA (1997).

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Procure saber: Quais so as prticas participativas caractersticas de sua regio? Observe nas escolas, nas empresas, nas secretarias municipais, nas associaes de moradores, nos clubes etc. Perceba como cada grupo desenvolve uma forma diferenciada para efetivar sua participao.

1.1.6 Meio ambiente fsico ou natural O estudo do Meio Ambiente Fsico ou Natural, suas dinmicas prprias e das inter-relaes com os demais subsistemas do Meio Ambiente, ajuda-nos a compreender a natureza e as dimenses dos impactos sofridos pelo conjunto de seus elementos. Entende-se que necessrio conhecer para poder transformar atitudes, tecnologias e o prprio conhecimento. Porm, este conhecimento no pode ser desvelado observando-se apenas um dos aspectos da realidade, preciso contextualiz-lo.

No documento preparatrio para a Rio 92, "Nossa prpria Agenda sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente" (BID/PNUD, 1991), foi apresentado um quadro sobre a situao ambiental da Amrica Latina. Os critrios utilizados para levantamento do quadro incluam os seguintes elementos:

amplitude geogrfica dos processos ambientais considerados;

volume da populao afetada;

volume das atividades econmicas diretamente afetadas;

gravidade dos efeitos sobre a populao e atividades econmicas;

a capacidade, atual e potencial, de enfrentar os implicados processos ambientais.

Dimenso Temas Ambientais

Internacional Bacias hidrogrficas e ecossistemas compartilhados.

Chuva cida.

Destino final de resduos txicos.

Guerras convencionais.

Segurana ecolgica.

Global Risco nuclear.

Aquecimento climtico global.

Drogas.

Perda de biodiversidade.

Destruio da camada de oznio.

Contaminao e explorao dos recursos dos oceanos.

Usos dos recursos da Antrtida.

Usos do espao exterior.

Tabela 1.6 Principais temas ambientais para discusso na Amrica Latina e Caribe. Adaptado a partir de: Nossa Prpria Agenda sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente BIP/PNUD (1991).

Pode-se observar que os principais temas apresentados na Tabela 1.6 possuem ntima relao com as aes antrpicas sobre os ecossistemas internacionais (da Amrica Latina) e Globais (generalizados para todo planeta).

Antrpico

Relativo humanidade, sociedade humana, ao humana. Termo empregado para qualificar: um dos setores do meio ambiente, o meio antrpico, compreendendo os fatores sociais, econmicos e culturais; um dos subsistemas do sistema ambiental, o subsistema antrpico. (FEEMA, 1990)

Para construir um painel de relacionamento entre a Tabela 1.6 e o Meio Ambiente Fsico, faremos uma abordagem panormica sobre os seguintes assuntos: Clima; Solos; gua; Flora e Fauna; Minerais; Energia e Resduos.

Muitos dos temas ambientais apontados podero ser identificados em diferentes momentos do texto, explicitando seu inter-relacionamento e interdependncia sistmica. Fique atento a essas relaes durante a leitura.

1.1.6.1 Clima Ao falar do clima, nos referiremos fundamentalmente a um de seus componentes: a atmosfera.

A atmosfera a camada gasosa que envolve a Terra, com altitude estimada superior aos 1.000 km. composta de grande variedade de gases, os mais importantes so o oxignio e o nitrognio, e, conjuntamente, constituem 91% de seu volume, formando o que conhecemos por "ar".

Os seres humanos contaminam o ar com gases txicos. A poluio atmosfrica um dos problemas ambientais e de sade humana, tpicos das cidades e das zonas industrializadas. A qualidade do ar depende completamente da quantidade e natureza de substncias geradas pela atividade humana, como os gases txicos e partculas orgnicas e inorgnicas em suspenso (poeira e alguns metais, como o chumbo).

Em outubro de 1997, cientistas espanhis do Instituto Nacional de Tcnica Aeroespacial (INTA), em colaborao com cientistas de outros pases europeus, publicaram os dados de um recorde histrico no buraco da camada de oznio do Plo Norte. Segundo este estudo, durante o inverno europeu de 1995-96, a destruio da camada de oznio nas regies rticas alcanou 64% do total em alguns nveis, o que constitui uma cifra realmente alarmante. O nvel de destruio da camada de oznio depende do clima existente, sendo acelerado pela grande quantidade de compostos de cloro e bromo na estratosfera, gerados pela atividade humana.

O efeito estufa, causa do aquecimento da Terra e da modificao do clima, outro dos grandes problemas atmosfricos, tornando-se um tema prioritrio a respeito do qual j esto sendo tomadas providncias. Os Estados Unidos emitem 25% dos gases causadores de efeito estufa, motivo pelo qual, em 1993, lanou um plano para que no ano 2000 a emisso de "gases estufa" (CO2 principalmente) fosse similar do ano de 1990. O departamento de Energia dos Estados Unidos anunciou, no entanto, em outubro de 1997, que os "gases estufa" produzidos nesse pas simplesmente no haviam diminudo, mas que aumentaram 8% desde 1990.

A chuva cida, que produzida pela atividade industrial, tambm inclui-se como uma das ameaas ao meio areo; a emisso de compostos de enxofre na atmosfera, pode diluir-se no vapor da gua, formando pequenas gotas de cido sulfrico (H2SO4), o que provocar a chuva cida. Este fenmeno no um problema localizado, j que estas gotas podem depositar-se sobre solos que esto a muitos quilmetros de distncia do ponto em que so originadas.

A contaminao dos espaos interiores, um tema especfico no estudo da poluio atmosfrica. A maior parte da atividade profissional, familiar, social e recreativa, que exercemos, ocorre dentro de espaos fechados, o que torna a concentrao de substncias poluentes maior que em espaos abertos. Neste caso, aos contaminadores clssicos somam-se outros, como os xidos de nitrognio e CO2, emitidos por gs de cozinha, pelos escapamentos dos automveis nas garagens, pelas partculas de fuligens provenientes dos veculos automotores, e que se introduzem dentro das casas, pelo fumo dos cigarros, e outras substncias volteis que aparecem em produtos de uso domstico, como pinturas e aerossis. A contaminao por amianto uma das mais conhecidas, pois este material era amplamente utilizado na construo at que se comprovou, na dcada de 60, que as emanaes de suas fibras podiam provocar cncer.

Os temas tratados neste item sero abordados mais especificamente nos mdulos: 5. Poluio Atmosfrica e 6. Climatologia e Meio Ambiente.

1.1.6.2 Solo O solo nos faz pensar imediatamente na cobertura da superfcie terrestre. De acordo com o critrio cientfico ou pedolgico (do grego peds = solo), uma coleo de corpos naturais, que ocupa posies na superfcie terrestre, os quais suportam as plantas, e cujas caractersticas so decorrentes da ao integrada do clima e da matria viva sobre o material originrio, condicionado pelo relevo, sobre perodos de tempo. Isto , o clima e a matria orgnica (razes, minhocas e outros organismos, vivos ou em decomposio), atuam modificando os solos atravs do tempo, decompondo as rochas e transformando a topografia. No esqueamos que a superfcie do solo no plana, seno que possui uma srie de acidentes que favorecem o escoamento ou a reteno da gua.

Seguindo um critrio prtico ou edafolgico (do grego edafs = solo ou terra como suporte de plantas), o solo concebido como o meio natural onde se desenvolvem as plantas.

Os seres humanos podem fazer variados usos do solo. A atividade agrcola em si benfica para o solo; contudo, o prejuzo surge quando prticas inadequadas so realizadas, como o manejo inadequado de gua para irrigao, que gera uma m drenagem e processos de salinizao (quando os sais se acumulam, chegam a alcanar nveis txicos para as plantas).

Ainda assim, a falta de manejo adequado dos solos (como as prticas da pecuria, ou a eliminao de rvores e arbustos, que se desenvolvem em solos com encostas pronunciadas, ou nas margens de um rio), tem como conseqncia a ocorrncia de processos erosivos. O aparecimento de fendas em lugares com declividade acentuada, assim como de aluvies, que so produzidos com a ocorrncia de chuvas intensas e o assoreamento das margens dos rios, so formas radicais de eroso.

Finalmente, o uso de terras agrcolas para outros fins, tais como a fabricao de materiais de construo (tijolos e acabamentos cermicos) e a edificao de infra-estrutura (residncias, fbricas, edifcios diversos, pavimentao de vias de transporte), uma das formas mais nocivas de utilizao dos solos cultivveis.

O uso inadequado dos solos, leva ao surgimento do fenmeno conhecido pelo nome de desertificao. Segundo dados das Naes Unidas, estima-se que a cada ano desertificam-se entre 6 e 7 milhes de hectares, ou seja, uma superfcie equivalente ao triplo da ocupada pelo estado de Sergipe /Brasil. Do mesmo modo, uma extenso adicional de 20 milhes de hectares (rea equivalente ao Estado do Paran, Brasil) se empobrece anualmente, at o ponto de tornar-se improdutiva para a agricultura e para a pecuria.

No mdulo 9. Contaminao de Solos ser possvel aprofundar os conhecimentos sobre os temas tratados aqui.

1.1.6.3 gua A definio da gua mais difcil do que geralmente se supe. Aparentemente simples, a gua um dos corpos mais complexos do ponto de vista fsico e qumico, pois muito difcil obt-la em estado puro, alm de apresentar um maior nmero de anomalias em suas constantes fsicas.

A gua a fonte de toda a vida. Sem gua no h vida. Os seres vivos no podem sobreviver sem gua. A gua parte integrante dos tecidos animais e vegetais. Existe na biosfera em seus estados lquido (mares, rios, lagos e lagoas), slido (gelo, neve) e gasoso (vapor de gua, nuvens, umidade). uma bebida elementar, uma fonte de energia, uma necessidade para a agricultura e para a indstria. Todas as grandes civilizaes nasceram ao redor da gua. No se conhece nenhuma civilizao que tenha se desenvolvido em uma regio desprovida de gua. por isso que, h milhares de anos, desde que a humanidade tem sido capaz de representar seus conceitos por smbolos grficos, a gua dignificada.

A gua renova-se no mundo dentro de um ciclo, conhecido como ciclo hidrolgico. Com o calor produzido pela insolao, a gua evapora-se dos mares e das guas continentais, chegando atmosfera, onde forma nuvens que logo se precipitam (chuva, neve, granizo). Uma vez sobre o continente, parte desta gua escorre superficialmente (rios), enquanto o restante, em maior proporo, infiltra-se (guas subterrneas) chegando desta forma novamente aos lagos, lagoas e oceanos, dos quais volta a evaporar-se.

A gua exerce uma influncia decisiva sobre os seres humanos e recursos naturais renovveis. Sua dinmica natural influi sobre solos, plantas e animais, podendo causar deslizamentos e inundaes como processos naturais. Porm, a gua tambm tem sua dinmica afetada pelas atividades humanas, que muitas vezes aceleram esses processos naturais (desmatamento em encostas e nas margens dos rios, processos de urbanizao intensa, entre outros).

Outro tipo de influncia exercida pelas atividades humanas sobre a gua a sua contaminao. Assim, antes de chegar ao solo como chuva, pode ser contaminada com emisses gasosas, procedentes da indstria ou da combusto de veculos automotores; ou, j no solo, pelo lanamento de substncias txicas ou resduos lquidos ou slidos, da indstria, da agricultura ou domsticos.

A contaminao das guas afeta tanto os animais como as plantas, implicando em grave problema ambiental. At poucos anos atrs, a gua era vista como um bem barato (ou praticamente grtis) e inesgotvel. Atualmente, esta viso teve que ser revista, pois compreendeu-se que para recuperar a gua contaminada o processo difcil e oneroso.

Uma porcentagem demasiadamente elevada da populao mundial no dispe de gua suficiente em quantidade e na qualidade desejada, o que afeta as necessidades hdricas dos cultivos, a capacidade de sobrevivncia e permite a proliferao de doenas causadas pelo consumo de guas no tratadas por animais e pessoas.

Aproximadamente 71% da superfcie de nosso planeta coberta pelos oceanos, os quais esto sofrendo uma constante degradao. A cada ano, so despejados neles mais de 8 milhes de toneladas de petrleo, sendo que, segundo cifras da FAO, 44% dos locais de pesca sofrem processos de explorao intensiva, 16% so explorados em excesso, 10% dos arrecifes de corais se acham em estado irrecupervel e 30% esto em processo de degradao. A ONU estabeleceu que 1998 seria o Ano Internacional dos Oceanos, visando fazer com que as aes realizadas durante aquele ano sensibilizassem os Governos e os cidados para esta problemtica.

Para diminuir o impacto sobre o meio aqutico, deve-se reduzir o despejo de resduos, tratar as guas contaminadas antes de lan-las aos cursos dos rios, e antes de serem consumidas; tambm devem ser potencializadas as tcnicas de captao e armazenamento de gua, assim como reduzir o desperdcio.

O tema gua ser abordado nos mdulos 2. Ecologia; 3. Tratamento de guas Residurias e 8. Recursos Naturais Renovveis.

1.1.6.4 Flora e fauna A flora e a fauna incluem todos os organismos vivos que se desenvolvem na biosfera. A flora constituda pelo conjunto de espcies ou indivduos vegetais, silvestres ou cultivados, que vivem ou povoam uma determinada regio ou zona.

Os vegetais ou plantas, como habitualmente so chamados, so formas de vida que se pode agrupar, a princpio, em dois grandes grupos: plantas que tm flores visveis, ou Fanergamas (rvores, arbustos, ervas), e plantas sem flores visveis, ou Criptogamas (samambaias, musgos, fungos, algas e bactrias). Este grupo inclui a totalidade da microflora.

Quanto ao meio em que habitam, dimenses e formas de vida, os organismos so classificados como integrantes da: flora bacteriana, flora fluvial, flora intestinal, flora nativa ou autctone, flora silvestre, flora marinha, flora invasora, microflora e macroflora.

A flora inclui muitas espcies de valor econmico que so utilizadas para diversos fins: obteno de madeira (florestas), pastagens (pastos naturais), medicina (plantas medicinais) etc. Lamentavelmente, a extino ameaa atualmente aproximadamente 25.000 espcies de plantas.

Quanto s florestas, no mundo existem dois tipos principais que possuem valor econmico: as florestas homogneas, compostas por um nmero limitado e uniforme de espcies, que se desenvolvem nas zonas temperadas dos hemisfrios Norte e Sul (por exemplo, os bosques de pinheiros que caracterizam o Canad, a Argentina e o Chile); e as florestas heterogneas ou tropicais midas, compostas por uma variedade de espcies de todo tipo e tamanho (rvores, arbustos, plantas herbceas etc.), que caracterizam a regio equatorial do mundo (por exemplo, a floresta amaznica).

Estas ltimas, so as florestas mais vulnerveis por estarem continuamente submetidas a um processo de desmatamento. Este processo to intenso que, segundo estimativas, s na Amrica Latina ocorre a metade do desmatamento realizado em todo o mundo. Sabe-se que a cada ano o mundo perde 11,3 milhes de hectares de florestas tropicais. As Florestas homogneas ou temperadas no se livram da degradao, principalmente pelo efeito da chuva cida.

Por outro lado, o desequilbrio entre a produo e o consumo dos recursos naturais evidente: um quinto da populao mundial (Amrica do Norte, Europa Ocidental, Japo, Austrlia, Hong Kong, Cingapura e os Emirados petroleiros do Oriente Mdio) consome 80% dos recursos naturais. Entretanto, nos 14 dos 17 pases mais endividados do mundo, que se encontram as florestas tropicais; o resultado um comrcio de recursos naturais (sobretudo madeira) que so utilizados para pagar esta dvida. De fato, calcula-se que a subsistncia de 300 milhes de pessoas est relacionada com as florestas.

As pastagens naturais, constituem a mais extensa prtica do mundo no aproveitamento dos solos, pois ocupam 30 milhes de km2, ou seja, 23% da superfcie de solo da Terra. Se bem que sua produtividade seja geralmente baixa, mantm, no entanto, a maioria das 3 bilhes de cabeas de gado do mundo e, conseqentemente, a maior parte da produo mundial de carne e leite.

Infelizmente, em numerosos lugares, o manejo dos campos no adequado. Extensas pastagens localizadas no norte da frica, no Mediterrneo e no Oriente Prximo foram degradadas. A pecuria tambm um problema nos ecossistemas de montanhas, tais como no Himalaia e nos Andes. A deficiente gesto da atividade de criao de gado e os excessos nos nveis de capacidade de uso, permitem que a cobertura herbcea - geralmente pobre, tanto como forragem quanto na qualidade de proteo do solo - seja atacada pelos processos erosivos.

Do mesmo modo, muitas espcies de plantas nativas constituem uma fonte de recursos para a sade. So as denominadas plantas medicinais, utilizadas primordialmente nas zonas rurais atravs de sistemas mdicos tradicionais, e que apresentam uma eficcia ou valor teraputico real ou potencial e, conseqentemente, um valor econmico indeterminado.

A fauna formada pelo conjunto de animais que povoam ou vivem em uma determinada zona ou regio. Em nvel global, podemos falar da fauna do planeta Terra e esse conceito, ento, abrange todos os animais que existem desde que apareceu a vida na Terra.

Esta forma de vida apresenta-se, a princpio, em dois grandes grupos: os invertebrados, a forma mais primitiva, e os vertebrados, de evoluo mais tardia. A principal diferena entre ambos a presena de um eixo sseo ou coluna vertebral, que suporta o corpo do animal, nos vertebrados, e que no existe nos invertebrados.

Entre os vertebrados, so classificados os peixes, anfbios, rpteis, aves e mamferos. Este ltimo grupo inclui a espcie humana. Entre os invertebrados, se distingue aqueles com membros articulados ou artrpodes (insetos, aracndeos, crustceos, miripodes), os moluscos, equinodermos, cnidrios e esponjas.

De acordo com o meio onde habitam, a sua dimenso e a forma de vida, temos a fauna silvestre, epifauna, infauna, macrofauna, megafauna, mesofauna, microfauna e pedofauna.

A utilidade das espcies de fauna mltipla, mas principalmente podemos mencionar a domesticao de animais selvagens, que fonte de alimentos (carne, ovos, gorduras), de produtos industriais (fibras, ls, couros, peles, plos, corantes) e de produtos teis para a agricultura (adubos, como o guano produzido por aves marinhas).

A extino ameaa, atualmente, mais de 1.000 espcies de vertebrados. Estas cifras no englobam o inevitvel desaparecimento de animais menores - em particular os invertebrados, como os moluscos, os insetos e os corais.

A ameaa mais grave para fauna e flora a degradao do meio ambiente fsico atravs de: sua substituio gradual por assentamentos humanos, portos e outras construes; a contaminao com produtos qumicos e resduos slidos (domsticos, agrcolas e industriais); a extrao descontrolada de guas e de recursos naturais; a pecuria, atividades pesqueiras e a caa indiscriminada.

Devido super-explorao da pesca, atualmente acham-se consideravelmente esgotadas, pelo menos, 25 das mais valiosas zonas pesqueiras do mundo. Cinco das oito regies, com maior nmero de reservas pesqueiras esgotadas, so regies desenvolvidas (Atlntico do Noroeste, Atlntico do Nordeste, Mediterrneo, Pacfico do Noroeste e Pacfico do Nordeste). No mar peruano, a pesca da anchoveta ocasionou seu colapso entre 1971 e 1978. Seu habitat foi ocupado pela sardinha, pela cavala, pelo bonito e pela merluza. A alterao ecolgica trouxe como conseqncia um grave prejuzo econmico e ambiental (a pesca predatria da anchoveta provocou a diminuio da populao de aves guanadeiras - aves marinhas).

Quanto aos animais terrestres, estes so caados principalmente para a obteno de carne e peles. O comrcio internacional converteu- se em uma ameaa para muitas espcies, dada a exigncia cada vez maior do mercado internacional pelas espcies raras da fauna. Este abuso ameaa 40% de todas as espcies de vertebrados em vias de extino, representando o maior perigo que pesa sobre os rpteis.

Os temas referentes fauna e flora sero tratados diretamente nos mdulos: 2. Ecologia e 8. Recursos Naturais Renovveis.

1.1.6.5 Minerais Os minerais so corpos inorgnicos naturais, de composio qumica e estrutura cristalina definidas. Sua importncia grande por seus diversos usos na Indstria. Constituem as matrias primas ou recursos mais importantes para fabricar as ferramentas da civilizao. No total, h na crosta terrestre mais de 2.000 minerais distintos, que apresentam uma deslumbrante variedade de cores, formas e texturas.

Os minerais tm sua origem nas rochas, que no so mais que uma mistura complexa de minerais ou que, s vezes, so formadas por um s tipo de mineral.

H minerais metlicos (que so muito consistentes e possuem brilho) e no metlicos (de menor consistncia; apresentam-se em estado slido, lquido ou gasoso e no brilham).

Uma caracterstica dos minerais que so esgotveis, ou seja, uma vez que so explorados no se renovam. O petrleo, o cobre, o ferro, o carvo natural etc., um dia iro esgotar-se. Por este motivo, necessrio utiliz-los com prudncia, evitando seu desperdcio.

Desde os tempos pr-histricos, os seres humanos souberam utilizar os minerais. J na Idade da Pedra usava-se o slex; mais tarde, o bronze e o ferro. O carvo natural serviu para o grande avano industrial do sculo passado, alimentando as usinas e as mquinas a vapor. O urnio, atualmente, alimenta os reatores atmicos. Mas em todos os tempos os minerais mais "explorados" foram os diamantes e o ouro.

A explorao e o uso irracional dos minerais encontram-se associados poluio. Por exemplo, a eliminao de resduos das minas, resulta em contaminao dos recursos hdricos; e o uso do carvo natural est associado poluio atmosfrica.

Entre os principais minerais encontram-se: o carbono (fundamento dos compostos qumicos orgnicos, como por exemplo o petrleo), o ferro, o cobre, o urnio, o chumbo, o zinco, o alumnio, o ouro e a prata.

1.1.6.6 Energia Constitui o recurso mais misterioso da natureza, e est associado ao movimento. Em conjunto com a matria, forma o mundo, o cosmo. A matria a substncia; a energia, o mvel da substncia, do universo. A matria pesa, ocupa um lugar, pode ser vista, ouvida, apalpada; a energia no vista, somente so vistos seus efeitos. Podemos ver cair uma pedra, mas no podemos ver a energia liberada para dar movimento esta pedra. Podemos ver a lua e comprovar seus movimentos; entretanto, no podemos ver a energia, ou fora, que faz com que a lua se mova. Portanto, a energia s pode ser definida em funo de seus efeitos, como a capacidade de efetuar um trabalho.

A energia manifesta-se de muitas formas em nossa vida diria. Assim temos: (1) a energia mecnica, que corresponde a de qualquer objeto em movimento; (2) a energia trmica ou do calor; (3) a energia radiante, que a gerada pelo Sol e pelas estrelas, pelas ondas de rdio e por todo tipo de radiaes; (4) a energia qumica, contida nos alimentos e nos combustveis, como o petrleo; (5) a energia eltrica, que corresponde eletricidade e aos ims; (6) e a energia nuclear, que mantm unidas as partculas dos tomos.

Uma particularidade da energia que pode se transformar. Qualquer forma de energia pode ser convertida em outra. Um exemplo o ciclo hidrolgico; assim, a gua dos mares ou dos lagos evapora-se e passa para a atmosfera graas ao calor produzido pela energia radiante proveniente do sol. O vapor condensa-se em forma de nuvens e cai como chuva, neve ou granizo nas montanhas. Ao escoar, a gua move as turbinas de uma usina hidreltrica, transformando a energia mecnica em corrente eltrica que, ao ser conduzida pelos fios, aciona equipamentos eletrodomsticos.

Porm, a fonte fundamental de energia o Sol, do qual se diz ser o "motor do mundo energtico". Essa pode ser a razo pela qual muitas das civilizaes antigas adoravam o Sol.

No estudo sobre Meio Ambiente, interessa-nos principalmente o modo como a luz se relaciona com o conjunto de seres vivos, e como a energia transformada dentro da comunidade desses seres (animais e plantas). As relaes entre plantas (produtoras de alimentos) e animais consumidores (herbvoros); entre os animais carnvoros e suas presas; entre o nmero de animais e plantas, e os alimentos disponveis em uma rea determinada.

As plantas produzem alimentos pela ao da luz sobre a clorofila das folhas. Mas somente uma pequena poro da luz absorvida pelas plantas verdes transformada em alimento; a maior parte dela transforma-se em calor, que logo irradiado pela planta. Todos os demais seres vivos obtm sua energia proveniente dos alimentos e converte grande parte dela em calor, acumulando uma pequena parte da mesma como carne, gordura e outros produtos.

Existem energias renovveis e energias no renovveis. Por exemplo, a energia radiante produzida pelo Sol, e que logo se transforma, uma energia renovvel. Mas a energia qumica produzida pela combusto do petrleo uma energia no renovvel, porque o petrleo pode se esgotar.

por isto que a tendncia moderna pela utilizao mais ampla das energias renovveis, fundamentando o desenvolvimento sustentvel

Fontes de Energia 1970 1980 1990 1996 1997

No renovveis 37 44 38 41 41

Petrleo 33 39 30 33 34

Gs Natural 0 1 2 3 3

Carvo Mineral e Derivados 3 4 5 5 5

Outras 0 0 0 0 0

Renovveis 63 56 62 59 59

Hidrulica e Eletricidade 16 27 36 38 38

Lenha e Carvo Vegetal 42 22 15 9 9

Produtos de Cana 5 6 10 10 10

Outras 0 1 1 1 1

Total (10 tep) 74.032 139.223 187.261 230.570 242.769

Tabela 1.7 Brasil: Oferta de energia por fonte - dados em tep (tonelada equivalente de petrleo), apresentados no Balano Energtico Brasileiro 1998. Fonte: CASTRO (1999).

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Reflita: Analise o quadro acima. Perceba a evoluo percentual da relao entre oferta de energia no renovvel (37% em 1970 contra 41%, em 1997) e de energia renovvel (63% em 1970 contra 59% em 1997) e reflita: Como relacionar estes dados brasileiros com o pargrafo anterior ao quadro?

1.1.6.7 Resduos slidos As dificuldades geradas pela eliminao de resduos slidos, constituem um problema no s de espao mas tambm de contaminao. Sua eliminao pode realizar-se mediante disposio em aterros sanitrios, incinerao, compostagem etc., mas, em qualquer caso, isto implica num custo econmico que deve ser assumido.

A reciclagem dos resduos representa uma reduo destes e um reaproveitamento dos recursos, pelo que deve ser potencializado, comeando pela conscientizao do cidado e dotando as cidades das infra-estruturas necessrias. Em alguns casos, como na Alemanha, o grau de participao da populao na coleta seletiva to alto que supera a capacidade de recuperao e reciclagem, pelo qual uma parte dos resduos separados pelos cidados volta a ser misturada. Na Espanha, houve grandes avanos na coleta seletiva na ltima dcada, mesmo que ainda falte um longo caminho por percorrer.

Os resduos txicos e perigosos constituem outro conflito; ao elimin-los depositando-os em recipientes de metal, projetados para tal fim, no se suprime todos os problemas, j que pode haver fugas em funo da corroso. O verdadeiro problema seu despejo descontrolado, j que podem infiltrar-se e alcanar guas de riachos ou leitos, acumulando-se no solo e afetando a vegetao, ou podem se volatizar e serem inalados ou absorvidos pela populao.

No mdulo 4. Gesto de Resduos Slidos, esse tema ser tratado mais detalhadamente, apresentando conceitos e tcnicas de tratamento e gesto. Pontos a destacar 1.- A preocupao com o Meio Ambiente um dos temas atuais da sociedade contempornea. Surge devido ao desequilbrio causado pelas intensas intervenes humanas sobre o Meio Ambiente que tm resultado num acelarado processo de degrao fsica e social do planeta, coprometendo a qualidade de vida de toda a sociedade Mundial. 2.- Para compreendermos a dimenso do conceito de Meio Ambiente, devemos tambm compreender quatro outros conceitos inter-relacionados ao tema:

- Sistema;

- Desenvolvimento Sustentvel;

- Educao Ambiental;

- Participao.

3.- Os trs elementos constituintes das definies sobre Meio Ambiente so: Natureza, Sociedade e as Dinmicas de Articulao dos inter-relacionamentos entre: - natureza e natureza;

- sociedade e sociedade;

- natureza e sociedade.

4.- O conceito de Sistema ajuda-nos a compreender as dinmicas presentes no Meio Ambiente;

5.- O conceito de Desenvolvimento Sustentvel busca estabelecer objetivos mais amplos e humanos ao clssico conceito de Desenvolvimento (criticado pelo novo conceito), procurando harmonizar crescimento econmico, equidade social (inter e intra geracional) e conservao da natureza.

6.- A Educao Ambiental possui o grande desafio de instrumentalizar a sociedade para a construo participativa do Desenvolvimento Sustentvel.

7.- A Participao democrtica pode ser entendida como um elemento fundamental no processo de interao entre os diversos subsistemas do Meio Ambiente.

8.- A observao do Meio Ambiente Fsico possibilita-nos compreender a dimenso de sua degradao, mas tambm ajuda-nos a desenvolver solues mais adequadas para sua utilizao sustentvel.