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  • 1- PASSAGEM DA CORRENTE ELCTRICA ATRAVS DA MATRIA

    1.1- Conduo da corrente elctrica atravs de substncias no

    estado slido 1.1.1- Conduo Elctrica em Metais

    Nos slidos metlicos, os tomos encontram-se empilhados de forma compacta

    num arranjo sistemtico e regular a que se chama estrutura cristalina. A ligao entre

    os tomos faz-se atravs dos respectivos electres de valncia, na chamada ligao

    metlica.

    Nesta estrutura os tomos esto to prximos uns dos outros que os electres de

    valncia de um dado tomo so atrados pelos ncleos dos tomos vizinhos, por isso a

    ligao metlica no direccional. Os electres de valncia nos metais slidos no

    esto estritamente associados a um ncleo em particular mas distribudos pelos

    diversos tomos, sob a forma de uma nuvem electrnica de baixa densidade. Assim

    sendo, pode-se considerar os metais slidos constitudos por cernes de ies positivos

    (tomos sem os electres de valncia) e por electres de valncia dispersos sob a

    forma de uma nuvem electrnica a qual preenche grande parte do espao (figura 1).

    Figura 1: Arranjo esquemtico dos tomos num plano de um metal monovalente como a prata

    Q.A.E. / LEEC/ Passagem da corrente elctrica atravs da matria Apontamentos: Laura Martins

    1

  • Os electres de valncia esto fracamente ligados aos cernes positivos o que

    permite a sua grande mobilidade atravs do cristal metlico, so por isso designados

    por electres livres. A maioria dos metais pode sofrer deformao em grau

    considervel sem fracturar, porque os tomos do metal podem escorregar uns sobre os

    outros sem provocar o colapso da estrutura de ligaes metlicas.

    Quando se estabelece uma ligao metlica resulta um estado de menor energia

    (ou mais estvel), nesta ligao no so necessrios pares de electres, como no caso

    das ligaes covalentes, nem h restries relacionadas com a neutralidade elctrica ,

    como no caso da ligao inica.

    Quando os tomos se ligam uns aos outros para formar um cristal metlico, as

    energias dos electres diminuem para nveis ligeiramente baixos. Os electres de

    valncia num cristal formam a chamada banda de energia.

    Figura Diagr (a) Svalnc (b) M (c) Asemipr

    Q.A.E. /Apontam

    3p

    3s

    (c) (b) (a)

    e n e r g i a

    2 : amas esquemticos de bandas de energia de alguns condutores metlicos.

    dio, 3s1 : a banda 3s est semipreenchida porque s h um electro deia.

    agnsio, 3s2: a banda 3s est preenchida e sobrepem-se banda vazia 3p.

    lumnio, 3s2 3p1 : a banda 3s est preenchida e sobrepe-se bandaeenchida 3p.

    LEEC/ Passagem da corrente elctrica atravs da matria entos: Laura Martins

    2

  • No modelo clssico de conduo elctrica em slidos metlicos, admite-se que os

    electres exteriores de valncia so completamente livres de se moverem entre os

    cernes positivos. temperatura ambiente, os cernes inicos positivos tm energia

    cintica e vibram em torno das suas posies de equilbrio na rede. medida que a

    temperatura aumenta, estes ies vibram com amplitude crescente, e h uma contnua

    troca de energia entre os cernes inicos e os electres de valncia. Na ausncia de um

    potencial elctrico, o movimento dos electres aleatrio e restrito, pelo que no h

    fluxo global de electres em nenhuma direco, isto , no h corrente elctrica. Na

    presena de um potencial elctrico aplicado, os electres adquirem uma velocidade de

    deriva segundo a direco do campo, velocidade essa que proporcional ao campo

    aplicado, mas de sentido oposto.

    LEI DE OHM

    Considere-se um fio de cobre cujas extremidades esto ligadas a uma bateria,

    como se mostra na figura que se segue, se aplicarmos ao fio uma diferena de

    potencial, V, haver passagem de corrente ao longo do fio.

    +

    Figura 3: Diferena de potencial

    Corrente Estacionria i

    V2 V1

    Q.A.E. / LEEC/ Passagem da corrente elcApontamentos: Laura Martins

    V (queda de tenso) Voltmetro

    -V aplicada a um fio metlico com seco recta de re

    trica atravs da matria

    A (rea)

    a A.

    3

  • De acordo com a lei de Ohm, a corrente elctrica proporcional voltagem

    aplicada V e inversamente proporcional resistncia R do fio, isto ,

    i = V/R

    i: corrente elctrica, A (amperes)

    V: diferena de potencial, V (volts)

    R: resistncia do fio, (ohms)

    A resistncia elctrica R de um condutor elctrico directamente proporcional

    ao seu comprimento e inversamente proporcional sua rea A da sua seco recta.

    Estas quantidades esto relacionadas com uma propriedade do material designada por

    resistividade elctrica, , como se segue

    R= . /A ou = R . A/

    As unidades de resistividade elctrica, que uma constante para cada material

    a uma dada temperatura so

    = R . A/ = .m2/m = .m (ohm-metro)

    conveniente, por vezes, pensar em termos da passagem da corrente elctrica do que

    em termos de resistncia, e assim, define-se a condutividade elctrica, , como o

    inverso da resistividade elctrica,

    = 1/

    As unidades de condutividade elctrica so (ohm-metro)-1 = (.m)-1.

    A tabela que se segue permite comparar a condutividade elctrica de alguns

    metais e no metais temperatura ambiente.

    Q.A.E. / LEEC/ Passagem da corrente elctrica atravs da matria Apontamentos: Laura Martins

    4

  • TABELA I Condutividades elctricas de alguns metais e no metais temperatura ambiente

    Metais e ligas (.m)-1 No metais (.m)-1

    Prata 6,3x107

    Cobre, pureza comercial 5,8x107

    Ouro 4,2x107

    Alumnio, pureza comercial 3,4x107

    Grafite 105 (mdia)

    Germnio 2,2

    Silcio 4,3x10-4

    Polietileno 10-14

    Diamante 10-14

    PROBLEMA

    Pretende-se que um fio de 0.20 cm de dimetro transporte uma corrente de 20 A. A

    potncia mxima dissipada ao longo do fio de 4W/m (watt por metro). Calcule a

    condutividade mnima possvel de fio em (.m)-1 para esta aplicao.

    Resoluo

    Potncia: P = i V = i2R

    Por outro lado , R = . /A e = 1/

    Combinando as equaes obtm-se,

    P = i2 . . /A = i2 . /( . A)

    ou seja, = i2 . / (P.A)

    sabendo que,

    P= 4W (em 1m); i= 20 A ; = 1m; raio = 0.10 cm

    A= (0.0010 m)2 = 3,14 x 10-6 m2

    Tem-se,

    = i2 . / (P.A) = (20A)2 (1m) / (4W) (3,14 x 10-6 m2) = 3,18 x 107 (.m) -1

    Em concluso: A condutividade do fio para esta aplicao deve ser igual ou maior do

    que 3,18 x 107 (.m) -1

    Q.A.E. / LEEC/ Passagem da corrente elctrica atravs da matria Apontamentos: Laura Martins

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  • 1.1.2- Materiais slidos maus condutores da corrente elctrica

    SLIDOS INICOS Isolantes de electricidade

    Os slidos inicos so constitudos por ies de cargas opostas que se encontram

    submetidos a foras de atraco electrosttica, ou de Coulomb, estabelecendo-se desta

    forma a chamada ligao inica. A ligao inica entre os ies conduz a uma

    diminuio global da energia potencial dos ies. Os ies ligados entre si formam uma

    estrutura cristalina rgida o que impossibilita a mobilidade dos mesmos, por isso estes

    slidos so maus condutores da corrente elctrica.

    O empilhamento de ies num slido inico depende do arranjo geomtrico

    possvel dos ies e pela necessidade de se manter a neutralidade elctrica do slido. A

    ligao inica uma ligao no direccional relativamente forte.

    A conduo elctrica s possvel quando se fornece energia suficiente para

    vencer as foras electrostticas existentes, o que conduz fuso do slido inico, ou

    ento, atravs da dissoluo do slido inico usando um solvente apropriado.

    SLIDOS COVALENTES Isolantes ou com condutividade direccional

    Nestes slidos as ligaes que se estabelecem entre os tomos so

    caracterizadas por foras interatmicas relativamente fortes que tm origem na

    partilha de electres entre os tomos, formando-se uma ligao de direco

    localizada.

    O Diamante isolante de corrente Os tomos de carbono possuem 4 electres de valncia tm por isso uma

    grande tendncia em formar quatro ligaes covalentes de igual intensidade. Na forma

    de diamante, cada tomo de carbono liga-se a quatro tomos de carbono vizinhos

    formando uma estrutura tetradrica tridimensional - bastante rgida. Todos os

    electres de valncia esto comprometidos nas ligaes covalentes que se

    Q.A.E. / LEEC/ Passagem da corrente elctrica atravs da matria Apontamentos: Laura Martins

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  • estabelecem, no existindo electres livres capazes de permitir a conduo da corrente

    elctrica.

    A estrutura tetradrica do diamante responsvel pela elevada dureza do

    diamante assim como pela sua elevada energia de ligao (711KJ/mol) e alta

    temperatura de fuso (3 550C).

    A Grafite As molculas esto dispostas em camadas (estrutura laminar) num arranjo

    bidimensional, unidas por foras de Van der Walls fracas.

    Na grafite os tomos de carbono esto dispostos em anis de seis membros,

    cada tomo est ligado atravs de ligaes covalentes a outros trs tomos, sobra um

    electro que usado num ligao pi. Em cada camada de grafite h uma orbital

    molecular deslocalizada semelhante existente no benzeno. Os electres movem-se

    livremente n